AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT . H.S.O - Henry Steel Olcott, discípulo de M., fundador e 1º presidente da Soc.Teosófica.
NOTAS INTRODUTÓRIAS ÀS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Virginia Hanson (Teósofa norte-americana que se especializou no estudo das Cartas dos Mahatmas) As Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett é considerada uma das obras mais difíceis da literatura teosófica. Ela aborda muitas situações complexas e contém muitos conceitos profundos, que se tornam mais obscuros porque, na época em que elas foram escritas, não havia sido desenvolvida uma nomenclatura por meio da qual os Mahatmas pudessem comunicar a sua filosofia - profundamente oculta - a pessoas de idiomas ocidentais. Apesar disso, a obra tem um poder e uma percepção interna tremendos, e reflete o drama humano da aspiração, do êxito e do fracasso. Ela conta uma história ocorrida no tempo, mas a sua mensagem é eterna, quer a consideremos como narrativa, como filosofia oculta ou como revelação. O que é um Mahatma? Em um artigo de H.P. Blavatsky intitulado Mahatmas e Chelas (The Theosophist, julho de 1884), ela nos dá o significado do termo: “Um Mahatma é um personagem que, por meio de educação e treinamento especiais, desenvolveu aquelas faculdades superiores e atingiu aquele conhecimento espiritual que a humanidade comum adquirirá depois de ar por séries inumeráveis de encarnações durante o processo de evolução cósmica, desde que, naturalmente, neste meio tempo, ela não vá contra os propósitos da Natureza...”.
Ela prossegue com uma discussão sobre o que é que encarna e de que modo este processo é usado como um fator da evolução, resultando na conquista do Adeptado. Em uma carta escrita para um amigo em 1º de julho de 1890, H.P.B. disse outras coisas interessantes sobre os Mahatmas: “Eles são membros de uma Fraternidade oculta [mas] de nenhuma escola indiana em particular. Esta Fraternidade”, acrescentou ela, “não se originou no Tibete, mas a maioria dos seus membros e alguns dos mais elevados entre eles estão e vivem constantemente no Tibete.” Depois, falando dos Mahatmas, ela diz: “São homens vivos, não ‘espíritos’, nem mesmo Nirmanakayas . . . (1). O seu conhecimento e erudição são imensos, e a santidade da sua vida pessoal é maior ainda - entretanto, eles são homens mortais e nenhum deles tem a idade de 1.000 anos, ao contrário do que algumas pessoas imaginam.” Em uma conversa em 1887 com o escritor Charles Johnston (marido da sobrinha de H.P.B., Vera), quando ele perguntou a H.P.B. sobre a idade do Mestre dela (o Mahatma Morya), ela respondeu: “Meu querido, não posso dizer exatamente, porque não sei. Mas conto-lhe o seguinte. Eu o encontrei pela primeira vez quando tinha vinte anos. Ele era um homem no auge de sua força, na época. Agora, sou uma mulher velha, mas ele não parece nem um dia mais velho. Ele ainda está no auge da sua força. Isto é tudo o que posso dizer. Tire suas próprias conclusões”. Quando o sr. Johnston insistiu e perguntou se os Mahatmas haviam descoberto o elixir da vida, ela respondeu seriamente: “Isso não é um mito. É apenas o véu que esconde um processo oculto real, o afastamento da velhice e da dissolução durante períodos que pareceriam fabulosos, e por isso não os mencionarei. O segredo é o seguinte: para todo ser humano há um climatério, quando ele deve se aproximar da morte. Se ele desperdiçou as suas forças vitais, não há escapatória, mas se ele viveu de acordo com a lei, pode atravessar esse período e assim continuar no mesmo corpo quase indefinidamente” (2). Como as Cartas vieram a ser escritas? Os autores das cartas são os Mahatmas Koot Hoomi e Morya, geralmente designados simplesmente pelas suas iniciais. O Mahatma K.H. era um brâmane de Cachemira, mas na época em que nos deparamos com ele nas cartas, ele tinha relações estreitas com a corrente Guelupa ou “gorro amarelo” do Budismo tibetano. Ele se refere a si próprio nas cartas como um “morador de cavernas de aquém e além dos Himalaias”. H.P.B. diz em Ísis Sem Véu que a doutrina de Aquém dos Himalaias é uma doutrina ariana muito antiga, às vezes chamada bramânica, mas que na verdade nada tem a ver com o bramanismo tal como nós o entendemos agora. A doutrina de Além dos Himalaias é uma doutrina esotérica tibetana, o Budismo puro ou “antigo”. Ambas doutrinas, de Aquém e Além dos
Himalaias, vêm originalmente de uma só fonte - a Religião de Sabedoria universal. O nome “Koot Hoomi” é um nome místico que ele usou em relação à correspondência com A.P. Sinnett. Ele falava e escrevia em francês e inglês fluentemente. Há afirmações na literatura teosófica no sentido de que o Mahatma K.H. estudou na Europa. Ele estava familiarizado com os hábitos e o modo de pensar dos europeus. Era muito erudito e, às vezes, escrevia agens de grande beleza literária. O Mahatma Morya era um príncipe rajput - os rajputs formavam a casta governante do norte da Índia na época. Ele era “um gigante, de quase dois metros de altura, e de um porte magnífico; um tipo esplêndido de beleza masculina”. (3) É bastante conhecido o episódio da fundação da Sociedade Teosófica em Nova Iorque, em 1875. Em 1879, os dois principais fundadores da Sociedade, H.P. Blavatsky e o coronel Henry Steel Olcott, transferiram a sede da Sociedade para Bombaim, na Índia e, em 1882, para Adyar, Madras (atual Chennai), no sul da Índia, onde permanece. Morava na Índia, na época, um inglês culto e muito refinado, chamado Alfred Percy Sinnett. Ele era editor de The Pioneer, o principal jornal inglês, publicado em Allahabad. Ele se interessou pela filosofia exposta pelos dois teosofistas e estava curioso a respeito dos acontecimentos notáveis que pareciam sempre ocorrer na presença de H. P. B. Em 25 de fevereiro de 1879, nove dias após a chegada dos fundadores a Bombaim, Sinnett escreveu ao coronel Olcott expressando o desejo de conhecer H.P.B. e ele, e afirmando que estava disposto a publicar quaisquer fatos interessantes a respeito da missão deles na Índia. Em 27 de fevereiro de 1879, Olcott respondeu esta carta. Começou assim o que Olcott chamaria de “um vínculo produtivo e uma amizade agradável”. Os fundadores foram convidados a visitar os Sinnett em Allahabad, o que ocorreu em dezembro de 1879. Nessa visita os Sinnett filiaram-se à Sociedade Teosófica, e os fundadores encontraram outros visitantes que iriam cumprir um papel na vida da Sociedade: A.O. Hume e sua esposa Moggy, de Simla, e a sra. Alice Gordon, esposa do tenente-coronel W. Gordon, de Calcutá. No ano seguinte, os fundadores visitaram os Sinnett na sua residência de verão, em Simla, naquela época a capital de verão da Índia. Lá, eles ficaram conhecendo melhor o casal Hume e sua filha, Marie Jane (usualmente chamada de Minnie). O atempo favorito de Hume era o estudo de pássaros, e ele mantinha um museu ornitológico em sua espaçosa casa, que chamava de Castelo Rothney, na colina Jakko, em Simla; também publicava
uma revista sobre ornitologia, Stray Feathers. Profissionalmente, ele era, havia algum tempo, membro influente do governo. Foi em Simla que aconteceram os fatos que resultaram nas cartas publicadas na obra Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett. H.P.B. realizava alguns fenômenos surpreendentes e os atribuía aos Mahatmas, com quem ela estava em contato psíquico mais ou menos constante. Sinnett estava convencido da veracidade desses fenômenos, e em seu livro O Mundo Oculto fez um vasto trabalho para comprovar a sua autenticidade. Ele tinha também uma mentalidade prática e científica, e desejava saber mais a respeito das leis que governavam essas manifestações. Queria, especificamente, saber mais sobre aqueles seres poderosos que H. P. B. chamava de “Mestres” e que, segundo ela, eram os responsáveis pelos fenômenos. Ele lhe perguntou se seria possível entrar em contato com eles e receber instruções. H.P.B. disse-lhe que não era muito provável, mas que tentaria. De início, ela consultou o seu Mestre, o Mahatma Morya, com quem ela estava estreitamente ligada através do treinamento oculto a que se submetera anteriormente no Tibete, mas ele se recusou categoricamente a comprometer-se com essa tarefa. (Mais tarde, entretanto, chegou a assumir a correspondência durante alguns meses, devido a circunstâncias muito especiais.) Aparentemente, H.P.B. tentou o mesmo com vários outros, sem sucesso. Finalmente, o Mahatma Koot Hoomi concordou em manter uma correspondência limitada com Sinnett. O sr. Sinnett endereçou uma carta “ao Irmão Desconhecido” e entregou-a a H.P.B. para que a transmitisse. Na verdade, ele estava tão ansioso por defender o seu ponto de vista de modo convincente que escreveu uma segunda carta antes de receber uma resposta à primeira. Seguiu-se, então, uma série de cartas notáveis, e a correspondência continuou por vários anos, tendo como um dos seus vários resultados de longo prazo a publicação das cartas em forma de livro
LISTA DE ABREVIAÇÕES
o o o o o o o
A.O.H. - Allan O. Hume A.P.S. - Alfred P. Sinnett D.K.ou Dj.K. - Djual Khul H.P.B. - Helena P. Blavatsky H.S.O. - Henry Steel Olcott Isis - "Isis sem Véu" por H.P. Blavatsky K.H. - Mahatma Koot Hoomi
LBS - "Cartas de H.P. Blavatsky para A.P. Sinnett", transcritas e compiladas por A.T. BARKER o L.L. ou L.L.T.S. - Loja de Londres da Sociedade Teosófica o LMW-I - "Cartas dos Mestres da Sabedoria" PRIMEIRA Série, editado por C. Jinarajadasa. o M - Mahatma Morya o CM - "Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett", Transcritas e compiladas por A.T. Barker o ODL - "OLD DIARY LEAVES (Velhas Páginas de um Diário), por H.S. Olcott o OW - "O Mundo Oculto", por A.P. Sinnett o S.T. - Sociedade Teosófica o
Carta Nº 001 No "O Mundo Oculto", Sinnett explica o que ele escreveu em sua primeira carta ao Mahatma e por que o escreveu. Apesar de sua convicção quanto à autenticidade dos fenômenos realizados por H.P.B. durante o verão de 1880 em Simla, ele sentia que eles nem sempre eram amparados pelas garantias necessárias e que não seria muito difícil para um cético consumado lançar dúvidas quanto à sua validade. Ele estava ansioso pela produção de alguns fenômenos que, como ele dizia, "não deixariam possibilidade alguma que sugerisse embuste". Ele imaginou se os próprios "Irmãos" não poderiam sempre compreender a necessidade de tornar os seus fenômenos probatórios incontestáveis em cada mínimo detalhe. Assim, Sinnett decidiu que, em sua primeira carta para o Mahatma, ele sugeriria um teste que, em sua firme convicção, seria absolutamente à prova de qualquer tolo contestador e não deixaria de convencer o cético mais profundo. Esse teste era a produção simultânea em Simla (na presença do grupo de lá) de um exemplar, em qualquer dia, das edições do "London Times" e do "The Pioneer". Naquela época, entre Londres e Índia havia, uma demora de comunicação, pelo menos, de um mês, a não ser pelo telégrafo, e teria sido obviamente impossível; telegrafar-se todo o conteúdo do "The Times" para a Índia, antes de sua publicação em Londres, e aparecer impresso na Índia ao mesmo tempo que em Londres. Mais ainda, um projeto como esse não seria realizado sem que o mundo todo ficasse sabendo dele. Após ter escrito a carta e a entregue para H.P.B., transcorreu um dia, mais ou menos, antes que ele tivesse qualquer notícia a respeito da mesma. Finalmente, H.P.B. disse que ele iria ter uma resposta. Isso animou tanto que ele sentou-se e escreveu uma segunda carta, achando que, talvez, ele não tivesse sido incisivo em sua primeira carta
a ponto de convencer o seu correspondente. Após ter ado mais um dia, ele achou em sua escrivaninha, em uma tarde, a sua primeira carta proveniente do Mahatma K.H. Ela respondia a ambas as cartas. Estimado Irmão e Amigo, Precisamente porque o teste com o jornal de Londres fecharia a boca dos céticos, ele é impensável. Vê sob o ângulo que quizerdes - o mundo está ainda no seu primeiro estágio de emancipação, senão de desenvolvimento e, portanto, despreparado. É a pura verdade, nós trabalhamos, usando leis e meios naturais e não sobrenaturais. Mas, como de um lado a Ciência se encontraria incapaz ( no seu presente estado) de explicar as maravilhas dadas em seu nome, e de outro, as massas ignorantes, ainda assim, seriam levadas a ver o fenômeno como se fôsse um milagre, qualquer um que se tornasse uma testemunha da ocorrência ficaria desequilibrado e os resultados seriam deploráveis. Acredite-me, isso ocorreria - especialmente para vós, que gerastes a idéia e a devotada mulher que totalmente corre em direção à ampla porta aberta que leva à notoriedade. Essa porta, embora tenha sido aberta por mãos tão amigas quanto as vossas, logo se tornaria uma armadilha - e na verdade, fatal para ela. E esse não é certamente o vosso objetivo. Loucos são aqueles que, especulando apenas sobre o presente, voluntariamente fecham os olhos para o ado, e com isso permanecem naturalmente cegos para o futuro! Longe de mim incluirvos entre esses - portanto eu tentarei explicar. Fôssemos a ceder aos vossos desejos, saberíeis realmente que conseqüências se seguiriam na trilha do sucesso? A inexorável sombra que segue todas as inovações humanas se move, e, todavia, poucos são aqueles que estão, de qualquer modo, conscientes de sua aproximação e perigos. O que poderiam, então, esperar aqueles que oferecessem uma inovação ao mundo, a qual, devido à ignorância humana, se fôsse acreditada, certamente seria atribuída àqueles poderes das trevas, em que dois terços da humanidade acreditam e temem? Dizeis que a metade de Londres seria convertida se pudésseis entregar ao público o jornal Pionneer, no dia da sua publicação, na Índia. Permito-me dizer que se as pessoas acreditassem que a coisa fosse verdadeira, elas vos matariam antes que pudésseis dar uma volta no Hyde Park; se elas não acreditassem, o mínimo que poderia acontecer seria a perda de vossa reputação e bom nome, por propagar tais idéias. O sucesso de uma tentativa dessa espécie, tal como a que propondes, tem que ser calculado e baseado num profundo conhecimento das pessoas à vossa volta. Depende inteiramente das condições sociais e morais das pessoas diante dessas questões mais profundas e misteriosas, que podem sensibilizar a mente humana - os poderes deíficos no homem e as possibilidades contidas na Natureza. Quantos, mesmo entre os vossos melhores amigos, dentre os que vos rodeiam, estão mais do que superficialmente interessados nesses assuntos tão
complexos? Podereis contá-los nos dedos da vossa mão direita. A vossa raça se vangloria de ter liberado no seu século o gênio, a tanto tempo, aprisionado no estreito vaso do dogmatismo e da intolerância, o gênio do conhecimento, sabedoria e livre pensamento. Dizem que, por sua vez, o preconceito ignorante e a intolerância religiosa, engarrafados como um gênio maléfico (Jin) do ado, e selado pelos Salomões da Ciência, repousa no fundo do mar e nunca mais poderá escapar novamente para a superfície e reinar sobre o mundo como o fez no ado; que a opinião pública está completamente liberta, em resumo, e pronta para aceitar qualquer verdade demonstrada. Sim; mas isso é verdadeiramente assim, meu respeitável amigo? O conhecimento experimental remonta tão apenas a 1662, quando Bacon, Robert Boyle e o Bispo de Rochester transformaram, mediante uma ordem real, o seu "Colégio Invisível" numa sociedade para a promoção da Ciência experimental. Idades antes de a existência da Real Sociedade se tornar uma realidade, sob o plano de um "Esquema Profético", um anseio inato pelo o oculto, um apaixonado amor pela Natureza e o seu estudo, tinham levado homens de todas as gerações a experimentar e mergulhar nos seus segredos, mais profundamente que os seus contemporâneos. Rome ante Romulum fuit ( Roma existiu antes de Rômulo ), é um axioma que nos ensinam em vossas escolas inglesas. As buscas abstratas nos problemas mais desconcertantes não nascem no cérebro de Arquimedes como um assunto espontâneo e até então intocado, mas sim como um reflexo de buscas anteriores, na mesma direção, feitas por homens separados de sua época por um período tão grande, ou maior ainda, do que aquele que vos separa do grande Siracusano. O vril da "Próxima Raça" era uma propriedade comum de raças agora extintas. E, assim como a própria existência dos nossos ancestrais gigantescos é agora questionada, embora nos Himavats (Himalayas), no próprio território que vos pertence haja uma caverna cheia de esqueletos desses gigantes, e as suas enormes carcaças, quando forem encontradas, serão invariavelmente consideradas como aberrações isoladas da Natureza, assim o vril ou Akás, como nós o chamamos, é olhado como uma impossibilidade, um mito. E sem o completo conhecimento do Akás, suas combinações e propriedades, como pode a Ciência fazer frente a tais fenômenos? Não duvidamos que os homens de vossa Ciência estão abertos à convicção; no entanto, os fatos têm que lhes ser primeiramente demonstrados, primeiro devem ter-se tornado sua propriedade, ter-se provado íveis a seus próprios modos de investigação, antes que os encontreis prontos para ití-los como fatos. Se apenas olhardes no Prefácio do texto "Micrografia" encontrareis, nas sugestões de Hooke, que as relações íntimas dos objetos tinham menos importância aos seus olhos que a sua ação externa sobre os sentidos, e as interessantes descobertas de Newton encontraram nele o seu maior oponente. Os modernos Hookes são muitos. Assim como aquele letrado, mas ignorante homem de outrora, os vossos homens de Ciência estão menos ansiosos para sugerir uma conexão física dos fatos, que lhes poderia destravar muitas das forças ocultas na Natureza, do que prover uma conveniente "classificação das
experiências científicas"; de forma que a mais essencial qualidade de uma hipótese não é que ela deva ser verdadeira mas somente plausível em sua opinião. Até onde conhecemos a Ciência isso lhe basta. Quanto à natureza humana em geral, ela é a mesma agora como o era um milhão de anos atrás: preconceito baseado no egoísmo; uma geral má vontade para abrir mão de uma ordem estabelecida das coisas para novos modos de vida e de pensamento, e o estudo oculto requer tudo isso e muito mais; o orgulho e uma teimosa resistência à Verdade, se ela abala as suas noções prévias das coisas, tais são as características de vossa época, especialmente nas classes inferiores e médias. Quais seriam, portanto, os resultados dos fenômenos mais surpreendentes, supondo que tivéssemos concordado que fossem produzidos? Mesmo com sucesso, o perigo cresceria proporcionalmente ao sucesso. Logo, nenhuma escolha restaria senão ter que continuar, sempre num crescendo, ou cair numa infindável luta contra o preconceito mortos pelas vossas próprias armas. Seriam necessários provas após provas, e teriam que ser dadas; esperar-se-ia que cada fenômeno subseqüente fosse mais maravilhoso que o anterior. Diariamente comentais que, de ninguém pode se esperar que creia, a não ser que seja uma testemunha ocular. Seria suficiente o tempo de vida de um homem para satisfazer todo um mundo de céticos? Pode ser uma coisa fácil aumentar o número original de crentes em Simla, que ariam de centenas para milhares. Mas, e a centena de milhões daqueles que não poderiam se tornar testemunhas oculares? O ignorante, incapaz de captar os operadores invisíveis, poderia algum dia extravasar sua cólera nos agentes visíveis em operação; as classes mais altas e educadas continuariam a não acreditar como sempre, destroçando-vos como até agora. Vós, como muito outros nos culpam pela nossa grande reserva. Todavia, nós conhecemos algo da natureza humana, pela experiência acumulada ao longo de séculos - sim, idades nos ensinaram. E, sabemos que, enquanto a Ciência tenha algo a aprender, e enquanto reste uma sombra de dogmatismo religioso no coração das multidões, os preconceitos do mundo têm que ser vencidos o a o e não de golpe. Assim como o ado remoto teve mais que um Sócrates, o indistinto futuro dará nascimento a mais de um mártir. A Ciência emancipada desdenhosamente volveu a sua face da opinião de Copérnico, que renovava as teorias de Aristarco de Samos, ao afirmar que a "Terra se move circularmente ao redor do seu próprio centro", anos antes que a igreja tentasse sacrificar Galileu em holocausto à Bíblia. O melhor matemático na Corte de Eduardo VI, Robert Recorde, foi deixado morrer de fome na prisão pelos seus colegas, que riam do seu Castle of Knowledge ( Castelo do Conhecimento ), declarando que as suas descobertas eram "fantasias vãs". William Gilbert, de Colchester, médico da Rainha Isabel, morreu envenenado, somente porque esse real fundador da ciência experimental na Inglaterra, teve a audácia de antecipar Galileu, apontando o erro de Copérnico quanto ao "terceiro movimento", que explicava, segundo ele, concludentemente o paralelismo do eixo de
rotação da Terra! O grande conhecimento dos Paracelsos, dos Agrippas e dos Dees foi sempre contestado. Foi a Ciência que colocou a sua mão impura sobre o grande trabalho "De Magnete" (Do Magnetismo), "A Branca Virgem Celeste" (Akás) e outros. E foi o ilustre "Chanceler da Inglaterra e da Natureza", Lord Bacon de Verulam, o qual, depois de conseguir o título de Pai da Filosofia Indutiva, permitiu a si mesmo falar de homens tais como os acima mencionados, chamando-os de "Alquimistas da Fantástica Filosofia". Pensareis, tudo isso é uma velha história. É verdade; mas as crônicas dos nossos modernos dias não diferem essencialmente das dos seus predecessores. Basta lembrarmos as recentes perseguições de médiuns na Inglaterra, a queima de supostas feiticeiras e bruxos na América do Sul, Rússia e nas fronteiras da Espanha - para nos assegurar que a única salvação para os genuinamente versados nas Ciências Ocultas está no ceticismo do público; os charlatões e os prestidigitadores são os escudos naturais dos "adeptos". A segurança pública é somente assegurada porque mantemos segredo das terríveis armas que poderiam, de outra maneira, serem usadas contra ela, e que, já sabeis, se tornariam mortais nas mãos dos perversos e egoístas. Concluo lembrando-vos de que tais fenômenos que ansiais, foram sempre reservados, como uma recompensa, para aqueles que dedicaram suas vidas para servir a deusa Saraswati - a nossa Isis ariana. Iriam eles dar aos profanos o que permanece guardado para os nossos fiéis seguidores? Muitas das vossas sugestões são altamente razoáveis e serão atendidas. Eu ouvi atentamente a conversação que houve na casa do Sr. Hume. Seus argumentos são perfeitos do ponto de vista da sabedoria exotérica. Mas, quando chegar o tempo e lhe for permitido ter um relance completo no mundo do esoterismo, com as suas leis baseadas sobre cálculos matematicamente corretos do futuro - os necessários resultados das causas que estamos sempre em lliberdade para criar e modelar à nossa vontade, mas cujas conseqüências somos incapazes de controlar, as quais, desta forma, se tornam nossos mestres - então, somente, podereis ambos compreender porque, para o não iniciado, nossos atos inúmeras vezes devem parecer pouco sábios, se não mesmo, tolos. Não poderei contestar por completo vossa próxima carta sem me aconselhar com os que geralmente se ocupam com os místicos europeus. Entretanto, esta carta deve vos satisfazer em muitos pontos que definistes melhor na vossa última; mas também irá vos desapontar, sem dúvida. Quanto à produção de fenômenos imaginados de modo diferente e mais assombrosos, pedidos a ela, para serem realizados com nossa ajuda, vós, como um homem bem a par da estratégia, devereis ficar satisfeito com a reflexão de que pouco adianta adquirir novas posições até que estejam asseguradas as que atingistes, e que os vossos Inimigos estejam perfeitamente conscientes do vosso direito a essa posse. Em outras palavras, tivestes maior variedade de fenômenos, produzidos para vós e vossos amigos, do que muitos
neófitos viram em vários anos. Primeiro, comunicai ao público a produção da nota, da taça e dos diversos experimentos feitos com papéis de cigarros, e deixai que ele os digira. Fazei-os trabalhar em busca de uma explicação. E, a menos que usem a acusação direta e absurda de fraude, jamais serão capazes de explicar alguns deles, enquanto os céticos ficarão completamente satisfeitos com a presente hipótese que formulem a respeito da produção do medalhão - então, tereis feito um verdadeiro bem para a causa da verdade e justiça para mulher a quem fazeis sofrer por tudo isso. Isolado como está no Pioneer, o caso notificado, menos do que inútil, é positivamente prejudicial para todos; para vós, particularmente,porque sois o editor daquele jornal, como para os demais, se me perdoais por vos oferecer algo que parece um conselho. Não é justo para vós, nem para ela, que, devido ao número de testemunhas visuais não parecer suficiente para garantir a atenção do público, de nada sirva o vosso testemunho, como o da vossa esposa. Vários casos combinados para fortalecer a vossa posição como uma veraz e inteligente testemunha dos vários acontecimentos, cada um deles vos dá um dever adicional para afirmar o que sabeis. Isso vos impõe o dever sagrado de instruir o público e prepara-lo para futuras possibilidades, através da gradual abertura dos seus olhos para a verdade. A oportunidade não deve ser perdida como a perdeu Sir Donald Stewart, como resultado de falta de suficiente confiança no vosso direito individual de fazer afirmações. Uma testemunha de caráter bem conhecido pesa mais em evidência do que dez estranhos; e se há alguém na Índia que é respeitado pela sua confiabilidade, é o editor do Pionner. Lembre-se que há somente uma mulher histérica que alega ter estado presente na pretendida ascensão, e que o fenômeno não foi nunca corroborado por sua repetição. Entretanto, durante quase 2000 anos, incontáveis milhões de pessoas pam a sua fé no testemunho daquela mulher e ela não atingia a credibilidade. Tratai e trabalhai primeiramente no material que tendes e então nós seremos os primeiros a vos auxiliar a obter novas evidências. Até então, creia em mim o vosso sempre e sincero amigo, KOOT' HOOMI LAL SINGH.
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Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT
Carta Nº 002 A primeira carta recebida do Mestre K.H. foi escrita no Mosteiro de Toling, a uma distância relativamente pequena da fronteira no Tibet. Quando a segunda foi escrita (ou precipitada), o Mahatma havia deixado o Mosteiro de Toling e estava em algum ponto no vale do Kashmir, viajando para consultar o Mahachohan a respeito da carta que recebera de A.O. Hume. Como Sinnett explicou no "O Mundo Oculto" (pg.90-91), Hume havia lido a primeira carta vinda do Mahatma e ficando entusiasmado com as possibilidades dessa correspondência, decidiu escrever pessoalmente a K.H. Nessa carta ele propunha abandonar tudo e entrar em retiro tão apenas para que pudesse ser treinado em ocultismo, de modo que pudesse retornar ao mundo e demonstrar as suas realidades . Após receber a primeira carta do Mahatma, o Sr. Sinnett escreveu-lhe novamente, dizendo que, na verdade, a mente européia era menos refratária do que K.H. a considerava, e estabelecendo algumas das "condições" sob as quais ele estaria desejoso de trabalhar para a causa dos Mestres. Também fez uma sugestão, que ele e Hume haviam imaginado, de que um ramo separado da Sociedade Teosófica fosse formado, a ser chamado de Ramo Anglo-Indiano, que não ficaria subordinado, de modo algum, à H.P.B. e ao Cel. Olcott, mas conectado diretamente com a Fraternidade, com os Mahatmas dando suas instruções e ensinamentos diretamente aos membros do ramo. Parce que Hume também, em sua carta ao Mahatma, arguiu em favor desta sugestão. Muito estimado Senhor e Irmão, Não chegaremos a nos entender em nossa correspondência, até que fique claramente estabelecido que a Ciência Oculta tem os seus próprios métodos de pesquisa tão arbitrários e fixos como os da Ciência Física, a sua antítese, o são, à sua maneira. Se esta última possui as suas afirmações, assim também as possui a primeira; e aquele que cruzar os limites do mundo invisível, não poderá mais determinar por si mesmo como há de progredir no seu caminho, tanto quanto o viajante que tenta penetrar nos recessos
internos dos subterrâneos de L'Hassa, a abençoada, poderá mostrar o caminho ao seu guia. Os mistérios nunca puderam e jamais poderão ser colocados ao alcance do público em geral, não, pelo menos, até o dia tão esperado em que nossa filosofia religiosa se tornar universal. Em todas as épocas somente uma escassa minoria de homens possuiu os segredos da Natureza, embora multidões tenham testemunhado as evidências práticas da possibilidade de sua posse. O adepto é a rara eflorescência de uma geração de buscadores; e para converter-se num deles, ele deve obedecer ao impulso interno da sua alma, sem levar em conta as prudentes considerações da Ciência ou da sagacidade mundanas. O vosso desejo é entrar em comunicação direta com um de nós, sem a intervenção de Madame B.1 ou qualquer médium. A vossa idéia seria, se eu a compreendo, obter tais comunicações, seja por cartas, como a presente, ou por palavras audíveis a fim de serdes guiado por um de nós na organização e, principalmente, na instrução da Sociedade. Buscais tudo isso, e todavia, como dizeis, ainda não encontrastes, até agora, "suficientes razões" para abandonar, mesmo, os vossos "modos de viver" diretamente hostis a tais modos de comunicações. Dificilmente isto é razoável. Aquele que queria elevar a bandeira do misticismo e proclamar que o seu reino está próximo, tem que dar exemplo aos outros. Ele deve ser o primeiro a mudar os seus modos de viver; e, com relação ao estudo dos mistérios ocultos como sendo o degrau mais alto na escada do Conhecimento, tem que proclamar isso em voz alta, a despeito da Ciência Exata e a oposição da sociedade. "O Reino do Céu é obtido pela força" dizem os místicos Cristãos. É somente com a mão armada e pronto a conquistar ou perecer que o moderno místico pode esperar atingir o seu objetivo. Minha primeira resposta cobriu, acredito, a maioria das questões contidas na vossa segunda e mesmo na terceira carta. Tendo, assim, expressado nela a minha opinião de que o mundo em geral não está ainda maduro para qualquer prova demasiadamente assombrosa de poder oculto, no entanto resta-nos tratar com os indivíduos isolados, que buscam, como vós, penetrar, por trás dos véus da matéria, no mundo das causas primárias, ou seja, temos agora que considerar somente o vosso caso e o do Sr. Hume. Esse senhor também, fez-me a grande honra de dirigir-se a mim pessoalmente, fazendo algumas perguntas e estabelecendo as condições nas quais estaria desejoso de trabalhar seriamente para nós. Mas como os vossos
motivos e aspirações são diametralmente opostas em caráter, e portanto levando diferentes resultados, eu tenho que responder a cada um de vós separadamente. A primeira e principal consideração que determina a aceitação ou rejeição da vossa oferta está no motivo interno que vos move a buscar as nossas instruções, e em certo sentido, a nossa orientação. Esta última está sujeita, em todos os casos, a uma reserva - como a compreendo, e portanto, fica como uma questão independente de qualquer outra. Agora vejamos, quais são os vossos motivos? Tentarei definí-los nos seus aspectos gerais, deixando os detalhes para subseqüentes considerações. Eles são: (1) O desejo de receber provas positivas e incontestáveis, de que existem realmente forças na Natureza, das quais a Ciência nada sabe; (2) A esperança de apropriar-se delas algum dia - quanto mais cedo melhor, porque não gostais de esperar - de modo a capacitar-vos a - (a) demonstrar a sua existência a umas poucas e escolhidas mentes ocidentais; (b) contemplar a vida futura como uma realidade objetiva construída sobre a rocha do Conhecimento - não da fé; e (c) finalmente aprender - talvez o mais importante entre todos os vossos motivos, embora o mais oculto e o melhor guardado - toda a verdade acerca de nossas Lojas e sobre nós; para ter, em resumo, uma positiva certeza de que os "Irmãos"- sobre os quais todos ouvem tanto falar e vêm tão pouco - são entidades reais - não ficções de um cérebro alucinado e desordenado. Esses, vistos em seu melhor aspecto, parecem ser os vossos motivos para vos dirigir a mim. E, no mesmo espírito, eu os respondo, esperando que a minha sinceridade não seja interpretada de forma errada ou atribuída a um ânimo inamistoso. Para as nossas mentes, esses motivos, sinceros e dignos de toda consideração séria, do ponto de vista mundano, mostram-se egoístas. ( Peço que me perdoais pelo que poderíeis entender como crueza de linguagem, se o vosso desejo realmente é o que professais aprender a verdade e obter instrução de nós - que pertencemos a um mundo completamente diferente daquele que vos moveis.) Esses motivos são egoístas porque deveis estar conscientes de que o principal objetivo da S. T. não é tanto satisfazer aspirações individuais, mas servir aos nossos semelhantes, e o valor real da palavra "egoísta" que pode chocar os vossos ouvidos, tem uma significação especial para nós e que não pode ter para vós; portanto, em primeiro lugar,
não deveis aceitar a palavra de outra forma, a não ser no sentido anterior. Talvez apreciareis melhor o nosso significado, quando dissermos que, no nosso ponto de vista, as mais elevadas aspirações para o bem estar da humanidade tornam-se manchadas com o egoísmo se, na mente do filantropo ainda luzir a sombra do desejo pelo auto benefício ou a tendência para fazer injustiça, mesmo quando esses existem inconscientemente para ele. Todavia, vós sempre discutistes para afastar a idéia da Fraternidade Universal, questionastes a sua utilidade e propusestes remodelar a S. T. nos princípios de um colégio para o estudo especial do ocultismo. Isso, meu respeitado e estimado amigo e Irmão - nós nunca faremos! Tendo abordado os "motivos pessoais", vamos examinar as vossas "condições" para nos auxiliarem a beneficiar o mundo. Amplamente definidos, essas condições são - primeiro: que uma Sociedade Teosófica independente Anglo-Indiana seja fundada através dos vossos bondosos serviços, em cuja direção não terão voz nenhum dos nossos atuais representantes; segundo, que um de nós tome o novo corpo "sob sua orientação", permaneça "na livre e direta comunicação com os seus líderes", e lhes proporcione "a prova direta de que ele realmente possui aquele conhecimento superior das forças da Natureza e os atributos da alma humana que os inspiraria com adequada confiança na sua liderança." Eu copiei as vossas próprias palavras, a fim de evitar imprecisão ao definir a posição. Do vosso ponto de vista então, essas condições podem parecer tão razoáveis a ponto de não provocar dissensões; e, na verdade, a maioria de vossos compatriotas, oi melhor os Europeus - compartilhariam essa opinião, o que, direis, pode ser mais razoável, do que pedir que esse instrutor, ansioso para disseminar seu conhecimento, e o discípulo - oferecendo-se para fazer isso, fossem trazidos face a face, e um daria as provas experimentais ao outro de que as suas instruções eram corretas? Como homem do mundo, que nele vive e está em plena simpatia com ele, tendes toda a razão, sem dúvida. Mas os homens deste nosso outro mundo, desligados de vossa maneira de pensar, e que, às vezes, acham difícil seguí-la e apreciá-la, dificilmente podem ser criticados por não responderem com entusiasmo às vossas sugestões, como, em vossa opinião, merecem. A primeira e mais importante das nossas objeções deve ser encontrada em nossas Regras. É verdade, temos as nossas escolas, e
instrutores, nossos neófitos e shaberons (adeptos superiores), e a porta está sempre aberta para o homem correto que bate. E damos sempre as boas vindas ao que chega até nós. Somente que, em vez de ir até ele, ele tem que vir até nós. Mais do que isso: a menos que ele tenha atingido aquele ponto, na senda do ocultismo, de onde é impossível retornar, tendo irrevogavelmente se comprometido com a nossa associação, nós nunca exceto em casos raríssimos, o visitamos ou mesmo cruzamos a sua porta em aparência visível. Está qualquer um de vós tão ansioso por conhecimento e pelos poderes benéficos que ele confere, pronto para deixar o vosso mundo e vir para o nosso? Então que venha; mas não deve pensar em retornar, até que o sigilo dos mistérios tenha trancado os seus lábios contra qualquer possibilidade de fraqueza ou indiscrição. Que ele venha por todos os meios, como tantos outros fazem, e fique satisfeito com essas migalhas do conhecimento que podem cair no seu caminho. E suponhamos que vindes até nós - como ocorreu com dois de vossos compatriotas - como Mad. B. fez, e também o Sr. O. o fará; supondo que abandonareis tudo pela verdade; labutar incansavelmente durante anos sobre a dura e íngreme estrada, não temendo quaisquer obstáculos, firme contra cada tentação; mantendo fielmente nos vossos corações os segredos que vos foram confiados como a prova; trabalhado com toda a vossa energia e desprendimento para difundir a verdade e estimular os homens a pensarem e viverem corretamente - consideraríeis justo se, depois de todos os vossos esforços, nós concedêssemos a Madame B. ou ao Sr. O., como "estranhos". as condições que agora pedis para vós mesmos? Destas duas pessoas, uma já nos deu três quartas partes de sua existência; a outra seis anos de pleno vigor em sua vida, e ambas seguirão trabalhando assim até o fim dos seus dias. Embora tendo sempre trabalhado para a sua recompensa meritória, no entanto, nunca a reclamaram, nem se queixaram quando desapontados. Ainda que eles, respectivamente, pudessem realizar muito menos do que fizeram, não seria uma palpável injustiça ignorá-los, como foi proposto, num campo importante do esforço Teosófico? A ingratidão não é um dos nossos defeitos, nem imaginamos que vós desejásseis nos sugerí-la. Nenhum deles têm a menor inclinação para interferir na direção da imaginada Loja Anglo-Indiana, nem guiar os seus dirigentes. Mas, a nova sociedade, se vier a ser
formada, (embora apresentando uma denominação própria) deve ser, de fato, uma Loja da Sociedade Matriz, como o é a Sociedade Teosófica Britânica em Londres, e contribuir com a sua vitalidade e utilidade para promover a sua idéia básica de uma Fraternidade Universal, e em outras formas práticas. Tão mal como o fenômeno pode ter sido mostrado, ainda assim - tem havido certos fenômenos - como vós itis - que são incontestáveis. As "batidas na mesa, quando ninguém a toca", e "os sons de sinos no ar", foram, dizeis, "sempre considerados como satisfatórios", etc., etc. Daí, raciocinais que um bom "teste de fenômenos" pode ser facilmente multiplicado "até o infinito". E assim pode ser - em qualquer lugar onde as nossas condições magnéticas e outras são constantemente oferecidas; e onde não temos que agir através de um enfraquecido corpo feminino no qual, poderíamos dizer, um ciclone vital está reinando a maior parte do tempo. Mas, imperfeita como possa ser a nossa agente invisível - e inúmeras vezes ela o é de modo insatisfatório e imperfeito - todavia é o que de melhor existe no presente, e seus fenômenos têm, há meio século, assombrado e desconcertado algumas das mais inteligentes mentes da nossa época. Embora sejamos ignorantes da "etiqueta jornalística" e dos efeitos das causas. Desde que não escrevestes nada acerca dos próprios fenômenos que adequadamente considerais tão convincentes, temos o direito de inferir que muito poder precioso pode ser gasto sem melhores resultados. Em si o caso do broche é - aos olhos do mundo completamente inútil, e o tempo provará que tenho razão. A vossa bondosa intenção falhou inteiramente. Para concluir: estamos prontos para continuar esta correspondência caso a visão do estudo oculto, dada acima, vos sirva. Através da provação descrita, cada um de nós, qualquer que seja o seu país, ou raça, ou. Enquanto isso, esperando o melhor, vosso fielmente como sempre, KOOT' HOOMI LAL SINGH.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 003a Eu vi K. H. em forma astral na noite de 19 de Outubro, 1880 - acordando por um momento mas, imediatamente, me tornei novamente inconsciente (no corpo) e consciente, fora do corpo, no quarto de vestir, ao lado, onde eu vi um outro dos Irmãos, mais tarde identificado com o que é chamado "Serapis" por Olcott, - "o mais jovem dos Chohans." A nota a respeito da visão chegou na manhã seguinte, e durante esse dia, o 20, fomos a um piquenique em Prospect Hill, onde ocorreu o "episódio do almofadão".2 O Sr. Sinnett havia solicitado alguma evidência direta de fenômenos ocultos, e ele estava extremamente ansioso por alguma espécie de contato pessoal com o Mahatma K.H. Meu Bom "Irmão", Em sonhos e visões pelo menos, quando corretamente interpretados, dificilmente pode haver um "elemento de dúvida"............Espero provar a minha presença próxima de vós, na última noite, com algo que retirei e levei comigo. Vossa esposa o receberá de volta na Colina Prospect (Prospect Hill). Eu não tenho papel côr de rosa para escrever, mas confio que um papel branco comum servirá bem para o que tenho a dizer. KOOT' HOOMI LAL SINGH.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT
Carta Nº 003b O Mahatma sabia que os Sinnetts e convidados e alguns amigos estavam planejando um pic-nic naquele dia, no topo de uma colina próxima. Pouco antes de sair para o pic-nic, Sinnett escreveu um bilhete e deu-o para H.P.B. transmitir. Enquanto o grupo estava se servindo do lanche no picnic, H.P.B. subitamente parecia estar escutando algo inaudível para os demais. Então ela disse-lhes que o Mestre estava perguntando onde eles gostariam de achar o objeto que ele havia levado consigo na noite ada. Sinnett salienta no "O Mundo Oculto" que ele não havia dito para H.P.B. sobre esta experiência da noite ada ou sobre o bilhete que ele achara na mesa da sala. Não acontecera nenhuma conversa com ela sobre isso. Mais ainda, ele não deixou de vê-la um momento sequer, o mesmo com a Sra. Sinnett, até que o grupo saiu de visitas a manhã toda porque fôra-lhe dito ocultamente para ir para lá e ali permanecer. Ela resmungou a respeito disso (como nunca deixava de resmungar quando solicitada a fazer alguma coisa que ela não compreendia), mas ela obedeceu. No pic-nic, depois que ela repetiu a pergunta do Mahatma, ela não participou da conversa, nem fez alguma sugestão quanto ao local que eles poderiam pedir para achar o objeto. De modo totalmente espontâneo, o Sr. Sinnett, após um momento de reflexão, disse que ele gostaria de achar esse objeto dentro de uma almofada na qual uma das senhoras estava se recostando. Ele comenta no "O Mundo Oculto" que, em vista de sua experiência anterior, uma escolha mais natural poderia ser uma árvore ou enterrado, mas a sua visão focalizou-se na almofada e parecia-lhe que essa poderia ser uma boa escolha. A Sra. Sinnett imediatamente disse, "Oh! não, que esteja dentro do meu travesseiro!" O Sr. Sinnett compreendeu que esta era uma escolha excelente, dado que ela sabia que o travesseiro estivera na sala de visita a manhã toda e assim, sempre sob à vista dela
H.P.B. então, perguntou ao Mahatma, por seus próprios métodos, se assim ocorreria e recebeu uma resposta afirmativa. Assim, se vê que havia completa liberdade de escolha e nada poderia ter sido planejado anteriormente. Foi fito à Patience Sinnett que colocasse o travesseiro sob o seu tapete, o que ela fez com as suas próprias mãos. Depois de um minuto, H.P.B. disse que o travesseiro podia ser aberto. Ela não estivera perto dele ou o tocaria de qualquer modo. Não foi fácil abrir o travesseiro. Sinnett o fez com o seu canivete, o que levou um certo tempo, porque o travesseiro estava firmemente costurado em toda a volta e teve que ser aberto ponto por ponto. Quando um lado da capa ficou aberto, viu-se que havia outro envoltório no qual as penas estavam amontoadas. Este também estava costurado em todos os lados. Finalmente, o travesseiro foi aberto, e Patience procurou entre as penas. A primeira coisa que ela achou foi um pequeno bilhete em um papel de três cantos, na escrita bem conhecida do Mahatma (Carta nº.3B (CM-3B)). Enquanto Sinnett o lia, ela procurou mais ainda entre as penas e achou o broche ao qual o bilhete se referia - o objeto que o Mahatma tinha levado consigo durante a noite anterior (chamado de Broche nº.2 para distinguí-lo de um fenômeno anterior no qual um broche perdido pela Sra. Hume foi recuperado. Veja "O Mundo Oculto", pg.68-92). Este broche pertencia a Patience Sinnett; era muito antigo e familiar. Ela geralmente o deixava em cima de sua penteadeira quando não estava sendo usado. Muito curiosamente, ele trazia agora as iniciais do Mahatma. A referência à "a dificuldade de que você falou na noite ada" indica que o Mahatma havia escutado a conversa na mesa de jantar no anoitecer do dia anterior, na qual Sinnett havia expressado preocupação quanto à troca de correspondência depois que H.P.B. deixasse Simla. Meu "Caro Irmão", Este broche nº. 2 - está colocado neste lugar muito estranho simplesmente para vos mostrar como facilmente é produzido um fenômeno real e como é ainda mais fácil suspeitar da sua genuinidade. Julgai
como quizerdes, até mesmo achando que utilizei comparsas. A dificuldade de que falastes na última noite, com respeito ao intercâmbio de nossas cartas, eu tentarei remover. Um dos nossos discípulos cedo visitará Lahore e as províncias do N. O., e um endereço vos será enviado, a fim de que possais usá-lo sempre; a não ser que, na verdade, realmente preferis a correspondência através de almofadões. Por favor, notai que a presente carta não é datada de uma "Loja", mas de um vale no Kashmir, Vosso, mais do que nunca, KOOT' HOOMI LAL SINGH.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 003c Antes de deixar o pic-nic, Sinnett escreveu algumas linhas de agradecimentos ao Mahatma e deu o bilhete para H.P.B. Ele e a Sra. Sinnett foram saindo de modo que ele não tinha idéia alguma de quando ou como ela entregou esse bilhete. Ainda assim, ele estava sentindose um pouco desapontado porque o Mahatma não tinha respondido ao seu bilhete escrito antes que o grupo saísse para o pic-nic. Entretanto, naquela tarde, quando os Sinnetts e os seus convidados sentaram-se para o jantar, Sinnett desdobrou o seu guardanapo e a Carta nº.3C caiu dele. A referência ao fato de ele estar desapontado relaciona-
se, naturalmente, àquele bilhete anterior e K.H. explica porque foi desnecessário respondê-lo. O "Major afetuoso", mencionado ao fim do bilhete, era o Major Philip D. Henderson. Ele estava presente na ocasião do fenômeno da xícara e do pires e ajudou a desenterrá-los. Ele filiou-se à S.T. naquele dia, o seu diploma de filiação foi produzido fenomenalmente no local. Entretanto, no dia seguinte, ele ficou com suspeitas e afastou-se e depois disso, juntou-se aos críticos de H.P.B. Uma poucas palavras mais: porque ficastes desapontado de não terdes recebido uma resposta direta à vossa última nota? Eu a recebi em meu quarto acerca de meio minuto depois que as correntes para a produção do transporte do almofadão já tinham sido estabelecidas e em plena operação. E não havia necessidade de responder, a não ser para vos assegurar que um homem com a vossa disposição pouco receio deve ter de ser "enganado" - e portanto não havia necessidade de uma resposta. Um favor eu vos pedirei seguramente, e esse é, agora que vós - a única pessoa a quem foi prometido algo - estais satisfeito, que tenteis esclarecer a mente do amoroso Major e mostrar-lhe a sua grande tolice e injustiça. Vosso fielmente, KOOT' HOOMI LAL SINGH.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 004
Olcott pensou que Sinnett publicaria imediatamente relatórios de todos os fenômenos de Simla no "Pioneer". Quando isto não aconteceu, ele escreveu um artigo intitulado "Um Dia com Madame Blavatsky", no qual ele descreve alguns destes fenômenos. Neste artigo ele mencionou os nomes de vários ingleses eminentes que estiveram presentes nessas ocasiões. Ele mandou o relato para Bombaim, para Damodar Mavalankar, que estava à frente da sede central durante a ausência dos fundadores, para ser reproduzido e circulado entre os membros locais da Sociedade Teosófica. Infortunadamente, o "Times" da Índia conseguiu, de algum modo, uma cópia e publicou-a, junto com alguns comentários injuriosos. Damodar escreveu um protesto que o "Times" recusou publicar. Contudo, a "Gazette de Bombaim" publicou uma vigorosa resposta por H.P.B. As pessoas cujos nomes o Cel. Olcott mencionou em seu artigo estavam extremamente perplexas e desconfortáveis com a publicidade e, naturalmente, tudo acabou voltando-se contra H.P.B. Ela ficou muito tensa e pediu auxílio ao Mahatma K.H. Ela e o Coronel estavam em Amritsar na ocasião. Nessa época, o Mahatma K.H. estava a caminho - em seu corpo físico - através do Ladakh, de volta de sua visita ao Mahachohan para consultá-lo a respeito de alguns desdobramentos mencionados no primeiro parágrafo da Carta nº.5 (CM-4), como também sobre a carta que ele (K.H.) tinha recebido de Hume. Quando ele ouviu o frenético pedido de auxílio de H.P.B., ele decidiu mudar a sua rota e ir vê-la. Enquanto isso, antes que Sinnett deixasse Simla, ele mandou uma carta registrada para H.P.B. (Esta era em complemento à curta nota a respeito do "episódio do travesseiro" que é cronologicamente a Carta nº.4 (CM143)). H.P.B. recebeu a carta registrada em 27 de outubro e mandou-a para K.H. por meios ocultos, tão logo a recebeu; a hora foi fixada pelo registro postal às 2:00 da tarde, perto de Rawalpindi. Na próxima estação (Jhelum) ele desceu do trem, foi ao posto de telégrafo e escreveu um telegrama para Sinnett, comunicando o recebimento da carta, que foi, é claro, datado e preenchido pelo agente do telegrafo.
O Mestre também instruiu H.P.B. a devolver a Sinnett o envelope no qual a carta tinha sido recebida, que mostrava a data e a hora de registro. De início, Sinnett não podia entender por que ele devia aproveitar este envelope usado, mas o guardou, e mais tarde vi a relação: a data e a hora do registro da carta e a data e a hora de remessa do telegrama, o que finalmente Sinnett fez, e está entre as Cartas dos Mahatmas no Museu Britânico. Assim, Sinnett ficou ciente de que H.P.B. tinha conseguido uma transmissão muito rápida de sua carta ao longo de algumas centenas de milhas. Assim, parece que o Mahatma K.H. estava desejoso de dar a Sinnett mais um pouco de prova de sua existência e algo de seus poderes. O episódio todo é uma das peças mais convincentes de evidência encontradas na literatura. Madame o e Coronel O. chegaram à nossa casa, Allahabad, no dia 1º. de Dezembro de 1880. O Coronel O. foi para Benares no dia 3 - Madame juntou-se a ele no dia 11. Ambos retornaram a Allahabad no dia 20 e permaneceram até o dia 28. Amrita Saras, 29 de outubro. Meu querido Irmão: Eu seguramente não podia fazer objeção quanto ao estilo que bondosamente adotastes, ao dirigir-vos a mim pelo meu nome, pois é, como dizeis, o início de uma estima pessoal maior mesmo, até então da que eu tenha merecido de vós. As convencionalidades do mundo vazio, fora dos nossos isolados "ashrams"-(locais de reclusão), incomodam-nos pouco, em qualquer ocasião; muito menos agora, quando buscamos homens e não mestres de cerimônias, devoção e não a mera observação de regras. Cada vez mais um formalismo morto está ganhando terreno, e eu estou verdadeiramente feliz em encontrar um inesperado aliado num setor em que, até agora, não existiram muitos, entre as classes altamente educadas da sociedade inglesa. Uma crise, num certo sentido, está agora sobre nós, e temos que enfrentá-la. Eu poderia dizer duas crises: Uma na Sociedade, outra no Tibet. Pois eu posso vos dizer, em confiança, que a Rússia está gradualmente concentrando suas forças para uma futura invasão daquele país, sob o pretexto de uma guerra com a China. Se isso não ocorrer, será graças a nós; e portanto, pelo menos, mereceremos a vossa
gratidão. Vedes, portanto, que temos assuntos mais importantes do que pequenas sociedades para pensar; todavia, a S. T. não será negligenciada. O assunto tomou um impulso que, se não for bem guiado, poderá produzir resultados muito maléficos. Recordai mentalmente as avalanches dos vossos irados Alpes, em que inúmeras vezes pensais, e lembrai-vos que, no começo, a sua massa é pequena e pouca a sua velocidade. Uma banal comparação, podeis dizer, mas não posso pensar numa melhor ilustração, quando vejo a gradual agregação de eventos banais, avolumando-se numa ameaça para o destino da Sociedade Teosófica. Isto me ocorreu com uma grande força quando, no outro dia, descia os desfiladeiros do Kouenlun- Karakorum com o chamais, e vi uma avalanche desabar. Eu tinha ido pessoalmente até o nosso chefe para submeter a ele a importante oferta do Sr. Hume, e estava cruzando o desfiladeiro em direção à Lhadak, na minha volta para casa. Não posso precisar quais outras especulações se seguiram a essa. Mas, quando eu estava desfrutando a impressionante tranqüilidade que geralmente se segue a esse cataclisma, para obter uma visão mais clara da presente situação e da disposição dos "místicos de Simla", fui chamado bruscamente à realidade. Uma voz familiar, tão aguda como a que é atribuída ao pavão de Sarawast que, se acreditarmos nas tradições, amedrontou o Rei dos Nagas, gritou, seguindo as correntes: "Olcott despertou novamente o próprio demônio!... Os ingleses estão enlouquecendo... Venha rápido, Koot Hoomi, e me ajuda!"; e na sua excitação, ela esqueceu que estava falando em inglês. Devo dizer que os telegramas da "Velha Dama" bateu como pedras arremessadas por catapultas! Que podia fazer se não ir? Argumentar através do espaço com alguém que está no máximo do desespero, e num estado de caos moral, é inútil. Então eu tomei a decisão de emergir de uma reclusão de muitos anos e ar algum tempo com ela para confortá-la como pudesse. Mas a nossa amiga não é alguém de quem se possa esperar que reflita à filosófica resignação de um Marco Aurélio. O destino nunca escreveu que ela diria: "É uma coisa esplendida, quando alguém está fazendo o bem, ouvir falarem mal de si mesmo"... Eu cheguei para ar uns poucos dias, mas agora constato que não posso ar por mais tempo o sufocante magnetismo, mesmo dos meus patrícios. Eu vi alguns dos nossos orgulhosos e velhos Sikhs, bêbados e cambaleantes sobre o pavimento de mármore do seu sagrado templo. Eu ouvi um Vakil, falando em inglês,
declarar-se contra a Yog Vidya e a Teosofia, como sendo uma ilusão e uma mentira, declarando que a Ciência inglesa os emancipara dessas "degradantes superstições", e dizendo que era um insulto à Índia afirmar que aqueles Yogues e Sannyasis sujos conheciam algo acerca dos mistérios da Natureza; ou que qualquer homem vivo possa ou pudesse ter realizado quaisquer fenômenos! Eu volto a minha face para casa amanhã. A entrega dessa carta pode, possivelmente, se atrasar por um poucos dias, devido a causas que não vos interessam para que eu as especifique. Enquanto isso, entretanto, eu vos telegrafei os meus agradecimentos pelo vosso serviçal consentimento com os meus desejos nos assuntos a que aludis na vossa carta de 24 do corrente. Vejo com satisfação que deixastes de me apresentar ao mundo como um possível "comparsa". Isto faz com que já sejamos dez, eu creio? Mas eu tenho de dizer que a vossa promessa foi bem e lealmente cumprida. Recebida a carta em Amritsar no dia 27 do corrente, às duas horas da tarde, chegou às minhas mãos cerca de 48 Km além de Rawalpindi, cinco minutos mais tarde e telegrafei, acusando o recebimento, de Jhelum, às quatro horas da tarde do mesmo dia. Nossos modos de entrega acelerada e rápidas comunicações não são, como vedes, de serem desprezados pelo mundo ocidental, ou mesmo pelos céticos Vakils arianos que falam inglês. Eu não podia pedir uma disposição de mente mais sensata em um aliado do que aquela em que agora começais a vos descobrir. Meu Irmão, já mudastes a vossa atitude em relação a nós de uma maneira significativa: o que poderá impedir um perfeito entendimento mútuo algum dia! A proposição do Sr. Hume foi devida e cuidadosamente considerada. Ele iria vos comunicar, sem dúvida, os resultados, como os expressei em minha carta para ele. Que ele julgue os nossos "modos de ação" tão justos como o foram por vós, isso é outra questão. O nosso MAHA (o Chefe) permitiu que eu me correspondesse com ambos, e mesmo caso seja formada uma Loja Anglo-Indiana, entrar em contato pessoal com a mesma. Agora depende inteiramente de vós. Eu não posso vos dizer nada mais. Tendes perfeita razão quanto a situação dos nossos amigos do mundo Anglo-Indiano ter sido melhorada materialmente pela visita à Simla; e, também é verdadeiro, embora modestamente evitais
dize-lo, que por isso vos somos principalmente devedores. Mas, completamente à parte dos infelizes episódios das publicações de Bombaim, não é possível que exista ali, no melhor dos casos, senão uma neutralidade benevolente de seu povo para com o nosso. É tão diminuto o ponto de contato entre as duas civilizações, pelo que elas representam respectivamente, que poderíamos dizer que não se tocam em absoluto. E não chegam a fazê-lo, a não ser por uns poucos - poderia dizer excêntricos? - que têm como vós, sonhos mais belos e audazes do que o resto; e, provocando o pensamento, aproximam as duas, pela própria e irável audácia. Não vos terá ocorrido que as duas publicações de Bombaim, ou foram influenciadas, ou, pelo menos, não foram impedidas por aqueles que o poderiam ter feito, porque viam a necessidade de toda aquela agitação para causar o duplo resultado, depois da "Bomba do Broche", de distrair necessariamente a atenção do impacto e o de experimentar o vigor de vosso interesse pessoal pelo Ocultismo e a Teosofia? Eu não digo que isso foi assim; eu apenas indago se a contingência chegou a se apresentar em vossa mente. Eu fiz com que vos fosse insinuado que, se os detalhes dados na carta roubada tivessem sido antecipados no Pionneer, um lugar muito mais apropriado, e onde poderiam ser manipulados para se obter uma melhor vantagem, não teria valida a pena que alguém furtasse esse documento para o TIMES da ÍNDIA, e, em conseqüência, não teriam sido publicados nomes. O Coronel Olcott está, sem dúvida alguma, "fora de sintonia com os sentimentos dos ingleses" de ambas as classes; mas, mesmo assim, está sintonizado conosco mais do que qualquer delas. Nele podemos confiar em quaisquer circunstâncias, e seu fiel serviço nos é dedicado tanto na adversidade como no êxito. Meu caro Irmão, minha voz é o eco de justiça imparcial. Onde podemos encontrar igual devoção? Ele é alguém que nunca questiona, mas obedece; que pode cometer inumeráveis enganos devido ao seu excessivo zelo, mas está sempre pronto para reparar a sua falta, mesmo à custa da maior auto-humilhação; que considera o sacrifício do conforto, e mesmo da vida, como algo que deve ser arriscado alegremente, sempre que necessário; capaz de comer qualquer coisa, ou mesmo ar sem ela; dormir em qualquer cama, trabalhar em qualquer lugar, fraternizar com qualquer pária, ar qualquer privação pela causa... ito que a sua conexão com uma Loja Anglo-Indiana seria "um mal" e, portanto, não terá mais relações com ela do que tem com a Loja de Londres. A sua ligação será puramente
nominal, e poderá ser mais, redigindo-se mais cuidadosamente os vossos regulamentos do que os dela; e dando à vossa organização um sistema autônomo de governo de molde a requerer raras vezes alguma intervenção externa. Mas, fazer uma Loja AngloIndiana com os mesmos objetivos, seja no todo ou em parte, como a Sociedade Matriz, e com os mesmos diretores atrás da cena, seria não somente dar um golpe mortal na Sociedade Teosófica mas, colocar sobre nós um duplo trabalho e preocupação, sem que exista a menor vantagem compensadora que possa ser vislumbrada por qualquer um de nós. A Sociedade Matriz nunca interferiu, em grau algum, com a S. T. Britânica, nem, na verdade, com qualquer outra Loja, seja do ponto de vista religioso ou filosófico. Tendo formado, ou causado a formação de uma nova Loja, a Sociedade Teosófica Matriz emite uma Carta Constitutiva (o que não pode fazer agora sem a nossa Concordância e s), e então, geralmente se afasta para trás da cena, como dizeis. A sua posterior ligação com as Lojas filiadas limita-se a receber informes trimestrais de suas atividades e relação de novos Membros, ratificando eventuais expulsões, somente quando se apela a ela na qualidade de árbitro para intervir, devido à conexão direta dos Fundadores conosco, etc.; ela nunca se imiscui, de outro modo nas suas atividades, exceto quando solicitada como uma espécie de côrte de apelação. E como isso depende de vós, o que há de impedir que a vossa Sociedade permaneça virtualmente independente? Nós somos, mesmo, mais generosos do que vós, Britânicos, em relação a nós. Nós não forçaremos, nem solicitaremos que aproveis um "Residente" Hindú em vossa Sociedade, para velar pelos interesses do Supremo Poder Original, uma vez que vos declaramos independentes; mas implicitamente confiaremos na vossa lealdade e palavra de honra. Mas, se a idéia de uma supervisão executiva puramente nominal, pelo Coronel Olcott, um Americano de vossa própria raça, vos desagrada tanto, também vos rebeleis seguramente contra ditames de um Hindú, cujos métodos e costumes são os do seu próprio povo, e cuja raça, a despeito de vossa natural benevolência, não aprendestes mesmo ainda a tolerar, para não dizer amar e respeitar. Pensai bem antes de pedir a nossa orientação. Os nossos melhores adeptos, os mais eruditos, e os mais santos são das raças dos "sebentos Tibetanos" e dos Singhs do Punjab, sabeis que o leão é proverbialmente uma fera suja e agressiva, a despeito da sua força e coragem. Será que vossos bons compatriotas perdoariam mais
facilmente as nossas inconveniências hindús nos modos do que as dos vossos próprios parentes na América? Se as minhas observações não estão erradas eu diria que isso seria duvidoso. Os preconceitos nacionais tendem a obscurecer os nossos óculos. Dizeis "como ficaríamos satisfeitos, se aquele (que vos guiasse) fosse vós", significando este vosso correspondente imerecido. Meu bom Irmão, estais certo, de que a agradável impressão que agora podeis ter de nossa correspondência, não seria instantaneamente destruída quando me vísseis? E qual dos nossos santos Shaberons teve o benefício, ainda que fôsse nada mais que o da pouca educação universitária e algo das maneiras européias, que tive a oportunidade de adquirir? Aqui vai um exemplo: solicitei à Madame B. que escolha, entre dois ou três arianos do Punjab, que estudem Yog Vidya e são místicos naturais, um a quem, embora não me revele a ele demasiadamente, eu pudesse designar como um agente entre vós e nós, e que estava ansioso de vos enviar, com uma carta de apresentação, e fazer que ele vos fale de Ioga e seus efeitos práticos. Esse jovem, que é tão puro como a pureza em si mesma, cujas aspirações e pensamentos são da espécie mais espiritual e enobrecedora, e que, meramente através do auto-esforço, é capaz de penetrar nas regiões dos mundos sem forma0, esse jovem não é adequado para ser apresentado num salão. Tendo explicado a ele o grande bem que poderia resultar para o seu país se ele vos ajudasse a organizar uma Loja de místicos Ingleses, provando-lhes praticamente a que maravilhosos resultados levou o estudo da Ioga, Mad. B., em termos muito circunspectos e delicados, pediu-lhe que mudasse a sua vestimenta e o seu turbante, antes de ir para Allahabad, porque embora ela não lhe dissesse a razão, estes estavam muito sujos e desalinhados. Deveis comunicar ao Sr. Sinnett - disse ela que trazeis para ele uma carta do nosso Irmão K., com quem ele se corresponde, mas, se ele vos perguntar algo, seja a respeito dele ou de outros Irmãos, respondei-lhe, simplesmente que não estais autorizado a estender-se sobre o assunto. Falai da ioga e provai a ele que poderes atingistes. Esse jovem, que tinha consentido, escreveu mais tarde a seguinte carta curiosa: "Madame", ele disse, "vós que pregais os mais altos padrões de moralidade, de veracidade, etc., pedistes que eu desempenhasse o papel de um impostor. Pedistes que eu trocasse minhas roupas, arriscando que eu desse uma falsa idéia de minha personalidade e mistificasse o senhor a quem enviastes. E o que dizer caso ele me pergunte se pessoalmente conheço Koot' Hoomi, devo
eu manter-me silencioso e fazer que ele pense que eu o conheço? Isso seria uma tácita falsidade, e culpável por isso seria jogado no terrível remoinho da transmigração!" Aqui está um exemplo das dificuldades com que tenho de trabalhar. Não tendo a possibilidade de mandar-vos um neófito antes que vos tivésseis comprometido ante vós, devemos, ou ficarmos na expectativa, ou mandar-vos alguém que, no mínimo, iria vos chocar, ou, de pronto, vos desgostaria. A carta lhe seria entregue por mim, pessoalmente ele teria apenas que manter silêncio sobre os assuntos dos quais nada conhece e que poderia vos dar somente uma falsa idéia dos mesmos assuntos, e apresentar-se com um aspecto mais limpo. Novamente preconceito e letra morta. Por milhares de anos diz Michelet, os Santos Cristãos nunca se lavaram! Por quanto tempo ainda temerão os nossos santos de mudar as suas roupas com receio de serem considerados Marmalikes (bárbaros) ou por neófitos de seitas rivais mais asseadas! Mas essas nossas dificuldades não devem vos impedir de começar o vosso trabalho1. O Coronel Olcott e Mad. B. parecem desejosos de se tornar pessoalmente responsáveis por vós e o Sr. Hume, e se puderdes prontamente responder pela fidelidade de qualquer homem que o vosso grupo possa escolher como líder da S. T. A. I. (Sociedade Teosófica Anglo-Indiana), concordamos que a experiência seja feita. O campo é vosso, e a ninguém será permitido interferir com o vosso trabalho, exceto eu mesmo, em nome dos nossos Chefes, uma vez que me destes a honra de me preferir em lugar de outros. Mas, antes de começar a construir uma casa, faz-se um plano. Suponhamos que escreveis um memorando quanto a constituição e política de istração da Sociedade A.I. (Anglo-Indiana) que tendes em mente, submetendo-o à consideração! Se os nossos Chefes concordam com ele, e não serão eles que se mostrarão obstrutivos na marcha universal para frente, ou adiarão esse movimento para uma meta mais elevada, então vós imediatamente recebereis a carta Constitutiva. Mas eles primeiro têm que ver o plano; e eu tenho que vos lembrar que a nova Sociedade não será permitida se desligar do Corpo Matriz, embora tenhais a liberdade de dirigir as vossas atividades à vossa própria maneira, sem temer a menor interferência do seu Presidente enquanto não violardes as Regras gerais. E nesse ponto eu vos lembro a Regra. Esta é a primeira sugestão prática vinda de um "Morador da caverna" Cis
e Trans-Himalaico a quem honrastes com a vossa confiança. Agora com relação a vós pessoalmente. Longe de mim desencorajar alguém tão disposto como vós, colocando barreiras impossíveis no vosso progresso. Nós nunca nos queixamos do inevitável, mas tratamos de tirar o melhor partido do pior. Como também nunca impulsionamos ou atraímos para o misterioso domínio da natureza oculta aqueles que não desejam; nunca deixamos de expressar a nossa opinião livre e destemidamente, todavia, estamos sempre prontos a auxiliar os que vêm até nós; mesmo os agnósticos que assumem a posição negativa de "conhecer tão apenas os fenômenos, e recusar a crer em alguma coisa mais". É verdade que o homem casado não pode nunca ser um adepto, todavia, sem lutar para se tornar um "Raja iogui", ele pode adquirir certos poderes e fazer tanto bem para a humanidade e, às vezes, muito mais, permanecendo nos limites do seu mundo. Portanto, não vos pediremos que troqueis precipitadamente hábitos fixos de vida, antes da plena convicção da sua necessidade e vantagens que isso poderá vos trazer. Sois um homem que deve ser deixado livre para guiar a si mesmo, e a quem deve assim ser deixado em segurança. Vossa resolução foi tomada e é muito meritória: o tempo fará o resto. Existem maneiras para que alguém possa adquirir o conhecimento oculto. "Muitos são os grãos de incenso destinados ao mesmo altar; um cai no fogo antes, outro depois; a diferença no tempo não tem qualquer importância." Isto foi dito por um grande homem quando lhe foi recusada a issão e a suprema iniciação nos Mistérios. Há um tom de queixa na vossa pergunta se haverá a repetição da visão que tivestes, na noite antes do dia do piquenique. Penso que logo deixareis de considerá-las um tesouro se tivésseis uma visão deste tipo todas as noites. Mas há uma razão mais poderosa para que não vos sobrecarregueis, seria um desperdício de nossa energia. Tanto quanto eu, qualquer um de nós pode se comunicar convosco, seja em sonhos, impressões ao despertar, cartas (em travesseiros ou fora deles) ou por visitas pessoais em forma astral - isso será feito. Mas lembre-se que Simla está 2.100 metros mais alta do que Allahabad e que as dificuldades a serem vencidas nesta última são tremendas. Eu me abstenho de vos encorajar a esperar demasiado, porque como vós, não gosto de prometer o que, por várias razões, possa não ser capaz de atender.
O termo "FRATERNIDADE UNIVERSAL" não é uma frase vã. A Humanidade, em seu conjunto, tem o direito de exigir tudo de nós, como tentei explicar na minha carta ao Sr. Hume, a quem deveríeis pedí-la emprestada. É o único fundamento seguro para a moralidade universal. Se for um sonho, pelo menos é um sonho nobre para a humanidade: e é a expiração do verdadeiro adepto. Vosso fielmente, KOOT' HOOMI LAL SINGH
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 005 Esta é a primeira carta a ser recebida por Sinnett na qual a própria carta e a estão na mesma escrita. Parece duvidoso que foi transmitida através de H.P.B. É possível que K.H. tivesse um chela em Amballa que realizou esse serviço para ele. Meu Caro Amigo, Eu tenho a vossa carta de 19 de Novembro, extraída do envelope pela nossa osmose especial, em Meerut, e a sua carta para nossa "velha dama" em seu envoltório meio vazio registrado, seguramente remetida para Cawnpore para fazê-la praguejar contra mim... Mas ela está muito fraca para desempenhar o papel de correio astral justo agora. Lamento ver que ela uma vez mais mostrou-se imprecisa e vos levou ao erro; mas essa é principalmente minha falta, pois inúmeras vezes negligenciei em fazer fricção extra na sua pobre cabeça
enferma, agora que esquece e mistura as coisas mais do que o normal. Eu lhe pedi que ela vos dissesse "para abandonar a idéia do Ramo Anglo-Indiano em cooperação com o Sr. Hume, já que nada resultaria disso", mas eu vos enviarei a resposta dele à minha carta e à minha epístola final, e julgareis por vós mesmo. Após ler a última, fechai-a, por favor, e a enviai para ele, dizendo apenas que o fazeis em meu nome. A menos que ele levante a questão, é melhor que não o deixais saber que lestes a sua carta. Pode ser que esteja orgulhoso dela, embora não o devesse. Meu querido e bom amigo, não deveis guardar ressentimento contra mim pelo que disse a ele dos ingleses em geral. São orgulhosos. Em especial com relação a nós, de modo que nós consideramos isso uma característica nacional. E não deveis confundir os vossos pontos de vista privados, especialmente os que tendes agora, com as dos vossos compatriotas em geral. Poucos, se é que existem, (claro que há exceções como vós, cuja intensidade de aspirações faz com que se deixe de lado todas as outras considerações), consentiriam jamais em ter um "negro" como guia ou líder, assim como nenhuma Desdemona moderna escolheria um Otelo Indiano atualmente. O preconceito racial é intenso, e mesmo na Inglaterra livre somos considerados como uma "raça inferior". E esse mesmo tom vibra na vossa própria observação acerca "de um homem do povo não habituado a maneiras refinadas" e "um estrangeiro, mas um cavalheiro", sendo a preferência para este último. Tão pouco seria de se esperar que fosse revelado em um Hindú essa falta de "modos refinados", ainda que fosse vinte vezes "um Adepto"; e esta mesma característica do Visconde de Amberley sobre o "Jesus de uma raça inferior". Tivésseis parafraseado a vossa sentença, tendo dito: "um estrangeiro mas, de nenhum modo um cavalheiro" (de acôrdo com as noções Inglesas) não teríeis podido acrescentar, como o fizestes, que ele seria julgado o mais adequado. Por isso, digo-o novamente, que a maioria dos nossos Anglo-Indianos, entre os quais o termo "Hindú" ou "Asiático" está geralmente ligado a uma idéia vaga, embora presente, de alguém que usa os dedos em vez de um pedaço de cambraia, e que abjura o sabonete, iria, certamente, preferir um Americano "a um sebento Tibetano". Mas não necessitais temer por mim. Sempre que apareço, astral ou fisicamente, diante do meu amigo A. P. Sinnett, não esqueço de gastar uma certa soma num lenço da mais fina seda Chinesa para levá-lo no bolso da minha
chogga, nem de criar uma atmosfera de sândalo e rosas da Cachemira. Isso é o mínimo que podia fazer como expiação pelos meus compatriotas. Mas, então vedes, eu sou apenas um escravo dos meus mestres; e, se sou autorizado a satisfazer o meu próprio sentimento amistoso por vós, e atender-vos individualmente, posso não ser autorizado a fazer o mesmo com outros. Mas, para dizer a verdade, sei que não estou permitido a fazêlo, e a infortunada carta do Sr. Hume contribuiu muito para isso. Há um distinto grupo ou seção na nossa fraternidade que atende às nossas ocasionais e raras aproximações com indivíduos de outra raça ou sangue, e esse grupo trouxe até ao umbral o capitão Remington e dois outros ingleses, durante este século. E esses irmãos não usam habitualmente essências de flores. Então a prova do dia 27 não foi a prova de um fenômeno? Naturalmente, naturalmente. Mas tentastes conseguir, como dissestes que o faríeis, os Manuscrito original do despacho de Jhelum? Embora mesmo se provasse que a nossa oca, porém, pletórica amiga, a Sra. B., fosse meu multum in parvob, a redatora das minhas cartas e quem confecciona as minhas epístolas, todavia, a não ser que ela fosse ubicua (estar em dois lugares ao mesmo tempo) ou possua a faculdade de voar em dois minutos desde Amritsar até Jhelum, uma distância de mais de 360 quilômetros, como poderia ela ter escrito para mim o despacho em Jhelum com minha própria letra, apenas duas horas após ter recebido a vossa carta em Amritsar? Eis porque não lamentei que tenhas dito que o mandaria buscar, pois com esse despacho em seu poder, nenhum "detrator" seria muito forte, nem mesmo prevaleceria a lógica cética do Sr. Hume. Naturalmente imaginais que a "revelação sem nomes", que agora repercute na Inglaterra, teria sido agarrada pelo Times of Índia muito mais avidamente do que outro, se revelasse os nomes. Mas aqui novamente demonstrarei que não tendes razão. Se primeiro tivésseis impresso o relato, o Times of Índia nunca teria publicado "Um dia com Madame B." pois aquele belo exemplo do sensacionalismo americano não teria sido em absoluto escrito por Olcott. Não havia tido raison d'être. Ansioso por obter para sua Sociedade toda prova que corroborasse os poderes ocultos do que ele denomina a 1ª. Seção, e vendo que permanecestes silencioso, nosso galante Coronel sentiu a sua mão coçar até que trouxesse tudo à luz, e, colocou tudo na
obscuridade e consternação!... "Et voici pourquoi nous n'irons plus au bois", como diz a canção sa. Escrevestes "tom"? Bem, bem; eu vos peço que compreis para mim um par de óculos em Londres. E sem embargo, fora de "tom" ou fora de "tempo" é o mesmo, como parece. Mas deveis adotar meu velho hábito de pequenas linhas sobre os "emes". Essas barras são úteis embora "fora de tom e tempo" com a moderna caligrafia. Além disso, tenhai em mente, que essas minhas letras não são escritas e sim impressas ou precipitadas e então todos os enganos são corrigidos. Não discutiremos no momento, se os vossos fins e propósitos são tão diferentes dos do senhor Hume? Mas, se ele puder ser motivado por uma "filantropia mais pura e ampla", o modo que ele estabelecer para trabalhar, a fim de alcançar essas finalidades nunca o levarão além de considerações teóricas sobre o assunto. De nada valerá agora apresentá-lo sobre qualquer outro aspecto. A sua carta, que logo lereis, é, como digo para ele, "um monumento de orgulho e de egoísmo inconsciente". Ele é um homem demasiadamente justo e superior para ser culpado de pequenas vaidades; mas o seu orgulho se eleva como o do mítico Lúcifer; e, podeis me acreditar, se eu tenho alguma experiência da natureza humana, quando eu digo, que esse é Hume, au naturel. Não é uma conclusão precipitada minha, baseada em algum sentimento pessoal, e sim a opinião do maior de nossos Adeptos vivos, o Shaberon de Than-La. Qualquer questão que ele aborde, o seu tratamento é o mesmo; uma firme determinação para fazer com que tudo fique, de acôrdo com suas próprias conclusões predeterminadas, ou varrê-la de um só golpe de crítica irônica e adversa. O Sr. Hume é um homem muito capaz, Hume mesmo, até o mais íntimo do seu ser. Um estado de mente como esse oferece pouca atração, como compreendereis, a qualquer um de nós que desejasse se aproximar para ajudá-lo. Não, eu não "desprezo", nem nunca "desprezarei" nenhum "sentimento" mesmo que se choque com os meus próprios princípios, quando é expresso franca e abertamente como o vosso. Podeis estar, e indubitavelmente estais, movido por mais egoísmo do que por ampla benevolência pela humanidade. Todavia, como o confessais sem o e de nenhuma filantropia, eu vos digo candidamente que tendes muito mais possibilidades do que o Sr. Hume de aprender um
pouco de ocultismo. Quanto a mim, farei tudo que puder por vós, sob as circunstâncias e limitado como estou por ordens recentes. Não direi que abandoneis isto ou aquilo, pois, a não ser que apresenteis, além de toda dúvida, a presença em vós, dos necessários germens, tudo seria inútil bem como cruel. Mas eu vos digo, TENTAI. Não desespereis. Uní-vos a vários homens e mulheres determinados e fazei experiências no mesmerismo e os fenômenos comuns denominados "espíritas". Se agirdes de acôrdo com os métodos prescritos ficai certo de que, por fim, obtereis resultados. Fora disso, eu farei o melhor e, quem sabe! Uma vontade forte cria e a simpatia atrai mesmo os adeptos, cujas leis são antagônicas à mistura com o não iniciado. Se estiverdes disposto eu vos enviarei um Ensaio mostrando porque na Europa, mais do que em qualquer outra parte, uma Fraternidade Universal, isto é, uma associação de "afinidades" de forças e polaridades fortemente magnéticas, centradas, conquanto diferentes, em torno de uma idéia dominante, é necessária para realizações bem-sucedidas nas Ciências Ocultas. O que uma vontade falhar em fazer, muitas, combinadas, podem alcançar. Naturalmente tendes, no caso de organizardes, formar fileiras com Olcott à frente da Sociedade Matriz, e portanto, nominalmente o Presidente de todos os Ramos existentes. Mas ele será tanto o vosso "líder" quanto o é da Sociedade Teosófica Britânica, que tem o seu próprio Presidente, e seus próprios Estatutos e Regulamentos. Recebereis a Carta Constitutiva dele, e isso é tudo. Em alguns casos ele terá que um papel ou dois, quatro vezes por ano nas contas enviadas por vosso Secretário; todavia ele não tem o direito de interferir com a vossa istração e procedimentos, enquanto esses não se chocarem com as Regras gerais, e ele, certamente, não tem habilidade nem o desejo de ser o vosso líder. E naturalmente, vós (significando toda a Sociedade) tereis, além do vosso próprio Presidente, escolhidos pelo grupo, "um qualificado professor de ocultismo" para vos instruir. Mas, meu bom amigo, abandone qualquer idéia de que esse "professor" possa aparecer corporalmente e vos instruir nos anos vindouros. Posso chegar até vós pessoalmente a não ser que me repilas, como fez o Sr. Hume - Eu não posso aparecer para todos. Podeis obter fenômenos e provas mas mesmo que caísses no velho erro e os atribuísseis aos "Espíritos" poderíamos vos mostrar os vossos enganos apenas por explicações lógicas e filosóficas: a
nenhum adepto seria permitido comparecer às vossas reuniões. Naturalmente deveis escrever um livro. Não posso ver porque em qualquer caso isso seria impraticável. Fazeio, por todos os meios, e obtereis de mim todo o auxílio que eu puder dar. Deveis iniciar imediatamente correspondência com Lord Lindsay, e tomar os fenômenos de Simla e a vossa correspondência comigo como assunto. Ele é imensamente interessado em tais experiências, e sendo um Teosofista ligado ao Conselho Geral, dará boas vindas as vossas aberturas. Tomai por base que pertenceis a S. T., e que sois o amplamente conhecido Editor do "Pioneer", e sabendo como é grande o interesse dele pelos fenômenos "espirituais" submeteis a sua consideração as coisas muito extraordinárias que ocorreram em Simla, com pormenores adicionais que não foram publicados. Os melhores Espíritas Britânicos poderiam, com a devida orientação, ser convertidos em Teosofistas. Mas, nem o Dr. Wyld, nem o Sr. Massey, parecem ter a necessária força. Eu vos aconselho que converseis pessoalmente com Lord Lindsay sobre a situação teosófica em casa e na Índia. Talvez os dois possam trabalhar juntos. A correspondência que agora sugiro poderá preparar o caminho. Mesmo que Madame B. pudesse "ser induzida" a dar à Sociedade A. I. qualquer "instrução prática" eu estou receoso que ela ou demasiado tempo fora do adytum (santuário) para ser de muito uso para explicações práticas. Entretanto, embora não dependa de mim, verei o que posso fazer nesse sentido. Mas eu temo que ela está tristemente necessitando uns poucos meses de uma vilegiatura recuperadora nas geleiras, com seu velho Mestre, antes que possa receber tão difícil tarefa. Sêde muito cuidadoso com ela caso ela se detenha em vossa casa em seu regresso ao lar. Seu sistema nervoso está terrivelmente abalado, e ela necessita muito cuidado. Queira, por favor, poupar-me um trabalho desnecessário, dizendo-me o ano, data, e hora do nascimento da Sra. Sinnett? Sempre vosso sinceramente, KOOT' HOOMI
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 006 Não, vós não escreveis demais. Lamento apenas ter tão pouco tempo à minha disposição; daí, achar-me incapaz de responder tão rapidamente quanto gostaria. Naturalmente eu tenho de ler cada palavra que escreveis: de outra maneira faria uma grande confusão com tudo isso. E, seja com os meus olhos físicos ou espirituais, o tempo requerido para isso é praticamente o mesmo. Igualmente poderia dizer das minhas respostas. Porque, seja eu que as "precipite" ou dite, ou as escreva pessoalmente, a diferença de tempo economizado é insignificante. Devo pensar tudo, fotografar cuidadosamente cada palavra e frase no meu cérebro antes que possa ser repetida por "precipitação". Assim como a fixação, em superfícies quimicamente preparadas, das imagens formadas numa câmera requer um prévio ajuste no foco do objeto a ser representado, pois de outra maneira, como inúmeras vezes se encontra em más fotografias, as pernas de quem está sentado aparecem fora das proporções com a cabeça, e assim por diante, temos primeiramente de arrumar as nossas sentenças e imprimir cada letra que vai aparecer no papel, nas nossas mentes, antes que possam ser lidas. No momento é tudo o que posso vos contar. Quando a Ciência tiver aprendido mais a cerca do mistério do lithophyl (ou lithobiblion) e como a impressão de folhas vêm a ocorrer originalmente nas pedras, então serei capaz de fazei-vos compreender melhor o processo. Mas tendes que saber e relembrar uma coisa: nós apenas seguimos e servilmente copiamos a Natureza em seus trabalhos. Não, não necessitamos argumentar mais sobre a infortunada questão de "um dia com Madame B.". É
completamente inútil, pois como dizeis, não tendes o direito de esmagar e moer no Pioneer os seus descorteses e, inúmeras vezes, desonestos opositores (nem mesmo em sua própria defesa) porque os seus proprietários se opõem à toda menção ao Ocultismo. Como são cristãos, não devemos nos irar. Vamos ser caridosos e esperar que eles tenham a sua recompensa: morrem e se tornam anjos da Luz e da Verdade, pobres alados do céu cristão. A não ser que reunis várias pessoas, e as organizeis de uma maneira ou outra, estou receoso de que, praticamente, serei de pouca ajuda para vós. Meu caro amigo, eu tenho também os meus "proprietários". Por razões que eles conhecem bem, descordam da idéia de ensinar indivíduos isoladamente. Eu me correspondo convosco e dou provas de tempos em tempos da minha existência e presença. Ensinar ou vos instruir é completamente uma outra questão. Portanto, sentar-se com a vossa Senhora é mais do que inútil. Os magnetismos de ambos são demasiadamente semelhantes e não consiguireis nada. Traduzirei o meu Ensaio e vos enviarei tão cedo eu puder. A vossa idéia de corresponder-se com vossos amigos e associados é a próxima e melhor coisa que podeis fazer. Mas não vos esqueçais de escrever para Lord Lindsay. Sou um pouco "duro" com Hume, dizeis. Serei na realidade? Ele altamente intelectual e confesso que possui uma natureza espiritual. Todavia ele é em tudo o "Sr. Oráculo". Pode ser que seja a própria exuberância daquele grande intelecto, que busca saída através de cada abertura, e nunca perde uma oportunidade para aliviar a plenitude do cérebro, que está inundado com o pensamento. Porque encontra em sua tranqüila vida cotidiana um campo demasiadamente pobre, já que só tem um "Moggy"e um Davison para efetuar sobre eles a sua semeadura, seu intelecto rompe a represa e detêmse sobre cada imaginado evento, cada fato possível, embora improvável, que sua imaginação possa sugerir, para interpretá-lo hipoteticamente, à sua própria maneira. Nem me surpreendo que tão perito trabalhador no mosaico intelectual como ele é, encontrando subitamente a mais fértil das minas, as mais preciosas pedras coloridas na idéia da nossa fraternidade e da S. T., dela escolhesse ingredientes para borrar as nossas faces. Colocando-nos diante de um espelho que nos reflete como ele nos vê em sua própria imaginação fértil,
ele diz: "Agora, vós, mofadas relíquias de um mofado ado, olhai para vós mesmas como realmente sois!" Um homem muito, excelente o nosso amigo Hume, mas completamente inapto para ser moldado como um adepto. Na formação de um Ramo Anglo-Indiano, parece que ele compreende pouco, e muito menos do que vós, o nosso real objetivo. As verdades e mistérios do Ocultismo constituem, na verdade, um corpo da mais alta importância espiritual, ao mesmo tempo profundo e prático para o mundo em geral. Entretanto não é na condição de uma simples adição à emaranhada massa de teoria ou especulação no mundo da Ciência que estão sendo-vos dadas, mas para a elaboração prática em prol dos interesses da humanidade. Os termos "não científico" "impossível", "alucinação", "impostor", têm sido, até agora, usados de maneira muito solta, descuidada, dando a entender que nos fenômenos ocultos há algo de misterioso, como de anormal, ou uma impostura premeditada. Eis porque os nossos chefes determinaram lançar sobre umas poucas mentes receptivas, mais luz sobre o assunto, e provar-lhes que tais manifestações são tão reduzíveis à lei como os mais simples fenômenos do universo físico. Os sabichões dizem: "a idade dos milagres é ada", mas nós respondemos, "ela nunca existiu!" Ainda que não sejam os únicos ou sem a sua contraparte na História Universal, esses fenômenos devem vir e virão com uma enorme influência no mundo dos fanáticos e dos céticos. Eles têm que se mostrar tanto destrutivos, como construtivos: destrutivos quanto aos perniciosos erros do ado, aos velhos credos e superstições que sufocam, no seu abraço venenoso, como erva daninha, a toda a humanidade; mas construtiva de novas instituições de uma genuína e prática fraternidade da humanidade, onde todos serão colaboradores da Natureza, e trabalharão para o bem da humanidade com e por meio dos mais elevados Espíritos Planetários, os únicos "Espíritos" em quem acreditamos. Elementos fantásticos, jamais impensados, nem sonhados começarão logo a se manifestar, dia a dia, com uma força constantemente aumentada, revelando, por fim, os segredos das suas misteriosas operações. Platão estava certo: as idéias governam o mundo; e, à medida que as mentes dos homens recebam novas idéias, deixando de lado as velhas desgastadas, o mundo avançará; surgirão poderosas revoluções delas; credos e mesmo potências serão derrocadas diante da sua força irresistível. Será verdadeiramente impossível
resistir ao seu influxo, quando chegar o tempo, assim como não se pode barrar o crescimento de uma maré. Mas tudo virá gradualmente, e antes que chegue, temos um dever diante de nós; e de varrer o entulho deixado para nós pelos nossos piedosos anteados. Novas idéias têm que ser plantadas em lugares limpos, pois essas idéias tocam os assuntos mais importantes. Não são fenômenos físicos, mas essas idéias universais, que estudamos, e para compreender os primeiros, temos que primeiro entender as últimas. Elas referem-se à verdadeira posição de homem no Universo, em relação aos seus nascimentos prévios e futuros; à sua origem e destino final; à relação do mortal com o imortal; do temporário com o eterno; do finito com o infinito, idéias mais amplas, maiores, mais abrangentes, reconhecendo o reino Universal da Lei Imutável, que não muda e não pode ser mudada, em relação a qual só existe o ETERNO AGORA, enquanto que para os mortais não iniciados o tempo é ado ou futuro relacionados com a sua existência finita nesse grãozinho de pó. Isto é o que estudamos e o que muitos solucionaram. E agora depende apenas de vós decidir o que tereis: a mais alta filosofia ou uma simples exibição de poderes ocultos. Naturalmente, de modo algum, esta não será a última palavra entre nós; tereis tempo para pensar. Os Chefes querem uma "Fraternidade da Humanidade", que se inicie uma real Fraternidade; uma instituição que se torne conhecida através do mundo e chame à atenção das mentes mais elevadas. Eu vos enviarei o meu Ensaio. Quereis ser o meu colaborador e pacientemente aguardar fenômenos menores? Creio que posso prever a resposta. De qualquer modo, enquanto arder em vós a lâmpada da luz espiritual, mesmo que debilmente, há esperança para vós, e para mim também. Sim; pondevos em busca de indianos, se podeis encontrar ingleses. Mas, credes que desapareceu o espírito e o poder de perseguição nessa época iluminada? O tempo mostrará. Enquanto isso, sendo humano, tenho que repousar. Eu não durmo há mais de sessenta horas. Sempre vosso verdadeiramente, KOOT' HOOMI
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 007 Anexada a uma carta de Madame B. de Bombaim. Recebida em 30 de Janeiro de 1881. Não há nenhuma falta de vossa parte, em todo esse assunto. Lamento que tenhais pensado que estou vos imputando qualquer falta. Se fosse o caso, virtualmente poderíeis sentir que tínheis de me reprovar por vos dar esperanças sem ter nem a sombra de tal direito. Eu deveria ter sido menos otimista e então teríeis sido menos entusiasta nas vossas expectativas. Eu realmente sinto como se vos tivesse enganado! Felizes, três vezes felizes e abençoados, são os que nunca consentiram em visitar o mundo que fica além de suas montanhas coroadas de neves; aqueles cujos os olhos físicos nunca deixaram de ver um dia que seja, as infindáveis cadeias de montanhas, e a longa e inquebrada linha das neves eternas! Verdadeiramente, sem dúvida, eles encontraram a sua Última Thule e nela vivem... Por que dizeis que sois uma vítima das circunstâncias, pois nada mudou seriamente, e que muito, se não tudo, depende dos futuros desenvolvimentos? Não vos foi pedido, nem se esperou que revolucionásseis os vossos modos de viver mas, ao mesmo tempo fôstes advertido para não esperar demasiado enquanto permaneceis o que sois. Se lerdes entre as linhas, deveis ter notado o que disse sobre a margem muito limitada de que disponho para atuar nesse assunto, segundo o meu próprio critério. Mas não fiqueis desanimado, pois tudo é apenas uma questão de tempo. O mundo não evoluiu entre duas monções, meu bom amigo. Se tivésseis vindo a mim como um rapaz de dezessete anos, antes que o mundo pusesse sobre vós a sua pesada mão, a vossa tarefa seria vinte vezes mais fácil. E agora temos que aceitá-lo, e deveis ver a vós mesmo como sois, não como a imagem humana ideal que a nossa fantasia
emocional sempre projeta para nós no espelho. Sêde paciente, amigo irmão; e devo repetir novamente: sêde o nosso útil colaborador, mas na vossa esfera e de acôrdo com o vosso mais maduro julgamento. Dado que o nosso venerável Khobilgan decretou na sua sábia previsão que eu não tenho direito de vos encorajar a que entreis numa senda, onde teríeis que rolar a rocha de Sísifo, contido, como certamente estareis pelos vossos prévios e mais sagrados deveres, nós realmente temos que esperar. Eu sei que os vossos motivos são sinceros e verdadeiros, e que uma mudança real, e na direção correta, chegou até vós, mesmo que ela vos pareça ser imperceptível. E os Chefes sabem disso também. Mas dizem eles, os motivos são vaporosos, tão tênues como a umidade atmosférica; e assim como a última desenvolve a sua energia dinâmica para ser usada pelo homem, somente quando está concentrada e aplicada como vapor ou força hidráulica, assim também o valor prático das boas intenções é melhor visto quando tomam a forma de ações... "Nós esperaremos e veremos" dizem eles. E agora eu vos contei o máximo a que tinha o direito de vos dizer. Mais de uma vez ajudastes a essa Sociedade, ainda que não estejais interessado nela, e essas ações estão registradas. Mas ainda, elas são mais meritórias em vós do que seriam em qualquer outra pessoa, considerando as vossas bem fundamentadas idéias quanto à aquela pobre organização no presente. E vós já conquistastes um amigo, alguém mais elevado e melhor do que eu, alguém que no futuro me auxiliará a defender a vossa causa, capaz como ele é para fazêlo mais eficazmente do que eu, porque pertence à "Seção Estrangeira". E creio que expus para vós as linhas gerais pelas quais desejamos que ocorra, se possível, o trabalho de organização do Ramo Anglo-Indiano. Os detalhes devem ficar a vosso cargo, se quereis ainda me ajudar. Se tendes algo a dizer e perguntar, é melhor que me escrevais e eu sempre responderei às vossas cartas. Mas não pensais quaisquer fenômenos por enquanto, pois apenas estas triviais manifestações são agora um obstáculo no vosso caminho. Seu sempre verdadeiramente, K. H.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 008 Recebida através de Madame B. no dia 20 de Fevereiro de 1881. Sinnett estivera tentando fazer algo a respeito das regras da S.T., da qual ele era o Vice-Presidente na época. A página inicial desta carta refere-se a estes esforços. Meu caro amigo, estais certamente na senda correta: a senda dos fatos e ações, não de meras palavras - que vivais muitos anos e perseverai!... Espero que isso não seja considerado por vós como um encorajamento "sentimentalóide" - uma feliz expressão que me fez rir, mas na verdade atuais como uma espécie de um Kalki Avatar, dissipando as sombras de "Kali-yug" - a noite negra da moribunda Sociedade Teosófica e afastando do vosso caminho a fata morgana dos seus regulamentos. Terei que fazer aparecer a palavra fecit2, após o vosso nome, na lista do conselho geral, em caracteres invisíveis, mas indeléveis, pois algum dia poderá ser uma porta secreta para chegar ao coração do mais severo dos Khobilgans... Embora estando muito ocupado, como sempre, eu tenho que vos enviar uma epístola de despedida um pouco longa antes que inicieis a vossa jornada que poderá produzir resultados muito importantes - e não somente pela nossa causa... Compreendeis, não é assim, que não é minha falta não poder encontrar-vos como eu queria? Nem tão pouco é vossa, senão mais do ambiente de toda a vossa vida e de uma delicada missão especial que me recomendaram desde que vos conheci. Não me culpeis, então, se eu não me mostro numa
forma mais tangível, que não só vós, como eu, desejaria! Quando não me permitem fazer isso para Olcott, que tem labutado por nós esses cinco anos, como poderia eu fazer isso para outros que não aram, até agora, por um treinamento como o dele? Isso se aplica igualmente ao caso do Lord Crawford e Balcarres, um excelente cavalheiro aprisionado pelo mundo. Sua natureza é sincera e nobre, embora possa ser um pouco reprimida. Ele pergunta que esperança pode ter? Eu digo: toda esperança. Pois ele tem dentro de si próprio aquilo que só uns poucos possui: uma inesgotável fonte de fluido magnético que, se ao menos ele tivesse tempo, poderia evocar copiosamente e não necessitaria de outro mestre a não ser de se mesmo. Seus próprios poderes fariam o trabalho, e a sua própria grande experiência seria um guia seguro para ele. Mas, ele teria que se proteger contra toda influência estranha e evitálas, especialmente aquelas antagônicas ao nobre estudo do HOMEM como um Brahmam integral, o microcosmo livre e inteiramente independente, tanto do auxílio como do controle dos agentes invisíveis que a "nova dispensação" (palavra bombástica!) chama de "Espíritos". Sua Excelência compreenderá o que quero dizer, sem mais explicações: Tem toda liberdade para ler isso, se o quiser, caso as opiniões de um obscuro hindú. Fosse ele um homem pobre, ele poderia ter se tornado um Dupotet inglês, acrescido de grandes conquistas científicas nas ciências exatas. Mas ah! O que a nobreza ganhou a psicologia perdeu... Mas todavia não é demasiadamente tarde senão vejamos, mesmo após dominar a ciência magnética e dedicando a sua poderosa mente para o estudo dos ramos mais nobres da ciência exata, assim mesmo ele falhou em levantar mesmo uma pequena ponta do véu do mistério. Ah, esse mundo sempre cambiante, pomposo, reluzente, cheio de insaciável ambição, onde a família e o Estado, repartem entre eles a natureza mais nobre do homem, como dois tigres sobre uma carcaça, e o deixam sem esperança ou luz! Quantos aspirantes não teríamos se não fossem exigidos sacrifícios! A carta de sua excelência a vós exala uma influência de sinceridade matizada de pesar. É um bom homem de coração com a capacidade de ser ainda melhor e mais feliz. Não tivesse seu destino sido traçado como o foi e tivesse todo seu poder intelectual se voltado para a cultura da Alma, ele teria alcançado muito mais do que jamais sonhara. Foi desse material que se formaram os adeptos nos dias de glória Ariana. Mas não devo estender-me mais sobre esse caso; e anseio pelo perdão de sua excelência se, no amargor do meu sentimento,
ultraei de algum modo os limites do correto nessa "delineação psicométrica do caráter", demasiadamente livre, como diriam os médiuns americanos... "uma medida folgada só limita o excesso", mas ouso ir mais além. Ah, meu amigo, demasiadamente positivo e todavia impaciente, se apenas tivésseis tais capacidades latentes! A "comunicação direta" comigo, da qual escreveis na vossa nota suplementar, e a "enorme vantagem" que traria "para o livro em si se fosse concedida", seria imediatamente concedida se dependesse apenas de mim. Embora raras vezes seja aconselhável repetir-se, entretanto, estou tão ansioso de que compreendêsseis a impraticabilidade atual de semelhante arranjo mesmo que fosse concedido pelos nossos Superiores, que darei um breve retrospecto dos princípios já expostos. Poderíamos deixar fora de questão o ponto mais vital que vacilaríeis talvez em aceitar - que a recusa relaciona-se com a vossa própria salvação (do ponto de vista de vossas considerações materiais e mundanas) do que com o meu forçoso cumprimento de nossas honradas Regras, aprovadas pelo tempo. Novamente poderia citar o caso de Olcott e o seu destino até agora (o qual, se não tivesse sido permitido comunicar-se conosco diretamente e sem nenhum intermediário, poderia ter subseqüentemente demonstrado menos zelo e devoção, porém mais discrição). Mas a comparação vos parecerá forçada. Olcott, diríeis, é um entusiasta, um teimoso, um místico irracional, que segue em frente de olhos vendados, e que não se permitirá ver o que está em frente com os seus próprios olhos. Enquanto isso, sois um homem comum do mundo sóbrio, filho de vossa geração de frios pensadores; sempre tendo sob controle a fantasia, e dizendo ao entusiasmo: "Até aqui chegarás, e não irás mais longe"... Talvez estejais certo, talvez não. "Nenhum Lama sabe onde o seu ber-chhen irá ferílo até que o coloque", diz um provérbio tibetano. Mas, deixemos isso de lado, pois devo dizer-vos agora que, para a abertura da "comunicação direta", o único meio possível seria: (1) encontrar-nos em nossos corpos físicos. Estando onde estou, e vós em vossa própria moradia, há um impedimento material para mim; (2) que ambos nos encontremos na nossa forma astral, o que exigiria que deixásseis o vosso corpo físico, como eu teria que deixar o meu. O impedimento quanto a isso é da vossa parte; (3) fazerdes ouvir a minha voz, seja dentro ou próximo a vós, assim como faz a "velha Dama". Isso seria possível de duas maneiras: (a) meus
chefes apenas teriam que me dar permissão para estabelecer as condições, e isso, no momento, eles recusam; ou (b) que possais ouvir a minha voz, isto é, a minha voz natural sem que seja empregado qualquer tamasha psico-fisiológico por mim (como fazemos com freqüência). Mas para fazer isso, não somente os sentidos espirituais do indivíduo devem estar anormalmente abertos, mas ele mesmo precisa ter dominado o grande segredo - ainda não descoberto pela Ciência - de, digamos abolir todos os impedimentos de espaço; de neutralizar por um determinado tempo o obstáculo natural das partículas intermediárias de ar e forçando as ondas repercutirem em vosso ouvido em sons refletidos ou ecos. Deste último só conheceis, até agora, o suficiente para considerá-lo um absurdo anticientífico. Vossos físicos, não tendo até recentemente conseguido dominar a acústica nesta direção e apenas adquirido um conhecimento perfeito (?) da vibração dos corpos sonoros e das reverberações através de tubos, podem perguntar sarcasticamente: "Onde estão os vossos corpos sonoros indefinidamente contínuos, para conduzirem através do espaço as vibrações da voz?" Respondemos que os nossos tubos, embora invisíveis, são indestrutíveis e muito mais perfeitos do que aqueles dos nossos modernos físicos, pelos quais a velocidade da transmissão da força mecânica, através do ar, é representada a razão de 330 metros por segundo e não mais, se não estou enganado. Mas então, não pode haver pessoas que encontraram meios mais perfeitos e rápidos de transmissão, por estarem mais familiarizados com os poderes ocultos do ar (akas) e que tenham, além disso, um conhecimento mais perfeito dos sons? Mas isso será discutido depois. Há, entretanto, um inconveniente mais sério; um obstáculo quase intransponível atualmente, com o qual eu mesmo estou às voltas enquanto nada mais faço senão comunicar-me convosco, uma coisa simples que qualquer outro mortal poderia fazer. É a minha completa incapacidade de fazer-vos compreender o que quero dizer nas minhas explicações mesmo de fenômenos físicos, deixando de lado uma abordagem espiritual. Não é a primeira vez que me refiro a isso. É como se uma criança me pedisse para ensinar-lhe os mais altos problemas de Euclides, antes mesmo que tivesse começado a estudar as regras elementares da aritmética. Somente o progresso que uma pessoa faz no estudo do conhecimento Arcano desde os seus elementos rudimentares, leva-a, gradualmente, a compreender o nosso propósito. Somente assim, e não
de outra forma, ela o faz fortalecendo e refinando aqueles misteriosos laços de simpatia entre seres inteligentes - fragmentos temporariamente isolados da Alma universal e da própria Alma cósmica - trazendo-os a uma completa harmonia. Uma vez isso estabelecido, somente então essas despertadas simpatias servirão, na verdade, para conectar o HOMEM com aquilo, que na falta de um termo europeu mais adequado para expressar a idéia, eu sou novamente compelido a descrever como aquela cadeia energética que une o Kosmos material e Imaterial - ado, Presente e Futuro -, e ativa as suas percepções, a fim de claramente capte, não apenas todas as coisas da matéria, mas também as do Espírito, sinto-me mesmo, irritado a ter que usar essas palavras imperfeitas ado, presente e futuro -! Conceitos miseráveis de fases objetivas do Todo Subjetivo, elas são tão inadequadas nesse sentido como o uso de um machado para fazer um trabalho delicado de entalhe. Oh, meu pobre e desapontado amigo, se já estivésseis suficientemente avançado na SENDA, essa simples transmissão de idéias não seria obstaculizada pelas condições de matéria, a união de vossa mente com a nossa, não ficaria impedida pelas suas incapacidades instigadas! Essa é, infelizmente, a grosseria autoadquirida e herdada, da mente Ocidental. Até mesmo as frases que expressam o pensamento moderno foram desenvolvidas, até tal ponto na linha do materialismo prático, que na atualidade é quase impossível, tanto para vós nos compreender como para nós expressarmos, no vosso idioma, algo dessa maquinária delicada e aparentemente ideal do Kosmos oculto. Até um pequeno limite através do estudo e da meditação, essa faculdade pode ser adquirida pelos europeus. E isso é tudo. E aqui está a barreira que impediu, até agora, que o conhecimento das verdades teosóficas ganhasse mais terno nas nações Ocidentais, e levou os filósofos Ocidentais a abandonar o estudo teosófico, considerando-o como inútil e fantástico. Como eu vos ensinarei a ler e a escrever ou mesmo a compreender uma linguagem da qual nenhum alfabeto palpável, ou palavras audíveis para vós foram inventados até agora! Como poderiam os fenômenos da nossa moderna ciência elétrica serem explicados, digamos, a um filósofo grego dos dias de Ptolomeu que fosse chamado a vida, com esse hiato intransponível nas descobertas existente entre a sua e a nossa época? Não seriam para ele os próprios termos técnicos um ininteligível jargão, um abracadabra de sons incompreensíveis, e os próprios instrumentos e aparelhos usados, apenas
monstruosidades "miraculosas"? E suponhamos que, por um instante, eu vos descrevesse os matizes daquelas cores que estão além do chamado "espectro visível" - raios invisíveis a todos com exceção de uns poucos dentre nós; ou explicasse, como podemos fixar no espaço qualquer uma das chamadas cores acidentais ou subjetivas - e, além disso, o complemento (para falarmos matematicamente) de qualquer uma das cores de um corpo dicromático (o que por si só soa como um absurdo), achais que podereis compreender o efeito ótico dessas cores ou mesmo o que quero dizer? E como não vedes, ou conheceis tais radiações nem tendes quaisquer nomes para eles, até agora, na Ciência, se eu vos dissesse:- "Meu bom amigo Sinnett, por favor, sem vos deslocares da vossa escrivaninha, tentai buscar e produzir ante os seus olhos o espectro solar completo, decomposto em quatorze cores prismáticas (sete são complementares), pois é só com o auxílio daquela luz oculta que podereis me ver à distância assim como o vejo".... qual seria a vossa resposta? O que teríeis a replicar? Não iríeis muito provavelmente retrucar-me, dizendo, na vossa tranqüila e polida maneira, que, como nunca houve senão sete cores primárias (agora três), as quais, além disso, nunca foram vistas decompostas por qualquer processo físico conhecido a não ser nos sete tons prismáticos, o meu convite não era "científico" tanto quanto "absurdo"? Somando-se a isso que a minha oferta para buscar um "complemento" solar imaginário não seria referendada pelo vosso conhecimento da ciência física, eu faria melhor, talvez, ir até o Tibet para buscar meus míticos pares dicromáticos e solares, pois a ciência moderna tinha sido até agora incapaz de encontrar uma teoria para um fenômeno tão simples como o das cores de todos esses corpos dicromáticos. E na verdade essas cores são bastante objetivas! Assim vêdes as dificuldades intransponíveis que estão no caminho para se alcançar, não somente o conhecimento Absoluto mas mesmo o conhecimento primário na Ciência Oculta, para alguém que esteja na vossa situação. Como poderíeis fazer-vos com que fosses entendido - comandar de fato, essas Forças semi-inteligentes, cujos meios de comunicação conosco não são através de palavras faladas, mas através de sons e cores, em correlação com as vibrações dos dois? Pois o som, luz e cores são os principais fatores na formação desses graus de Inteligências, desses seres, de cuja própria existência não tendes qualquer concepção, nem é tolerado que acrediteis neles - Ateus
e Cristãos, materialistas e espiritualistas todos igualmente apresentam argumentos contra tal crença. A Ciência objeta mais fortemente que qualquer um deles, contra tão "degradante superstição"! Assim, porque eles não podem com um salto sobrear as paredes limitantes e atingirem os pináculos da Eternidade; porque não podemos tomar um selvagem do centro da África e fazer que ele compreenda imediatamente o Princípio de Newton ou a "Sociologia" de Hebert Spencer; ou fazer que uma criança analfabeta escreva uma nova Ilíada no antigo grego arcaico; ou que um pintor comum descreva cenas em Saturno ou faça um esboço dos habitantes de Arcturus - por causa disto tudo até mesmo a nossa existência é negada! Sim, por essa razão aqueles que acreditam em nós são chamados de impostores e tolos, e a própria ciência, que conduz à mais alta meta do conhecimento superior, à percepção real da Árvore da Vida e Sabedoria é zombada como sendo um desenfreado vôo da Imaginação! Peço-vos, muito sinceramente, que não vejais o que acima foi dito como uma mera manifestação de sentimento pessoal. Meu tempo é precioso e não posso perdê-lo. E muito menos deveis ver nisso um esforço para desgostar-vos ou dissuadir-vos do nobre trabalho que apenas começastes. Nada disso, pois o que agora digo tem esse sentido e não outro; mas - vera pro gratis - vos ADVIRTO, e não direi nada mais, a não ser lembrar-vos de uma forma geral, que a tarefa que tão bravamente empreendeis, - essa Missio in partis infidelium - é a mais ingrata, talvez, de todas as tarefas! Mas, se acrediteis na minha amizade para convosco, se dais valor a palavra honra de alguém que nunca - nunca durante toda a sua vida poluiu seus lábios com uma mentira, então não esqueçais as palavras que já vossa escrevi (veja minha última carta) sobre aqueles que se dedicam às Ciências Ocultas; que, aquele que o faz, "deve alcançar a meta ou perecer. Quando se avançou bastante no Caminho do grande Conhecimento, duvidar é correr o risco de perder a razão; chegar a um ponto morto é cair; retroceder é cambalear até cair de cabeça num abismo." Não temas, - se sois sincero, e o sois, agora. Estais tão seguro de vós mesmo quanto ao futuro? Mas creio que é tempo de voltar para as coisas menos transcendentais e o que chamarias menos sombrias e para assuntos mais mundanos. Aqui creio, sem dúvida,
estareis muito mais à vontade. A vossa experiência, o vosso treinamento, o vosso intelecto, o vosso conhecimento do mundo exterior, em resumo, todos combinam para vos auxiliar na realização da tarefa que iniciastes. Pois, eles vos colocam num nível infinitamente mais alto do que eu com relação a consideração de escrever um livro, sobre o "próprio coração" da Vossa Sociedade. Embora o interesse que tenho em relação a isso possa assombrar a alguns, que provavelmente me repliquem e aos colegas, usando nossos próprios argumentos, e observar que a nossa "tão alardeada elevação sobre a massa comum" (palavras do nosso amigo, o Sr. Hume), acima dos interesses e paixões da humanidade comum, deve impedir que tenhamos qualquer idéia dos assuntos comuns da vida - no entanto, eu confesso que tenho mesmo interesse neste livro e no seu sucesso, tanto quanto no sucesso, em vida, do seu futuro autor. Espero que, pelo menos, vós compreendeis que nós (ou a maior parte de nós) estamos longe de não termos corações, múmias moralmente secas, como alguns pensariam que somos. "Mejnoor" está muito bem onde ele está - como um protagonista ideal de uma história arrepiante - e em muitos aspectos, verdadeira. Entretanto, acreditai-me, poucos de nós se preocupariam em fazer na vida o papel de uma flor ressecada de amor perfeito, entre as páginas de um livro de solene poesia. Podemos não ser completamente os "rapazes" - citando a irreverente expressão de Olcott, ao falar de nós - todavia, ninguém do nosso grau se assemelha ao austero herói do romance de Bulwer. Embora as facilidades de observação asseguradas a alguns de nós pela nossa condição, certamente dão uma visão mais ampla, uma compaixão mais pronunciada e imparcial, e mais amplamente expandida - pis respondendo a Addison, nós poderíamos justamente sustentar que é... "a tarefa da "magia" humanizar nossa natureza com compaixão" para com toda a humanidade e todos os seres vivos, em vez de concentrar e limitar nossos afetos à uma raça predileta - no entanto, poucos de nós (exceto os que tenham alcançado a negação final de Moksha) podem desligar-se da influência da nossa conexão terrena, a ponto de não sermos sensíveis, em vários graus, aos mais elevados prazeres, emoções e interesses da maioria das pessoas. Até que a emancipação final reabsorva o Ego, ele tem que ser consciente das mais puras simpatias despertadas pelos efeitos estéticos da arte elevada, sua mais terna sensibilidade deve responder ao chamado dos mais
santos e nobres vínculos humanos. Naturalmente, quanto maior for o progresso em direção à libertação menos lugar haverá para isso, até que para coroar a tudo, os sentimentos humanos e puramente individuais - laços de sangue e amizade, patriotismo e predileção racial - todos cederão lugar e se tornaram fundidos num sentimento universal, o único verdadeiro e santo, o único inegoísta e Eterno - Amor, um imenso amor pela humanidade - como um Todo! Pois é a "Humanidade" que é a grande Órfã, a única deserdada sobre esta terra, meu amigo. E é o dever de cada homem que é capaz de um impulso inegoísta, fazer alguma coisa, mesmo que pouco, pelo seu bem estar. Pobre, pobre humanidade! Isso me recorda a velha fábula da guerra entre o corpo e os seus membros: Aqui também, cada membro de enorme "órfão" - sem pai nem mãe - egoisticamente só se preocupa consigo. O corpo descuidado sofre eternamente, estejam seus membros em paz ou em guerra. O seu sofrimento e agonia nunca cessam... E quem pode censura-la - como os vossos filósofos materialistas o fazem - nesse eterno isolamento e abandono ela criou deuses aos quais "sempre brada por ajuda, mas não é escutada!" Pois, "Desde que para o homem só há esperança no homem Não deixarei a nenhum deles chorar a quem possa salvar!..." Entretanto, confesso que eu, individualmente, não estou ainda isento de alguns apegos terrenos, estou ainda eu apegado em relação a alguns homens mais do que a outros, e a filantropia, como é pregada pelo nosso Grande Patrono - "o Salvador do Mundo, o Instrutor do Nirvana e da Lei..." nunca matou em mim as preferências individuais de amizade, de amor para com o meu próximo, ou o ardente patriotismo pelo país - no qual na última vez materializei-me individualmente. A esse respeito, poderia, algum dia, sem que me fosse solicitado, oferecer um pouco de conselho ao meu amigo o Sr. Sinnett, para sussurrar no ouvido do Editor do PIONEER En attendant "Poderia eu pedir ao primeiro, que informasse ao Dr. Wyld, Presidente da Sociedade Teosófica Britânica, acerca das poucas verdades que nos dizem respeito. como foi mencionada acima? Tenho a bondade de persuadir esse excelente cavalheiro que nenhuma das humildes "gotas de orvalho" que, assumindo sobre vários pretextos a forma de vapor, desapareceram no espaço, em diversos períodos, para congelarem-se nas brancas nuvens dos Himalayas,
jamais trataram de retornar ao brilhante Mar do Nirvana por meio do insalubre processo de pendurar-se pelas pernas ou fabricando para si próprios uma outra "capa de pele" com o sagrado estêrco da "vaca três vezes sagrada"! O Presidente Britânico atua sob a influência das mais originais idéias a nosso respeito, a quem ele persiste em chamar de "Ioguis", sem ter a menor idéia das enormes diferenças que existem mesmo entre a "Yoga Hatha e a Raja". Esse erro deve ser imputado à Senhora B. - à hábil editora do "The Theosophist", que enche os seus volumes com as práticas de diversos Sannyasis e outros "benditos" das planícies, sem se preocupar em dar umas linhas de explicações adicionais. E agora, vamos nos ocupar com assuntos mais importantes. O tempo é precioso e o material (quer dizer material para escrever) é ainda mais. "Precipitação" - em vosso caso se tornou algo ilícito; a falta de tinta ou papel; a pouca oportunidade para "tamasha" e eu, que me encontro longe de casa, num lugar onde uma papelaria é menos necessária do que ar para respirar, - a nossa correspondência está ameaçada de ser interrompida abruptamente, a não ser que eu controle as minhas reservas desses materiais com muito equilíbrio. Um amigo prometeu-me fornecer, em caso de grande necessidade, algumas folhas avulsas, relíquias recordatórias do testamento de seu avô, na qual ele o deserdou, e assim fez a sua "fortuna". Mas, como ele nunca escreveu, senão uma só vez, diz ele, nesses últimos onze anos e não nesse papel double superfin glacé feito no Tibet, que poderíeis irreverentemente confundir com papel mata-borrão nos dias mais antigos, e que o testamento está escrito em papel parecido, seria melhor que nos ocupássemos do vosso livro imediatamente. Desde que me fazeis o favor de perguntar a minha opinião, eu posso vos dizer que a idéia é excelente. A Teosofia necessita esse auxílio e os resultados serão os que igualmente antecipastes na Inglaterra. Pode também ajudar os nossos amigos na Europa, de uma maneira geral. Eu não coloco restrição alguma a que façais uso de tudo que possa ter escrito para vós ou para o Sr. Hume, tendo plena confiança em vosso tato e julgamento quanto ao que seja impresso e como deve ser apresentado. Tenho somente que pedir-vos, por razões sobre as quais devo ficar silencioso (e tenho a certeza que respeitareis esse silêncio), para que não useis uma única palavra ou agem da minha última carta que vos escrevi -
aquela que foi escrita depois do meu longo silêncio, sem data, e a primeira que vos foi transmitida pela nossa "velha dama". Acabo de citar algo dessa carta na página 4. Façai-me o favor, se as minhas pobres epístolas são valiosas para serem preservadas, de colocá-las num envelope à parte e lacrado. Podereis abrí-lo somente depois de ter ado um certo período de tempo. Quanto ao resto, abandono-o à malignidade da crítica. Nem eu interferiria com o plano que esboçastes toscamente em vossa mente. Mas eu vos recomendaria firmemente que, na sua execução, colocásseis a maior atenção nas pequenas circunstâncias - (poderíeis darme alguma receita para fazer tinta azul?) - que tendam a mostrar a impossibilidade de fraude ou conspiração. Refleti bem, como é ousado confirmar como sendo fenômenos dos Adeptos o que os espíritas acreditam ser provas de mediunidade, e os céticos como prestidigitação. Não deveis omitir nem um ponto ou uma vírgula de uma pequena evidência colateral que sustente a vossa posição, algo que negligenciastes em fazer na vossa carta "A" no Pioneer. Por exemplo, o meu amigo me contou que era a décima terceira taça, e seu modelo, inigualável, pelo menos em Simla. 13. A almofada foi escolhida por vós - e, no entanto a palavra "almofada" ocorre em minha nota que vos enviei, assim como a palavra "árvore" ou qualquer outra teria sido substituída, se tivésseis escolhido um outro lugar em vez do travesseiro. Verificareis que todas essas coisas pequeninas vos servirão como o mais poderoso escudo contra o ridículo e a trapaça. Então, naturalmente, desejareis mostrar que essa Teosofia não é um novo candidato à atenção do mundo, mas somente a reafirmação de princípios que tem sido reconhecidos desde a própria infância da humanidade. A seqüência histórica deve ser trazida sucinta, e embora graficamente, através das sucessivas evoluções de escolas filosóficas, e ilustrada com relatos de demonstrações experimentais de poder oculto atribuídas a vários taumaturgos. A alternância no aparecimento e diminuição de fenômenos místicos, assim como o seu deslocamento de forças postas da espiritualidade e do animalismo. E, por último, ficará patente que a atual torrente irresistível de fenômenos, com seus variados efeitos sobre o pensamento e sentimento humanos, fez da revivescência da pesquisa Teosófica uma necessidade indispensável. O único problema a resolver é de ordem prática, de como melhor promover o necessário estudo e dar ao movimento espírita um necessário impulso para cima. É um bom começo tornar as capacidades, inerentes e ocultas do
homem interno e vivente, melhor compreendidas. Ao aceitarmos a proposição científica de que Akasha (atração) e Prshu (repulsão) são leis da Natureza, não pode haver comunicação ou relações entre Almas limpas e sujas - encarnadas ou desencarnadas, e por tanto, noventa e nove por cento das supostas comunicações espíritas são, prima fascie, falsas. Aqui está um grande fato para discutir, como podeis verificar e que não pode ser exposto em termos muito simples. Assim, embora se pudesse fazer uma melhor seleção para o Theosophist, de relatos ilustrativos, como, por exemplo, casos históricos bem autênticos, todavia, foi correta a idéia de voltar as mentes dos fenomenalistas para canais mais úteis e sugestivos, distantes do mero dogmatismo mediúnico. O que quis dizer com "Empresa Desesperada" foi que, quando se considera a magnitude da tarefa a ser empreendida pelos nossos voluntários teosóficos, e especialmente a quantidade de forças em oposição, já organizadas, e outras prontas a se organizarem, bem podemos compará-la com os esforços desesperados contra condições esmagadoras que o verdadeiro soldado se ufana em tentar. Fizestes bem em ver a "grande finalidade" nos primórdios da S. T. Naturalmente se tivéssemos empreendido fundá-la e dirigí-la encarregado em própria persona, é muito provável que teria havido mais êxito e não tantos erros cometidos, mas não podíamos fazê-lo nem era esse o plano. Nossos dois agentes foram encarregados da tarefa, com liberdade - como é o vosso caso agora - de fazer o melhor que eles pudessem sob as circunstâncias. E muito já foi feito. Debaixo da superfície do Espiritismo, há uma corrente que está abrindo um amplo canal para si mesma. Quando ela reaparecer acima do terreno os seus efeitos serão evidentes. Muitas mentes como a vossa já estão considerando a questão da lei oculta imposta à opinião pública por essa agitação. Como vós, essas pessoas não estão satisfeitas com o que se conseguiu até agora e clamam por algo melhor. Que isso vos encoraje. Não é inteiramente certo que se tivéssemos tais mentes na Sociedade, elas estariam "sob condições mais favoráveis para serem observadas" por nós. Digamos melhor, que pelo ato de unir outros simpatizantes nesta organização, eles são estimulados a se esforçar e incitados reciprocamente para investigar. A Unidade sempre dá força: e como o Ocultismo, em nossos dias, se assemelha a "uma Empresa Desesperada", a união
e cooperação são indispensáveis. A união, na verdade, implica na concentração de força vital e magnética contra as correntes hostis do preconceito e fanatismo. Escrevi umas poucas palavras na carta do jovem maratha, somente para vos mostrar que ele estava obedecendo ordens ao vos expor as suas opiniões. Aparte a sua exagerada idéia acerca de taxas elevadas, a sua carta é, de certo modo, digna de consideração. Pois Damodar é um hindú - e conhece a mente do seu povo em Bombaim; contudo, os hindús de Bombaim são, de modo geral, um grupo menos espiritual como qualquer outro em toda a Índia. Mas, jovem devoto e entusiasta como ele é, se precipitou atrás da nebulosa forma de suas próprias idéias mesmo antes que eu pudesse dar-lhes a direção correta. Todos os pensadores rápidos são difíceis de se impressionar nem relance eles partem "a toda velocidade" antes de terem entendido o que desejamos que pensem. Esse é o nosso problema com Madame B. e O. A falha freqüente deste último em implementar as sugestões que, às vezes, recebe - mesmo escritas, é quase completamente devida à sua própria mentalidade ativa, impedindo-o que distinga nossas impressões de suas próprias concepções. E a dificuldade da Sra. B. (além das suas doenças físicas) é que ela, às vezes, ouve duas ou mais de nossas vozes ao mesmo tempo; por exemplo, esta manhã, quando o "Deserdado", a quem deixei espaço para que escrevesse uma nota, estava falando com ela sobre um assunto importante, ela prestou atenção a um dos nossos que ava por Bombaim, vindo de Chipre, em seu caminho para o Tibet - o que misturou ambas as comunicações numa intrincada confusão. As mulheres carecem do poder de concentração. E agora, meu bom amigo e colaborador - uma irremediável falta de papel me obriga a terminar. Adeus, até o vosso retorno, a menos que estejas contente em ar, como até agora, a nossa correspondência, pelo canal de costume. Nenhum de nós preferiria isso. Mas, até que seja dada autorização para mudá-lo, deve ser mesmo assim. Se ela viesse a morrer hoje - e ela está realmente doente - não receberíeis mais do que duas, ou no máximo, três cartas de mim (através de Damodar ou Olcott, ou através de intermediários de emergência já estabelecidos e então, aquele reservatório de força estando exaurido - a nossa despedida seria FINAL. Entretanto, não me anteciparei; os eventos poderiam nos unir em alguma pare na Europa. Mas, encontremo-
nos ou não, durante a nossa viagem, ficai seguro de que os meus bons desejos pessoais o acompanharão. Caso necessiteis, vez ou outra, do auxílio de um pensamento feliz, à medida que o vosso trabalho progrida, ele será sem dúvida osmosisado na vossa cabeça - se o xerez18 não impedir o caminho, como já aconteceu em Allahabad. Que o "mar profundo"seja tranqüilo convosco e vossa família. Sempre seu, K.H. P.S. O "amigo" de quem Lord Lindsay fala, em sua carta para vós, é, desculpe-me dizer, um verdadeiro gambá fétido, que procurou perfumar-se com essência de flores, em sua presença durante os amáveis dias da amizade, evitando ser reconhecido pelo seu odor natural. É Home - o médium, um convertido ao Catolicismo Romano, depois ao Protestantismo, e finalmente à Igreja Grega. Ele é o mais amargo e cruel inimigo que O. e Mad. B. têm, embora ele nunca tenha encontrado nenhum dos dois. Por um certo tempo ele conseguiu envenenar a mente do Lord, predispondo-o contra eles. Não gosto de dizer nada por detrás de um homem, porque parece calúnia. Mas, tendo em vista futuros acontecimentos sinto meu dever advertir-vos, pois essa pessoa é um homem excepcionalmente mau odiado pelos Espíritas e médiuns tanto quanto é desprezado por aqueles que o conheceram. O vosso trabalho é algo que se choca diretamente com o dele. Embora seja um pobre aleijado enfermo, um paralítico infeliz, as suas faculdades mentais estão frescas e ativas, como nunca, para intrigar. Não é um homem que se detenha ante uma caluniosa acusação, por mais vil e mentirosa que seja. Sendo assim, tenhais cuidado. K.H.
o
Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 009 De K. H., a primeira carta recebida, ao voltar à Índia, no dia 8 de Julho de 1881, enquanto permaneceu com Madame B. em Bombaim por alguns dias. Esta carta marca o começo dos verdadeiros ensinamentos do Mahatma, embora uma boa parte deles esteja relacionado com um proeminente membro inglês da S.T. Sinnett indica 8 de julho como a data de recebimento desta carta. Entretanto, no Suplemento do The Theosophist, de agosto de 1881, Tookaram Taya, secretário da S.T. em Bombaim, em um relatório datado de 7 de julho, afirma que Sinnett chegou em Bombaim em 4 de julho, e no anoitecer do dia seguinte, deu uma palestra, na qual ele dizia claramente que naquela mesma manhã, depois do lanche, estando sentado a uma mesa na plena luz do dia, ele recebeu uma carta de seu "ilustre amigo Koot Hoomi". A descrição que Sinnett dá de como ela foi recebida é extremamente interessante. Encontra-se no "O Mundo Oculto" (pp.154-155, 9ª. edição). Não está na primeira porque esta ocorreu antes; foi incluída na segunda edição sob o título "Fenômenos Ocultos Posteriores". Na nona edição, o capítulo tem por título "Conclusão". Sinnett havia escrito para o Mahatma antes de deixar Londres e estava um pouco desapontado de que nenhuma resposta o aguardava em Bombaim. Entretanto, na manhã seguinte à sua chegada, quando ele e H.P.B. tinham terminado o lanche, ele estava sentado, conversando com ela, quando a carta chegou. Esta é a sua descrição: Estávamos sentados em lugares diferentes de uma mesa quadrada grande no meio da sala. Subitamente,
em cima da mesa, diante de mim, mas do meu lado direito, estando Madame Blavatsky à minha esquerda, caiu uma carta volumosa. Caiu "do nada", por assim dizer; foi materializada, ou reintegrada no ar diante de meus olhos. Era a resposta esperada de Koot Hoomi uma carta profundamente interessante, parcialmente relativa a assuntos particulares e respostas a questões minhas, e parcialmente relativa a revelações extensas de filosofia oculta, embora até então obscuras, o primeiro esboço dela que eu recebia. Na página seguinte ele comenta que, por algum tempo, para ele, este foi o único fenômeno, porque "As autoridades Superiores do mundo oculto, na verdade tinham estabelecido na ocasião uma proibição muito mais estrita para essas manifestações..." O efeito dos acontecimentos em Simla no verão anterior, observou, "Não foi considerado como tendo sido satisfatório no conjunto. Muita discussão amarga e sentimentos adversos se seguiram, e eu imagino que isto foi visto como superando, em seu efeito prejudicial no progresso do movimento teosófico, os bons efeitos dos fenômenos sobre as poucas pessoas que os apreciavam". Outro ponto a respeito desta carta é que - como no caso de outras - iria ter repercussões. Neste caso, estas eram devidas à indiscrição de Sinnett, ou insensatez, ao fazer inúmeros resumos dela para Staiton Moses, a quem o Mahatma questiona confidencial e extensamente nesta carta. Staiton Moses (1839-1892) era um proeminente membro do grupo espírita na Inglaterra. Ele tinha um guia chamado "Imperator" (geralmente designado nas cartas do Mahatma como +). Há muita conjectura quanto à identidade deste controle e se insinua que em uma ocasião era um dos Irmãos e em outras, alguma outra entidade, e também, talvez, o Eu Superior de Moses. Staiton Moses usava freqüentemente o pseudônimo literário de M.A. Oxon. Bem vindo, meu bom amigo e brilhante autor, bem vindo por terdes voltado! Com a vossa carta em mãos, estou feliz ao ver que a vossa experiência pessoal com os "Eleitos" de Londres teve tanto sucesso. Mas prevejo que vos convertereis, agora mais do que nunca, num ponto de interrogação encarnado. Cuidado! Caso aqueles que detêm o poder considerarem prematuras as vossas perguntas, em vez de receberdes as minhas respostas em sua prístina pureza, as vereis transformadas num monte de trivialidades. Fui muito
longe a ponto de sentir uma mão na minha garganta quando ultraava os limites de temas proibidos; o bastante para não evitar sentir-me tão desconfortável como um verme recém-nascido, diante da nossa rocha das idades, Meu Chohan. Todos devemos estar com os olhos vendados antes que possamos ar adiante; não sendo assim temos que permanecer de fora. E agora, o que dizer acerca do livro? Le quart d'heure de Rabelais está soando e encontra-me, se não completamente insolvente, quase tremendo com a idéia de que o primeiro pagamento oferecido pode estar abaixo do esperado; e que os meus pobres recursos sejam inadequados para o preço exigido; e que eu mesmo tenha sido arrastado pro bono publico, a transgredir além do terrível "até aqui chegaras, e não mais além", e afundando-me na irada onda do Chohan com a tinta azul e tudo! Espero sinceramente que não me façais perder a "minha situação". Mas deixemos disso. Pois eu tenho uma pálida idéia de que vós estareis muito impaciente comigo. Tenho uma opinião muito clara de que isso não deve ocorrer. É uma das infortunadas necessidades da vida, que as exigências imperiosa obrigam muitas vezes que tenhamos aparentemente de ignorar os clamores da amizade, não para violar a palavra empenhada, mas para desembaraçar-se e colocar de lado por algum tempo as expectativas demasiado impacientes dos neófitos como sendo de menor importância. Uma necessidade dessa, que chamo de imperiosa, é a necessidade do vosso futuro bem estar, a realização do sonho concebido por vós em companhia de S. M.4 Esse sonho - vamos chamá-lo de visão? - foi que, vós e a Sra. K.5 (porque esquecer a Sociedade Teosófica?) - "são todos partes de um grande plano para a manifestação da filosofia oculta ao mundo". Sim; o tempo deve chegar e não está distante, quando todos vós compreenderão corretamente as fases aparentemente contraditórias de tais manifestações; forçados pela evidência à reconciliálos. Não é esse o caso agora, entretanto recordai: é porque estamos jogando uma partida arriscada e estão em jogo almas humanas, que vos peço que mantenhais a calma. Tendo em mente que eu tenho de cuidar da vossa "Alma" e também da minha, eu proponho fazer isso a qualquer custo, mesmo com o risco de não ser compreendido por vós, assim como fui com o Sr. Hume. O trabalho se torna ainda mais difícil porque sou um trabalhador solitário no campo e assim enquanto fracasse em provar aos meus superiores que vós, pelo
menos, tendes intenções sérias, e que estais sinceramente disposto a prosseguir. À medida que me recusam um auxílio superior, assim também vós não encontrareis facilmente auxílio nessa Sociedade em que atuais e tratais de elevar. Nem encontrareis muita alegria, por um certo tempo, naqueles diretamente interessados. Nossa velha senhora está fraca e seus nervos estão tão tensos como as cordas de um violino. O seu cérebro está exausto. H. S. O. está muito distante - em exílio - lutando para retomar o caminho de volta à salvação - comprometido mais do que possais imaginar pelas suas indiscrições de Simla - e fundando escolas teosóficas. O Sr. Hume - que certa vez prometeu se tornar um lutador campeão na Batalha da Luz contra as Trevas - agora preserva uma espécie de neutralidade beligerante, surpreendente de se ver. Tendo feito a maravilhosa descoberta de que somos um corpo de jesuítas anti-diluvianos ou fósseis - que se coroam a si mesmos com floreios de oratória, se deteve tão apenas para nos acusar de interceptação de suas cartas para H. P. B.! Entretanto, ele encontra algum conforto ao pensar "que divertida controvérsia sustentará em alguma outra parte com a entidade representada pelo nome de Koot Hoomi", possivelmente na Sociedade Ornitológica anjo Lineano. Na verdade, o nosso outrora mútuo amigo, muito intelectual, tem à sua disposição uma enxurrada de palavras que seriam suficientes para fazer flutuar um grande barco cheio de sofismas de oratória. Entretanto, eu o respeito... E quanto ao próximo? C.C. Massey? Mas ele é o pai desventurado de meia dúzia de pirralhos ilegítimos. Ele é um amigo devotado, muito agradável; um profundo místico; um homem generoso de mente nobre, um cavalheiro, com dizem, sobre todos os aspectos; testado como o ouro; tem todos os requisitos para um estudante de ocultismo, mas nenhum para ser um adepto, meu bom amigo. Seja como for, o seu segredo é peculiar, e não tem o direito de divulgá-lo. O Dr. Wyld? - um Cristão até a medula. Hood? - uma doce natureza, como dizeis; um sonhador, e um idealista em assuntos místicos, todavia - não é um trabalhador. S. Moses? Ah!! aqui estamos. S. M. quase conseguiu afundar a arca teosófica que pusemos a flutuar há três anos atrás; e ele tudo fará para fazer isso novamente, apesar do nosso Imperator. Duvidais? Escutai. Ele possui uma natureza estranha e rara. Suas energias psíquicas ocultas são tremendas; mas elas estão adormecidas, recolhidas e desconhecidas para ele, quando, há cerca de 8 anos, aproximadamente, Imperator colocou seus olhos nele, e incitou o seu
espírito a que se elevasse. Desde então, uma nova vida o possui, uma dupla existência, mas a sua natureza não podia ser mudada. Educado como um estudante teológico, sua mente estava devorada por dúvidas. Anteriormente, dirigiu-se para o monte Athos, onde, enclausurando-se num mosteiro, ele estudou a religião Grega Oriental, e foi lá que ele primeiro foi observado pelo seu "Espírito Guia" (!!) Naturalmente, a casuística Grega fracassou na solução das suas dúvidas, e ele correu para Roma - e o papismo tão pouco o satisfez. Daí peregrinou para a Alemanha com os mesmos resultados negativos. Abandonando a árida teologia Cristã, não abandonou o seu presumido fundador. Com tudo o mais, ele necessitava um ideal e o encontrou neste último. Para ele, Jesus é uma realidade, um Espírito outrora encarnado e agora desencarnado, e quem "forneceu-lhe uma evidência de sua identidade pessoal", pensa ele, num grau que não é menor do que fizeram outros Espíritos"- Imperator entre eles. Não obstante, nem as religiões de Jesus, nem mesmo as suas palavras, como estão registradas na Bíblia e S.M. acredita serem autênticas - são plenamente aceitas por esse seu irrequieto Espírito. Imperator, a quem coube a mesma sorte, não foi diferente. A sua mente é muito positiva. Uma vez impressa, se torna mais fácil apagar caracteres impressos sobre o titânio do que as impressões feitas no seu cérebro. Sempre que está sob a influência do Imperator, ele está todo desperto para as realidades do Ocultismo, e para a superioridade da nossa Ciência em relação ao Espiritismo. Mas, tão logo é deixado só e sob a perniciosa orientação daqueles que ele firmemente acredita ter identificado com almas desencarnadas tudo se torne novamente em confusão! Sua mente não aceita sugestões, nem raciocínios, a não ser os seus, e esses tendem todos para teorias Espíritas. Quando as antigas algemas teológicas caíram, ele se imaginou como sendo um homem livre. Alguns meses mais tarde, ele se tornou num humilde escravo e instrumento para os "Espíritos"! Somente quando fica face a face com o seu Eu interno é que ele compreende que há algo mais elevado e mais nobre do que o papaguear dos pseudo Espíritos. Foi num desses momentos que ele ouviu, pela primeira vez, a voz de Imperator, e foi, como ele coloca: "como se fosse a voz de Deus falando para o seu Eu interno." Essa voz tornou-se familiar para ele durante anos, e, no entanto, com freqüência não lhe presta atenção. Uma simples pergunta: se Imperator for o que ele acredita que seja, mais ainda, o que ele sabe o que
é, raciocina - não teria feito que a vontade de S.M. ficasse completamente subserviente à ele nessa ocasião? Somente os adeptos, isto é, os espíritos encarnados - estão proibidos pelas nossas sábias e intransgressíveis leis a sujeitar completamente para eles uma outra vontade mais fraca, - a de um homem que nasceu livre. Este último modo de procedimento é o favorito adotado pelos "Irmãos das Sombras", os Feiticeiros, os Fantasmas Elementais e0, como uma isolada exceção - pelos Espíritos Planetários mais elevados, aqueles que não mais erram. Mas esses somente aparecem na Terra na origem de cada nova espécie humana; na junção, e no encerramento dos extremos do grande ciclo. E eles permanecem com o homem não mais do que o tempo necessário para que as verdades eternas, que eles ensinam, possam ser impressas tão nitidamente nas mentes plásticas das novas raças a fim de que não sejam perdidas ou inteiramente esquecidas nas futuras eras pelas vindouras gerações. A missão do Espírito Planetário é tão somente fazer soar a NOTA CHAVE DA VERDADE. Uma vez que ele dirigiu a vibração dessa última para seguir o seu curso sem interrupções, ao longo do encadeamento daquela raça, até o fim do ciclo - o morador da mais elevada esfera desabitada desaparece da superfície do nosso planeta - até a seguinte "ressurreição da carne". As vibrações da Verdade Primitiva são o que os vossos filósofos chamam de "idéias inatas". Imperator, então, tem repetidamente lhe dito que "só no Ocultismo ele deveria buscar, e ali encontraria uma fase da verdade ainda não conhecida por ele." Mas isso não impediu, de modo algum, que S. M. voltasse as suas costas para o Ocultismo, sempre que uma teoria deste se chocasse com as suas próprias idéias espíritas preconcebidas. Para ele, a mediunidade aparece como a Carta Magna da liberdade da sua Alma, como a ressurreição da morte espiritual. Foi-lhe permitido desfrutá-la somente à medida que fosse necessário para a confirmação de sua fé: com a promessa de que o anormal abriria espaço para o normal; ordenado para se preparar para o momento, quando o Eu dentro dele se tornar consciente da sua existência espiritual independente, agir e falar face à face com o seu Instrutor, e levar a sua vida nas Esferas Espirituais, normalmente, e sem nenhuma mediunidade interna ou externa. E, todavia, uma vez consciente do que ele denomina "ação externa do Espírito", já não mais distinguiu entre a alucinação e a verdade, entre o falso
e o real, confundindo, às vezes, Elementais com Elementares1, espíritos encarnados com os desencarnados, ainda que a sua "voz de Deus" tivesse falado, com freqüência, e advertido contra "aqueles espíritos que pairam em cima da esfera da Terra". Apesar de tudo, crê firmemente ter agido invariavelmente sob a direção de Imperator, e que os espíritos que até ele chegaram, vieram com a permissão do seu "guia". Nesse caso, H. P. B. esteve ali com o consentimento de Imperator? E como reconciliais as seguintes contradições. Desde 1876, agindo sob ordens diretas, ela tentou despertá-lo para a realidade que estava ao seu redor e nele. Que ela deva ter atuado de acordo com ou contra a vontade de Imperator, ele deve saber, pois nesse último caso, ela poderia ter se vangloriado de ser mais forte, mais poderosa do que o seu "guia", que nunca protestou contra essa intrusão. E agora, o que acontece? Escrevendo para ela da ilha de Wight em 1876 a respeito de uma visão que teve e perdurou por 48 horas consecutivas durante a qual caminhou, falou como habitualmente, mas da qual não guarda a menor lembrança de nada externo, ele pede a ela que diga se foi uma visão ou uma alucinação. Porque não perguntou a + I-r? "Podereis responder porque estáveis ali" diz ele... "Vós mesmo mudáveis - todavia vós mesmo - se tendes um Eu... Suponho que tendes, mas nisso não intervenho"... Em outra ocasião ele a viu em sua própria biblioteca, olhando para ele, aproximando-se e fazendo alguns sinais maçônicos da Loja que ele conhece. Ele ite que "a viu tão claramente com ele viu Massey - que estava lá". Ele a viu em várias outras ocasiões, e muitas vezes, sabendo que era H. P. B., não podia reconhecê-la. "Vós pareceis para mim tão diferente de vosso aspecto, como de vossas cartas, as atitudes mentais tão diversas, que parece muito concebível, como me contam com autoridade, que sois um feixe de Entidades... Eu tenho fé absoluta em vós." Em cada carta sua ele clamava por um "Irmão vivo", mas objetava fortemente a afirmação dela que já houvesse um, cuidando dele. Quando auxiliado para se libertar do seu corpo muito material, enquanto estava ausente dele durante horas, às vezes dias, sua máquina vazia funcionava durante esse período, dirigida à distância por uma vivente influência externa; tão cedo voltava, ele começava a trabalhar sob firme impressão de ter sido, durante todo esse tempo, o veículo para uma outra inteligência, um Espírito desencarnado, não encarnado, sem que a verdade, nem uma só vez cruzasse a sua mente. Então escreveu a ela: "Imperator contradiz a sua idéia acerca da mediunidade.
Ele diz que não deve haver um real antagonismo entre o médium e o adepto." Tivesse ele usado a palavra "Vidente" em vez de "médium", a idéia teria sido expressa mais corretamente, pois um homem raramente se torna um adepto sem ter nascido como Vidente natural. Outra questão: em setembro de 1875, ele não conhecia nada sobre os Irmãos da Sombra - os nossos mais potenciais Opositores. Naquele ano perguntou mesmo, a ela, se Bulwer havia comido costeletas de porco mal cozidas e estava sonhando, quando ele descreveu "o tenebroso Morador do Umbral". "Esteja pronto", ela respondeu - "dentro de doze meses tendes que fazer face e lutar com eles." Em outubro de 1876 eles iniciaram o seu trabalho sobre ele. "Estou lutando", ele escreveu, "uma batalha corpo a corpo com todas as legiões do Demônio durante as últimas três semanas. Minhas noites se tornaram tenebrosas com os seus tormentos, tentações e sugestões sujas. Eu vos vejo a minha volta, olhando ferozmente para mim tagarelando, uivando, arreganhando as suas faces! Toda forma de sugestão obscena, de desconcertante dúvida, e de um louco e arrepiante medo se abate sobre mim... Agora posso compreender o Morador de Zanoni... Mas não me deixei abater... e suas tentações são mais fracas, a sua presença menos próxima, e o horror é menor..." Uma noite ela se prosternou diante de seu Superior, um dos poucos que eles temem, implorando-lhe que estendesse a sua mão através do oceano para que não deixasse S. M. morrer, e a Sociedade Teosófica perdesse um dos seus melhores. "Ele tem que ser testado" foi a resposta. Ele imagina que +Imper. tenha enviado os tentadores porque ele, S. M., era um desses Tomés que necessitam ver; ele não acreditaria que não pudesse evitar a vinda deles. Cuidou dele, mas não podia afungentá-los a não ser que a vítima, o próprio neófito, provasse ser mais forte. Mas será que esses demônios humanos, aliados com os Elementares, preparam-no para uma vida nova, como ele pensou que o fariam? As corporificações dessas influências adversas que acossam o Eu interno, lutando para se libertar e progredir, nunca teriam retornado, tivesse ele conseguido conquistá-las, afirmando a sua própria VONTADE independente, abandonando a sua mediunidade, a sua vontade iva. Entretanto, retornaram. Dizeis que + - "Imperator - certamente não é a sua alma astral (a de S. M. ), e que, seguramente, ele não é proveniente de um mundo inferior ao nosso - não é um
Espírito ligado à Terra". Ninguém disse que ele era algo dessa espécie. H. P. B. nunca vos disse que ele era a alma astral de S. M., mas o que ele inúmeras vezes confundiu com + era o seu próprio Eu superior, seu atman divino, não o linga Sarira ou alma astral, ou o Karma rupa, o independente doppelganger. De novo + não pode contradizer a si mesmo; + não pode ser ignorante da verdade, inúmeras vezes desfigurada por S. M.; + não pode pregar as Ciências Ocultas e ao mesmo tempo defender a mediunidade, nem mesmo naquela forma mais elevada, descrita por seu pupilo. A mediunidade é anormal. Quando em desenvolvimento posterior o anormal dá lugar ao natural, os controles são rechaçados e não se requer mais a obediência iva, então o médium aprende a usar a sua vontade, a exercitar o seu próprio poder, e se torna um adepto. É um processo de desenvolvimento, e o neófito tem que ir até o fim. Enquanto ele for sujeito a transes ocasionais, ele não pode ser um adepto. S. M. a dois terços da sua vida em transe. Quanto á vossa pergunta: Imperator é um "Espírito Planetário" e "pode um Espírito Planetário ser humanamente encarnado", primeiramente direi que não pode haver nenhum Espírito Planetário que não tenha sido outrora material ou o que chamais humano. Quando o nosso grande Buda - o patrono de todos os Adeptos, o reformador e codificador do sistema oculto atingiu primeiro o Nirvana na terra, ele se tornou um Espírito Planetário; isto é - o seu espírito podia por sua vez e ao mesmo tempo percorrer com plena consciência os espaços interestelares, e continuar, por sua própria vontade na Terra, em seu corpo original e individual. Pois o Eu divino desembaraçou-se tão completamente da matéria, que ele podia criar pela vontade um substituto interno para si, e deixando-o na forma humana, durante dias, semanas, às vezes anos, não afetando de nenhum modo, por essa mudança, nem o princípio vital ou a mente física do seu corpo. A propósito, essa é a mais elevada forma de adeptado que o homem pode esperar no nosso planeta. Mas é tão raro como os próprios Budas, e o último Khobilgan que o atingiu foi Sang-Ka-Pa de Kokonor (XIV século), o reformador do Lamaísmo, tanto vulgar como esotérico. Muitos são aqueles "que abrem caminho quebrando a casca do ovo"; poucos os que uma vez fora, são capazes de exercer o seu Nirira namastaka plenamente, quando estão por completo fora do corpo. A vida Consciente em Espírito é tão difícil para algumas naturezas, como o nadar para alguns corpos. Embora a
estrutura humana é a mais leve em sua massa que a água, e que toda pessoa nasceu com a faculdade, tão poucos desenvolvem em si mesmos a arte de manter-se flutuando, que a morte por afogamento é o mais freqüente dos acidentes. O Espírito Planetário dessa espécie (semelhante ao Buda) pode ar à vontade em outros corpos de matéria mais ou menos etérica, habitando outras regiões do Universo. Há muitas ordens e graus, mas não há uma ordem separada e eternamente constituída de Espíritos Planetários. Se o Imperator é um "planetário" encarnado ou desencarnado, ou se é um Adepto com ou sem corpo físico, não tenho a liberdade de dizer; como tão pouco ele a tem para dizer a S. M. quem eu sou ou possa ser, ou mesmo quem é H. P. B. Se ele próprio escolhe ficar silencioso nesse assunto, S. M. não tem o direito de me perguntar. Mas então o nosso amigo S. M. deveria conhecer. Pelo contrário: ele crê firmemente que sabe. Pois, no relacionamento com esse personagem, chegou o momento em que, não satisfeito com as afirmações de +, ou contente de respeitar seus desejos de que ele, Imperator & Co permanecessem impessoais e desconhecidos, salvo por seus supostos títulos, S. M. lutava com ele, como o fez Jacob, durante meses, sobre a identidade desses espíritos. Ele era o típico ardil Bíblico mais uma vez. "Te suplico que digas o teu nome" - e assim foi contestado: "Por que razão perguntas o meu nome?" o que é um nome? - ele permitiu que S. M. o rotulasse como uma maleta. E agora S. M. está tranqüilo, porque "viu Deus face à face"; quem após lutar, e vendo que ele não prevalecia, disse: "deixai-me ir" e foi forçado a aceitar as condições oferecidas por Jacob S. Moses. Eu firmemente vos aconselho, para a vossa própria informação, a fazer essa pergunta ao vosso amigo. Por que ele estaria "esperando ansiosamente" minha resposta, desde que ele conhece tudo acerca de +? Não lhe contou esse "Espírito", certo dia, uma história, uma estranha história, algo que não pode divulgar acerca de si mesmo e proibiu-o mesmo de mencioná-la? O que mais ele deseja? O fato de que ele busca saber por meu intermédio a verdadeira natureza de +, é uma prova bem conclusiva de que ele não está certo da sua identidade, como ele acredita que seja, ou melhor, que preferiria fazer crer que é. Ou é essa questão um subterfúgio - Qual? Posso vos responder, o que disse a G. H. Fechner certo dia, quando ele queria saber o ponto de vista hindú a respeito do que escrevera - "Estás certo... cada diamante, cada cristal, cada planta e estrela tem a sua
alma individual, além do homem e do animal..." e que "há uma hierarquia de almas, das formas mais inferiores de matéria até a Alma do Mundo...; mas estais enganado, quando acrescenta às palavras acima a certeza de que os espíritos dos que partem mantêm uma comunicação psíquica direta com as Almas que estão ainda ligadas a um corpo humano, porque não é assim". A posição relativa dos mundos habitados em nosso Sistema Solar exclui, por si só, tal possibilidade. Porque, confio que abandonastes a estranha idéia - resultado natural da primitiva educação Cristã - de que possa haver possivelmente inteligências humanas habitando regiões puramente espirituais? Então entendereis prontamente a falácia dos cristãos - que queixariam almas imateriais em um inferno físico material - assim como o erro dos espíritas mais educados, que consolam a si mesmos com o pensamento de que ninguém mais, a não ser os moradores dos dois mundos imediatamente inter-ligados com o nosso, podem possivelmente comunicar-se com eles? Conquanto etéreos e purificados da matéria densa eles possam ser, os Espíritos puros estão ainda sujeitos as leis físicas e universais da matéria. Eles não podem, ainda que o quisessem, atravessar o abismo que separa o mundo deles do nosso. Eles podem ser visitados em Espírito, o seu Espírito não pode descer e nos alcançar. Eles atraem, mas não podem ser atraídos, a sua polaridade Espiritual é uma dificuldade insuperável para que isso ocorra. (a propósito não deveis confiar em Isis literalmente. O livro é apenas uma tentativa para desviar a atenção dos Espíritas, de suas idéias preconcebidas, para o verdadeiro estado das coisas. A autora sugeriu e indicou a verdadeira direção ao dizer o que as coisas não são, e não o que elas são. Apesar da correção das provas, alguns poucos enganos sérios escaparam, como o da página 1, capítulo I, volume I, onde a divina Essência é considerada como emanando de Adão em vez do contrário). Já que começamos a tratar desse assunto, eu tentarei vos explicar, ainda mais claramente, onde está a impossibilidade. Tereis assim, a vossa resposta com relação a ambos, os Espíritos Planetários e - os "espíritos" das sessões espíritas. O ciclo das existências inteligentes começa nos mais elevados mundos ou planetas - a expressão "mais elevados" significa aqui o mais perfeito espiritualmente. Evoluindo da matéria cósmica - que é akasa o meio plástico primordial, não o secundário ou éter da Ciência,
suspeitado instintivamente, porém não comprovado como o resto - o homem primeiro evolui dessa matéria no seu estado mais sublimado, aparecendo no limiar da Eternidade como uma Entidade perfeitamente Etérea não a Entidade Espiritual, digamos - como um Espírito Planetário. Ele se acha só a um o da Essência Universal e Espiritual do Mundo, o Anima Mundi dos gregos, ou daquilo que humanidade, na sua decadência espiritual, degradou num mítico Deus pessoal. Portanto, nessa etapa, o Homem-Espírito é, no máximo, um Poder ativo, um Princípio imutável, e portanto impensável (o termo "imutável" sendo novamente usado aqui para indicar esse estado de transição, a imutabilidade está aqui aplicada somente ao princípio interno, que desvanecerá e desaparecerá, tão pronto uma centelha do material que existe nele, comece o seu trabalho cíclico de Evolução e transformação). Na sua subseqüente descida, e em proporção com o aumento de matéria, ele afirmará cada vez mais a sua atividade. Mas, o conjunto de mundos estelares (incluindo o nosso próprio planeta) habitados por seres inteligentes, pode ser comparado a uma órbita, ou melhor, a um epiciclóide formado de anéis, como uma cadeia - mundos interligados - a totalidade representando um imaginário e infindável anel, ou círculo. O progresso do homem através do conjunto - desde o seu começo até os pontos de encerramento, que se encontram no ponto mais alto da sua circunferência - é o que chamamos de Maha yug ou o Grande Ciclo, o Kuklos, cuja cabeça se perde em uma coroa de Espírito Absoluto - e o ponto mais inferior da circunferência na matéria absoluta, ou seja, no ponto em que cessa a ação do princípio ativo: se usarmos um termo mais familiar, chamaremos o Grande Ciclo, de Macrocosmo, e as suas partes componentes ou o mundo de estrelas inter-ligadas, de Microcosmos, então se faz evidente a intenção dos ocultistas de representar a cada um desses últimos como sendo a cópia perfeita do primeiro. O Grande Ciclo é o protótipo dos ciclos menores, e como tal, cada mundo estelar tem por sua vez, o seu próprio ciclo de Evolução, que começa com uma natureza mais pura e termina com uma natureza mais grosseira e material. À medida que descem, cada mundo apresenta-se, naturalmente, mais e mais sombreado, tornando-se nos "antípodas" matéria absoluta. Impulsionado pelo impulso cíclico irresistível o Espírito Planetário tem que descer antes que possa subir. Nesse caminho ele tem que ar através de toda a escada da Evolução, não perdendo nenhum degrau, detendo-se em cada mundo estelar como se fosse numa estação; e além do ciclo inevitável desse
mundo particular e de cada respectivo mundo estelar, deve realizar também o seu próprio "ciclo de vida", ou seja, voltar e reencarnar tantas vezes quantas ele falhar em completar a sua ronda de vida nele, quando morre nele antes de alcançar a idade da razão como está corretamente descrito em Isis. Até aqui, a idéia da Sra. Kingsford de que o Ego humano está sendo reencarnado em vários e sucessivos corpos humanos, é a verdadeira. Quanto ao renascer em formas animais após uma encarnação humana é o resultado da sua maneira descuidada de expressar idéias e coisas. Outra MULHER e voltaremos à mesma coisa. Pois, ao confundir "alma e espírito", recusa distinguir entre os egos animais e os egos espirituais, o Jiv-atma (ou LingaSharir) e o Kama-Rupa (ou Atma-rupa)), as duas coisas que são tão distintas como o corpo e a mente, como a mente e o pensamento! É isso o que ocorre. Após circular, digamos, ao longo do arco do círculo, ao largo e em torno dele (a rotação diária e anual da Terra é uma ilustração tão boa como qualquer outra) quando o Homem-Espírito chega ao nosso planeta, que é um dos mais inferiores, tendo perdido em cada etapa algo de sua natureza etérea e aumentado a sua natureza material, tanto o espírito como a matéria tornaram-se bastante equilibrados nele. Mas então, ele tem o ciclo da Terra para realizar; e, como no processo de involução e evolução descendente, a matéria tende sempre a sufocar o espírito, quando alcança o ponto mais baixo da sua peregrinação, o outrora Espírito Planetário puro se achará reduzido ao que a ciência convencionou chamar de homem primitivo ou primordial em meio a uma natureza tão primordial - falando geologicamente, pois a natureza física, em sua carreira cíclica mantém o ritmo com o homem fisiológico, bem como com o homem espiritual. Nesse ponto a grande Lei começa o seu trabalho de seleção. A matéria encontrada inteiramente divorciada do espírito é jogada nos mundos ainda mais inferiores - no sexto "PORTAL" ou "caminho do renascimento" dos mundos vegetais e minerais, e das formas animais primitivas. Dali, a matéria desintegrada no laboratório da Natureza, prossegue sem alma o regresso a sua Fonte Materna; enquanto os Egos purificados de suas escórias, reiniciam o seu progresso uma vez mais em frente. É aqui que os egos retardatários perecem aos milhões. É o solene momento da "sobrevivência dos mais aptos", a aniquilação dos incapazes. É somente matéria (ou o homem material) que é compelido, pelo seu próprio peso, a descer até o fundo do "círculo da necessidade", onde ali assume a
forma animal; enquanto o vencedor da corrida através dos mundos - o Ego Espiritual, ascenderá de estrela à estrela, de um mundo a outro, circulando para frente a fim de se tornar uma vez mais um Espírito Planetário puro, e então, mais alto ainda, finalmente alcança o seu ponto inicial de partida, e dele - mergulhar no MISTÉRIO. Nenhum adepto jamais penetrou além do véu da matéria Cósmica primitiva. A mais elevada e perfeita visão está limitada ao universo de Forma e Matéria. Mas, a minha explicação não termina aqui. Quereis saber porque é considerado supremamente difícil, senão, completamente impossível para os puros Espíritos desencarnados se comunicarem com os homens através de médiuns ou Fantasmasofia. Eu digo que é: a) Devido as atmosferas antagônicas, que envolvem respectivamente esses mundos; b) Por causa da completa diferença entre as condições fisiológicas e espirituais; e c) Porque essa cadeia de mundos sobre a qual eu vos falei, não é somente um epiciclóide, mas uma órbita elíptica de existências, tendo cada elipse, não um, mas dois pontos - dois focos, que nunca podem se aproximar um do outro; o homem, estando em um dos focos, e o puro Espírito, no outro. A isso podereis objetar. Eu nunca poderei auxiliar nem mudar o fato, mais há ainda um outro e maior impedimento. Assim como num rosário composto de contas pretas e brancas, alternativamente, assim é aquela concatenação de mundos composta de mundos de CAUSAS e mundos de EFEITOS, o último - é o resultado direto produzido pelo primeiro. Assim se torna evidente que cada esfera de Causas - e a nossa Terra é uma delas - está, não somente, inter-ligada, como circundada por sua vizinha mais próxima, embora separada, a esfera superior da Causalidade, - por uma impenetrável atmosfera (no seu sentido espiritual) de efeitos confinantes, e embora inter-ligados, nunca se misturam entre si: pois uma é ativa, a outra, iva, o mundo das causas é positivo, o dos efeitos, negativo. Essa resistência iva pode ser vencida, mas sob condições, das quais os vossos mais versados espíritas não têm a menor idéia. Todo o movimento é, por assim dizer, polar. É muito difícil, neste ponto, transmitir-vos a
minha idéia: mas irei até o fim. Tenho consciência do meu fracasso em trazer diante de vós - essas verdades que, para nós, são axiomáticas - em outra forma que não seja um simples postulado lógico - no máximo, já que elas só podem ser demonstradas de forma absoluta e inequívoca apenas aos Videntes mais elevados. Mas pelo menos lhe dei material para pensar. As esferas intermediárias, sendo somente as sombras projetadas dos Mundos das Causas - são negativadas por esses últimos. Elas são os grandes pontos de parada, as estações nas quais estão sendo gerados os futuros Egos auto-conscientes, a prole auto engendrada dos antigos e desencarnados Egos do nosso planeta. Antes que o novo Fênix, renascido das cinzas dos seus pais, possa voar mais alto, para um mundo melhor, mais espiritual, e mais perfeito - ainda um mundo de matéria - ele tem que ar através do processo de um novo nascimento, digamos assim; e, como na nossa terra, onde dois terços das crianças nascem mortas ou morrem na infância, assim também ocorre no nosso "mundo dos efeitos". Na Terra são os defeitos mentais e fisiológicos dos progenitores, os seus pecados, que recaem sobre a prole: neste mundo de sombras o novo e ainda inconsciente Ego, cujo karma - mérito e demérito - é o único que determinará o seu destino. Nesse mundo, meu bom amigo, nós só encontramos máquinas exhumanas, inconscientes e autômatas, almas em seu estado de transição, cujas faculdades adormecidas e individualidade estão como borboleta em sua crisálida; e os Espíritas pretendem que elas falem com sensatez! Em certas ocasiões, são colhidas no vórtice da corrente anormal "mediúnica", e se tornam os ecos inconscientes de pensamentos e idéias cristalizadas em volta dos que estão presentes. Toda mente positiva, mente bem dirigida é capaz de neutralizar esses efeitos secundários que ocorrem numa seção espírita. O mundo abaixo do nosso é ainda pior. O primeiro, pelo menos, é inofensivo, peca-se mais contra ele ao perturbá-lo, do que quando peca. O último, por lhe ser possível a retenção da plena consciência, pois são cem vezes mais materiais, são positivamente perigosas. As noções de infernos e purgatório, de paraísos e ressurreições são todas caricaturas, ecos distorcidos da primitiva Verdade única, ensinada à Humanidade na infância das suas raças por cada Primeiro Mensageiro - o Espírito Planetário1, já mencionado, e cuja reminiscência perdurou na memória
do homem como o Elu dos Caldeus, Osíris do Egito, Vishnu, os primeiros Budas e assim por diante. O mundo inferior dos efeitos é a esfera de tais Pensamentos distorcidos; das mais sensuais concepções e representações; de divindades antropomórficas, projeções de seus criadores, as mentes sensuais de pessoas que não superaram jamais a sua bestialidade na Terra. Relembrando que os pensamentos são coisas - têm tenacidade, coerência e vida -, que eles são entidades reais - o resto se tornará fácil. Desencarnado - o criador é atraído naturalmente para a sua criação e criaturas; sugado pelo torvelinho de sua própria criação... Mas tenho que fazer uma pausa, pois volumes não seriam suficientes para explicar tudo o que foi dito por mim nesta carta. Com referência à vossa iração de que as opiniões dos três místicos "estão longe de serem idênticas", o que esse fato prova? Se eles tivessem sido instruídos por Espíritos sábios, puros e desencarnados mesmo aqueles que tenham ado de nossa Terra ao plano superior, não seriam, por acaso, idênticos os ensinamentos? A questão que surge é: "Não podem os Espíritos, assim como os homens diferirem em idéias? "Pois bem, os seus ensinamentos, - sim, dos mais elevados deles, pois eles são os "guias" dos três maiores Videntes de Londres - não terão mais autoridade do que a dos homens mortais? Mas, podem eles pertencer à diferentes esferas? Bem; se em diferentes esferas doutrinas contraditórias são propostas, essas doutrinas não podem conter a Verdade, pois a Verdade é Una, e não pode itir pontos de vistas diametralmente opostos; e os Espíritos puros que a vêm como ela é, com véu da matéria completamente retirado dela, não podem errar.22 Agora, se itimos que diferentes aspectos ou porções da Verdade Total sejam visíveis para diferentes agentes ou inteligências, cada qual sob várias condições, como, por exemplo, várias partes de uma paisagem descortinam-se para várias pessoas, em distâncias e pontos de observação diferentes - se itimos o fato de vários e diferentes agentes (Irmãos individualmente, por exemplo), tentando desenvolver os Egos de diferentes indivíduos, sem sujeitar inteiramente às suas vontades às deles (o que é proibido), mas que aproveitam as suas idiossincrasias físicas, morais e intelectuais; se acrescentarmos a isso as incontáveis influências cósmicas que distorcem e defletem todos os esforços para alcançar finalidades definidas: se
lembramos, além disso, a hostilidade direta dos Irmãos da Sombra, sempre atentos para confundir e enevoar o cérebro do neófito, penso que não teremos dificuldade para compreender como mesmo um definido avanço espiritual pode, até certo ponto, levar diferentes indivíduos a conclusões e teorias aparentemente diferentes. Tendo vos confessado que eu não tenho o direito de interferir com os segredos e planos de Imperator, devo dizer que até agora, entretanto, ele demonstrou ser o mais sábio de nós. Caso o nosso procedimento tivesse sido o mesmo, e se eu, por exemplo, tivesse permitido que vós inferísseis e então acreditásseis (sem que eu afirmasse algo de concreto) que eu era um "anjo desencarnado" - um Espírito de essência electroidal diáfana, procedente da zona super-estelar fantasmagórica - nós seriamos ambos mais felizes. Vós não teríeis aborrecido a vossa cabeça pensando "se essa classe de agentes serão sempre necessários", e eu não me acharia diante da desagradável necessidade de ter que recusar a um amigo uma "entrevista pessoal e uma comunicação direta. "Poderíeis ter implicitamente acreditado no que viesse de mim; e eu me sentiria menos responsável por vós diante dos meus "GUIAS". Entretanto o tempo mostrará o que pode ou não ser feito nessa direção. O livro foi publicado, e temos que ter paciência, esperando pelos resultados do primeiro tiro sério no inimigo. Art Magic e Isis escritos por mulheres e, segundo se acredita, de Espíritas - jamais se poderia esperar que fossem tomados a sério. Seus efeitos serão, primeiramente bastante desastrosos, porque a arma recuará, e o projétil, ricocheteando, golpeará o autor e seu humilde herói, que provavelmente não retrocederão. Mas, também pegará de raspão a velha senhora, revivendo na imprensa Anglo Britânica o clamor do ano ado. Os thersistas e os filisteus literários se porão a trabalhar febrilmente e choverão sobre ela as críticas descabidas, artigos satíricos e coups de bec, ainda que sejam dirigidos sobre vós somente, pois o Editor do Pioneer está longe de ser amado por seus colegas da Índia. Publicações espíritas já abrigam a campanha em Londres e os editores ianques dos Órgãos dos "anjos" os seguirão, os celestiais "Controles" armam seu escolhido "scandalum magnatun". Não é provável que alguns homens da ciência e menos ainda os seus iradores - os parasitas que se aquecem ao sol e sonham em ser esse próprio sol - lhe perdoem pela frase demasiado lisonjeira, que coloca a compreensão de um pobre e desconhecido hindú. "Tão por cima da ciência e
da filosofia da Europa, que só as mais amplas mentes que as representam, serão capazes de compreenderem a existência de tais poderes no homem, etc." Mas, o que isso importa? Tudo isso foi previsto e era esperado. Quando em os primeiros zumbidos e ruídos da crítica adversa, os homens reflexivos lerão e meditarão sobre este livro, como nunca fizeram sobre esforços mais científicos de Wallace e Crookes, para reconcilia a ciência moderna com os Espíritos - e a pequena semente crescerá e prosperará. Enquanto isso não me esqueço das promessas que vos fiz. Tão logo estejais instalado em vosso dormitório tratarei de...27 Espero que me seja permitido fazer tanto por vós. Se, por gerações temos "excluído o mundo do Conhecimento do nosso Conhecimento", foi devido a sua absoluta incapacidade; e se, não obstante as provas dadas, o mundo ainda resiste submeter-se à evidência, então nós, no final deste ciclo, nos retiraremos uma vez mais à solidão e ao nosso reino do silêncio... Nós nos oferecemos para exumar os estratos mais primitivos do ser humano, sua natureza básica, e mostrar claramente as maravilhosas complexidades do seu Eu interno - algo nunca a ser alcançado pela fisiologia, ou mesmo pela psicologia, em sua expressão última - e demonstrá-lo cientificamente. Não importa para eles se a escavação for tão profunda, as rochas tão duras e aguçadas, pois mergulhando naquilo que para eles, é o insondável oceano, muitos de nós perecerão na perigosa exploração; pois nós é que éramos os mergulhadores e pioneiros, e os homens de ciência têm apenas que recolher o que semeamos. É a nossa missão mergulhar e trazer as pérolas da Verdade à superfície; a deles, limpá-las e colocá-las nas jóias científicas. E, se eles recusam tocar a concha mal formada da ostra, insistindo que, dentro dela não existe nem pode existir, nenhuma pérola preciosa, então, uma vez mais, nos consideramos eximidos de qualquer responsabilidade ante a humanidade. Por incontáveis gerações tem o adepto construído um templo de rochas imperecíveis, a Torre gigantesca do PENSAMENTO INFINITO, onde o Titã morava, e onde, se for necessário, voltará a morar solitário, saindo dela somente no final de cada ciclo, para convidar os eleitos da humanidade a cooperarem com ele e o auxiliarem por sua vez a iluminar o homem supersticioso. E continuaremos naquele nosso trabalho periódico; e não permitiremos ser frustrados em nossas intenções filantrópicas até aquele dia, quando estejam
tão firmemente consolidadas as fundações de um novo continente de pensamento, a ponto de não haver qualquer opressão e malícia ignorante, guiadas pelos Irmãos das Sombras, que possam prevalecer. Mas até a vinda desse dia de triunfo final, alguém tem que ser sacrificado - embora só aceitemos vítimas voluntárias. A ingrata tarefa a prostou, deixando-a desolada nas ruínas da miséria, mal compreensão, e isolamento: mas ela terá a sua recompensa depois, pois nunca fomos ingratos. Com relação ao Adepto - não um da minha espécie, meu bom amigo, mas muito mais alto - vós não o reconhecestes - poderíeis ter encerrado o vosso livro com aquelas linhas de Tennyson no seu "Sonhador Desperto": "Como poderíeis conhecê-lo? Estáveis ainda dentro do círculo mais estreito; Ele quase alcançara o último, Que, rodeado de branca chama, Pura, sem calor, Ardendo num espaço mais amplo num éter de azul intenso, Envolve e abrasa todas as outras vidas..." Aqui termino esta carta. Recordai, pois, no dia 17 de Julho e...30 para vós se tornará a mais sublime das realidades. Adeus. Sinceramente vosso, K. H.
o
Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 010 Notas de K. H. num "Capítulo Preliminar", intitulado "Deus", por Hume, destinado a servir de prefácio para uma exposição de Filosofia Oculta (resumida). Recebida em Simla em ? de 1881 Chegamos agora àquela que é, provavelmente, a mais controversa carta deste conjunto. Na verdade, não é uma carta, mas algumas notas feitas pelo Mahatma K.H. no que Hume chamou de "Capítulo Preliminar sobre Deus", destinado a ser o prefácio a um livro que ele estava escrevendo sobre Filosofia Oculta. A cópia no Museu Britânico é na caligrafia de Sinnett. Estas notas levaram algumas pessoas a rejeitar toda a filosofia oculta devido à negação do conceito tradicional de Deus. Ao estudante solicita-se, pois, refrear-se em seu julgamento. Nem a nossa filosofia nem nós acreditamos num Deus, e menos ainda em um cujo nome necessite uma maiúscula. A nossa filosofia enquadra-se na definição de Hobbes. É preeminentemente a ciência dos efeitos pelas suas causas e das causas pelos seus efeitos, também é a ciência das coisas deduzidas do primeiro princípio, como a define Bacon, antes de itir tal princípio, temos que conhecê-lo, e não direito algum de itir mesmo a sua possibilidade. Toda a vossa explicação é baseada em uma issão isolada, feita em outubro ado, simplesmente para reforçar um argumento. Contaram-vos que o nosso conhecimento era limitado a este nosso sistema solar; ergo, como filósofos que desejam continuar merecendo esse título, não podíamos nem negar nem afirmar a existência do que definistes como sendo um ser supremo, onipotente, e inteligente, e de certa maneira, além dos limites deste sistema solar. Mas, se tal existência não é absolutamente impossível, no entanto, a não ser que a uniformidade da lei da Natureza não funcione naqueles
limites, mantemos que é altamente improvável. Não obstante negamos mais enfaticamente a posição do agnosticismo nesta direção, em relação ao sistema solar. A nossa doutrina não conhece compromissos. Ela afirma ou nega porque nunca ensina a não ser aquilo que sabe ser a verdade. Portanto, negamos a Deus tanto como filósofos, e como Budistas. Sabemos que existem outras vidas planetárias e espirituais e outras e sabemos que no nosso sistema não há isso que se chama de Deus, seja pessoal ou impessoal. Parabrahm não é um Deus e sim, a Lei imutável e absoluta, e Iswar é o efeito de Avidya e Maya, ignorância baseada na grande ilusão. A palavra "Deus" foi inventada para designar a causa conhecida daqueles efeitos que o homem tem igualmente irado e temido, sem compreendê-los, e como nós pretendemos possuir o conhecimento daquela causa e das demais (e que podemos provar o que afirmamos), estamos em situação de sustentar que não há Deus ou Deuses por trás delas. A idéia de Deus não é algo inato, mas uma noção adquirida, e só temos uma coisa em comum com as teologias - nós revelamos o infinito. Mas, enquanto nós atribuímos a todos os fenômenos que procedem do espaço, da duração e do movimento, infinitos e ilimitados, uma causa material, natural, sensível e conhecida (pelo menos para nós), os teístas lhes atribuem causas espirituais, sobrenaturais, ininteligíveis e desconhecidas. O Deus dos teólogos é simplesmente um poder imaginário, un loup garou como d'Holbach o expressou - um poder que nunca se manifestou a si mesmo. O nosso principal propósito é liberar a humanidade do seu pesadelo, ensinar ao homem a virtude por amor a ela, e que avance pela vida confiando em si mesmo, em vez de se apoiar numa muleta teológica, que por incontáveis idades, tem sido a causa direta de toda a miséria humana. Poderão chamar-nos de panteístas; agnósticos, JAMAIS. Se as pessoas querem aceitar e considerar como Deus a nossa VIDA UNA imutável e inconsciente em sua eternidade, eles podem fazê-lo e apegarem-se a outro gigantesco erro de denominação. Mas então eles terão que dizer com Espinoza, que não há e que não podemos conceber nenhuma outra substância senão Deus: ou como disse este famoso e infortunado filósofo, na sua décima quarta proposição, "praeter Deum neque dari neque concepi potest substantia", e assim se tornam Panteístas... quem, a não ser um Teólogo nutrido no mistério e no mais absurdo supernaturalismo, pode imaginar um ser
que existe por si mesmo, necessariamente infinito e onipresente, fora do universo manifestado e ilimitado. A palavra infinito é apenas uma negativa que exclui a idéia de limites. É evidente que um ser independente e onipresente não pode ser limitado por coisa alguma que está fora de si mesmo; que não pode existir nada exterior a si mesmo - nem mesmo o vácuo, e então, onde haverá lugar para a matéria, para esse universo manifestado, embora limitado? Se perguntarmos aos teístas se o seu Deus é o vácuo, o espaço ou a matéria, eles dirão que não. E, entretanto, eles sustentam que o seu Deus penetra a matéria embora ele mesmo não seja matéria. Quando falamos da nossa Vida Una, dizemos também que ela penetra, ou melhor, é a essência de cada átomo de matéria; e que, portanto, não só tem correspondência com a matéria, como possui, também, todas as suas propriedades, etc - e portanto é material, é em si mesmo matéria. Como pode a inteligência proceder ou emanar da não-inteligência - fizestes inúmeras vezes essa pergunta no último ano. Como pode uma humanidade altamente inteligente, o homem, a coroa da razão, ter evoluído de uma lei ou força cega, não inteligente! Mas, uma vez que raciocinamos nesta linha, eu posso perguntar, por minha vez, como idiotas congênitos, animais sem raciocínio e o resto da "criação" terem sido criados por uma Sabedoria absoluta, ou dela evoluídos, se esta última é um ser pensante inteligente, o autor e o regente do Universo? Como? diz o Dr. Clarke em seu exame da prova da existência da Divindade. "Deus que fez o olho, ele não verá? Deus que fez o ouvido, não ouvirá? Mas, de acôrdo com este modo de raciocínio, eles teriam que itir que, ao criar um idiota, Deus é um idiota; que, aquele que fez tantos seres irracionais, e tantos monstros físicos e morais, ele tem que ser irracional... ... Nós não somos Advaitas, mas o nosso ensinamento a respeito da vida una é idêntico ao dos Advaitas com relação a Parabrahm. E nenhum Advaita com mente verdadeiramente filosófica, jamais se denominará agnóstico, porque sabe que ele é Parabrahm e idêntico em cada aspecto com a vida e alma universais (o macrocosmo é o microcosmo) e ele sabe que não existe nenhum Deus, nenhum criador, nenhum ser, separado dele mesmo. Tendo encontrado a Gnose, não podemos voltar nossas costas para ela e nos tornarmos agnósticos. ... Se tivéssemos que itir que até os mais elevados Dyan Chohans podem cometer erros devido a uma
ilusão, então não existiria certamente nenhuma realidade para nós e as ciências ocultas seriam uma quimera tão grande como Deus. Se é um absurdo negar o que não conhecemos, pior e mais extravagante e atribuir-lhe leis desconhecidas. De acôrdo com a lógica, "nada" é aquilo do qual tudo pode ser negado e nada pode ser verdadeiramente afirmado. A idéia, portanto, de um nada finito ou infinito é uma contradição em termos. E, todavia, de acôrdo com os teólogos "Deus", o ser auto existente é o mais simples, imutável, e incorruptível ser; sem partes, figura, movimento, divisibilidade, ou quaisquer outras propriedades que encontramos na matéria. Pois todas essas coisas indicam tão clara e necessariamente a finitude na sua própria noção e são completamente inconsistentes com a completa infinitude. "Portanto, ao Deus aqui oferecido à adoração do século XIX falta toda qualidade sobre a qual a mente humana seja capaz de fixar qualquer julgamento. Que significa isso, de fato, senão um ser do qual nada que eles afirmem que não seja contraditado instantaneamente? Sua própria Bíblia, sua Revelação, destrói todas as perfeições morais que eles acumulam sobre ele, a não ser que, realmente chamem de perfeições aquelas qualidades que a razão e o bom senso de qualquer homem chamam de imperfeições, vícios detestáveis e perversidade brutal. E ainda mais, quem ler nossas escrituras budistas, destinadas a massa supersticiosa não encontrará nelas um demônio tão vingativo, injusto, e tão cruel e estúpido como o tirano celestial, a quem os Cristãos prodigamente oferecem a sua adoração servil, e em quem os seus teólogos acumulam essas perfeições que são contraditadas em cada página da sua Bíblia. Em realidade e verdade vossa teologia criou seu Deus para destruí-lo pouco a pouco. Vossa igreja é o fabuloso Saturno que gera filhos para poder devorá-los. (A MENTE UNIVERSAL) - Umas poucas reflexões e argumentos devem sustentar cada nova idéia - por exemplo estamos seguros de que nos pedirão conta das seguintes aparentes contradições. 1) Negamos a existência de um Deus pensante consciente, baseados em que tal Deus tem que ser igualmente condicionado, limitado e sujeito a mudança, e portanto não infinito. Ou 2) se ele é representado para nós como um ser eternamente imutável e independente, sem ter uma partícula sequer de matéria nele, então responderemos que ele é um ser, mas um princípio cego imutável, uma lei. E, entretanto, eles dirão, que nós acreditamos em
Dyans, ou Planetários ("espíritos" também), e dotamolos com uma mente universal, e isso tem que ser explicado. Nossas razões podem ser brevemente resumidas assim: (1) Nós negamos a absurda proposição de que pode haver, mesmo em um universo ilimitado e eterno - duas existências infinitas, eternas e onipresentes. (2) Sabemos que a matéria é eterna, isto é, não tendo tido nenhum princípio (a) porque matéria é a própria Natureza (b) porque aquilo que não pode aniquilar a si mesmo e é indestrutível, existe necessariamente - e, portanto, não pode começar a ser, nem pode cessar de ser (c) porque a experiência acumulada de incontáveis idades e da ciência exata mostram-nos a matéria (ou Natureza) agindo pela sua própria e peculiar energia, na qual nem um átomo está em nenhum momento num estado absoluto de repouso, e portanto ele tem que ter sempre existido, isto é, os seus materiais sempre mudando de forma, combinações e propriedades, mas o seus princípios ou elementos sendo absolutamente indestrutíveis. (3) Quanto a Deus - desde que ninguém em qualquer tempo o viu, a menos que ele seja a própria essência e Natureza desta matéria ilimitada e eterna, sua energia e seu movimento, não podemos considerá-lo igualmente eterno ou infinito, ou mesmo auto existente. Recusamos itir um ser ou uma existência da qual não conhecemos absolutamente nada, porque (a) não há lugar para ele na presença daquela matéria cujas indiscutíveis propriedades e qualidades conhecemos muito bem (b) porque se ele é apenas uma parte daquela matéria, é ridículo sustentar que ele é o princípio motor e regente daquilo de que ele é só uma parte dependente e (c) porque se eles nos dizem que Deus é um espírito puro auto-existente, independente da matéria - uma divindade extra-cósmica, respondemos que, mesmo itindo a possibilidade de tal impossibilidade, isto é, a sua existência, nós, entretanto, sustentamos que um espírito puramente imaterial não pode ser um regente inteligente e consciente, nem pode ele possuir qualquer dos atributos atribuídos a ele pela teologia, e assim, tal Deus se torna novamente numa força cega. A inteligência, como é encontrada nos nossos Dyan Chohans, é uma faculdade que pode ser encontrada somente nos seres organizados ou
animados - mesmo que seja imponderável, ou melhor, invisíveis os componentes de suas organizações. A inteligência requer a necessidade de pensar; para pensar é preciso ter idéias; idéias supõem sentidos que são de material físico, e como pode algo material pertencer ao puro espírito? Se for objetado que o pensamento não pode ser uma propriedade da matéria, perguntaremos por que razão? Temos que ter uma prova indiscutível desta suposição, antes que possamos aceitá-la. Perguntaríamos ao teólogo o que poderia impedir ao seu Deus, já que é o suposto criador de tudo - de dotar a matéria com a faculdade do pensamento; e quando respondesse que evidentemente Ele não quis fazer isso, e que isso é um mistério, bem como uma impossibilidade, insistiríamos que nos explicasse porque é mais impossível que a matéria produza espírito e pensamento, do que o espírito ou pensamento de Deus produza e crie matéria. Nós não curvamos as nossas cabeças no pó diante do mistério da mente pois o resolvemos idades atrás. Assim como rejeitamos com desdém a teoria teísta, rejeitamos também a teoria do automatismo, um ensinamento que nos diz ser os estados de consciência produzidos pela ordenação de moléculas do cérebro; e sentimos pouco respeito para esta outra hipótese - a produção do movimento molecular pela consciência. Então, em que acreditamos? Bem, acreditamos no tão ridicularizado flogisto (Veja o artigo "O que é a força e o que é a matéria?" Teosofista, Setembro), e naquilo que alguns filósofos naturais chamariam nisus, os esforços ou movimento incessante, ainda que perfeitamente imperceptíveis (para os sentidos ordinários) que um corpo exerce sobre o outro (as pulsações da matéria inerte - sua vida. Os corpos dos espíritos Planetários são formados daquilo que Priestley e outros chamaram de Phlogiston e para o qual temos um outro nome - esta essência em seu sétimo estado mais elevado que, forma aquela matéria da qual se compõem os organismos dos mais elevados e puríssimos Dyans, e que em sua forma inferior ou mais densa (tão impalpável, não obstante, que a ciência chama de energia e força) serve como um véu aos Planetários do primeiro grau, ou inferior. Em outras palavras, nós somente cremos na MATÉRIA, na matéria como natureza visível e na matéria invisível, como um Proteu invisível, onipresente e onipotente, com seu incessante movimento0, que é a sua vida, e que a Natureza extrai de si mesma, já que ela é o grande todo, fora do qual nada pode existir. Porque, como afirma com exatidão Bilfinger, "o movimento é uma maneira de
existência que flui necessariamente para fora da essência da matéria; que a matéria move-se por suas próprias energias peculiares; que seu movimento é devido a uma força que é inerente a si mesma; que a variedade de movimento e os fenômenos que resultam procedem da diversidade de propriedades das qualidades e das combinações que são originalmente encontradas na matéria primitiva" da qual a Natureza é o conjunto, e da qual vossa ciência sabe menos do que qualquer um dos nossos condutores de iaques Tibetanos sabe a respeito da metafísica de Kant. A existência da matéria é, então, um fato; a existência do movimento é um outro fato, a sua auto-existência e eternidade ou indistrutibilidade é um terceiro fato. E a idéia de um puro espírito como sendo um Ser ou uma Existência - dêem-lhe o nome que quiserem - é uma quimera, um gigantesco absurdo. NOSSAS IDÉIAS DO MAL - O mal não tem existência por si e é apenas a ausência do bem e existe somente para aquele que se tornou sua vítima. Ele procede de duas causas, e como o bem, não é uma causa independente da Natureza. A Natureza é destituída de bondade ou maldade; ela apenas segue leis imutáveis quando ela dá vida e alegria, ou envia o sofrimento (e) a morte, e destrói o que ela criou. A Natureza tem um antídoto para cada veneno e suas leis uma recompensa para cada sofrimento. A borboleta devorada por um pássaro se torna naquele pássaro, e o arinho morto por um animal evolui para a forma mais elevada. É a cega lei da necessidade e ajuste eterno das coisas, e portanto não pode ser chamada de Mal na Natureza. O mal real procede da inteligência humana e a sua origem repousa inteiramente no homem racional que se desassocia da Natureza. A Humanidade exclusivamente é a verdadeira fonte do mal. O mal é exagero do bem, a progênie da cobiça e do egoísmo humanos. Pensai profundamente e encontrareis que, salvo a morte - que não é um mal mas uma lei necessária, e acidentes que sempre encontram a sua recompensa numa vida futura - a origem de cada mal, seja pequeno ou grande, está na ação humana, no homem cuja inteligência faz dele um agente livre da Natureza. Não é a Natureza que cria as doenças, mas sim, o homem. A missão e o destino deste é morrer de morte natural causada pela velhice; excetuando os acidentes, nem um selvagem nem um animal selvagem (livre) morrem de enfermidades. O alimento, as relações sexuais, bebida, são todas necessidades naturais da vida; todavia, o excesso deles
traz a doença, miséria, sofrimento, mental e físico, e os últimos são transmitidos como os maiores males para as futuras gerações, prole dos culpados . A ambição, o desejo de assegurar felicidade e conforto par aqueles que amamos, pela obtenção de honrarias e riquezas, são sentimentos naturais elogiáveis, mas, quando eles transformam o homem num tirano ambicioso e cruel, um miserável, num empedernido egoísta, eles trazem incontáveis misérias para aqueles que estão ao seu redor; tanto em nações como em indivíduos. Tudo isso pois, o alimento, a riqueza, a ambição e mil outras coisas mais, que temos de omitir, se torna na fonte e causa do mal seja pela sua abundância ou pela sua ausência. Tornai-vos um glutão, um depravado, um tirano, e vos tornareis a origem das doenças, do sofrimento humano e da miséria. Se vos faltar tudo isso, areis misérias, e sereis desprezado por seu um senhor ninguém e a maioria do rebanho, seus semelhantes, fará de vós um infeliz por toda a vossa vida. Portanto, não se deve culpar nem à uma divindade imaginária, nem à Natureza, senão à condição humana tornada vil pelo egoísmo. Pensai bem essas palavras; arrancai toda a causa do mal que possais imaginar e buscai-a até a sua origem e então tereis resolvido um terço do problema do mal. E agora, depois de dar o desconto aos males que são naturais e não podem ser evitados, - e tão poucos são eles que eu desafio toda a hoste dos metafísicos Ocidentais a chamá-los de males ou a demonstrar que eles provenham diretamente de uma causa independente - eu assinalarei a maior, a principal causa de quase dois terços dos males que acossam a humanidade, desde que essa causa se converteu numa potência. É a religião, sob qualquer forma, e em qualquer nação. É a casta sacerdotal, o clero e as igrejas; são nessas ilusões, que o homem olha como sendo sagradas, onde ele deve buscar a fonte dessa multidão de males que são a grande maldição da humanidade, e quase aniquilam o gênero humano. A ignorância criou os deuses, e a astúcia aproveitou a oportunidade. Olhem a Índia, olhem a Cristandade e o Islam, e o Judaísmo e o Fetichismo. Foi a impostura sacerdotal que tornou esses deuses tão terríveis para o homem; é a religião que faz dele um intolerante egoísta, o fanático que odeia todo ser humano que não pertença a sua própria seita, sem que isso o torne melhor ou mais moral. É a crença em Deus e Deuses que faz dois terços da humanidade escravos de um pequeno número dos que enganam sob o falso pretexto de a salvar. Não está o homem sempre pronto para cometer qualquer espécie de mal se lhe disserem que o seu Deus ou Deuses
exigem esse crime - vítimas voluntárias de um Deus ilusório, e um objeto escravo de seus astutos ministros. O camponês irlandês, italiano, eslavo, ará fome e verá a sua família na miséria e andar desnuda para poder alimentar e vestir seu padre e o papa. Durante dois mil anos a Índia gemeu sob o peso das castas, somente os Brahmanes se alimentando do melhor da terra, e hoje em dia os seguidores de Cristo e os de Maomé estão cortando uns aos outros as gargantas, em nome e para maior glória dos seus respectivos mitos. Lembrai-vos que a soma de miséria humana nunca será diminuída até o dia quando a melhor porção da humanidade destruir, em nome da Verdade, moralidade, e caridade universal, os altares dos seus falsos deuses. Se objetarem que nós também temos templos, também temos sacerdotes e que os nossos lamas também vivem de caridade... que saibam que os objetos acima mencionados só tem de comum os seus equivalentes Ocidentais o nome. Assim, em nossos templos não há um deus ou deuses adorados, somente a tríplice sagrada memória do mais santo homem que jamais viveu. Se os nossos lamas, para honrar a fraternidade dos Bhikkus, estabelecida pessoalmente pelo nosso abençoado mestre, partem para ser alimentados pelos leigos, estes últimos, freqüentemente em número de cinco a vinte e cinco mil, são alimentados e cuidados pela Sangha (a fraternidade dos monges lamaístas) fornecendo à lamaseria tudo que é necessário para os pobres, os doentes, os aflitos. Nossos lamas aceitam alimento, nunca dinheiro, e é naqueles templos que é pregada a origem do mal e gravada na mente do povo. Lá o povo aprende as quatro nobre verdades - ariya sakka, e a cadeia da causalidade (as 12 nidanas), que dá a eles a solução do problema da origem e destruição do sofrimento. Lêde o Mahavagga e tentai compreender, não com a preconcebida mente ocidental, mas com o espírito da intuição e verdade que o Plenamente Iluminado diz na 1ª. Khandhaka. Permiti-me que eu traduza para vós: "Na época em que o abençoado Buda estava em Ururvella, às margens do rio Nerovigara e repousava sob a árvore da Sabedoria Boddhi, após ter se tornado um Sambuddha, no fim do sétimo dia tendo a sua mente fixa na cadeia da causação, assim ele falou: "da Ignorância brotam as samkharas de tríplice natureza produções do corpo, da palavra e do pensamento. Das samkharas nasce a consciência, da consciência surgem
o nome e a forma, daí brotam as seis regiões (dos seis sentidos, o sétimo sendo propriedade, apenas do iluminado); desses brotam o o, daí a sensação; dela brota a sêde (ou desejo, Kama, tanha), da sede o apego, existência, nascimento, velhice e morte, dor, lamentação, sofrimento, abatimento e desespero. Novamente pela destruição da ignorância, as Samkharas são destruídas, e sua consciência, nome e forma, as seis regiões, o o, sensação, sede, apego (egoísmo), existência, nascimento, velhice, morte, dor, lamentação, sofrimento, abatimento e desespero são destruídos. E com isso cessa toda essa massa de sofrimento." Sabendo isso o abençoado Ser fez esta solene afirmação: "Quando a natureza real das coisas se torna clara para o Bhikshu que medita, então todas as suas dúvidas se evanecem porque ele aprendeu o que é essa natureza e qual a sua causa. Da ignorância brotam todos os males. Do conhecimento vêm a cessação desta massa de miséria, e então o Brahmana meditante se ergue dispersando as hostes de Mara, como o sol que ilumina o céu." Aqui a meditação significa as qualidades super humanas (não sobre-naturais), do estado de Arhat, nos seus mais elevados poderes espirituais. Copiada em Simla, no dia 28 de Setembro de 1882.
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Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 011
Recebida por A. O. Hume, 30 de Junho de 1882. Esta é a primeira de uma série de três cartas do Mahatma K.H. dirigidas para A.O. Hume. A simples prudência me inspira dúvidas de assumir o meu novo papel de um "instrutor". Se M. vos satisfez muito pouco, estou temeroso de vos dar ainda menos satisfação porque, além de estar restringido em minhas explicações, - dado que há um milhar de coisas que terei de deixar irreveladas devido ao meu voto de silêncio, tenho à minha disposição bastante menos tempo do que ele. Entretanto, tentarei fazer o melhor. Que não seja dito que eu falhei em reconhecer o vosso presente e sincero desejo de se tornar útil à Sociedade, e portanto, à Humanidade, pois estou plenamente consciente para o fato de que ninguém melhor do que vós na Índia poderá dispersar as névoas das superstições e do erro popular lançando luz nos mais obscuros problemas. Mas antes que eu responda as vossas questões e explique a nossa doutrina um pouco mais, tenho que prefaciar minhas respostas com uma longa introdução. Primeiro de tudo e novamente chamarei a vossa atenção para a tremenda dificuldade de encontrar termos apropriados em inglês que possam transmitir à mente européia educada uma noção mesmo aproximadamente correta, acerca dos vários assuntos que temos de tratar. Para ilustrar o que quero dizer, sublinharei em vermelho as palavras técnicas adaptadas e usadas pelos vossos homens de Ciência, mas que são absolutamente enganosas, não somente quando aplicadas a esses assuntos transcendentais como os que estamos tratando, e mesmo quando são usadas por eles em seu próprio sistema de pensamento. Para compreender as minhas respostas tendes, primeiro de tudo, ver a Essência eterna, o Swabâvat, não como um elemento composto que chamais de espíritomatéria, mas como o elemento único para o qual os ingleses não têm um nome. Ele é simultaneamente ivo e ativo, puro Espírito Essência em seu estado absoluto e de repouso, pura matéria em seu estado finito e condicionado, - mesmo como gás imponderável ou como o grande desconhecido que a Ciência se compraz em chamar de Força. Quando os poetas falam "do oceano sem margens da imutabilidade" devemos considerar a frase como um divertido paradoxo, pois mantemos que não existe tal coisa como a imutabilidade - pelo menos no nosso sistema solar. A imutabilidade,
dizem os teístas e Cristãos, "é um atributo de Deus" e imediatamente dotam esse Deus com toda qualidade e atributo mutável e variável, conhecíveis e desconhecíveis e crêem terem resolvido o insolúvel e a quadratura do círculo. A isto respondemos, se aquilo que os teístas chamam de Deus e a Ciência "Força" e Energia Potencial, se tornassem imutáveis, tão só por um instante, ainda que fosse no Maha-Pralaya, período em que se diz, até mesmo Brahm, o arquiteto criador do mundo desaparece, no não-ser, então não poderia haver nenhum Manvantara, e somente o espaço reinaria inconsciente e supremo na eternidade do tempo. Entretanto, o Teísmo, quando fala da mutável imutabilidade, não é mais absurdo que a Ciência materialista, quando esta fala da "energia potencial latente" e da indestrutibilidade da matéria e da força. O que havemos de crer que seja indestrutível? É algo invisível que move a matéria ou a energia dos corpos em movimento! O que sabe a Ciência moderna da própria força, ou digamos das forças, - a causa ou causas do movimento? Como pode haver tal coisa como uma energia potencial, isto é, uma energia possuindo um poder latente inativo, pois somente é energia, somente quando está movendo a matéria e se, em algum momento, deixar de mover a matéria, cessa de ser, e com isso a própria matéria desapareceria? É força o termo mais apropriado? Há uns trinta e cinco anos atrás um Dr. Mayer ofereceu a hipótese, agora aceita como axioma, de que a força, no sentido dado pela Ciência moderna, assim como a matéria, é indestrutível, o que quer dizer, que quando deixa de manifestar-se em uma forma, segue existindo, e apenas ou para alguma outra forma. E, todavia, os vossos homens de Ciência não encontraram um simples exemplo onde uma força tenha sido transformada em outra, e o Sr. Tyndall diz aos seus oponentes que "em nenhum caso a força produtora do movimento fica aniquilada ou mudada em alguma outra coisa." Além disso, somos gratos à Ciência moderna por uma nova descoberta de que existe uma relação quantitativa entre a energia dinâmica produzindo algo e esse "algo" produzido. É indubitável que existe uma relação quantitativa entre a causa e o efeito, entre a quantidade de energia usada para quebrar o nariz de um semelhante e o prejuízo causado a esse nariz, mas isso não soluciona nem um pouco mais o mistério do que eles gostam de chamar de correlações, já que se pode provar facilmente (e sob a autoridade daquela mesma Ciência) que nem o movimento, nem a energia, são indestrutíveis, e que as forças físicas não são de uma maneira ou outra conversíveis entre si. Eu os
interrogarei minuciosamente na sua própria fraseologia e veremos se as suas teorias foram calculadas para servir de barreira para as nossas "doutrinas assombrosas". Preparando-me como estou fazendo, para propor um ensinamento diametralmente oposto aos seus, é justo que eu limpe o chão de lixo científico, para evitar que o que tenho a dizer caia num solo demasiadamente obstruído e só produza ervas daninhas. "Essa matéria prima potencial e imaginária não pode existir sem forma", diz Raleigh, e ele está certo quanto a matéria prima da Ciência existir somente na imaginação deles. Poderão dizer que a mesma quantidade de energia sempre moveu a matéria do Universo? Certamente que não, enquanto eles ensinarem que, quando os elementos do cosmos material, elementos que tivera, primeiro de se manifestar em seu estado gasoso não combinado, estavam unindose, a quantidade de energia material em movimento era de um milhão de vezes maior do que é agora, quando nosso globo está esfriando. Pois onde foi parar esse calor gerado pelo tremendo processo de construir um universo? Dizem eles, para as câmaras não ocupadas do espaço. Muito bem, mas se foi para sempre do universo material, e se a energia operante na Terra não foi nunca e em nenhum momento a mesma, então, como podem tentar sustentar o conceito da "quantidade de energia imutável", essa energia potencial que um corpo pode algumas vezes exercer, a FORÇA que a de um corpo para outro produzindo movimento e que no entanto, não é "aniquilada ou mudada em outra coisa"? "Sim", somos contestados, "mas nós ainda sustentamos a sua indestrutibilidade; enquanto esteja unida à matéria, nunca deixa de ser, mais ou menos". Vejamos se isso é assim. Eu arremesso um tijolo para um pedreiro que está construindo o teto de um templo. Ele o segura e o coloca com cimento no teto. A gravidade se opôs à energia propulsora que iniciou o movimento ascendente do tijolo, e a sua dinâmica energia, até que ele cessasse de subir. Naquele momento ele foi seguro e fixado no teto. Nenhuma força material pode agora movimentá-lo, portanto, ele não possui mais energia potencial. O movimento e a energia dinâmica do tijolo ascendente estão absolutamente aniquilados. Um outro exemplo retirado dos seus próprios livros de estudo. Vós disparais um fuzil para cima, ao pé de um monte, e a bala se aloja numa greta de rocha daquele monte. Nenhuma força natural poderá, por um período indefinido, movimentá-la, pois a bala, assim como o tijolo, perdeu a sua energia potencial. "Todo o movimento e energia que foi retirado da bala ascendente
pela gravidade foi absolutamente aniquilado, e nenhum outro movimento ou energia se manifesta e a gravidade não recebeu nenhum aumento de energia." Não é verdade, pois, que a energia seja indestrutível! Como é então que vossa grande autoridade ensina ao mundo que "em nenhum caso a força que produz o movimento é aniquilada ou transformada em algo distinto?" Estou perfeitamente consciente da vossa resposta e vos dou estes exemplos apenas para mostrar como são enganosos os termos empregados pelos cientistas, como são vacilantes e incertas as suas teorias, e finalmente como são incompletos todos os seus ensinamentos. Mais uma objeção e terminarei. Eles ensinam que todas as forças físicas dotadas de nomes específicos como gravidade, inércia, coesão, luz, calor. eletricidade, magnetismo, afinidade química, são conversíveis uma na outra? Se é assim, a força produtora deve deixar de existir no momento em que a força produzida se torna manifestada. "Uma bala de canhão em movimento move-se somente pela sua força inerente da inércia." Quando ela se choca com algo, ela produz calor e outros efeitos mas a sua força de inércia não é diminuída de modo algum. Seria necessária tanta energia para lançá-la de novo, com a mesma velocidade como da primeira vez. Podemos repetir o processo mil vezes e enquanto a quantidade de matéria permanecer a mesma, sua força de inércia permanecerá a mesma, em quantidade. O mesmo ocorre no caso da gravidade. Um meteoro cai e produz calor. Isto deve ser atribuído à força da gravidade, mas essa, atuante sobre o objeto que caiu, não diminui. A atração química atrai e mantém juntas as partículas da matéria, a sua colisão produz calor. Foi aquela atração transformada em calor? De modo algum, pois que, reunindo-se as partículas cada vez que se separam, comprova-se que a afinidade química não diminui, pois ela as mantém unidas tão fortemente como sempre. O calor, eles dizem, gera e produz eletricidade, no entanto não encontram diminuição de calor no dito processo de geração. Dizemnos que a eletricidade produz calor. Os eletrômetros mostram que a corrente elétrica, ao pascer através de algum mal condutor, por exemplo, um fio de platina, o aquece. Resta precisamente a mesma quantidade de eletricidade, não havendo perda de eletricidade, nem diminuição. O que, então, se converteu em calor? Novamente, se diz que a eletricidade produz o magnetismo. Tenho numa mesa, diante de mim, eletrômetros primitivos, em cuja proximidade os chelas vêm todo o dia recuperar os seus poderes nascentes.
Eu não encontro o menor decréscimo na eletricidade armazenada: Os chelas são magnetizados, mas o seu magnetismo, ou melhor, o das suas varetas não é essa eletricidade, sob uma nova máscara, do mesmo modo que as chamas de mil velas acesas pelo fogo da lâmpada Fo não são a chama desta última. Por conseguinte, se na incerta luz crepuscular da Ciência moderna é uma verdade axiomática "que nos processos vitais se produz somente a conversão e nunca a criação de matéria ou de força" (o movimento orgânico em conexão com a nutrição, segundo o Dr. J. R. Mayer) não é mais que uma meia verdade para nós. Não é nem a conversão nem a criação, e sim algo para o qual a Ciência não tem nome. Talvez agora estareis melhor preparado para compreender a dificuldade com que teremos de lutar. A Ciência moderna é o nosso melhor aliado. Todavia, é geralmente essa mesma Ciência que se torna a arma que quebra as nossas cabeças. Entretanto, tendes que ter em mente (a) que nós reconhecemos apenas um elemento na Natureza (seja espiritual ou material) fora do qual não pode haver Natureza, já que é a Natureza mesma, e que, como o Akasa, permeia o espaço e é na realidade o espaço, que pulsa como em profundo sono durante os Pralayas e é o Proteo universal, a Natureza sempre ativa durante os Manvantaras; (b) que, em conseqüência, espírito e matéria são unos, não sendo mais que uma diferenciação de estados, não de essências, e que o filósofo grego que sustentou que o Universo era um animal enorme, penetrou no significado simbólico da mônada Pitagórica (que se converte em dois, logo em três D (triângulos ou tríade) e finalmente na tétrade ou o quadrado perfeito, desenvolvendo, assim, de si mesmo, o quadrado e a envolvente tríade, [D] forma o sagrado sete) - e, deste modo, estava bem à frente de todos os homens da Ciência da época atual; c) que as nossas noções de "matéria cósmica" são diametralmente opostas às da Ciência ocidental. Talvez se lembrardes de tudo isso nós conseguiremos transmitir para vós, pelo menos, os axiomas elementares da nossa filosofia esotérica mais corretamente do que até agora. Não temas, meu bondoso irmão; a vossa vida não está se apagando e não se extinguirá, antes que tenhas completado a vossa missão. Eu não posso dizer nada mais, exceto que o Chohan me permitiu devotar o meu tempo disponível para instruir aqueles que estão querendo aprender, e tereis bastante trabalho para dar a conhecer seus Fragmentos em intervalos de dois ou três meses. Meu
tempo é muito limitado, entretanto, farei o que puder. Mas não posso prometer nada além disso. Tenho que permanecer silencioso quanto aos Dyan Chohans, nem posso vos transmitir os segredos referentes aos homens da sétima ronda. O reconhecimento das fases mais elevadas do ser humano neste planeta não pode ser alcançado pela mera aquisição de conhecimento. Volumes da informação mais perfeitamente construída não podem revelar ao homem a vida nas regiões superiores. Temos que obter um conhecimento dos fatos espirituais pela experiência pessoal e pela observação direta, pois, como diz Tyndall, "os fatos olhados diretamente são vitais, quando eles am a ser palavras, metade da seiva é retirada deles". E porque reconheceis esse grande princípio de observação pessoal, e não sois lento para por em prática o que já adquiristes quanto à informação útil, é talvez a razão porque o até agora implacável Chohan, meu Mestre, finalmente me permitiu dedicar, até um certo ponto, uma parte do meu tempo ao progresso dos Ecléticos. Mas eu sou somente um enquanto vós sois muitos, e nenhum dos meus Companheiros Irmãos, com a exceção de M.5 me auxiliará neste trabalho, nem mesmo o nosso semi-europeu Irmão Grego, o qual, há poucos dias atrás comentou que, quando "cada um dos Ecléticos da Colina se tiver convertido num Céptico, então ele verá o que pode fazer por eles." E como sabeis, há muito pouca esperança para isso. Os homens buscam o conhecimento e se esgotam até a morte, mas mesmo eles não se sentem muito pacientes para auxiliar o próximo com seu conhecimento; daí nasce uma frieza, uma indiferença mútua que torna aquele que sabe, inconsistente consigo mesmo e desarmonioso com o seu ambiente. Do nosso ponto de vista, o mal é muito mais grave na parte espiritual do homem do que na material; por isso, daí os meus sinceros agradecimentos para vós, e o meu desejo de solicitar a vossa atenção para esta atitude, que o ajudará a progredir verdadeiramente, e a obter resultados mais amplos ao converter os seus conhecimentos num ensinamento permanente, sob a forma de artigos e panfletos. Mas, para conseguir o que propusestes, isto é, para uma compreensão mais clara das teorias de nossa doutrina oculta, extremamente difíceis e a princípio incompreensíveis nunca permitais que a serenidade de vossa mente seja perturbada durante as horas de vosso trabalho literário, nem antes de começar o trabalho. É sobre a serena e plácida superfície da mente sem perturbações que as visões procedentes do invisível
encontram a sua representação no mundo visível. De outra ,maneira, buscaríeis em vão aquelas visões, aqueles lampejos de súbita luz que já ajudaram a resolver tantos problemas menores, e que unicamente podem trazer a verdade diante dos olhos da alma. É com zeloso cuidado que devemos proteger o nosso plano mental de todas as influências adversas com que nos deparamos diariamente, em nossa agem pela vida terrena. Muitas São as perguntas que me fazeis e vossas várias cartas, mas eu só posso responder a umas poucas. A respeito de Eglinton, rogo que espereis pelos desdobramentos. Com relação à vossa bondosa senhora, a questão é mais séria e eu não posso assumir a responsabilidade de fazer que ela mude a sua dieta tão ABRUPTAMENTE como sugeris. Ela pode abandonar a carne e todo outro alimento animal em qualquer momento, sem perigo para ela: quanto ao álcool com o qual a senhora H. sustentou por tanto tempo o seu organismo, conheceis bem os efeitos fatais que poderiam produzir-se em sua debilitada constituição, se fosse repentinamente privada de seu estimulante. A sua vida física não é uma existência real, sustentada por uma reserva de força vital, mas sim, uma existência artificial sustentada pela essência da bebida alcoólica, por mais pequena que seja a dose. Se bem que uma constituição forte pode recuperar-se depois do primeiro choque produzido por semelhante mudança, é provável que ela caísse em um declínio. O mesmo ocorreria se tivesse como sustento principal o ópio ou o arsênico. Novamente nada prometo mas farei o melhor que puder nesse caso. "Conversar convosco e ensinarvos através da luz astral?" Tal desenvolvimento de vosso poder psíquico da audição, como designais o Siddhi, não seria, de modo algum, tão fácil com imaginais. Isso nunca foi feito para qualquer um de nós, pois a regra de ferro é que quaisquer poderes que o indivíduo adquire, tem que consegui-los pessoalmente. E quando alcançados, e prontos para o uso, os poderes continuam mudos e adormecidos na sua potencialidade, como o mecanismo de relojoaria que está dentro de uma caixa de música; e só então resulta fácil dar corda com uma chave e colocá-lo em movimento. Naturalmente tendes agora mais facilidades diante de vós que o meu amigo zoófago, o senhor Sinnett, que, ainda que abandonasse o hábito de alimentar-se de animais ainda sentiria apego por esse alimento, um apêgo sobre o qual não teria controle algum e, - em cujo caso o impedimento seria o mesmo. Apenas disso, todo homem
ardentemente disposto pode adquirir praticamente tais poderes. Essa é a finalidade disso; não há aqui distinção de pessoas como não há acerca de quem o sol há de iluminar ou o ar, de vitalizar. Tendes diante de vós os poderes de toda natureza; tomai o que quiserdes. Pensarei acerca da vossa sugestão sobre a caixa. Haverá necessidade de algum dispositivo para impedir a descarga de força, uma vez que a caixa estiver carregada, seja durante o transporte ou depois. Eu pensarei e me aconselharei, ou melhor, pedirei permissão. Mas devo dizer que a idéia nos desagrada inteiramente, como tudo que parece espírita ou ligado à mediunidade. Preferiríamos muito mais usar meios naturais como fiz na última transmissão da minha carta que vos enviei. Foi um dos chelas de M. que a deixou para vós na floreira, onde ele entrou invisível para todos, mas no seu corpo natural, assim como ele já entrou muitas vezes no vosso museu e noutros quartos, sem ser percebido por todos, durante e após a estadia da "Velha Senhora". Mas, ao menos que M. lhe ordene, ele jamais o fará, e eis porque a vossa carta para mim ou desapercebida. Tendes um injusto sentimento em relação ao meu Irmão, caro senhor, pois ele é o melhor e mais poderoso do que eu - pelo menos não está tão limitado e restringido como eu. Pedí a H. P. B. que vos envie algumas cartas filosóficas de um teósofo holandês de Pennang, em que tenho interesse; pedis mais trabalho e aqui o tendes. São traduções originais daqueles trechos de Schoppenhauer que estão mais afins com as nossas doutrinas dos Arhats. O inglês não é idiomático, mas o material é valioso. Se quiserdes utilizar qualquer parte, recomendo que entreis em correspondência direta com o tradutor, senhor Sanders, M. S. T. O valor filosófico de Schoppenhauer é tão bem conhecido nos países ocidentais que uma comparação ou comentário de seus ensinamentos sobre a vontade, etc., com as que recebestes de nós, poderia ser instrutiva. Sim, estou pronto a examinar as vossas 50 ou 60 páginas e fazer anotações nas margens; de qualquer modo, uma vez ordenadas, remetei-as para mim, seja por meio do pequeno "Deb" ou de Damodar, e Djual Kool as transmitirá. Dentro de poucos dias, talvez amanhã, as vossas duas perguntas serão amplamente respondidas por mim. Enquanto isso Sinceramente vosso,
K. H. P.S.: A tradução Tibetana ainda não está pronta.
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 012 (Do Mestre M. para Sinnett. Recebida em Fevereiro de 1882.) Com toda probabilidade, esta carta se origina da Carta nº.44 (CM-13), que consistia de questões feitas por Sinnett e de respostas pelo Mahatma M. e é intitulada por Sinnett como "Notas Cosmológicas". Vossa hipótese está muito mais perto da verdade do que a do Sr. Hume. Dois fatores devem ser levados em consideração - (a) um período fixo, e (b) um ritmo de desenvolvimento que lhe é ajustado com precisão. Quase inconcebivelmente longo como é uma Mahayuga, não deixa de ser, entretanto, um prazo definido, e dentro dele deve-se realizar a ordem completa de desenvolvimento, ou para melhor expressar em terminologia oculta, a descida do Espírito na matéria e seu retorno a reemergência. Uma fileira de contas, e cada conta sendo um mundo, é uma ilustração que já vos é familiar. Já refletistes sobre o impulso de vida que começa com cada Manvantara para fazer evoluir o primeiro desses mundos, para aperfeioá-lo, e para povoá-lo sucessivamente com todas as formas aéreas de vida. E depois de haver completado neste primeiro mundo sete ciclos ou evoluções de desenvolvimento em cada reino, como sabeis - segue avançando pelo arco descendente para do mesmo modo, evoluir o
próximo mundo na cadeia, aperfeiçoá-lo e abandoná-lo. Logo a ao seguinte e a outro e outro mais - até que tenha cumprido a ronda setenária de evolução dos mundos ao longo da cadeia, e a Mahayuga chegue ao seu fim da vida (na sétima e última ronda de planeta em planeta) avança, deixa atrás de si planetas moribundos, que muito pronto se converterão em "planetas mortos". Tão logo o último homem da sétima ronda ou ao mundo seguinte, o mundo anterior, com toda a sua vida mineral, vegetal e animal, (exceto o homem) começa a morrer gradualmente até que, com o êxodo dos últimos animálculos se extingue, ou como disse H. P. B., se apaga (pralaya menor ou parcial). Quando o homemEspírito chega a última conta da fileira e a ao Nirvana final, este último mundo também desaparece ou a para a subjetividade. Desta forma, entre as galáxias estelares, há o nascimento e mortes de mundos, sempre um após o outro, no ordenado curso da Lei natural. E, como já foi dito, a última conta continua enfiada no fio da "Mahayuga". Quando nesta última e fecunda Terra se completou o último ciclo da gestação humana, e a humanidade alcançou em massa a etapa do Budado e a da existência objetiva ao mistério do Nirvana, então "soa a hora", o visível se torna invisível, o concreto reassume seu estado precíclico de distribuição atômica. Mas os mundos mortos deixados para trás pelo impulso envolvente não continuam mortos. O movimento é a ordem eterna das coisas e a afinidade ou atração é o seu ajudante em tudo. A vibração da vida novamente reunirá os átomos, e novamente atuará no planeta inerte quando chegar a hora. Embora todas as suas forças tenham permanecido em status quo e estejam agora adormecidas, no entanto, pouco a pouco, quando voltar a soar a hora, se reunirão para um novo ciclo de maternidade geradora de homens, e darão nascimento a tipos físicos e morais algo ainda mais elevado do que no precedente Manvantara. E seus "átomos cósmicos já num estado diferenciado (diferenciando-se, no sentido mecânico, em status quo, como também os globos e tudo o mais no processo de formação." Tal é a "hipótese que está de pleno acordo com a vossa (minha) nota." Pois, como o desenvolvimento planetário é tão progressivo como a evolução humana ou racial, na ocasião de seu advento, o Pralaya alcançará a série de mundos em suas sucessivas etapas de evolução; ou seja, cada um chegou a algum dos períodos de
progresso evolutivo, e ali se detém, até que o impulso de expansão do próximo Manvantara o ponha em marcha, desde o ponto em que parou, como ocorre com um relógio parado a que se voltou a dar corda. Por isso usei a palavra "diferenciado". Ao chegar o Pralaya, nenhum homem, animal, ou mesmo entidade vegetal estará vivo para vê-lo, mas haverá a terra, ou globos com seus reinos minerais; e todos esses planetas estarão fisicamente desintegrados no pralaya, mas não destruídos; pois eles têm o seu lugar na seqüência de evolução e suas "privações", voltando a sair da subjetividade, encontrarão o ponto exato de onde devem seguir movimentando-se ao redor da cadeia de "formas manifestadas". Isto, como sabemos, se repete indefinidamente por toda a ETERNIDADE. Cada homem, cada um de nós seguiu esta ronda sem fim, e a repetirá eternamente. O desvio do curso de cada um e seu ritmo de progresso, de Nirvana ao Nirvana, está regido por causas que ele mesmo cria como conseqüência das exigências nas quais ele próprio se encontra aprisionado. Este quadro de uma eternidade de ação, pode desanimar aquelas mentes que são acostumadas a esperar uma existência de repouso perpétuo. Mas o conceito dessas mentes não está apoiado pelas analogias da Natureza, nem pelos ensinamentos de vossa Ciência ocidental, se me permite dizer, por mais ignorante que me considere nesta ciência. Nós sabemos que os períodos de atividade e repouso se seguem uns aos outros em todas as coisas na Natureza, desde o macrocosmos com os seus sistemas solares até o homem e sua mãe Terra, que tem as suas estações de atividade seguidas pelas de sono; e que, em resumo, toda a Natureza, com suas formas vivas geradas, tem o seu tempo de recuperação. Ocorre o mesmo com a individualidade espiritual, a Mônada que inicia seu movimento de rotação cíclica de descenso e ascensão. Os períodos que medeiam entre cada "ronda" manvantárica, são proporcionalmente grandes para recompensar as milhares de existências adas em vários globos; enquanto o tempo entre cada "nascimento de raça" - ou anéis como vós o chamais - é suficientemente longo para recompensar qualquer vida de luta e de miséria durante o lapso de tempo ado na bem-aventurança consciente após o renascimento do Ego. Conceber uma eternidade de bem-aventurança ou de sofrimento como resultado de qualquer ação de mérito ou demérito de um ser que possa ter vivido um
século ou até um milênio se quiser, em corpo físico, é algo que somente pode ser proposto por alguém que nunca captou a esmagadora realidade da palavra Eternidade, nem refletiu sobre a lei da perfeita justiça e equilíbrio que impregna toda a Natureza. É possível que vos sejam dadas outras instruções que mostrarão como é perfeitamente realizada a justiça, não só para o homem, mas também para os seus subordinados e lançarão alguma luz, assim o espero, sobre a debatida questão do bem e do mal. E agora, para coroar este meu esforço (o de escrever) posso igualmente pagar uma velha dívida respondendo uma antiga pergunta sua, relativa às encarnações terrenas. Koot Hoomi responde a algumas de suas perguntas - pelo menos começou a escrever ontem, mas foi chamado às suas obrigações - mas de qualquer modo eu posso ajudá-lo. Confio que não tereis muita dificuldade, não tanta como até agora, ao decifrar a minha carta. Tornei-me um escritor muito claro desde que ele me reclamou que lhe fiz perder o vosso valioso tempo com os meus garranchos. A sua recriminação surtiu efeito e como vedes emendei os meus maus hábitos. Vejamos o que diz a sua Ciência sobre a Etnografia e outros assuntos. As últimas conclusões a que os vossos sábios ocidentais parecem ter chegado a formular resumidamente são as seguintes. Tomei a liberdade de sublinhar em azul as teorias aproximadamente corretas. (1) Os vestígios mais antigos do homem que eles podem encontrar desaparecem depois do fim de um período do qual os fósseis de suas rochas, proporcionam a única pista que eles possuem: (2) Tomando isso como ponto de partida, eles encontram quatro raças de homens que sucessivamente habitaram a Europa: a) a raça do rio Drift - poderosos caçadores (talvez Nimrod?) que viveram no clima então sub-tropical da Europa ocidental. E usavam utensílios de pedra lascada do tipo mais primitivo, e foram contemporâneos do rinoceronte e do mamute; b) os chamados homens das cavernas, raça desenvolvida durante o período glacial, (da qual os esquimós são agora. segundo dizem, o único tipo), e que possuíam armas e utensílios de pedra lascada mais aperfeiçoados, pois que faziam, com maravilhosa exatidão, desenhos que representavam os diversos animais que lhes eram familiares, sobre os chifres de
rena e sobre ossos e pedras, apenas com a ajuda de pedaços aguçados de silex; c) a terceira raça - os homens da era neolítica, que já poliam os seus utensílios de pedra, construíam casas e botes e faziam objetos de olaria, em resumo - os moradores nos lagos da Suíça; e finalmente (d) aparece a quarta raça, vinda da Ásia Central. São os Ários de pele branca que casaram-se com os remanescentes dos escuros íberos, representados atualmente pelos bascos morenos da Espanha. Esta é a raça que eles consideram como sendo os progenitores de vossos povos modernos da Europa. (3) Eles acrescentam, ademais, que os homens do rio Drift precederam ao período glacial conhecido na geologia como Pleistoceno e tiveram a sua origem há uns 240.000 anos, enquanto que, geralmente, humanos (veja Geilie, Dawkins, Fiske e outros) habitavam a Europa pelo menos 100.000 anos mais cedo. Com uma solitária exceção, eles todos estão errados. Eles chegaram bem perto, mas não acertaram em nenhum caso. Não houveram quatro, e sim cinco raças; e nós mesmos somos esta quinta, com remanescentes da quarta (uma evolução ou raça mais perfeita com cada ronda mahacíclica), enquanto que a primeira raça não apareceu sobre a Terra há meio milhão de anos, segundo a teoria de Fiske, e sim há vários milhões. A última teoria científica é a dos professores alemães e americanos que dizem, pela boca de Fiske: "vemos o homem vivendo sobre a Terra, possivelmente durante meio milhão de anos, mas praticamente mudo." Ele tem e não razão. Está certo quanto a que a raça era "muda", pois se necessitaram longas idades de silêncio para a evolução e a mútua compreensão da linguagem, desde os gemidos e grunhidos da primeira diferenciação do homem em relação ao antropóide mais elevado (raça hoje extinta pois a Natureza "fecha a porta atrás de si", em mais de um sentido, a medida que avança) até o primeiro homem que emitiu monossílabos. Mas se equivoca ao dizer o resto. A propósito, deveríeis chegar a algum acôrdo quanto ao termos usados para discutir as evoluções cíclicas. Nossos termos são intraduzíveis; e sem um bom conhecimento de todo nosso sistema, (que não se pode dar a não ser aos iniciados normais) nada sugeririam de definido para a vossa percepção, e só seriam uma fonte de confusão, como é o caso de todos os escritores
metafísicos, especialmente os espíritas, com os termos "Alma" e "Espírito". Deveis ter paciência com Subba Row. Dê-lhe tempo. Ele está agora em seu tapas e não deve ser perturbado. Eu lhe direi que não vos negligencie, mas ele é muito ciumento e considera ensinar a um inglês como sendo um sacrilégio. Seu, M. P.S. Minha escrita é boa mas o papel é um pouco fino para escrever com pena. Não posso, entretanto, escrever inglês com um pincel; seria pior.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 013 Recebida em 28 de Janeiro de 1882 em Allahabad. Notas e perguntas sobre cosmologia e as respostas de M.1 Esta carta é a primeira na coleção a tratar especifica e exclusivamente dos ensinamentos. É também uma das poucas onde vemos usados os dois lados da correspondência. Nos originais do Museu Britânico a disposição é mais curiosa. As perguntas de Sinnett estão do lado esquerdo das folhas, e as respostas do Mahatma estão colocadas no lado direito. Se o espaço era insuficiente, o Mahatma continuava os seus comentários no verso da folha. Em uns poucos casos ele
usou mesmo uma folha adicional de papel, porque as suas respostas são muito maiores do que as questões. Deve-se lembrar que na carta escrita por Djual Khul para o Mahatma K.H., quanto este retornou de seu longo retiro (Carta nº.37 - CM-37), ele mencionou que o Mahatma pediu a Sinnett para continuar com os seus estudos metafísicos e "não se abandonar ao desespero sempre que vos deparardes com idéias incompreensíveis nas notas de M. Sahib" (Hume). Este comentário se referia às respostas de M. para as perguntas de Hume que se acham no Apêndice II das cartas de H.P. Blavatsky para A.P. Sinnett (Veja Apêndice III neste livro). Sinnett tinha sido instruído a copiar aquelas notas (veja segundo parágrafo das cartas de H.P.B. para Sinnett - 4 no Apêndice). Ele o fez e as respostas levantaram muito mais questões em sua mente, que mais tarde ele apresentou a M. Elas são respondidas nesta carta. Veja também a Carta nº.42 (CM-43): O Mahatma M. promete "abordar a vossa "cosmologia" tão logo esteja "desobrigado". Isto referese a esta carta nº.13. Os dois conjuntos de "Notas Cosmológicas" são, é claro, suplementares, mas não devem ser misturadas. (1) Eu concebo que no encerramento de um pralaya o impulso dado pelos Dhyan Chohans não desenvolve do caos, uma sucessão de mundos, simultaneamente, e sim seriatim. A compreensão da maneira pela qual cada um sucessivamente emana de seu predecessor em conseqüência do impacto comunicado pelo impulso original, poderia melhor ser postergada até que eu possa compreender o trabalho de toda a máquina - ciclo dos mundos - após todas as suas partes terem vindo existir. (1) Corretamente concebido. Nada na Natureza chega à existência repentinamente, tudo está sujeito à mesma lei de evolução gradual. Uma vez que compreendeis o processo do maha-ciclo de uma esfera, tereis compreendido a todos. Um homem nasce como outro, uma raça evolui, se desenvolve e declina como a outra e como todas as outras raças. A Natureza segue o mesmo curso, desde a "criação" de um universo até a de um mosquito. Ao estudar a cosmogonia esotérica, mantende a vista espiritual no processo fisiológico do nascimento humano; prossigai da causa ao efeito, estabelecendo, à medida que prosseguis, analogias entre o nascimento de um homem e de um mundo. Em nossa Doutrina notareis a necessidade de seguir o método sintético: tereis de abranger o conjunto, isto é,
fundir o macrocosmos e o microcosmos, antes de estardes capacitado para estudar as partes separadamente ou analisá-las com proveito para o seu entendimento. A Cosmologia é a fisiologia do Universo espiritualizado, porque não existe mais que uma Lei. (2) Tomando o meio de um período de atividade entre dois pralayas, isto é, de uma manvantara - o que penso que ocorra é o seguinte. Os átomos são polarizados na mais alta região de influxo espiritual por trás do véu da matéria cósmica primitiva. O impulso magnético que realizou isso, a rapidamente de uma forma mineral para outra, dentro da primeira esfera, até que, tendo já percorrido a ronda de existência nesse reino da primeira esfera, desce à segunda esfera, numa corrente de atração. (2) Polarizam-se durante o processo de movimento e impelidos pela Força irresistível em operação. Na Cosmogonia e no trabalho da Natureza, as forças positivas e negativas, ou ativas e ivas correspondem aos princípios masculino e feminino. O vosso influxo espiritual não vem "detrás do véu", mas é a semente masculina caindo no véu da matéria cósmica. O ativo é atraído pelo princípio ivo e o Grande Nag, a serpente, emblema da eternidade, atrai a sua cauda para a sua boca formando assim em círculo (ciclos na eternidade) naquela incessante busca do negativo pelo positivo. Daí o emblema do lingam, do phallus e o kteis. O único e principal atributo do princípio espiritual universal - o inconsciente mas sempre ativo doador da vida - é o de expandir-se e derramar-se: o do princípio material universal é recolher e fecundar. Inconscientes e não existentes, quando separados, eles se tornam consciência e vida quando trazidos juntos. Daí novamente - Brahma, da raiz "brih" a palavra sânscrita para "expandir, crescer ou frutificar, sendo Brahma a força vivificante expansiva da Natureza na sua evolução eterna. (3) Os mundos dos efeitos se interpõem entre os mundos da atividade na série de descidas? (3) Os mundos dos efeitos não são lokas ou localidades. Eles são a sombra do mundo das causas, suas almasmundos que possuem, como os homens, seus sete princípios, que se desenvolvem e crescem simultaneamente com o corpo. Deste modo, o corpo do homem está unido ao corpo do seu planeta e permanece para sempre dentro dele; seu princípio de vida individual,
ou jivatma, aquele que na fisiologia se chama espírito animal, retorna, depois da morte, à sua fonte, Fohat; seu Linga Shariran será absorvida no Akasa; seu Kamarupa se recombinará com o Sakti Universal - a Força Vontade, ou energia universal; sua "alma animal", tomada por empréstimo do alento da Mente Universal, retornará aos Dhyan Chohans; o seu sexto princípio quer absorvido ou ejetado da matriz do Grande Princípio ivo tem que permanecer na sua própria esfera seja como uma parte do material cru ou como uma entidade individualizada para renascer num mundo superior das causas. O sétimo o levará do Devachan e seguirá ao novo Ego ao seu lugar de renascimento. (4) O impulso magnético que não pode ser concebido como uma individualidade - entra na segunda esfera, no mesmo reino (o mineral) ao qual pertencera na esfera primeira, e completa ali a ronda de encarnações minerais, ando, então, para a terceira esfera. A nossa Terra é ainda uma esfera necessária para ele. Daí a a uma série ascendente - e da mais alta dessas, a ao reino vegetal da primeira esfera. Sem qualquer novo impulso de força criativa vinda de cima, sua carreira através do ciclo dos mundos como um princípio mineral desenvolveu algumas novas atrações ou polarização que o leva a assumir a mais baixa das formas vegetais - nas formas vegetais ele a sucessivamente através de um ciclo de mundos, sendo tudo isso, ainda, um círculo de necessidade (já que não se pode atribuir responsabilidade a uma individualidade inconsciente, e, portanto, esta não pode ainda, em nenhuma etapa do seu progresso, fazer algo para escolher uma ou outra das divergentes sendas). Ou, existirá algo, mesmo na vida de um vegetal, que embora sem responsabilidade, possa levá-lo para cima ou para baixo, neste estágio crítico do seu progresso? Tendo completado todo o ciclo como vegetal, a crescente individualidade expande-se no próximo circuito numa forma animal. (4) A evolução dos mundos não pode ser considerada separada da evolução de tudo criado ou existente nestes mundos. Os conceitos de cosmogonia por vós itidos - seja do ponto de vista teológico ou do científico - não vos permitem resolver um simples problema antropológico ou mesmo étnico, e eles se atravessam no vosso caminho cada vez que tratais de decifrar o problema das raças neste planeta. Quando um homem
começa aa falar da criação e da origem do homem, está incessantemente indo de encontro aos fatos. Continuai dizendo: "Nosso planeta e o homem foram criados" - e estareis lutando sempre contra a dura realidade, analisanda e perdendo tempo em detalhes sem importância, incapaz de compreender o todo. Mas tudo ficará mais claro uma vez que itais que o nosso planeta e nós mesmos não somos mais "criações" do que as neves que tenho atualmente diante de mim (na casa do nosso K. H.) mas que ambos, o planeta e o homem, são estados correspondentes a um determinado tempo; que seus aspectos presentes geológico e antropológico - são transitórios, e apenas uma condição concomitante com aquele estado de evolução a que chegaram no ciclo descendente. Compreendereis facilmente o que se quer dizer por "um único" elemento ou princípio no Universo, sendo aquele andrógino; a serpente de sete cabeças Ananta de Vishnu, a Naga que rodeia o Buda, o grande dragãoeternidade que morde com a sua cabeça ativa a sua cauda iva, e de cujas emanações nascem os mundos, seres e coisas. Compreendereis a razão pela qual o primeiro filósofo proclamou que o TODO é Maya, exceto aquele princípio uno que só descansa durante os maha-pralayas, "as noites de Brahma" ... Pensai agora: a Naga desperta. Exala o seu hálito poderoso, que é enviado como choque elétrico através do "fio" que envolve o Espaço. Ide até o vosso piano e executai no seu teclado as sete notas da oitava mais baixa - ascendendo e descendendo. Comece pianíssimo, crescendo a partir da primeira nota e tendo golpeado fortíssimo na última nota desta oitava, retrocedei, diminuindo, até produzir na última nota um som quase imperceptível - "morrendo pianíssimo" (como encontro por sorte, para este meu exemplo, impresso em uma das peças musicais guardadas na velha maleta de K. H.). A primeira e a última nota representam para vós a primeira e a última esfera no ciclo da evolução - a mais alta, a que tocais uma só vez, é o nosso planeta. Recordai que tendes de inverter a ordem no piano; começai com a sétima nota, não com a primeira. As sete vogais cantadas pelos sacerdotes Egípcios para os sete raios do sol nascente as quais respondia Memnon, significavam somente isso. O PRINCÍPIO VITAL UNO, quando está em ação, atua em CIRCUITOS, como é mesmo conhecido pela Ciência Física. Percorre a ronda no corpo humano, no qual a cabeça representa e é para o Microcosmos (mundo físico da matéria) o que o pináculo do ciclo é para o Macrocosmos (o mundo das
Forças espirituais universais); e o mesmo ocorre com a formação dos mundos e o grande "círculo de necessidade". Tudo é uma só Lei. O homem tem os seus sete princípios, cujos germens ele traz ao seu nascimento. Assim ocorre num planeta ou num mundo. Da primeira até a última, cada esfera tem o seu mundo de efeitos, e a agem por ele proporcionará um lugar de repouso final a cada um dos princípios humanos, excetuando-se o sétimo. O mundo nº.A nasceu; e com ele, em seu primeiro sopro de vida, como mariscos presos ao casco de um navio em movimento, evoluem os seres vivos de sua atmosfera, dos germens até então inertes, e agora despertando para vida com o primeiro movimento da esfera. Com a esfera A, principia o reino mineral, que percorre a ronda da evolução mineral. Quando esta se completa, a esfera B se torna objetiva e atrai para si a vida que já completou a sua ronda na esfera A e que se converteu num EXCEDENTE, (a fonte da vida é inesgotável, pois é a verdadeira Araché, fadada a tecer eternamente a sua tela, salvo nos períodos de pralaya). Logo advém a vida vegetal na esfera A e o mesmo processo se verifica. No seu curso descendente "a vida" se torna cada vez mais densa, mais material; em seu curso ascendente, mais indistinta. Não, não existe, nem pode existir nenhuma responsabilidade, até o tempo em que matéria e espírito estejam adequadamente equilibrados. Até chegar ao homem a "vida" não tem responsabilidade de qualquer forma; como ocorre com o feto que, no ventre materno, a através de todas as formas de vida - como um mineral, um vegetal, um animal para se tornar, finalmente, um homem. (5) De onde recebe o homem o seu quinto princípio, a alma animal? Tem a sua potencialidade deste princípio residido desde o início no impulso magnético original que constitui o mineral, ou em cada transição desde o último mundo no lado ascendente até a esfera I, a, por assim dizer, através de um oceano de espírito e assimila algum novo princípio? (5) Como vistes, o seu quinto princípio evoluiu de dentro de si mesmo, tendo o homem como bem dizeis, "a potencialidade" de todos os sete princípios em germem, desde o primeiro instante em que ele aparece no primeiro mundo das causas como um sopro indistinto, que se coagula e se solidifica junto com a esfera matriz. O Espírito ou VIDA é indivisível. E quando falamos do sétimo princípio, não é nem a qualidade, nem mesmo a
forma que queremos dizer, mas sim o espaço ocupado nesse OCEANO de espírito pelos resultados ou efeitos nele impressos, (benéficos como são todos os de um colaborador da Natureza). (6) Desde a forma animal (não humana) mais elevada, na esfera I, como ela chega à esfera II? É inconcebível que possa descer à forma animal mais baixa desta esfera, mas, como pode, de outro modo, percorrer todo o círculo de vida em cada planeta, sucessivamente? Se ele percorre o seu ciclo numa espiral (isto é, da forma I da esfera I, II, III, etc., e depois para a forma 3 da esfera I... até a última), então, me parece que a mesma regra tem que ser aplicada às individualidades minerais e vegetais, se é que elas são individualizadas; aliás algumas coisas que me disseram parecem contradizer isso. (Apresentai-as, que serão respondidas e explicadas). Agora, no entanto, devo trabalhar conforme essa hipótese. Tendo já percorrido o ciclo na forma animal mais elevada, a alma animal, em seu mergulho seguinte no oceano do espírito, adquire o sétimo princípio que a dota com o sexto. Isto determina o seu futuro na Terra, e ao final da vida terrena, tem suficiente vitalidade para manter uma atração própria do sétimo princípio, ou o perde e cessa de existir como entidade separada. (Tudo isso está mal concebido). O sétimo princípio existe sempre como uma força latente em cada um dos princípios - mesmo no corpo. Como o macrocósmico Todo, esse princípio está presente, mesmo na esfera mais inferior, apesar de que não existe ali nada que possa assimilá-lo. (6) Por que, "inconcebível"? Já que a forma animal mais elevada da esfera I ou A é irresponsável, não há degradação para ela submergir-se na esfera II ou B, na condição mais infinitesimal dessa esfera. Durante o seu curso ascendente, como vos foi dito, o homem encontra mesmo a forma animal mais baixa naquela esfera - mais elevada do que ele próprio era na Terra. Como sabeis que os homens e os animais e mesmo a vida, no seu estágio incipiente, não são mil vezes mais elevados naquela esfera, do que são aqui? Além disso, cada reino (e existem sete - enquanto vós só tendes três) é subdividido em SETE graus ou classes. O homem (fisicamente) é um composto de todos os reinos, e espiritualmente a sua individualidade não piora por estar
encarregada no corpo de uma formiga em vez de estar dentro do de um rei. Não é a forma EXTERNA ou o contorno físico que desonra e polui os cinco princípios mas a perversidade MENTAL. Assim, só quando chega à quarta ronda, ao atingir a completa posse de sua ENERGIA KÂMICA e amadureceu-a completamente, é que o homem torna-se PLENAMENTE RESPONSÁVEL; assim como na SEXTA pode converter-se num Buda, e na sétima, antes do Pralaya, em um "Dhyan Chohan". O mineral, o vegetal, o homem animal, todos têm que percorrer suas sete rondas durante o período de atividade terrestre - o MAHA YUG. Não entrarei aqui em detalhes sobre a evolução mineral ou vegetal, somente me referirei ao homem - ou - homem-animal. Começa a sua decida como uma entidade simplesmente espiritual - um sétimo princípio inconsciente (um PARABRAHMAN em contraste com o PARA-PARABRAHM) - com os germens dos outros seis princípios latentes ou adormecidos nele. Ganhando solidez em cada esfera ao ar os seus seis princípios pelo mundo dos efeitos, e a sua forma exterior nos mundos das causas (para esses mundos ou etapas do arco descendente nós temos outros nomes), quando chega ao nosso planeta é apenas um glorioso feixe de luz sobre uma esfera, que é em si pura e impoluta (porque o gênero humano e cada coisa vivente no planeta aumentam a sua materialidade com o planeta). Nesse estágio o nosso globo é como a cabeça de uma criança recém-nascida - macia e com traços indefinidos - e o homem uma ADÃO antes que SE INSULFLASSE EM SUAS NARINAS O HÁLITO DA VIDA, (para citar as vossas próprias e enredadas Escrituras para a vossa melhor compreensão). Para o homem e a Natureza (de nosso planeta) é dia - o primeiro (veja a tradição distorcida em vossa Bíblia). O homem nº.1 faz sua aparição no ápice do círculo das esferas, na Esfera nº.1 , depois de haver completado as sete rondas ou períodos dos dois reinos (por vós conhecidos) e assim, se diz que foi criado no oitavo dia (veja a Bíblia, Capítulo II; notai os versículos 5 e 6 e pensai o que se quis ali dizer por "nevoeiro", e o versículo 7, no qual a LEI, o grande modelador universal, é denominada de "Deus" pelos Cristãos e Judeus e compreendida como EVOLUÇÃO pelos Kabalistas). Durante essa primeira ronda, o "homem animal" recorre, como dizeis, o seu ciclo em uma espiral. No arco descendente - de onde ELE PARTE, DEPOIS DE HAVER COMPLETADO A SÉTIMA RONDA DA VIDA ANIMAL, em suas próprias SETE rondas individuais, ele tem que entrar em cada esfera não como um ANIMAL INFERIOR, como entendeis, mas como um HOMEM
INFERIOR, pois, durante o ciclo que procedeu a sua ronda como homem, ele o percorreu como o tipo mais elevado de animal. Seu "Senhor Deus", diz a Bíblia, Capítulo I, versículos 25 e 26, depois de ter feito tudo, disse: "Façamos o homem a nossa imagem", etc., e criou o homem - UM SÍMIO ANDRÓGINO! (extinto em nosso planeta) a mais alta inteligência no reino animal e cujos descendentes encontrareis nos antropóides atuais. Negareis a possibilidade de que o mais elevado antropóide, na esfera próxima, seja superior em inteligência a alguns homens, aqui na Terra, selvagens, por exemplo, a raça pigmeu da África e os nossos próprios vedhas do Ceilão? Mas o homem não tem que ar por semelhante "degradação", uma vez que alcançou a quarta etapa de suas rondas cíclicas. Assim como as VIDAS e seres inferiores, durante a sua primeira, segunda e terceira ronda, e enquanto ele seja um conjunto irresponsável de matéria PURA e espírito PURO, (nenhum deles ainda maculados pela consciência de suas possíveis finalidades e aplicações) procedente da esfera I, onde ele cumpriu a sua ronda setenária local de evolução, desde o grau inferior da espécie mais elevada - digamos - de antropóides, até o homem rudimentar, entra certamente na esfera nº.2 na qualidade de SÍMIO (uso essa palavra para vossa melhor compreensão). Nesta ronda ou etapa, sua individualidade está tão adormecida nele, como a de um feto durante o seu período de gestação. Não tem consciência, nem sensibilidade, porque começa como um homem astral rudimentar, e chega ao nosso planeta como um homem físico primitivo. Até agora é meramente uma continuidade de movimento mecânico. A vontade e a consciência são ao mesmo tempo auto determinantes e determinadas por causas, e vontade do homem, sua inteligência e sua consciência, só despertarão quando o seu quarto princípio, KAMA, estiver amadurecido e completado por seu o (seriatim) com as forças Kâmicas ou energizantes de todas as formas pelas quais o homem ou durante as suas três rondas anteriores, a humanidade atual encontra-se em sua QUARTA Ronda (a humanidade entendida como um gênero, uma espécie, não como RAÇA, nota bene), do ciclo evolutivo pós-pralayco; e como as suas diferentes raças, também as entidades individuais nelas, cumprem inconscientemente seus ciclos terrestres setenários LOCAIS, daí a enorme diferença em seus graus de inteligência, energia e assim por diante. Agora, cada individualidade será seguida, no seu arco ascendente, pela lei da retribuição - Karma e morte, conseqüentemente. O homem perfeito ou a
entidade que alcançou a perfeição plena (por haver amadurecido cada um dos seus sete princípios) não renascerá aqui. Seu ciclo local terrestre se completou, e tem que seguir avançando, ou ser aniquilado com uma individualidade. (As entidades incompletas têm que renascer, reencarnar). Em sua quinta ronda, depois de um Nirvana parcial, quando já se alcançou o zênite do grande ciclo, daí em diante eles se farão responsáveis em sua descida de esfera em esfera, já que deverão aparecer sobre esta Terra como uma raça ainda mais perfeita e intelectual. Este curso descendente ainda não começou, mas logo começará. Só que, quantos, mas quantos serão destruídos no caminho! O que foi dito antes é a regra. Os Budas e os AVATARES formam a exceção, e, na verdade temos, ainda, alguns AVATARES deixados para nós na Terra. (7) Tendo a alma animal, em sucessivas agens em volta do ciclo, perdido, digamos, o impulso que a levava para além da divergente senda descendente, que aqui se abre, cai no mundo inferior durante o ciclo relativamente breve no qual a sua individualidade se dissipa. Mas isso seria somente no caso em que a alma animal não tivesse, em sua união com o espírito, desenvolvido um sexto princípio durável. Se o tivesse feito, e se o sexto princípio, atraindo para si a individualidade do homem completo, tivesse debilitado, ao fazer isso, o quinto princípio inferior - como a flor do aloés quando se abre murcha as folhas - então a alma animal não teria bastante coesão para entrar numa outra existência no mundo inferior e logo desapareceria na esfera de atração desta Terra. (7) Se reformardes os vossos conceitos de acordo com o que vos disse acima compreendereis melhor agora. Toda a individualidade é centrada nos três princípios médios, ou seja, o terceiro, o quarto e o quinto. Durante a vida terrestre ela está toda no quarto, o centro de energia, volição, a vontade. O Sr. Hume definiu perfeitamente a diferença entre a personalidade e individualidade. A primeira apenas sobreviver; a última, para percorrer com êxito seus cursos setenários descendente e ascendente, tem de incorporar em si mesma a vida-força eterna que reside somente no sétimo princípio e então unir os três (quarto, quinto e sétimo) em um - o sexto. O que chegam a fazê-lo se
convertem em Budas, Dhyan Chohans, etc. O propósito principal de nossos esforços e iniciações, é alcançar esta união enquanto estamos sobre esta Terra. Aqueles que tiverem êxito nada terão a temer durante as rondas quinta, sexta e sétima. Mas isso é um mistério. Nosso amado K. H. está em seu caminho até a meta - a mais elevada de todas nesta esfera e mais além. Agradeço-vos por tudo que fizestes pelos nossos dois amigos. É uma dívida de gratidão que temos consigo. M. Durante algum tempo não tereis notícias minhas, nem direta nem indiretamente. PREPARAI-VOS.
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Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 014 Carta de K. H. respondendo a perguntas. Recebida por A. O. H. em 9 de Julho de 1882. Hume estava, nessa ocasião, ainda escrevendo a série de artigos para o "The Theosophist", intitulados "Fragmentos da Verdade Oculta". Mais tarde ele cansou-se desta tarefa e Sinnett a continuou, completando a série e mais tarde, com base nela, escreveu o seu livro "Budismo Esotérico". Entretanto, Hume tinha um intelecto agudo e questionador e estava, nessa época, trabalhando estreitamente com Sinnett em uma tentativa mútua de conseguir um conhecimento da filosofia oculta.
Em seqüência à parte de Pergunta e Resposta desta carta, está um esquema preparado pelo Mahatma K.H., chamado de "O Homem em um Planeta", explicado na página seguinte. P. (1) Entendemos que o ciclo da necessidade, gerador do homem no nosso sistema solar, consiste de treze globos objetivos, dos quais o nosso é o mais baixo, estando seis no ciclo ascendente e seis no descendente, com o décimo quarto mais baixo que o nosso. É isso correto? R. (1) O número não completamente correto. Existem sete globos objetivos e sete subjetivos (eu fui autorizado pela primeira vez a dar-vos o número correto), os mundos das causas e os dos efeitos. Entre os primeiros a nossa terra ocupa o ponto inferior de conversão, onde se equilibra o espírito e matéria. Mas não deveis incomodar-vos fazendo cálculos que, mesmo sobre essa base exata, só vos levariam à confusão, porque as infinitas ramificações do número sete (que é um dos nossos maiores mistérios), estão intimamente relacionadas e em interdependência com os sete princípios da Natureza e do homem; esta cifra é a única (que até agora), me foi permitido vos dar. O que puder revelar o farei numa carta que estou terminando. P. (2) Compreendemos que abaixo do homem não reconheceis os três reinos inferiores - como o fazemos (mineral, vegetal e animal) e sim sete. Por favor enumerai esses reinos e os explicai. R. (2) Abaixo do homem há três na região objetiva e três na região subjetiva, formando com o homem um setenário. Dois dos três primeiros não podem ser concebidos a não ser por um iniciado; o terceiro é o Reino Interno, debaixo da crosta terrestre, que poderíamos nomear mas que nos sentiríamos embaraçados em descrever. Estes sete reinos estão precedidos por outras numerosas etapas e combinações setenárias. P. (3) Entendemos que a mônada, ao iniciar no mais elevado mundo da série descendente, aparece lá num envoltório mineral e daí a, através de uma série de sete envoltórios representando as sete classes nas quais é dividido o mundo mineral, e, isso feito, ela a para o próximo planeta onde faz o mesmo (de propósito nada digo dos mundos de resultados, onde a mônada empreende desenvolver o resultado do que foi
experimentado no mundo anterior, e a necessária preparação para o próximo) e assim, sucessivamente, nas treze esferas, o que nos dá 91 existências minerais, a) é isso correto? b) Se o é, que classes devemos considerar no mundo mineral? Também c) como a mônada se livra de um envoltório ando para outro?; no caso da invegetalização e encarnações, a planta e o animal morrem, pois, até onde podemos saber o mineral não morre, portanto, como a mônada sai de uma imetalização e entra em outra durante a primeira ronda? d) e cada molécula separada do mineral tem uma mônada, ou somente a tem aqueles grupos de moléculas nos quais pode-se observar uma estrutura definida, como os cristais? R. (3) Sim; em nossa série de mundos ela começa no Globo "A" da série descendente, e ando através de todas as evoluções preliminares e combinações dos três primeiros reinos, ela se acha ali envolta na sua primeira forma mineral (no qual eu chamo de raça quando falo do homem e no que podemos denominar de classe em geral) da Classe I. Somente que a através de SETE em vez de "treze esferas", mesmo omitindo os "mundos de resultados" intermediários. Depois de ter ado através de suas sete grandes classes de imetalização (uma boa palavra essa) com suas ramificações setenárias - a mônada dá nascimento ao reino vegetal e se move para o próximo planeta "B". a) Como o vê agora, com exceção das cifras. b) Vossos geólogos dividem, creio, as rochas em três grandes grupos: arenitos, granito e calcário, ou seja, o sedimentar, o orgânico e o ígneo, conforme as suas características físicas, assim como os psicólogos e espíritas dividem o homem numa trindade de corpo, alma e espírito. Nosso método é totalmente diferente. Dividimos os minerais (e também os outros reinos) de acordo com suas propriedades ocultas, isto é, de acordo com a proporção relativa dos sete princípios universais que contêm. Eu lamento, mas não posso, não estou autorizado a responder a sua pergunta. Contudo para facilitar-vos uma questão de mera nomenclatura, eu vos aconselharia estudar perfeitamente os sete princípios no homem, e dividir, então, em forma correlativa, as sete grandes classes de minerais. Por exemplo, o grupo sedimentar corresponderia ao corpo composto (falando quimicamente) do homem, ou seja, ao seu primeiro princípio; o orgânico, ao segundo (alguns o chamam de terceiro) princípio ou jiva, etc. Deveis exercitar as vossas próprias intuições nisso. Poderíeis, desta forma,
também, intuir certas verdades mesmo quanto às suas propriedades. Estou mais do que desejoso para vos ajudar, mas as coisas têm que ser divulgadas gradualmente. c) Por osmose oculta. A planta e o animal abandonam suas estruturas quando a vida se extingue. O mesmo faz o mineral, apenas que a intervalos maiores, já que seu corpo rochoso é mais duradouro. O mineral morre ao final de cada ciclo manvantárico ou ao final de uma "Ronda" como o chamareis. Está explicado na carta que estou vos preparando. d) Cada molécula é parte da Vida Universal. A alma do homem (seus princípios Quarto e Quinto) não é senão um composto de entidades desenvolvidas do reino inferior. A superabundância ou preponderância de uma sobra a outra determinará, com freqüência, os instintos e paixões de um homem, a menos que os refreie a suavizante e espiritualizadora influência do seu Sexto Princípio. P. (4) Por favor, notai, que chamamos de Grande Ciclo aquele no qual a mônada executou no reino mineral uma "ronda" que entendemos conter treze (sete) estações ou mundos objetivos mais ou menos materiais. Em cada uma dessas estações ela realiza o que chamamos de "anel mundial", que inclui sete imetalizações, uma em cada das sete classes daquele reino. É isso exato como nomenclatura e correto? R. (4) Creio que isso levará a mais confusão. Concordamos em chamar de Ronda a agem de uma mônada, do globo "A" ao globo "Z" (ou "G"), através do envolvimento em todos e em cada um dos quatro reinos, isto é, como mineral, vegetal, animal e homem ou no reino Dévico. A expressão "anel mundial" é correta. M. aconselhou insistentemente o Sr. Sinnett em se estabelecer uma nomenclatura antes de ir adiante. Até agora vos foram dados uns poucos fatos por CONTREBANDE, ou seja, por CONTRABANDO. Mas agora, como pareceis real e seriamente determinado a estudar e aproveitar nossa filosofia, é a ocasião para que comecemos a trabalhar seriamente. Por estarmos forçados a negar aos nossos amigos o conhecimento profundo da matemática superior não é razão para recusarmos ensinar-lhes a aritmética. A mônada realiza não somente "anéis mundiais" ou sete maiores imetalizações, investigações, animalizações (?) e encarnações - mas uma infinidade de sub-anéis ou giros subordinados, todos em séries setenárias. Assim como o geólogo divide a crosta terrestre em divisões principais, sub-divisões, compartimentos menores e
zonas; e o botânico dispõe suas plantas em ordens, classes e espécies, e o zoólogo estabelece classes, ordens e famílias, também nós temos as nossas classificações arbitrárias e a nossa nomenclatura. Mas, além disso tudo ser incompreensível para vós, volumes e mais volumes dos livros de Kiu-te e outros teriam que ser escritos. Os seus comentários são ainda piores. Eles estão cheios dos mais complicados cálculos matemáticos e as chaves da maioria estão unicamente nas mãos dos nossos mais altos adeptos, já que mostrando, como fazem, a infinidade das manifestações fenomenais no aspecto de projeções da Força una, elas são novamente secretas. Portanto, duvido que me seja permitido vos dar, por ora, algo além da simples idéia fundamental ou idéia-raiz. De qualquer modo, farei o melhor que puder. P. (5) Compreendemos que, em cada um dos vossos outros seis reinos, uma mônada, de maneira similar, executa uma ronda completa, em cada ronda parando em cada uma das treze estações, para ar ali num anel mundial de sete vidas, uma vida em cada uma das sete classes em que está dividido cada um dos ditos seis reinos. É isso exato? e se assim, nos dareis as sete classes destes seis reinos? R. (5) Se entende por reinos os sete reinos ou regiões da terra - e não vejo como poderiam significar outra coisa - então a pergunta está respondida na minha resposta a vossa questão (2); e, nesse caso, então os cinco dos sete já estão enumerados. Os dois primeiros estão relacionados, como também o terceiro, com a evolução dos elementais e do Reino Interno. P. (6) Se estamos certos, então o total de existências antes do período humano é de 637. É isto exato? Ou há sete existências em cada classe de cada reino, 4.459? Ou quais são os números totais e como são divididos? Um ponto mais. Nesses reinos inferiores é o número de vidas, digamos assim, invariável, ou varia, e se for assim como, por que e dentro de que limites? R. (6) Não sendo permitido vos dar toda a verdade ou divulgar o número de frações isoladas, eu não posso satisfazer à vossa vontade, dando o número total. Ficai certo, meu caro Irmão, que, para aquele que não busca converter-se num ocultista prático, estes números são irrelevantes. Mesmo aos nossos Chelas mais avançados são negados estes pormenores até o momento da Iniciação no Adeptado. Estas cifras, como
já disse, estão entrelaçadas de tal modo com os mais profundos mistérios psicológicos, que a divulgação de sua chave equivaleria a por o bastão do poder ao alcance de todos os homens inteligentes que lessem o vosso livro. Tudo o que posso vos dizer é que, dentro do Manvantara Solar, o número de existências ou atividades vitais da mônada é fixo, mas há variações locais do número nos sistemas menores, mundos individuais, rondas e anéis mundiais, de acordo com as circunstâncias. E, em relação a isto, recordai também, que as personalidades humanas são freqüentemente obscurecidas, enquanto as entidades, sejam isoladas ou em conjunto, completam todos os ciclos de necessidade, menores e maiores, de qualquer modo. P. (7) Até aqui esperamos estar toleravelmente corretos mas, ao chegarmos ao Homem, ficamos confusos. R. (7) O que não é de estranhar, já que não vos foi dada a informação correta. P. (7a) Percorre a mônada, como homem (a partir do antropóide) uma ou sete rondas como se definiu acima? Entendemos que o último número é o exato. R. (7a) Como o homem-macaco ele executa igualmente a mesma quantidade de rondas e anéis como qualquer outra raça ou classe: isto é, percorre uma Ronda e tem que atravessar sete raças principais de homem parecido com o macaco, logo, a mesma quantidade de sub-raças, etc., etc., em cada planeta de "A" até "Z" (ver Notas Complementares) como a raça acima descrita. P. (7b) Está constituído o seu círculo mundial, em cada ronda, por sete vidas em sete raças (49) ou só por sete vidas numa raça? Não estamos seguros do sentido em que usais a palavra raça, se há somente uma raça para cada estação de cada ronda, isto é, uma raça para cada círculo mundial, ou se há sete raças (com suas sete ramificações e uma vida para cada uma em qualquer caso) em cada círculo mundial? Ademais pelo que dissestes: "e através de cada uma destas o homem TEM que evoluir antes de ar à próxima raça superior, e isto SETE VEZES", não estamos seguros de que não existam sete vidas em cada ramificação, como a chamais ou SUB-RAÇA como a chamaríamos, se concordais. Desta forma haveriam então sete rondas, com sete raças cada uma, e cada raça com sete subraças, e cada sub-raça com sete encarnações = 13 X 7 X 7 X 7 X 7 = 31.313 vidas: ou uma ronda com sete raças
e sete sub-raças e uma vida em cada uma delas = 13 X 7 X 7 = 637 vidas ou então 4.459 vidas. Por favor, esclarecei, dando o número normal de vidas (os números exatos variarão devido aos idiotas, crianças, etc. que não foram contados) e como se dividem? R. (7b) Como na raça acima descrita: isto é, em cada planeta - nossa Terra incluída - ele tem que efetuar sete anéis através de sete raças (uma em cada) e sete ramificações multiplicadas por sete. Há sete raças raízes e sete sub-raças ou ramificações. Nossa doutrina considera a antropologia como uma visão vazia e absurda dos estudantes de religião e se restringe à etnologia. É possível que a minha nomenclatura seja falha: estais em liberdade para mudá-la, se for o caso. O que chamo de "raça" chamaríeis de "tronco" ou "estirpe", embora a palavra sub-raça expressa melhor o que queremos dizer do que a palavra família ou divisão do gênero humano. Entretanto, para vos esclarecer nesta questão direi - uma vida em cada uma das sete raças raízes; sete vidas em cada uma das 49 sub-raças - ou 7 X 7 X 7 = 343 e acrescente mais sete. E depois, uma série de vidas em raças subsidiárias e ramificadas; totalizando as encarnações do homem em cada estação ou planeta 777. O princípio da aceleração e retardamento aplica-se neste caso, para eliminar todas as estirpes inferiores e deixar somente uma única superior para formar o último anel. Isto não é muito para se dividir pelos milhões de anos que o homem a num planeta. Vamos considerar apenas um milhão de anos - período suspeitado e agora aceito pela vossa Ciência - para representar o período completo da existência do homem na terra, nesta ronda; e considerando uma média de cem anos para cada vida, verificamos que enquanto ele ou em todas as suas vidas no nosso planeta (nesta Ronda) apenas 77.700 anos esteve nas esferas subjetivas durante 922.300 anos. Não é muito encorajamento para os modernos e exagerados reencarnacionistas que dizem relembrar suas várias existências anteriores! Caso dispondes a fazer quaisquer cálculos, não esqueçais que computamos acima somente vidas médias completas de plena consciência e responsabilidade. Nada foi dito com relação aos fracassos da Natureza, os abortos, idiotas congênitos e a mortalidade infantil no primeiro ciclo setenário, nem das EXCEÇÕES das quais não posso falar. Também deveis recordar que a média da vida humana varia muitíssimo de acordo com as Rondas. Embora eu esteja
obrigado a recusar informação sobre muitos pontos, se conseguirdes resolver alguns dos problemas, será meu dever dizê-lo. Tentai resolver o problema das 777 encarnações. P. (8) "M." disse que toda humanidade está na quarta ronda, a quinta ainda não começou, mas logo ocorrerá. Foi isso um engano? Caso não seja, então, comparando isso com a vossa observação atual, concluímos que toda a humanidade está na quarta ronda (embora em outro lugar parece que dissestes estarmos na quinta ronda). Que as pessoas mais elevadas agora na Terra pertencem à primeira sub-raça da quinta raça, a maioria à sétima sub-raça da quarta raça, mas com remanescentes se outras sub-raças da quarta raça e da sétima sub-raça da terceira raça. Por favor, esclareceinos completamente a este respeito. R. (8) "M." sabe muito pouco inglês e DETESTA escrever. Mas também eu poderia ter usado a mesma expressão. Umas poucas gotas de chuva não fazem monção, ainda que anunciem. A Quinta Ronda não começou em nossa Terra, e as raças e sub-raças de uma ronda não podem ser confundidas com as de outra. Pode-se dizer que a humanidade da quinta Ronda "começou", quando, no planeta que precedeu o nosso, não restar um só homem daquela Ronda, e na nossa Terra nenhum da quarta. Devereis também saber que os ocasionais homens da Quinta Ronda (tão só uns poucos) que aparecem entre nós como precursores, não geram na Terra a progenie da Quinta Ronda. Platão e Confúcio foram homens da Quinta Ronda, e nosso Senhor foi um homem da Sexta, (falarei, na minha próxima carta, do mistério de seu avatar) e mesmo o filho de Gautama, o Buda, não foi, senão um homem da Quarta Ronda. Os nossos termos místicos, toscamente retraduzidos do sânscrito para o inglês, resultam tão confusos tanto a nós como a vós - especialmente a "M.". A menos que, ao vos escrever, um de nós tome a sua pena COMO UM ADEPTO e a use da primeira até a última palavra, ele é capaz de "escorregar" como qualquer outro homem. Não, não estamos na quinta ronda, mas homens da quinta ronda têm vindo nos últimos poucos milhares de anos. Mas o que é esse pequeno intervalo de tempo em comparação com um dos vários milhões de anos que abrange a ocupação da Terra pelo homem, em uma só ronda?
K. H. Examinai, por favor, cuidadosamente as poucas coisas adicionais que vos dou em folhas soltas. Damodar já recebeu ordem de vos enviar a carta nº.3 de Terry - um bom material para o panfleto nº.3 dos Fragmentos de uma Verdade Oculta. Esta figura representa em traços gerais o desenvolvimento da humanidade num planeta - digamos a nossa Terra. O homem evolui em sete raças maiores ou raízes; 49 raças menores; as raças subordinadas ou ramos, derivados destas últimas não estão representadas no desenho. A flecha indica a direção do impulso evolutivo. Os números I, II, III, IV, etc., são as sete raças maiores ou raças raízes. Os números 1, 2, 3, etc., são as raças menores. a, a, a, são as raças subordinadas ou ramificações. N é o ponto inicial ou terminal da evolução no planeta. S é o ponto crucial onde o desenvolvimento se equilibra ou se reajusta na evolução de cada raça. E, são os pontos equatoriais nos quais no arco descendente o intelecto subjuga a espiritualidade, e no ascendente esta sobrepuja o intelecto. (N. B. - o que antecede está escrito pela mão de D. K. o restante, por K. H. - A. P. S.). P. S. - Com pressa D. J. K. traçou o desenho algo inclinado, fora da perpendicular, mas servirá de memorando. Ele o desenhou para representar o desenvolvimento num só planeta, mas acrescentei uma ou duas palavras para que também possa ser aplicado (como o fiz) a uma inteira cadeia manvantárica de mundos. K. H. NOTAS SUPLEMENTARES
Sempre que qualquer questão de evolução ou desenvolvimento, em qualquer reino, se vos apresenta, tende sempre em conta, que tudo está regido pela Lei Setenária de séries em suas correspondências e na relação mútua através de toda a Natureza. Na evolução do homem há um ponto culminante, um de extrema imersão, um arco descendente e um arco ascendente. Como é o "Espírito" que se transforma em "matéria" e (não é a matéria que ascende..., mas) é a matéria que se resolve uma vez mais em espírito, é lógico que a primeira e a última evolução da Raça num planeta, ( como em cada Ronda) terão que ser mais etéreas, mais espirituais, e a quarta, ou mais baixa, será mais física, (de uma maneira progressiva, naturalmente, em cada ronda), e ao mesmo tempo, cada raça evoluída no arco descendente, deverá ser mais inteligente, fisicamente, que a sua predecessora, e, no arco ascendente, cada uma delas terá uma forma mais refinada de mentalidade mesclada com a intuição espiritual - já que a inteligência física é a manifestação disfarçada da inteligência espiritual. A Primeira Raça (ou tronco) da Primeira Ronda, depois de um Manvantara solar, seria, pois, uma raça de homens-deuses de forma quase impalpável, e é realmente (por favor, esperai a minha próxima carta antes que vos desconcertais ou enredais - ela explicará muitas coisas); mas aqui surge para o estudante a dificuldade de conciliar este fato com a evolução do homem, procedendo do animal, não importa quão superior fosse a sua forma entre os antropóides. E, no entanto, é reconciliável, para quem sustente religiosamente uma estrita analogia entre os trabalhos dos dois mundos - o visível e o invisível - um mundo que, de fato, está se elaborando internamente, digamos. Pois bem, há e tem que haver "fracassos" nas raças etéreas de muitas classes de Dyan Chohans ou Devas, bem como entre os homens. Mas como esses fracassados alcançaram um grau bastante alto de progresso e de espiritualidade para serem arremessados para traz irresistivelmente, de seu estado de Dyan Chohans, no vórtice de uma nova e primordial evolução através dos reinos inferiores - eis o que sucede então: ao se começar a evolução de um novo sistema solar, estes Dyan Chohans (recordai a alegoria hindú dos Devas caídos, arrojados por Siva no Andarah6, aos quais Parabrahm permite que considerem esse estado como intermediário, no qual podem preparar-se por uma série de renascimentos, para um estado mais alto, uma nova
regeneração) são levados por uma onda de vida para nascer "adiante" dos elementais, permanecendo como uma força espiritual inativa ou latente dentro da aura do nascente mundo de um novo sistema, até que surja o estágio da evolução humana. Então Karma os alcança e terão que aceitar o amargo copo da retribuição até a última gota. Depois se transformam numa Força ativa e se mesclam com os elementais ou entidades do reino puramente animal, que já progrediram, para desenvolver, pouco a pouco, o tipo pleno do gênero humano. Com esta mescla, perdem a sua alta inteligência e espiritualidade do estado Dévico, para recuperá-las no final do Sétimo Anel, na Sétima Ronda. Assim nós temos: 1ª. Ronda. - Um ser etéreo, não inteligente, mas superespiritual. Em cada uma das subseqüentes raças, subraças e raças menores da evolução ele cresce cada vez mais e se torna um ser rodeado por envoltórios ou encarnado, mas ainda, predominantemente etéreo. E como os animais e vegetais, desenvolve corpos monstruosos em conformidade com seu rústico ambiente. 2ª. Ronda. - Ele é ainda gigantesco e etéreo, mas crescendo mais firme e mais condensado no corpo - já é um homem mais físico, embora ainda menos inteligente do que espiritual porque a evolução da mente é mais lenta e difícil do que a da estrutura física, e não se desenvolve tão rapidamente como o corpo. 3ª. Ronda. - Agora já tem um corpo completamente sólido e com pacto; a princípio sob a forma de um gigantesco símio, mais inteligente (ou mais astuto) do que espiritual. Pois no arco descendente ele atingiu agora o ponto onde a sua espiritualidade primordial é eclipsada ou obscurecida pela nascente mentalidade. Na última metade desta terceira ronda a sua estatura gigantesca decresce, seu corpo melhora em textura (talvez o microscópio possa auxiliar para demonstrar isso) e ele se torna mais racional - embora mais um símio do que um homem dévico. 4ª. Ronda. - O intelecto tem um enorme desenvolvimento nesta ronda. As raças mudas adquirirão a nossa fala humana, no nosso globo, no qual, depois da 4ª. raça, a linguagem é aperfeiçoada e o conhecimento das coisas físicas aumenta. Neste ponto mediano da 4ª. Ronda, a humanidade ultraa O
PONTO CRÍTICO DO CICLO MANVANTÁRICO MENOR; (Assim também, no ponto médio da evolução de cada raça raiz ou maior, em cada ronda, o homem atravessa o equador de sua carreira naquele planeta e esta mesma regra é aplicada a evolução inteira, ou seja, ás sete rondas do manvantara menor, - 7 rondas divididas por 2 = 31/2 rondas). Neste ponto, então, o mundo se expande com os resultados da atividade intelectual e da DIMINUIÇÃO ESPIRITUAL. Na primeira metade da Quarta Raça, nasceram as ciências, as artes, a literatura e a filosofia, eclipsando-se numa nação para nascer em outra. A civilização e o desenvolvimento intelectual seguem girando em ciclos setenários como tudo mais, entretanto, é apenas na segunda metade que o Ego espiritual começará a sua verdadeira luta com o corpo e a mente para manifestar os seus poderes transcendentais. Quem ajudará na gigantesca luta que se aproxima? Quem? Feliz o homem que ajuda uma mão auxiliadora. 5ª. Ronda. - Continua o mesmo desenvolvimento relativo e a mesma luta. 6ª. Ronda. 7ª. Ronda. Dessas não necessitamos falar.
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Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 015 De K.H. a A.O.H. Recebida em 10 de Julho de 1882.
P. (1) Contém sempre em si mesma cada forma mineral, vegetal, animal, essa entidade que leva em potência, todo o seu futuro desenvolvimento, até chegar ao espírito planetário? Existe agora mesmo, nesta Terra, tal essência, cada espírito ou alma - o nome não tem importância - em cada mineral, etc.? R. (1) Invariavelmente; apenas seria preferível chamá-lo de GERMEN de uma futura entidade, e é o que tem sido por milênios. Considerai o feto humano. Desde o momento de sua concepção, até que complete o seu sétimo mês de gestação, repete em miniatura os ciclos mineral, vegetal e animal pelos quais ou, em suas anteriores materializações, e é só durante os últimos dois meses que desenvolve a sua futura entidade humana, a qual só ficará completa no sétimo ano da criança. Entretanto, ela existia sem nenhum AUMENTO ou DIMINUIÇÃO, íons após íons antes que elaborasse o seu caminho ascendente ATRAVÉS E DENTRO da matriz da mãe Natureza, como faz agora no seio de sua mãe carnal. Verdadeiramente disse um sábio filósofo, que confia mais nasa suas intuições do que nos ditames da moderna Ciência: "Os estágios da existência intrauterina do homem incorporam um registro condensado de algumas das páginas perdidas da história da Terra." Assim tendes que olhar para trás, para as entidades animal, vegetal e mineral. Tendes que considerar cada entidade, no seu ponto de partida no curso manvantárico, como o átomo primordial cósmico já diferenciado pelo primeiro pulsar do sopro de vida manvantárico. Pois a potencialidade que se desenvolve finalmente num espírito planetário perfeito se oculta, e é, de fato, esse átomo primordial cósmico. Atraído por sua "afinidade química"(?) une-se com outros átomos semelhantes, e o conjunto de tais átomos unidos, virá, com o tempo, converter-se em um globo "portador de humanidade", após ter ado sucessivamente pelas etapas de nebulosa, de espiral e de esfera de névoa ardente e pela condensação, consolidação, contração e esfriamento do planeta. Mas recordai, nem todo globo se converte em "portador de humanidade". Exponho simplesmente o fato sem me deter mais no assunto. A grande dificuldade em compreender a idéia do processo acima citado está na capacidade de formar concepções mentais, mais ou menos incompletas, do trabalho do elemento UNO, e de sua inevitável presença em cada átomo imponderável e sua subseqüente, incessante e quase ilimitada multiplicação em novos centros de atividade, sem que isto afete de modo algum, a sua própria quantidade original. Tomemos essa agregação
de átomos destinados a formar o nosso globo e, então, dando uma rápida olhada no conjunto, acompanhemos o trabalho especial que executam tais átomos. Chamaremos ao átomo primordial de "A". Não sendo um centro de atividade circunscrito e sim o ponto inicial de uma rotação manvantárica de evolução, dá nascimento a incontáveis novos centros, que poderemos chamar de B, C, D, etc. Cada um desses pontos capitais produz centros menores, a, b, c, etc. E estes últimos, no curso da evolução e involução, desenvolvem, com o tempo, vários centros A, B, C, etc., e formam, assim, as raízes ou são as causas do desenvolvimento de novos gêneros, espécies, classes, etc., AD INFINITUM. Agora, nem o átomo primordial "A" e seus átomos companheiros, nem os seus derivados a, b, c, nada perderam uma fração sequer de sua força original ou essência vital em conseqüência da evolução de seus derivados. A força não se transformou em alguma outra coisa, como já comprovei em minha carta, entretanto, a cada vez que desenvolve um novo centro de atividade DO INTERIOR de si mesmo, se multiplica AD INFINITUM, sem perder jamais uma só partícula de sua natureza em quantidade ou qualidade. Entretanto, à medida que progride, acrescenta algo mais à sua diferenciação. Essa "força", assim denominada, mostra ser verdadeiramente indestrutível mas não é correlata e não é conversível no sentido aceito pelos Membros da R. S. (Real Sociedade), mas bem poderia dizer-se que CRESCE e se EXPANDE em "algo distinto" enquanto nem a sua própria potencialidade, nem o seu ser, são afetados no mínimo que seja pela transformação. Tão pouco poderia chamar-se FORÇA, já que esta última não é senão um atributo de Yin Sin (Yin-Sin ou a "Forma una de existência", e também Adi-Buddhi ou Dharmakaya, a essência mística, universalmente difundida) ao se manifestar no mundo fenomenal dos sentidos, e, como tal, é designado pelo seu antigo nome: Fohat. Em relação a isto vede o artigo de Subba Row, "Aryan Arhat Esoteric Doctrines", que trata dos princípios setenários no homem, e a crítica que faz dos vossos "Fragmentos", nas páginas 94 e 95. O Brahmin iniciado chama-a (Yin-Sin e Fohat) Brahman e Sakti quando se manifestam como aquela força. Estaremos mais corretos em chamá-la VIDA INFINITA, a fonte de toda a vida visível e invisível, uma essência inesgotável, sempre presente, em resumo: Swabhavat. (Swabhavat em sua aparição universal, Fohat quando se manifesta através do nosso mundo fenomenal ou melhor dito, do universo visível, e, portanto, dentro das suas limitações). É pravritti, quando ativa, nivritti, quando iva.
Chamai-a Sakti de Parabrahma, se quiserdes, e digai com os Adwaitas (Subba Row é um deles) que Parabrahma mais Maya se torna em ISWAR: o princípio criativo, - um poder comumente chamado de Deus, que desaparece e morre com o resto quando chega o Pralaya. Ou podeis acompanhar os filósofos Budistas do Norte e chamá-lo de ADI-BIDDHI, a inteligência onipenetrante, pura e suprema, com a sua Divindade periodicamente manifestada "Avalokiteshvara" (uma natureza inteligente manvantárica coroada com humanidade) - o nome místico dado por nós às hostes dos Dyan Chohans (N.B. os Dyan Chohans solares ou apenas a hoste do nosso sistema solar) tomados coletivamente, hoste que representa a fonte matriz, a soma total de todas as inteligências que estavam, estão e sempre estarão em nossa cadeia de planetas portadores de humanidades, ou em qualquer outra parte ou porção do nosso sistema solar. E isto vos levará, por analogia, a compreender que, por sua vez, Adi-Buddhi (como implica o seu nome traduzido literalmente) é a soma total das inteligências universais, incluindo as do Dyan Chohans, mesmo os de ordem mais elevada. Isto é tudo que me atrevo a dizer-vos sobre este assunto especial, já que temo ter transcendido o limite. Por conseguinte, todas as vezes que vos falo de humanidade, sem especificá-la, devereis entender que não me refiro à humanidade da nossa Quarta Ronda, como a vemos nesta partícula de barro no espaço, mas sim à uma hoste inteira já evoluída. Sim, como já descrevi na minha carta - só há um elemento e é impossível compreender o nosso sistema antes que uma correta concepção do mesmo esteja firmemente fixada na mente. Tendes, pois, que perdoarme caso dique mais tempo no assunto do que realmente parece necessário. Mas, a não ser que este grande fato primário esteja firmemente entendido, o resto parecerá ininteligível. Esse elemento é então - falando metafisicamente - um substrato ou causa permanente de todas as manifestações no universo fenomenal. Os antigos falam de cinco elementos perceptíveis: éter, água, fogo, terra e de um elemento imperceptível aos (não iniciados) o 6º. Princípio do Universo - chamêmo-lo Purush Sakti, e quanto a falar do sétimo, fora do santuário, era ível de morte. Mas esses cinco apenas são os aspectos diferenciados do uno. Assim como o homem é um ser sétuplo da mesma maneira é o universo, aquele, um microcosmo setenário, está para o macrocosmo setenário, assim como uma gota água de chuva está para a nuvem da qual caiu a à qual voltará
no curso do tempo. Nesse elemento uno estão compreendidas ou incluídas as distintas tendências para a evolução do ar, água, fogo, etc. (desde uma condição puramente abstrata até concreta) e quando chamamos de elementos a estes últimos, é para indicar suas capacidades potenciais para produzir infinitas mudanças de forma de evolução do ser. Vamos representar a quantidade desconhecida por X: essa quantidade é o princípio uno, eterno e imutável - e A, B, C, D, E, são cinco dos seis princípios menores ou componentes do mesmo, isto é, os princípios da terra, água, ar, fogo e éter (akasa) seguindo a ordem de sua espiritualidade e começando com o inferior. Há um Sexto Princípio que corresponde ao Sexto Princípio BUDDHI no homem mas que não podemos nomear, exceto entre os iniciados. (Para evitar confusões, lembrai-vos que, ao considerarse a questão do lado da escala descendente, o Todo abstrato ou o Princípio Eterno, seria designado numericamente como o primeiro, e o universo fenomênico como o sétimo, e tanto em relação ao homem ou ao universo - visto do outro lado, a ordem numérica seria exatamente a contrária revertida). Eu posso, entretanto, sugerir que ele está ligado com o processo da mais alta intelecção. Chamêmo-lo de N. E., além destes, há subjacente a todas as atividades do universo fenomenal um impulso energizador vindo de X, chamêmo-lo de Y. Estabelecida algebricamente, a nossa equação poderia ser lida A+B+C+D+E+N+Y=X. Cada uma dessas seis letras representam, digamos, o espírito ou abstração do que chamais elementos ( o vosso pobre inglês não me oferece outra palavra). Este espírito governa toda a linha de evolução em seu próprio departamento, no curso de todo o ciclo manvantárico. Este espírito é a CAUSA formativa, vivificante, impelidora, desenvolvedora, que opera por trás das inumeráveis manifestações fenomênicas desse departamento da Natureza. Vamos tratar de esclarecer a idéia com um só exemplo. Tomemos o fogo. D - o princípio ígneo primário residente em X - é a causa essencial de toda manifestação fenomênica ígnea em todos os globos da cadeia. As causas imediatas são os agentes ígneos secundários e evoluídos, que controlam separadamente as SETE descidas do fogo em cada planeta, (cada elemento tem seus sete princípios e cada princípio os seus sete sub-princípios, e estes agentes secundários, antes de atuar, terão, por sua vez se convertido em causas primárias). D é um composto setenário cuja fração mais elevada é espírito puro. Como o vemos em nosso globo, ele está em sua condição mais grosseira e mais material, tão grosseiro em sua maneira
como o homem em sua forma física. No globo que nos precedeu imediatamente, o fogo era menos denso do que aqui; no precedente era menos ainda. Assim, o corpo da chama era mais e mais puro e espiritual. No primeiro de todos da cadeia manvantárica apareceu como um resplendor objetivo, quase que totalmente puro - o Maha Buddhi, o Sexto Princípio da LUZ ETERNA. Como o nosso globo se acha no fundo do arco, onde a matéria se apresenta em sua forma mais grosseira em companhia do espírito, quando o elemento fogo se manifestar no próximo globo, subseqüente ao nosso no arco descendente, será menos denso de como o vemos agora. A sua qualidade espiritual será idêntica àquela que teve no globo que precedeu ao nosso no arco descendente; o segundo globo do arco ascendente corresponderá em qualidade, ao segundo globo anterior ao nosso no arco descendente, etc. Em cada globo da cadeia há sete manifestações do fogo, das quais, a primeira, pela ordem, corresponderá, quanto à qualidade espiritual, com a última manifestação no planeta imediatamente precedente. Como deduzireis, o processo se inverte no arco oposto. A miríade de manifestações específicas desses seis elementos universais são, por sua vez, nada mais do que galhos, ramos e ramificações da una, singular e primordial "Árvore da Vida". Tomai a árvore genealógica da vida da raça humana, de Darwin, e outras, tendo sempre em mente o velho e sábio adágio, "Como é embaixo assim é em cima" (isto é, o sistema universal de correspondências), tratai de compreender por analogia. Assim vereis que hoje em dia, no atual planeta, existe esse espírito em cada mineral, etc. Direi mais. Cada grão de areia, cada pedra ou pedaço de granito, é esse espírito cristalizado ou petrificado. Duvidais. Consultai um livro didático de geologia e vede o que a Ciência afirma quanto à formação e crescimento dos minerais. Qual é a origem de todas as rochas sedimentares ou ígneas? Tomai um pedaço de granito ou arenito e encontrareis que o primeiro está composto de cristais, e o segundo, de grãos de várias pedras, (as rochas ou pedras orgânicas formadas dos restos de antigas plantas e animais, não nos servirão para a presente ilustração; são relíquias de evoluções derivadas, enquanto que só nos interessa ass originais). Pois bem, as rochas sedimentares e ígneas são compostas, as primeiras, de areia, cascalho e barro; as últimas, de lava. Temos apenas que remontar à origem de ambas. O que encontramos? Que uma foi composta por três elementos ou, para falar com mais
exatidão, por três manifestações distintas do elemento UNO: terra,água e fogo que a outra foi composta de maneira similar (ainda que em condições físicas diferentes) da matéria cósmica - a suposta matéria prima em uma das manifestações (6º. princípio) do elemento uno. Como podemos então duvidar que um mineral contém em si uma centelha do Uno, igual a todas as as demais coisas desta natureza objetiva? P. (2) Quando o Pralaya começa o que acontece ao Espírito que não elaborou seu caminho até o homem? R. (2) ... O período necessário para completar os sete anéis globais - locais ou terrestres - ou chamêmo-los de anéis de globos (sem falar nas sete Rondas nos manvantaras menores seguidos por seus sete pralayas menores) - a conclusão do chamado ciclo mineral é incalculavelmente mais longo do que a de qualquer outro reino. Como podeis inferir por analogia, cada globo tem de ar, antes de chegar ao seu período adulto, por um período de formação, também setenário. A lei na Natureza é uniforme, e a concepção, formação, nascimento, crescimento e desenvolvimento de uma criança, difere das de um globo, somente em magnitude. O globo tem dois períodos de dentição e de crescimento capilar (as primeiras rochas, das quais logo se desprende para dar lugar a outras novas - e os seus musgos e samambaias até que surja a floresta. Assim como os átomos no corpo mudam a cada sete anos, do mesmo modo o globo renova as suas camadas a cada sete ciclos. O corte de uma seção das minas de carvão do Cabo Breton mostra sete antigos solos com os restos da igual quantidade de florestas, e se cavássemos de novo mais profundamente, encontraríamos sete outras antecedentes camadas. Há três espécies de pralayas e manvantaras:1. O pralaya e manvantara universal ou Maha. 2. O pralaya e manvantara solares. 3. Os pralayas e manvantaras menores. Quando o pralaya nº.1 está terminado, começa o manvantara universal. Então todo o universo tem que ser re-evoluído de novo. Quando advém o pralaya de um sistema solar, ele afeta somente aquele sistema solar. Um pralaya solar = a 7 pralayas menores. Os pralayas solares menores de nº.3 dizem respeito somente a
nossa pequena cadeia de globos, sejam eles portadores de humanidades ou não. A nossa Terra pertence a essa cadeia. Além disso, dentro de um pralaya menor existe um estado de repouso planetário ou, como dizem os astrônomos "de morte", como ocorre com a nossa atual lua, na qual subsiste o corpo rochoso do planeta, mas o impulso vital foi extinto. Por exemplo, imaginemos que a nossa Terra pertença a um grupo de sete planetas ou mundos portadores de homens, dispostos mais ou menos em forma elíptica. Ocupando a nossa Terra exatamente o ponto central inferior da órbita de evolução, isto é, tendo chegado à metade da ronda chamaremos ao primeiro globo de A, e ao último de Z. Após cada pralaya solar há uma destruição COMPLETA de nosso sistema e depois de cada sistema e, à cada vez, tudo se faz mais perfeito do que antes. Agora, o impulso vital chega a "A", ou melhor, àquilo que está destinado a converter-se em "A" e que até agora nada mais é senão pó cósmico. Um centro é formado na matéria nebulosa formada pela condensação do pó solar disseminado através do espaço, e ocorre uma série de três sucessivas evoluções, invisíveis a olho físico, isto é, evoluíram os três reinos elementais ou forças da Natureza, ou, em outras palavras, está formada a alma animal do globo futuro; ou (como o espessaria um kabalista) foram criados os gnomos, as salamandras e as ondinas. Assim pode ser desenvolvida a correspondência que existe entre um globo-matriz e a sua criatura-homem. Ambos tem os sete princípios. No Globo, os elementais (dos quais existem sete espécies no total) formam (a) um corpo denso (b) seu duplo fluídico (LINGA SARIRAM), (c) seu princípio vital (jiva), (d) seu quarto princípio kama rupa é formado pelo seu impulso criativo operando do centro para a circunferência, (e) seu quinto princípio (alma animal ou MANAS, inteligência física) é incorporada no vegetal (em germem) e nos reinos animais, (f) e o seu sexto princípio ( ou alma espiritual, Buddhi) é o homem (g) e o seu sétimo princípio (Atma) se acha numa película de akasa espiritualizado que o rodeia. Havendo completado as três evoluções, começa a formar-se o globo visível. O reino mineral, quarto na série completa, mas o primeiro neste estado, inicia o processo. No começo seus sedimentos são vaporosos, macios e plásticos, alcançando a dureza e a solidez somente no Sétimo Anel. Uma vez completado, este Anel projeta a sua essência no Globo "B" que já está atravessando os estágios preliminares da sua formação - e a evolução mineral começa naquele Globo. Neste momento
começa a evolução do reino vegetal no globo "A". Quando este último terminou o seu Sétimo Anel, a sua essência a para o Globo "B", nesse ponto, a essência mineral a ao Globo "C", e os germens do reino animal entram no Globo "A". Quando o animal percorreu sete anéis ali, o seu Princípio Vital a ao Globo "B", e as essências de vegetais e minerais seguem o seu caminho também adiante. Surge, então, o homem em "A", um vislumbre etéreo do ser compacto no qual está destinado a se tornar na nossa Terra. Evoluindo em sete raças principais, com muitas ramificações de sub-raças, ele, do mesmo modo que os reinos precedentes, completa os seus sete anéis e então, é transferido sucessivamente para cada um dos globos, até "Z". O homem possui, em germem, todos os sete princípios, desde o primeiro momento de sua aparição, mas nenhum deles está desenvolvido. Poderíamos muito bem compará-lo a uma criança recém-nascida. Ninguém jamais viu, em nenhum dos milhares de relatos correntes sobre fantasmas, o espírito de bebê, ainda que a imaginação de uma mãe amorosa possa haver-lhe sugerido em sonhos, a imagem do bebê que perdeu. E isso é muito revelador. Em cada uma das rondas ele faz um dos princípios desenvolver-se plenamente. Na primeira ronda a sua consciência na nossa terra é vagarosa, indecisa e confusa, algo como o que ocorre com uma criança pequena. Quando atinge a nossa terra na segunda ronda torna-se responsável até certo ponto, e na terceira ele o é inteiramente. Em cada estágio e em cada ronda o seu desenvolvimento mantém o mesmo ritmo do globo onde ele está. O arco descendente de A para a nossa terra é chamado sombreado, o ascendente até Z, "luminoso". Nós, homens da Quarta Ronda, já estamos alcançando a segunda metade da Quinta Raça de nossa humanidade da Quarta Ronda, enquanto os homens (os poucos precursores) da Quinta Ronda, embora estando ainda na sua Primeira Raça (ou melhor classe), são incomensuravelmente mais elevados do que nós espiritualmente, senão intelectualmente; já que tendo completado o desenvolvimento deste quinto princípio (alma intelectual), estão mais próximos do que nós, mais em contato com o seu sexto princípio, Buddhi. Naturalmente, os indivíduos não estão igualmente desenvolvidos em todos, mas esta é a regra. ...O homem vem ao globo "A" após os outros reinos terem ocorrido. (Dividindo os nossos reinos em sete, os últimos quatro são os que a ciência exotérica divide em três. A isso nós acrescentamos o reino do homem ou o
reino dos Devas. Dividimos as respectivas entidades destes reinos em germinais, instintivas, semiconscientes, e plenamente conscientes)... Quando todos os reinos tiveram atingido o globo Z não seguirão adiante para voltar a entrar em A, precedendo o homem, mas, de acordo com uma lei de retardação que opera a partir do ponto central (ou seja da Terra) até Z, e que equilibra o princípio de aceleração no arco descendente - eles terão justamente terminado as suas respectivas evoluções de gêneros e espécies no momento em que o homem alcança o seu máximo desenvolvimento no Globo Z; nesta ou em qualquer outra ronda. A razão para isso é encontrada no tempo enormemente grande que eles necessitam para as suas infinitas variedades, quando comparados com o homem; a velocidade relativa de desenvolvimento nos ANÉIS aumenta, portanto, naturalmente, à medida que ascendemos na escala, a partir do mineral. Mas essas velocidades diferentes ficam compensadas porque o homem reside mais tempo nas esferas interplanetárias de descanso ( para a sua felicidade ou desgraça) de modo que todos os reinos terminam a sua obra simultaneamente no Planeta Z. Por exemplo, no nosso globo vemos a lei equilibradora se manifestando. Desde a primeira aparição do homem, seja mudo ou não, até o homem atual como um ser da quinta Ronda a finalidade de sua estrutura orgânica não mudou radicalmente. As características etnológicas, por mais variadas que sejam, não afetam de nenhuma maneira o homem como SER HUMANO. O fóssil do homem ou o seu esqueleto, seja do período daquele ramo de mamíferos do qual ele constitui o coroamento, seja um ciclope ou pigmeu, pode ser ainda reconhecido num relance como uma relíquia humana. As plantas e os animais, entretanto, se tornaram bem mais diferentes do que eram antes... o esquema, com os seus pormenores setenários, seria incompreensível par o homem, não possuísse ele o poder como os Adeptos Superiores o comprovaram, de desenvolver prematuramente os seus sentidos sexto e sétimo - que serão o dom natural de todos nas rondas correspondentes. Nosso Senhor Buda um homem da 6ª. Ronda, não teria aparecido em nossa época, por maiores que fossem os seus méritos acumulados em anteriores nascimentos, se não fosse por um mistério... os indivíduos não podem adiantar-se à humanidade de sua ronda por mais de uma etapa, porque isso é matematicamente impossível, dizeis (e assim é com efeito); se a fonte da vida fluísse sem cessar, deveria haver na Terra homens de todas as rondas, em todas as épocas, etc. A referência relativa ao descanso
planetário, pode dissipar a compreensão incorreta sobre este ponto. Quando o homem se aperfeiçoou (QUA) ao final de uma dada ronda sobre o Globo A, desaparece dali (como o fizeram certos vegetais e animais). Gradualmente este Globo perde a sua vitalidade e chega finalmente ao estado de lua, isto é, de morte, e permanece assim enquanto o homem está fazendo os seus sete anéis em Z e ando o seu período inter-cíclico antes de começar a sua próxima ronda. Assim sucede com cada globo por sua vez. E agora, como o homem, ao completar o seu sétimo anel em A, apenas começou o seu primeiro em Z, e como A morre quando ele o deixa para ar a B, etc. e como também ele deve ficar na esfera inter-cíclica depois de Z (pois tem que fazê-lo a cada dois planetas) até que o impulso novamente vibre na cadeia, evidentemente ninguém pode estar uma ronda à frente de sua espécie. E somente Budha forma uma exceção em virtude do mistério. Nós temos homens da quinta ronda entre nós porque estamos na última metade do nosso anel setenário terrestre. Na primeira metade isso não poderia ter acontecido. as incontáveis miríades da nossa humanidade da quarta ronda que nos ultraaram e completaram os seus sete anéis em Z, tiveram tempo para ar o seu período inter-cíclico e começar sua nova ronda e chegar ao Globo D (o nosso). Mas como pode haver homens das rondas 1ª., 2ª., 3ª., 6ª. e 7ª.? Nós representamos as três primeiras e os da Sexta podem vir apenas a intervalos raros e prematuramente como os Budas (somente sob condições preparadas) e os da última indicada, a Sétima, não estão ainda evoluídos. Seguimos a trajetória de um homem ao sair de uma ronda e entrar no estado nirvânico entre Z e A. A foi deixado morto na última ronda. Quando uma nova ronda começa, o planeta A capta um novo influxo de vida, desperta novamente para a vitalidade e gera todos os seus reinos de uma ordem superior, até o último. Após isso ter sido repetido sete vezes, vem um pralaya menor; a cadeia de globos não é destruída pela desintegração e dispersão das suas partículas mas a IN ABSCONDITO7. Depois reemergirão, por sua vez, durante o próximo período setenário. Dentro de um período solar (de um pralaya e manvantara) ocorrem sete destes períodos menores, numa escala ascendente de desenvolvimento progressivo. Para recapitular, em cada ronda há sete anéis planetários ou terrestres para cada reino, e um obscurecimento de cada planeta. O
manvantara menor está composto de sete rondas, 49 anéis e sete obscurecimentos; o período solar se compõe de 49 rondas, etc. Os períodos compostos de um pralaya e um manvantara são denominados por Dikshita "manvantaras e pralayas de Sorna". (Surya - sol em sânscrito). O pensamento humano se frustra ao especular quantos dos nossos pralayas solares devem ocorrer antes que chegue a grande noite Cósmica - e ela chegará. ... Nos pralayas menores não se começa nada DE NOVO - apenas a retomada das atividades interrompidas. Os reinos vegetal e animal, que, ao final do manvantara menor tenham alcançado somente um desenvolvimento parcial não são destruídos. Sua vida ou entidades vitais, chamai algumas delas de NATI, se quiserdes, encontram também a sua noite e repouso correspondentes - tendo também o seu próprio Nirvana. E por que não haveriam de tê-lo, estas entidades fetais e infantis? São, como todos nós, engendradas pelo elemento uno... Da mesma maneira que temos os nossos Dyan Chohans, elas têm os seus "elementos guardiães" nos diversos reinos, que cuidam delas em conjunto, assim como ocorre com a nossa humanidade. O elemento uno não somente enche o espaço e É o espaço, como também interpenetra cada átomo da matéria cósmica. Quando soar a hora do pralaya solar - embora o processo do avanço do homem em sua última sétima ronda seja precisamente o mesmo, cada planeta, em vez de meramente ar do visível par o invisível, à medida que o homem o abandona, será aniquilado. Com o início da Sétima Ronda do sétimo manvantara menor, cada reino tendo agora atingido o seu último ciclo, permanece em cada planeta, depois da saída do homem, apenas o aspecto ilusório das formas que outrora ali viveram e existiram. A cada o que dá (o homem) nos arcos descendentes e ascendentes, conforme a de Globo par Globo, o planeta deixado para trás se converte numa forma vazia cristalóide. Na sua saída, há um fluxo para fora, das entidades de cada reino. Aguardando a agem, a seu devido tempo, para formas superiores, elas são, não obstante, liberadas: porque, até o dia dessa evolução, descansarão mergulhadas em seu sono letárgico, no espaço, até que outra vez sejam energizadas para a vida num novo manvântara solar. Os antigos elementais descansarão até que sejam chamados para que se
convertam, por sua vez, em corpos de entidades minerais, vegetais e animais (em outra cadeia mais elevada de globos), em seu caminho para se tornarem entidades humanas (veja Isis), enquanto que as entidades germinais das formas mais inferiores, (e nessa época de perfeição geral restarão muito poucas), ficarão suspensas no espaço como gotas de água repentinamente congeladas, convertidas em pingentes. Elas se derreterão ao primeiro sopro quente de um manvântara solar e formarão a alma dos futuros globos... O lento desenvolvimento do reino vegetal é possibilitado pelo descanso interplanetário maior do homem... Quando chega o pralaya solar, toda a humanidade purificada mergulha no Nirvana e desse Nirvana inter-solar ela renascerá nos sistemas mais elevados. O anel de mundos se destrói e, como uma sombra, desaparece na parede quando a luz é apagada. Temos todos os indícios de que no momento atual está ocorrendo nalgum lugar um pralaya solar, enquanto dois menores estão terminando. No princípio de um manvântara solar, os elementos até então subjetivos do mundo material nessa fase dispersos como pó cósmico, ao receber o impulso dos novos Dhyan Chohans do novo sistema solar (os anteriores e mais elevados aram para níveis superiores) formarão as ondulações primordiais da vida e separando-se em centros de atividade diferenciados, combinam-se numa escala graduada dos sete estágios de evolução. Como qualquer outro mundo do espaço, a nossa Terra tem que ar através de uma escala de sete estados de densidade antes de alcançar o seu último nível de materialidade. Nada atualmente neste mundo poderá dar-vos uma idéia do que são esses estados de matéria. E digo escala, de propósito, porque a escala diatônica proporciona o melhor exemplo do perpétuo movimento rítmico do ciclo descendente e ascendente de Swabhavat - graduado como é em tons e semi-tons. Tendes, entre os mais eruditos membros da vossa Sociedade, um Teosofista que, sem estar familiarizado com a nossa doutrina oculta, intuitivamente captou dos dados científicos a idéia de um pralaya solar e seu manvântara no seu início. Refiro-me ao célebre astrônomo francês Flamarion 0 "La Resurrection et la Fin des Mondes"- A Ressurreição e o fim dos Mundos (capítulo 4 e os seguintes). Fala como um verdadeiro vidente. Os fatos são como ele supões, com ligeiras modificações. Como conseqüência da refrigeração
secular (mais exatamente pela velhice e perda da força vital), e da solidificação e dissecação dos globos, a terra chega a um ponto quando se converte num conglomerado sem consistência. O período dos partos ou. Os descendentes todos já foram criados, o seu período de vida está terminado. Daí "suas massas constituintes cessam de obedecer aquelas leis da coesão e agregação que as mantiveram juntas". E tornando-se como um cadáver que, abandonado ao trabalho de destruição, deixa a cada molécula que a compõe a liberdade de se separar para sempre do corpo e obedecer logo a novas influências, a atração da lua (pudesse ele conhecer0 a plena extensão de sua perniciosa influência) se encarregará da tarefa de demolição ao produzir uma onda de uma maré de partículas terrestres em vez de uma maré líquida. O seu erro é que ele acredita que um longo tempo seja necessário à ruína do sistema solar: somos informados de que isso ocorre num piscar de olhos, mas não sem muitos avisos preliminares. Outro erro é supor que a Terra cairá no Sol. O próprio sol é o primeiro a se desintegrar num Pralaya solar. ...Mergulhai na natureza e na essência do sexto princípio do universo e do homem e tereis penetrado no maior mistério deste nosso mundo - e, por que não - não estais rodeado por ele? As suas manifestações conhecidas são o mesmerismo, a força ódica, etc. - todas elas são aspectos distintos da força una, que pode ser aplicada tanto ao bem como ao mal. Os graus de iniciação de um Adepto marcam as sete etapas, nas quais ele descobre o segredo dos princípios sétuplos na Natureza e no homem e desperta os seus poderes latentes.
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Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT
Carta Nº 016 Esta carta contém questões formuladas por Sinnett e respostas pelo Mahatma K.H. É chamada de "Carta Devachan", porque está relacionada principalmente com aquele estado no qual os seres humanos entram entre as encarnações. A carta começa com uma referência à uma carta no último "Teosofista". Foi o número de junho de 1882, pp.225-6. Estava assinado "Um Teosofista caledoniano" (escocês). Provavelmente era alguém chamado Davidson, ou Davison, um cientista ornitólogo. que em certa ocasião trabalhou para Hume, em conexão com o seu estudo sobre pássaros, ajudando-o na ocasião de secretário particular. A carta foi intitulada "Discrepâncias Aparentes". O escritor estava interessado no que ele considerava algumas diferenças entre afirmações em um dos artigos na série "Fragmentos da Verdade Oculta", escrita naquela ocasião por Hume e depois, por Sinnett, e certas agens em "Isis sem Véu", o primeiro livro de H.P.B. Essas discrepâncias diziam respeito a fenômenos espíritas. Ele também questionava o significado da palavra "Devachan". P.(1) As observações agregadas a uma carta no último número do THEOSOPHIST, página 226, col., impressionaram-me, tanto pela importância como porque modificam (não digo que contradizem) muito do que até agora nos foi dito a RESPEITO do Espiritismo. Já ouvimos falar de uma condição espiritual de vida na qual o Ego redesenvolvido desfruta de uma existência consciente durante certo tempo antes de uma reencarnação num outro mundo; mas não nos foi dito mais deste aspecto até o presente. Agora foram feitas declarações explicitas sobre o assunto, e elas sugerem novas perguntas. No DEVACHAM (emprestei o meu "TEOSOFISTA" a um amigo e não o tenho à mão como referência, mas, se bem me recordo, este é o nome dado ao estado de beatitude espiritual descrito) o novo Ego retém, aparentemente, completa recordação da sua vida
terrena. É assim ou se trata de uma má interpretação de minha parte? R.(1) O DEVACHAN ou o país de "Sukhavati", é descrito alegoricamente mesmo por nosso Senhor Buda. O que disse pode ser encontrado no Shan-Mun-yih-Tung. Disse o Tathágata: "Muitos milhares de miríades de sistemas de mundos distante deste (nosso), há uma região de bemaventurança chamada SUKHAVATI... Esta região está rodeada por SETE fileiras de grades, sete fileiras de amplas cortinas, sete linhas de árvores ondulantes; esta santa morada dos Arhats está governada pelos Tathagatas (Dhyan Chohans) e é possuída pelos Bodhisatwas. Ela tem SETE formosos lagos, de cujo centro fluem águas cristalinas com SETE e UMA propriedades ou qualidades distintas (os sete princípios emanantes do UNO). Este, oh Sariputra! é o DEVACHAN. Sua divina flor Udumbara lança uma raiz NA SOMBRA DE CADA TERRA e floresce para todos aqueles que a alcançam. Aqueles que nascem na bendita região são verdadeiramente felizes; não há mais lamentos ou sofrimentos NAQUELE ciclo para eles... Miríades de espíritos (Lha) vem para ali repousar e depois retornam as suas regiões próprias. também, oh Sariputra! muitos dos nascidos naquela região de deleite são Avaivartyas..." etc, etc. P.(2) Excetuando o fato de que a duração da existência no DEVACHAN é limitada, há uma semelhança muito estreita entre essa condição e o céu da religião comum (omitindo-se os conceitos antropomórficos acerca de Deus). R.(2) Certamente o novo EGO, uma vez que renasceu, retém por um certo tempo - proporcional a sua vida terrena - uma "completa recordação de sua vida na Terra" (Veja a vossa pergunta anterior): Mas não pode NUNCA voltar do Devachan à Terra, nem tem esse estado (ainda omitindo todos os "conceitos antropomórficos acerca de Deus") qualquer semelhança com o paraíso ou céu de alguma religião, e é a fantasia literária de H. P. B. que lhe sugeriu a maravilhosa comparação. P.(3) Agora a questão importante é: quem vai ao Céu ou Devachan? É esta condição alcançada somente pelos poucos que são muito bons ou pelos muitos que não são muito maus - depois do período de tempo que
aram em inconsciente?
maior
incubação
ou
gestação
R.(3) Quem vai ao Devachan? Naturalmente o EGO pessoal, mas beatificado, purificado, santificado. Todo Ego - a combinação do Sexto e Sétimo princípios - que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no Devachan, é necessariamente tão puro e inocente como uma criança, recém-nascida. O fato de haver renascido comprova, já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua velha personalidade. E, enquanto o karma (do mal) fica temporariamente suspenso, para seguí-lo mais tarde em sua futura encarnação terrena, ele só leva ao Devachan o karma de suas boas obras, palavras e pensamentos. "Mal" é um termo relativo para nós (conforme já vos foi dito mais de uma vez) e a Lei de Retribuição é a única lei que nunca erra. Portanto, todos os que não desapareceram no seio do pecado irremissível e da bestialidade vão ao Devachan. Mais tarde terão que pagar, voluntária ou involuntariamente, pelos seus pecados. Entretanto, recebem os efeitos das causas que geraram. Na verdade este é um estado, digamos, de INTENSO EGOISMO, durante o qual o Ego colhe a recompensa do seu ALTRUÍSMO na Terra. Está completamente mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências e pensamentos terrenos e recolhe o fruto de suas ações meritórias. Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque É UM ESTADO DE PERPÉTUO MAYA". Assim como a percepção consciente da própria PERSONALIDADE na Terra não é mais do que um sonho evanescente, esse sentimento será igualmente o de um sonho no Devachan - mas intensificado cem vezes. Tão certo é isso, sem dúvida que o ego feliz é incapaz de observar através do véu, os males, tristezas e calamidades a que podem estar sujeitos aqueles a quem amou na Terra. Mora neste doce sonho com os seus bem amados, tanto com os que foram antes dele como com os que permanecem ainda na Terra; ele os têm próximo a si, tão felizes, bem-aventurados e inocentes como o sonhador desencarnado; e, no entanto, exceto em raras visões, os habitantes de nosso grosseiro planeta não o percebem. É nesta, em meio a esta condição de completa Maya, que as Almas ou Egos astrais dos sensitivos puros e amorosos, atuando
debaixo da mesma ilusão, pensam que os seus próprios Espíritos que ascenderam até aqueles no Devachan. Muitas das comunicações espirituais SUBJETIVAS - a maior parte delas quando os sensitivos tem mente pura - são reais; mas é muito difícil para um médium não INICIADO, fixar em sua mente as imagens autênticas e corretas do que se vê e ouve. Alguns dos fenômenos chamados de psicografia (embora mais raros) são também reais. O espírito do sensitivo tornando-se odilizado, por assim dizer, pela aura do Espírito no DevaChan, torna-se, por uns poucos minutos AQUELA PERSONALIDADE, que partiu e escreve com a letra desta última, em sua mesma linguagem e com os mesmos pensamentos que teve durante a sua vida terrestre. Os dois espíritos se mesclam, e a preponderância de um sobre o outro durante esses fenômenos, determina a preponderância da PERSONALIDADE nas características mostradas em tais escritos, e no "transe falante". O que chamais de "comunicação mediúnica" é simplesmente uma identidade de vibração molecular entre a parte astral do médium encarnado e a parte astral da personalidade desencarnada. Acabo de ser informado de um artigo sobre o OLFATO, de um professor de inglês (que farei com que seja comentado no "Teosofista" e direi umas poucas palavras), e encontro nele algo que se aplica ao nosso caso. Assim como na música dois sons diferentes podem estar em ressonância e separadamente distinguíveis, e esta harmonia ou discórdia depende das vibrações síncronas e dos períodos complementares; assim há "comunicação" entre o médium e o "comunicante" quando as suas moléculas astrais vibram em harmonia. E quanto a saber se a comunicação refletirá a idiossincrasia pessoal de um deles mais do que a de outro, isso é determinado pela intensidade relativa dos dois grupos de vibrações na onda composta do Akasa. Quanto menos idênticos sejam os impulsos vibratórios, tanto mais mediúnica e menos espiritual será a mensagem. Portanto avaliai o estado moral do vosso médium pela da suposta inteligência "comunicante", e os vossos testes de autenticidade deixarão nada a desejar. P.(4) Existe grande variedade de condições dentro dos limites, por assim dizer, do Devachan, de modo que todos os egos caem em um estado adequado para si, do qual renascerão em condições inferiores ou superiores no próximo mundo de causas? De nada vale multiplicar
as hipóteses. Queremos algumas informações para nos basear. R.(4) Sim, há muita diversidade nos estados do Devachan, como bem dissestes. Tantas modalidades de felicidade, assim como existem na Terra graduações de percepção e capacidade para apreciar tal recompensa. É um paraíso idealizado, em cada caso, formado pelo próprio ego, que o enche de cenários repleto de episódios e o povoa com as pessoas que espera encontrar em tal esfera de compensadora bemaventurança. E é esta variedade que conduz o Ego pessoal temporário para a corrente que o levará a renascer em piores ou melhores condições, no próximo mundo das causas. Tudo está tão harmoniosamente ajustado na Natureza especialmente no mundo subjetivo - que nenhum erro pode jamais ser cometido pelos Tathagatas - ou Dyan Chohans0 - que guiam os impulsos. P.(5) À primeira vista, um estado puramente espiritual seria somente desfrutado pelas entidades altamente espiritualizadas nesta vida. Mas há miríades de pessoas muito boas (moralmente) que não são em absoluto espiritualizadas. Como elas poderão ar, com as recordações desta vida, de uma condição material de existência para uma outra espiritual? R.(5) É "uma condição espiritual" apenas quando em contraste com a nossa grosseira "condição material", e, como já foi dito, são esses graus de espiritualidade que constituem e determinam a grande "variedade" de condições dentro dos limites do Devachan. Uma mãe pertencente a uma tribo selvagem não é menos feliz que uma mãe de um palácio real, quando segura nos braços o seu filho perdido; e, embora como Egos em si, as crianças prematuramente mortas antes da conclusão de sua Entidade setenária, não chegam ao Devachan, e, apesar disso, a fantasia amorosa da mãe encontra ali os seus filhos, sem que falte um só dos que o seu coração aspira. Podem dizer que isto é só um sonho. Mas, afinal, o que é a vida objetiva em si senão um panorama de irrealidades vívidas? Os prazeres desfrutados por um Pele Vermelha em seus "felizes campos de caça" naquele país de sonhos, não são menos intensos do que o êxtase experimentado por um CONNOISSEUR (conhecedor) - que a idades em encantado deleite, escutando as divinas sinfonias executadas por imaginários coros angélicos e orquestras. Como não é culpa do pele vermelha ter nascido "selvagem" com um
instinto de matar (embora causando a morte de muitos animais inocentes) se com tudo isso, foi pai, filho e marido amantíssimo, porque não haveria de desfrutar de SUA porção de recompensa? O caso seria muito diferente se os mesmos atos de crueldade tivessem sido cometidos por uma pessoa educada e civilizada, pelo simples amor ao esporte. O selvagem, ao renascer, simplesmente ocupará um lugar inferior na escala, em razão do seu desenvolvimento moral imperfeito; enquanto que o KARMA do outro estaria contaminado com delinqüência moral. Todos os egos, exceto aqueles que, pela atração do seu magnetismo grosseiro, caem na corrente que os arrastará ao "Planeta da Morte" (o satélite mental e físico da nossa Terra), ESTÃO capacitados para ar a uma relativa condição "espiritual", ajustada às suas condições prévias de conduta e pensamento. Pelo que sei e me recordo, H. P. B. explicou ao Sr. Hume que o sexto princípio do homem, como algo puramente espiritual, não poderia existir, ou ter existência CONSCIENTE no Devachan, a menos que houvesse assimilado alguns dos mais puros e abstratos atributos mentais do Quinto Princípio ou alma animal: seu MANAS (mente) e memória. Ao morrer o homem, o seu segundo e terceiro princípios1 morrem com ele; a tríade inferior desaparece e os quarto. quinto, sexto e sétimo princípios formam o sobrevivente QUATERNÁRIO. (Leia de novo a página dos FRAGMENTOS de uma V.O.). Daí em diante é uma luta de "morte" entre dualidades Superior e Inferior. Caso vença a superior, o sexto, tendo atraído para si, do quinto, a quinta-essência do Bem, seus mais nobres afetos, as mais santas (ainda que sejam terrenas) aspirações e as partes mais Espiritualizadas de sua mente - segue o seu Divino ANCIÃO (o sétimo) até o Estado de "Gestação"; e o Quinto e Quarto permanecem associados como uma CASCA vazia - (a expressão é perfeitamente correta) - que vagueia pela atmosfera terrestre com a metade da memória pessoal desvanecida e os instintos mais brutais plenamente vivos por certo tempo - um "Elementar", em última palavra. Este é o guia angélico do médium comum. Se, por outro lado, é a Dualidade Superior a derrotada, então é o Quinto Princípio que assimila tudo o que reste no Sexto Princípio de recordações PESSOAIS e de percepções individuais. Mas com toda essa bagagem adicional, ele não permanecerá no Kama-Loka - "o mundo do Desejo" da atmosfera de nossa Terra. Em muito pouco tempo, como uma palha flutuando dentro da atração dos vórtices e covas do Maelstron
(sorvedouro), é atraído e aprisionado no grande remoinho de Egos humanos; enquanto o sexto e o sétimo, convertidos agora em uma MÔNADA puramente espiritual e INDIVIDUAL, sem vestígios da última personalidade, não tendo um período regular de "gestação" que atravessar (pois não há mais um EGO PESSOAL purificado para renascer), após um período de Repouso inconsciente, mais ou menos prolongado, no Espaço ilimitado, se achará encarnado em outra personalidade no próximo planeta. Quando chega o período de "Plena Consciência Individual (que precede o de Absoluta Consciência no Paranirvana), aquela existência pessoal perdida torna-se como que uma página arrancada do GRANDE LIVRO DE VIDAS, sem que reste nem uma palavra solta que assinale a sua ausência. A MÔNADA purificada não a perceberá, nem a recordará na série de seus nascimentos ados - o que aconteceria se tivesse ido ao "Mundo das Formas" (Rupa-loka) - e a sua visão retrospectiva não perceberá nem o mais leve sinal indicador de que tenha existido. A luz de SAMMA-SAMBUDDH "... Essa luz que brilha além da nossa percepção mortal A luz de todas as vidas em todos os mundos". Não projeta nenhum raio sobre aquela vida PESSOAL na série de vidas precedidas. A favor do gênero humano devo dizer que essa supressão total de uma existência dos registros do Ser Universal não ocorre tão freqüentemente a ponto de representar uma grande porcentagem. De fato, à maneira do "idiota congênito", muito mencionado, tal coisa é um "lusus naturae" - uma exceção, não a regra. P.(6) E como é compatível uma existência espiritual, onde tudo foi mergulhado no sexto princípio, com aquela consciência da vida material, pessoal e individual, que há de ser atribuída ao Ego no Devachan, se ele retém a sua consciência terrena, segundo se declara na nota do TEOSOFISTA? R.(6) A questão foi explicada suficientemente, eu creio: os Princípios Sexto e Sétimo, constituem, em si, a "Mônada" eterna e imperecível, mas também INCONSCIENTE. Para que se desperte nela, para a vida a consciência latente, especialmente a da individualidade PESSOAL, requer-se a mônada e os mais altos atributos do quinto princípio - a "Alma animal";
e é isso que constitui o Ego etéreo que goza a bemaventurança no Devachan. O espírito, ou as emanações puras do UNO, formam com o sétimo e o Sexto Princípios, a Tríada Superior; nenhuma das duas emanações é capaz de assimilar nada que não seja bom, puro e santo; daí decorre que nenhuma recordação sensual, material ou pecaminosa possa acompanhar a memória purifcada do Ego na Região de Bemaventurança. O Karma advindo dessas recordações de más ações e pensamentos atingirá o Ego quando ele muda a sua PERSONALIDADE no próximo mundo das causas. A Mônada ou "Individualidade Espiritual", permanece sem mancha EM TODOS OS CASOS. Não há tristeza nem Dor para aqueles que nascem ali (no Rupa-Loka do Devachan); pois essa é a Terra Pura. todas as regiões do espaço possui essas terras (Sakwala), mas essa terra de Bem-aventurança é a mais pura. "No Jnana Prasthâna Shastra está dito: "pela pureza pessoal e ardente meditação, nós transcendemos os limites do Mundo do Desejo, e entramos no Mundo das Formas." P.(7) O período de gestação entre a Morte e Devachan têm sido até agora concebido por mim como eventos muitos longos. Agora foi dito que em alguns casos é de apenas uns poucos dias, e, em nenhum outro caso (implicitamente) mais do que uns poucos anos. Parece que isso foi exposto claramente, mas pergunto se isso pode ser explicitamente confirmado, porque este é um ponto capital. R.(7) Outro belo exemplo da habitual desordem na qual se mantém a estrutura mental da Senhora H. P. B. Ela fala do "Bardo" e não informa aos seus leitores o que significa! Como no quarto em que ela escreve a confusão é ainda dez vezes pior, assim, em sua mente as idéias se amontoam, colocadas em tal caos que, quando quer expressá-las, aparece primeiro a cauda em vez da cabeça. "Bardo" é o período entre a morte e o renascimento - e pode durar de uns poucos anos até um kalpa. Ele é dividido em três sub-períodos (1) quando o Ego, livre do seu envoltório mortal, entra no KAMA LOKA (a morada dos Elementares); (2) quando entra no seu "Estado de Gestação"; (3) quando renasce no RUPA LOKA do Devachan. O Sub-período (1) pode durar de uns poucos minutos até a alguns anos. A expressão "alguns anos" se torna enigmática e inteiramente inútil sem uma explicação mais completa. O Sub-período (2) é "muito grande" como dizeis, às vezes mais prolongado do que possais mesmo imaginar, entretanto,
proporcional ao vigor espiritual do Ego; o Sub-período (3) dura em proporção ao bom KARMA após o qual a MÔNADA é novamente reencarnada. A expressão do AGAMA SUTRA: "em todos esses Rupa-Lokas, os Devas (Espíritos) estão sujeitos igualmente ao nascimento, decadência, velhice e morte", somente significa que um Ego ali nasce, logo começa a desvanecer-se e finalmente "morre", isto é, cai naquela condição inconsciente que precede ao renascimento; e termina o Sloka com estas palavras: "à medida que os Devas emergem desses céus, eles entram no mundo inferior novamente", isto é, eles deixam o mundo da bem-aventurança para renascer no mundo das causas. P.(8) Nesse caso e considerando que o Devachan não é somente a herança dos adeptos e pessoas quase tão elevadas quanto eles, HÁ uma condição de existência equivalente ao Céu, e que ocorre efetivamente, de onde a vida na Terra pode ser observada por um imenso número daqueles que foram antes! P.(9) e por quanto tempo? Esse estado de beatitude espiritual perdura por anos? Por décadas? Por séculos? R.(8) Dito mais enfaticamente, o "Devachan NÃO É a herança apenas dos adeptos, e mais decididamente, há um "céu"- se é que preferis usar este termo astrogeográfico cristão - para "um imenso número dos que foram antes. "Mas" a vida na Terra", não pode ser OBSERVADA por nenhum deles pelas razões já expostas, da Lei de Bem-aventurança, além de MAYA. R.(9) Durante anos, décadas, séculos e milênios, inúmeras vezes multiplicados por algo mais. Tudo depende da duração do Karma. Encha de óleo a pequena taça de Den20 e o depósito de água de uma cidade, e, acendendo a ambos, veja qual queima por mais tempo. O Ego é a mecha (pavio), o Karma, o óleo: a diferente quantidade de óleo na taça e no depósito explicará a grande diferença de duração dos vários KARMAS. Cada efeito tem que ser proporcional a sua causa. E como os períodos de existência encarnada do homem são, inerentemente, uma pequena proporção dos períodos de existência inter natal no ciclo manvantárico, assim os bons pensamentos, palavras e ações de qualquer uma dessas "vidas" sobre o globo são causadoras de efeitos cuja elaboração requer muito mais tempo de que ocupou a evolução das causas. Portanto, quando lerdes nos Jâts e outras FABULOSAS narrações das Escrituras Budistas, que esta ou aquela boa ação foi recompensada por Kalpas1 de várias cifras
de bem-aventurança, não sorria ante o absurdo exagero, e sim, tenha em conta o que acabo de dizer. Sabeis que, de uma pequenina semente, cresceu uma árvore que sura há séculos; refiro-me à árvore Bo, de ANURUDHA-PURA. Tão pouco deveis rir se chegardes a ler o PINDA-DANA, ou qualquer outro SUTRA budista e encontrardes: "Entre o Kama-Loka e o Rupa Loka existe uma localidade, a morada de "Mara" (morte). Esta Mara cheia de paixão e luxúria, destrói todos os princípios virtuosos assim como uma pedra moe o grão2. Seu palácio abarca 7.000 YOJANAS quadradas e está cercada por uma vala de SETE muros". Agora vos sentireis melhor preparado para compreender esta alegoria. Assim, quando Beal, ou Bournof, ou Rhys Davis, na inocência de suas almas cristãs e materialistas, se entregam a traduções como geralmente o fazem, não consideramos que exista malícia nos seus comentários pois não sabem nada melhor. Mas o que significa o que se segue: "Os nomes dos Céus" (uma má tradução pois LOKAS não são CÉUS mas localidades ou moradas) do Desejo, KamaLoka - assim chamado porque os seres que os ocupam estão sujeitos aos desejos de comer, beber, dormir re amar. Ele são também chamados as moradas das CINCO (?) ordens de criaturas sencientes: Devas, homens, asuras, bestas e demônios (LAUTAN SUTRA, traduzido por S. Beal). Significam apenas que o reverendo tradutor, caso estivesse um pouco mais a par da verdadeira doutrina - ele teria - 1: dividido os Devas em duas classes - e os chamado de "RUPA-DEVAS" e os "ARUPA-DEVAS" (os Dhyan Chohans com "FORMA" ou objetivos e os "sem formas", ou subjetivos e 2: haveria feito o mesmo para sua classe de "homens", pois que existem CASCÕES e "Maha rupas", isto é, corpos condenados à aniquilação. Todos eles são: 1) "RUPA DEVAS"- DHYAN CHOHANS, que têm forma, (Ex. homens) 2) "ARUPA-DEVAS" - Dhyan Chohans, sem forma (Ex. homens) 3) "PISACHAS" - Espectros (com dois princípios) 4) "MARA RUPA"- Condenados à MORTE ( com três princípios) 5) ASURAS - Elementais - com forma humana, (Futuros homens)
6) BESTAS - Elementais de segunda classe. Elementais animais (Futuros homens) 7) RAKSHASAS - (Demônios) Almas ou Formas Astrais de Feiticeiros; homens que alcançaram o ápice do conhecimento nas artes proibidas. Mortos ou vivos, FRAUDARAM, por assim dizer, a Natureza; mas só temporariamente, até que nosso planeta entre no seu período de OBSCURECIMENTO, depois do qual nolens volens - terão que ser aniquilados. São estes os SETE grupos que formam as principais divisões dos Moradores do mundo subjetivo que nos rodeia. Na categoria nº.1 encontram-se os Governantes INTELIGENTES deste mundo de Matéria, os quais, com toda a sua inteligência apenas são os obedientes instrumentos cegos do UNO, os agentes ativos de um Princípio ivo.28 E dessa forma têm sido mal interpretados e traduzidos quase todos os nossos Sutras; todavia, mesmo se essa massa confusa de doutrinas e palavras, para quem conheça, mesmo superficialmente, a VERDADEIRA doutrina, há um solo firme onde pisar. Assim, por exemplo, ao enumerar as sete lokas do "Kama Loka", o Avatamsaka Sutra menciona, como sétimo, o "Território da Dúvida". Peço-vos que recordai o nome, já que teremos que nos referir a ele mais adiante. Cada um destes "mundos", dentro da Esfera de Efeitos, tem um Tathágata ou "Dhyan Chohan" para protegê-lo e vigiálo, não para interferir com ele. Sem dúvida, de todas as pessoas, os espíritos serão os primeiros a rechaçar nossas doutrinas e arrojá-las no "limbo de desacreditadas superstições". Fossemos assegurarlhes que cada uma das suas "Terras de Verão" tem sete casas de hóspedes, com o mesmo número de "Espíritos Guias" para istrá-las, e se chamássemos a esses "anjos" São Pedros, Joãos e São Ernestos, nos receberiam com os braços abertos. Mas, quem já ouviu falar de Tathagatas e Dhyan Chohans, Asuras e Elementais. Ridículo! Entretanto, somos felizmente considerados - pelos nossos amigos (O senhor Eglington, pelo menos) que nos concedem, felizmente a posse de "certo conhecimento das Ciências Ocultas"(Veja "Light"). E assim mesmo, essa migalha de "Conhecimento" está a vossa disposição e ajuda-me agora a responder-vos a seguinte pergunta: P. Existe alguma condição intermédia entre a beatitude do Devachan e a sombria e desesperada vida das semi-
incoscientes relíquias elementais de seres humanos que perderam o seu Sexto Princípio? Porque, se for assim, isso poderia oferecer um LOCUS STANDI0 na imaginação aos Ernestos e Josés, dos médiuns espíritas - a melhor classe de "espíritos" guia. Nesse caso, tal mundo seguramente deve ser muito povoado e do qual pode vir todo número de comunicações "espirituais"... R. Não, meu amigo: nada que eu saiba. Desde "Sukhavati" até o "Território da Dúvida" há uma variedade de Estados Espirituais; mas eu não estou ciente de qualquer "condição intermédia". Eu vos contei das Sakwalas (embora não possa estar enumerando-as pois seria inútil); e mesmo de AVITCHI - o "Inferno" do qual não há retorno1, e não tenho nada mais a dizer sobre isso. A "desamparada sombra" deve arranjar-se o melhor que puder. Tão logo tenha saído do KAMA LOKA e cruzado a "Ponte Dourada" que conduz as "Sete Montanhas Douradas", o Ego já não pode confabular com os condescendentes médiuns. Nenhum "Ernesto" nem José jamais voltou do Rupa Loka - não se falando do ARUPA LOKA, - para estabelecer contato com os mortais. Naturalmente há uma "melhor Sorte" de RELÍQUIAS e os "cascões" dos "andarilhos terrestres", como são chamados aqui, não são necessariamente TODOS maus. Mas ainda os que são bons, se convertem temporariamente em maus devido aos médiuns. Os "cascões" pouco se preocupam já que, de qualquer modo, não têm nada a perder. Mas há uma outra classe de "Espíritos" que deixamos de lado, os SUICIDAS e os MORTOS POR ACIDENTE. AMABAS AS ESPÉCIES, PODEM COMUNICAR-SE E AMBAS TERÃO QUE PAGAR CARO POR TAIS VISITAS2; E agora tenho novamente de explicar o que quero dizer. Bem, esta classe é a que os espíritas ses chamam de "Espíritos Sofredores"3: São uma exceção à regra, pois terão que permanecer dentro da atração da Terra e em sua atmosfera - o Kama-Loka - até o momento final que teria sido a duração natural das suas vidas. Em outras palavras, aquela onda particular de evolução da vida tem que prosseguir para a sua margem. Mas é um pecado e crueldade reviver a sua memória e intensificar o seu sofrimento ao lhes dar uma oportunidade de viver uma vida artificial; uma possibilidade de SOBRECARREGAR O SEU KARMA, tentando-os a que penetrem em portas abertas, isto é, médiuns e sensitivos, pois irão pagar inequivocamente por tais prazeres. Explicarei. Os SUICIDAS que, tolamente querendo escapar da vida,
encontram-se ainda vivos - têm bastante sofrimento reservado e que os aguarda nessa mesma vida. Seu castigo está baseado na intensidade de tal vida. Tendo perdido, em conseqüência de sua irreflexiva ação, seus Sexto e Sétimo Princípios (ainda que não seja para sempre pois poderá recobrá-los), em vez de aceitar o seu castigo e aproveitar as suas oportunidades de redenção, eles inúmeras vezes são levados a LAMENTAR A VIDA tentados a reconquistar o controle sobre ela por meios pecaminosos. No KAMA LOKA, a terra dos desejos intensos, eles podem somente satifazer os seus desejos terrenos mediante um substituto VIVENTE; e fazendo isso, na expiração do seu prazo natural de vida, eles geralmente perdem para sempre a sua MÔNADA. Quanto às vitimas de acidentes - seu destino é ainda pior. A menos que tenham sido tão bons e puros, para serem atraídos imediatamente dentro do SAMADHI akasico, isto é, cair num estado de tranquila letargia, um sono cheio de rosados sonhos, durante o qual eles nada recordam do acidente, mas movem-se e vivem entre os seus amigos e cenas familiares, até que o seu prazo normal de vida extinga, quando eles então, descobrem-se nascidos no Devachan. Mas, se foram pecadores e sensuais, um lúgubre destino os espera, pois vagueiam como sombras desditadas (não são CASCÕES), pois a sua conexão com os dois princípios mais elevados não está completamente partida - até que venha a hora da morte. Cortada a vida em pleno fluxo de paixões terrenas que os liga a cenas familiares, eles se deixam seduzir pelas oportunidades que lhes oferecem os médiuns de gratificar tais paixões por intermédio deles. São os chamados PISACHAS, os INCUBOS e SUCUBOS dos tempos medievais. Os demônios da embriaguez, da gula, da luxúria e da avareza - "elementares" de intensificada astúcia, perversidade e crueldade, que provocam as suas vítimas a cometer crimes horrendos e que gozam quando isso ocorre! Não só arruínam as suas vítimas, mas também esses vampiros psíquicos são arrastados pela corrente de seus impulsos da aura da Terra até regiões onde, durante milênios, terão que ar agudos sofrimentos até a sua total destruição. Mas caso a vítima do acidente ou da violência não seja muito boa, nem muito má, (uma pessoa comum) então pode acontecer o seguinte: um médium pode atraí-la e criar-lhe as mais indesejáveis das coisas: uma nova combinação de SKANDHAS e um novo e mau KARMA.
Mas deixai-me dar-vos uma idéia clara do que quero dizer por Karma, neste caso. Em conexão com isso, deixai-me contar-vos antes, dado que, como pareceis muito interessado no assunto,nada podeis fazer de melhor senão estudar as duas doutrinas - Karma e Nirvana - da forma mais profunda como possais. A não ser que estejais completamente a par das duas doutrinas - a chave dupla da metafísica do Abidharma - sempre continueis perplexo ao tentar compreender as demais. Temos diferentes classes de Karma e de Nirvana em suas várias aplicações - ao Universo, ao mundo, aos Devas, Budas, Bodisatvas, homens e animais - o segundo incluindo os seus sete reinos. Karma e Nirvana são somente dois dos sete grandes MISTÉRIOS da metafísica Budista; e só quatro dos sete são conhecidos pelos melhores orientalistas. E ainda assim mesmo muito imperfeitamente. Caso pergunteis a um douto sacerdote Budista o que é o Karma, responderá que é o que um Cristão poderia chamar de Providência (só num certo sentido) e um muçulmano, de KISMET, sorte ou destino (também só num certo sentido). É essa a doutrina fundamental que ensina que, logo morre um ser consciente ou sensível, seja homem, deva ou animal, produz-se um novo ser que reaparece, nascendo de novo, no mesmo ou em outro planeta, debaixo das condições produzidas antes pela própria criatura anterior. Ou, em outras palavras, que o KARMA é o poder que guia, e TRISHNA ( em Pali TANHA) a sede ou o anseio pela vida sensorial - a força imediata ou energia - resultante da ação humana (ou animal) que, dos antigos SKANDHAS produz o novo grupo que forma o novo ser e controla a espécie - do próprio renascimento. Ou para ficar mais claro; o NOVO ser é premiado ou castigado pelas suas ações meritórias ou danosas do ser ado; o Karma representa um Livro de Registro, um Diário, no qual todos os atos do homem, bons, ou maus, ou indiferentes são cuidadosamente registrados a seu débito ou crédito - por ele mesmo, ou melhor, pelas próprias ações suas. Lá, onde a ficção poética Cristã criou e vê um Anjo da Guarda Registrador, a seca e realista lógica Budista, percebendo que cada causa tem que ter o seu efeito mostra a sua presença real. Os oponentes do Budismo salientaram bastante a alegada injustiça de que aquele que comete um ato pode escapar e uma vítima inocente irá sofrer - eis que o autor e o sofredor são seres diferentes. O fato é que, embora num certo sentido eles podem ser assim considerados, todavia em outro, SÃO
IDÊNTICOS. O "antigo ser" é o único progenitor - pai e mãe ao mesmo tempo - do "novo ser". Na realidade o primeiro é o criador e modelador do segundo, e muito mais, em verdade que qualquer pai carnal. E uma vez que dominastes bem o significado de SKHANDHAS que forma e constitui a individualidade física e mental que chamamos homem (ou qualquer outro ser). Este grupo consiste (no ensinamento exotérico) de cinco Skhandhas, a saber: RUPA- os atributos ou qualidades materiais; VEDANA- sensações; SANNA- idéias abstratas; SANKHARA- tendências tanto físicas como mentais; VINNANA- poderes mentais (uma ampliação da quarta) compreendendo as predisposições mentais, físicas e morais. Nós acrescentamos duas mais, cuja natureza e denominação podereis aprender depois. Basta, por hora, dar-vos a conhecer que elas estão ligadas e são geradoras de SAKKAUADITTHI, a "heresia ou ilusão da individualidade" e de ATTAVADA "A doutrina do Eu", as quais (no caso de quinto princípio, a alma) levam à MAYA da heresia e crença na eficácia de pretensiosos rituais e cerimônias, em preces e intercessão. Agora, retornando à questão da identidade entre o VELHO e o NOVO "Ego". Permita-me lembrar-vos uma vez mais, que mesmo a vossa Ciência aceitou o fato muito antigo, nitidamente ensinado pelo nosso Senhor, isto é, que um homem de qualquer idade, por mais que se sinta o mesmo, não é fisicamente o mesmo de alguns anos atrás, (nós dizemos SETE anos e estamos preparados para sustentar e provar esse fato); falando budisticamente na preparação do molde abstrato "privativo" do futuro NOVO ser. Agora bem, assim como é justo que um homem de 40 anos desfrute ou sofra pelas ações do homem de 20, também é igualmente justo que o ser do recém-nascido, que é essencialmente idêntico ao anterior já que é a sua conseqüência e sua criação, sinta as conseqüências daquele Eu, ou personalidade geradora. Vossa lei ocidental, que castiga o inocente filho de um pai culpado, privando-o de seu progenitor, de seus direitos e propriedades; vossa civilizada sociedade, que aplica o estigma de infâmia à inocente filha de uma mãe criminosa e imoral; vossa Igreja Cristã e Escrituras que ensinam que "o Senhor Deus faz pagar aos filhos os pecados dos pais até a terceira e quarta geração", não são todos esses mais injustos e cruéis do que qualquer coisa feita pelo Karma? Em vez de punir o inocente junto com o culpado, o Karma vinga e RECOMPENSA O
PRIMEIRO, o que nenhum dos três potentados ocidentais acima mencionados jamais pensou em fazer. Mas talvez, em relação à nossa observação sobre fisiologia, os opositores poderiam replicar, argumentando que é somente o corpo que muda, há apenas uma transformação molecular, que nada tem a ver com a evolução mental, e que as SKANHAS representam não somente um conjunto de qualidades materiais, mas também mentais e morais. Mas, existe por acaso, - pergunto eu - alguma sensação, alguma idéia abstrata, alguma tendência da mente ou algum poder mental que pudesse ser qualificado como um fenômeno absolutamente não-molecular? É possível que uma sensação ou o mais abstrato dos pensamentos, que são ALGO, procedam do NADA ou nada sejam? Muito bem, as causas que produzem o "novo ser" e determinam a natureza do KARMA são, como já foi dito - TRISHNA (ou "Tanha") - sede, o desejo por uma existência sensível e UPADANA - que é a realização ou consumação de TRISHNA ou aquele desejo. E os médiuns contribuem para despertar e desenvolver ne plus ultra a ambos num Elementar, seja este um suicida ou uma vítima de acidente. A regra é, quem morre de morte natural permanecerá dentro da atração da Terra, isto é, no KAMA LOKA, "desde umas poucas horas a alguns poucos anos". Mas há exceções: o caso dos suicidas, ou em geral, daqueles que morrem por morte violenta. Portanto, um destes Egos, por exemplo, que estivesse destinado a viver, digamos, 80 ou 90 anos, mas que se suicidou ou morreu de algum acidente na idade de 20, suponhamos, teria que ar no KAMA LOKA, não uns poucos anos, mas no seu caso, 60 ou 70 anos, como um Elementar, ou melhor, como um "andarilho terrestre", já que infelizmente para ele, não é nem mesmo um "CASCÃO". Felizes, três vezes felizes são, em comparação, aquelas entidades desencarnadas, que dormem seu grande sono e vivem sonhando no seio do Espaço! E coitado daqueles cujo TRISHNA os atrai para os médiuns, e coitados desses médiuns que os tentam com tão condescendente UPANA. Pois, ao atraí-los e permitirem que satisfaçam a sua sede de vida, o médium ajuda a desenvolver neles (de fato é a causa) um novo conjunto de Skandhas, um novo corpo com tendências e paixões até piores do que a do corpo que perderam. Todo o futuro deste novo corpo será determinado assim, não só pelo mau Karma de demérito do grupo precedente de Skandhas, mas também pelo Karma do novo grupo do futuro ser. Caso
os médiuns e os Espíritas soubessem, como já disse, que cada novo "guia angélico" a quem dão boas vindas com grande alegria, o que fazem é convidá-lo a um UPADANA que causará uma série de males indizíveis para o novo Ego que renascerá debaixo de sua nefasta sombra, e que em cada sessão - especialmente se ocorrem materializações - multiplicam as causas de miséria que farão fracassar o infortunado Ego em seu nascimento espiritual, ou renascer numa existência pior que qualquer outra anterior - eles seriam menos pródigos em sua hospitalidade. E agora, podereis compreender porque nos opomos tão energicamente ao Espiritismo e à mediunidade. E vereis também porque, para satisfazer o Senhor Hume - pelo menos numa direção, - me vi num grande APERTO com o Chohan, e MIRABILE DICTU40 com ambos os sabes, "os jovens de nome Scott e Banon", um artigo seu que termina com uma severa sova literária em minha humilde pessoa. Sombras dos Asuras, que tremenda insatisfação ela teve ao ler essa irrespeitosa crítica! Lamento que ela não a publique em consideração a "honra da família", como o expressou o "Deserdado"2. Quanto ao Chohan, o assunto é mais sério; e ele esteve muito longe de ficar satisfeito que eu tivesse permitido a Eglington crer que era EU MESMO. Permitiu que se desse esta prova do poder de um HOMEM VIVO aos Espíritas através de um dos seus médiuns; mas deixou o programa e detalhes para nós mesmos; daí o seu descontentamento por algumas pequenas conseqüências. Digo-vos, meu querido amigo, que sou muito menos livre de fazer o que quero do que vós no caso do PIONNER. Nenhum de nós, a não ser os CHUTUKTUS mais elevados, é pleno dono de si mesmo. Mas estou divagando. E agora que eu vos contei muito e expliquei tantas coisas, podeis ler esta carta à nossa incorrigível amiga, a senhora Gordon. As razões que foram dadas podem jogar alguma água fria no seu zelo espírita, embora tenha minhas razões para duvidar disso. De qualquer modo, a carta pode mostrar a ela que não é contra o VERDADEIRO Espiritismo que nos colocamos, mas apenas contra a mediunidade indiscriminada e os efeitos físicos - especialmente as materializações e POSSESSÕES em transe. Pudessem os Espíritas compreender a diferença entre INDIVIDUALIDADE e PERSONALIDADE, entre a imortalidade INDIVIDUAL e a PESSOAL, e algumas outras verdades, se convenceriam com mais facilidade de que os ocultistas
possam estar plenamente seguros da imortalidade da MÔNADA e, no entanto, negar a da alma3 - o veículo do EGO PESSOAL; de que podem crer firmemente e praticar comunicações e relações espirituais com os egos DESENCARNADOS do RUPA LOKA4, e, entretanto, rir da idéia insensata de se apertar a mão de um "Espírito", de que, finalmente, como se apresenta o assunto, são os Ocultistas e Teósofos os verdadeiros Espiritualistas, enquanto a moderna seita que leva este nome se compõe de fenomenalistas MATERIALISTAS. E uma vez que estamos discutindo a "individualidade" e "personalidade", é curioso que H. P. B. enquanto torturava o cérebro do pobre Senhor Hume com suas embrulhadas explicações, não se desse conta, até receber dele mesmo a explicação da diferença entre individualidade e personalidade, de que era a mesma doutrina que fora ensinada a ela: a de PACCEKAYANA e a de AMATA-YANA. Os dois termos que como se disse antes, foram citados por Hume, são a tradução correta e literal do Pali, Sânscrito, e mesmo dos nomes técnicos Chino-Tibetanos para as diversas ENTIDADES PESSOAIS fundidas numa só INDIVIDUALIDADE - a longa fileira de vidas emanando da mesma e Imortal MÔNADA. Tendes de recordar: 1) O PACCEKA-YANA (em sânscrito "Pratyela") significa literalmente o "veículo pessoal", ou EGO pessoal, uma combinação dos cinco princípios inferiores, enquanto que: 2) o AMATA-YANA (em sânscrito "Amrita") se traduz por "o veículo imortal", ou a INDIVIDUALIDADE, a Alma Espiritual, ou a MÔNADA Imortal - uma combinação do Quinto, Sexto e Sétimo. P. Parece-me que uma das nossas maiores dificuldades ao tratar de compreender o progresso das coisas, está em nossa ignorância de como são as divisões dos sete princípios. Cada um deles possui, por sua vez, segundo nos foi dito, seus sete elementos: poderia nos dizer algo mais da constituição setenária, em especial dos Princípios Quarto e Quinto? É evidente que na divisibilidade deles é onde reside o segredo do futuro, assim como de muitos fenômenos psíquicos durante a vida. R. Perfeitamente correto. Mas permito-me duvidar de que a dificuldade desapareceria com as explicações desejadas, e de que seríeis capaz de "penetrar no
segredo dos fenômenos psíquicos". Poderíeis, meu bom amigo, a quem eu tive uma ou duas vezes o prazer de ouvir tocar no vosso piano entre o vestir-se com etiqueta e a ceia com vinho clareai e carne - dizei-me, poderíeis executar com tanta facilidade com que tocas uma das suas ligeiras VALSAS, uma das grandes sonatas de Beethoven? Rogo-vos, tende paciência! Entretanto não me negarei, de nenhum modo. Numa folha solta anexa à presente, achareis os princípios Quarto e Quinto, divididos em raízes e ramos, se é que disponho de tempo para fazê-lo. E agora, por quanto tempo vos absteríeis de pontos de interrogação? Fielmente, K. H. P. S. Espero ter removidas todas as causas de queixas - não obstante à minha demora em responder as suas perguntas - e que a minha reputação se restabeleça. Vós e o senhor Hume receberam, até agora, mais informação sobre a Filosofia Esotérica Arcaica do que jamais fora dado aos não iniciados, que eu saiba. Sua sagacidade, meu bondoso amigo, sugeriu muito tempo atrás, de que isso não é devido tanto às vossas combinadas virtudes pessoais - ainda que o senhor Hume, devo confessar, conseguiu muitas informações desde a sua conversão ou às minhas preferências pessoais para qualquer um dos dois, senão por outras razões muito evidentes. Entre todos os nossos semichelas, vós dois pareceis os mais adequados para utilizar, para o bem comum, os dados que receberam. Deveis considerá-los como recebidos em confiança para o benefício de toda a Sociedade; para serem analisados, utilizados e reutilizados em muitas maneiras e de todo modo adequado. Se vós (Sr. Sinnett) quiserdes dar um prazer ao vosso amigo trans-himalaico, não permita que e em mês sem ter escrito um Fragmento, grande ou curto, para a revista, e então publicá-lo, sob a forma de um folheto, como o chamais. Podeis assiná-los como "Um Chela Laico de K. H." ou de qualquer modo que escolherdes. Não me atrevo a pedir o mesmo favor ao Sr. Hume, que já fez mais do que lhe correspondia em outro sentido. Não responderei as suas perguntas acerca de sua conexão com o PIONEER por hora; algo poderia dizer sobre ambas as partes. Mas, pelo menos, não tomai
uma decisão precipitada. Estamos no fim do ciclo e estais relacionado com a S. T. Caso o meu Karma o permita, espero responder amanhã a extensa e bondosa carta pessoal do Senhor Hume. A abundância de manuscritos meus ultimamente, demonstra que achei um pouco de lazer o seu aspecto manchado, corrigido e remendado, comprova também que o meu lazer veio aos pedaços, com constantes interrupções, e que minha escrita foi feita em estranhos lugares aqui e ali, com os materiais que eu podia obter. Mas, quanto à REGRA que nos proíbe de usar o mínimo de poderes até que todos os meios comuns tenham sido experimentados e falhados, eu poderia, naturalmente, ter produzido uma belíssima "precipitação" quanto à quirografia e composição. Eu me consolo pela miserável aparência de minhas cartas com o pensamento de que talvez, não deixareis de apreciá-las por eu estar sujeito, pessoalmente, a estes contratempos que vós, ingleses, reduzem com tanto engenho ao mínimo, com os diversos recursos de que dispõem. Como a vossa senhora bondosamente observou uma vez, eles desvanecem de modo efetivo, o sabor de milagre e nos convertem em seres humanos, em entidades mais imagináveis - uma inteligente reflexão que lhe agradeço. H. P. B. está desesperada: o Chohan recusou a M. a permissão de deixá-lo vir este ano, e no máximo até a Rocha Negra, e M. muito serenamente fez com que ela desempacotasse suas malas. Tentai consolá-la, caso possais. Por outro lado, ela se faz mais necessária realmente em Bombaim do que em Penlor. Olcott está a caminho até Lanka e Damodar foi despachado por um mês a Poona; suas pueris austeridades e o trabalho intenso abalaram a sua constituição física. Terei que cuidar dele e talvez tirá-lo dali, se as coisas piorarem. Agora posso dar-lhe alguma informação acerca da questão tantas vezes discutida de permitirmos fenômenos. As operações egípcias de seus benditos compatriotas envolvem tantas conseqüências locais para o corpo de Ocultistas que ainda lá permanecem e para eles estão guardando, que dois dos nossos Adeptos já estão lá e a eles tendo se juntado alguns irmãos Drusos, e três mais estão a caminho. Tive o agradável privilégio de ser testemunho ocular da carnificina humana, mas declinei, com os meus agradecimentos. Para emergências tão grandes como
essas é que está armazenada a nossa Força e, portanto - não devemos desperdiçá-la num "tamasha" da moda. Dentro de uma semana - novas cerimônias religiosas, novas reluzentes bolhas para divertir os bebês, e uma vez mais estarei atarefado noite e dia, de manhã, à tarde e à noite. Em certas ocasiões sinto um momentâneo pesar de que os Chohans não tenham desenvolvido a feliz idéia de nos proporcionar também uma "suntuosa licença" na forma de um pouco de tempo livre. Oh, o Repouso Final! Esse Nirvana onde se é "Uno com a Vida - e, no entanto não se vive". Ah! Ah! - tendo comprovado pessoalmente que: "...A Alma das coisas é doce, o coração do Ser é Repouso celestial." aspiramos - o eterno REPOUSO! Seu K.H.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 017 Recebida em Simla Novamente diversas cartas deveriam ser consideradas juntas. A Carta nº.61 é uma carta de perguntas e respostas; a de nº.62 é chamada "Apêndice" e contém alguns comentários aos quais o Mahatma se refere em suas respostas mais minuciosas do que as dadas na
carta nº.61. A carta nº.63, na verdade, não é uma carta separada mas uma continuação da de nº.62, que ficou separada. Estas duas cartas são o reinício dos ensinamentos específicos. Deve-se lembrar de que não havia nenhuma definição clara de termos naquela época, o que pode possivelmente levar à alguma confusão ao se tentar compreender. Presume-se que o leitor esteja familiarizado com os ensinamentos das Rondas e Raças, Globos, Cadeias, etc. No livro de Sinnett, "Budismo Esotérico", os conceitos são apresentados. Livros posteriores também tratam do assunto, especialmente "A Doutrina Secreta", de H.P.B. 1) Alguns homens da quinta ronda já começaram a aparecer na Terra. Como podem ser distinguidos dos da Quarta Ronda da sétima encarnação terrena? Eu suponho que estejam na primeira encarnação da Quinta Ronda e que se atingirá um tremendo adiantamento quando as pessoas da Quinta ronda alcançarem a sua sétima encarnação. 1) Os videntes e clarividentes inatos do tipo da Sra. Kingsford e do senhor Maitland2, os grandes Adeptos de qualquer país; os gênios, sejam nas artes, na política ou na reforma religiosa. Ainda não apresentam maiores distinções físicas; seria muito prematuro, mas sucederá mais tarde. É assim mesmo, caso consulteis o Apêndice nº.13 encontrareis a explicação. 2) Mas se um homem se devotasse da Primeira à Quinta Ronda e se convertesse num Adepto poderia livrar-se de novas encarnações terrenas? 2) Não; com a exceção de Buda, que é um ser da Sexta Ronda que, por ter percorrido com tanto acerto a carreira em suas encarnações anteriores, ultraou até mesmo os seus predecessores. Mas, no entanto, tal exemplar de homem se encontra somente em um BILHÃO de criaturas humanas. Ele se diferenciou dos demais homens tanto na aparência física, como na espiritualidade e conhecimento. Entretanto, ele se livrou das demais encarnações, apenas neste planeta; quando os últimos homens da Sexta Ronda do Terceiro Anel desapareçam desta Terra, o Grande Instrutor terá que
se reencarnar no próximo planeta. Apenas que, como ele sacrificou, a Bem-aventurança e o Repouso Nirvânicos pela salvação de seus semelhantes, renascerá no mais elevado - o Sétimo Anel do planeta superior. Até então ELE influenciará cada décimo de milênio, (digamos melhor acrescentando, ele "já influenciou" um indivíduo escolhido, que geralmente transformou os destinos de nações. (Veja ISIS, Vol I, pp. 34 e 35) 3) Existe alguma diferença espiritual essencial entre o homem e a mulher, ou é o sexo um mero acidente de cada nascimento, fornecendo o futuro do indivíduo basicamente as mesmas oportunidades? 3) Um mero acidente, como dizeis. Geralmente uma coisa casual guiada, entretanto, pelo Karma individual, pelas aptidões morais, características e ações do nascimento anterior. 4) A maioria das classes superiores de paises civilizados agora na Terra, entendo que são pessoas do Sétimo "Anel" (isto é, da sétima encarnação terrestre) da Quarta Ronda. Os aborígines australianos pertencem, segundo entendo, a um anel inferior? Qual? E pertencem as classes menos adiantadas e inferiores dos países civilizados a vários anéis ou anel justamente ao Sétimo Anel ou podem alguns nascer nos pobres? 4) Não necessariamente. O refinamento, a urbanidade e a brilhante educação no vosso sentido destas palavras, tem muito pouco a ver com o curso da Lei superior da Natureza. Tomai um africano do Sétimo Anel ou um mongol do Quinto e podereis educá-lo, caso começardes do berço - e transformá-lo, aparte o seu aspecto físico, no mais completo cavalheiro inglês. Mas ele ainda permanecerá somente externamente como um papagaio intelectual. (Veja Apêndice nº.II) 5) A Velha Dama me disse que a maioria dos habitantes deste país são, em alguns aspectos, menos avançados que os Europeus, embora mais espirituais. Estão eles em um anel inferior da mesma ronda - ou a diferença se refere a algum princípio dos ciclos nacionais que nada tem a ver com o progresso individual? 5) A maior parte dos povos da Índia pertence à mais velha ou mais primitiva ramificação da Quinta Raça humana. Desejaria que M. conclua a carta que vos dirijo com um curto sumário acerca das últimas teorias
científicas de vossos eruditos etnógrafos e naturalistas para poupar-me trabalho. Lede o que ele escreve e depois consultai o nº.III de meu Apêndice. 6) Qual a explicação de "Ernesto" ou do outro guia de Eglinton? São elementares que extraem a sua vitalidade consciente dele ou elementais mascarados? Quando "Ernesto" tomou aquela folha do caderninho de notas do "Pioneer", como ele fez para obtê-la, sem recorrer à mediunidade para isso? 6) Posso assegurar-vos que não vale a pena que estudeis agora a verdadeira natureza dos "Ernestos" e "Joeys" e "outros guias" e, a não ser que fiqueis a par do desdobramento das degradações das escórias elementais e o dos sete princípios do homem, sempre vos achareis confuso para compreender o que eles REALMENTE são. Não obedecem a lei alguma, e muito dificilmente pode esperar-se que concedam aos seus amigos e iradores a homenagem da verdade, do silêncio e do apoio. Se alguém tem afinidade com eles, como a tem alguns DESALMADOS médiuns físicos eles se encontrarão. Caso não ocorra, é melhor deixálos sozinhos. Gravitam somente para os seus semelhantes - os médiuns, e a sua relação não se estabelece a não ser que seja FORÇADA por tontos e pecaminosos traficantes de fenômenos. Eles são elementares e elementais - no melhor dos casos, rasteiros, maliciosos e degradantes. Desejais abraçar muito conhecimento de imediato, meu caro amigo: não podereis alcançar com um salto todos os mistérios. Vede, não obstante, o Apêndice, o qual, em realidade, é uma carta. Não conheço a Subba Row6, que é um discípulo de M. e também ele sabe muito pouco de mim. Entretanto, eu sei que NUNCA consentirá em vir até Simla. Mas se for ordenado por Morya, ensinará, estando em Madras, isto é; corrigirá os manuscritos como M. fez, os comentará, responderá a perguntas e será muito, muito útil. Sente uma perfeita reverência e adoração por H. P. B. K. H.
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AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 018 Recebida em Simla Este é o Apêndice à Carta nº.61. Veja notas na Carta nº.60. APÊNDICE (I) Cada individualidade Espiritual tem uma gigantesca jornada evolutiva a executar, um tremendo progresso giratório a realizar. Primeiro - no início de uma grande rotação Manvantárica, desde o primeiro ao último dos planetas portadores de homens, já que cada um deles a mônada tem que ar através de sete raças humanas sucessivas. Desde o mudo descendente do macaco (a última muito diferenciada das espécies agora conhecidas) até a presente quinta raça, ou melhor variedade, e através de mais duas, antes de terminar a sua jornada na Terra; e a seguir no próximo, mais alto, cada vez mais elevado... Mas limitaremos a nossa atenção somente a esta. Cada uma das sete raças enviam sete ramificações procedentes do Ramo Matriz, e através de cada uma delas, por sua vez, tem o homem que evoluir, antes de ar à raça imediatamente superior; e isto sete vezes. Bem, podeis abrir bem os vossos olhos, meu bom amigo, e sentir-vos perplexo; mas é assim. As ramificações caracterizam vários espécimes da humanidade - física ou espiritualmente - e nenhum de nós pode omitir um só degrau da escada. Com tudo isso não há reencarnação, como ensina a Vidente de Londres, a Senhora A. K.3, já que os intervalos entre os renascimentos são tão incomensuravelmente grandes para permitir semelhantes idéias fantásticas. Rogo que tenhais em mente que, quando digo "homem", estou me referindo a um ser humano do nosso tipo. Existem outras e inumeráveis cadeias manvantáricas de globos em que evoluem seres inteligentes - tanto no nosso sistema
solar como fora dele - coroamentos e ápices do ser evolucionário em suas respectivas cadeias; alguns física e intelectualmente inferiores, e outros incomensuravelmente superiores ao homem de nossa cadeia. Mas apenas estamos mencionando-as, não falaremos dela no momento. O homem tem, pois, que ar através de cada raça, efetuando sete entradas e saídas sucessivamente e desenvolvendo o intelecto em graus sucessivos, desde o mais inferior até o mais elevado. Em resumo, o seu ciclo terrestre, com seus anéis e sub-anéis, é a exata contraparte do Grande Ciclo, apenas que em miniatura. Lembrai-vos novamente de que os intervalos, mesmo entre essas "reencarnações raciais", são enormes, e que mesmo o mais obtuso dos bosquímanos africanos tem de colher a recompensa do seu Karma, da mesma forma que o seu irmão, também bosquímano, que pode ser seis vezes mais inteligente que ele. Os vossos etnógrafos e antropólogos fariam bem em ter sempre na mente esta invariável lei setenária que permeia toda a atividade da Natureza. Desde Cuvier - o falecido grão mestre da Teologia Protestante - cujo cérebro estufado pela Bíblia fez com que dividisse a humanidade em apenas três variedades distintas de raças - até Blumenbach que a dividia em cinco - todos eles estavam errados. Somente Pritchard, que profeticamente sugeriu sete, chegou próximo ao alvo. Eu li no Pioneer do dia 12 de Junho, que me foi enviado por H. P. B. uma carta a respeito da Teoria do Macaco por A. P. W. que contém a mais excelente exposição da hipótese de Darwin. O último parágrafo, página 6, coluna, poderia ser considerado - ressalvados uns poucos erros - como uma revelação num milênio ou menos, se o tempo pudesse ser detido. Lendo as nove linhas desde a linha 21 (começando por baixo) encontramo-nos com um fato cuja prova poucos naturalistas estão preparados para aceitar. A quinta, sexta e sétima raças da Quinta Ronda - cada raça sucessiva evoluindo e mantendo o o, por assim dizer, com as rondas do "Grande Ciclo" - e a Quinta Raça da Quinta Ronda, tendo manifestado uma perceptível diferenciação, tanto física como intelectual e também moral até o ponto que corresponde à Quarta "Raça" ou "encarnação terrestre", tendes razão ao dizer que se conseguirá um "tremendo adiantamento, quando as pessoas da Quinta Ronda alcancem a sua sétima encarnação."
(II) Nem a riqueza nem a pobreza, nem o nascimento baixo ou elevado, influem para nada disso, pois tudo isso é o resultado do seu Karma. Nem tem muito a ver o que chamais de civilização com o progresso. A pedra de toque é o HOMEM INTERNO, a espiritualidade, a iluminação do cérebro físico pela luz da inteligência espiritual ou divina. Os australianos, os esquimós, os bosquímanos, os vedhas, etc., são todos ramificações do ramo que chamais "homens da caverna" ou seja a Terceira Raça (a Segunda, segundo a vossa Ciência) que evoluiu no globo. São os remanescentes dos homens das cavernas do Sétimo Anel, "que pararam de crescer e que são as formas paralisadas de vida, destinadas ao desaparecimento final na luta pela existência", nas palavras do vosso correspondente. Veja "Isis", Capítulo I. "...a Essência Divina (Purusha), semelhante a um arco luminoso", a a formar um círculo: a cadeia manvantárica, e tendo atingido o ponto mais elevado (ou o seu primeiro ponto de partida) se recusa de novo e retorna à terra (o primeiro globo), trazendo em seu vórtice um tipo mais elevado de humanidade, "e assim sete vezes". Ao aproximar-se de nosso planeta vai se obscurecendo mais e mais até que, ao tocar a terra, se converte em tão negra como a noite - ou seja, é matéria exteriormente, estando o Espírito ou Purusha oculto sob a quíntupla armadura dos primeiros cinco princípios. Veja agora as três linhas grifadas na página 5: em vez de "gênero humano" leia "raças humanas", em vez de "civilização" leia evolução espiritual dessa raça particular e tereis a verdade que tive de ocultar naquela etapa experimental e incipiente da Sociedade Teosófica. Veja de novo o último parágrafo da página 13 e o primeiro da 14, e notai as linhas grifadas acerca de Platão. Então veja a p. 32 relembrando as diferenças entre os Manvantaras, como estão ali calculados, e os MAHAMANVANTARAS (sete rondas completas entre dois Pralayas - as quatro Yugas retornando sete vezes, uma vez para cada raça). Tendo feito isso, tomai a pena e calculai. Isso fará com que digais uma praga - mas isso não ferirá muito o vosso Karma: pois é surdo à irreverência nascida nos lábios. Lede atentamente a esse respeito (não com o ânimo de renegar e sim com a da evolução) a página 301 a última linha "e agora vem um mistério..." e continue na página 304. "Isis" não foi desvelada, mas foram feitos rasgões suficientemente grandes para permitir rápidos vislumbres a serem completados pela intuição de estudante. Nessa mistura
de citações de várias verdades filosóficas e esotéricas, propositalmente veladas, observai a nossa doutrina, que agora é, pela primeira vez, ensinada parcialmente aos europeus. (III) Como disse em minha resposta às vossas notas, a maior parte dos povos da Índia - com exceção dos Mongóis Semíticos (?) pertencem à ramificação mais antiga da presente quinta raça Humana, que evoluiu na Ásia Central há mais de um milhão de anos. A Ciência Ocidental encontra boas razões para a teoria de que seres humanos habitaram a Europa 400.000 anos antes da nossa era - isso de maneira alguma irá chocar-vos a ponto de imperdir-vos de beber o vinho na hora do jantar. Entretanto a Ásia, bem como a Austrália, África, América e a maioria das regiões do norte - têm os seus remanescentes da quarta, e mesmo da terceira raça (homens das cavernas e os íberos). Ao mesmo tempo, temos (na Índia) mais homens do Sétimo Anel da Quarta Raça do que na Europa, e mais do Primeiro Anel da Quinta Ronda, já que como são mais antigos que as ramificações européias, nossos homens entraram naturalmente mais cedo. O fato de serem "menos avançados" em civilização e refinamento, afeta muito pouco a sua espiritualidade. O Karma é um animal que permanece indiferente aos sapatos e às brancas luvas de pelica. Nem as vossas facas e garfos, óperas e salões, vos acompanharão no vosso progresso para frente, assim como os trajes de cor de "folha seca" dos Estetas Britânicos não impedirão aos seus donos e usuários de haverem nascido nas fileiras daqueles que serão considerados - não importa o que façam - pelos futuros homens da Sexta e Sétima Ronda como "selvagens" carnívoros e alcoólicos do "Período da Real Sociedade". Depende de vós, pois, imortalizar o vosso nome de modo a levar as raças superiores a dividir a nossa época e chamar a esta sub divisão do "O Período do Pleisto-Sinnético", mas isso jamais poderá ocorrer enquanto trabalhardes sob a impressão de que "as finalidades que agora temos em vista serão alcançadas como uma razoável temperança e auto-controle". A Ciência Oculta é ciumenta amante que não nos permite nem a sombra de uma auto-indulgência e é "fatal", não só no curso ordinário da vida conjugal, mas mesmo no comer carne e beber vinho. Temo que os arqueólogos da Sétima Ronda, ao escavar e desenterrar a futura Pompéia de Punjab-Simla, algum dia, em vez de encontrarem preciosas relíquias dos "Ecléticos" teósofos, tragam à luz do dia alguns restos petrificados
ou vítreos do "Auxílio para Despesas". Essa é a última profecia corrente em Shigatse. E agora a última questão. Bem, como digo, os "guias" são elementais e elementares, e não um decente "meio a meio", e sim a própria efervescência do copo de cerveja mediúnica. As várias "privações" dessas folhas de papel de notas foram produzidas durante a permanência de E. em Calcutá, na atmosfera da senhora G. - já que ela recebia freqüentemente cartas vossas. Foi, então, uma tarefa fácil para as criaturas, ao seguirem o desejo inconsciente de E., atrair outras partículas desintegradas do vosso cofre, para formar um duplo. Ele é um potente médium, e a não ser pela sua inerente boa natureza e a outras boas qualidades, fortemente contrabalançadas pela vaidade, o descuido, o egoísmo, a ânsia por dinheiro e outras qualidades da moderna civilização, ademais de uma ausência total de vontade, poderia converter-se num magnífico Dugpa. Entretanto, como já disse, ele é uma "boa pessoa" dos pés à cabeça, confiável por natureza, mas quando está sob a influência do guia é tudo ao contrário. Queria, se pudesse, salvá-lo de... Nota.- Na Primeira e Segunda Edições aparece uma Nota Editorial indicando que está faltando o final desta Carta. Um estudioso agora indicou que a parte que falta é nitidamente a Carta 95, págs. 423-424-Eds.
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Índice das Cartas dos Mahatmas
AS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT Carta Nº 019 Anexada às Provas de uma Carta sobre teosofia.
A "Carta sobre Teosofia" à qual estas duas notas estão vinculadas é dirigida a Staiton Moses em Londres, destinada à publicação na revista "Light", uma publicação dos espíritas naquela cidade. Sinnett mandou as provas ao Mahatma K.H. para os seus comentários. Na prova da segunda das cartas destinadas a Staiton Moses, Sinnett faz a afirmação: "Eu acho difícil explicar um estado de coisas sob exame...por falta de um conhecimento prévio de vossa parte, da doutrina oculta...referente ao modo como a Natureza recompensa e pune os seus atos nesta vida..." No ponto em que se menciona o fato de Moses não ter um "conhecimento prévio" da doutrina oculta, Sinnett inseriu um comentário entre parênteses: "(a situação verdadeira dos fatos, isto é, como são conhecidos dos adeptos e afirmados por eles com muita certeza, assim como os movimentos dos planetas são confirmados igualmente pelos astrônomos)..." No comentário à margem pelo Mahatma K.H., em seguida às palavras "como conhecidos dos adeptos..." ele acrescentou as palavras que iniciam esta Carta nº71. "Sim, verdadeiramente e como são confiantemente afirmados pelos adeptos de quem...". Sinnett escreve mais em sua carta: "Agora, as vítimas de acidente, embora raramente, e os de suicídio, podem comunicar-se conosco através de médiuns e o comunicante é a entidade real do indivíduo que outrora vivia, salvo algumas poucas circunstâncias excepcionais, das quais doravante.." Neste ponto surge o comentário à margem do Mahatma: "Casos excepcionais, meu amigo..." Um ponto ainda mais interessante é uma pequena carta na caligrafia de K.H., dirigida a Sinnett e recebida por ele em 22 de agosto de 1882, dez dias depois que a carta nº.71 foi recebida. Acha-se nas Cartas de H.P.B. para Sinnett, à pág. 365, Carta nº.201. O Mahatma diz: "Eu fiz algumas alterações e redundou em uma nota ao pé da página, a ser acrescentada às vossas "Cartas". De qualquer modo, eu vejo que há sempre perigo de encontrar as nossas idéias substituídas por imagens falsas e concretas nas mentes de vossos leitores. Se tiverdes sucesso em dar-lhes apenas uma verdade apenas relativa, não absoluta, tereis prestado ao público um grande benefício". Sim: na verdade conhecido e confidentemente afirmado pelos Adeptos para quem "Nenhuma cortina oculta as Elíseas esferas, nem essas pobres cascas de semitransparente pó; pois tudo o que cega a visão do espírito É o orgulho e o ódio e a luxúria..."
(Não é para publicar-se) Casos excepcionais, meu amigo. Os suicidas podem e geralmente o fazem, mas não assim no que respeita aos outros. Os bons e puros dormem um bendito sono tranqüilo, cheio de felizes visões da vida terrena, e não têm consciência de estar já, para sempre, fora desta vida. Aqueles que não foram nem bons nem maus dormem, ainda que sem sonhar, um sono tranqüilo, enquanto que os malvados sofrerão, em proporção as suas malévolas ações, as angústias de um pesadelo durante anos; seus pensamentos se convertem em coisas vivas, as suas malvadas paixões em substância real e recebem de encontro às suas cabeças todo o sofrimento que acumularam sobre os outros. A realidade e os fatos caso fossem descritos produziriam a impressão de um Inferno, mais aterrorizante que o imaginado por Dante!
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Abreviações usadas nas Cartas
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Índice das Cartas dos Mahatmas
Carta Nº 020a (De A. O. Hume para K. H.) Estas três cartas (nº.20A, B e C) seriam muito confusas sem algum conhecimento do seu conteúdo básico. Em outubro de 1881, "The Theosophist" publicou um artigo por Eliphas Levi, intitulado "Morte". Este artigo está no Apêndice I, nas Cartas de H.P.B. para Sinnett, Eliphas Levi e esse artigo são citados várias vezes nas Cartas dos Mahatmas; o artigo tornou-se assunto para alguma discussão e diferenças de opinião. Eliphas Levi era o pseudônimo do Abade Alphonse Louis Constant, um abade francês. Os Mahatmas falavam elogiosamente de Eliphas Levi e do seu conhecimento oculto. Quando o seu artigo intitulado "Morte" foi publicado no "The Theosophist", foi acompanhado por uma nota do editor, que dizia: "O falecido Epliphas Levi foi o mais erudito Cabalista e Ocultista de nossa época e tudo proveniente de sua pena é precioso para nós, na medida em que nos auxilia a
comparar comentários com as Doutrinas Ocultas Orientais e pela luz lançada sobre elas para provar ao mundo que os dois sistemas...são unos em suas afirmações metafísicas principais". Havia também muitos comentários à margem pelo Mahatma K.H. Estes aparecem no Apêndice às Cartas de H.P.B. para Sinnett. Um membro da Sociedade Teosófica chamado N.D. Khandalawala, escreveu para o editor, assinalando que, no mesmo número do "The Theosophist", um dos artigos da série "Fragmentos da Verdade Oculta" parecia-lhe estar em contradição direta com as afirmações feitas na nota do editor ao artigo de Eliphas Levi. "Evidentemente", diz o Sr. Khandalawala, "há um hiato nalgum ponto". Ele pediu um esclarecimento. Quando H.P.B. recebeu a carta do Sr. Khandalawala, ela mandou-a ao Mahatma K.H. Ele devolveu-a para ela, com a seguinte nota precipitada (transportada): Mande esta para o Sr. Sinnett. Tendo agora recebido de mim todas as explicações necessárias, ele não me recusará o favor pessoal que agora lhe peço. Que ele esclareça os seus irmãos teosofistas por sua vez, escrevendo uma resposta para isso no próximo "Theosophist", e ele mesmo assinado "Um Chela Laico". H.P.B. remeteu a carta do Sr. Khandalawala, junto com a nota precipitada de K.H., para Sinnett. Ele foi ver Hume (que estava em Simla na ocasião) para discutir o assunto. Isto levantou algumas questões na mente de Hume a respeito de um artigo na série de "Fragmentos", que ele estava elaborando então, e ele escreveu para o Mahatma K.H. A Carta de Hume é a de nº.70-A (CM-20A). Sinnett, então, escreveu para H.P.B., para tentar esclarecer alguns pontos na carta do Sr. Khandalawala. Esta é a carta nº.70-B (CM-20-B). H.P.B. encaminhou essa carta ao Mahatma K.H., e o Mahatma respondeu a essas cartas, tanto à de Sinnett como à de
Hume, escrevendo no verso da carta de Sinnett as suas respostas às questões formuladas. Torna-se muito complicado estudar o conteúdo destas três cartas porque algumas das questões apresentadas na carta 70-A e 70-B estão respondidas na carta 70-C. Entretanto, o Mahatma inseriu números ou letras identificadores e assim, voltando-se para esta ou aquela das três cartas, alguma ordem emerge. Querido Mestre: Falando dos Fragmentos nº.III, dos quais logo recebereis as provas da impressão, eu disse que estão longe de ser satisfatórios, embora tenha me esforçado. Era necessário apresentar a doutrina da Sociedade em outro nível, de modo a abrir gradualmente os olhos dos espíritas - por isso introduzi como o assunto mais importante, o ponto de vista a respeito do suicídio, etc.. exposto na vossa última carta para S. Pois bem; é ISTO O QUE ME PARECE MENOS SATISFATÓRIO, E QUE RESULTARÁ EM UMA QUANTIDADE DE PERGUNTAS QUE ME SENTIRIA EM DIFICULDADE PARA RESPONDER. A nossa primeira doutrina é que a maioria dos fenômenos objetivos eram devidos aos cascões dotados com os Princípios 11/2 e 21/2, isto é, princípios inteiramente separados do seu sexto e sétimo princípios. Mas, em um desenvolvimento posterior itimos (1) que existem alguns espíritos, isto é o 5º. e 4º. princípios não completamente separados do Sexto e do Sétimo, os quais podem também ser potentes nas sessões espíritas. Eles são os espíritos dos suicidas e das vítimas de acidentes ou de violências. Aqui a doutrina é que cada onda particular de vida tem que dirigir-se para o seu destino estabelecido e, com a exceção
dos muito bons, todos os espíritos prematuramente divorciados dos princípios inferiores, devem permanecer na Terra até que soe a hora predestinada que seria a da sua morte natural. Tudo está muito bem, mas sendo assim, é claro que em OPOSIÇÃO À NOSSA DOUTRINA ANTERIOR, OS CASCÕES SERÃO POUCOS E OS ESPÍRITOS MUITOS; (2) Por que, que diferença pode haver, tomando o caso dos suicidas, se são premeditados ou involuntários, se o homem estoura os seus miolos, ou somente chega a morrer por excessos alcoólicos ou desgaste sexual, ou excesso de estudo? Em cada caso se antecipa a hora normal e natural da morte, e o resultado seria um espírito e não um cascão; ou, de novo, que diferença há entre o homem que é enforcado por um assassinato, ou que morreu em batalha ou num descarrilhamento, ou numa explosão ou afogado, ou queimado até morrer, ou o que sucumbe à cólera ou a uma praga, ou ao impaludismo, ou qualquer uma das milhares de enfermidades epidêmicas, cujos germens não se encontram ab initio em sua constituição, e sim porque as adquiriu por ter visitado uma determinada localidade ou por haver ado por uma determinada experiência, ambos as quais poderia ter evitado? Em todos esses casos, se antecipou igualmente a hora normal da morte e o resultado seria um espírito e não um cascão. Calcula-se que na Inglaterra nem 15% da população alcança o período de sua morte normal, e aqui, com as febres, a fome e suas seqüelas, temo que essa porcentagem não seja maior ainda, apesar de que as pessoas são, na sua maioria, vegetarianas, e vivem geralmente, em condições sanitárias menos adversas. Portanto, a grande massa de fenômenos físicos dos espíritas evidentemente seria devida a esses espíritos e não aos cascões.
Agradeceria ter mais informações acerca deste ponto. Há um segundo ponto (3): com muita freqüência, segundo entendo, uma média muito razoável de gente boa, que morre de morte natural, permanece, por algum tempo, na atmosfera da Terra - desde uns poucos dias até alguns anos; porque não podem estes comunicar-se? E se podem, este é um ponto importantíssimo que não se deve ar por alto. (4) E em terceiro lugar, é um fato que milhares de espíritos se apresentam em círculos puros e ensinam a mais alta moralidade, e ainda mais, relatam bastante esmero as verdades do mundo invisível (como exemplo os livros de Allan Kardec, com páginas e mais páginas nas quais há ensinamentos idênticos aos vossos); e não é razoável supor-se que sejam cascões ou espíritos maus. Mas não nos destes qualquer abertura para a existência de um grande número de espíritos puros e elevados; e até que não se exponha toda a teoria apropriadamente, e se dê o devido lugar a esses espíritos, o que me parece ser um fato bem estabelecido, jamais atraireis aos espíritas. Atrevo-me a dizer que esta é a velha história: só nos dizem uma parte da verdade e o resto nos é ocultado, e se é assim, isso equivale, simplesmente a cortar a garganta da Sociedade. Melhor será não contar nada ao mundo externo - do que contar meias verdades cuja deficiência são detectadas imediatamente, e o resultado é um rechaço desdenhoso do que é a verdade, já que não podem aceitá-la nesse estado fragmentário. Vosso afetuosamente, A. O. Hume
Carta Nº 020b Simla, 25 de Julho.
Minha cara Velha Dama, Comecei tentando responder a carta de N. D. K. imediatamente de maneira que se K. H. desejava realmente que a nota fôsse publicada já no "próximo" número do Teosofista, correspondente a Agosto, esta chegará a tempo. Mas logo começo a enredar-me. Naturalmente não recebemos nenhuma informação que abranja nitidamente a questão agora mencionada, embora suponha que devemos ser capazes de combinar pedaços numa resposta. A dificuldade está em dar uma explicação ao enigma de Eliphas Levi na vossa nota publicada no Teosofista de Outubro. Caso ele se refira ao destino desta raça humana atualmente existente, sua afirmação de que a maioria intermédia dos egos é expulsa da Natureza ou aniquilada, estaria em direta contradição com o ensinamento de K. H. Eles não morrem sem memória já que a retem no Devachan e de novo a recobram (mesmo as de personalidades anteriores, como se fossem páginas de um livro) no período de plena consciência individual que precede ao da absoluta consciência no Paranirvana. Mas ocorreu-me que E. L. pode estar tratando com a humanidade como um todo, não apenas com OS HOMENS DA QUARTA RONDA. COMPREENDO QUE UM GRANDE NÚMERO DE PERSONALIDADES DA QUINTA RONDA ESTÃO DESTINADAS A PERECER E ESTAS PODERIAAM SER A PORÇÃO INTERMÉDIA INÚTIL DA HUMANIDADE A QUE SE REFERE. Mas as mônadas individuais espirituais, como compreendo o assunto, não perecem, não importa o que ocorra, e se uma mônada atinje a quinta ronda com todas as suas personalidades anteriores conservadas nas páginas do seu livro, esperando a sua futura perscrutação ela não será excluída, nem aniquilada, porque algumas das suas páginas da Quinta Ronda resultaram "impróprias para
a publicação". Assim de novo surge a dificuldade de conciliar ambas posições. Mas novamente é concebível que uma mônada espiritual, embora sobrevivendo à rejeição da suas páginas da terceira e quarta ronda, não possa sobreviver à rejeição das páginas da quinta e sexta ronda? O fracasso para levar boas vidas nessas rondas significa a aniquilação total do indivíduo que nunca alcançará, então, em absoluto, a sétima ronda. Mas, por outro lado, se assim fôsse, o caso de Eliphas Levi não seria resolvido com tal hipótese, pois muito antes OS INDIVÍDUOS QUE SE TORNARAM COTRABALHADORES COM A NATUREZA PARA O MAL, ELES PRÓPRIOS TERIAM SIDO ANIQUILADOS PELO OBSCURECIMENTO DO PLANETA X entre a Quinta e Sexta Rondas, ou pelo obscurecimento entre a Quarta e Quinta Rondas, pois nos é dito que há um obscurecimento para cada ronda. (5) Ainda há outra dificuldade neste ponto, porque já estando aqui alguns sêres da Quinta Ronda, não está claro quando chegará o obscurecimento. Ele se produziria anteriormente aos precurssores da Quinta Ronda, os quais não seriam considerados como iniciadores da Quinta, começando realmente essa época depois que a raça existente tivesse decaído por completo - mas essa idéia não é adequável. Tendo ido ontem tão longe nas minhas reflexões, fui até o Sr. Hume para ver se ele poderia resolver o quebra-cabeças e assim capacitar-me a escrever o que se esperava para esta carta. Mas olhando bem e lendo de novo o "Teosofista" do mês de Outubro, chegamos à conclusão de que a única explicação possível era de que a nota do Teosofista de Outubro estava completamente equivocada e em total contradição com todos os nossos ensinamentos posteriores. É essa realmente a solução? Não creio assim, pois
K. H. não teria me colocado na tarefa de reconciliar os dois. Mas notareis que, no momento com a melhor boa intenção deste mundo, acho-me completamente incapacitado para cumprir o trabalho que me encomendou, e caso meu querido Guardião e Mestre tiver a bondade de dar uma olhada nestas observações, notará em que dilema me encontro. E então, pela maneira menos inconveniente para ele, seja por vosso intermédio ou diretamente, talvez indique o rumo que a explicação solicitada deverá seguir. É evidente que o trabalho já não pode ficar pronto para ser publicado no mês de Agosto, mas me inclino a crer que ele nunca teve tal intenção, já que agora resta pouco tempo. Todos sentimos muitas preocupações convosco, que está trabalhando de forma tão excessiva no meio desse calor e com as moscas. Quando tiverdes terminado o número de Agosto, podereis talvez dar uma escapada até aqui, e repousar um pouco entre nós. Sabeis como sempre ficaríamos contentes ao vê-la. Entretanto, os meus planos pessoais são um pouco incertos. Talvez tenha que retornar a Allahabad, a fim de deixar Hensman livre para que possa ir para o Egito como correspondente especial. Estou lutando com meus patrões com unhas e dentes para impedir este resultado - mas por uns dias ainda o resultado dessa luta é incerto. Sempre seu, A. P. S. P.S. Como podeis querer imprimir a carta neste número, eu a devolvo com esta: mas confio que não seja assim e que possas me devolvê-la a fim de que possa cumprir devidamente minha pequena tarefa com a ajuda de algumas palavras quanto à linha a ser seguida.
Carta Nº 020c Salvo quando Eliphas Levi emprega constantemente os termos "Deus" e "Cristo" que, tomamos no seu sentido esotérico, simplesmente significa "Bom" (em seu aspecto dual do abstrato e do concreto e nada mais dogmático), ele não está em conflito algum direto com os nossos ensinamentos. É novamente uma palhinha retirada de um feixe de feno, e acusada pelo vento de pertencer a um palheiro. A maior parte daqueles que podeis chamar, se preferirdes, de candidatos ao Devachan, morrem e renascem no KamaLoka "sem recordação", ainda que (e justamente por isso) recuperem algo dessa recordação no Devachan. Nem podemos chamá-la de uma plena recordação mas, somente de parcial. Dificilmente chamaríeis de "recordação" um sonho vosso; alguma cena particular ou cenas dentro de cujos limites estreitos que encontrareis incluídas umas poucas pessoas, aquelas a quem mais amastes, com um amor imortal, esse santo sentimento, o único que sobrevive, sem que exista a menor recordação de quaisquer outros fatos ou cenas. O Amor e o ódio são os únicos sentimentos imortais, os únicos sobreviventes do naufrágio de Ye-Dhamma, ou mundo fenomenal. Imaginai-vos, então, no Devachan com aqueles que tenhais amado com esse amor imortal; tendo como fundo as vagas cenas familiares com eles conectadas, e um perfeito vazio para tudo mais que se relacione com a sua vida interior, social, política e literária. E, então, diante dessa existência espiritual, puramente meditativa, diante dessa pura felicidade, a qual, em proporção à intensidade dos sentimentos que a criaram, dura de uns poucos a muitos milhares de anos. Podeis chamá-la de "recordações pessoais de A. P. Sinnett" - caso desejais. Que coisa terrivelmente monótona! podeis pensar. De modo algum, respondo. Experimentastes monotonia durante, digamos, aquele momento em que refletistes ocasionalmente a ponto de considerá-lo como o momento da
mais alta felicidade que jamais sentira. Claro que não. Ora, tão pouco a experimentareis ali, nessa agem através da Eternidade em que um milhão de anos não é maior do que um segundo. Ali, onde não existe consciência de um mundo externo, não pode haver discernimento que marque diferenças, e, por tanto, nada de percepção de contrastes de monotonia ou variedade; nada, em suma, além desse imortal sentimento de amor e simpática atração cujas sementes são depositadas no Quinto Princípio, cujas plantas florescem profusamente em todo o Quarto, mas cujas raízes têm que penetrar profundamente no Sexto Princípio, se há de sobreviver aos grupos inferiores. (E agora me proponho a matar dois pássaros com uma só pedrada, respondendo, ao mesmo tempo, as vossas perguntas e as do Senhor Hume). Recordai, ambos, que nós criamos tanto o nosso Devachan como o nosso Avitchi, enquanto moramos na Terra e principalmente durante os últimos dias e mesmo momentos de nossas vidas intelectualmente conscientes. Aquele sentimento que é o mais vigoroso em nós nessa hora suprema; quando, como em um sonho, os acontecimentos de uma longa vida, até mesmo em seus mínimos detalhes, desfilam na maior ordem diante de nossa visão em escassos segundos - aquele sentimento se converterá no modelador de nossa bem-aventurança ou infortúnio, o principio vital da nossa futura existência. Nesta não teremos um ser substancial, mas somente uma existência presente e momentânea, cuja duração não tem qualquer conexão nem efeito, nem relação com o seu ser, o qual, como qualquer outro efeito de causa transitória, será tão efêmero e por sua vez desvanecerá e deixará de ser. A recordação real e plena de nossas vidas virá somente no final do ciclo menor, não antes. No Kama-Loka, os que retêm as suas recordações não desfrutarão na hora suprema de recordação. Aqueles que sabem que morreram nos seus corpos físicos,
somente os adeptos ou feiticeiros, e ambos são uma exceção à regra geral. Tendo sido ambos "cooperadores com a Natureza", os primeiros para o bem e os segundos para o mal, na obra que ela faz de criação e destruição, são os únicos que podem ser chamados imortais, no sentido kabalístico e esotérico. A completa e verdadeira imortalidade, que significa uma existência sensível, sem limites, não pode ter rupturas e interrupções, nem retenções da autoconsciência. E mesmo os cascões daqueles homens bons cuja página não se achará ausente no Grande Livro das Vidas no limiar do Grande Nirvana, mesmo eles recobrarão a sua recordação e uma aparência de autoconsciência, somente depois que o Sexto e Sétimo Princípios, com a essência do Quinto (este último, tem que fornecer o material, mesmo que seja para essa recordação parcial da personalidade, que é necessária para o propósito do Devachan) tenham chegado ao seu período de gestação, não antes. Mesmo no caso dos suicidas e dos que pereceram por morte violenta, ainda em tais casos, a consciência requer um certo tempo para estabelecer o seu novo centro de gravidade e desenvolver, como diria Sir. W. Hamilton, a sua "própria percepção", permanecendo daí em diante diferente da "própria sensação". Assim, pois, quando o homem morre, a sua "Alma" (Quinto Princípio) torna-se inconsciente e perde toda recordação das coisas, tanto internas como externas. Se a sua permanência no Kama-Loka tenha que durar alguns momentos, horas, dias, semanas e mesmo anos; se teve uma morte natural ou violenta; se esta ocorreu na sua juventude ou na velhice, e o seu Ego era bom, mau ou indiferente, - a consciência deixa-o subitamente, assim como a chama deixa o pavio, quando é soprada. Quando a vida se afastou da última partícula da matéria cerebral, suas faculdades perceptivas tornam-se extintas para sempre, seus poderes espirituais de cogitação e volição (todas essas faculdades, em resumo, que não são inerentes nem adquiríveis pela matéria orgânica) se extinguem na ocasião. O seu
Mayvi-rupa pode, com freqüência ser arrojado na objetividade, como nos casos de aparições depois da morte; mas, a menos que seja projetado com o conhecimento de si mesmo (seja latente ou potencial) ou devido à intensidade do desejo de ver ou aparecer diante de alguém, relampejando em seu moribundo cérebro, a aparição será simplesmente automática; não será devida a nenhuma atração simpática, ou a qualquer ato volitivo, tanto quanto o reflexo de uma pessoa ao ar inconscientemente diante de um espelho não é devido ao desejo deste último. Tendo explicado assim a posição, resumirei, perguntando de novo, por que sustentar que o que foi dado por Eliphas Levi e exposto por H. P. B. está em "direto conflito" com o meu ensinamento? E. L. é um Ocultista e um kabalista, e ao escrever para os que se supõem conhecer os rudimentos dos princípios kabalísticos, emprega uma fraseologia peculiar à sua doutrina, e H. P. B. o segue nesse sentido. A única omissão que se lhe atribui foi a de não agregar a palavra "Ocidental" depois das palavras "doutrina" e "oculta" (veja a terceira linha da nota do Editor - da obra de H. P. B.). Ela é uma fanática a seu modo incapaz de escrever algo que se pareça a um sistema e com calma, ou recordar que o público em geral necessita de todas explicações lúcidas, que a ela podem parecer supérfluas. E como direis com segurança: "mas esse é igualmente o nosso caso e pareceis também tê-lo esquecido"; dar-vos-ei mais algumas explicações. Como foi anotado à margem do "Theosophist" de Outubro, a palavra "imortalidade" tem uma significação totalmente diferentes para os iniciados e ocultistas. Chamamos de "imortal" somente a Vida Una em sua coletividade universal e na Abstração total e Absoluta; aquilo que não tem princípio nem fim, nem interrupção alguma em sua continuidade. Poderemos aplicar o termo a algo mais? Certamente que não. Portanto, os primitivos caldeus tinham diversos prefixos para a palavra "imortalidade", um dos quais é o termo grego "imortalidade pan-eônica,
raramente empregado, isto é: começando com o Manvântara e terminando com o Pralaya de nosso Universo Solar. Perdura um eon, ou "período" de nosso pan ou "Toda natureza". Imortal é então aquele cuja clara consciência e percepção do Eu, sob qualquer forma, não sofre na pan-eônica imortalidade, nenhuma desunião em tempo algum, nem por um segundo, durante o período de sua Ego-idade. Tais períodos são muitos e cada um tem o seu nome específico nas doutrinas secretas dos caldeus, gregos, egípcios e arianos, e se, pudessem ser traduzidos (não é possível fazê-lo, pelo menos enquanto a idéia neles implícita permaneça inconcebível para a mente ocidental) - eu vos poderia dá-los? Para o momento basta que saibais que um homem, um Ego, como o vosso ou o meu, pode ser imortal de uma para outra Ronda. Digamos, que eu comece a minha imortalidade na presente Quarta Ronda, ou seja, que havendo-me tornado em pleno Adepto (o que infortunadamente não sou) detenho a mão da Morte à vontade, e quando finalmente obrigado a submeter-me a ela, o meu conhecimento dos segredos da Natureza me coloca em condições de reter minha consciência e percepção distinta do Eu como um objeto para a minha própria consciência e cognição reflexivas; e assim, evitando todas estas separações de princípios que, como norma, ocorrem depois da morte física na humanidade em geral, eu permaneço como Koot-Hoomi em meu Ego durante todas as séries de nascimentos e vidas através dos sete mundos e Arupa-Lokas até que, finalmente piso de novo nesta Terra, entre os homens da Quinta Raça, constituída de seres que pertencem plenamente à Quinta Ronda. Eu teria sido, nesse caso, "imortal" durante um período inconcebivelmente longo (para vós), abrangendo muitos bilhões de anos. E no entanto, sou "eu" verdadeiramente imortal por isso? A menos que continue nos mesmos esforços que faço agora, a fim de assegurar para mim mesmo uma outra "permissão" como essa, da Lei da Natureza, Koot-Hoomi
desvanecerá e pode converter-se num Sr. Smith ou num inocente Babu, quando sua vida expire. Há homens que se convertem em tais seres poderosos; existem homens entre nós que podem converter-se em imortais durante o resto das Rondas, e então ocupar o seu lugar designado entre os mais elevados Chohans, os Ego-Espíritos Planetários conscientes. Naturalmente que a Mônada "nunca perece ocorra o que ocorrer", mas Eliphas Levi se refere aos Egos pessoais não aos Espirituais, e caístes no mesmo engano (como aconteceu a C. C. M.6 muito naturalmente também); mas devo itir que a agem em Isis foi explicada muito confusamente, como já vos comentei, acerca deste mesmo parágrafo em uma das minhas cartas há muito tempo. Eu tinha de "exercitar todo o meu engenho" sobre isso - como dizem os Yankees, mas fui bem sucedido, creio, em remendar o buraco, como terei que fazer muitas vezes mais, temo, antes que terminemos com Isis. Realmente esta obra deveria ser escrita de novo em consideração à "honra da família". (X) É certamente inconcebível; portanto, não é em absoluto útil discutir o assunto. (X) Interpretastes mal o ensinamento, porque não estáveis a par do que agora vos é dito; (a) quem são os verdadeiros colaboradores da Natureza; e (b) que, de nenhuma maneira todos os colaboradores para o mal caem na oitava esfera e são aniquilados. A potencialidade para o mal é muito grande no homem, maior mesmo que a potencialidade para o bem. Uma exceção à regra da Natureza, aquela exceção, que no caso dos adeptos e feiticeiros torna-se uma regra e que tem as suas próprias exceções. Leia cuidadosamente a agem que C. C. M. deixou sem citar - na página 352-353, Isis Vol. I, Parágrafo 3. Novamente ela deixa de0 estabelecer claramente que o caso mencionado se relaciona somente com aqueles poderosos feiticeiros cuja coparticipação para o mal, com a Natureza, lhes
proporciona os meios de forçá-la e assim, ela (a Natureza) lhes concede também a imortalidade pan-eônica. Mas, oh, que espécie de imortalidade, e como seria preferível a aniquilação de suas vidas! Não vedes que tudo que se acha em Isis está apenas esboçado, nada está completo ou plenamente revelado. Bem, o tempo chegou, mas onde estão os trabalhadores para essa tremenda tarefa? Diz o senhor Hume (veja a carta anexa nas agens anotadas - 10 (X) e 1, 2, 3). E agora quando lestes as objeções para aquela tão insatisfatória doutrina (como a qualifica o senhor Hume) uma doutrina que tendes de aprender primeiro em sua totalidade, antes de continuar com o estudo das suas partes, com o risco de não vos satisfazer melhor, arei a explicar estas últimas. 1) Ainda que não estejam "por inteiro separados dos seus Princípios Sexto e Sétimo" e plenamente "potentes" nas sessões espíritas, não obstante, até o dia em que teriam de morrer por morte natural, estão separados por um abismo, dos princípios superiores. O Sexto e Sétimo permanecem ivos e negativos, enquanto que no caso da morte acidental, os grupos superiores e inferiores se atraem mutuamente. Além disso, nos casos de Egos bons e inocentes, estes últimos gravitam irresistivelmente para o Sexto e Sétimo e assim, ou dormitam rodeados por sonhos felizes, ou dormem profundamente e sem sonhos até que soe a hora. Com um pouco de reflexão e uma olhada para a eterna justiça e para o encaixe lógico das coisas, vereis a razão disso. A vítima, tanto boa como má, não é responsável por sua morte, ainda que esta fosse devida a alguma ação em uma vida anterior ou um nascimento precedente; em resumo foi um ato da Lei de Retribuição, ainda, e não é o resultado direto de um ato deliberadamente cometido pelo Ego pessoal dessa vida durante a qual foi morto. Tivesse ele vivido mais tempo, ele poderia ter expiado de forma mais efetiva os seus pecados anteriores; e
mesmo agora, tendo o Ego sido levado a liquidar a vida daquele que a criou (o Ego anterior), fica livre dos golpes da justiça retributiva. Os Dyans Chohans, que nada têm a ver com a orientação do Ego humano vivente protegem a vítima desamparada quando é arrancada com violência de seu elemento, arrojando-a em outro novo antes que esteja madura, preparada e disposta para ele. Nós vos dizemos o que sabemos porque fomos levados a aprender mediante a experiência pessoal. Sabeis o que quero dizer, e EU NÃO POSSO DIZER MAIS! Sim, as vítimas, boas ou más, dormem até a hora do Juízo Final, que é aquela hora da luta suprema entre os Princípios Sexto e Sétimo, e o Quinto e o Quarto, no limiar do estado de gestação. E ainda depois disto, quando o Sexto e o Sétimo, levando uma porção do Quinto, tenham penetrado em seu Samadhi Akásico, mesmo então pode acontecer que o resto espiritual proveniente do Quinto, resulte ser demasiadamente débil para renascer no Devachan; nesse caso de imediato se revestirá de um novo corpo, formando o subjetivo "Ser" criado como produto do Karma da vítima (ou da não-vítima, como seja o caso) e entrará numa nova existência terrena, seja neste ou em qualquer outro planeta. Em nenhum caso, pois, com exceção dos suicidas e cascões, existe possibilidade alguma para que qualquer outro seja atraído às sessões espíritas. E está claro que este ensinamento não se opõe a nossa doutrina anterior e que enquanto os "cascões" são muitos - os Espíritos são poucos. (2) Há uma grande diferença na nossa humilde opinião. Nós, que olhamos para isso, de um ponto de vista que seria muito inaceitável para as Companhias de Seguros de Vida, dizemos que são muito poucos os homens (se há algum) que, entregando-se aos mencionados vícios, sintam-se perfeitamente seguros de que esse curso de ação os conduzirá inevitavelmente a uma morte prematura. Esse é o castigo de Maya. Os vícios não escaparão a sua pena, mas é a causa, não o efeito, que será castigada,
especialmente um efeito imprevisível, embora provável. Da mesma maneira chamamos de suicida o homem que encontra a morte numa tormenta marítima como o que morre por "excesso de estudo". A água é capaz de afogar e muito trabalho cerebral produz um amolecimento de cérebro que pode acabar com o seu dono. Em tal caso ninguém deveria cruzar o Kalapani, nem sequer tomar um banho com medo de sofrer um desmaio e afogar-se (pois todos conhecem tais casos), nem deveria o homem cumprir com seu dever, nem menos ainda se sacrificar por uma causa louvável e altamente benéfica, como muitos de nós (H. P. B. por exemplo) fazemos. Será que o Sr. Hume a chamaria de suicida caso ela caísse morta ao estar escrevendo o seu atual livro? O motivo é tudo, e o homem é castigado no caso de responsabilidade direta, nunca de outro modo. No caso de uma vítima, a hora natural de sua morte se antecipou acidentalmente, enquanto que no do suicida a morte é atraída por sua vontade e com pleno e deliberado conhecimento de duas conseqüências imediatas. Portanto, um homem que causa a sua morte num o de temporária insanidade é um grande desgosto e muitas vezes traz problemas para as Companhias Seguradoras de Vida. Nem ele é deixado como uma presa para as tentações do Karma Loka mas cai no sono, igual a qualquer outra vítima. Um Guiteau2 não permanecerá na atmosfera terrestre com os mais elevados princípios sobre ele - inativos e paralisados, mas ainda ali. Guiteau entrou num estado durante o qual estará sempre disparando em seu Presidente, com o que levou à confusão e desordem os destinos de milhões de pessoas; nesse estado estará sempre sendo julgado e enforcado, imerso nos reflexos das suas ações e pensamentos, especialmente naqueles que manteve no cadafalso............23 seu destino. Quanto aos "arrebatados pela cólera ou praga, ou malária", não poderiam ter sucumbido se não
tivessem, desde o seu nascimento, os germens para o desenvolvimento de tais enfermidades. "Assim, pois, a grande massa dos fenômenos físicos do Espiritismo", meu querido irmão, não é "devido a esses Espíritos", e sim em verdade aos "Cascões". (3) "Os Espíritos de uma média muito razoável da gente boa, falecida de morte natural, permanecem na atmosfera terrestre desde alguns poucos dias até alguns anos", dependendo o período, da disposição dos mesmos em enfrentar-se com a sua criatura, não com o seu criador! um assunto muito difícil que ireis aprender mais tarde, quando estiverdes mais preparado. Mas, por que esses deveriam "comunicar-se"? Aqueles que amais se comunicam convosco objetivamente, durante o seu sono? Vossos Espíritos, em horas de perigo ou de uma intensa simpatia, vibrando na mesma corrente de pensamento que, em tais casos uma espécie de telegrafia espiritual entre os vossos dois corpos, podem encontrar-se e impressionar mutuamente as vossas memórias; mas, nesse caso tendes corpos viventes e não corpos mortos. Mas, como pode um Quinto Princípio inconsciente (veja o anterior) impressionar ou comunicar-se com um organismo vivo, a não ser que tenha se convertido num cascão? Se, por certas razões, permanecem nesse estado de letargia durante muitos anos, os espíritos dos vivos podem ascender até eles, como já vos disse, e isto pode ocorrer ainda mais facilmente do que no Devachan, onde o Espírito está demasiadamente embebido em sua bem-aventurança pessoal para dar muita atenção a um elemento intruso. Digo: não podem. (4) Sinto contradizer a sua afirmação. Nada sei de "milhares de espíritos" que aparecem em círculos espíritas e ademais, positivamente não conheço nenhum "círculo perfeito puro" que "ensine a mais alta moralidade". Espero que não me chamem de
caluniador, além de outros nomes ultimamente atribuídos a mim, mas a verdade me obriga a declarar que Allan Kardec não foi tão imaculado durante a sua vida, nem desde então se converteu num Espírito muito puro. Quanto a ensinar a mais "elevada moralidade", nós temos aqui, não muito distante de onde resido, um Dugpa-Shammar. Um homem notabilíssimo, não muito poderoso como feiticeiro, mas sim como ébrio, ladrão, embusteiro e... um orador. Nesta última condição poderia, com vantagem, ganhar dos senhores Gladston, Bradlaugh e mesmo do reverendo H. W. Beacher, que é dentre todos, o mais eloqüente pregador de moralidade e o maior transgressor dos Mandamentos do Senhor, nos Estados Unidos da América do Norte. Este Lama Shapa-tung, quando está sedento, pode fazer uma enorme audiência de leigos "barretes amarelos" verter toda a sua reserva anual de lágrimas com a narração do seu arrependimento e sofrimento pela manhã, e depois embriagar-se ao anoitecer e roubar toda a aldeia, mesmerizando a todos até um sono profundo. Predicar e ensinar a moralidade com um propósito ulterior prova muito pouco. Leia o artigo de "J. P. T." em "Light" vereis ali corroborado tudo o que disse. (Para A. P. S.) (5) O "obscurecimento" vem só quando o último homem de qualquer Ronda ou para a esfera dos efeitos. A Natureza está demasiadamente bem e matematicamente ajustada para que se produzam erros no exercício de suas funções. O obscurecimento do planeta em que agora estão evoluindo as Raças de Homens da Quinta Ronda virá naturalmente, "antes dos poucos precursores" que estão agora aqui. Mas antes que chegue esse tempo teremos que nos separar, para não nos encontrarmos mais, como o Editor do Pioneer e esse seu humilde correspondente. E agora tendo demonstrado que o número de Outubro do "Theosophist" não estava totalmente errado nem em "desacordo com o
último ensinamento", poderá K. H. fazer que vos "reconcilieis com os dois"? Para que vos reconcilieis mais com Eliphas, vos enviarei uma cópia de seus manuscritos inéditos, em uma caligrafia grande e formosa e com os meus comentários ao longo do texto. Nada melhor do que isso para vos dar a chave para os enigmas Kabalísticos. Tenho que escrever ao senhor Hume esta semana para consolá-lo e demonstrar-lhe que, a menos que tenha um enorme desejo de viver, não necessita preocupar-se acerca do Devachan. A menos que um homem ame intensamente, ou odeie da mesma forma, não estará nem no Devachan nem no Avitchi. "A Natureza vomita os frouxos pela sua boca" significa apenas que ela aniquila os Egos pessoais deles (não os cascões, nem tão pouco o Sexto Princípio) no Kama-Loka e no Devachan. Isto não lhes impede de renascer imediatamente e se suas vidas não foram muito, mas muito más - não há razão para que a eterna Mônada não encontre a página dessa vida intacta no Livro da Vida. K. H.
Carta Nº 021 (Recebida de volta no dia 22 de Agosto de 1882.) Parece que se questiona se esta carta não deveria preceder a de nº.75, mas dado que aquela carta se referia a assuntos discutidos na longa carta para Hume, mandada através de Sinnett, (nº.74), pareceu melhor colocá-la depois daquela carta. Ambas, contudo, são da mesma época. A carta nº.76 relaciona-se com alguns artigos, ou "cartas", que Sinnett havia escrito e mandado para Staiton Moses em Londres, para publicação na revista "Light", o órgão espírita editado por Moses. Eles tinham por título "Cartas sobre Teosofia Esotérica, de um Anglo-Indiano para um Teosofista em
Londres", e foram publicados no número de setembro de 1882 de "Light". Elas não estão entre as cartas mencionadas no pequeno adendo à Carta nº.75 e se destinavam a ser publicadas no "The Theosophist". O conteúdo, contudo, era semelhante. Parece que Sinnett geralmente mandava provas ou rascunhos destes artigos para K.H., para revisão e correção. Após receber a extensa carta sobre "Devachan", Sinnett escreveu os artigos que compõem o assunto desta carta. A carta Devachan é muito extensa a respeito de espiritismo, suicidas, acidentes, e assim por diante, e Sinnett estava de modo sincero e evidente, tentando colocar os ensinamentos em uma forma que pudesse ser compreensível para os leitores ocidentais. Antes, em julho de 1882, ele tinha provas destas cartas e mandou-as para o Mahatma K.H. Entretanto, sem esperar os comentários do Mahatma, ele mandou provas da primeira carta para Moses em 21 de julho e, em 11 de agosto, mandou o segundo conjunto de provas para ele. Em 12 de agosto ele recebeu de volta o conjunto que mandara para o Mahatma K.H. Anexa às mesmas estava uma pequena carta (nº.71). Nessa pequena carta, o Mahatma indicava que havia evidentemente uma discrepância no que Sinnett havia escrito. Isto "sacudiu" bastante Sinnett, e ele escreveu imediatamente para o Mahatma no mesmo dia (12 de agosto) esta carta nº.76. O Mahatma devolveu a carta com comentários à margem; assim, de novo, temos ambas as facetas desta troca notável de correspondência. Sinnett recebeu-a de volta do Mahatma em 22 de agosto. Os comentários à margem são mostrados em negrito neste livro, e há também um parágrafo adicional, também em negrito. Quando o Mahatma devolveu-a para Sinnett, estava acompanhada de uma pequena carta de transmissão, que não se encontra nas Cartas
dos Mahatmas, mas é a carta nº.101 nas Cartas de H.P.B. para Sinnett. Nela o Mahatma diz: "Eu fiz algumas alterações além de uma nota ao pé de página a ser acrescentada às vossas "Cartas". De qualquer modo, há sempre um perigo, eu vejo, de se ver as nossas idéias por imagens concretas e falsas nas mentes de vossos leitores. Se conseguirdes dar-lhes apenas uma verdade relativa, não absoluta, tereis prestado a eles um grande benefício. Meu querido Guardião, Tenho receio de que as presentes cartas sobre Teosofia não tenham muito valor, porque trabalhei aceitando muito literalmente algumas agens de sua longa carta sobre o Devachan. O sentido dela parecia ser que os "acidentados", bem como os suicidas, corriam o perigo de ser atraídos pelas sessões espíritas. Escrevestes: "Mas existe uma outra classe de espíritos que perdemos de vista - os suicidas e aqueles mortos em acidentes. As duas classes podem se comunicar e ambos têm que pagar um elevado preço por tais visitas..." CORRETO. E mais adiante, após falar em detalhe do caso dos suicidas dizeis:"Quanto às vítimas de acidentes, elas ainda am pior... sombras desgraçadas... eliminadas na plena efervescência das paixões humanas...eles são pisachas etc...Eles não só arruínam as suas vítimas etc..."OUTRA VEZ CORRETO. TENDE EM MENTE QUE AS EXCEÇÕES CONFIRMAM A REGRA. E caso as "vítimas de acidente ou violência" não são nem muito boas ou muito más, produzem uma nova série de skandas, do médium que as atrai. JÁ EXPLIQUEI A
SITUAÇÃO NA MARGEM DAS PROVAS, VEJA A NOTA. Tenho estado trabalhando precisamente neste texto. Caso isso não possa ser mantido eu, se, de algum modo que eu não posso compreender, as palavras comportam um significado diferente daquele que parece lhes pertencer, talvez fosse melhor eliminar por completo estas duas Cartas ou conservá-las para alterar o seu conteúdo inteiramente. A advertência está expressa em um tom bastante solene e se deu demasiada ênfase ao perigo caso ela se aplique somente aos suicidas; e na última folha da prova impressa, a eliminação de "os acidentes e", torna o resto algo ridículo, porque então estamos dividindo os suicidas, só entre os muitos puros e elevados! e a gente média, etc. Parece-me que dificilmente deveria se apresentar somente a Carta (1), ainda que nela não esteja incluído o erro, pois não faria sentido, a menos que fosse seguida pela Carta (2). Ambas Cartas foram enviadas para a Inglaterra, dirigidas a Staiton Moses para serem readas para Light4 - a primeira enviada daqui pelo correio de 21 de Julho; a segunda pelo último correio, que foi ontem. Agora, se decidirdes que é melhor retê-las e cancelá-las, eu terei ainda tempo suficiente para telegrafar a Staiton Moses na Inglaterra com esse fim, o que farei, tão pronto receba um telegrama vosso ou da Velha Dama a esse respeito. Caso nada seja feito, elas aparecerão na Light tal como foram escritas - isto é, como os manuscritos enviados com a presente prova, com exceção de alguns pequenos erros que vejo, foram feitos por minha Senhora ao copiálas. Tudo isso é um enredo muito embaraçado. Parece-me que me precipitei ao enviá-las ao meu país, mas creio que segui fielmente as
indicações de sua longa carta sobre o Devachan. Aguardo ordens. Sempre seu, devotamente A. P. S. (TUDO O QUE SEGUE É DO MESTRE K. H.) Na margem eu disse "raramente" mas não pronunciei a palavra "nunca". Acidentes ocorrem sob as mais variadas circunstâncias; e os homens não são somente mortos acidentalmente, ou morrem como suicidas mas são também assassinados - algo que nós nem de leve tocamos. Posso bem compreender a vossa perplexidade mas dificilmente posso vos auxiliar. Recordai sempre que há exceções para cada regra, e que geram exceções secundárias e esteja sempre pronto para aprender algo de novo. Posso facilmente compreender porque somos acusados de contradições e incoerências ainda de escrever uma coisa hoje e amanhã negá-la. O que vos foi ensinado é a REGRA. Os "acidentados" BONS E PUROS dormem no Akasa, ignorantes da mudança sofrida; os muito maus e impuros sofrem todas as torturas de um horrível pesadelo. A maioria, os não muito bons, nem muito maus, as vítimas de acidentes ou VIOLÊNCIA (incluindo o assassinato) alguns DORMEM, outros se convertem em PISACHAS DA NATUREZA, enquanto que uma pequena minoria pode cair VÍTIMA de médiuns e originar uma nova série de skandas do médium que os atrai. Por pequeno que o número destes possa ser, seu destino é o mais deplorável. O que disse em minhas notas sobre os vossos manuscritos foi uma resposta aos cálculos estatísticos do senhor Hume, que o levaram a concluir que "havia mais Espíritos do que cascões nas sessões espíritas" neste caso. Tendes muito que aprender - e nós muito a ensinar e não nos negamos a ir até o fim. Mas devemos realmente pedir-lhe que não se entregue a conclusões precipitadas. Eu não o censuro, meu fiel e querido amigo, preferiria
censurar a mim mesmo se aqui alguém devesse ser censurado, a não ser os nossos respectivos modos de pensamentos e hábitos, tão diametralmente opostos entre si. Acostumados como estamos a ensinar a chelas que sabem o suficiente para superar a necessidade dos "se" e dos "mas" durante as lições, fico mesmo muito propenso a esquecer que estou fazendo convosco o trabalho que, geralmente é confiado aos chelas. De agora em diante demorarei mais tempo respondendo as vossas questões. As vossas cartas para Londres não podem fazer mal, e certamente, pelo contrário, farão bem. Elas estão iravelmente escritas e as exceções podem ser mencionadas, ficando o assunto tratado em uma das Cartas futuras. Não tenho objeções a que façais cópias para o Coronel Chesney - exceto uma - ELE NÃO É UM TEOSOFISTA. Apenas sede cuidadoso e não esqueceis os vossos detalhes e exceções quando explicardes as vossas regras. Recordai ainda que mesmo no caso de suicidas, existem muitos que não permitirão nunca ser atraídos para o vórtice da mediunidade, e rogo-vos, e não me acusai, de "inconsistência" ou CONTRADIÇÃO, quando chegarmos a esse ponto. Pudesses, tão somente, saber COMO escrevo as minhas cartas e o tempo que a elas posso dedicar, talvez vos sentireis menos crítico e exigente. Bem, e como gostais da IDÉIA e da ARTE de Djual Khool? Não vi nada de Simla durante os últimos dez dias. Afetuosamente seu, K. H.
Carta Nº 022 Extrato de uma carta de K. H. a Hume. Recebida para que me inteirasse de seu conteúdo, no fim da estação do ano de 1882. (A.P.S.)
(Recebida Setembro).
provavelmente
no
fim
de
Sinnett não faz nenhum comentário em relação a como esta carta veio a ser escrita, mas é minha opinião que, após Hume ter recebido as notas do Mahatma sobre o seu trabalho "Capítulo Preliminar sobre Deus" (Veja Carta nº.88 - CM-10), ele escreveu de novo para o Mahatma para discordar de algumas das afirmações, e esta carta é em resposta. Nunca vos ocorreu (e agora do ponto de vista de vossa Ciência ocidental e a sugestão de vosso próprio Ego, que já chegou a captar a essência de toda verdade, prepara-se para ridicularizar a errônea idéia); nunca suspeitou que a mente Universal, do mesmo modo que a finita e humana, poderia possuir dois atributos ou um poder dual: um voluntário e consciente e o outro involuntário e inconsciente, ou poder mecânico? Para conciliar a dificuldade de muitas proposições teístas e antiteístas, esses dois atributos são uma necessidade filosófica. A possibilidade de primeiro, ou seja do voluntário e consciente, em relação à mente infinita, (não obstante as afirmações de todos os Egos através do mundo vivente) permanecerá sempre como uma mera hipótese, enquanto que na mente finita isso é um fato científico demonstrado. O mais elevado Espírito Planetário é tão ignorante em relação ao primeiro como nós o somos, e a hipótese permanecerá como tal ainda no Nirvana, pois é uma mera possibilidade deduzível, seja lá como aqui. Consideremos a mente humana em conexão com o corpo. O homem possui dois cérebros físicos distintos; o cérebro, com seus dois hemisférios na parte frontal da cabeça (a fonte dos nervos voluntários) e o cerebelo, situado na parte posterior do crânio; a fonte dos nervos involuntários que são os agentes dos poderes inconscientes ou mecânicos da mente, por meio do qual ela atua. E por mais débil e incerto que possa ser o domínio do homem sobre o seu sistema involuntário, em
especial durante o sono, tal como a circulação do sangue, as batidas do coração e a respiração, no entanto, quão muito mais potencial mostra-se o homem como senhor e regente sobre a cega movimentação molecular - as leis que governam o seu corpo (uma prova disso é proporcionada pelos poderes fenomenais de um Adepto e mesmo de um Iogue comum), do que aquilo que vos chamais de Deus mostra sobre as imutáveis leis da Natureza. Ao contrário da finita, a "mente infinita", que assim chamamos apenas para nos entender, pois nós a denominamos de FORÇA infinita, revela apenas as funções do seu cerebelo, itindo-se a existência de seu suposto cérebro, como foi indicado acima; mas, como hipótese de inferência deduzida da teoria Kabalística (correta em todas as outras relações do Macrocosmos, seria o protótipo do Microcosmos. Enquanto sabemos que a corroboração disso pela Ciência moderna recebe pouca consideração - os mais elevados Espíritos Planetários, verificaram (os quais recordai bem, estando no mesmo nível do mundo ultra cósmico, penetram por trás do véu desde nosso grosseiro mundo físico), que a mente infinita mostra, tanto para eles como para nós, não mais do que as batidas regulares e inconscientes do eterno e universal pulso da Natureza, através de miríades de mundos, tanto dentro como fora do primitivo véu do nosso sistema solar. Até aqui, SABEMOS. Dentro e até o extremo limite, até os confins do véu cósmico sabemos que o fato é correto - devido à experiência pessoal; em relação à informação reunida quanto ao que ocorre além - nós o devemos aos Espíritos Planetários, ao nosso Bendito Senhor Budah. Entretanto, isso pode ser considerada como uma informação de segunda mão. Há aqueles que, em vez de se renderem à evidência dos fatos, preferirão mesmo considerar os deuses planetários como filósofos desencarnados "errantes", ou mesmo como mentirosos. Que assim seja. Cada qual é dono de sua própria sabedoria, diz um provérbio tibetano, e está livre para honrar ou degradar o seu escravo. Entretanto
seguirei em frente em benefício dos que puderam captar a minha explicação do problema e compreender a natureza da solução. É a faculdade peculiar do poder involuntário da mente infinita (que ninguém poderia jamais pensar em chamar de Deus) estar eternamente transformando matéria subjetiva em átomos objetivos (deveis recordar que os dois adjetivos são usados unicamente em um sentido relativo) ou matéria cósmica que mais adiante se desenvolverá em formas. E é igualmente esse mesmo poder mecânico involuntário que vemos tão intensamente ativo em todas as leis fixas da Natureza - que governa e controla o que é chamado de Universo ou Cosmos. Há alguns filósofos modernos que provariam a existência do Criador a partir do movimento. Dizemos e afirmamos que aquele movimento - o movimento perpétuo e universal que nunca cessa, nem nunca diminui, nem aumenta a sua velocidade, nem mesmo durante os intervalos entre os pralayas ou "noites de Brahma" mas continua como um moinho colocado em movimento, tenha ou não algo para moer (porque o pralaya significa a perda temporária de toda forma, mas de nenhuma maneira a destruição da matéria cósmica, que é eterna), dizemos que esse movimento perpétuo é a única Divindade eterna e increada, que nos é possível reconhecer. Considerar Deus como um espírito inteligente e aceitar ao mesmo tempo a sua absoluta imaterialidade, é conceber uma não-entidade, um vazio absoluto; considerar Deus como um Ser, um Ego, e colocar a sua inteligência sob uma tela por algumas razões misteriosas, é a mais consumada tolice; dotá-lo com inteligência frente ao Mal cego e brutal, é fazer dele um demônio, um Deus maléfico. Categoricamente a divindade Mosaica é um Ser, por mais gigantesco que seja, que ocupa espaço e tenha um comprimento e largura. Um "Não-Ser", um mero princípio, vos conduz diretamente ao ateísmo Budista ou ao mais primitivo Acosmismo Vedantino. Para o que está além e fora dos mundos da forma e dos
er, em mundos e esferas em seu estado mais espiritualizado (e talvez possais nos fazer o favor de nos dizer onde possa estar esse mais além, pois o Universo é infinito e ilimitado) é inútil que qualquer um o busque, pois nem mesmo os Espíritos Planetários têm o conhecimento ou percepção dele. Se os nossos maiores Adeptos e Bodhisatvas nunca penetraram além do nosso sistema solar, - e essa idéia parece adaptar-se maravilhosamente a vossa preconcebida teoria teística, meu respeitado Irmão - no entanto, eles sabem da existência de outros sistemas solares como este, com uma certeza tão matemática como qualquer astrônomo ocidental sabe da existência de estrelas invisíveis das quais ele nunca poderá aproximar-se ou explorar. Mas, daquilo que se situa dentro dos mundos e sistemas, não na ultrainfinidade (usando uma estranha expressão) mas, sim, na cisinfinidade, no estado da mais pura e inconcebível imaterialidade, ninguém jamais soube ou dirá, portanto é algo não existente para o universo. Estais em liberdade para colocar neste vácuo eterno os poderes intelectuais ou voluntários de vossa divindade - se é que podeis conceber tal coisa. Enquanto isso posso dizer que é o movimento que governa as leis da Natureza; e que ele as governa assim como o impulso mecânico dado à água corrente a impelirá seja numa linha reta ou ao longo de uma centena de sulcos laterais que pode encontrar em seu caminho, sejam esses sulcos laterais ou canais, naturais ou preparados artificialmente pela mão do homem. E mantemos que onde houver vida e ser, e por mais espiritualizada que seja a forma, não há lugar para um governo moral, e muito menos para um Governador moral - um Ser que, ao mesmo tempo, não possui forma alguma nem ocupa espaço! Na verdade, se a luz brilha nas trevas e elas "não a abrangem", é porque tal é a lei natural, mas quão mais sugestivo e cheio de significação é, para aquele que sabe, dizer que a luz poderia abranger ainda menos as trevas, nem jamais abrangê-las - pois que as mata aonde
penetrem e as aniquila instantaneamente. Um espírito puro e, no entanto volitivo, é um absurdo para uma mente volitiva. A resultante de um organismo não pode existir independentemente de um cérebro organizado, e um cérebro organizado construído do nada é ainda uma maior falácia. Se me perguntardes, de onde, então, provêm as leis imutáveis?; as leis não podem fazer-se a si mesmas, então eu, por minha vez, vos perguntarei: de onde provêm o vosso suposto Criador? Um Criador não pode criar-se ou fazer-se a si mesmo. Caso o cérebro não se fez a si mesmo, pois isso seria afirmar que o cérebro atuava antes de existir, como poderia a inteligência (o resultado do cérebro organizado), atuar antes que fosse feito o seu criador? Tudo isso nos recorda as disputas por prioridades. Se as nossas doutrinas chocamse demasiadamente com as vossas teorias, então podemos facilmente abandonar o tema e falar de algum outro assunto. Estudai as leis e doutrinas dos Svabhavikas nepaleses, a principal escola filosófica Budista na Índia, e vereis que são os argumentadores mais instruídos e mais cientificamente lógicos do mundo. O seu Savabhavat plástico, invisível, eterno, onipresente e inconsciente, é a Força ou Movimento gerando sempre a sua eletricidade que é a vida. Sim: existe uma força tão ilimitada como o pensamento, tão potente como a vontade sem limites, tão sutil como a essência da vida, tão inconcebivelmente terrível em sua força arrasadora, que poderia convulsionar o universo até o seu próprio centro, fosse usada apenas como uma alavanca; mas essa força não é Deus, pois existem homens que aprenderam o segredo de sujeitar essa força a sua vontade quando necessário. Olhai ao vosso redor e contemplai as inumeráveis manifestações da vida, tão infinitamente multiformes; de vida, de movimento, de mudança. O que as causou? De que fonte inesgotável chegaram, por quais meios? Do invisível e subjetivo, entraram em nossa
pequena área do visível e objetivo. Filhos do Akasa, evoluções concretas do éter, foi a Força que os trouxe à perceptibilidade e será a Força que, ao seu devido tempo, os afastará da vista do homem. Por que essa planta que está a direita em seu jardim, foi produzida com essa forma, e a outra, à esquerda, com uma forma completamente distinta? Não são elas o resultado da ação variante da Força, correlações dissimilares? itindo-se uma perfeita monotonia de atividades em todo o mundo, teríamos uma completa identidade de formas, cores, modelos e propriedades através de todos os reinos da Natureza. E ao movimento, com o seu resultante conflito, neutralização, equilíbrio, correlação, a que se deve a variedade infinita que prevalece. Falais de um Pai inteligente e bom (o atributo foi desgraçadamente mal escolhido), um guia moral e governador do universo e do homem. Uma certa condição de coisas existe ao vosso redor que chamamos de normal. Nada pode ocorrer, debaixo dela, que transcenda a nossa experiência diária, as "leis imutáveis de Deus". Mas, suponhamos que nós mudássemos essa condição e frustrássemos aquele sem cuja vontade não cairá um só cabelo de sua cabeça, como vos é dito no Ocidente. Uma corrente de ar chega até mim, vinda do lago mais próximo e escrevo esta carta com os dedos meio gelados: eu mudo a corrente de ar que entorpece os meus dedos para uma brisa quente, por meio de uma certa combinação de influências elétricas, magnéticas, ódicas e outras, e assim neutralizo a intenção do Todo poderoso, destronando-o por minha vontade! Posso fazer isso, ou, quando não quero que a Natureza produza fenômenos estranhos e muito visíveis, eu obrigo ao ser, dentro de mim mesmo, que vê a Natureza e sente a sua influência, a que desperte repentinamente às percepções e sensações novas, e dessa forma sou meu próprio Criador e regente. Mas pensais que estais certo quando dizeis que "as leis surgem". Leis imutáveis não podem surgir, pois elas são eternas e incriadas, e são impelidas na Eternidade e que Deus mesmo, se tal coisa existisse, não teria
jamais o poder de detê-las. E quando disse que essas leis eram fortuitas per se, quis me referir às suas cegas correlações, nunca às leis, ou melhor à lei, pois que somente reconhecemos uma lei no Universo: a lei da harmonia, do perfeito EQUILÍBRIO. Portanto, para um homem bem dotado de uma lógica tão sutil e de tão fina compreensão do valor das idéias em geral e especialmente das palavras, para um homem como sois em geral, isso de compor discursos sobre um "Deus onisciente, poderoso e amante", é algo que parece, pode-se dizer, pelo menos estranho. Eu não protesto em absoluto, como podeis parecer acreditar, contra o vosso teísmo ou uma crença em um ideal abstrato de alguma espécie, mas, não posso deixar de lhe perguntar: como sabeis ou podeis saber que o vosso Deus é onisciente, onipotente e cheio de amor quando tudo na Natureza, tanto físico como moral, prova que tal ser, se existisse, seria justamente o contrário de tudo que dizeis dele? É uma estranha ilusão que parece subjugar até o vosso próprio intelecto. A dificuldade de explicar o fato de que "Forças que não são inteligentes possam produzir seres altamente inteligentes, como nós", é conciliada pela eterna progressão dos ciclos e o processo evolutivo sempre aperfeiçoando a sua obra, à medida que avança. Como não credes nos ciclos, é desnecessário que aprendais aquilo que só criaria um novo pretexto para vós, meu querido Irmão, para combater a teoria e questioná-la ad infinitum. Nem jamais me tornei culpado pela heresia de que sou acusado - com referência ao espírito e a matéria. O conceito de matéria e espírito como inteiramente distintos e ambos eternos, não poderia certamente haver entrado jamais na minha cabeça, por pouco que conheça acerca de ambos, pois é uma das doutrinas elementares e fundamentais do Ocultismo que os dois são um só na limitada percepção do mundo dos sentidos. Longe de "carecer de amplitude filosófica", então, as nossas doutrinas mostram somente um princípio na Natureza - espírito-matéria ou matériaespírito, sendo o terceiro o Absoluto supremo
ou a quinta-essência dos dois, se me permitem usar um termo errôneo na presente aplicação, que se situa além da vista e percepções espirituais dos mesmos "Deuses", ou Espíritos Planetários. Este terceiro princípio, dizem os filósofos vedantinos, é a única realidade, sendo tudo mais Maya, pois que nenhuma das manifestações proteicas do espírito-matéria, ou Purusha e Prakriti, foram jamais consideradas sob qualquer outro aspecto que o de ilusões temporárias dos sentidos. Mesmo na filosofia, apenas delineada em "Isis" essa idéia está claramente expressada. No livro de Kiu-te, o Espírito é denominado a suprema sublimação da matéria, e a matéria a cristalização do espírito. E nenhuma ilustração melhor poderia ser dada do que no fenômeno muito simples do gelo, água, vapor, e a dispersão final deste último, e a reversão do fenômeno em suas consecutivas manifestações chamada de queda do Espírito na geração ou matéria. Esta trindade resolvendo-se numa unidade, - uma doutrina tão antiga como o mundo do pensamento - foi captada por alguns primitivos Cristãos, que a aprenderam na Escola de Alexandria e a converteram no Pai, ou espírito gerador; no Filho, ou matéria, homem; e no Espírito Santo, a essência imaterial, ou o vórtice do triângulo eqüilátero; a idéia que se encontra até os nossos dias, nas pirâmides do Egito. Assim, uma vez mais fica comprovado que interpretastes mal inteiramente o que quero dizer, quando, para ser breve, faço uso de uma fraseologia habitual entre os ocidentais. Mas, da minha parte, tenho a observar que a sua idéia de que a matéria não é senão a forma alotrópica0 temporária do espírito, distinguindo-se dele da mesma forma que um carvão se distingue de um diamante, é tão anti-filosófica como anti-científica, tanto do ponto de vista oriental como do ocidental, já que o carvão nada mais é do que uma forma residual de matéria, enquanto que a matéria per se é indestrutível e, como eu sustento, contemporânea com o espírito - aquele espírito que nós conhecemos e podemos conceber. Despojado de Prakriti, Purusha (Espírito) é incapaz de se manifestar e, por
conseguinte, cessa de existir - tornando-se nihil1. Sem espírito ou Força, mesmo aquilo que a Ciência denomina de matéria "não vivente", os chamados ingredientes minerais que alimentam as plantas nunca poderiam ser levados a expressar-se como formas. Há um instante na existência de cada molécula e átomo de matéria quando, por uma causa ou outra, a última chispa do espírito ou movimento ou vida (chame-a por qualquer nome) se retira, e no mesmo instante, com uma velocidade que ultraa a do fulgor relampejante do pensamento, o átomo ou molécula, ou uma agregação de moléculas, é aniquilado para retornar a sua prístina pureza de matéria intra-cósmica. É atraída para a fonte-matriz com a velocidade de um glóbulo de mercúrio até a massa central. Matéria, Força e Movimento formam a trindade da natureza física objetiva, assim como a unidade trinitária de espírito-matéria é aquela da natureza espiritual ou subjetiva. O movimento é eterno porque o espírito é eterno. Mas, nenhuma modalidade de movimento pode ser concebida a menos que esteja em conexão com a matéria. emos agora à sua extraordinária hipótese de que o Mal, com a sua sucessão de pecado e sofrimento não é resultante da matéria, e sim, que poderia ser, talvez, o sábio esquema do Regente moral do Universo. Concebível como possa vos parecer a idéia, educado como fostes na perniciosa falácia dos Cristãos "de que os caminhos do Senhor são inescrutáveis", é inteiramente inconcebível para mim. Devo eu repetir que os nossos melhores Adeptos investigam o Universo há milênios e não encontraram em nenhuma parte o mais insignificante rastro de um tal maquiavélico projetista, mas sim, por todos os lados, a mesma lei imutável e inexorável? Deveis portanto perdoar-me se eu recuso categoricamente a perder o meu tempo com tais infantis especulações. Não são "os caminhos do Senhor", mas, sim os de alguns homens extremamente inteligentes em tudo,
além de algum atempo predileto e que são incompreensíveis para mim. Como dizeis, isto "não implica em diferenças entre nós", pessoalmente. Mas implica num mundo de diferenças, se é que vos propondes a aprender e vos ofereceis ensinar. É humanamente impossível para mim entender como poderia transmitir-lhe o que sei, quando o próprio A.B.C. do que sei, a rocha na qual estão incrustados os segredos do Universo oculto, seja neste lado ou no outro do véu, é rejeitado por vós invariavelmente e a priori. Meu querido Irmão, ou bem nós sabemos algo ou não sabemos nada. No primeiro caso, de que adianta o vosso aprendizado já que pensais que sabeis melhor? E no segundo, por que quereis perder tempo? Dizeis que nada importa se essas leis são a expressão da vontade de um Deus inteligente e consciente, como pensais, ou constitui os atributos inevitáveis de um "Deus" não inteligente e inconsciente, como eu sustento. Eu digo que isso tem uma grande importância e dado que acreditas que essas questões fundamentais (do espírito e da matéria - de Deus ou nenhum Deus) se acham além da nossa compreensão - em outras palavras, que nem eu nem mesmo os nossos maiores Adeptos podem saber mais do que conheceis, então, o que há na Terra que eu possa vos ensinar? Sabeis que para ler tendes que primeiro aprender as letras; no entanto, quereis saber o curso dos acontecimentos antes e depois dos Pralayas, de cada acontecimento aqui, neste globo, no começo de um novo ciclo, ou seja, um mistério que se revela em uma das últimas Iniciações, como foi dito ao senhor Sinnett, e mencionado em resposta a uma de suas perguntas a minha carta a ele sobre os Espíritos Planetários foi simplesmente episódica. E agora direis que estou evitando a questão principal. Eu já abordei pontos colaterais, mas não vos expliquei tudo que quereis saber e me perguntastes. "Esquivo-me", pois, como sempre! Perdoai-me por contradizê-lo mas não se trata nada disso. Há milhares de perguntas às quais nunca me será permitido responder e seria evadir-me não respondê-las
de outra forma que não desta. Digo claramente que sois incapaz de aprender, pois a vossa mente está cheia demais e não existe um canto vazio de onde não surja um prévio ocupante, que lutará e espantará o novo ocupante. Portanto, eu não estou fugindo, somente vos dou tempo para refletir e deduzir e primeiro aprender bem o que já vos foi dado antes que capteis alguma outra coisa. O mundo de força, é o mundo do Ocultismo e somente alguém dentre os altos iniciados pode provar os segredos do ser. Portanto, ninguém, a não ser esse iniciado, pode conhecer alguma coisa desses segredos. Guiado por seu Guru, o chela primeiro descobre este mundo, depois as suas leis, e então, as suas evoluções centrífugas no mundo da matéria. Para tornar-se num perfeito Adepto isso lhe toma longos anos, mas, por fim, ele se torna o Mestre. As coisas ocultas se tornam evidentes, e mistério e milagre fugiram para sempre da sua visão. Ele vê como guiar a força nesta ou naquela direção - para produzir os efeitos desejados. As propriedades secretas, químicas, elétricas ou ódicas das plantas, ervas, raízes, minerais, tecidos animais, são tão familiares para ele como as penas dos vossos pássaros para vós. Nenhuma mudança nas vibrações etéricas pode lhe escapar. Ele aplica o seu conhecimento, e eis um milagre! E aquele que começou repudiando a própria idéia de que é possível um milagre, é logo classificado como um produtor de milagres e é cultuado pelos tolos como um semi deus ou repudiado por maiores tolos como sendo um charlatão! E para vos mostrar quão exata ciência é o Ocultismo, deixai me dizer-vos que os meios de que nos valemos foram-nos todos dados num código tão antigo quanto a humanidade, até o mínimo dos detalhes, mas, cada um de nós tem que começar desde o princípio, não pelo fim. Nossas leis são tão imutáveis como as da Natureza, e elas eram conhecidas do homem desde a eternidade antes que esse arrogante galo de briga, a Ciência moderna, tivesse sido chocado. Se eu não vos dei o modus operandi ou não comecei pelo lado errado, pelo menos vos mostrei que
construímos a nossa filosofia sobre a experimentação e a dedução - a não ser que preferires questionar ou discutir esse fato, como fizestes com todos os demais. Primeiro aprendai as nossas leis e educai as vossas percepções, querido Irmão. Controlai os vossos poderes involuntários e desenvolvei a vossa vontade na reta direção e vos tornareis um instrutor em vez de um aprendiz. Eu não me recusarei ao que tenho o direito de ensinar. Somente que eu tive de estudar quinze anos antes que chegasse à doutrina dos ciclos e tive que aprender coisas mais simples de início. Mas seja o que façamos e o que aconteça, confio em que não teremos mais argumentações, as quais são tão estéreis quanto penosas.
Carta Nº 023a (De A. P. Sinnett para K. H. Recebida em Simla, Outubro de 1882). Precisamos nos ocupar das duas cartas que se seguem, em conjunto. O Mahatma K.H. mencionou em duas cartas anteriores que estaria respondendo às questões de Sinnett logo em outra carta, que é esta. Com a presente, e pedindo desculpas pela quantidade, remeto algumas perguntas. Talvez sejais tão amável para examiná-las de vez em quando e respondê-las de uma em uma ou duas em duas, de acordo com o tempo de que dispondes. Memorandum - Quando lhe seja possível, enviar a A. P. Sinnett aquelas notas inéditas de Eliphas Levi com as anotações de K. H. Foram enviadas a tempo ao nosso amigo "Jacko". I (1) Há uma alusão muito interessante nesta última carta quando, falando de Hume, referis
a certas características que ele trouxe da sua última encarnação. (2) Possuis o poder de olhar retrospectivamente nas vidas anteriores das pessoas agora vivas e identificá-las? (3) Em tal caso seria uma curiosidade pessoal imprópria pedir alguns detalhes das minhas? I (1) Todos nós trazemos características de nossas encarnações. É INEVITÁVEL.
algumas prévias
(2) Desgraçadamente, alguns de nós a possuem. Quanto a mim, não me agrada exercê-lo. (3) "Homem, conhece-te a ti mesmo, disse o Oráculo de Delfos. Não há nada "impróprio", certamente, em tal curiosidade. Só que não seria por acaso mais apropriado estudar a nossa personalidade antes de saber algo de seu CRIADOR, predecessor e modelador: o homem que FOI? Bem, algum dia vos obsequiarei com uma pequena história, (agora não tenho tempo) somente que não prometo detalhes; um simples esboço e uma alusão ou duas para provar os seus poderes de intuição. II (1) Há alguma maneira de explicar o que parece ser uma aceleração curiosa do progresso humano nos últimos dois mil anos, em comparação com a condição relativamente estacionária das pessoas na Quarta Ronda até o começo do progresso moderno? (2) Ou teriam existido, em algum período anterior durante a permanência na Terra dos homens da Quarta Ronda, civilizações tão grandes como a nossa no que se refere ao desenvolvimento intelectual e tenham desaparecido completamente?
(3) Mesmo a Quinta Raça Raiz (a nossa) da Quarta Ronda começou na Ásia há um milhão de anos. Que fazia nos 998.000 anos que precederam os últimos 2.000? Surgiram e desapareceram durante esse período civilizações maiores do que a nossa? (4) A que época pertenceu o continente da Atlântida e se a mudança cataclísmica que produziu a sua extinção ocorreu em um momento predestinado da evolução da Ronda correspondente ao lugar ocupado na completa evolução manvantárica por obscurecimentos? (5) Constato que a pergunta mais usual feita acerca da filosofia oculta por pessoas de inteligência comum que começam a interessar-se por ela, é: Dá ela alguma explicação para a origem do Mal? Este é uma ponto que prometestes tocar e que valeria a pena tratar sem mais demora. (6) Relacionada de perto com essa pergunta havia outra que se faz amiúde. "Qual é o objetivo de todo o processo cíclico se o espírito somente emerge ao final de todas as coisas tão puro e impessoal como no princípio antes de descer na matéria? (E as porções retiradas do quinto? A minha resposta é que atualmente não estou tratando de desculpar, e sim de investigar as operações da Natureza. Mas talvez exista uma melhor resposta disponível. (7) Podeis, isto é, é sempre permitido responder a quaisquer perguntas relacionadas com os assuntos da ciência física? Se for, eis alguns pontos que gostaria muito que fossem tratados. (8) Tem algo a ver as condições magnéticas com a precipitação da chuva, ou se devem inteiramente às correntes atmosféricas de diferentes temperaturas que se encontram com outras correntes em diferentes graus de humildade, sendo todo o conjunto de movimentos estabelecido por pressões, expansões, etc, devido, em primeiro lugar, à energia solar? Se as condições magnéticas
estão envolvidas, como elas operam, e como podem ser testadas? (9) É a coroa solar uma atmosfera? Composta de gazes conhecidos? E por que assume a forma raiada que sempre se observa nos eclipses? (10) É o valor fotométrico da luz emitida pelas estrelas um guia seguro para a sua magnitude (considerada, naturalmente, em conexão com a distância, como é calculada pela paralaxe; e é verdade, como presume a astronomia, na falta de uma teoria melhor, que a superfície do sol emite por quilômetro quadrado tanta luz como pode ser emitida por qualquer outro corpo? (11) É Júpiter um corpo quente e no entanto, em parte luminoso, e como a energia solar não tem provavelmente nada a ver com a questão, qual é a causa dos violentos distúrbios na atmosfera de Júpiter? (12) Há algo de verdade na nova teoria de Siemens sobre a combustão solar, ou seja, que o sol, em sua translação através do espaço reúne em seus pólos gás combustível, (que está espalhado através de todo o espaço em uma condição muito atenuada), e o arremete de novo no Equador depois que intenso calor dessa região dispersou de novo os elementos que a combustão uniu temporariamente? (13) Poderia algum indício da causa das variações magnéticas ser dado, - as mudanças diárias isogônicas que mostram declinações iguais? Por exemplo, por que existe uma região na Ásia Oriental onde a agulha não mostra variações do verdadeiro Norte, ainda que se registrem variações ao redor desse espaço? (tem vossas Excelências algo a ver com essa peculiar condição das coisas?) (14) Poderiam ser descobertos alguns outros planetas além dos já conhecidos pela moderna astronomia (não quero dizer simples
planetóides) com a ajuda de instrumentos físicos adequadamente focalizados? (15) Quando escrevestes "Já experimentastes monotonia durante aquele momento que então considerastes e considerais agora como o momento de maior felicidade jamais sentido?" Referistes a algum momento específico ou a algum acontecimento específico em minha vida, ou estarei, meramente vos referindo a uma quantidade X - ao momento mais feliz, qualquer que tenha sido? (16) Dizeis: "Relembrai que nós mesmos criamos o nosso Devachan, e o nosso Avitchi e principalmente durante os últimos dias e mesmo nos últimos momentos de nossas vidas conscientes". (17) Mas os pensamentos com os quais a mente possa estar envolvida no último momento necessariamente dependem do caráter predominante da vida que está terminando? De outra maneira pareceria que as características do Devachan e do Avitchi de uma pessoa poderiam ser caprichosa e injustamente determinadas pela casualidade de que alguns pensamentos foram mais predominantes no último momento. (18) "A recordação completa de nossas vidas só virá no final de um ciclo menor". O "ciclo menor" significa aqui uma Ronda ou todo o Manvântara de nossa cadeia planetária? Isto é, recordamos as nossas vidas adas no Devachan do mundo Z5 no final de cada ronda ou somente no final da Sétima Ronda? (19) Dizeis: "E mesmo os cascões daquela boa gente cujas páginas não se encontrarão perdidas no grande livro das vidas:- mesmo esses recuperarão a sua recordação e uma aparência de auto consciência somente depois que os Princípios Sexto e Sétimo, com a
essência do Quinto, tenham ido para o seu período de gestação". (20) E um pouco mais adiante:- "Se o Ego Pessoal foi bom, mau ou indiferente, a sua consciência o deixa tão subitamente assim como a chama deixa o pavio - suas faculdades perceptivas tornam-se extintas para sempre".? (Ora?, pode um cérebro físico, UMA VEZ MORTO, reter as suas faculdades perceptivas? Aquele que perceberá no cascão é algo que percebe com uma luz emprestada ou refletida. Veja as notas). Qual é então, a natureza da recordação e da auto-consciência do cascão? Isto toca um assunto no qual tenho pensado com freqüência (desejando mais explicações) sobre a extensão da identidade pessoal nos elementares. (21) O Ego espiritual continua circulando através dos mundos, retendo o que ele possui de identidade e auto-consciência, sempre nem mais nem menos; a) mas está continuamente desenvolvendo personalidades nas quais, de qualquer modo, o sentido da identidade é muito completo, enquanto permanece unido a elas; b) pois bem, entendo que essas personalidades, são absolutamente novas evoluções em cada caso. A. P. Sinnett é, seja quem for, - absolutamente uma nova invenção. Ora, deixará um cascão, que há de sobreviver por um tempo; c) supondo que a mônada espiritual temporariamente vinculada a esta encarnação encontrará bastante matéria decente no quinto (princípio) da qual tire proveito; d) esse cascão não terá consciência alguma após a morte, porque "necessita de um certo tempo para estabelecer o seu novo centro de gravidade e desenvolver a sua própria percepção; e) Mas, até que ponto é consciente quando tiver feito isso? f) será ainda A. P. Sinnett de quem pensará o Ego espiritual, ainda em seu último momento, como uma pessoa que conheceu, ou será consciente de que a individualidade se foi? Poderá esse cascão raciocinar totalmente acerca de si mesmo e recordar algo de seus interesses
mais elevados de outrora? Recordaria o nome que possuía, g) ou apenas se encontra repleto de recordações desta classe quando na presença de um médium, permanecendo adormecido em outras ocasiões? h) E é consciente de ter perdido algo que sente ser como a vida que gradualmente se desintegra? (22) Qual é a natureza da vida que prossegue no "Planeta da Morte"? É uma reencarnação física com recordações da personalidade ada ou uma existência astral, como no Kama-Loka? É uma existência com nascimento, maturidade e declínio, ou um prolongamento uniforme da antiga personalidade desta terra sob condições punitivas? (23) Quais outros planetas dentre os conhecidos pela ciência comum, além de Mercúrio, pertencem ao nosso sistema de mundos? São os planetas mais espirituais - (A, B e Y, Z) - corpos visíveis no firmamento ou são todos os que a astronomia de uma espécie mais material conhece? (24) É o Sol (a) como disse Allan Kardec, a habitação de seres altamente espiritualizados? (b) É o vértice de nossa cadeia Manvantárica e também de todas as demais cadeias neste sistema solar? (25) Dizeis: pode acontecer "que o despojo espiritual do Quinto se mostre muito débil para renascer no Devachan - em cujo caso seu Sexto então se revestirá a si mesmo, ali, em um novo corpo e entrará numa nova existência terrestre, seja neste ou em qualquer outro planeta." (26) Isto parece necessitar maior esclarecimento. São estes casos excepcionais nos quais duas vidas terrestres da mesma mônada espiritual poderiam ocorrer juntas, uma depois da outra, sem ter que esperar os mil anos como o limite quase inevitável para
tais vidas sucessivas, tal como foi indicado nas cartas anteriores? (27) A referência ao caso de Guiteau é enigmática. Posso compreender que esteja num estado no qual o crime que cometeu está sempre na sua imaginação, mas, como lança ele na "confusão e na desordem os destinos de milhões de pessoas? (28) Os obscurecimentos são na atualidade um tema envolto na escuridão. Eles ocorrem quando o último homem de uma determinada Ronda ou para o próximo planeta. Mas desejo compreender como evoluem as formas da próxima ronda mais elevada. Quando chegam as mônadas espirituais da Quinta Ronda, que habitações carnais estão prontas para elas? Voltando à única carta anterior na qual tratastes da questão dos obscurecimentos, encontro (a) "Temos seguido o homem ao sair da Ronda até o estado Nirvânico entre Z e A. "A" foi deixado morto na última Ronda (Veja a nota). Ao começar a nova Ronda, alcança um novo influxo de vida, desperta de novo para a vitalidade e engendra todos os seus reinos de uma ordem superior até o último". (29) Mas, deve começar de novo, desde o princípio entre cada Ronda e desenvolver formas humanas a partir de formas animais e estas, de forma vegetais, etc. Caso seja assim, a que Ronda pertencem os primeiros homens imperfeitamente evoluídos? "Ex hypothesi" (neste caso), à quinta; mas a quinta deveria ser, sob todos os aspectos, uma raça mais perfeita.
Carta Nº 023b (Outubro de 1882). II (1) a parte final de um ciclo muito importante. Cada Ronda, cada Cadeia, assim como cada
Raça, possui seus ciclos maiores e menores em cada planeta por onde a a humanidade. A nossa humanidade da Quarta ronda tem o seu grande ciclo, como também o possuem as Raças e Sub raças. O "curioso apressamento" é devido ao duplo efeito do primeiro, (no começo do seu curso descendente) e do segundo (o ciclo menor de sua "Sub raça") aproximando-se até o seu cume: Recordai-vos, pertenceis à Quinta Raça, mas vós sois apenas uma Sub raça ocidental. Apesar dos vossos esforços, o que chamais de civilização está confinado somente ao último ramo e às suas ramificações na América. Projetando-se ao redor, a sua luz ilusória parece arremessar os seus raios a uma distância maior do que em realidade ocorre. - Não existe "aceleração" na China, e quanto ao Japão o que fazeis nada mais é do que uma caricatura. Um estudante de ocultismo não deve falar da "estagnada condição das pessoas da Quarta Raça" pois não conhece quase nada de tal condição "até o começo do progresso moderno" de outras nações que não sejam ocidentais. Mas o que sabeis da América, por exemplo, antes da invasão desse território pelos espanhóis? Menos do que dois séculos antes da chegada de Cortez, existia já uma "aceleração" tão grande para o progresso, entre as Sub raças do Peru e México como existe hoje na Europa e nos Estados Unidos da América. Aquelas sub-raças terminaram numa quase total aniquilação, devido a causas geradas por elas mesmas; da mesma maneira acontecerá com a vossa no final do seu ciclo. Somente podemos falar de "condições estacionárias", referindo-se àquelas em que, seguindo a lei do desenvolvimento, crescimento, maturidade e declínio, cai cada Raça ou sub raça durante os seus períodos de transição. É dessa última condição que a vossa História Universal tem conhecimento, ao o que se mantém soberbamente ignorante das condições que prevaleciam, mesmo na Índia, há uns dez séculos. As vossas sub-raças estão na atualidade correndo para o ápice dos seus
ciclos respectivos, e essa História não remonta mais do que aos períodos de declínio de algumas poucas sub raças, pertencentes a maior parte delas a precedente quarta Raça. E qual é a área e o período abrangido pelo seu olho Universal? No máximo, algumas miseráveis dezenas de séculos. Grande horizonte, na verdade! Mais além, tudo são trevas para ela; nada mais do que hipóteses... (2) Sem dúvida alguma que existiram. Os arquivos egípcios e arianos e especialmente as nossas taboas Zodiacais, nos dão todas as provas disso, além do nosso conhecimento interno. A civilização é um herança, um patrimônio, que a de uma Raça para outra ao longo dos caminhos ascendentes e descendentes dos ciclos. Durante a infância de uma Sub raça, é preservada para ela pela sua predecessora, que desaparece, morre em geral de modo gradual quando a primeira alcança a sua "maioridade". No princípio, a maioria delas desperdiça e istra mal a sua herança, ou deixam-na intocada nos cofres ancestrais. Rejeitam desdenhosamente os conselhos de seus maiores e preferem como as crianças, brincar nas ruas em vez de estudar e tirar maior proveito das riquezas incalculáveis, ainda não utilizadas, guardadas para elas nos arquivos do ado. Assim, durante o vosso período de transição - a idade média - a Europa rejeitava o testemunho da antiguidade, chamando a sábios como Heródoto e outros gregos eruditos - como o Pai das Mentiras, até que, conhecendo melhor, ou a chamá-lo de "Pai da História". Em vez de negligenciar, agora acumulais e somais para a vossa riqueza. Como qualquer outra raça, tendes altos e baixos, os vossos períodos de honra e desonra, a vossa treva noturna e agora estais vos aproximando do brilhante dia. Os mais jovens da família da Quinta raça fostes, durante longas idades, desprezados e abandonados, as gatas borralheiras de vosso lar. E agora, quando tantas de vossas irmãs já morreram, e outras ainda estão morrendo, enquanto uns poucos dos velhos sobreviventes, agora na sua segunda infância, esperam pelo seu Messias - a sexta raça - para
a ressurreição numa nova vida e começar de novo com a vinda mais forte, ao longo da senda de um novo ciclo - agora que a gata borralheira ocidental se converteu repentinamente numa princesa orgulhosa e opulenta, cuja beleza todos vemos e iramos - como ela age? Menos bondosa do que a Princesa do conto, em vez de oferecer a sua irmã mais velha e menos favorecida - a mais velha agora, pois que já tem quase "um milhão de anos de existência", e a única irmã que a tratou com benevolência, ainda que possa tê-la ignorado em vez de oferecer-lhe, direi, o "Beijo da Paz"aplica-lhe a lex talionis, com um espírito de vingança que não enaltece a sua natural beleza. Isto meu bom irmão e amigo, não é uma alegoria exagerada: é história. (3) Sim; a Quinta Raça (a nossa) começou na Ásia há um milhão de anos. O que dizer dos 998.000 anos precedentes dos últimos 2.000? Uma questão pertinente; apresentada mais ainda com um espírito bastante Cristão que recusa crer que nada de bom pudesse ter vindo de parte alguma antes e a não ser de Nazareth. Pois bem, o que fazia? Estava bastante ocupada, da mesma maneira que está agora - com o perdão do senhor grant Allen, que colocaria o nosso primitivo anteado, na primeira parte do período Eoceno! Na verdade, os vossos escritores científicos montam as suas hipóteses destemidamente, segundo vejo. Será uma lástima ver o seu fogoso corcel dando coices e quebrando as suas cabeças algum dia; algo que inevitavelmente lhes está reservado. No período Eoceno - ainda mesmo no seu começo - o grande ciclo da Quarta Raça humana, os Atlantes, já haviam alcançado o seu nível mais culminante e o grande continente, o pai de todos os continentes atuais, mostrava os primeiros sintomas do afundamento, um processo que perdurou até 11.446 anos atrás, quando a sua última ilha, a qual, traduzindo o seu nome idiomático, podemos chamar propriamente de Poseidonis, afundou-se com grande estrépito. E a propósito, sem quer que tenha escrito o comentário sobre a obra de Donely, intitulada Atlantis está certo: Lemúria
não pode mais ser confundida com o Continente Atlântico da mesma forma que a Europa com a América. Ambas afundaram e foram afogadas com suas altas civilizações e "deuses", embora entre as duas catástrofes decorreu um curto período de 700.000 anos; "Lemúria" floresceu e terminou a sua carreira justamente por ocasião daquele curto lapso de tempo antes da primeira parte da era Eocena, pois a sua raça era a Terceira. Observai, as relíquias daquela que outrora foi uma grande nação em alguns dos aborígenes de cabeça chata da vossa Austrália! Não menos certo está o comentário ao rejeitar a bondosa intenção do autor de povoar a Índia e o Egito com os restos da Atlântida. Não há dúvida de que vossos geólogos sabem muito, mas porque não levar em conta que, em baixo dos continentes explorados e sondados por eles, em cujas entranhas encontraram a "Era Eocena" e buscaram revelar os seus segredos, podem estar, profundamente ocultos, insondáveis, ou melhor, insondados leitos dos oceanos, outros e muito mis antigos continentes cujos extratos não foram nunca geologicamente explorados; e eles podem algum dia perturbar totalmente as suas presentes teorias, assim ilustrando a simplicidade e sublimidade da verdade conectadas com a "generalização" indutiva, em oposição as suas conjecturas visionárias. Por que não itir - na verdade nenhum deles jamais pensou a respeito disso - que os nossos atuais continentes, do mesmo que "Lemúria" e Atlântida", estiveram vária vezes submersos e que tiveram tempo para reaparecer, e desenvolver os seus novos grupos de humanidade e civilização; e que, no primeiro grande levantamento geológico, no próximo cataclismo (da série de cataclismos periódicos que ocorrem desde o começo até o final de cada Ronda) os nossos já recortados continentes se afundarão e a Lemúrias e Atlântidas surgirão de novo? Pensai nos futuros geólogos da Sexta e Sétima Raças. Imaginai-os cavando profundamente nas entranhas do que foi o Ceilão e Simla e encontrando utensílios dos Veddahs, ou do ancestral remoto do civilizado Pahari - já que
todos os objetos das partes civilizadas da humanidade que habitavam essas regiões haviam sido pulverizados pelas grandes massas dos glaciais em movimento, durante o próximo período glacial - imaginai-os encontrando somente esses utensílios rudimentares, tais como os que agora são achados entre as tribos selvagens, e declarando em seguida que durante aquele período, o homem primitivo trepava e dormia nas árvores e chupava o tutano dos ossos dos animais após quebrá-los - algo que os civilizados Europeus, tanto como os Veddahs, comumente fazem - portanto saltando para a conclusão de que no ano 1882 D.C., a humanidade era composta de "homens com a semelhança de animais", de tipo negróide barbudos e prognatismo maxilar e dentes caninos aguçados de grande tamanho". Na verdade um Grant Allen da Sexta Raça pode não estar muito longe da veracidade do fato e na sua conjectura de que durante o "período Simla" - esses dentes eram usados nos combates dos "machos" para a conquista das fêmeas divorciadas, mas essa metáfora tem muito pouco a ver com a antropologia e a geologia. Essa é a vossa ciência. Voltando as nossas perguntas. Claro que a Quarta Raça teve os seus períodos da mais elevada civilização. As civilizações Grega e Romana e mesmo a Egípcia não são nada quando comparadas com as civilizações que começaram a Terceira Raça. Os indivíduos da Segunda não eram selvagens, mas não podiam ser chamados de civilizados. E agora, lendo uma das minhas primeiras cartas sobre as Raças ( uma questão tocada primeiro por M.), rogo-vos que não acuseis a ele ou a mim de alguma nova contradição. Lede-a de novo e notai que ela deixa de lado totalmente a questão das civilizações e menciona apenas os restos degenerados da quarta e terceira Raças e vos dá, como corroboração, as ultimas conclusões de vossa própria Ciência. Não considerai algo inevitavelmente incompleto como uma inconsistência. Fazei-me uma pergunta direta e eu a respondo. Os gregos e os romanos foram pequenas sub raças e os egípcios parte integrante do nosso tronco
"Caucásico". Observai os últimos e a Índia. Tendo alcançado a mais elevada civilização e, o que é ainda mais, o conhecimento, os dois decaíram. O Egito, como uma sub raça bem precisa, desapareceu completamente (os seus Coptas são um resto híbrido). A Índia - como um dos primeiros e mais poderosos rebentos da Raça matriz, e composta de várias sub raças - perdurando até os nossos dias e lutando para retomar mais uma vez o seu lugar na história algum dia. Essa história capta somente alguns extraviados e nebulosos reflexos do Egito, 12.000 anos atrás quando, havendo alcançado o ápice de seu ciclo milhares de anos antes, começava a declinar. Quem conhece ou pode conhecer a respeito da Índia de 5.000 anos atrás, ou dos Caldeus que são confundidos de uma maneira muito fascinante com os assírios, considerando-os, em uma ocasião, "akkadianos" e turanios em outras e quem sabe o que mais? Dizemos pois, que a vossa história está por inteiro desorientada. O "Journal of Science" nega-nos - em palavras repetidas e citadas por M. A. (Oxon), com um arrebatamento digno de um grande médium, qualquer pretensão de possuirmos "conhecimento mais elevado". Diz o crítico: "Suponha-se que os Irmãos dissessem: enfoquem o vosso telescópio neste ou naquele ponto dos céus e encontrarão um planeta ainda não conhecido para vós; ou cavem na terra,...etc. e encontrarão um mineral, etc." Muito bem, sem dúvida, e suponhamos que isso fosse feito, qual seria o resultado? Ora, uma acusação de plágio - pois, em qualquer caso, cada "planeta e mineral" que existe no espaço ou no interior da terra, é conhecido e está registrado em nossos livros há milhares de anos; e ainda: mais de uma hipótese verdadeira foi timidamente apresentada pelos próprios cientistas e, constantemente rejeitada por aquela maioria com cujos preconceitos ela interferia. Vossa intenção é louvável, mas nada que eu possa vos dar como resposta jamais será aceito como proveniente de nós. Sempre que se descubra que "na verdade é assim mesmo" a descoberta será atribuída àquele
que comprovou a evidência, como no caso de Copérnico e Galileu, em que este último se valeu, na realidade, dos manuscritos Pitagóricos. Mas voltando às "civilizações". Sabeis que os caldeus se encontravam no ápice da sua fama Oculta antes daquilo que denominais de "Idade do Bronze"? Que os "Filhos de Ad", ou os filhos da Névoa Ígnea precederam centenas de séculos à Idade de Ferro, que já era uma idade antiga quando o que denominais Período Histórico - provavelmente porque o que dele se conhece não é geralmente história e sim ficção - havia apenas começado. Nós sustentamos mas, então, que garantia podeis dar ao mundo de que temos razão? - que civilizações muito maiores que a nossa se elevaram e decaíram. Não é suficiente dizer, como fazem alguns dos vossos escritores modernos, que existiu uma civilização, já extinta antes que Roma e Atenas fossem fundadas: Nós afirmamos que existiu uma série de civilizações antes, como também depois, do Período Glacial; que existiram em diversos lugares do globo, alcançaram o pináculo de sua glória e morreram. Perdeu-se todo vestígio e memória das civilizações da Assíria e Fenícia, até que começaram a se fazer descobertas há poucos anos. E agora estas abrem uma nova página, ainda que está muito longe de ser uma das mais remotas, na história do gênero humano. E, no entanto, até onde remontam essas civilizações em comparação com a mais antiga? E mesmo estas a história vacila em aceitar. A arqueologia demonstrou suficientemente que a memória do homem penetra muito mais no ado do que a história está disposta a aceitar, e os arquivos sagrados de nações outrora poderosas, conservados por seus herdeiros, são ainda mais dignos de crédito. Falamos de civilizações do período anterior ao glacial, e essa afirmativa soa ridícula, não só para as mentes do vulgo dos profanos, mas mesmo na opinião do mais sábio geólogo. Que diríeis então da nossa afirmação de que os Chineses - e falo agora do chinês autêntico do interior e não da mistura híbrida entre a Quarta e Quinta Raças, que agora ocupa o trono - os
aborígenes que, na sua nacionalidade pura, pertencem inteiramente ao Ramo mais elevado e último da Quarta Raça, alcançaram a sua mais elevada civilização quando a Quinta havia apenas aparecido na Ásia e que o seu primeiro ramo era ainda uma coisa do futuro? Quando foi isso? Fazei os vossos cálculos. Não podeis pensar que nós, que encontramos enormes dificuldades contra a aceitação de nossa doutrina, iríamos deliberadamente inventar Raças e Sub Raças (na opinião do Sr. Hume) se elas não fossem um fato inegável. O grupo de ilhas próximas sas costas siberianas, descobertas por Nodenskjold do "Vega", estavam repletas de fósseis de cavalos, ovelhas, bois, etc., entre os ossos gigantescos de elefantes, mamutes, rinocerontes e outros monstros pertencentes aos períodos em que o homem (diz a vossa ciência) não havia ainda efetuado o seu aparecimento sobre a terra. E como cavalos e carneiros foram achados em companhia dos enormes animais "antidiluvianos"? Aprendemos nas escolas que o cavalo é uma invenção bastante moderna da Natureza e que nenhum homem jamais viu o seu anteado, pedáctilo. O grupo das ilhas siberianas pode desmentir essa confortável teoria. Em relação a essa região, agora presa nos grilhões de um eterno inverno e não habitada pelo homem - o mais frágil dos animais, será muito em breve provado que já teve não apenas um clima tropical - algo que vossa ciência conhece e não contesta, - mas foi igualmente o local onde floresceu uma das mais antigas civilizações da quarta raça, cujos vestígios mais significativos podemos agora encontrar nos degenerados Chineses, e os mais inferiores estão irremediavelmente (para o cientista profano) misturados com os remanescentes da terceira. Conto-vos mesmo que as mais elevadas pessoas agora na terra (espiritualmente), pertencem à primeira Sub raça da Quinta Raça Raiz, e esses são arianos asiáticos; a mais elevada Raça (em inteligência física) é a última sub raça da Quinta, vós mesmos, os conquistadores brancos. A maioria da humanidade pertence a Sétima Sub raça da Quarta Raça Raiz: os chineses acima mencionados e suas ramificações (malaios,
mongóis, tibetanos, javaneses, etc. etc.) e restos de outras Sub raças da Quarta e a Sétima Sub raça da Terceira Raça. Todos eles, exteriorizações já caída e degradada da humanidade, são os descendentes em linha direta de nações altamente civilizadas, cujos nomes e memória não sobreviveram, exceto em livros tais como o Popul Vuh e alguns outros desconhecidos para a ciência. (4) Até os tempos do Mioceno. Tudo chega ao seu devido tempo e lugar na evolução das rondas, de outra maneira, seria impossível para o melhor vidente, calcular exatamente a hora e ano em que irão ocorrer tais cataclismas maiores e menores. Tudo o que poderia fazer um Adepto seria predizer o tempo aproximado, enquanto que agora, acontecimentos que resultam em grandes mudanças geológicas, podem ser preditos com tanta certeza matemática como os eclipses e outras revoluções no espaço. A submersão da Atlântida (o grupo de continentes e ilhas) começou durante o período Mioceno exatamente como se observa agora o afundamento gradual de vossos continentes e culminou, primeiro, no desaparecimento final da maior parte do continente, um acontecimento coincidente com a elevação dos Alpes; e segundo, com o desaparecimento da última daquelas formosas ilhas mencionadas por Platão. Os sacerdotes egípcios de Sais contaram a Solon, anteado de Platão, que a Atlântida (isto é, a única ilha grande que restou) pereceu 9.000 anos antes da época deles. Esta não é uma data arbitrária, já que eles haviam conservado os seus registros cuidadosamente durante milênios. Mas, como já disse, não falaram senão de "Poseidonis" e não quiseram revelar, nem mesmo ao grande legislador grego, a sua cronologia secreta. E como não existem razões geológicas para duvidar, mas pelo contrário, um conjunto de evidências para aceitar a tradição, a Ciência aceitou finalmente a existência do grande continente e arquipélago, confirmando assim a verdade de mais uma "fábula". A Ciência ensina agora, como sabeis, que a Atlântida ou seus restos, subsistiram até os períodos pós
terciários, ocorrendo a sua submersão final dentro das idades paleozóicas da história da América! Bem, a verdade e os fatos têm que sentir-se agradecidos até por tais e tão pequenos favores, em vista da ausência anterior deles durante tantos séculos. As explorações profundas do mar, especialmente as do Challenger, confirmaram completamente os informes da geologia e paleontologia. O grande acontecimento, o triunfo dos nossos "Filhos da Névoa Ígnea" - os habitantes de "Shamballah" ( quando era ainda uma ilha no Mar Central Asiático) - sobre os egoístas, ma não inteiramente malvados, magos de Poseidonis, ocorreu justamente há 11.446 anos. Lêde a esse respeito, a tradição, incompleta e parcialmente velada, que é dada em Isis, volume I, páginas 588-594, e algumas coisas podem ficar ainda mais claras para vós. A corroboração da tradição e da história, apresentada por Donnelly, acho que é correta em suas linhas gerais, mas encontrareis tudo isso, e muito mais em Isis. (5) Por certo isso ocorre e já tratei desse tema faz bastante tempo. Em minhas notas no manuscrito do senhor Hume "Acerca de Deus" - que ele agrega bondosamente a nossa filosofia, algo que esta última jamais considerara antes, o tema é mencionado amplamente. Ele vos recusou que o lêsseis? Posso ampliar as minhas explicações para vós, mas não antes que tenhais lido o que eu digo sobre a origem do bem e do mal naquelas notas marginais. Já disse o bastante para os nossos atuais propósitos. Por estranho que pareça, encontrei um autor europeu - o maior materialista do seu tempo, o Barão d'Hollbach - cujos pontos de vista coincidem inteiramente com os de nossa filosofia. Ao ler o seu Systeme de la Nature, podia imaginar que tinha diante de mim o nosso livro de Kiu-te. Mas, como resultado lógico de suas idéias e temperamento, o nosso Pundit10 Universal tentara agarrar-se a essas idéias e reduzir cada argumento a pedaços. Até agora, somente me ameaça com a alteração de seu Prefácio e não publicar a filosofia com o seu próprio nome. Cuneus cuneum tradit: roguei-
lhe que não publicasse de modo algum os seus ensaios. M.12 crê que, para vossos propósitos, seria melhor que eu vos desse mais alguns detalhes sobre a Atlântida, pois o assunto está grandemente conectado com o mal, senão com a sua origem. No próximo Teosofista encontrareis uma nota ou duas como apêndice à tradução que fez Hume do Prefácio, de Eliphas Levi, em relação ao continente desaparecido. E agora, dado que estou disposto a fazer um livro destas respostas, ei a vossa cruz com fortaleza cristã e, então, talvez depois de ter lido tudo, não perguntareis mais por algum tempo. Mas o que posso acrescentar ao que já foi dito? Não posso dar-vos informações puramente científicas, pois que nunca seriam rechaçadas como sendo "não científicas". E, no entanto, tanto a geologia como a paleontologia testemunham muito do que temos a dizer. Sem dúvida, a vossa ciência está certa em muitas das suas generalidades. Por exemplo, ela tem razão quando diz que, enquanto a nova América estava se formando, a antiga Atlântida estava submergindo gradualmente no oceano, mas não está certa ao indicar as épocas, nem quanto aos cálculos da duração dessa submersão. Esta última é o futuro destino de vossas ilhas Britânicas, as primeiras na lista das vítimas que têm que ser destruídas pelo fogo (vulcões submarinos) e pela água. Então chegará a vez da França e outros países. Quando reapareçam de novo, a última Sétima Sub raça da Sexta Raça Raiz da presente humanidade se encontrará florescente na "Lemúria" e na "Atlântida", pois ambas também terão reaparecido (a sua reaparição se seguirá imediatamente ao desaparecimento das atuais ilhas e continentes); e então se encontrarão muito poucos mares e grandes águas em nosso globo; as áreas de água e de terra aparecerão e desaparecerão, mudando periódica e sucessivamente. Hesitante diante da perspectiva de novas cargas de "contradições", por alguma declaração incompleta no futuro, será melhor
que explique o que quero dizer com isso. A aproximação de cada novo "obscurecimento" é sempre assinalada por cataclismas, sejam por fogo ou água. Mas, afora isso, cada "Anel" ou Raça Raiz tem que ser dividida em duas, por assim dizer, por um ou outro (água ou fogo). Assim, tendo a quarta Raça atingido o ápice do seu desenvolvimento e glória - os Atlantes foram destruídos pela água; somente encontrareis agora os seus degenerados e caídos remanescentes, cujas Sub raças, não obstante, tiveram mesmo, cada uma delas, os seus dias florescentes de glória e grandeza relativa. O que são agora, vós sereis algum dia, pois que a lei cíclica é una e imutável. Quando vossa Raça, a Quinta, tiver alcançado o zênite de sua intelectualidade física e desenvolvido a mais elevada civilização, (recordai a diferença que fazemos entre civilizações materiais e espirituais), incapaz, então, de elevar-se mais em seu próprio ciclo, o seu progresso rumo ao mal absoluto será detido, (tal como os seus predecessores, os Lemurianos e Atlantes, homens da Terceira e Quarta Raças, foram detidos em seu avanço em direção ao mesmo) por uma dessas mudanças cataclísmicas; as da grande civilização será destruída e todas as Sub raças desta Raça se encontrarão em queda em seus respectivos ciclos, depois de um curto período de glória e saber. Observai os remanescentes dos Atlantes - os antigos gregos e romanos (pois os modernos pertencem todos a Quinta Raça) notai como foram grandes e curtos, quão fugazes foram os seus dias de fama e glória! Pois, eles foram apenas sub-raças das sete ramificações da "Raça Raiz". À nenhuma Raça Matriz, nem às suas Sub raças e ramificações, será permitido pela Lei Una Soberana, usurpar as prerrogativas da Raça e Sub raça que seguirá e menos ainda a sua intrusão nos conhecimentos e poderes que estão reservados a sua sucessora. "Não comerás o fruto do Conhecimento do Bem e do Mal da árvore que está crescendo para os teus herdeiros"., podemos dizer com mais direito do que nos seria concedido voluntariamente pelos Humes de vossa Sub raça. Esta "árvore" está sob os nossos cuidados, e nos foi confiada
pelos Dhyan Chohans, os protetores de nossa Raça e Guardiães para aquelas que virão. Tratai de compreender a alegoria e de nunca perder de vista a sugestão que vos foi dada em minha carta sobre os Planetários. No começo de cada Ronda, quando a humanidade reaparece debaixo de condições por completo diferentes das que são proporcionadas para o nascimento de cada nova Raça e suas subraças, um "Planetário" deve misturar-se com esses homens primitivos para refrescar-lhe a memória e revelar-lhes as verdades que conheceram durante a Ronda precedente. Daí procedem as confusas tradições sobre os Jeohovahs, Ormazds, Osirises, Brahms e tutti quanti. Mas isso acontece somente para o benefício da primeira Raça. É o dever daqueles escolher os recipientes adequados entre os seus filhos, que são "colocados à parte", para usar uma frase bíblica, como receptáculos que conterão todo o conjunto de sabedoria a ser dividido entre as futuras Raças e gerações, até o fim daquela Ronda. Porque deveria dizer mais, eis que deveis compreender todo o significado do que digo, e isso não me atrevo a revelar inteiramente. Cada Raça teve os seus Adeptos, e a cada nova Raça se nos permite dar tanto de nosso conhecimento quanto mereçam os homens dessa Raça. A última Sétima Raça terá o seu Buda, como ocorreu com cada uma de suas predecessoras; mas seus Adeptos serão muito mais elevados do que um dos da presente Raça, pois entre eles habitará o futuro Planetário, o Dhyan Chohan, cujo trabalho será o de instruir ou "refrescar a memória" da primeira Raça dos homens da Quinta Ronda, depois do futuro obscurecimento deste planeta. Em ant18, para demonstrar-vos que não apenas não foram as Raças inventadas por nós, mas que elas são um dogma fundamental dos Lamas Budistas e de todos aqueles que estudam as nossas doutrinas esotéricas, envio-vos uma explicação a respeito, em uma ou duas páginas do livro "Budismo" de Rhys Davis que, não sendo esclarecidas, resultam incompreensíveis, carentes de significado e absurdas. Está escrita com a permissão
especial do Chohan (meu Mestre) para o vosso benefício. Nenhum Orientalista jamais imaginou as verdades contidas nelas e sois o primeiro ocidental (fora do Tibet) a quem agora elas são explicadas. (6) O que emerge no final de todas as coisas não é somente o "espírito puro e impessoal", mas as recordações coletivas "pessoais" extraídas de cada novo Quinto Princípio na larga série de existências. E, se no final de todas as coisas - digamos, daqui há alguns bilhões de anos - o Espírito tiver que descansar em sua não-existência pura e impessoal como o UNO ou o Absoluto, não obstante deve haver "algo bom" no processo cíclico, pois que cada Ego purificado tem a oportunidade, nos grandes intervalos entre a existência objetiva nos planetas, de existir como um Dhyan Chohan; desde o mais inferior "Devachânico" até o mais elevado Planetário, gozando os frutos de suas vidas coletivas. Mas o que é "Espírito" puro e impessoal per se? É possível que não tenhais compreendido ainda o que queremos dizer? Porque tal Espírito é uma não-entidade, uma abstração pura, um vazio absoluto para os nossos sentidos, mesmo para os mais espirituais. Converte-se em algo, somente ao unir-se com a matéria; por isso é sempre algo, pois que a matéria é infinita, indestrutível e não-existente sem o Espírito, o qual é a Vida e do ser, pois a matéria é inseparável do mesmo. Perguntai aos que objetam, se conhecem algo da "vida" e da "consciência" além do que agora sentem sobre a terra. Que concepção podem ter (a não ser que tenham nascido como videntes inatos), do estado e da consciência da individualidade de alguém, depois que ela tenha se separado do corpo grosseiro terrestre? De que vale todo o processo da vida na terra (podereis, por vossa vez, perguntar-lhes) se somos tão bons como entidades "puras" inconscientes, antes do nascimento, durante o sono e ao final de nossa carreira? Não é a morte, de acôrdo com os ensinamentos da Ciência, seguida pelo mesmo estado de inconsciência como a que existe antes do nascimento? A vida não se
torna, quando abandona o nosso corpo, tão impessoal como era, antes que animasse o feto? Afinal, a vida, o maior dos problemas dentro do alcance da concepção humana, é um mistério que os vossos maiores homens da Ciência jamais resolverão a fim de ser compreendido corretamente, deve ser estudado no conjunto total de suas manifestações; de outra maneira nunca poderá ser, nem só perscrutado nem mesmo compreendido em sua forma mais simples: a vida como um estado de ser sobre esta terra. Nunca poderá ser compreendido enquanto for estudada separadamente ou desvinculado da vida universal. Para resolver o grande problema, o indivíduo deve-se tornar um ocultista; analisar e experimentar com ela pessoalmente, em todas as suas fases: como vida na terra, vida além do limite da morte física, como vida mineral, vegetal, animal e espiritual; vida em associação com a matéria concreta bem como a vida presente no átomo imponderável. Deixemos que eles tentem e examinem ou analisem a vida, separada do organismo, e o que resta de tudo isso? Simplesmente uma forma de movimento, o qual, a menos que seja aceita a nossa doutrina da Vida onipenetrante, infinita e onipresente, mesmo que o seja no máximo como uma hipótese, apenas um pouco mais razoável do que as suas hipóteses científicas que são todas absurdas, a vida permanece inexplicada. Eles objetarão a isso? Bem, responderemos fazendo uso de suas próprias armas. Diremos que está e ficará demonstrado para sempre que, como o movimento interpenetra tudo e que o repouso absoluto é inconcebível, que sob qualquer forma ou máscara o movimento pode aparecer, seja como luz, calor, magnetismo, afinidade química ou eletricidade, todas estas são apenas fases da mesma Força Una, universal e onipotente: um Proteo- diante do qual eles se inclinam como o Grande "Desconhecido" (veja-se Herbert Spencer) e que nós denominamos simplesmente a "Vida Una", a "Lei Una", e o "Elemento Uno". As maiores e as mais científicas mentes na terra vêm buscando ansiosa e vigorosamente uma solução para o mistério, sem deixar
inexplorado um atalho sequer, nenhum fio solto ou débil no que, para elas é o mais escuro dos labirintos, e todas chegaram à mesma conclusão - a dos Ocultistas, embora apresentada apenas numa forma parcial, isto é: que a vida, em suas manifestações concretas, é o resultado e a conseqüência legítima da afinidade química; quanto à vida em seu sentido abstrato, a vida pura e simples, bem, eles não sabem mais hoje do que sabiam no começo de sua Sociedade Real0. Sabem somente que, em certas soluções previamente desprovidas de vida, os organismos aparecerão espontaneamente (não obstante Pasteur e sua piedade bíblica), devido algumas composições químicas dessas substâncias. Se, em alguns anos, como espero, eu seja por completo o meu próprio Mestre, pode ser que tenha o prazer de demonstrar-vos em vossa própria escrivaninha, que a vida como vida não só é transformável em outros aspectos ou fases da Força onipenetrante, mas que pode ser realmente infundida em um homem artificial. Frankenstein é um mito apenas como um herói de um conto místico; na Natureza é uma possibilidade e os físicos e médicos da última Sub raça da Sexta Raça inocularão a vida e reviverão cadáveres, tal como agora inoculam a varíola e com freqüência outras enfermidades mais perigosas. Espírito, vida e matéria, não são princípios naturais que existam independentemente uns dos outros, mas os efeitos de combinações produzidas pelo movimento eterno no Espaço; e é melhor que eles o aprendam. (7) Sem dúvida isso me permite(am). Mas então temos o ponto mais importante: quão satisfatórias as minhas respostas parecerão mesmo para vós? Que nem toda nova lei trazida à luz é considerada como o acréscimo de um elo à cadeia do conhecimento humano, está demonstrado pela má vontade com que cada fato incômodo, por uma razão ou por outra, para a ciência é recebido por seus professores. Não obstante, sempre que possa responder-vos, eu o farei, apenas confiando
que não o enviareis como contribuição da minha pena para o Journal of Science. (8) Com toda segurança que tem de ver. A chuva pode ser precipitada numa pequena área, artificialmente e sem nenhuma pretensão milagrosa ou de poderes super-humanos, e ainda que não conheça o segredo, não poderia divulgá-lo. Estou tratando agora de obter permissão para fazê-lo. Não conhecemos nenhum fenômeno na Natureza que esteja completamente desvinculado do magnetismo ou da eletricidade, pois que, onde há movimento, calor, fricção, luz, ali o magnetismo e seu alter ego (de acôrdo com a nossa humilde opinião), a eletricidade aparecerão sempre, tanto como causa ou como efeito, ou melhor, ambos, caso sondemos manifestação até a sua origem. Todos os fenômenos das correntes terrestres, magnetismo terrestre e eletricidade atmosférica, são devidos ao fato de que a terra é um condutor eletrificado, cujo potencial está mudando sempre devido a sua rotação e ao do movimento anual de sua órbita, ao sucessivo esfriamento e aquecimento do ar, à formação das nuvens e chuva, tormentas e ventos, etc. Isto podereis encontrar provavelmente em algum livro didático. Mas, então, a Ciência não estará disposta a itir que todas essas mudanças são devidas ao magnetismo akásico, que gera, sem cessar, correntes elétricas que tendem a restaurar o equilíbrio perturbado. Mediante o direcionamento da mais poderosa das baterias elétricas, o organismo humano eletrificado por um certo processo - podeis deter a chuva em um ponto determinado, fazendo "um furo na nuvem da chuva", como os ocultistas o denominam. Com o uso de outros implementos fortemente magnetizados dentro, digamos, de uma área isolada - a chuva pode ser produzida artificialmente. Eu lamento a minha incapacidade de explicar-vos o processo mais claramente. Conheceis os efeitos produzidos pelas árvores e plantas nas nuvens de chuva; e como a sua forte natureza magnética atrai e mesmo alimenta aquelas nuvens sobre o topo das árvores. ciência explica isso talvez de outra maneira. Bem, eu não posso remediar,
pois tal é nosso conhecimento e o fruto de milênios de observações e experiências. Caso esta carta caia nas mãos do senhor Hume, com segurança haveria de observar que estou justificando a acusação que fez publicamente contra nós, de que "quando são incapazes de responder aos vossos argumentos (?) eles (nós) respondem, com toda calma, que suas regras (as nossas) não lhes permitem isto ou aquilo". A despeito da acusação, sou compelido a responder que, desde que o segredo não é meu, não posso fazer dele uma mercadoria negociável. Que os físicos calculem a quantidade de calor necessário para vaporizar uma certa quantidade de água. Que calculem a quantidade de chuva necessária para cobrir uma área, digamos, de uma milha quadrada (2.588.881m) com dois centímetros e meio de água. Para essa quantidade de vaporização necessitarão, naturalmente, uma quantidade de calor que será, por menos, igual a cinco milhões de toneladas de carvão. Agora bem; a quantidade de energia que corresponderia a este consumo de calor, equivaleria (como qualquer matemático poderia vos dizer) a que seria necessária para levantar um peso superior a dez milhões de toneladas a altura de 1.609 metros. Como pode um homem gerar tal quantidade de calor e energia? Ilógico, absurdo! Somos todos lunáticos e vós que nos escutais, será colocado na mesma categoria se aventurar a repetir esta proposição. Entretanto, eu digo que um homem só pode fazê-lo, e com muita facilidade, caso esteja familiarizado com uma certa alavanca "psico espiritual", que possue internamente e que é mais poderosa do que a de Arquimedes. Mesmo a simples contração muscular está sempre acompanhada de fenômenos elétricos e magnéticos, e existe a mais poderosa conexão entre o magnetismo da terra, as mudanças no tempo e o homem, que é o melhor barômetro vivo, caso tão somente soubesse como interpretá-lo corretamente. Por outro lado, o estado do céu pode sempre ser verificado pelas variações mostradas por instrumentos magnéticos. Há muitos anos atrás, tive a oportunidade de ler as deduções
da ciência sobre esse assunto: portanto, a menos que me dê ao trabalho de colocar-me em dia com respeito ao que poderia ignorar, não conheço as últimas conclusões da Ciência. Entretanto, para nós é um fato estabelecido que é o magnetismo da terra que produz os ventos, tempestades e chuvas. O que a ciência parece conhecer disso não são mais do que sintomas secundários, induzidos sempre por aquele magnetismo, e ela muito cedo irá constatar os seus presentes erros. A atração magnética da Terra, da poeira cósmica, e a influência direta desta última sobre as súbitas mudanças de temperatura, especialmente na questão do calor e do frio, não é um problema resolvido até agora, eu creio2. Colocou-se em dúvida se o fato de a nossa terra ar através de uma região do espaço na qual haja mais ou menos massas meteóricas, tem alguma relação com o aumento ou diminuição de nossa atmosfera, ou mesmo com o estado do tempo. Mas cremos que poderíamos demonstrá-lo com facilidade, e desde que eles aceitem o fato de que a relativa distribuição e proporção de terra e água no nosso globo possa ser devida à grande acumulação sobre ele da poeira meteórica, a neve especialmente nas nossas regiões do norte estando cheias de ferro meteórico e de partículas magnéticas, e havendo sido encontrados depósitos destas últimas, mesmo no fundo dos mares e oceanos, eu me pergunto: por que a Ciência não compreendeu até agora que cada mudança e perturbação atmosférica se deve ao magnetismo combinado das duas grandes massas entre as quais está comprimida a nossa atmosfera? Chamo a esse pó meteórico uma "massa" pois é realmente isso. Muito acima da superfície de nossa terra o ar está impregnado e o espaço está cheio de pó magnético ou meteórico, que nem mesmo pertence ao nosso sistema solar. Tendo a Ciência felizmente descoberto que, ao ser a nossa terra, com todos os outros planetas, levada através do espaço, recebe uma maior proporção desta matéria pulverulenta no hemisfério norte do que no hemisfério sul, sabe que a isso é devida a preponderância de continentes no primeiro
hemisfério, e a grande abundância de neve e umidade. Milhões de tais meteoros e mesmo das menores partículas nos alcançam anual e diariamente e todas as facas dos nossos templos são feitas deste ferro "celestial", que nos alcança sem ter sofrido qualquer mudança - o magnetismo da terra mantendo essa massa coesa. Continuamente é adicionada à nossa atmosfera matéria gasosa, proveniente da incessante queda de matéria meteórica fortemente magnética e, no entanto parece ser ainda para a ciência uma questão ainda não resolvida, se as condições magnéticas tem algo a ver ou não, com a precipitação da chuva! Não conheço nenhum "conjunto de movimentos estabelecidos por pressões e expansões, etc., devidos, em primeiro lugar, à energia solar". A ciência se ocupa demasiado e muito pouco ao mesmo tempo com a "energia solar" e mesmo do próprio Sol, e o Sol não tem nada a ver com a chuva e muito pouco com o calor. Eu supunha que a ciência soubesse que os períodos glaciais, como também aqueles períodos em que a temperatura é "como o da era carbonífera", são devidos à diminuição e ao crescimento, ou melhor, à expansão de nossa atmosfera, sendo essa expansão devida a mesma presença meteórica. De qualquer forma, todos nós sabemos que o calor que a terra recebe por radiação do sol é, no máximo, um terço, senão menos, da quantidade recebida por ela diretamente dos meteoros. (9) Chamemo-la de uma cromosfera ou atmosfera, ou de nenhuma delas, pois é simplesmente a aura magnética, sempre presente no Sol, vista pelos astrônomos somente por alguns breves momentos durante um eclipse, e por alguns dos nossos chelas quando queiram - naturalmente durante em certo estado induzido. Uma contraparte do que os astrônomos denominam de chamas vermelhas na "coroa" pode ser vista nos cristais de Reichenbach ou em qualquer outro corpo fortemente magnético. A cabeça de um homem em uma profunda condição de êxtase, quando toda a eletricidade de seu sistema está centralizado ao redor do cérebro, representa,
especialmente na obscuridade, um perfeito símile, do Sol durante tais períodos. O primeiro artista que desenhou as aureolas ao redor das cabeças dos seus Deuses e Santos não o fez por inspiração e sim as representou, baseado nos exemplos das pinturas do templo e nas tradições do santuário e câmaras de iniciação onde se ocorriam tais fenômenos. Quanto mais próxima da cabeça ou do corpo que emite a aura, tanto mais forte e mais refulgente é a emanação (devido ao hidrogênio, nos diz a ciência, no caso das chamas); daí, as chamas vermelhas irregulares em redor do Sol, ou a "coroa interna". O fato de não estarem sempre presentes em igual quantidade mostra somente a constante flutuação da matéria magnética e sua energia, das quais depende também a variedade e quantidade das manchas. Durante os períodos de inércia magnética, as manchas desaparecem, ou melhor, permanecem invisíveis. Quanto mais longe se estende a emanação, tanto mais perde em intensidade até que, atenuando-se gradualmente, desaparece; daí a "coroa externa", e sua forma semelhante a raios, é devida, por inteiro ao último fenômeno, cujo resplendor se deve à natureza magnética da matéria e à energia elétrica, e de nenhuma maneira às partículas intensamente quentes, como afirmam alguns astrônomos. Tudo isso está terrivelmente em desacordo com a ciência, mas sem dúvida, é um fato, ao qual posso acrescentar outro, recordando-vos de que o Sol que vemos não é, de modo algum, o planeta central de nosso pequeno Universo, e sim somente o seu véu ou seu reflexo. A Ciência enxerga tremendas dificuldades no estudo desse planeta, o que felizmente não temos - antes de tudo a constante oscilação da nossa atmosfera que os impede de julgar corretamente o pouco que vêem. Este impedimento nunca se antepôs aos antigos astrônomos caldeus e egípcios, nem é um obstáculo para nós, pois possuímos meios para deter ou neutralizar essas oscilações, familiarizados que estamos com todas as condições akásicas. E supondo que nós divulgássemos este segredo, não seria de nenhum uso prático para os vossos homens de
ciência como não seria tão pouco o da chuva, a menos que eles se tornem ocultistas e sacrifiquem largos anos à aquisição de poderes. Imagine-se um Huxley ou um Tyndall estudando Yoga-vidya! Daí provém tantos erros em que incidem e as hipóteses conflitantes de vossas melhores autoridades. Por exemplo: o Sol está cheio de vapores de ferro, um fato que foi demonstrado pelo espectroscópio, revelando que a luz da coroa consiste basicamente de uma linha na parte verde do espectro, quase coincidente com a linha do ferro. Entretanto, os professores Young e Lockyer rejeitaram essa idéia, sob o engenhoso pretexto, se bem me recordo, de que se a coroa fosse composta de partículas minúsculas, semelhantes a uma nuvem de pó (e isso é o que denominamos "matéria magnética") essas partículas (1) cairiam sobre o corpo do sol; (2) sabe-se que os cometas muitas vezes atravessam esse vapor, sem quaisquer efeitos visíveis sobre eles; (3) o espectroscópio do professor Young mostrou que a linha da coroa não era idêntica à do ferro, etc. Porque chamariam de científicas a tais objeções, é algo mais do que nós podemos explicar. (1) As razões pelas quais as partículas - pois é assim que eles a chamam não caem sobre o corpo do sol, são evidentes por si mesmas. Existem forças coexistentes com a gravitação das quais nada sabem além do outro fato de que não existe gravitação propriamente dita, somente atração e repulsão. (2) Como poderiam os cometas ser afetados pela dita agem pois que "a sua agem por esse vapor" é simplesmente uma ilusão de ótica? Não poderiam ar dentro da área de atração sem ser aniquilados de imediato por essa força, da qual nenhum vril pode dar uma idéia adequada, já que não existe nada sobre a terra que possa se comparar a ela. ando os cometas como o fazem, através de um "reflexo", é natural que esse vapor não produza "nenhum efeito visível sobre esses corpos leves". (3) A linha da carga pode não parecer idêntica através do melhor "espectroscópio reticulado", entretanto, a coroa contém ferro
como também outros vapores. Seria inútil vos dizer de que consiste, porque me sinto incapaz de traduzir as palavras que usamos para isso, além de que tal matéria não existe de modo algum em nosso sistema planetário, mas apenas no Sol. O fato é o que vós denominais de Sol é simplesmente o reflexo do grande depósito de nosso Sistema onde se geram e preservam TODAS as suas forças; sendo o coração e o cérebro do nosso universo pigmeu, podemos considerar suas faculae (esses milhões de corpos pequenos e intensamente brilhantes dos quais se compõe a superfície do Sol, com exceção das manchas) aos corpúsculos do sangue dessa luminária, ainda que alguns deles sejam tão grande como a Europa, como foram corretamente conjecturados pela Ciência. Esses corpúsculos sanguíneos são a matéria elétrica e magnética em seu sexto e sétimo estado. O que são aqueles filamentos longos brancos, retorcidos como as cordas, dos quais se compõe a penumbra do Sol? O que é a parte central que se vê como uma gigantesca chama terminando em espiras de fogo, e as nuvens transparentes, ou melhor, vapores formados de delicados fios de luz prateada que estão suspensos sobre essas chamas senão o aura eletro-magnético, o flogisto do Sol? A ciência pode continuar especulando para sempre, mas, enquanto não renunciar a dois ou três dos seus erros fundamentais, há de encontrar-se sempre tateando na obscuridade. Alguns dos seus maiores enganos se encontram em suas noções limitadas da lei da gravitação; a sua negação de que a matéria pode ser imponderável, o seu recém-inventado termo "força" e a idéia absurda e tacitamente aceita, de que a força é capaz de existir per se, ou de atuar mais do que a vida, de modo externo e independente da matéria ou de qualquer outra maneira que não seja através da matéria; em outras palavras, que a força não é senão matéria em um dos seus estados superiores sendo os últimos três na escala ascendente negados simplesmente porque a ciência não conhece nada deles; e a sua completa ignorância do Proteo universal, suas funções e importância na economia da Natureza: o
magnetismo e a eletricidade. Diz a Ciência que mesmo naqueles dias do declínio do Império Romano, quando o britânico tatuado costumava oferecer ao Imperador Cláudio o seu Nazzur-A de "electron" na forma de um rosário de contas de ambar, já existiam mesmo então homens que se mantinham, entretanto, afastados das massas dissolutas e que sabiam mais de eletricidade e de magnetismo do que eles, os homens de ciência de agora; e a ciência rirá de vós tão amargamente, como o faz agora diante da vossa bondosa dedicação a mim. Na verdade, quando os vossos astrônomos, ao falar da matéria solar, denominam a essas luzes e chamas de "nuvens de vapor" e "gazes desconhecidos" para a ciência (certamente!), empurrados por tremendos torvelinhos e ciclones - enquanto nós, sabendo que são simplesmente matéria magnética no seu estado normal de atividade sentimo-nos inclinados a sorrir diante de tais expressões. Pode alguém imaginar os "fogos do Sol alimentados somente com matéria mineral", com metoritos altamente carregados com hidrogênio, dando ao "Sol" uma atmosfera de grande alcance de gazes inflamados? Nós sabemos que o Sol invisível está composto daquilo que não possui nome, nem pode ser comparado a coisa alguma conhecida pela vossa ciência na terra, e que seu "reflexo" contém menos ainda de algo como "gazes", matéria mineral ou fogo, ainda que nós, quando tratamos do assunto no vosso idioma civilizado, vemo-nos obrigados a usar expressões como "vapor" e "matéria magnética". Para encerrar esta questão: as mudanças na coroa não produzem efeito algum no clima da terra, embora as manchas o façam, e o professor N. Lockyer está equivocado em geral nas suas deduções. O Sol não é nem um sólido, em um líquido, nem mesmo uma fulguração gasosa, e sim uma esfera gigantesca de Forças eletromagnéticas, o depósito da vida e movimento universais, de onde a última pulsa em todas as direções, para alimentar o mais pequeno átomo como o maior gênio, com o mesmo material, até o final do Maha Yug.
(10) Não creio. As estrelas estão distantes de nós, pelo menos 500.000 vezes mais do que o Sol e algumas muito mais do que isso.A forte acumulação de matéria meteórica e os tremores atmosféricos estão sempre obstaculizando. Se vossos astrônomos pudessem elevar-se sobre esse pó meteórico com seus telescópios e havanas poderiam ter mais confiança em seus fotômetros do que agora. Mas como fazê-lo? Nem o verdadeiro grau de intensidade dessa luz pode ser conhecido na terra (e daí resulta que não se pode ter uma base digna de confiança para calcular distâncias e magnitudes) nem até agora eles estão seguros uma ó vez (exceto no que se refere a uma estrela em Cassiopeia) sobre quais são as estrelas que brilham por reflexo e quais por luz própria. O funcionamento dos melhores fotômetros para estrelas duplas é enganador. Comprovei isto desde a primavera de 1878, o presenciar nas observações efetuadas por meio de um fotômetro Pickering; a diferença nas observações sobre uma estrela (próxima de Gamma Ceti) chegaram em certos momentos a meia magnitude. Nenhum planeta, a não ser um, foi descoberto fora do sistema solar, com todos os seus fotômetros, enquanto nós conhecemos um bom número deles, apenas com a ajuda do nosso olho nú espiritual. Cada Estrela Sol que chegou a sua completa maturidade, à semelhança de nosso sistema, possui vários planetas que o acompanham. A famosa prova de "polarização da luz" é mais ou menos confiável como as outras. Naturalmente, o simples fato de partirem de uma premissa falsa não pode viciar as suas conclusões nem as suas profecias astronômicas, pois que as duas são matematicamente corretas em suas relações mútuas e respondem ao objetivo proposto. Nem os caldeus nem mesmo os nossos antigos Rishis possuíam os vossos telescópios e fotômetros e, entretanto, as suas predições astronômicas eram exatas; os enganos, muito insignificantes na verdade, foram atribuídas a eles pelos seus rivais modernos, ao se basearem em seus próprios erros.
Não deveis queixar-vos das minhas respostas demasiadamente longas às vossas perguntas breves, já que respondo com vistas a vossa instrução como estudante de ocultismo, meu chela "laico", e de modo algum para responder ao Journal of Science. Eu não sou um homem de ciência em relação ou em conexão com o conhecimento moderno. O meu conhecimento de vossas ciências ocidentais é muito limitado, na verdade, e, por obséquio, conservai em mente que todas as minhas respostas estão baseadas e derivadas de nossas doutrinas ocultas orientais, não importa que concordem ou não com as da ciência exata. Por conseguinte digo que: "A superfície do sol emite por milha quadrada (2.588.881 m) tanta luz (em proporção) quanto a que pode ser emitida por qualquer outro corpo". Mas, o que quereis significar, neste caso por "luz"? Esta última não é um princípio independente e, na introdução, regozijei com vista a facilitar os meios de observação do "espectro de difração", pois que, ao abolir todas essas existências independentes e imaginárias, tais como calor, actinismo, luz, etc., presta, à Ciência Oculta, o maior serviço, ao sustentar aos olhos de sua irmã moderna a nossa teoria muito antiga de que cada fenômeno, sendo apenas o efeito dos diversos movimentos do que chamamos de Akasa (não o vosso éter), havia de fato um único elemento, o Princípio causador de tudo. Mas, dede que a vossa pergunta é feita com o propósito de resolver um ponto de controvérsia na ciência moderna, tentarei responde-la da forma mais clara que possa. Eu digo então não e darei a minha razão porque. Eles não podem conhecêlo, pela simples razão de que até agora não encontraram meios seguros para medir a velocidade da luz. As experiências feitas por Fizeau e Cornu, conhecidos como sendo os dois melhores investigadores da luz no mundo da ciência, não obstante a satisfação geral pelos resultados obtido, não são dados confiáveis, nem a respeito da velocidade com que viaja a luz solar nem quanto a sua quantidade. Os métodos adotados por estes dois ses estão fornecendo resultados
corretos (pelo menos aproximadamente, pois há uma variação de 363 quilômetros por segundo entre os resultados das observações dos dois experimentadores, apesar de feitas com os mesmos aparelhos), somente ao que diz respeito à velocidade da luz entre a nossa terra e as regiões superiores de sua atmosfera. Sua roda dentada que gira a uma velocidade conhecida, registra, naturalmente, o intenso raio de luz que a através de um dos claros da roda, e logo obscurece o ponto de luz cada vez que a um dente: bastante preciso. O instrumento é muito engenhoso e dificilmente deixará de dar resultados esplêndidos em trajetos de ida e volta de alguns milhares de metros; não havendo entre o observatório de Paris e suas fortificações condições atmosféricas, nem matéria meteórica que possa impedir a viagem do raio, e encontrando esse raio um meio para viajar muito diferente de éter do Espaço (O éter entre o Sol e o continente meteórico acima de nossas cabeças), é natural que a velocidade da luz mostrará uns 296.000 quilômetros por segundo e os vossos físicos gritam "Eureka"! Nenhum dos outros aparelhos inventados pela ciência desde 1878 para medir essa velocidade dão uma resposta melhor. Tudo o que podem dizer é que seus cálculos são, até agora, corretos, mas se pudessem medir a luz sobre a nossa atmosfera logo descobririam que estavam equivocados. (11) Assim é até agora, mas está mudando com rapidez. Vossa ciência tem uma teoria, creio, de que se a terra fôsse colocada repentinamente em regiões extremamente frias (se, por exemplo mudasse o seu lugar com Júpiter) todos os nossos mares e rios se transformariam de repente em sólidas montanhas: e que o ar (ou melhor uma porção das substâncias aeriformes que o compõe) se metamorfosearia do seu estado de fluido invisível, devido a ausência de calor, em líquidos (como agora em Júpiter, mas dos quais não tem idéia alguma os homens na terra). Compreendei, ou tentai imaginar a
condição reversa, e essa seria a de Júpiter no momento presente. Todo o nosso sistema está imperceptivelmente mudando a sua posição no espaço. A distância relativa entre planetas permanecem sempre a mesma, não sendo afetada de nenhuma maneira pelo deslocamento de todo o sistema; e a distância entre este último e as estrelas e outros sóis é tão incomensurável, a ponto de produzir apenas uma pequena mudança que não será notada por séculos ou milênios; nenhum astrônomo poderá notá-la por meio do telescópio até que Júpiter e alguns outros planetas, cujos pontos luminosos escondem agora de nossa vista milhões e milhões de estrelas (mais ou menos uns cinco ou seis bilhões), nos permitam ver um pouquinho dos Raja-Sóis que atualmente ocultam. Há uma dessas estrelas rei por trás de Júpiter que nenhum olho mortal físico jamais viu durante esta nossa Ronda. Pudesse ser percebida, ela apareceria, através do melhor telescópio com um poder de multiplicar o seu diâmetro dez mil vezes - ainda como sendo um pequeno ponto sem dimensões, arremessado na sombra pelo brilho de qualquer planeta; entretanto - este mundo é milhares de vezes maior de que Júpiter. A violenta perturbação de sua atmosfera e mesmo a sua mancha vermelha que tanto intriga a ciência ultimamente, são devidas - (1) àquele deslocamento e (2) a influência dessa Estrela-Raja. Na presente posição que ocupa no Espaço e por imperceptível que ela seja, suas substâncias metálicas (das quais está principalmente composta) estão se expandindo e se transformando gradualmente em fluidos aeriformes (tal como era o estado da nossa terra e de seus seis globos irmãos antes da primeira Ronda) que vai formando parte da sua atmosfera. Tirai daí ass vossas conclusões e deduções disto, meu querido chela "laico", mas acutelai-vos para que ao fazê-lo, não sacrificai o vosso humilde instrutor e a própria doutrina oculta no altar da sua irada Deusa: a ciência moderna.
(12) Temo que não exista muita, pois que o nosso sol não é mais do que um reflexo. A única grande verdade enunciada por Siemens é que o espaço inter estelar está cheio de matéria altamente atenuada, tal como a que existe dentro de tubos de vácuo, e que se estende de planeta a planeta e de estrela a estrela. Mas esta verdade não influi em seus fatos principais. O sol dá tudo ao seu sistema e não recebe nada. O sol não reúne nada "nos pólos", que estão sempre livres mesmo das famosas "chamas vermelhas" em todo momento e não somente durante os eclipses. Como é que, com os seus poderosos telescópios, falharam em notar tais "agrupamentos", pois que as suas lentes mostram-lhes mesmo as "nuvens superlativamente fugazes" na fotosfera? Nada pode alcançar o sol fora dos limites de seu próprio sistema na forma de material tão grosseiro como "gazes atenuados". Cada partícula de matéria, em todos os seus sete estados, é necessária à vitalidade dos vários e inumeráveis sistemas: mundos em formação, sóis despertando de novo para a vida, etc., e não podem ceder nenhuma partícula, nem mesmo para os seus melhores e mais próximos vizinhos afins. Esses sistemas são mães, não madrastas, e não tirariam nem uma só migalha do alimento dos seus filhos. A teoria mais recente acerca da energia radiante, que demonstra que não existe na Natureza tal coisa, propriamente falando, como luz química ou raio térmico é a única aproximadamente correta. Porque, na verdade, não há senão uma só coisa: energia radiante, que é inesgotável que não conhece nem aumento nem diminuição e que prosseguirá em seu trabalho autogerador até o final do manvântara Solar. A absorção das forças solares pela terra é tremenda, mas está demonstrado ou poderia ser, que esta última recebe apenas 25 por cento do poder químico desses raios, já que eles são despojados de 75 por cento durante a sua agem vertical através da atmosfera no momento em que chegam ao limite externo do "oceano aéreo". E mesmo esses raios perdem aproximadamente uns 20 por cento da energia luminosa e térmica, segundo nos dizem. Com
esse dispêndio, qual será, então, o poder recuperativo do nosso Pai-Mãe Sol? Sim; chamêmo-lo de "Energia Radiante" se o quiserdes: nós a chamamos de Vida onipenetrante, onipresente, sempre trabalhando no seu grande laboratório - o SOL. (13) Nenhum jamais pode ser dado pelos vossos homens de Ciência, cuja "presunção" os faz declarar, que só para quem a palavra magnetismo é um agente "misterioso" pode supor que o sol é um imenso ímã, ao qual se deve a produção de luz e calor, sendo, além disso, a causa das variações magnéticas, tal como são percebidas na nossa terra. Estão decididos a ignorar e assim, a rejeitar a teoria sugerida a eles, por Jenkins da R.A.S.27, acerca da existência de intensos pólos magnéticos acima da superfície da terra. Mas a teoria é, entretanto, correta e um desses pólos gira ao redor do pólo norte num ciclo periódico de várias centenas de anos. Halley e Flamsteed, além de Jenkins, foram os únicos cientistas que suspeitaram disso . Respondo de novo à sua pergunta, recordando-vos outra suposição desacreditada. Jenkins fez o melhor que pôde há uns três anos, para provar que é a extremidade norte da agulha da bússola o verdadeiro pólo norte e não o contrário, como sustenta a teoria científica corrente. Foi informado que a localidade em Boothia, onde Sir James Ross localizou o pólo magnético norte da terra, era pura imaginação: não está ali. Se ele (e nós) estamos equivocados, então a teoria magnética de que os pólos semelhantes se rechaçam e os opostos se atraem, deve também ser declarada como sendo um falácia; dado que, se a ponta norte da agulha da bússola de inclinação é um pólo sul, então o fato de apontar para a terra em Boothia, como chamais, deve ser devido a atração? E se há algo ali para atraí-la, por que a agulha em Londres não é atraída, nem para o solo em Boothia, nem para o centro da Terra? Como foi corretamente demonstrado, se o pólo norte da agulha apontava que perpendicularmente para o solo em Boothia, é porque simplesmente era repelido pelo
verdadeiro pólo norte magnético, quando Sir J. Ross ali esteve por volta de meio século atrás. Não, nossa "Senhorias" nada têm a ver com a inércia da agulha. Esse fenômeno é devido à presença de certos metais em fusão nessa localidade. O aumento de temperatura diminui a atração magnética e uma temperatura suficientemente elevada a destrói, freqüentemente por completo. A temperatura de que estou falando, e', no caso presente, mais uma aura, uma emanação, do que algo que a ciência conheça. É natural que esta explicação nunca se adaptará ao atual conhecimento científico. Mas podemos esperar e ver. Estudai o magnetismo com a ajuda das doutrinas ocultas, e então, o que agora parece ser incompreensível, absurdo à luz da ciência física, se tornará claro. (14) Devem ser. Nem todos os planetas intra Mercuriais, nem tampouco aqueles na órbita de Netuno, já foram descobertos, embora se suspeita fortemente de sua existência. Nós sabemos que eles existem e onde se encontram e existem inumeráveis planetas "queimados", segundo dizem eles, em obscurecimento, como nós dizemos; planetas em formação e não luminosos ainda, etc. Mas, dizer "nós sabemos" é de escassa utilidade para a ciência, pois nem os espíritas item o nosso conhecimento. O tasímetro de Edson, ajustado até o mais alto grau de sensibilidade e acoplado a um grande telescópio, pode ser de muita utilidade, uma vez que seja aperfeiçoado. Quando usado desse modo, o "tasímetro" permitirá a possibilidade, não só de medir o calor das mais remotas estrelas visível, mas também de descobrir, por suas radiações invisíveis, estrelas que não são vistas e impossíves de descobrir, de oura maneira e, por conseguinte, descobrir também planetas. O descobridor um M.S.T. (membro da Sociedade Teosófica) muito protegido por M. pensa que, se em algum lugar vazio do Universo (um espaço que aparece vazio, mesmo através de um telescópio do mais alto alcance), o tasímetro indica um aumento de temperatura e o faz invariavelmente, isso seria
uma prova convincente de que o instrumento está dentro da influência do corpo estelar, seja este obscuro ou tão distante que se situa fora do alcance do telescópio. O seu "tasímetro", diz ele, é afetado por uma faixa mais vasta de ondulações elétricas do que as que podem afetar o nosso olho. A ciência ouvir;a sons provindos de certos planetas antes que os veja. Isto é uma profecia. infelizmente eu não sou um planeta nem sequer um "planetário". De outro modo, eu vos aconselharia a conseguir um tasímetro com ele (Edson), poupando-me assim, o trabalho de ter que vos escrever. Procuraria, então, ficar sintonizado convosco. (15) Não, bom amigo; não sou tão indiscreto assim, simplesmente deixei-vos entregue às vossas próprias recordações. Toda criatura mortal, mesmo a menos favorecida pela sorte, experimenta tais momentos de relativa felicidade em algum período de sua vida. Porque não convosco? Sim, eu me referia à uma quantidade X. (16) Essa é uma crença amplamente difundida entre os Hindús de que o estado pré-natal e o nascimento futuros de uma pessoa são moldados pelo último desejo que tenha tido no momento da morte. Mas, este último desejo, eles dizem, depende necessariamente da forma que a pessoa deu aos seus desejos, paixões, etc. durante a sua vida ada. É por esta mesma razão, isto é, que o nosso último desejo pode não ser desfavorável ao nosso futuro progresso, que devemos vigiar nossas ações e controlar nossas paixões e desejos ao longo de toda a nossa carreira terrena. (17) Não pode ser de outra maneira. A experiência dos moribundos (por afogamento ou por outros acidentes) e que voltaram à vida, corroboraram a nossa doutrina em quase todos os casos. tais pensamentos são involuntários e nosso controle sobre eles é tanto quanto o que temos sobre a retina do olho ao querer impedir que perceba a côr que mais a afeta. No último momento, toda a vida se reflete em nossa
memória, e emerge de todos os escaninhos e recantos esquecidos, quadro após quadro, acontecimento após acontecimento. O cérebro moribundo desaloja a memória com um forte impulso supremo e a memória devolve, com fidelidade absoluta, cada uma das impressões que lhe foram confiadas durante o período da atividade cerebral. Aquela impressão e pensamento que foram mais poderosos, se tornam naturalmente os mais vívidos, e sobrevivem por assim dizer, a todo o resto que agora se desvanece e desaparece para sempre, para reaparecer unicamente no Devachan29. Nenhum homem morre insano ou inconsciente, como asseguram alguns fisiólogos. Mesmo um louco ou alguém num ataque de delirium tremens, terá o seu instante de perfeita lucidez no momento da morte, ainda que seja incapaz de manifestá-lo aos presentes. O homem pode muitas vezes parecer que está morto. Entretanto, desde a sua última pulsação, desde e entre a última batida de seu coração e o momento quando a última partícula de calor animal deixa o corpo o cérebro pensa e o Ego revive nesses breves segundos toda a sua vida . Falai em voz baixa, vós que estais juntos a um leito de morte, e estais diante da solene presença da Morte. Em especial, deveis manter-vos silenciosos justamente depois que a Morte tenha colocado a sua viscosa mão sobre o corpo. Falai em sussurros, eu vos digo; do contrário, ireis perturbar a calma onda de pensamento e dificultareis o afanoso trabalho do ado vertendo os seus reflexos sobre o Véu do Futuro. (18) Sim; a "plena" recordação de nossas vidas (vidas coletivas) retornará no final de todas as Sete Rondas, no umbral do longo, muito longo Nirvana que nos espera depois que deixemos o globo Z30. Ao final das Rondas isoladas, recordamos somente a soma total de nossas últimas impressões, aquelas que havíamos selecionado ou, por outra que deixaram uma forte impressão em nós e nos seguirão no Devachan. Essas todas são vidas probatórias com grandes indulgências e novas provas que se nos apresentam em cada nova vida. Mas,
ao fim do ciclo menor, depois de completar todas as sete Rondas, não nos espera outra graça, senão a taça das boas ações, meritórias, superando a das não ações, demeritórias, na balança da Justiça Retributiva. Mau, irreparavelmente mau, deve ser aquele Ego que não colhe nem um fragmento do seu Quinto Princípio e deve ser aniquilado, para desaparecer na Oitava Esfera. Um fragmento, como eu digo, coletado do Ego Pessoal, é suficiente para salvá-lo do funesto Destino. Mas isso, após o término de um grande ciclo: seja um longo Nirvana de Bemaventurança (inconsciente que ele possa ser, de acordo com os vossos conceitos grosseiros); e depois, a vida como um Dhyan Chohan durante todo o Manvântara, ou então "Avitchi Nirvana" e um Manvântara de miséria e horror como um...31 não deveis portanto ouvir a palavra nem eu pronunciá-la ou escrevê-la. Mas "esses" não têm nada a ver com os mortais, que am através de sete esferas. O Karma coletivo de um futuro Planetário é tão deleitoso como terrível é o Karma coletivo de um...! Basta! Já disse demasiado. (19) Verdadeiramente certo. Até que a luta entre a duada superior e média começa - (com exceção dos suicidas que não estão mortos, pois somente mataram a sua triada física, e cujos Elementais parasitas, portanto, não estão naturalmente separados do Ego como ocorre na morte real) - até que essa luta, digo, tenha começado e terminado, nenhum cascão pode compreender a sua condição. Quando os princípios Sexto e Sétimo tenham partido, levando consigo as porções mais finas do que foi anteriormente a consciência pessoal do Quinto, só então começa o cascão a desenvolver uma espécie de nebulosa consciência própria com base no que permanece na sombra da personalidade. Não há contradição alguma aqui, meu querido amigo; somente nebulosidade em vossas próprias percepções. (20) Tudo o que pertence aos atributos e sensações materiais e psicológicas das cinco
skandhas2 inferiores; tudo aquilo que será descartado como escória pelo Ego recém nascido no Devachan, por ser indigna de e não suficientemente relacionada com as percepções, emoções e sentimentos puramente espirituais do Sexto, reforçadas, e por assim dizer, unida à uma porção do Quinto, essa porção que é necessária no Devachan para a retenção de um conceito divino e espiritualizado do "Eu" na Mônada (a qual, não sendo assim, careceria de todo da consciência em relação ao objeto e ao sujeito) tudo isso "se extingue para sempre"3, isto é, no momento da morte física para retornar, uma vez mais, desfilando diante dos olhos do novo Ego no limiar do Devachan, e para ser rechaçado por Ele. Retornará pela terceira vez e em forma completa após o término das sete Rondas, quando é pesada a soma total das existências coletivas: o "mérito" em um dos pratos e o "demérito" no outro prato da balança. Mas naquele indivíduo, no Ego "bom, mau, ou indiferente", na personalidade isolada, a consciência se afasta subitamente como "a chama deixa o pavio". Soprai vossa vela, meu bom amigo. A chama deixou essa vela "para sempre", mas foram dispersas ou aniquiladas a partículas que em seu movimento produziram a chama objetiva? Nunca. Voltai a acender a vela e as mesmas partículas atraídas por mútua afinidade retornarão ao pavio. Colocai uma longa fileira de velas sobre a vossa mesa. Acendei uma e apagai-a; acendei a outra e façai o mesmo; o logo a uma terceira e uma quarta, e assim por diante. A mesma matéria, as mesmas partículas gasosas (representando em nosso caso, o Karma da personalidade), serão atraídas pelas condições dadas pelo seu fósforo para produzir uma nova luminosidade; mas podemos dizer que a vela nº.1 não teve a sua chama extinta para sempre? Nem mesmo no caso dos "fracassos da natureza", da imediata reencarnação de crianças e idiotas congênitos, etc., que provocou tanta ira em C.C.M.34, podemos chamá-las de ex-personalidades idênticas; embora a totalidade do mesmo princípio vital e, identicamente, o mesmo MANAS (quinto princípio) volta a entrar num
novo corpo e pode verdadeiramente ser chamado "uma reencarnação da personalidade" enquanto que no renascimento dos Egos procedentes de devachans e avitchis para a vida kármica, são somente os atributos espirituais da Mônada e seu Buddhi que renascem. Tudo o que podemos dizer dos "fracassos" reencarnados é, que eles são o Manas reencarnado, o quinto princípio do Sr. Smith ou Miss Grey, mas não podemos dizer que sejam as reencarnações do senhor S. ou da senhorita G. portanto, a explicação clara e concisa (embora talvez menos literária caso a fizésseis) dada a C.C.M. no "O Teosofista" em resposta ao seu malévolo ataque em "Light", não somente é correta, mas também é sincera; e tanto vós como C.C.M. foram injustos com Upasika e mesmo comigo, que disse a ela o que devia escrever; pois vós mesmo interpretastes mal o meu clamor e lamento ante as explicações confusas e tortuosas em Isis (e que por serem incompletas ninguém a não ser nós, seus inspiradores, somos responsáveis), e a minha queixa de que, tendo tido que exercer todo o meu engenho para tornar o assunto claro, isto foi considerado como uma confissão de perspicácia, no sentido de astúcia e artifício, quando que procurei, sinceramente e com simplicidade (o que é difícil) remediar e esclarecer a má interpretação. Não sei de algo, desde o início de nossa correspondência, que tenha desgostado mais o Chohan! Mas esquecemos o assunto. Mas, qual é, então, a "natureza da recordação e da auto-consciência do cascão"?, perguntais. Como já disse em vossa nota: não é nada mais que uma luz refletida ou emprestada. A "memória" é uma coisa e "as faculdades perceptivas" algo muito distinto. Um louco pode recordar muito claramente algumas partes da sua vida ada e, no entanto, é incapaz de perceber qualquer coisa em seu verdadeiro aspecto, porque a parte superior de seu Manas e do seu Buddhi estão paralisadas, nele, abandonaramno. Se um animal, por exemplo, um cão, pudesse falar, iria vos provar que a sua memória, em relação direta com a sua personalidade canina, é tão fresca como a
vossa; apesar disso, a sua memória e instinto não podem ser chamados de "faculdades perceptivas". Um cão recorda que o seu dono o castigou quando este segura uma vara; em qualquer outro momento não recorda o fato. Assim ocorre também com um cascão; uma vez que se encontra dentro da aura de um médium, perceberá claramente tudo o que recebe através dos órgãos que tomou emprestados do médium e daqueles que se encontram em simpatia magnética com este; mas nada mais do que o cascão possa encontrar nas faculdades de percepção e nas memórias do círculo e do médium; daí nascem as respostas com freqüência muito racionais e às vezes altamente inteligentes; daí, também, o completo esquecimento das coisas conhecidas apenas pelo médium e o seu círculo. O cascão de um homem altamente erudito e inteligente, mas completamente desprovido de espiritualidade, que morreu de morte natural, perdurará por mais tempo, e sendo ajudado pela sombra se sua própria memória (essa sombra que é o refugo do sexto princípio deixado no quinto - ele pode fazer discursos através de oradores em transe e repetir como um papagaio aquilo que ele sabia e pensava assiduamente durante o seu período de vida. Mas encontrem-me um só caso nos anais do espiritismo, onde um cascão, que retorna - de um Faraday ou de um Brewster (pois mesmo esses caíram na armadilha da atração mediúnica), disse uma palavra a mais do que as que sabia durante a sua vida. Onde está o Cascão científico que já deu evidência do que reafirmou em favor do "espírito desencarnado", ou seja: que uma alma livre, o espírito liberado dos impedimentos de seu corpo, percebe e vê aquilo que está oculto aos olhos dos viventes mortais? Desafiai sem medo os espíritas, eu digo! Desafiai os vossos melhores e mais confiáveis médiuns, aos que inspiram maior confiança (a Staiton Moses, por exemplo) para vos dar, através desse elevado e desencarnado cascão que ele toma equivocadamente como sendo o "Imperator" dos primeiros tempos da sua mediunidade, para vos contar o que mantendes escondido na
vossa caixa, se é que S.M. não sabe desse conteúdo; ou que repita para vós uma linha de um manuscrito sânscrito desconhecido para o seu médium, ou qualquer outra coisa semelhante. Pro Pudore!36 Eles se chamam de Espíritos? Espíritos com recordações pessoais? Como também chamam de recordações pessoais as frases gritadas por um papagaio. Por que não pedis a C.C.M. para testar à +? Porque não tranqüilizar a sua mente e a vossa, sugerindo a ele que peça a um amigo ou conhecido, que seja desconhecido de S.M., que escolha algum objeto cuja natureza permaneça, por sua vez desconhecido para C.C.M. e, então, ver + será capaz de identificar esse objeto - algo que é possível, mesmo para um bom clarividente. Deixai que o espírito de Zollner (agora que se encontra na "Quarta dimensão do espaço" e que já apareceu diante de vários médiuns) lhes diga a última palavra de sua descoberta, que complete a sua filosofia astrofísica. Não; quando Zollner está palestrando por intermédio de um médium inteligente, rodeado de pessoas que já leram as sus obras e estão interessadas nelas, repetirá em vários tons o que já é conhecido para outros (muito provavelmente não repetirá nem mesmo aquilo que só ele conheceu), e o público crédulo e ignorante confundirá o post hoc com o propter hoc e ficará firmemente convencido da identidade do Espírito. Na verdade, valeria a pena que estimulásseis a investigação nessa direção. Sim; a consciência pessoal abandona a todos na morte, e ainda quando o centro da memória é restabelecido no cascão, este recordará a falará das suas recordações, mas através do cérebro de algum ser humano vivo. Por conseguinte... (21) ... Possui uma recordação mais ou menos completa, mas nebulosa, de sua personalidade e de sua vida puramente física. Como nos casos de loucura completa, a separação final das duas duadas superiores (7ª. e 6ª., e 5ª. e 4ª.) no momento em que a primeira entra em elaboração, cava um abismo intransponível entre as duas. Nem mesmo uma porção do Quinto é carregada, menos do que os 2 e 1/2
Princípios, como o Senhor Hume enuncia cruamente em seus Fragmentos, é que vão para o Devachan, deixando para trás só 1 1/2 Princípios. Manas, despojado de seus mais finos atributos, se torna como uma flor da qual se afastou, de repente, todo o perfume, uma rosa esmagada, da qual se extraiu todo o seu óleo com o propósito de fabricar um perfume; o que é deixado para trás é apenas o cheiro de uma planta decompondo-se, da terra e decomposição. (a) A segunda pergunta está suficientemente respondida, - creio. (Seu segundo parágrafo). O Ego Espiritual continua desenvolvendo personalidades, nas quais "o sentido da identidade" é muito completo enquanto viverem. Depois da sua separação do Ego físico, esse sentido se faz muito nebuloso e pertence por completo às recordações do homem físico. O cascão pode ser um perfeito Sinnett quando está completamente introvertido no seu jogo de cartas em seu clube, perdendo e ganhando grandes somas de dinheiro; ou como Babu Smut Murky Dass, tratando de roubar do seu chefe uma certa quantidade de rúpias. Em ambos casos (o exeditor e Babu), como cascões, arão a idéia de que alguém terá o privilégio de desfrutar de uma hora de conversa com os ilustres anjos desencarnados, mais do que aos internos de um manicômio a quem é permitido tomar parte em representações teatrais como meio de recreação higiênica,não tanto como os Césares e Hamlets que eles tratam de representar. E o menor choque os tirará do equilíbrio e os tornará completamente. (b) Um erro. A.P. Sinnett NÃO é "uma invenção completamente NOVA". É filho e criação do seu pessoal antecedente, a progênie KÁRMICA, até onde saiba, de NONIUS ASPREMA, consul do Imperador Domiciano, (94 D.C.) junto com ARRICINIUS CLEMENTUS8 e amigo do Flamen Dialis dessa época (o alto sacerdote de Júpiter e chefe do Flaminis), ou do mesmo Flamen, o que explicaria o repentino amor desenvolvido por A.P. Sinnett pelo misticismo. A.P.S. o
amigo e irmão de K.H. irá ao Devachan; e A.P.S. o Editor e jogador de tênis, o Don Juan de uma maneira suave, nos florescentes dias de "Santos, Pecadores e Cenários", identificando-se a si mesmo com a menção de uma verruga ou de uma cicatriz, geralmente coberta pela roupa, estará, talvez, abusando dos Babus, através de um médium, para algum velho amigo na Califórnia ou em Londres. (c) Encontrará "bastante material decente" e de sobra. Alguns anos de Teosofia o fornecerá. (d) Definido correta e perfeitamente. (e) Tanto quanto há da personalidade, (o reflexo de A.P.S. no espelho do verdadeiro A.P.S. vivo. (f) O Ego Espiritual não pensará de A.P.S. o cascão, mais do que pensaria da última roupa que vestiu; nem tampouco será consciente de que a individualidade se foi, pois que a única individualidade e personalidade Espiritual que então contemplará estará unicamente nele próprio. "Nosce te ipsum" é um mandamento direto do oráculo para a Mônada Espiritual no Devachan e a "heresia da individualidade" é uma doutrina propagada pelo Tathaghata com relação ao Cascão. O último, cuja vaidade é tão notória como a do médium, quando se recorde de que é A.P.S. repetirá: "Claro, sem dúvida, e-me alguns desses pêssegos em conserva que eu devorei com tanto apetite na primeira refeição, e um copo de clarete!" e depois disso quem conheceu A.P.S. em Allahabad ousará duvidar de sua identidade? E quando for deixado só por um curto instante, devido à alguma confusão no círculo, ou se o pensamento do médium vagueia por um momento para outra pessoa, esse cascão começará a titubear em seus pensamentos sobre se é verdadeiramente A.P.S. ou S. Wheeler, ou Ratingan, para terminar por assegurar a si mesmo que é Júlio César; e (g) finalmente "permanecendo dormindo". (h) Não; não é consciente desta perda de coesão. Além disso, sendo essa sensação por
completo inútil em um cascão para os propósitos da natureza, ele dificilmente poderia compreender algo que jamais pudesse mesmo ser sonhado por um médium ou pelas pessoas chegadas a este. Ele é vagamente consciente de sua própria morte física (ainda que somente depois de um prolongado período de tempo) e isso é tudo. As poucas exceções a esta regra (os casos dos feiticeiros que obtiveram êxito parcial, ou de pessoas muito más, apegadas com paixão ao seu Eu) oferecem um verdadeiro perigo para os vivos. Esses cascões extremamente materializados, cujo último pensamento foi Eu, só Eu; viver e viver! o sentirão instintiva e freqüentemente. E assim também, alguns suicidas, ainda nem todos. O que então acontece é terrível, pois se tornam um caso de licantropia post mortem. O cascão se aderirá tão tenazmente a sua aparência de vida, que buscará refúgio em um novo organismo em qualquer animal: num cão, uma hiena, num pássaro, quando não encontre um organismo humano disponível, em vez de se submeter à aniquilação. (22) Uma questão que não tenho o direito de responder. (23) Marte1 e quatro outros planetas dos quais a astronomia ainda não sabe. Nem A, B, nem Y, Z, são conhecidos, nem podem ser vistos por meios físicos, por mais perfeitos que sejam. (24) Decididamente, não. Nem mesmo um Dhyan Chohan das categorias inferiores poderia aproximar-se dele sem que o seu corpo fosse consumido, ou melhor, aniquilado. Só os mais elevados "Planetários" podem examiná-lo. (b) Não, amenos que o chamemos de vértice de um ângulo. Mas é o vértice de todas as "cadeias", coletivamente. Todos nós, moradores das cadeias, temos que evoluir, viver e percorrer todos os degraus da escala, na mais elevada e última das cadeias setenárias (na escala da perfeição) antes que
o Pralaya Solar faça desaparecer com um sopro o nosso pequeno sistema. (25 e 26) ... "em cujo caso o seu sexto" - sexto se refere aos Princípios Sexto e Sétimo, não ao Quinto, pois o manas deverá permanecer em cascão em cada caso; somente que neste caso não terá tempo para visitar médiuns, pois começa a afundar quase imediatamente para a oitava esfera. "Então e ali", considerado do ponto de vista da eternidade, pode ser um período muito longo. Significa apenas que a Mônada, não tendo corpo Kármico que guie o seu renascimento, cai, por um certo período, no não-ser, e então reencarna, certamente não antes de mil ou dois mil anos. Não, não é um "caso excepcional". Exceto uns poucos casos excepcionais como o dos nossos iniciados Teshu-Lamas e os Bodhisatvas, e mais alguns, nenhuma mônada jamais reencarna antes do seu ciclo predestinado. (27) "Como pode ele lançar a confusão"... Se, em vez de fazerdes hoje algo que tendes de fazer, o deixardes para amanhã, não será precisamente isto que, invisível e imperceptivelmente, a princípio, e no entanto forçosamente, lance em confusão muitas coisas, e, nalguns casos, mesmo, baralhe os destinos de milhões de pessoas, para o bem, para o mal, ou simplesmente em relação à uma mudança, talvez não importante em si, mas ainda assim uma mudança? E quereis dizer que um assassinato tão inesperado e horrendo como esse não influiu no destino de milhões? (28) Aqui estamos novamente. Na verdade, desde que cometi a tolice de tratar deste tema, isto é, de por o carro adiante do cavalo, as minhas noites foram privadas de seu costumeiro sono! Pelo amor de Deus, tomai em consideração os seguintes fatos e ponde-os juntos, se puderdes. (1) as unidades individuais da humanidade permanecem 100 vezes mais tempo nas esferas transitórias dos efeitos do que nos globos; (2) os poucos homens da Quinta Ronda não geram filhos da Quinta e sim da vossa Quarta Ronda; (3) que os obscurecimentos não são Pralayas e que
duram numa proporção de 1 a 10, isto é, se um Anel, ou como o chamemos, o período durante o qual as sete Raças Raízes devem desenvolver-se e alcançar o seu último aparecimento em um globo durante essa Ronda, dure, digamos, 10 milhões de anos (naturalmente dura muito mais), então o "obscurecimento" não durará mais do que um milhão. Quando nosso globo, depois de haverse livrado de seus últimos homens da Quarta Ronda e de alguns, muito poucos, da Quinta, cai no sono, durante o período de seu descanso os homens da Quinta Ronda estarão descansando, em seus Devachans e lokas2 Espirituais muito mais tempo de qualquer maneira, do que os "anjos" da Quarta Ronda nos seus, pois que são muito mais perfeitos. Uma contradição de um lapsus calami de M., segundo Hume. M. escreveu algo que é exato e, ainda que não seja mais infalível do que eu, poderia ter-se expressado, mais do que antes, muito descuidadamente. "Eu desejo compreender como evoluem as formas da próxima ronda mais elevada." Amigo meu, tratai de compreender que estais me fazendo perguntas que pertencem às iniciações mais elevadas. Certo que posso vos dar uma visão geral, mas não me atrevo a fazêlo, nem entrarei em detalhes, embora o faria, se pudesse satisfazer-vos. Não percebeis que, dentre os mais elevados mistérios este é o maior? (a) "Morto", mas para ressuscitar em uma glória maior. Não está claro o que digo? (29) Naturalmente que não, pois que não é destruído, mas, permanece cristalizado, por assim dizer, em cacto quo. Em cada Ronda há menos e menos animais, evoluindo os últimos para formas mais elevadas. Na primeira Ronda, foram eles os "reis da criação". Durante a Sétima, os homens terão se tornado Deuses. e os animais, seres inteligentes. Tirai as vossas deduções. Começando com a Segunda Ronda, a evolução prossegue num plano muito diferente. Tudo está desenvolvido e apenas tem que prosseguir em sua viagem cíclica e
tornar-se perfeito. É só na Primeira Ronda que o homem surge de um ser humano no Globo B, um mineral, uma planta, um animal no Planeta C. O método muda por completo a partir da Segunda Ronda; mas aprendi a ser prudente convosco, e não direi mais nada até que chegue o momento de fazê-lo. E agora já tendes um volume: quando o digerireis? De quantas contradições terei de ser o suspeito antes que compreendais tudo corretamente? De qualquer modo sou vosso, muito sinceramente. K. H.
Carta Nº 024a (Do Sr. Sinnett a K.H. Escrita depois de 12 de Agosto de 18822). Esta carta dupla foi anexada à Carta nº.84 (veja notas) e entregue a Sinnett por dois chelas do Mahatma K.H.: Dharbagiri Nath (provavelmente Babaji) e Chandra Cusho. Tanto Hume como Sinnett acusaram o Mahatma de ser contraditório. O Mahatma K.H. havia lhes pedido diversas vezes para fazer uma lista de assuntos em dúvida, porque ele não tinha tempo para fazer uma pesquisa retrospectiva em todas as cartas que escrevera. Sinnett finalmente decidiu-se a fazer a lista. Mandou-a logo para K.H. e recebeu-a de volta com os comentários do Mahatma (esta carta nº.85) em setembro. A carta nº.85-A consiste dos assuntos listados por Sinnett. A carta nº.85-B contém as respostas do Mahatma, mais comentários sobre alguns outros assuntos. Os números entre parênteses nas respostas do Mahatma referem-se àqueles na carta de Sinnett. AS FAMOSAS CONTRADIÇÕES Recebida no Outono de 1882.
Espero que me concedeis grande reconhecimento pela obediência em ter me esforçado laboriosamente, e contra minha propensão, para organizar um processo do demandante em re às supostas contradições. Como disse em outra parte, estas não me parecem dignas de muita preocupação, ainda que no presente deixem nebulosas as minhas idéias acerca do Devachan e das vítimas de acidentes. Como não me preocupam, eis porque, até agora nunca procedi segundo a vossa sugestão de que deveria tomar notas sobre elas. (1) Hume tem estado propenso a registrar contradições em algumas cartas referentes à evolução do homem, mas em conversação com ele, eu sempre sustentei que não existem em absoluto contradições - meramente devidas à uma confusão acerca de rondas e raças uma questão de linguagem. Assim ele é levado a pensar que tivésseis elaborado a filosofia à medida que prosseguíeis, e saístes das dificuldades inventando um maior número de Raças do que aquelas consideradas a princípio, cuja hipótese eu sempre ridicularizei como sendo absurda. (2) Eu não voltei a copiar aqui as agens sobre as vítimas de acidentes, citadas em minha carta de 12 de Agosto, e que estão em evidente conflito com as correções nas provas de minha "Carta sobre Teosofia". Já vos manifestastes a propósito dessas citações, no verso da minha carta data de 12 de Agosto:(3) "Posso facilmente compreender que somos acusados de contradições e incoerências mesmo, de escrever uma coisa hoje e negá-la amanhã. Pudésseis apenas saber como escrevo as minhas cartas e o tempo que me é
possível dedicar a elas, talvez seríeis menos crítico ou exigente". (4) Esta agem foi a que me induziu a pensar que algumas das primeiras cartas pudessem ter sido, elas mesmas, "vítimas de acidentes". Mas prossigamos no caso do demandante:(5) "Muitos daqueles a quem podeis chamar, se o quiserdes, de candidatos ao Devachan morrem e renascem no Kama loka sem qualquer lembrança... Dificilmente podeis chamar de a recordação a um sonho vosso, a alguma cena ou cenas particulares, dentro de cujos estreitos limites, iríeis encontrar incluídas algumas poucas pessoas... etc., chamai-a de recordação pessoal de A.P. Sinnett, se puderdes." Notas encontradas no verso da minha carta à Velha Dama. (6) "Certamente, o novo Ego, uma vez que renasceu no Devachan, retém por um certo tempo, proporcional à sua vida na Terra, "uma completa recordação da sua vida espiritual na Terra". Extensa carta sobre o Devachan. (7) "Todos aqueles que não escorregaram no lodaçal do pecado e da bestialidade irremediáveis, vão para o Devachan", Ibid. (8) "É (o Devachan) um paraíso idealizado, construído em cada caso pelo mesmo Ego e recheado por ele com um cenário carregado de episódios e povoado com as pessoas que ele esperaria encontrar em tal esfera de compensadora felicidade". Ibid. (9)
"Nem podemos chamá-lo de recordação plena, mas somente parcial. X. O amor e ódio são os únicos sentimentos imortais, os únicos sobreviventes do naufrágio do Ye-damma ou mundo fenomenal. Imaginai, então, a vós mesmos no Devachan, com aqueles que atastes com tal imortal amor, com as cenas familiares difusas conectadas com eles como fundo, e um vazio perfeito para tudo o mais relacionado com sua vida interior social, política e literária". Carta anterior: ou seja, Notas. (10) "Desde que a percepção consciente da própria personalidade na Terra é somente um sonho evanescente, aquele sentido será igualmente o de um sonho no Devachan - apenas uma centena de vezes intensificado". Extensa carta sobre o Devachan. (11) "...um connoisseur (conhecedor) que a eons no arrebatado deleite de escutar sinfonias tocadas por imaginários coros angélicos e orquestras". Carta longa. Veja (9) X anterior. Veja minhas 10 e 11 sobre Wagner, etc5. (12 A) Dizeis: "Em nenhum caso, com a exceção dos suicidas e cascões, existe possibilidade alguma, para qualquer pessoa, de ser atraído para uma sessão "espírita". Notas. (12 B) "Na margem disse raramente, mas não pronunciei a palavra nunca". Anexo à minha carta de 12 de Agosto.
Carta Nº 024b (Recebida em Setembro de 18821) (APÊNNDICE 1 A)
Nesta etapa de nossa correspondência, mal compreendidos como geralmente parecemos ser, mesmo por vós, meu fiel amigo, pode valer a pena e ser útil para ambos que fiqueis a par de alguns fatos (muito importantes) relacionados com o adeptado. Tenha presente, pois, os seguintes pontos: 1) Um Adepto (tanto o mais elevado como o de menor grau) o é somente durante o exercício de seus poderes ocultos. 2) Sempre que tais poderes sejam necessários, a vontade soberana abre a porta para o homem interno (o Adepto) que pode emergir e atuar com liberdade, mas com a condição de que seu carcereiro (o homem externo), esteja completa ou parcialmente paralisado, segundo o caso requeira, seja (a) mentalmente e fisicamente; (b) mentalmente, - mas não fisicamente; (c) fisicamente mas não inteiramente mentalmente; (d) nem um nem outro, mas com uma película akásica interposta entre o homem externo e o interno. (3) O menor exercício de poderes ocultos requer então, como vereis agora, um esforço. Podemos compará-la ao esforço muscular de um atleta preparando-se para usar a sua força física. Da mesma maneira que não é provável que um atleta esteja a todo tempo distraindo-se em dilatar as suas veias como preparação entes de levantar um peso, tão pouco devemos supor que um Adepto manterá a sua vontade em constante tensão e a homem interno em plena função, quando não houver necessidade imediata para isso. Quando o homem interno repousa, o adepto torna-se um homem comum, limitado aos seus sentidos físicos e às funções de seu cérebro físico. O hábito aguça as intuições deste último, mas não é capaz de torná-las super sensíveis. O Adepto interno está sempre pronto, sempre alerta, e isso é suficiente para nossos propósitos. Nos momentos de descanso pois, suas faculdades também descansam. Quando me sento para tomar os meus alimentos, ou quando me visto, leio ou faço outra coisa, não estou pensando nem mesmo naqueles próximos de mim; e
Djual Khool pode fraturar o nariz, até sangrar, ao tropeçar na obscuridade de encontro a uma coluna, como lhe ocorreu na outra noite (justamente porque, em vez de criar uma "película", paralisou totalmente todos os seus sentidos externos enquanto falava com um amigo distante) e eu permaneci placidamente ignorante do fato. Eu não estava pensando nele, e daí a minha ignorância. Do que foi dito, podeis deduzir que um Adepto é um mortal comum em todos os momentos da sua vida diária, menos quando o homem interno está atuando. Una isto com o desagradável fato de que nós estamos proibidos de usar uma partícula de nossos poderes em conexão como os Ecléticos (pelo que deveis agradecer ao vosso Presidente e somente a ele), e que o pouco que é feito é, por assim dizer, de contrabando então, conclua assim: Quando K.H. nos escreve não é um Adepto. Um não-Adepto é falível. Portanto, K.H. pode muito facilmente cometer enganos.Enganos de pontuação - que, com freqüência mudarão inteiramente todo o sentido de uma sentença; enganos idiomáticos - muito íveis de ocorrer, especialmente quando escrevo apressadamente como eu faço; enganos provenientes da ocasional confusão de termos que tenho de aprender de vós, pois sois o autor dos termos "Rondas" e "Anéis", "Anéis terrestres", etc., etc. Ora, em relação a tudo isto, permitai-me dizer que, depois de ter lido com muito cuidado, várias vezes, nossas "famosas contradições", depois de tê-las dado a M. para ler e, em seguida, a um Adepto elevado, cujos poderes não são íveis de retenção pelo Chohan, o que o impediria de desperdiçá-los em imerecidos objetivos de sua predileção pessoal; depois de haver feito tudo isso, disse-me este último o seguinte: "Tudo está perfeitamente correto". Conhecendo o que
quereis dizer, não posso encontrar em seus fragmentos soltos, tanto quanto qualquer pessoa que conheça a doutrina, nada que pudesse conflitá-los entre si. Mas, dado que muitas frases estão incompletas e os temas dispersos e sem ordem alguma, não me surpreende que seus "chelas laicos", encontrem falhas neles. Sim; eles requerem uma "exposição" mais explicita e clara. Esta é a sentença de um adepto - e eu estou sujeito a ele; tentarei completar a informação para o vosso benefício. Em um só caso - marcado em vossas páginas e nas minhas respostas (12A) e (12B), a última, o "demandante" tem o direito de ser escutado, mas nem sequer por um quarto de penny, por danos; dado que na Justiça, ninguém (nem o demandante nem o defensor) tem o direito de alegar desconhecimento da lei, do mesmo modo a Ciência Oculta, os chelas laicos devem estar obrigados a conceder aos seus gurus o benefício da dúvida nos casos em que, dada a grande ignorância daqueles em relação a essa ciência, estão propensos a interpretar mal o significado - em vez de acusar os seus gurus precipitadamente de contradição! Agora, rogo que seja permitido estabelecer que, com referência às frases marcadas respectivamente 12A e 12B, existe uma total contradição, mas para aqueles que não estejam familiarizados com essa doutrina. Não é esse o vosso caso, e por isso me declaro "culpado" de uma omissão mas não culpado de uma contradição. E mesmo quanto à primeira, essa omissão é tão pequena que, como a jovem acusada de infanticídio, ao ser conduzida diante de um juiz, alegou em sua desculpa que o bebê era tão pequeno que nem valia a pena chamá-lo de "bebê", eu podia alegar o mesmo pela minha omissão, se não tivesse diante dos meus olhos a sua terrível definição de que eu estava "demonstrando engenhosidade". Bem, lede a explicação dada em minhas "Notas e respostas" e julgai. A propósito, meu bom irmão; eu não havia suspeitado até agora que existisse em vós uma
capacidade tal para defender e desculpar o indesculpável, como demonstrastes em minha defesa, do agora famoso "exercício de engenhosidade". Se o artigo (resposta a C.C. Massey) tivesse sido escrito com o espírito que me atribuis em vossa carta, e se eu, ou algum dos nossos tivesse "uma inclinação a tolerar modos sutis e enganosos para alcançar um fim", mais do que é itido em geral como honrado pelo europeu amante da verdade e reto (está incluído nesta categoria o Sr. Hume?), na verdade não teríeis direito algum de desculpar semelhante modo de proceder, mesmo em mim, nem de considerá-lo "meramente como sendo manchas no sol", pois que uma mancha é uma mancha, quer se encontre sobre o brilhante astro ou em um modesto candelabro de bronze. Mas estais equivocado, meu querido amigo. Não houve modo sutil ou engenhoso para retirá-la da dificuldade criada pelo seu estilo ambíguo e sua ignorância do inglês (não pela ignorância do tema), o que não é a mesma coisa, e altera por completo a questão. Tampouco ignorava eu o fato de que M. vos havia escrito previamente sobre o assunto, por que foi numa das suas cartas (a penúltima antes que eu tomasse o assunto de suas mãos) na qual ele se referiu pela primeira vez ao tema de "Raças" e falou de reencarnações. Se M. vos disse que tivésseis cuidado na aceitação demasiado irrestrita de Isis, foi porque estava ensinando-vos a verdade e os fatos e porque na época em que foi escrita a agem, não havíamos ainda decidido ensinar o público em geral. Ele vos deu vários exemplos (que podereis constatar relendo a sua carta) acrescentando que se fossem escritas certas frases desta ou daquela maneira, explicariam muito melhor certos fatos que agora apenas se insinuam. Naturalmente "para C.C.M." a agem pode parecer errada e contraditória pois é "desorientadora", como disse M. Muitos são os assuntos tratados em Isis que nem mesmo para H.P.B. foi permitido conhecer completamente; entretanto, não são contraditórias ainda que sejam "desorientadoras". Obrigá-la a dizer como eu fiz - que a agem criticada era
"incompleta, caótica, vaga, desajeitada... como muitas outras agens nesse livro", foi uma issão suficientemente "franca", me parece, para satisfazer ao crítico mais exigente. itir, por outro lado, "que a agem era incorreta" teria sido idêntico a uma mentira inútil, pois eu sustento que não é incorreta, pois se oculta parte da verdade, não a desfigura nos fragmentos daquela verdade, tal como foi dada em Isis. O ponto principal da critica de C.C.M. não era que toda a verdade não tinha sido dada, mas que a verdade e os fatos de 1877 eram considerados como sendo erros e contraditados em 1882; de que esse ponto (prejudicial para toda Sociedade Teosófica, para os seus chelas "laicos" e internos e para a nossa doutrina) tinha de ser mostrado sob as suas verdadeiras cores, ou seja: um conceito errôneo por completo, devido ao fato de que a doutrina "setenária" não havia sido ainda divulgada no mundo na época em que Isis foi escrita. E assim foi mostrado. Lamento que não considerais a sua resposta, escrita sob a minha inspiração direta, "muito satisfatória" porque isso só me prova que até o presente não compreendestes muito firmemente a diferença entre os princípios Sexto e Sétimo, e o Quinto, ou seja a Mônada Imortal, e o Ego astral ou pessoal. A suspeita é corroborada com o que expões H-X5b em sua crítica de minha explicação no final de sua "carta" no número de setembro e a vossa carta que tenho diante de mim, completa a evidência disso. Não há dúvida de que o "o verdadeiro Ego é inerente aos princípios superiores que são reencarnados" periodicamente a cada um, dois ou três mil anos ou mais. Mas o Ego imortal, a "Mônada Individual", não é a mônada pessoal, que é o Quinto; e o trecho de Isis não respondeu aos reencarnacionistas orientais, que sustentam nessa mesma Isis (se ao menos tivésseis lido até o final) que a individualidade ou o "Ego" imortal, tem que reaparecer em cada ciclo, mas aos Ocidentais, especialmente os reencarnacionistas ses, que ensinam que é a mônada pessoal ou astral, o "moi fluidique", o manas, ou mente intelectual, o Quinto Princípio, em resumo, que reencarna cada vez. Assim se lerdes, uma vez mais a
agem que C.C.M. cita de Isis e o comparar com o "Crítico do Caminho Perfeito", talvez constatareis que eu e H.P.B. estávamos perfeitamente corretos ao manter que a agem acima se refere à "mônada astral". E há um "choque muito mais insatisfatório" para a minha mente ao ver que recusais reconhecer na mônada astral o Ego pessoal (enquanto que todos nós a denominamos por esse nome, e assim a temos chamado por milênios) do que aquele que experimentaríeis ao vos encontrar com essa mônada, sob o seu próprio nome, no "Fragmento sobre a morte", de E. Levi. A "mônada astral" é o "Ego pessoal" e, portanto, nunca reencarna como os espíritas ses querem, salvo em "circunstâncias excepcionais"; nesse caso, reencarnado, não se converte num cascão; mas se tem êxito em sua segunda reencarnação, irá se tornar um cascão e, então gradualmente, perderá a sua personalidade depois de ser, por assim dizer, esvaziado dos seus melhores e mais elevados atributos pela mônada imortal ou o "Ego Espiritual", durante a última e suprema luta. A "discordância dos sentimentos" deveria pois, ser sentida mais por minha parte, já que na verdade "pareceu ser outro exemplo da diferença entre os métodos oriental e ocidental": mas não foi assim, pelo menos neste caso. Posso com facilidade compreender, meu querido amigo, que na desalentadora circunstância em que vos encontrais (mentalmente) estais disposto a aquecer-vos mesmo nos raios de uma pira funerária sobre a qual se estivesse executado um sutti vivente; mas por que, por que chamálo de Sol e desculpar a sua mancha - o cadáver? A carta dirigida a mim, e que a vossa delicadeza não vos permitiu ler, era para que a examinásseis e por isso vos foi enviada. eu desejava que a tivésseis lido. A sua sugestão referente à próxima prova de D.K.10 na arte, é hábil, mas não o suficiente para ocultar as surdas ameaças da negra insinuação dos jesuítas. D.K. sem embargo
caiu na armadilha. "Nous verrons, nous verrons!", diz a canção sa. Disse D. Khool (ao mesmo tempo que apresenta as suas mais humildes reverências (salaams) que "descrevestes de uma maneira incorreta o curso dos acontecimentos no que se refere ao primeiro retrato". O que ele diz é o seguinte: (1) "o dia em que ela veio", ela não vos pediu que lhe desse um pedaço de "etc. (página 300) mas, depois que começastes a falar para ela do meu retrato, que ela duvidou muito que pudésseis obter. Foi somente depois de ter conversado durante meia hora no salão de visitas da frente - vós dois formavam os pontos superiores do triângulo, próximo à porta do vosso escritório, e a vossa senhora o inferior - (ele disse que ali estava) que ela disse que tentaria. Foi então quando vos pediu "um pedaço de papel branco grosso, e que lhe destes um pedaço de papel fino que já havia sido tocado por uma pessoa muito antimagnética. Entretanto ele fez o melhor que pôde. No dia seguinte, e tendo a Sra. S. olhado exatamente uns 27 minutos antes do seu término, ele realizou a sua tarefa. Não foi "uma hora ou duas antes" como dizeis, pois ele tinha dito à Velha Dama (H.P.B.), que lhe permitiria vê-lo exatamente antes do café da manhã. Depois do café ela vos pediu um pedaço de cartão bristol (cartolina), e lhe destes dois pedaços, ambos marcados e não somente um, como dizeis. A primeira vez que ela tentou foi um fracasso, diz ele, pois a sobrancelha parecia uma sanguessuga, e só foi terminado ao entardecer, enquanto estáveis no Club, em um jantar ao qual a anciã Upasika não quis ir. E foi de novo ele, D.K., o "grande artista" que teve que remendar a "sanguessuga" e corrigir o turbante e as feições e que fez com que o desenho "parecesse com o Mestre" (ele insiste em me dar esse título, embora na realidade ele não seja mais meu chela), já que M., depois de deixar que ele se perdesse, não quis ter o trabalho de corrigí-lo e, preferiu ir dormir. E finalmente, ele me contou, apesar de eu caçoar o retrato, a semelhança é boa, mas teria sido melhor se o sahib M. não o tivesse importunado, e ele, D.K., pudesse ter seguido
os seus próprios impulsos "artísticos": Este é o seu relato e ele, portanto, não está satisfeito com a vossa descrição e isso ele manifestou a Upasika, que vos contou algo completamente diferente. Agora, as minhas notas. (1) Elas não me molestam particularmente. Mas como elas fornecem ao nosso mútuo amigo, uma boa arma contra nós, que ele é capaz de usar, qualquer dia, naquele modo desagradável que lhe é particularmente peculiar, prefiro explicá-las uma vez mais, com a vossa bondosa permissão. (2) Naturalmente, naturalmente; é a nossa maneira usual de sair das dificuldades. Tendo "inventado" a nós mesmos, nós recompensamos os inventores, inventando raças imaginárias. Há muitas coisas mais de cuja invenção nos acusam. Bem, bem, bem: de qualquer modo, há uma coisa da qual não nos acusarão jamais de ter inventado, e essa é o próprio senhor Hume. Inventar algo similar a ele transcende os mais elevados poderes de Siddhi que conhecemos. E agora, meu bom amigo, antes que prossigamos, rogo que leias o apêndice Nº.(A). Já é tempo de nos conhecer tal como somos. Apenas, como prova para vós, senão para ele, que nós não inventamos essas Raças, revelarei para o vosso benefício que nunca foi exposto até agora. Vou esplicar-vos todo um capítulo do livro de Rhys Davids sobre o Budismo, ou melhor sobre o Lamaísmo, o que, em sua natural ignorância, considera como sendo uma corrupção do Budismo! Já que aqueles senhores, os orientalistas, pretendem dar ao mundo suas soi-disant traduções e comentários de nossos livros sagrados, deixemos que os teósofos revelem a grande ignorância desses pandits "mundanos", apresentando ao público as verdadeiras doutrinas e explicações do que
eles consideram ser uma teoria absurda e fantástica. (3) E porque eu ito a inconsistências superficial ou evidente (e isso somente no caso de alguém como vós, que desconhece por completo as nossas doutrinas), é essa uma razão para que sejam consideradas na realidade, contraditórias? Suponhamos que eu tivesse escrito em uma carta anterior: "a lua não tem atmosfera" e continuasse falando de outras coisas, e logo dissesse numa outra carta "pois a lua tem uma atmosfera própria", etc., não há dúvida que seria acusado de dizer hoje negro e amanhã branco. Mas, onde poderia um Kabalista ver contradição nas duas frases? Posso-vos assegurar que não veria, porque um Kabalista que sabe que a lua não tem atmosfera que corresponda de alguma maneira a da nossa terra, e sim que tem uma própria, inteiramente diferente da que vossos homens de ciência chamariam de atmosfera, sabe também que, da mesma maneira que os ocidentais, nós, orientais, em especial os ocultistas, possuímos os nossos próprios modos de expressão que são tão claros para nós, em seu significado implícito, assim como são os vossos. Suponhamos que viesse a vós a idéia de ensinar astronomia ao vosso servente. Dizei-lhe hoje - "veja, quão gloriosamente o sol está se pondo; veja com que rapidez ele se move, como se levanta e se põe", etc., e tratai amanhã de fixar em sua mente que o sol está comparativamente imóvel e que é somente a nossa terra que perde de vista e logo volta a alcançar a visão do sol em seu movimento diurno; e eu aposto dez contra um que, se o vosso aluno possui alguma inteligência, vos acusará de contradizer-se rotundamente. Seria isto uma prova que ignorais o sistema heliocêntrico? E poderíeis ser acusado com alguma justiça de "escrever uma coisa hoje e negá-la amanhã", embora o vosso sentido do que é justo vos levaria a itir que "podeis compreender facilmente" o porque da acusação?
Escrevendo, pois, as minhas cartas como o faço, algumas linhas agora e umas poucas palavras duas horas depois; tendo que voltar a pegar o fio do mesmo assunto, talvez com uma dúzia ou mais de interrupções entre o começo e o fim, não vos posso prometer nada semelhante à exatidão ocidental. Ergo a única "vítima de acidentes", neste caso, sou eu. O inocente interrogatório a que me estais submetendo e ao qual não faço objeção alguma (e a intenção positivamente predeterminada, da parte do senhor Hume, de pegar-me em pleno deslize sempre que possa), um procedimento considerado altamente legal e honesto na lei ocidental, mas que nós, os selvagens asiáticos, objetamos muito enfaticamente, tudo isso deu aos meus colegas e Irmãos uma alta opinião de minha propensão ao martírio. Na opinião deles, eu me converti em algo assim como um Simão Estilita indo-tibetano. Capturado pela cilada inferior do ponto de interrogação de Simla e atravessado nele, me vejo obrigado a me equilibrar no ápice do semicírculo, com medo de resvalar e cair a cada movimento que faça para frente ou para trás. Esta é a atual posição de seu humilde amigo. Desde o instante em que empreendi a extraordinária tarefa de ensinar dois discípulos adultos, com cérebros em que os métodos da ciência ocidental se cristalizaram durante anos; um dos quais está desejoso de abrir caminho para o novo ensinamento iconoclástico, mas que, não obstante, necessita que seja tratado com elevado tato, enquanto que o outro não quer receber nada, salvo com a condição de agrupar os assuntos tal como ele os quer agrupá-los, não em sua ordem natural, tendo sido considerado por todos os nossos Chohans como um lunático. E me perguntam seriamente, se a minha primitiva associação com os "Pelings" ocidentais não me teria convertido num semi-Peling e também em um "dzingdzing" visionário. Já esperava tudo isso. Não me queixo; só menciono um fato e peço humildemente que lhe dêem crédito apenas esperando que não seja tornado, uma vez mais, como uma maneira sutil e enganosa para sair de uma nova dificuldade.
(5) Cada entidade com quatro princípios recém desencarnada (seja por morte natural, ou violenta, de suicídio ou acidente sã ou insana, jovem ou velha, boa ou má ou indiferente) perde toda a recordação no instante da morte; é mentalmente aniquilada. Dorme o seu sono akásico no Kama-Loka. Este estado dura algumas horas, (raramente muito) dias, semanas, meses e às vezes até vários anos. Tudo isso conforme a entidade, e seu estado mental no momento da morte, a espécie de sua morte, etc. Essa recordação retornará à entidade ou Ego, lenta e gradualmente, até o final da gestação0; em forma ainda mais lenta e bastante imperfeita e incompleta ao cascão; e, completamente, ao Ego no momento de sua entrada no Devachan. E agora, sendo este último um estado determinado e produzido por sua vida ada, o Ego não entra nele subitamente, e sim emerge nele de modo gradual e por etapas imperceptíveis. Desde o primeiro alvorecer desse estado, aparece a vida recém terminada, (ou melhor é revivida pelo Ego), desde o seu primeiro dia consciente até o último. Desde os acontecimentos mais importantes até os mais insignificantes, todos desenvolvem-se diante do olho espiritual do Ego; mas, em contraste com os acontecimentos da vida real, só permanecem os que são escolhidos pelo novo vivente (perdoai-me a palavra) que se adere a certas cenas e atores; esses ficam permanentemente, enquanto que todos os outros se desvanecem para desaparecer para sempre ou para retornar ao seu criador: o cascão. Tratai, pois, de compreender esta lei tão altamente importante por ser exatamente justa e retributiva nos seus efeitos. Nada resta desse ado, que ressurgiu, a não ser o que o Ego sentiu espiritualmente (aquilo que se desenvolveu e viveu por e através de suas faculdades espirituais) seja o amor ou ódio. Tudo que estou agora tentando descrever, é na verdade, indescritível. E assim como nunca dois homens e nem mesmo duas fotografias da mesma pessoa se assemelham entre si, linha por linha, tampouco se assemelham dois estados no
Devachan. A não ser que seja um Adepto, que pode experimentar tais estados em seu próprio Devachan periódico, como se pode esperar que alguém forme uma imagem correta do mesmo? (6) Portanto, não existe contradição ao dizer que o Ego, uma vez renascido no Devachan, "retém por certo tempo, proporcional à sua vida terrestre, uma recordação completa de sua vida (Espiritual) na Terra". De novo aqui a simples omissão da palavra "Espiritual" produziu a incompreensão! (7) Todos aqueles que não caem na oitava esfera, vão ao Devachan. Onde está a falha ou a contradição? (8) O Estado do Devachan, eu repito, pode ser pouco descrito ou explicado, ao se dar uma minuciosa e gráfica descrição do estado do nosso ego tomado aleatoriamente, como não poderiam ser explicadas coletivamente todas as vidas humanas por meio da descrição da "Vida de Napoleão ou a de qualquer outro homem. Há milhões de diferentes estados de felicidade e de miséria, estados emocionais que surgem, tanto das faculdades e sentidos físicos como espirituais, dos quais somente sobrevivem estes últimos. Um trabalhador honrado se sentirá diferentemente de um honesto milionário. O estado da senhorita Nightingale0-A será consideravelmente distinto do de uma jovem noiva que falece antes da consumação daquilo que ela considera ser a sua felicidade. Os dois primeiros amam as suas respectivas famílias: a filantropa, a humanidade; a jovem, ao seu futuro esposo situado no centro do seu mundo; o melômano, não conhece outro estado superior ao do arrebatamento e felicidade da música - a mais divina e espiritual das artes. O Devachan absorve desde os seus mais elevados graus aos mais inferiores por gradações
imperceptíveis; ainda mesmo no último estágio do Devachan o Ego, com freqüência se encontrará no estado mais tênue de Avitchi1, o qual, ao final da "seleção espiritual" dos acontecimentos, poderá tornar-se num "Avitchi" bona fide. Recordai: todo sentimento é relativo. Não existe nem bem nem mal, nem felicidade nem miséria per se. A bem-aventurança sublime e evanescente de uma adúltera, que por seu ato mata a felicidade do esposo, não tem origem menos espiritual, apesar de sua natureza criminosa. Caso um remorso de consciência (que procede sempre do Sexto Princípio) foi somente uma vez sentido durante o período de bem-aventurança e de amor realmente espiritual, nascido no sexto e quinto, conquanto poluído pelos desejos do quarto, ou kamarupa - então este remorso deve sobreviver e acompanhará incessantemente as cenas de um puro amor. Não necessito entrar em detalhes, pois como um especialista em fisiologia, que eu considero que sois, dificilmente necessitareis que a vossa imaginação e intuição sejam incitadas por um observador psicológico de minha categoria. Procurai nas profundezas de vossa consciência e memória, e tentai ver quais são as cenas que têm maiores possibilidades de apoderar de vós mesmo quando, uma vez mais, em sua presença achai-vos vivendo-as de novo; e que, seduzido, terei vos esquecido de tudo o mais, desta carta, entre outras coisas, pois que, no curso dos acontecimentos, ela chegará muito tarde no panorama de sua vida ressuscitada. Eu não tenho direito de olhar na sua vida ada. cada vez que tive um vislumbre da mesma, afastei invariavelmente a minha visão, porque tenho que lidar somente com o presente A.P. Sinnett (também e muito mais uma "nova invenção" do que o ex-A.P.S.) e não com o homem anterior. Sim; Amor e Ódio são os únicos sentimentos imortais; mas as graduações de tons ao longo das sete vezes sete escalas de todo o teclado da vida, são inumeráveis. E dado que esses dois sentimentos (ou, para ser correto, correrei de novo o risco de ser incompreendido, dizendo serem esses os dois pólos da "Alma" humana
que é uma unidade?) são os que modelam o futuro estado do homem, seja para o Devachan ou para o Avitchi, então a variedade desses estados deve ser também inesgotável. E isso nos leva a vossa queixa ou acusação número (9) - pois, tendo eliminado de vossa vida ada os Ratigans e Reeds que convosco, nunca transcenderam os limites da parte inferior do vosso quinto princípio com o seu veículo - o kama - o que é isso senão a "recordação parcial" de uma vida? As linhas marcadas com o vosso lápis mais vermelho foram também respondidas. Porque, como podeis contestar o fato de que a música e a harmonia são para um Wagner, um Paganini, ou o Rei da Bavária e tantos outros verdadeiros artistas e melomanos, um objeto do mais profundo amor e veneração espiritual? Com a vossa permissão não mudarei uma só palavra na cláusula 9. (10) É uma lástima que não tenhais acompanhado as vossas citações com comentários pessoais. Não posso compreender em que sentido fazeis objeção à palavra "sonho". Naturalmente que tanto a felicidade como a miséria não am de um "sonho" e como são puramente espirituais, são "intensificados". (11) Respondida. (12A e 12B) Ao responder às objeções do senhor Hume (que, após cálculos estatísticos feitos com a evidente intenção de esmagar nossos ensinamentos, sustentou que, afinal de contas, os espíritas estavam certos e que a maioria dos fantasmas nas sessões eram "Espíritos" tivesse eu escrito: "em nenhum caso pois, com a exceção dos suicidas e cascões" - e aquelas vítimas de acidentes que morrem tomadas por
alguma absorvente paixão terrestre - "existe alguma possibilidade para qualquer outro, etc., etc...", eu teria sido perfeitamente exato e pucka como um "professor". E pensar que, tão disposto como estais para aceitar doutrinas que contrariam, desde o princípio até o final, alguns dos mais importantes pontos da ciência física, tenhais concordado com a sugestão do senhor Hume, em discutir minúcias a respeito de uma simples omissão! Meu querido amigo; permitaime observar que o simples bom senso deveria ter-vos sussurrado que alguém que diz um dia: "em nenhum caso, pois, etc.", e alguns dias depois nega ter jamais pronunciado a palavra nunca, não só não é um Adepto, e sim deve estar sofrendo de algum amolecimento cerebral ou de algum outro "acidente". Ao dizer: Disse na margem "raramente", mas não pronunciei jamais a palavra "nunca", estava me referindo à margem da prova de vossa carta nº. II; aquela margem - ou melhor, para evitar mais uma acusação - o pedaço de papel em que escrevi algumas observações referentes ao assunto e colei na margem da vossa prova - vós a cortastes como também as quatro linhas em verso. Vós mesmo sabeis melhor porque o fizestes. Mas a palavra nunca se refere àquele pedaço de papel na margem. Entretanto, me reconheço culpado de um pecado que é o de um sentimento muito agudo de irritação contra o senhor Hume, após receber a sua triunfal carta estatística; a resposta que encontrastes incorporada em vossa carta, quando eu vos escrevi os dados para a vossa resposta à carta do senhor Khandallawala, que tinhas devolvido a H.P.B. Se eu não tivesse me irritado, talvez não teria me tornado culpado da omissão. Este agora é o meu karma. Eu não tinha que sentir-me irritado ou perder a paciência; mas aquela carta de Hume, era, segundo creio, a sétima ou oitava desse tipo recebida por mim durante aquela quinzena. e devo dizer que o nosso amigo possui a maneira mais maliciosa que jamais conheci, de utilizar o seu intelecto para suscitar os sofismas mais inesperados, colocando os nervos das pessoas à flor da pele! Com o pretexto de um raciocínio estrito e
lógico, lançará dissimuladas investidas contra o seu antagonista, cada vez que se sinta incapaz de encontrar um ponto vulnerável, e logo, ao ser surpreendido e desmascarado, responderá de maneira mais inocente: "Mas se é para o seu próprio bem, deveríeis sentir-vos agradecido! Se eu fosse um Adepto,saberia sempre o que o meu correspondente queria realmente dizer", etc.etc. Sendo um "Adepto"em alguns pequenos assuntos, sei o que ele quer dizer na verdade, e o seu pensamento é o seguinte: se nós divulgássemos para ele toda a nossa filosofia, não deixando incoerência alguma inexplicada, nem ainda assim daria um resultado satisfatório. Porque, como na observação contida na canção de Hudibrasian: "Estas pulgas têm outras pulgas para picá-las E estas, as suas, e assim ad infinitum..." ocorre o mesmo com suas objeções e argumentos. Ao lhe dar uma explicação, ele encontrará uma falha na mesma; satisfaça-o demonstrando que esta, afinal de contas, estava correta, e ele se voltará contra o seu oponente acusando-o de falar muito devagar ou muito rápido. É uma tarefa IMPOSSÍVEL - eu a abandono. Que essa situação persista até que desabe por si mesma. Ele diz: "Não posso beijar o pé de nenhum Papa" esquecendo-se que ninguém nunca lhe pediu tal coisa; "posso amar, mas não posso adorar" me diz. Puxa! A ninguém ele pode amar, a ninguém que não seja A.O. Hume, e nunca amou. E é verdade que alguém até poderia exclamar: "Oh Hume "puxa" é o teu nome!" Se vê por este trecho que transcrevo de uma de suas cartas: "Ainda que não fosse por outra razão, eu amaria a M. pela sua absoluta devoção para vós, a quem sempre amei (!) Ainda quando me senti mais aborrecido convosco já que sempre somos mais sensíveis àqueles a quem mais queremos, mesmo quando estava completamente persuadido de que éreis um mito, assim mesmo o meu coração ansiava por vós, como inúmeras vezes o faz com um personagem manifestamente fictício". Uma sentimental Becky Sharp, ao
escrever a um imaginário amante, dificilmente poderia expressar melhor os seus sentimentos! Na próxima semana me ocuparei das suas perguntas científicas. Agora não estou na minha casa, mas bem próximo de Darjeeling26, na Lamaseria objeto dos anseios da pobre H.P.B. Pensava em sair no fim de setembro mas acho-o muito difícil devido ao filho de Nobin27. além disso, terei provavelmente que conversar com a Velha Dama se M. a trouxer até aqui. E terá que fazê-lo ou a perderá para sempre, pelo menos no que se refere à tríada física. E agora, adeus. Peço de novo que não se assuste com meu homenzinho; poderá servos de utilidade algum dia; mas não vos esqueçais: ele é apenas uma aparência. Seu, K.H.
Carta Nº 025 Adições posteriores às notas sobre o Devachan. Recebidas em 2 de Fevereiro de 1883. A primeira carta Devachan foi a de nº.68. As Cartas 70A, B e C tratam mais adiante do assunto. Os dois ingleses apresentaram mais questões ao Mahatma K.H. Esta carta é uma resposta àquelas questões. Deve-se lembrar que Sinnett havia assumido a tarefa de Hume, de escrever a série de artigos intitulada "Fragmentos da Verdade Oculta", que foram publicados no "The Theosophist". Estes artigos eram baseados nos ensinamentos dados pelos dois Mahatmas, K.H. e M., através de cartas. RESPOSTAS E PERGUNTAS (1) Por que supor-se que o Devachan é uma condição monótona somente porque algum momento de sensação terrena se perpetua indefinidamente, se estende, por assim dizer, através de eon? Não é, não pode ser assim.
Isso seria contrário a todas as analogias e antagônico à lei de efeitos sob a qual os resultados são proporcionais às energias antecedentes. Para torná-lo mais claro, tendes que ter presente que há dois campos de manifestação causal, a saber: o objetivo e o subjetivo. Assim, as energias mais grosseiras, aquelas que operam nas condições mais pesadas ou densas de matéria, manifestam-se objetivamente na vida física, sendo o seu resultado a nova personalidade de cada nascimento, compreendido dentro do grande ciclo da individualidade em evolução. As atividades morais e espirituais encontram a sua esfera de efeitos no "Devachan". Por exemplo: os vícios, as atrações físicas, etc., digamos, de um filósofo, podem resultar no nascimento de um novo filósofo, de um rei, de um mercador, um rico epicúreo ou de qualquer outra personalidade cuja natureza derivaria inevitavelmente das tendências preponderantes do ser no nascimento imediatamente anterior. Bacon1, por exemplo, a quem um poeta chama: "O maior, o mais sábio e o mais mesquinho da humanidade" poderia reaparecer em sua nova encarnação como um cobiçoso acumulador de dinheiro com extraordinárias capacidades intelectuais. Mas as qualidades morais e espirituais do Bacon anterior deveriam também encontrar um campo no qual pudessem expandir as suas energias. O Devachan é esse campo. Portanto, todos os grandes planos de reforma moral, de investigação intelectual e espiritual nos princípios abstratos da natureza, todas as divinas aspirações, chegariam à sua fruição no Devachan e a entidade abstrata conhecida anteriormente como o grande Chanceler, se ocuparia nesse mundo interior, elaborado por ele próprio, vivendo, senão completamente, aquilo que poderíamos chamar de uma existência consciente, pelo menos um sonho de uma vividez tão realística, a que nenhuma das realidades da vida poderia igualar-se jamais. E esse "sonho" dura até que o Karma esteja satisfeito naquela direção: as ondas de força alcançam a margem de seu reservatório cíclico e o ser entra na próxima
área de causas. Esta pode ser encontrada no mesmo mundo, como antes, ou em outro, de acôrdo com o estado de progresso dele ou dela, através dos necessários Anéis e Rondas do desenvolvimento humano. Então, como podeis pensar que "um só" momento de sensação terrestre é selecionado para perpetuar-se? É muito certo que esse "momento" dura desde o princípio até o fim; mas, então, dura apenas como a nota tônica de toda a harmonia, um tom definido de apreciável diapasão, ao redor do qual se agrupam e desenvolvem em variações progressivas de melodia e, como variações intermináveis de um tema, todas as aspirações, desejos, esperanças, sonhos que, em conexão com esse "momento" particular, alguma vez tenham cruzado o cérebro do sonhador durante a sua vida sem ter nunca achado a sua realização na terra, e que agora encontra plenamente realizados em toda a sua vividez no Devachan sem jamais suspeitar que toda essa bemaventurada realidade é apenas a progênie criada pela sua própria fantasia, os efeitos das causas mentais produzidas por ele mesmo. Esse momento particular único que predominará e será mais intenso dentre os pensamentos de seu cérebro moribundo no momento da dissolução regulará naturalmente, todos os outros "momentos"; ainda assim, os últimos, ainda que menos vívidos e menores, estarão também ali, tendo o seu lugar predestinado neste fantasmagórico desfile de sonhos ados, e deverão dar variedade ao conjunto. Homem algum na terra deixa de ter uma predileção definida ou mesmo uma paixão dominante; não há pessoa, embora humilde e pobre - e com freqüência por isso mesmo - que não se compraz em sonhos e desejos conquanto insatisfeitos. É isso monotonia? Chamareis a tais variantes ad infinitum do mesmo tema, que modela a si mesmo toma forma definitiva e côr desse grupo de desejos, que foi o mais intenso durante a vida, "um vazio destituído de todo conhecimento na mente devachânica" e parecendo "até um certo ponto ignóbil"? Então verdadeiramente, ou falhastes, como dizeis, em compreender o que eu queria
dizer, ou sou eu o culpado. Devo ter fracassado lamentavelmente em comunicar-vos o sentido exato e tenho que confessar a minha inabilidade para descrever o indescritível. Essa última, meu bom amigo, é uma tarefa difícil. A menos que as percepções intuitivas de um chela adestrado acudam em ajuda, nem um montão de descrições ajudarão, por mais gráficas que sejam. Na verdade, não há palavras adequadas para expressar a diferença existente entre um estado mental na Terra, e outro fora da sua esfera de ação; não há termos ingleses equivalentes aos nossos; nada, a não ser preconceitos inevitáveis (devidos a sua anterior educação ocidental), e daí as linhas de pensamentos em uma direção equivocada que enchem a mente do aprendiz; nada para nos ajudar nesta inoculação de pensamentos completamente novos! Tendes razão. Não só "pessoas comuns" (seus leitores) - mas até idealistas de tão elevada intelectualidade como o senhor C.C.M.3, fracassarão em captar a verdadeira idéia e nunca a compreenderão em toda a sua profundidade. Talvez, algum dia, possais compreender melhor do que agora, uma das principais razões de nossa resistência em compartilhar o nosso Conhecimento com os candidatos europeus. Apenas lêde as indagações e as severas críticas do senhor Roden Noel escritas no "Light". realmente devíeis tê-los respondido, tal como aconselhei por intermédio de H.P.B. O seu silêncio significa um breve triunfo para o piedoso cavalheiro e deu a idéia de um abandono do pobre Senhor Massey. "Um homem no caminho de aprender algo dos mistérios da natureza parece estar, para começar sobre a Terra, num nível mais elevado de existência que aquele que a natureza aparentemente reserva como prêmio às suas melhores ações". Talvez "aparentemente", mas não é assim na realidade, quando se compreende corretamente o modus operandi da natureza. Daí esse outro conceito errôneo: "Quanto maior o mérito, maior será o período no Devachan. Mas no Devachan... perde-se toda a percepção
da agem do tempo; um minuto equivale a mil anos... a quoi bon então, etc.". Esta observação e estes modos de ver as coisas poderia também se aplicar a toda Eternidade, ao Nirvana, Pralaya, e a qualquer outra coisa. Diga-se de uma vez que todo o sistema do ser, da existência separada e coletiva, da natureza objetiva e subjetiva, não são mais que fatos absurdos e sem objetivos, uma gigantesca fraude da natureza, que é recebida com pouca simpatia pela filosofia Ocidental, tendo além disso, a cruel desaprovação do melhor "chela-leigo". A quoi bon, em tal caso, este predicar de nossa doutrina, todo esse trabalho árduo e este nadar em adversum flumem (contra a correnteza do rio). Por que o Oeste há de estar, então, tão ansioso de aprender algo do Leste, dado que é, evidentemente, incapaz de digerir o que nunca irá satisfazer às exigências do paladar especial de seus Estéticos? Triste perspectiva para nós, pois que mesmo vós, sois incapaz de apreciar todo o alcance de nossa filosofia, ou mesmo de estar de acordo com um pequeno ângulo - o Devachan - desses sublimes e infinitos horizontes da "vida após a morte". Não quero desanimar-vos. Só quero chamar a vossa atenção para as formidáveis dificuldades que encontramos em cada tentativa que fazemos para explicar nossa metafísica às mentes ocidentais, mesmo entre as mais inteligentes. Ah! meu amigo! Pareceis tão incapaz de assimilar nosso modo de pensar, como de digerir o nosso alimento ou gostar de nossas melodias! Não; não há relógios nem aparelhos para marcar o tempo no Devachan, meu estimado chela, embora todo o Cosmos é um gigantesco cronômetro em certo sentido. Nem nós, os mortais, ici bas meme, prestamos muita atenção ao tempo, se é que fazemos, durante os períodos de felicidade e arrebatamento e os achamos sempre muito curtos; um fato que não nos impede de nenhuma maneira de gostar, assim mesmo, dessa felicidade, quando ela chega. Colocastes o vosso pensamento alguma vez, nessa pequena possibilidade de que,
talvez é porque as suas taças de bemaventuranças estão cheias até a borda, que os habitantes do "Devachan" perdem "todo sentido do correr do tempo", e que tal coisa não sucede as que caem no Avitchi, embora, tanto quanto no Devachan, no Avitchi perde-se a noção de tempo; isto é, de nossos cálculos terrestres de períodos de tempo? Devo também recordarvos, a este respeito, que o tempo é algo criado inteiramente por nós; de que, enquanto um curto segundo de intensa agonia pode parecer a um homem, mesmo na Terra, uma eternidade, a outro, mais afortunado, as horas, dias e às vezes anos inteiros podem parecer que voam em brevíssimos instantes e que, finalmente, de todos os seres sensíveis e conscientes na Terra, o homem é o único animal que possui sentido do tempo, embora isto não o faça nem mais feliz, nem mais sábio. Como posso, então, explicar-vos aquilo que não se pode sentir, pois que pareceis incapaz de compreendê-lo? Os exemplos finitos são inadequados para expressar o abstrato e o infinito; nem pode o objetivo refletir o subjetivo. Para compreender a bem-aventurança do Devachan ou as angústias do Avitchi, deveis assimilá-los, como nós o fazemos. O idealismo crítico ocidental (como se mostra nos ataques do senhor Roden Noel), tem ainda que aprender a diferença que existe entre o verdadeiro ser dos objetos supersensíveis e a obscura subjetividade das idéias a que foram reduzidos. O tempo não é um conceito objetivo e, portanto, não pode ser, nem analisado nem provado, de acordo com os métodos da filosofia superficial. E a não ser que aprendamos a neutralizar os resultados negativos desse método de estabelecer as nossas conclusões agradáveis aos ensinamentos do chamado "sistema de razão pura", e a distinguir entre a matéria e a forma do nosso conhecimento dos objetos perceptíveis, nunca poderemos chegar a conclusões corretas e definitivas. O caso de que tratamos, como é defendido por mim contra o vosso conceito errôneo (ainda que muito natural), é uma boa prova da superficialidade e mesmo da falácia desse "sistema de razão pura (materialista)". O espaço e o tempo podem ser, segundo Kant, não o produto, mas os
reguladores das sensações, mas somente no que concernem às nossas sensações na Terra, não aquelas no Devachan. Ali não encontramos as idéias a priori deste "espaço e tempo" controlando as percepções dos moradores do Devachan no que se refere aos objetos dos seus sentidos; mas, ao contrário, nós descobrimos que é o próprio morador do Devachan que cria a ambos e os aniquila ao mesmo tempo. Daí advém o fato de que os chamados "estados posteriores" jamais podem ser julgados corretamente pela razão prática, pois que essa última pode ter aplicação somente na esfera das causas ou objetivos finais, e dificilmente podem ser relacionados com Kant (que a considera numa página como razão e na seguinte como - vontade) como o mais alto poder espiritual no homem, tendo como sua esfera aquela VONTADE. O que foi dito acima não foi introduzido aqui, como poderíeis pensar, em função de um argumento (levado muito longe, provavelmente), mas, sim, tendo em vista uma discussão futura "em casa"b como expressais, com estudantes e iradores de Kant e Platão, com quem ireis vos encontrar. Numa linguagem mais simples, vou dizer-vos agora o seguinte e não será minha culpa se ainda falhais em compreender o seu significado pleno. Assim como a existência física tem a sua intensidade acumulada desde a infância até a juventude, diminuindo a sua energia, daí por diante, até a velhice e a morte, do mesmo modo é vivida a vida de sonho no Devachan. Daí que estais certo em dizer que a "Alma" jamais pode tomar consciência de seu erro e achar-se "enganada pela natureza", tanto mais que, falando estritamente, a totalidade da vida humana e suas tão proclamadas realidades não são melhores do que tal "engano". Mas estais equivocado ao repetir os preconceitos e prevenções dos leitores ocidentais (nenhum asiático concordará convoco sobre este ponto), quando acrescentais que "há um sentido de irrealidade a respeito de toda essa questão que é doloroso para a "mente", pois que fostes o primeiro a sentir que, sem dúvida alguma, isso é devido muito mais a "uma imperfeita
compreensão da natureza da existência" no Devachan do que a alguma imperfeição de nosso sistema. Daí as minhas ordens a um chela de reproduzir em um apêndice ao seu artigo, extratos desta carta e explicações destinadas a tirar de seu erro ao leitor e apagar, tanto quanto possível, a dolorosa impressão que esta vossa confissão irá produzir seguramente nele. O parágrafo inteiro é perigoso. Não me sinto justificado em eliminálo, pois ele é evidentemente a expressão de vossos reais sentimentos, de um modo bondoso, embora - perdoai-me por dizê-lo - um pouco canhestramente encobertos com uma capa de evidente defesa deste ponto débil (para a vossa mente) do sistema. Mas, creia-me, isso é assim. A natureza não engana mais ao morador do Devachan como o faz ao homem físico, vivente. A natureza provê para ele ali uma bem-aventurança e felicidade muito mais real do que aqui, onde todas as condições para o mal e as eventualidades estão contra ele, e seu inerente desamparo (como uma palhinha violentamente soprada para aqui e para ali a cada vento impiedoso) tornaram a felicidade pura nesta terra uma total impossibilidade para o ser humano, sejam quais forem as suas oportunidades e condições. Chamai melhor a esta vida um pesadelo feio e horrível e tereis razão. Chamar de um "sonho" a existência no Devachan em outro sentido que não seja a de um termo convencional, muito apropriado às vossas linguagens tão cheias de nomes errôneos, é renunciar para sempre ao conhecimento da doutrina esotérica, a única guardiã da verdade. Permita-me pois, mais uma vez explicar-vos alguns dos muitos estados no Devachan - e no Avitchi. Como na própria vida terrestre, há para o Ego no devachan - o primeiro frêmito de vida psíquica, a sua culminação; o desgaste gradual da força ao ar da semi-consciência, ao esquecimento e letargia graduais, ao esquecimento total, e depois, não a morte, mas um nascimento: nascimento em outra personalidade e retomada da ação que gera diariamente um novo acúmulo de causas que devem ser elaboradas em outro período
Devachânico, e de novo outro renascimento físico como uma nova personalidade. Como serão a vidas no Devachan e na Terra, respectivamente, em cada caso, está determinado pelo Karma. E essa fatigante ronda de nascimentos que se seguem deve ser percorrida repetidamente até que o ser alcance o fim da Sétima Ronda ou atinja, nesse ínterim, a sabedoria de um Arhat, e depois, a de um Buda e, desse modo, libertando de cumprir uma ronda ou duas, tendo aprendido como irromper nos círculos viciosos - e ar periodicamente ao Paranirvana. Mas suponhamos que não se trate de um Bacon, um Goethe, um Shelley, um Howard, e sim de uma pessoa comum e simples, de uma personalidade sem cor, frouxa, que nunca pesou suficientemente no mundo para se fazer sentir: o que ocorre então? Simplesmente que a sua estadia devachânica é tão incolor e débil como foi a sua personalidade. Como poderia ser de outra maneira desde que causas e efeitos estão ligados? Mas suponhamos um monstro de vaidade, de maldade, de sensualidade, ambição, avareza, orgulho, impostura, etc., mas que, não obstante, possua um germem ou germens de algo melhor, relances de uma natureza mais divina - para onde ele irá? Essa centelha cintilante debaixo de monte de lixo se oporá sem dúvida, à atração da oitava esfera onde caem somente as não entidades absolutas; "fracassos da natureza" para serem completamente remodelados, cujas mônadas divinas se separaram dos cinco Princípios durante as suas vidas terrestres dessas entidades (tenha isso acontecido no nascimento anterior ou em vários nascimentos anteriores, pois tais casos existem nos nossos registros) e que viveram como seres humanos sem alma. Essas pessoas, abandonadas pelo seu Sexto Princípio, enquanto que o Sétimo, por ter perdido o seu vahan (ou veículo) não pode existir independentemente por mais tempo - seu Quinto Princípio ou alma animal naturalmente desce "ao poço sem fundo". Esta explicação irá aclarar mais para vós as insinuações de Eliphas Levy, se relerdes o que ele diz e as minhas observações à margem
delas (veja O Teosofista, outubro de 1881, o artigo intitulado "Morte") e reflitai sobre as palavras usadas, tais como zangões (abelhas) etc. Bem, a primeira entidade indicada não pode, então, ir para a oitava esfera, com todas as suas maldades, pois que a sua maldade é de uma natureza demasiado espiritual e refinada. É um monstro, não um mero bruto sem alma. Não deve ser simplesmente aniquilado e sim CASTIGADO, pois que a aniquilação ou seja, o total esquecimento e o fato de ter sido arrancado da existência consciente, não constitui um castigo per se, e tal como expressa Voltaire, "le neant ne laisse pas d'avoir du bon". Não se trata aqui de uma vela tremeluzente para ser logo apagada por uma brisa, mas de uma energia, forte, positiva, maléfica, alimentada e desenvolvida pelas circunstâncias, algumas das quais podem ter estado fora do seu controle. Deve existir para uma natureza como essa um estado correspondente ao do Devachan e esse estado se encontra no Avitchi, a perfeita antítese do Devachan, conceitos vulgarizados pelas nações ocidentais como Inferno e Céu; estados que aram desapercebidos por completo nos vossos "Fragmentos". Recordai: "Para ser imortal no bem, o indivíduo deve se identificar a si mesmo com o Bem (ou Deus); para ser imortal no mal, deve indentificar-se com o Mal (ou Satan). O desconhecimento do verdadeiro valor de termos tais como "espírito", "alma", "individualidade", "personalidade" e "imortalidade" (especialmente) provoca guerras verbais entre um grande número de idealistas disputantes, entre eles os senhores C.C.M. e Roden Noel. E para completar os vossos Fragmentos sem risco de cair de novo debaixo dos dentes trituradores da crítica deste último honrado cavalheiro, achei necessário acrescentar ao Devachan-Avitchi, como seu complemento, e aplicar-lhe as mesmas leis como ao primeiro. Isto feito, com a vossa permissão, no Apêndice. Tendo explicado suficientemente a situação posso responder agora diretamente a sua pergunta nº.1. Sim, certamente, há "uma mudança de ocupação" uma mudança contínua
no Devachan, tanto, e muito mais, que na vida de qualquer homem ou mulher que asse a sua vida toda, numa só ocupação, qualquer que ela fosse; com a diferença de que, para o morador do Devachan, a sua ocupação especial é sempre agradável e enche a sua vida de arrebatamento. Mas, a mudança deve ocorrer, pois essa vida de sonho não é mais que a fruição, o momento da colheita dessas "sementes germens" psíquicos, caídas da árvore da existência física em nossos momentos de sonhos e de esperanças, lampejos fantasiosos de bem-aventurança e felicidade reprimidos num ingrato solo social, e que agora florescem no rosado amanhecer do Devachan, amadurecendo os seus frutos sob o seu céu sempre frutífero. Ali não existem nem fracassos, nem desilusões! Se um homem teve, ainda que seja um só momento de felicidade e experiência ideais durante a sua vida (como acreditais), ainda assim, se existe o Devachan, não poderia ser, como erroneamente supondes, o indefinido prolongamento desse "único momento", mas a ilimitada expansão de vários episódios e acontecimentos baseados naquele "único momento" ou momentos, como seja o caso, em resumo, tudo o que sugira a fantasia do "sonhador". Como disse, essa nota única, surgida da lira da vida, formaria exatamente a nota tônica do estado subjetivo do ser e se expandiria em inumeráveis tons e semi-tons harmônicos de fantasmagoria psíquica. Ali todas as esperanças, as aspirações e os sonhos, não realizados se realizam completamente, e os sonhos da existência objetiva se tornam as realidades da existência subjetiva. E ali, por detrás da cortina de Maya, o Adepto percebe os seus vapores e as aparências ilusórias, pois aprendeu o grande segredo de como penetrar assim profundamente nos mistérios do ser. Indubitavelmente, a minha pergunta se tínheis experimentado monotonia durante o momento que considerais como sendo o mais feliz de vossa vida, vos conduziu a conclusões totalmente errôneas. Esta carta, é, pois, meu
justo castigo pela minha indolência em não ampliar as explicações. Pergunta (2) A que ciclo se refere? O "ciclo menor" significa, naturalmente, o término da Sétima Ronda, tal como se verificou e foi explicado. Ademais, no final de cada uma das sete rondas produz-se uma recordação menos "completa": somente a das experiências que ocorreram entre os numerosos nascimentos ao final de cada vida pessoal. Mas a recordação completa de todas as vidas (terrestres e devachânicas) ou seja: a onisciência, chega somente no grande final das sete rondas totais (a menos que no período o indivíduo se tenha tornado um Bodhisatva, um Arhat) o "limiar" do Nirvana como um período indefinido. Naturalmente,um homem que pertença ao ciclo da Sétima Ronda (que completa as suas migrações terrestres no começo da última Raça e Anel), teria que esperar mais tempo no limiar do que esteja entre os últimos dessas Rondas. Essa vida de eleito entre o Pralaya menor e o Nirvana, ou melhor, antes do Pralaya, é a Grande Recompensa, a maior de todas, de fato, pois ela faz do Ego (embora ele possa nunca ter sido um adepto, mas simplesmente um digno homem virtuoso na maioria das suas existências) virtualmente um Deus, um ser consciente e onisciente, um candidato - por eternidades e eons - para ser um Dhyan Chohan... É bastante - estou traindo os mistérios da iniciação. Mas o que tem o NIRVANA a ver com as recordações das existências objetivas? Esse é um estado ainda mais alto e no qual todas as coisas objetivas são esquecidas. É um estado de absoluto Repouso e de assimilação com Parabrahman - é o próprio Parabrahman. Oh, a triste ignorância de nossas verdades filosóficas no ocidente, e a incapacidade dos vossos maiores intelectos para captar o verdadeiro espírito daqueles ensinamentos. O que daremos, o que podemos realmente fazer! Pergunta (3) Postulais um intercâmbio de entidades no devachan que se destine somente
ao relacionamento mútuo da existência física. Duas almas afins desenvolverão, cada uma, as suas próprias sensações devachânicas, fazendo que a outra participe da sua bemaventurança subjetiva, mas, entretanto, cada uma dissociada da outra com relação ao intercâmbio mútuo em si. Ora, que companheirismo poderia haver entre duas entidade subjetivas que são tão imateriais como esse corpo espectral e etéreo o Mayavi-rupa? Pergunta (4). O Devachan é um estado, não uma localidade: Kama Loka, Rupa Loka e Arupa Loka são três esferas de ascendente espiritualidade nas quais os vários grupos de entidades subjetivas encontram as suas atrações. No Kama-Loka (a esfera semi-física) moram o cascões, as vítimas0 e os suicidas, e esta esfera está dividida em inumeráveis regiões e sub-regiões correspondentes aos estados mentais dos que ali chegam na hora de sua morte. Esta é a gloriosa "Terra do Verão" dos Espíritas, cujos horizontes constituem o limite da visão dos seus melhores videntes uma visão imperfeita e enganosa devido à falta de adestramento e por não serem guiados por Alaya-Vijnana (conhecimento oculto). Quem, no ocidente conhece alguma coisa do verdadeiro Sahalo-Kadhatu, o misterioso Chiliocosmo de cujas muitas regiões somente três podem ser dadas a conhecer ao mundo externo: o Tribhuvana (três mundos), a saber: Kama, Rupa e Arupa-Lokas. E, no entanto, veja a triste confusão produzida nas mentes ocidentais pela menção de somente desses três! Veja "Light" do dia 6 de janeiro! Contemplai ao vosso amigo (M.A.Oxon) ao notificar ao mundo dos seus leitores que, de acordo com o que supondes em vossa "Doutrina Secreta", "nenhuma acusação mais grave poderia ser pronunciada contra qualquer homem por seu mais cruel inimigo, do que a lançada por vós contra nós: "esse misterioso desconhecido". Não é esta classe de cruel crítica a mais adequada para obter de nós mais conhecimentos ou tornar o "desconhecido" mais conhecido. E depois o prazer de ensinar a um público, a quem uma de suas mais altas autoridades (Roden Noel) diz, em páginas mais adiante, que os teósofos
dotaram os seus "cascões" com uma consciência simulada. Veja a diferença que pode fazer uma palavra. Se tivesse escrito a palavra " assimilada" em vez de "simulada", a verdadeira idéia teria sido comunicada: que a consciência dos cascões é assimilada do médium e das pessoas vivas que se encontram presentes, enquanto que agora...! Mas, naturalmente, não são as exposições de nossos críticos europeus, mas as dos nossos chelas asiáticos as que "parecem absolutamente multiforme em suas cambiantes variedades". O homem tem que ser contestado e corrigido seja por vós ou pelo senhor Massey. Mas, ai! este último conhece muito pouco e vós - vos olhais o nosso conceito de Devachan mais do que "desconfortavelmente"! Mas, para resumir. Do Kama Loka então, no grande Chiliocosmo, uma vez despertadas do seu torpor postmortem, as recém trasladadas almas vão todas (exceto os cascões) conforme as suas atrações, ou para o Devachan ou para o Avitchi. Esses dois estados se diferenciam de novo, ad infinitum - seus graus ascendentes de espiritualidade recebem os seus nomes das lokas que os produzem. Por exemplo: as sensações, percepções de um morador do Devachan em Rupa-loka serão, naturalmente, de uma natureza menos subjetiva do que seriam no Arupa-Loka e, em ambos os estados, as experiências devachânicas variarão em sua apresentação para a entidade-sujeito, não só no que se refere à forma, cor e substância, mas também em suas potencialidades formativas. Mas nem mesmo a mais exaltada experiência de uma mônada no estado devachânico mais elevado em Arupa-loka (o último dos sete estados) é comparável àquela perfeita condição subjetiva de pura espiritualidade, da qual a mônada emergiu para "descer na matéria", e para a qual deve retornar, no final do grande ciclo. Nem mesmo é o Nirvana comparável ao Paranirvana. Pergunta (5) O despertar da consciência começa depois da luta no Kama-Loka, na porta do Devachan, e somente depois do "período de gestação". Rogo que leiais de novo as minhas
respostas sobre o assunto em vossa "Famosas Contradições". Pergunta (6) Sendo injustificadas as vossas deduções em relação ao infinito prolongamento no Devachan, de algum momento de bemaventurança terrena, a vossa pergunta no ;ultimo parágrafo deste interrogatório não necessita ser considerada. A permanência no Devachan é proporcional aos impulsos psíquicos inconclusos originados na vida terrena: aquelas pessoas cujas atrações eram preponderantemente materiais, serão logo atraídas para o renascimento pela força de Tanha. Como bem observa o nosso oponente de Londres, esses assuntos metafísicos podem ser compreendidos apenas parcialmente. Uma faculdade mais alta pertencente à vida superior é que deve ver, e é verdadeiramente impossível forçá-lo à nossa compreensão de uma pessoa apenas verbalmente. Ela deve ver com sua vista espiritual, ouvir com o seu ouvido Dharmakayco, sentir com as sensações de seu Ashta-vijnana ("eu" espiritual) antes que possa compreender toda esta doutrina; de outra maneira pode apenas, aumentar o seu próprio "desconforto" e aumentar muito pouco o seu conhecimento. Pergunta (7) A recompensa que a Natureza dá aos homens de ampla e sistemática benevolência e que não tenham enfocado as suas afeições somente sobre um indivíduo ou sobre uma especialidade é (se são puros) a de ar por isso rapidamente através do Kama e Rupa-Lokas, entretanto na mais elevada esfera de Tribhuvana, pois que é ali onde a formulação de idéias abstratas e a consideração de princípios gerais enchem o pensamento de seus ocupantes. A personalidade é sinônimo de limitação, e quanto mais estreitas sejam as idéias, tanto mais se aferrará a pessoa às esferas inferiores da existência, e tanto mais tempo despenderá no plano do intercâmbio social egoísta. A posição social de uma pessoa, é naturalmente, o resultado do Karma, sendo a lei "a atração do semelhante pelo semelhante". O indivíduo renascente é atraído pela corrente gastadora com a qual se afina devido às
atrações predominantes no último nascimento. Assim, alguém que morreu como camponês, pode renascer como rei e o soberano falecido pode de novo ver a luz na tenda de um cule. Esta lei de atração se firma em milhares de "Acidentes de nascimento", nome esse que não poderia ser mais inapropriado. Quando compreenderdes, ao menos, o seguinte: que os skandhas são os elementos da existência limitada - então tereis compreendido também uma das condições do Devachan, que agora tem para vós uma perspectiva tão profundamente insatisfatória. Também não são corretas completamente as vossas deduções em sua aplicação geral, quanto a serem o bem estar e os gozos das classes superiores devidos a um melhor Karma. Eles tem um anel eudomonistico ao seu redor que dificilmente é reconciliável com a lei Kármica, pois que esse "bem estar e gozo" é, com mais freqüência as causas de um Karma novo e sobrecarregado, do que o produto ou efeitos do anterior. Mesmo como uma "regra bastante geral", a pobreza e a condição humilde na vida são menos produtoras de sofrimento do que a riqueza e o nascimento nobre; mas disso falaremos mais adiante. As minhas respostas estão tomando, uma vez mais, o aspecto de um volume, em vez do aspecto moderado de uma carta. Escrevendo um novo livro ou para O Teosofista? Bem, não acreditais, pois o vosso desejo é de alcançar não só a maioria, como também as mentes mais receptivas, que seria melhor escrever o livro como também para "O Teosofista"? Poderíeis incorporar no "Buddhismo Esotérico", (um excelente título, diga-se de agem) esse assunto, como sendo uma continuação ou ampliação do que já foi publicado no "O Teosofista", uma exposição sistemática e cuidadosa do que lhe foi e será dado na revista, em curtos trechos. Anseio especialmente, devido a M., que a revista se constitua num êxito, tanto quanto possível, e que circule mais ainda na Inglaterra do que atualmente. O seu novo livro, atraindo, como certamente o fará, a atenção da parte mais educada e pensadora do público ocidental para o órgão do "Buddhissmo Esotérico" par excellence - fará assim um mundo de bem, e
ambos se ajudarão mutuamente. Quando escrever, não perca de vista a obra de Lillie, "Buda e o Budismo Primitivo". Apesar das muitas falácias, suposições injustificadas e distorção de fatos e mesmo de palavras em sânscrito e pali, este pretensioso volume obteve, sem dúvida, um grande êxito entre os espíritas e também os cristãos que têm propensão ao misticismo. Direi a Subba Row ou a H.P.B. que façam uma curta crítica literária com notas minhas, mas sobre isso falaremos em outra carta. Possuis agora um amplo material para trabalhar em minhas notas e escritos. Somente destes a conhecer alguns dos muitos pontos que eu abordei e ampliei e voltei a ampliar em montões de cartas como estou fazendo agora. Poderíeis tirar delas material para inúmeros artigos novos e "Fragmento" para a revista e ainda restaria bastante para o livro. E estes, por sua vez, teriam seqüência em um terceiro volume, mais adiante. É bom não perder de vista este plano. Seu "quimérico projeto" com Darjeeling como ponto objetivo, não é quimérico mas, sim, simplesmente impraticável, meu bom amigo. O momento ainda não chegou. Mas o impulso de vossas energias vos estão levando lenta mas persistentemente ao intercâmbio pessoal. Não quero dizer que eu o deseje tanto quanto vós, pois como vos vejo quase todos os dias de minha vida, interesso-me muito pouco por relações objetivas, mas para o seu benefício se eu pudesse, apressaria essa entrevista. Entretanto...? Enquanto isso, sintai-vos feliz sabendo que fizestes mais bem verdadeiro aos vossos semelhantes nos últimos dois anos do que em muitos anos anteriores. E...também para vós mesmo. Tenho plena certeza de que não simpatizais com o sentimento egoísta que anima a Loja de Londres a negar mesmo a pequena proporção de ajuda pecuniária (que só monta a algumas poucas libras por ano) que era dada à Sociedade Matriz. Quem dentre os membros poderia pensar em recusar, ou tentar evitar o pagamento de contribuições a qualquer outra Sociedade, Clube, ou Associação Científica a
que ele pudesse pertencer? É essa indiferença e egoísmo que lhes têm permitido manter-se inativos e sossegados dede o princípio, e vendo os dois que estão na Índia dando as suas últimas rúpias (e Upasika até vendendo as suas jóias por honra da Sociedade), embora muitos dos membros britânicos estejam em melhor posição, muito melhor do que ele (H.P.B. e H.S.O.), para fazer frente aos sacrifícios necessários. A irmã do senhor Olcott está realmente na América na maior miséria e o pobre homem amando-a tanto, não retiraria sequer 100 rúpias dos recursos da Sociedade, ou então das do "O Teosofista" para ajudar a ela e aos seus pequenos filhos, se H.P.B. não tivesse insistido e M. não tivesse contribuído com uma pequena soma para isso. Entretanto, disse ao senhor Olcott que vos envie a autorização oficial necessária para reunir as contribuições ou fazer qualquer arranjo financeiro em Londres que considerais melhor. Mas recordai, meu muito apreciado irmão, que, se é esperado que pobres empregados hindus, que ganham salários de 20 a 30 rúpias, paguem a mesma cota para ajudar os gastos da Sociedade. é uma grande injustiça eximir totalmente os membros de Londres, muito mais ricos. Faça justiça "ainda que os céus caiam". Entretanto, se são necessárias concessões para preconceitos locais, vós estais melhor qualificado do que nós, para ver, e portanto negociar de acordo com a melhor conveniência. A todo custo, colocai "as relações financeiras numa situação melhor" do que atualmente, se é que o vento financeiro tem que ser suavizado para a tosquia do carneiro Peling15. Tenho fé em vossa sabedoria, meu amigo, embora teríeis certo direito de perder prontamente a vossa fé em mim, considerando quão apertadas foram as negociações para o capital do "Fênix". Deveis ter compreendido que, apesar da aprovação do Chohan para o meu "Chela Laico", encontro-me ainda sob as restrições do ano ado e não posso enfocar sobre as pessoas envolvidas todos os poderes psíquicos que, de outra maneira, poderia. Além disso, as nossas leis e restrições referentes a dinheiro ou qualquer operação financeira, seja
dentro ou fora de nossa Associação, são extremo severas, inexoráveis em certos pontos. Temos que proceder muito cautelosamente, e daí a demora. Mas espero firmemente que suponhais que algo já foi feito nesse sentido. Sim, a frase "K.H. quis", significa que a crítica literária do "Mr. Isaacs" deve aparecer no "Teosofista", e a frase "Pelo autor do O Mundo Oculto", portanto enviai-a antes de partir. E, para o bem do velho "Sam Ward", queria vê-la mencionada no "Pioneer". Mas isso não importa muito, agora que o deixais. Portanto, Salaam, e meus melhores votos. Estou extremamente ocupado com os preparativos de iniciação. Vários dos meus chelas - Djual Khool entre outros, estão se esforçando para alcançar a "outra margem". Seu fielmente, K.H.
Carta Nº 026 Esta é a primeira carta catalogada na seção com o título "Provação e Chelado" nas edições anteriores. Ela parece começar no meio de um assunto, quase como se fosse parte de outra carta. E um esforço para explicar H.P.B. tal como ela é. Hume expressou, mais tarde, ceticismo quanto à explicação relativa a H.P.B. Suas opiniões acham-se na Carta 156, de H.P.B. para Sinnett, com comentários à margem por M. SEÇÃO III PROVAÇÃO E CHELADO Memorando confidencial de K.H. sobre "a Velha Dama" (H.P.B.) Recebida em Simla, outono de 1881. Eu tenho conhecimento, e sinto muito, o fato de que a habitual incoerência em suas
manifestações especialmente quando excitada - e suas maneiras extranhas, tornamna, na vossa opinião, uma transmissora bastante indesejável de nossas mensagens. Entretanto, amáveis irmãos, uma vez que tenhais aprendido a verdade; uma vez que vos foi dito que a sua mente variável, a aparente incongruência de suas exposições e idéias, a sua excitação nervosa, em uma palavra, tudo que se supõe perturbe os sentimentos das pessoas ponderadas, cujas noções de reserva e de modos ficam chocados com tão extranhas explosões que elas consideram provir de seu temperamento e que tanto vos revolta, uma vez que saibais que nada disso é culpa dela, talvez vos sentireis inclinados a considerá-la sob uma luz totalmente distinta. Não obstante que ainda não chegou o momento para dar-vos a conhecer o segredo por inteiro e estais mesmo dificilmente preparados para compreender o grande Mistério, ainda que vos fôsse revelado, devido à grande injustiça e o mal cometido, estou autorizado a vos dar um relance do que está por trás do véu. Este seu estado está intimamente vinculado com seu treinamento oculto no Tibet, e é devido ao fato de ela ter sido enviada sozinha no mundo a fim de preparar gradualmente o caminho para os outros, Após quase um século de infrutíferas buscas, nossos chefes tiveram de se valer da única oportunidade para enviar um corpo europeu ao solo europeu, a fim de servir de laço de união entre aquela terra e a nossa. Não compreendeis? Naturalmente não. Por favor, então, lembrai-vos do que ela tentou explicar, e que assimilastes razoavelmente dela, isto é, o fato da existência dos sete princípios no ser humano completo. Agora, homem ou mulher algum, a não ser que seja um iniciado ao "quinto círculo", pode deixar os limites de Bod-Lhas (Tibet) e retornar ao mundo em sua total integridade, se posso usar a expressão. Um dos seus sete satélites, pelo menos, deve ficar para trás por duas razões: a primeira, para formar o laço de conexão necessário, o fio de transmissão; a segunda, como a mais completa garantia de que certas coisas jamais serão divulgadas. Ela não é uma exceção à regra e já vistes em outro caso - um homem altamente
intelectual - que teve de deixar para trás uma das suas peles, e daí o fato de ser considerado muito excêntrico. O comportamento e situação dos seis restantes, depende das qualidades inatas, das peculiaridades psicológicas da pessoa, especialmente das idiosincrasias transmitidas pelo que a ciência moderna denomina de "avismo". Atuando de acôrdo com os meus desejos, meu Irmão M., se recordais, vos fez um certo oferecimento por intermédio dela. Teríeis apenas que aceitá-lo e, em qualquer ocasião que desejásseis, poderíeis ter tido, por uma hora ou mais, o verdadeiro baitchooly para conversar com ele, em vez do arremedo psicológico com que tens agora de lidar. O de ontem foi um erro dele. Ele não devia tê-la enviado para entregar a mensagem ao Sr. Sinnett no estado em que ela estava. Mas considerá-la responsável pela sua excitação puramente fisiológica e deixar que ela visse os vossos desdenhosos sorrisos, isso foi positivamente pecaminoso. Perdoai-me, meus irmaãos e bons senhores, a minha linguagem franca. Eu estou agindo somente de acôrdo com o que me pedistes em vossa carta. Dei-me ao trabalho de "investigar o espírito e o sentido" com que tudo foi dito e feito na residência do senhor Sinnett; e embora não tendo o direito de "culpar-vos" - já que ignoráveis o estado real das coisas - não posso, por outro lado, deixar de reprovar com firmeza o que, por mais polido que fôsse exteriormente, mesmo sob circunstâncias bastante comuns, teria sido, assim mesmo - CRUELDADE. Basta, por ora.
Carta Nº 027 Recebida em Simla, outono, 1881. (Fins de Setembro) A Sociedade Teosófica Eclética de Simla foi formada em 21 de agosto e é provável que esta carta foi recebida pouco depois. Já havia previsto o que sucede agora. Em minha carta de Bombaim eu vos aconselhava prudência com relação ao que permitíeis a S.M. aprender de + e sua própria mediunidade, sugerindo que lhe fôsse dito apenas a
substância do que eu dissera. Quando, observando-vos em Allahabad, eu vos ví em vez disso, fazendo copiosos extratos de minha carta, para ele, percebi de novo o perigo, mas não interferi por várias razões. Uma delas é que creio que plenamente chegue o tempo em que a seguranç social e moral exija que alguém da Sociedade Teosófica expresse a verdade, ainda que lhe caiam em cima os Himalayas. Mas o desvelamento da amarga verdade tem que ser feito com a maior discreção e cautela e vejo que, em vez de conseguir amigos e defensores no campo dos Filisteus, seja neste ou no outro lado dos oceanos, muitos entre vós (incluindo a vós mesmos), criama só inimigos, pondo demasiada ênfase em mim e nas inhas opiniões pessoais. Do outro lado, a irritação é grande e logo encontrareis sinais disso no "Light" em em outras partes; e, vós "perdereis S.M.". Os copiosos exratos fizeram o seu trabalho por que eram muito copiosos. Nenhum poser, seja humano ou superhumano pode jamais abrir os olhos de S.M. - era inútil rasgá-los para que vissem. Por este lado, é pior ainda. A boa gente de Simla não tem inclinações muito metafóricas, e a alegoria não se grudará a sua epiderme da mesma forma que a água nas penas do ganso. Além disso, ninguém gosta que se diga que "cheira mal" e o gracejo extraído de uma observação demasiadamente carregada de profundo sentido psicológico, produziu dano incalculável em esferas onde, de outra maneira, a S.E.T.S.1 poderia haver recrutado mais de um convertido...Mas, devo voltar novamente à carta. A razão mais forte da queixa contra mim reside no fato de que a minha afirmação implica: (a) uma espécie de desafio a S.M. para provar que +2 é um "Espírito"; (b) nosso amigo me acusa severamente por insinuar que + é um mentiroso. Agora bem; quero ser explícito, mas não apologético. Não há dúvida de que eu tinha em mente ambas as coisas, só que apenas para vós, que me havia pedido a informação, de nenhuma maneira para ele. Ele não provou as suas alegações, nem eu esperava que o fizesse, mesmo que pensasse que o podia fazer, já que a afirmativa se baseia inteiramente em sua
própria convicção devido à sua inquebrantável fé em suas próprias impressões. A mim me seria fácil, por outro lado, provar que + não é de modo algum, um espírito desencarnado, não tivesse eu muito boas razões para não fazer isso agor. Eu redigi a minha carta muito cuidadosamente, de moso que, ao mesmo tempo que vos possibilitei ter um relance da verdade, eu vos mostrei muito claramente que eu não tinha o direito de divulgar o "segredo de um Irmão". Mas, meu bom amigo, eu nunca vos disse extamente quem e o que era ele. Eu posia, talvez, ter vos aconselhado para que julgásseis + pelos seus alegados escritos, porque mais afortunados nisso de que Job, todos nossos "inimigos escrevem livros". Sentem-se muito inclinados a ditarem evangelhos "inspirados", e assim ficam presos pela cola da suas próprias retóricas. E quem, entre os espíritas mais intelectuais, que tenham lido as obras completas atribuidas a +, se atreveria a sustentar que, exceção feita a umas poucas páginas extremamente notáveis, o resto não está abaixo do que S.M. poderia ter escrito, e muito melhor? Ficai certo de que nenhum médium inteligente, perspicaz e veraz necessita "inspiração" de um espírito desencarnado. A Verdade se sustentará sem a inspiração de Deuses ou Espíritos, e melhor ainda, se sustentará apesar deles; os "anjos" não fazem, em geral, mais do que ssussurrar falsidades e aumentar o estoque de superstições. É em vista de tais pequenas contrariedades que devo me abster de satisfazer a C.C. Massey. Não me valerei de sua " autoridade", nem vou atender o seu "desejo", e decididamente recuso "comunicar o seu segredo", por ser este de tal natureza, que obstaculiza o seu caminho para a obtensão do adeptado, mas não tem nada a ver com o seu caráter pessoal. Esta informação está sendo dada para vós, como uma resposta à vossa surpreendente pergunta se posia haver quaisquer impedimentos para que eu me comuniocasse com ele e o guiasse para a Luz, mas nunca esteve destinada aos seus ouvidos. Ele pode ter uma página ou duas na história de sua vida que ele preferiria fôsse apagada; mas as suas tendências leais e fiéis sempre lhe
darão precedência e o colocarão muito acima de muitos homens que permaneceram castos e virtuosos somente porque nunca conheceram o que era a tentação. Prefiro me abster, com a vossa bondosa permissão. No futuro, meu caro amigo, teremos que nos limitar inteiramente à filosofia e evitar fofocas familiares. Esqueletos nos aarmários da família, são, às vezes, ainda mais perigosos de se tocar, do que mesmo - os turbantes sujos, meu ilustre e caro amigo. E não deixai que o vosso coração muito sensível seja perturbado, ou que a vossa imaginação vos leve a supor que uma simples palavra do que agora disse tenha o caráer de uma reprovação. Nós, Asiáticos semi-selvagens, julgamos um homem pelos seus motivos, e os vossos são todos sinceros e bons. Mas tendes que relembrar que estais numa escola muito dura, e tratando agora com um mundo inteiramente distinto do vosso. Especialmente, tendes que ter em mente que a mais ligeira causa produzida, mesmo inconscientemente, e por qualquer motivo, não pode ser desfeita, ou interceptar o progresso dos seus efeitos, nem por milhões de deuses, demônios e homens combinados. Daí não deveis me considerar demasiadamente hiper crítico quando digo que todos vós tem sido mais ou menos inprudentes, ssenão indiscretos, aplicando-se este último termo, até aora, só a um dos membros. Portanto - ireis ver, talvez, que os equívocos e desatinos de H.S. Olcott tem um matiz mais claro do que a princípio, pois mesmo os ingleses, muito mais inteligentes, e versados nos modos do mundo, do que ele é, estão também sujeitos a erros. Pois errastes, individual e coletivamente, como será constatado em um futuro próximo; e a istreação e o sucesso da Sociedade se mostrarão muito mais difíceis em vosso caso, já que nenhum de vós estais prepaprdos, como ele está, a seguir qualquer conselho que vos seja oferecido, embora em cada caso, esteja baseado n previsão de acontecimentos iminentes, mesmo quando preditos numa fraseologia que pode ser que não chegue sempre à "altura" do Adepto, como ele deveria ser, de acôrdo com as vossas próprias concepções.
Podeis contar a Massey o que agora digo dele e as razões aduzidas. Podeis, ainda que não o aconselharia, ler esta carta ao ssenhor Hume. Mas eu insistiria enfaticamente sobre a necessidade de usar, mais do que nunc, uma maior discrição. Não obstante a pureza dos motivos, o Chohan poderia, algum dia, considerar somente os resultados e estes podem ameaçar se tornar demasiado desastrosos para que Ele os se por alto. Deveria ser feita uma constante pressão sobre os membros da S.E.S.4, para que freiem as suas línguas e o seu enusiasmo. Entretanto, existe um crescente interesse da opinião pública quanto a vossa Sociedade, e podereis muito em breve ser chamado para definir a vossa posição maiss claramente. Muito em breve terei que deixar-vos durante um período de três meses. Se isso começa em outubro ou em janeiro, dependerá do impulso dado à Sociedade e o seu progresso. Ficaria pessoalmente muito agradecido para convosco se consentísseis bondosamente em examinar um poema escrito por Padshah e emitir a sua opinião acerca dos seus méritos. Considero-o demasiado extenso para o Theosophical Journal, e tampouco os seus méritos literários justificariam a sua pretensão. Mas deixo isso ao vosso melhor discernimento. Estou ansioso que o Journal tenha este ano mais êxito do que teve até agora. A sugestão de traduzir o Grande Inquisitor é minha; porque o seu autor, sobre o qual já pesava a mào da Morte quando o escrevia, deu a descrição mais convincente e verídica, jamais escrita, da Sociedade de Jesus. Há ali contida uma grande lição para muitos, e mesmo vós podereis tirar proveito dela. Meu querido amigo, não deveis sentir-vos surpreendido se vos digo que me sinto realmente cansado e desencorajado diante das perspectivas que tenho pela frente. Temo que não tereis jamais a paciência de esperar o dia quando me seja permitido satisfazê-lo. Há muito tempo o nosso povo começou a traçar certas regras com as quais queria vever de acôrdo. Todas essas regras se tornaram agora LEI.
Nossos predecessores tiveram que aprender tudo o que sabem por si próprios, apenas lhes foi dado o fundamento. Oferecemo-nos para lançr-vos essas fundações, mas vós não quereis aceitar nada que não seja o edifício completo, pronto para ser por vós ocupado. Não me acuseis de indiferença ou negligência ao não receberdes durante diaas, qualquer resposta minha. Muitas vezes não tenho nadaa a dizer porque me fazeis perguntas que não tenho o direito de responder. Mas devo terminar aqui porque o meu tempo é limitado e tenho outro trabalho para fazer. Seu sinceramente. K.H. A atmosfera da casa saturada de brandy, é horrorosa.
Carta Nº 028 (Depois de 20 de Novembro, 1880) Escrita por K.H. para A.O. Hume próximo da data da ruptura final. (1881?) É impossível dizer a data exata desta carta e a data de recebimento é algo incerto, tendo sido anexada à Carta nº.10 (CM-5), que foi recebida por Sinnett nalgum dia depois de 1º. de dezembro de 1880. Sinnett indica 1881 com um ponto de interrogação e anota, "Escrita com vistas ao rompimento final". Isto está incorreto; o "rompimento final" com Hume veio muito mais tarde. Entretanto, é fácil ver como Sinnett pode ter feito esta afirmação, pois na Carta nº.10, o Mahatma K.H. indica mesmo que ele está mandando a sua "espístola final". Conjecturou-se mais tarde que Sinnett frequentemente não datava as cartas senão depois de algum tempo que eram recebidas e neste caso poderia ter acontecido isso. Nota-se também que, nesta Carta nº.11 K.H. diz declinar "por ora" "qualquer correspondência posterior". Assim, a porta não foi finalmente fechada.
Pelo seu conteúdo, depreende-se que esta carta é a resposta à réplica de Hume à primeira carta do Mahatma para ele. Lembrar-se-á que a primeira carta de K.H. para Hume não está nas "Cartas dos Mahatmas", mas aparece em grande parte no "O Mundo Oculto", p.110 e seguintes. Meu querido senhor: Se nenhum outro bem veio da nossa correspondência senão o de nos mostrar mais uma vez quão essencialmente opostos são os nossos dois elemetos antagônicos - o inglês e o hindú, as nossas poucas cartas não terão sido trocadas em vão. É mais fácil o óleo e a água se misturarem nas suas partículas do que um inglês, mesmo inteligente, de nobre mente e ssincero ser levado a assimilar o pensamento exotérico hindú, deixando de lado o seu espírito esotérico. Isso irá, naturalmente, vos provocar um sorriso. Direis "eu esperava isso". Caso assim seja, isso não prova outra coisa senão a perspicácia de um homem de pensamento e observação, que se antecipou intuitivamente ao acontecimento que a sua própria atitude deve precipitar. Perdoai-me se tenho que falar franca e sinceramente de vossa longa carta. Por mai convincente que seja a sua lógica e nobres algumas das suas idéias, e ardente a sua inspiração, ela está aqui, diante de mim, como um autêntico reflexo do espírito desta época contra a qual temos lutado durante todas as nossas vida! Na melhor das hipóteses, ela é o esforço infrutífiero de um intelecto perspicaz, adestrado nos modos de um mundo exotérico, para lançar luz, e julgar os modos de vida e pensamento nos quais não está versado, porque eles pertencem a um mundo totalmente diferente daquele no qual ele atua. Não sois um homem de vaidades mesquinhas. Posso vos dizer sem risco: "Meu querido amigo, aparte isto tudo, estudai a vossa carta imparcialmente, pesai algumas das suas sentenças, e no todo não vos sentireis orgulhoso dela". Se vierdes a apreciar ou não, plenamente os meus motivos, ou julgar erroneamente as verdadeiras causas
que me obrigam a recusar por agora toda correspondência subsequente, no entanto estou confiante de que algum dia ireis confessar que esta vossa última carta, sob a aparência de uma nobre humildade, de confissões de "debilidades e fracassos, defeitos e desatinos", era, pelo contrário (sem dúvida inconsientemente para vós mesmo) um monumento de orgulho, um clamoroso eco do espírito altivo e imperativo que se oculta no fundo do coração de cada inglês. Em seu presente esstado de ânimo é muito provável que, ainda depois de ler esta resposta, dificilmente podereis perceber que não somente falhastes em compreender o espírito no qual foi escrita a última carta que vos dirigi, mas mesmo em algumas partes, não conseguistes captar o seu sentido evidente. Etáveis preocupado por uma idéia simples e totalmente absorvente e fracassando em perceber qualquer resposta direta a ela na minha carta, antes de considerála por algum tempo, e ver a sua aplicação geral e não pessoal, sentastes e me acusastes de vos dar uma pedra quando estáveis pedindo pão! Não se necessita ser um "advogado", nesta ou em qualquer existência anterior para estabelecer simples fatos.NÃO há necessidade alguma de "fazer aparecer o mau como a melhor causa" quando a verdade é tão simples e tão facilmente expressa. A minha observação de que "assumes a posição de que, a menos que alguém proficiente no conhecimento arcano, verta sobre a vossa embriônica Sociedade uma energia..." etc.: aplicastes a vos mesmo, enquanto que nunca teve esse significado. Preferia-se às esperanças de, todos aqueles que poderiam desejar ingressar na Sociedade sob certas condições previamente exigidas e nas quais insistiam firmemente vós e o Sr. Sinnett. A carta, em sua totalidade foi escrita para vós dois, e essa sentença especial aplica-se a todos, em geral. Dizeis que, até certo ponto, interpretei mal a vossa "posição", e que não o compreendi claramente. Isso é tão evidentemente incorreto que será suficiente para eu citar um único parágrafo da vossa carta para mostrar que fostes vós que "interpretastes totalmente mal a minha posição" e "claramente não me
compreendestes". Que outra coisa fazeis senão atuar debaixo de uma impressão errônea quando, em vossa pressa repudiar a idéia de jamais ter sonhado em criar uma "escola", dizeis do aventado "Ramo Anglo-Indiano"- "essa não é uma Sociedade minha...entendi que era o vosso desejo e de todos os Chefes que se criasse a Sociedade e que eu assumisse uma posição preponderante nela". A isso respondi que se bem tem sido o nosso desejo constante de desenvolver no Continente ocidental entre as classes mais educadas, "Lojas" da S.T. na qualidade de precurssoras de uma Fraternidade Universal, isso não era assim em seu caso. Nós (os Chefes e eu) repudiamos por completo a idéia de que essa era a nossa esperança (por mais que poderíamos tê-la desejado) quanto à projetada Sociedade A.I. A aspiração pela fraternidade entre nossas raças não encontrou resposta - não, ela foi ridicularizada desde o começo, e foi abandonada mesmo antes que eu recebesse a primeira carta do Senhor Sinnett. Da sua parte e desde o princípio, a idéia consistiu somente em promover a formação de uma espécie de clube o "escola de magia". Não foi então uma proposição nossa, nem fomos nós os "elaboradores do plano". Por que então tanto esforço para demonstrar que estamos equivocados? Foi Mad. B. (não nós), quem concebeu a idéia; e foi o senhor Sinnett quem a adotou. Não obstante o seu reconhecimento franco e honrado quanto a se sentir incapaz de captar a idéia básica da Fraternidade Universal da Sociedade Matriz, e sendo o seu propósito somente o de cultivar o estudo das Ciências Ocultas - esse reconhecimento devia ter posto de imediato um ponto final a toda insistência posterior por parte de Mad. B., que a princípio conseguiu o consentimento, (com muita relutância devo dizer, de seu próprio Chefe imediato, e depois a minha promessa de cooperação) na medida em que eu a pudesse. Finalmente, por meu intermédio, ela o recebeu de nosso Chefe superior, a quem submeti a primeira carta com que me honrastes. Mas, esse consentimento foi obtido, rogo-vos que lembrais unicamente sob a condição expressa e inalterável de que a nova Sociedade seria fundada como um ramo da Fraternidade
Universal, e que dentre os seus membros, a uns poucos escolhidos (se aceitassem submeter-se às nossas condições em vez de nos ditar as suas), seria permitido que começassem o estudo das ciências ocultas sob a direção escrita de um "Irmão". Mas nunca sonhamos com uma "estufa de truques mágicos". Uma organização como a projetada pelo senhor Sinnett e vós é impensável entre europeus, e torna-se quase impossível mesmo na Índia, a não ser que estejais preparados para atingir uma altura de 5.400 a 6.000 metros no meio das geleiras dos Himalayas. A maior e também a mais promissora de tais escolas na Europa, o último esforço feito nesse sentido, fracassou rotundamente há uns vinte anos em Londres. Foi uma escola secreta para o ensinamento prático da magia, fundada com o nome de um clube, por uma dúzia de entusiastas sob a direção do pai de Lord Lytton. Reuniu, com esse propósito, os mais apaixonados e empreendedores, como também os mais adiantados eruditos em mesmerismo e "magia cerimonial", tais como Eliphas Levi, Regazzoni e o copta Zergvan-Bey. E no entanto, na pestilenta atmosfera de Londres, o "Clube" teve um final prematuro. Eu o visitei, uma meia dúzia de vêzes, mais ou menos, e me dei conta desde o princípio, de que não havia nada para fazer ali e que nada poderia resultar dele. E esta é também a razão porque a S.T. Britânica não progride praticamente um o. Seus membros pertencem a Fraternidade Universal, mas só de nome, e gravitam no melhor dos casos para o Quietismo, essa paralisia completa da alma. São intensamente egoistas em suas aspirações e não colherão outra coisa senão a recompensa de seu egoísmo. Tão pouco fomos nós quem iniciou a correspondência a esta respeito. Foi o senhor Sinnett que, por própria iniciativa, enviou duas grandes cartas a um "Irmão", ainda antes que Mad. B. tivesse obtido a permissão ou promessa de algum de nós de responder-vos, ou soubesse sequer a quem de nós devia entregar a carta. Havendo o seu próprio Chefe recusado categoricamente responder, foi a mim a quem se
dirigiu. Devido a estima que lhe tenho, consenti, dizendo-lhe mesmo que poderia comunicar todos vós o meu nome místico Tibetano e respondi a carta do nosso amigo. Logo chegou a vossa - tão inesperada como a outra. Nem mesmo conhecíeis o meu nome! Mas a vossa primeira carta era tão sincera, seu espírito tão prometedor e as possibilidades que se anteviam para a promoção do bem geral, pareciam tão grandes, que, se não gritei "Eureka" depois de lê-la e não arremessei a minha lanterna de Diogenes longe de mim, foi somente porque conheço muito bem a natureza humana e (e deveis me desculpar), a natureza ocidental. Incapaz, entretanto, de substimar a importância desta carta, levei-a imediatamente ao nosso venerável Chefe. Tudo que pude obter d'Ele foi só a permissão de temporariamente corresponder convosco e permitir que expresseis tudo o que pensais antes de fazer uma promessa definitiva. Nós não somos Deuses, e até eles mesmos, os nossos Chefes só têm esperanças. A natureza humana é insondável e a vossa é, talvez, muito mais que a de qualquer outro homem que eu conheça. A vossa última carta foi certamente, senão um completo mundo de revelação, pelo menos uma adição muito útil ao meu conjunto de observações sobre o caráter ocidental, especialmente o do anglo-saxão moderno, altamente intelectual. Mas isso seria, deveras, uma revelação para Mad. B. que não percebe isso, (e por várias razões é melhor que seja assim) pois isso poderia abater muito a sua presunção e fé nos seus próprios poderes de observação. Eu poderia provar-lhe entre outras coisas, que ela estava muito enganada em relação a atitude do Sr. Sinnett neste assunto, bem como à vossa; e que eu, que nunca tive o privilégio de conhecer-vos pessoalmente, como ela teve, conheço-vos melhor do que ela. Eu tinha positivamente predito para ela a vossa carta. A não ter Sociedade alguma, ela desejava tê-la de qualquer modo e aguardar depois os acontecimentos. Eu a preveni de que não éreis um homem para submeter-se a quaisquer condições que não fossem as vossas, nem sequer de dar um o para a fundação de uma organização, por nobre e grande que fosse, sem
que recebesseis primeiro tais provas como as que nós geralmente damos somente a aqueles que depois de anos de provação, mostraram-se, por completo, dignos de confiança. Ela se rebelou contra a opinião e me assegurou que se eu vos desse uma irrepreensível prova dos nossos poderes ocultos, ficaríeis satisfeito, enquanto que o senhor Sinnett não estaria nunca. E agora que os dois tiveram tais provas, quais são os resultados? Enquanto o senhor Sinnett crê (e não se arrependerá nunca disso), permitistes que a vossa mente se enchesse gradualmente com dúvidas odiosas e as suspeitas mais insultantes. Se tiverdes a bondade de recordar a minha primeira nota breve vinda de Jhelum, vereis a que então eu me referia, ao dizer que vós estaríeis com a mente envenenada. Vós me compreendestes mal, então, como prosseguiu dai em diante: porque nessa nota eu não e referia à carta do senhor Olcott na Gazeta de Bombaim, mas ao estado da vossa própria mente. Esstaria equivocado? Eu sei que não apenas duvidais do "fenômeno do broche" - como positivamente não crêdes nele. Dizeis a Mad. B. que ela possivelmente é uma dessas pessoas que crêem que os meios maus justificam os fins bons e, em vez de esmagá-la com todo o desprezo que tal ação despertaria num homem com os vossos elevados princípios: assegurais à ela a vossa inalterada amizade. Até a sua carta, dirigida a mim, está cheia do mesmo espírito suspeitoso, e o que nunca perdoaríeis em vós mesmo (o crime do engano) tentais persuadir-vos de que podeis perdoá-lo em outra pessoa. Meu querido senhor, estas são contradições extranhas! Havendo-me favorecido com semelhante série de inestimáveis reflexões morais, conselhos e sentimentos, podeis, talvez, permitir-me igualmente dar-vos as idéias de um humilde apóstolo da Verdade, um obvscuro hindú, sobre este particular. Como o homemé umser nasscido com livre arbítrio e dotado de razão, de onde derivam as suas noções de bem e mal, ele não representa per se nenhum ideal moral definido. O conceito de moralidade em geral se relaciona primeiramente e antes que nada, com a intenção ou motivo, e só depois, com os meios ou modos de ação. egue-se daí que se nós não
chamamos moral, e não poderíamos fazê-lo nunca, ao homem que, seguindo as normas de um famoso intrigante religioso, usa meios mauss para um bom propósito, quanto menos moral chamaríamos àquele que usa meios aparentemente bons e nobres para atingir um objetivo decididamente mau ou depreciável? E, de acaôrdo com a vossa lógica, e uma vez que já confessastes tais suspeitas, Mad. B. deveria estar colocada na primeira destas categorias e eu na segunda. Porque, enquanto que a ela outorgais o benefício da dúvida, comigo não usais de tais precauções supérfluas, e me acusais, inequivocamente, de estabelecer um sistema enganoso. O argumento usado em minha carta, com relação à "aprovação do Governo Doméstico" qualificais de "motivos muito baixos", e a isso acrescentais a seguinte esmagadora e direta acusação: "não quereis este Ramo (o Anglo-Indú) para a obra...meramente o desejais como uma atração para os vossos irmãos nativos. Sabeis que isto vai ser uma simulação, mas parecerá suficientemente com a coisa real", etc., etc. Essa é um acusação direta e positiva. Sou considerado culpado de perseguir um objetivo mau e mesquinho por meios baixos e desprezíveis, isto é, por meios excusos... Ao escrever essas acusações não parastes para pensar, que como a projetada organização tinha em vista algo maaior, mais nobre, e muito mais imnportante do que a mera gratificação dos desejos de uma pessoa solitária, conquanto digna que, em caso de sucesso em promover a segurnça e bem estar de toda uma nação conquistada, é claramente possível que, o que pode mostrar-se para o vosso orgulho individual como "uma baixo motivo" é, antes de tudo, apenas a ansiosa busca de meios que seriam a salvaçõ de todo um país continuamente objeto de descrétido e suspeitas, a proteção do conquistado pelo conquistador! Eu sei que vos orgulhais em não serdes patriota - Eu não, porque aprendendo aamar o seu país, o homem aprende a amar mais a humanidade. Em 1857, a ausência do que denominais de "baixos motivos" levou os meus compatriotas a serem dizimados pelos vossos com as salvas dos seus
canhões. Por que então, eu não haveria de crer que um autêntico filântropo consideraria a aspiração por um melhor entendimento entre o Governo e o povo da Índia como algo muito recomendável em vez de muito vil? "Não dou nada" como dizeis, pelo conhecimento e a filosofia em que está baseado, "se não fosse de algum proveito para a humanidade", se isso não "me capacitasse par ser mais útil à minha geração", etc., etc. Mas, quando vos oferecem os meios par fazer esta boa obra, vos afastais com desprezo com um "insulto" e uma "simulação"! Verdadeiramente maravilhosas são as contradições contidas na vossa notável carta... E então rides vigorosamente diante da idéia de uma "recompensa" ou "aprovação" dos vossos semelhantes. "A recompensa que espero", dizeis, "consistirá em ganhar a minha auto-aprovação". "Uma aprovação própria" a que importa tão pouco o veredito corroborativo da maior parte do mundo, para o qual os atos bosn e nobres de um indivíduo seriam como ideais elevados e os mais poderosos estimulantes para uma emulação, não é outra coisa que o egoismo orgulhoso e arrogante! É ELE MESMO contra toda crítica; "Apres moi - le deluge", exclama o francês com a sua petulância costumeira! "Antes que Jehovah fôsse, EU SOU"! disse o Homem - o ideal de todo inglês intelectual moderno. Encantado como me sinto ante a idéia de ser o canal que lhe proporciona tanta satisfação, isto é, ao vos pedir par traçar um plano geral para a formação do Ramo AngloIndiano, no entanto sou forçado a dizer-lhe de novo que o vosso sorriso foi prematuro, pois mais uma vez mal interpretastes a minha intenção. tivesse eu pedido o vosso auxílio na organização de um sistema par o ensino das ciências ocultas, ou um plano para uma "escola de magia", o exemplo que trouxestes de um rapaz ignorante, solicitado a resolver "um complexo problema com relação ao movimento de um fluido no interior de um outro fluido", teria sido muito feliz. Tal como está, a vossa comparação não vem ao caso e a ponta de ironia não fere a ninguém; pois o que mencionei dizia respeito apenas ao plano geral e à istração externa da projetada Sociedade e nada tinha a ver com os seus estudos
esotéricos, mas com o Ramo da Fraternidade Universal, não com a "Escola de Magia" - a formação da primeira era a condição sine qua non para a segunda. É óbvio que, em um assunto como ese, da formação de um Ramo Anglo-Indiano, a ser composto de ingleses e destinado a servir de laço de união entre os britânicos e os nativos, (e no qual seria condição que aqueles que quizessem compartilhar da sbedoria secreta, a herança dos filhos desta terra devem estar dispostos a conceder a estes nativos, pelo menos, alguns privilégios até agora recusados) vós, ingleses, são muito mais competentes do que nós para esboçar um plano geral. Conheceis bem as condições que seriam provavelmente aceitas ou rechaçadas, e nós nõ. Eu lhe pedi um esbosço de um plano e entendestes que eu clamava por cooperação nas instruções a serem dadas nas ciências espirituais! Um quid pro quo dos mais infortunados e, entretanto, o senhor Sinnett parece ter entendido o meu desejo à primeira vista. Pareceis, outra vez, demonstrar o desconhecimento da mente Hindú quando dizeis que "nem uma só entre dez mil mentes nativas está bem preparada para copmpreender e assimilar verdades transcedentais como a minha". Por mais que possais ter razão em pensar que "entre os homens de ciência ingleses não se encontra nem meia dúzia cujas mentes sejam mais capazes de receber estes rudimentos (do conhecimento oculto) do que a minha" (a vossa), estais enganado quanto aos nativos. A mente Hindú é preeminentemente aberta para a rápida e clara percepção das mais transcedentais e mais complexas verdades metafísicas. Alguns dos mais iletrados captam em um relance o que poderia escapar, com frequência, ao melhor metafísico ocidental. Podeis ser, e com certeza sois superiores a nós em qualquer ramo do conhecimento físico; em ciências espirituais nós fomos, somos e seremos sempre vossos MESTRES8. Mas permitai-me perguntar-vos o que posso eu, um nativo semi-civilizado, pensar da caridade, modéstia e bondade de alguém pertencente a
uma raça superior; alguém a quem conheço pelas suas nobres intenções, justo e de bom coração na maioria das circunstâncias de sua vida, quando, com mal disfarçado desdem, exclama: "se quereis homens que se lancem com os olhos vendados, despreocupados dos ulteriores resultados, conformai-vos com os vossos Olcotts; se quereis homens de uma CLASSE MAIS ELEVADA cujos cérebros funcionem eficazmente em prol de vossa causa recordai..." etc. Meu querido senhor, nem queremos que os homens se precipitem cegamente nem estamos dispostos a abandonar a provados amigos que preferem ar por tolos, do que revelar o que possam ter aprendido debaixo de solene promessa de não o revelar jamais a menos que lhes seja permitido - mesmo com a possibilidade de atrair indivíduos da mais alta classe, nem estamos especialmente ansiosos para conseguir alguém que trabalhe para nós, exceto com inteira espontaneidade. Desejamos corações verdadeiros e inegoistas, almas confiantes e intrépidas0, e estamos completamente de acôrdo em deixar que os homens de "classe mais elevada" e de intelecto muito superior procurem o seu próprio caminho para a luz. Esses sempre nos considerarão como sendo seus subordinados. Creio que essas citações da vossa carta e as francas respostas que provocaram, são suficientes para vos mostrar quão distantes estamos de uma entente cordiale1. Demonstrais um espírito de impetuosa combatividade e um desejo - perdoai-me - de lutar contra as sombras evocadas pela vossa própria imaginação. Tive a honra de receber as vossas três longas cartas antes que mal tivesse tempo de responder em termos à primeira. Eu nunca positivamente, recusei atender os vossos desejos, nem havia sequer respondido a uma só pergunta vossa. Como podíeis saber o que o Futuro lhe reservava se tivésseis esperado somente uma semana? Convidai-me para uma conferência, unicamente, segundo parece, para poder demonstrar-me os defeitos e debilidades dos nossos modos de ação e as causas do nosso suposto fracasso em desviar a humanidade dos seus maus caminhos. E na vossa cartaa
mostrais claramente que vos considerais como sendo o princípio, o meio e o fim da lei para vós mesmo. Por que, então, dai-vos ao trabalho de escreverme? Mesmo aquilo que chamais de "flexa Parta" jamais foi escrito com tal intenção. Não sou eu, quem, não podendo alcançar o absoluto, iria depreciar ou substimar o relativamente bom. Os vossos "arinhos" têm, feito, sem dúvida, já que assim o credes, muito bem à sua maneira, e eu nunca sonhei em ofendê-lo com a minha observação de que a raça humana e seu bem estar eram, pelo menos, um estudo tão nobre, como o bem estar é uma ocupação tão desejável como o é a ornitologia. Mas não estou muito seguro de que a vossa observação de despedida quanto a não sermos invuneráveis como grupo, é completamente livre daquele espírito que animava os Partos retirantes. Seja como for, estamos contentes de continuar vivendo como o fazemos, desconhecidos e imperturbados por uma civilização que se apoia tão exclusivamente no intelecto. Nem nos sentimos, de qualquer modo, preocupados acerca do ressurgimento de nossas antigas artes e elevada civilização, porque tão certo a sua era, estas retornará e em forma ainda mais elevada, assim como acontecerá aos plesiosaurios e megatérios. Temos a inclinação de crer em ciclos que voltam sempre periodicamente e esperamos poder acelerar a ressurreição do que já ou e se foi. Nós não poderíamos impedí-lo ainda que o quizéssemos. A "nova civilização" será senão a filha da antiga, e apenas temos que deixar que a lei eterna siga o seu próprio curso para que os nossos mortos saiam dos seus sepulcros; mas estamos certamente ansiosos de apressar o desejado acontecimento. Não temais; embora "nos aferrremos supersticiosamente às relíquias do ado", o nosso conhecimento não desaparecerá da vista humana. ele é o "dom dos deuses" e a mais preciosa relíquia de todas. Os guardiães da Luz sagrada não atravessaram vitoriosamente tantos séculos apenas para se acharem como náufragos nas rochas do ceticismo moderno. Nossos pilotos são
marinheiros bastante peritos a ponto de que temamos tal desastre. Acharemos sempre voluntários para substituir as fatigadas sentinelas, e o mundo, mau como o é no presente período de transição, pode nos fornecer, de vez em quando, alguns homens. Vós "propondes não ir mais adiante no assunto" a menos que demos "algum novo sinal"? Meu estimado senhor, cumprimos os nossos deveres; respondemos ao vosso apelo e agora nos propomos a não tomar outro o. Nós, que temos estudado algo dos ensinamentos morais de Kant e os analizamos com bastante cuidado, chegamos à conclusão de que mesmo as opiniões deste grande pensador acerca dessa forma de dever (das Sollen) que define os métodos da ação moral, não obstante as suas afirmações unilaterais em contrário, não chegam a uma plena definição de um princípio de moralidade incondicional e absoluta, tal como nós o entendemos. E esta nota Kantiana ressoa através de toda a vossa carta. Vós que amais tanto a humanidade, dizeis, que se não fôsse a vossa geração se beneficiar com isso, rechaçaríeis o próprio "Conhecimento". E, entretanto, este sentimento filantrópico não parece vos inspirar com a caridade em direção àqueles que considerais como sendo de uma inteligência inferior. Por que? Simplesmente porque a filantropia de que vós pensadores ocidentais, vos orgulhais, carece de caráter universal, isto é, que, nunca tendo sido estabelecida sobre a base firme de um princípio teórico, e que, principalmente entre os onipresentes pregadores Protestantes, isso é uma mera manifestação acidental mas não uma LEI reconhecida. A análise mais superficial mostrará, que, tanto quanto qualquer outro fenômeno empírico da natureza humana, não pode ele ser aceito como sendo um padrão absoluto de atividade moral; isto é, algo conducente a uma eficiente ação. Dado que, em sua natureza empírica essa espécie de filantropia é como o amor, mas algo acidental, excepcional, e como tal tem as suas preferências e afinidades egoistas, ela é necessariamente incapaz de aquecer a toda a humanidade com seus raios beneficientes.
Esse, eu penso, é o segredo do fracasso espiritual e do egoismo inconsciente desta época. E vós, de outra forma um bom e sábio homem, ando-vos despercebido, o tipo do espírito desta época, sois incapaz de compreender as nossas idéias sobre a Sociedade como Fraternidade Universal, e portanto voltai-lhe o rosto. A vossa consciência, dizeis, se rebela diante da idéia de se tornar "um pretexto marionete movido por vinte ou mais manipuladores ocultos". Que sabeis de nós, a quem não podeis ver? Que sabeis de nossos alvos e objetivos; e de nós, a quem não podeis julgar?... perguntais. Extranhos argumentos. E supondez realmente que nos conheceríeis e que penetraríeis melhor em nossos "alvos e objetivos" caso viésseis a me ver pessoalmente? Tenho receio, que com nenhuma experiência do ado desta espécie, mesmo os vossos poderes naturais de observação - conquanto mais agudos que sejam - teriam que ser considerados mais do que inúteis. Pois, meu querido senhor, mesmo os nossos Baharoopias podem provar qualquer dia sua capacidade de hábeis competidores diante do mais perspicaz residente político, e nem um só deles foi descoberto ou sequer reconhecido; e os seus poderes mesméricos não são da classe mais elevada! Por mais suspeitas que possais abrigar acerca dos detalhes do "broche", há um fator primordial no caso, que a vossa astúcia já vos sugeriu que só pode ser explicado pela teoria de uma vontade mais forte influenciando a senhora Hume para que ela pensasse neste objeto particular e não em outro. E se à Mad. B.19, uma mulher enfermiça devem ser creditados tais poderes, estais tão seguro de que vós mesmo não poderíeis render-vos diante de uma vontade exercitada, dez vêzes mais poderosa do que a dela? Eu poderia chegar à sua casa amanhã, e instalando-me ali, tal como fiu convidado; alcançar um domínio completo sobre toda a vossa mente e corpo em 24 horas, sem que, em nenhum momento, désseis conta disso. Posso ser um homem de boa índole, ou posso ser facilmente, pois que nada sabeis a meu respeito, um intrigante maligno, odiando profundamente a vossa raça branca que
subjugou e humilha diariamente a minha, e vingar-me em vossa pessoa, um dos melhores representantes daquela raça. Se apenas fôsse empregado o poder do mesmerismo exotérico, poder que é adquirido com igual facilidade, tanto pelo homem mau como pelo bom, mesmo assim dificilmente poderíeis escapar dos laços lançados para aprisioná-lo, se o convidado fôsse apenas um bom mesmerizador, porque sois um sujeito notavelmente fácil de dominar, do ponto de vista físico. "Mas a minha consciência, a minha intuição!", podeis agumentar. Mísera ajuda num caso como o meu. A vossa intuição vos faria sentir somente o que fôsse realmente, na ocasião; e quanto a vossa consciência aceitaríeis por acaso, a definição de Kant a respeito dela? Vós, talvez, acreditais como ele que, sob todas as circunstâncias, e mesmo com a plena ausência de noções religiososas definidas, e ocasionalmente mesmo quaisquer noções firmes acerca do certo e do errado, o HOMEM tem sempre um guia seguro em suas percepções morais íntimas ou consciência? É o maior dos enganos apesar de toda a formidável importância deste fator moral, ele tem um defeito radical. A consciência, como já foi notado, pode muito bem ser comparada a esse "Espírito"0 cujas orientações eram escutadas com tanto zelo por Sócrates, às quais obedecia prontamente. Como esse "Espírito", a consciência pode, talvez, nos indicar o que não devemos fazer, mas nunca nos guiará para o que devemos cumprir, nem dará propósito definido à nossa atividade. E nada pode ser adormecido com mais facilidade e até completamente paralizado do que esta mesma consciência, por uma vontade treinada mais forte do que a do seu possuidor. A vossa consciência não vos fará saber NUNCA se o mesmerizador é um verdadeiro Adepto ou um hábil impostor, uma vez que ele tenha cruzado o limiar e obtido o controle do aura que circunda a vossa pessoa1. Falais de abster-vos de tudo menos de um trabalho inocente como o de colecionar pássaros desde que não haja o perigo de criar outro monstro no estilo de Frankenstein... A imaginação, assim como a vontade, cria. A suspeita é o agente mais provocativo da imaginação... Cuidado! pois já
gerastes em vós mesmo o germem de um futuro e horrendo monstro, e em vez de realizar os vossos ideais mais elevados e puros, podereis algum dia evocar um fantasma que, fechando toda a agem à luz, vos deixaria em trevas piores do que antes, atormentando-vos até o fim da vossa vida2. Expressando de novo a esperança de que minha candura não vos ofenda, fico, como sempre, querido senhor, Seu servidor mais obediente, KOOT HOOMI LAL SINGH Para: A.O. Hume, Esq.
Carta Nº 029 (De M. a A.P.Sinnett. Fins de Outubro 1881). Esta é a carta mais longa do Mahatma M., dirigida igualmente a Sinnett e Hume. Em seu número de 3 de setembro de 1881, a "The Saturday Review", uma publicação espírita inglesa, atacou H.P.B. e Olcott como "aventureiros inescrupulosos". Hume escreveu um artigo em defesa deles, evidentemente ignorado pela "The Saturday Review", mas, posteriormente, publicado nos números de dezembro de 1881 e janeiro de 1882 do "The Theosophist". Neste artigo, Hume referiu-se às cartas para H.P.B., vindas de seu tio, Major General H. Fadeev e do Príncepe Dondoukoff Korsakoff. Demorou um pouco encontrarmos a própria referência de H.P.B. a estas cartas que ajudavam a estabelecer a sua identidade numa época em que era acusada de ser uma espiã russa, uma aventureira, e assim por diante. Pode ter sido este artigo de Hume que levou o Mahatma ao senso de obrigação para com ele. O próprio Mahatma diz que considera a dívida de gratidão tão sagrada "que agora faço pelo bem dela o que eu poderia ter recusado fazer, mesmo para a Sociedade".
Neste ponto seria muito bom examinar uma carta para Sinnett, escrita no começo de novembro de 1881 por H.P.B., relacionando sete assuntos que ela tinha sido instruida pelo Mahatma M. a transmitir para Sinnett. Essa é a Carta 4, entre as cartas de H.P.B. para Sinnett, pp.5-6 (Veja Apêndice III deste livro). Em resposta à vossa eu tenho que responder com uma carta mais longa. Para começar, posso dizer o seguinte: o Sr. Hume pensa e fala de mim em uma forma que merece menção até onde ela afeta a disposição de ânimo com que propõe solicitar-me instrução filosófica. A seu respeito eu me importo tanto quanto ele com o meu desagrado. Mas, ando por cima da sua incompatibilidade superficial, reconheço plenamente a bondade de suas intenções, suas aptidões e sua utilidade potencial. Faríamos melhor se começarmos a trabalhar sem mais digressões e enquanto ele persevere, encontrarme-á disposto a ajudá-lo, mas não a adulá-lo ou disputar. Ele interpretou tão mal o espírito no qual, o Memorando e o pós-escrito foram redigidos, que, não tivesse ele me colocado durante os últimos três dias sob débito de profunda gratidão pelo que ele está fazendo pela minha velha e pobre chela, nunca teria me dado ao trabalho de fazer o que poderia parecer com uma desculpa ou uma explicação, ou ambas as coisas. Seja como fôr, essa dívida de gratidão é tão sagrada, que faço agora por ela o que poderia mesmo ter recusado fazer pela Sociedade: peço a permissão dos Sahibs para familiarizá-los com certos fatos. O funcionário inglês mais sagaz não conhece as nossas maneiras indo-tibetanas. A informação agora dada poderá ser de utilidade para as nossas futuras relações. Terei de ser sincero e falar claro, e o Sr. Hume terá que perdoar-me. Uma vez que sou obrigado a falar, devo dizer TUDO ou não dizer nada. Não sou um refinado erudito, Sahibs, como o meu abençoado Irmão; entretanto, creio entender o valor das palavras. E, sendo assim, então, sou incapaz de compreender o que pode ter havido em meu pós-escrito para provocar o
irônico desgosto no senhor Hume contra mim. Nós, moradores das cabanas indo-tibetanas, não disputamos nunca (isto é em resposta a alguns pensamentos expressados em relação ao assunto). Deixamos as lutas e mesmo as discussões para aqueles que, incapazes de avaliar uma situação num relance, são, dessa maneira, forçados, antes de chegar a uma decisão final, a analizar e pesar ponto por ponto e repetidamente, mesmo, a cada detalhe. Sempre que nós - pelo menos aqueles dentre nós que são dikshita, parecemos, portanto, a um europeu não "inteiramente seguro de nossos fatos", isso pode, com frequência, dever-se à seguinte peculiaridade; aquilo que a maioria dos homens considera como um "fato", não nos parece mais que um simples RESULTADO, uma constatação que não merece a nossa atenção, atraída geralmente por fatos primários. A vida, estimados Sahibs, mesmo quando indefinidamente prolongada, seria demasiado curta para que sobrecarregássemos nossos cérebros com pequenos detalhes, meras sombras. Ao observar o desenvolvimento de uma tempestade, nós fixamos nosso olhar na causa que a produz e abandonamos as nuvens ao capricho do vento que as modela. Tendo sempre os meios à mão, sempre que absolutamente necessário, de trazer ao nosso conhecimento os menores detalhes, nós nos ocupamos apenas dos fatos principais. Daí que, dificilmente podemos estar absolutamente equivocados como muitas vêzes nos acusais, pois as nossas conclusões jamais são tiradas de dados secundários, mas da situação como um todo. Por outro lado, o homem comum - mesmo entre os mais intelectuais - que dão toda a sua atenção ao testemunho das aparências e forma externa, incapazes como são de penetrar a priori até o cerne das coisas, tendem bastante a julgar erroneamente a situação em seu todo, sendo levados a descobrir o seu engano quando já é demasiadamente tarde. Devido à política complicada, aos debates e ao que denominais caso não esteja enganado, de conversação
social, controvérsias e discussões de salão, a sofistica chegou a ser na Europa (portanto, entre os anglo-indianos) "o exercício lógico das faculdades intelectuais", enquanto que para nós nunca superou o seu estágio original de "raciocínio enganador", premissas cambaleantes e inseguras das quais se derivam, se formam e se estabelecem, a maioria das conclusões e opiniões. Novamente, nós, ignorantes asiáticos do Tibet, acostumados mais a seguir o pensamento de nosso interlocutor ou correspondente, do que as palavras com que ele o reveste, preocupamo-nos geralmente muito pouco com a exatidão das suas expressões. Pois bem, esta introdução parecerá tão ininteligível como inútil para vós, e talvez perguntais onde quero chegar com tudo isso? Paciência, vos rogo, porque tenho algo mais a dizer antes da nossa explicação final. Há alguns dias, antes de nos deixar, Koot Hoomi me disse, falando a vosso respeito, o seguinte: "Sinto-me cansado e desanimado com essas intermináveis discusssões. Quanto mais me esforço em explicar a ambos as circunstâncias que nos controlam e interpõem entre nós tantos obstáculos a um livre intercâmbio, menos me entendem! Sob os aspectos mais favoráveis, esta correspondência será sempre insatisfatória, às vêzes exasperante mesmo; pois nada os satisfará por completo, a não ser entrevistas pessoais nas quais poderia haver discussão e solução imediata de dificuldades intelectuais, conforme se apresentem. É como se estivéssemos berrando um para o outro através de uma intransponível ravina e somente um de nós vendo o seu interlocutor. De fato, não há em nenhum lugar na natureza física um abismo montanhoso tão desesperadamente intransponível e obstrutivo ao viajante como esse de natureza espiritual, que os mantém afastados de mim". Dois dias mais tarde, quando o seu "retiro" doi decidido, ao partir ele me perguntou: "Cuidareis do meu trabalho, vereis que não caia em ruínas?" Prometi. O que eu não lhe teria prometido naquela hora? Em um certo lugar, que não deve ser mencionado a extranhos, existe um
abismo, atravessado por uma frágil ponte de fibras entrelaçadas, com uma impetuosa correnteza em baixo. O mais intrépido membro dos vossos clubes alpinos, dificilmente ousaria aventurar-se em á-la, porque a ponte está pendurada como uma teia de aranha e parece apodrecida e intransponível. E, no entanto, não é assim; e aquele que ousa enfrentar a prova e tem êxito (como o terá se estiver certo de que lhe seja permitido), chega à uma garaganta de insuperável beleza de cenário - a um dos nossos lugares e até a alguns de nossa gente, em relação aos quais não existe nem anotação nem descrição entre os geógrafos europeus. À distância do arremesso de uma pedra desde a velha Lamaseria, ergue-se a antiga torre dentro da qual desenvolveram-se gerações de Bodhisatvas. É aí, onde descansa agora, aparentemente sem vida, o vosso amigo, meu Irmão, a luz de minha alma, a quem fiz uma solene promessa de velar pela sua obra durante a sua ausência. E seria cabível, pergunto-vos, que apenas ados dois dias depois do seu retiro, eu, seu fiel amigo e Irmão, poderia ter gratuitamente demonstrado falta de respeito para com os seus amigos europeus? Que razão haveria e o que poderia ter suscitado uma idéia como essa na mente do Sr. Hume e mesmo na vossa? Devido a uma palavra ou duas inteiramente mal compreendidas e mal aplicadas por ele. Eu irei provar isso. Não achais que se a expressão usada "chegando a odiar o sutphana tivesse ido substituida por "chegando a sentir novamente relances de antipatia" ou de irritação temporária, só esta frase teria maravilhosamente mudado os resultados? Tivesse ela sido assim formulada, o Sr. Hume dificilmente teria encontrado uma oportunidade de negar o fato em forma tão terminante como o fez. Porque nisso ele tem razão e a PALAVRA é incorreta. É uma afirmação perfeitamente correta dizer que um sentimento de ódio como esse nunca existiu nele. Resta ver se será também capaz de protestar contra a declaração em geral. Ele confessou o fato de que estava "irritado" e teve um "sentimento de desconfiança" ocasionado por H.P.B. Esssa "irritação", como ele não o
nega mais, perdurou por alguns dias. Onde ele então encontra a incorreção? Vamos itir ainda, que a palavra usada fôsse incorreta. Então, já que ele é tão escrupuloso na escolha das palavras, tão desejoso de que traduzam sempre o exato sentido, porque não aplica a si mesmo igual norma de ação? O que poderia ser facilmente perdoado a um asiático ignorante do idioma inglês, quem, ademais, nunca teve o costume de escolher as suas expressões, pelas razões acima citadas e porque não podia ser mal interpretado entre a sua gente, deveria ser inexcusável em um inglês educado e altamente ilustrado. Escreve em sua carta a Olcott: "Ele (eu) ou ela (H.P.B.) ou entre os dois, confundiram e interpretaram tão mal uma carta escrita por Sinnett e por mim, que isso conduziu a que recebêssemos uma mensagem totalmente inaplicável às circunstâncias, que necessariamente criou desconfiança". Solicito humildemente permissão para fazer uma pergunta: quando foi que ela ou eu, ou nós dois vimos e lemos e daí, "confundimos e interpretamos erroneamente" a carta em questão? Como poderia ela ou eu termos confundido o que ela não havia visto nunca e eu, não tendo a tendência nem o direito de ver, nem de imiscuirme em um assunto concernente apenas ao Chohan5 e a K.H., em questão, de que foi em consequência dessa vossa carta que eu a enviei à residência do senhor Sinnett com a mensagem? Eu estava ali, respeitados Sahibs, e posso repetir o que ela disse, palavra por palavra; "Que é isso?... Que estáveis fazendo, ou dizendo a K.H." - ela gritou no seu estado usual nervoso e excitado para o Sr. Sinnett que estava sozinho no quarto - "para que M. (indicando a mim) estivesse tão irritado e me dissesse que me preparasse para partir e instalar o nosso quartel general no Ceilão?" estas foram as primeiras palavras que ela disse, assim mostrando que não sabia nada com certeza, e o expressou menos ainda e que simplesmente inferiu com base no que eu lhe havia dito. E o que eu lhe dissera foi simplesmente que seria melhor que ela se preparasse para o pior e partir para o Ceilão, ali
se instalando, e que deixasse de ser tola, tremendo a cada carta que lhe fôsse dada para enviar a K.H.; e que, a menos que aprendesse a se controlar melhor do que fazia, eu ia pôr ponto final ao assunto dos dak6. Eu lhes disse estas palavras, não porque eu tivesse algo a ver com a vossa carta ou qualquer outra, nem em consequência de qualquer carta enviada, e sim porque sucedeu que eu vi toda a aura que circunda os novos Ecléticos e a ela mesma, negra e prenhe de intrigas, e a mandei dizer isso ao senhor Sinnett, não ao senhor Hume. A minha observação e mensagem, a pertubaram do modo mais ridículo (devido a sua infortunada disposição e aos seus nervos desequilibrados) e isso motivou a bem conhecida cena. É por causa dos fantasmas da ruína teosófica, evocados pelo seu cérebro desequilibrado, que ela é agora acusada - em minha companhia - de ter confundido e interpretado erroneamente uma carta que ela nunca viu? Caso exista na afirmação do Sr. Hume uma só palavra que possa ser chamada de correta - o termo "correta" está sendo agora por mim aplicado para o real significado de toda a sentença, não meramente a palavras isoladas - eu deixo para o julgamento de mentes superiores às dos Asiáticos. E se posso quetionar a exatidão da opinião de alguém, tão vastamente superior a mim no que se refere à educação, inteligência e agudeza na percepção da eterna adequação das coisas tendo em vista a explicação acima mencionada porque haveria de ser considerado "absolutamente equivocado" pela seguine afirmação: "Vi também o crescimento de uma repentina antipatia (diremos irritação) engendrada pela desconfiança (tendo o Sr. Hume confessado e usado idêntica expressão em sua resposta a Olcott, - compare, por favor, a citação da sua carta como foi dada acima) no dia que a mandei com uma mensagem para a residência do senhor Sinnett". É isso incorreto? E além disso: "eles sabem quão excitada e desequilibrada ela está, e este sentimento hostil da parte dele foi quase cruel. Durante dias inteiros mal olhou para ela, deixando de lhe falar - inflingindo uma severa e desnecessária dor à
sua natureza hiper sensível. e quando isso lhe foi dito pelo Senhor Sinnett, ele negou o fato"! Esta última frase, que continua na página 7 com muitas outras verdades semelhantes, eu separei junto com o resto (conforme podeis averiguar com Olcott, que lhe dirá haver originalmente 12 páginas e não 10, e que ele enviou a carta com muito mais detalhes do que podeis achar agora nela, pois ele não está ciente do que eu fiz e, porque foi feito. Não querendo relembrar ao Sr. Hume os detalhes a muito esquecidos por ele e irrelevantes no caso em questão, eu arranquei a página e risquei muito do restante. Seus sentimentos tinham já mudado e eu estava satisfeito.) Agora a questão não é se o Sr. Hume se importa muito, se os seus sentimentos se comprazem comigo ou não, mas sim, se ele se baseava em fatos para escrever a Olcott como o fez, isto é, se eu tinha inteiramente mal interpretado os seus reais sentimentos. Eu digo que ele não se baseava. Ele não pode mais impedir-me de estar "desgostoso", assim como eu posso dar-me ao trabalho de fazer com que se sinta de modo diferente de como se sente agora, ou seja, que a ele pouco importa se os seus sentimentos me desgostam ou não. Tudo isso é uma criancice; e aquele que está desejoso de aprender como beneficiar a humanidade, e crê que é capaz de ler o caráter das outras pessoas, tem que começar primeiro de tudo, a aprender a conhecer-se a si mesmo, a fim de compreender o seu próprio caráter no seu verdadeiro valor. E isso, aventuro-me a dizer, de modo algum ele aprendeu. E ele tem também que aprender em que casos particulares os resultados podem, por sua vez, se tornarem causas primárias e importantes, quando o resultado se torna um Kyen7. Tivesse ele a odiado com o mais amargo dos seus ódios, ele não poderia ter torturado os seus nervos totalmente sensitivos de forma mais efetiva do que o fez, conquanto, "ainda amando a querida velha Dama". Procedeu assim com todos que mais amava, e inconscientemente para consigo mesmo, voltará a fazê-lo mais ainda no futuro; entretanto, o seu primeiro impulso sempre será o de negá-lo, porque, na
verdade, é inconsciente totalmente do fato, estando nesses casos a extrema bondade de seu coração por inteiro cega e paralizada por outro sentimento que, caso lhe seja indicado, negará também. Se desanimar-se antes os seus apelidos de "ganso" e "Don Quixote", fiel à promessa que dei ao meu abençoado Irmão, eu lhe falarei a respeito disso, quer goste ou não; porque agora, que manifestou abertamente os seus sentimentos, teremos que nos entender ou romper relações. Isto não é "uma ameaça semi velada", como ele o expressa por "uma ameaça a um homem é como o latido de um cão", não significa nada. Digo que, a menos que compreenda quão inaplicável é para nós o critério pelo qual ele está acostumado a julgar as pessoas ocidentais de sua própria sociedade, seria implesmente uma perda de tempo para mim ou para K.H. ensinar e para ele aprender. Nós nunca consideramos uma advertência amistosa como uma "ameaça", nem nos sentimos irritados quando ela nos é oferecida. Ele diz que, pessoalmente, não se importa o mínimo "caso os Irmãos rompam amanhã as relações com ele"; uma razão suficiente para que cheguemos a um entendimento. O Sr. Hume se orgulha em pensar que nunca teve "um espírito de veneração" por alguma coisa a não ser pelo seus ideais abstratos. temos plena consciência do fato. Nem poderia ele possivelmente sentir venereação por alguém ou por algo, já que toda a veneração de que é capaz a sua natureza, está concentrada nele mesmo. Este é um fato e a causa de todos os desgostos de sua vida. Quando os seus numerosos "amigos" oficiais e a sua própria família dizem que isso é presunção, eles estão equivocados e dizem uma verdadeira tolice. Ele é demasiado intelectual para ser presunçoso: ele é, simples e inconscientemente, a personificação do orgulho. Não teria veneração nem mesmo para o seu próprio Deus, não fôsse esse Deus - da sua própria criação e formação; e essa é a causa pela qual nunca ele poderia se tornar receptivo a qualquer doutrina estabelecida, nem nunca se submeteria a nenhuma filosofia que não surgisse toda armada, como a Saraswati grega, ou Minerva, do seu próprio cérebro. Isso poderia esclarecer o
fato de eu ter recusado dar-lhe, durante o curto período da minha instrução, nada a não ser meios problemas, sugestões e dilemas para que ele resolvesse por si mesmo. Porque somente assim acreditaria quando a sua própria e extraordinária capacidade para captar a essência das coisas lhe mostrasse claramente que isso deve ser assim desde que se ajuste com o que ele concebe ser matematicamente correto. Se ele, tão injustamente, acusou K.H., por quem sente real afeto, de sentir ressentimento por sua falta de reverência para com ele, é porque construiu o seu ideal do meu irmão segundo a sua própria imagem - O Sr. hume nos acusa de nos sobrepormos a ele de Haut en bas! Se tão somente ele soubesse que para nós um honesto limpador de bota é tão bom quanto um rei honesto, e que um varredor imoral, muito melhor e mais desculpável do que um imperador imoral, nunca teria proferido tal absurdo. O Sr. hume se queixa (mil perdões, "gargalhadas", é o termo correto) de que nós mostramos desejos de sentar sobre ele. Eu me atrevo a sugerir muito respeitosamente, que é, em absoluto, vice-versa. É o senhor Hume (de novo em forma inconsciente e cedendo a um hábito de toda vida) que ensaiou esta desmedida atitude para com o meu irmão em cada carta que escreveu a Koot Hoomi. E quando certas expressões, denotando o seu fogoso espírito de auto-aprovação e confiança em si mesmo e que chegavam ao ápice do orgulho humano, eram observadas e delicadamente contraditadas pelo meu irmão, o senhor Hume de imediato deu-lhes outro siginificado delas e acusando K.H. de o ter interpretado mal, considerando-o soberbo e " arrogante": Será que eu acusei então de falta de equidade, injustiça ou algo pior? Decididamente não. Jamais um homem honesto, sincero ou bondoso como ele respirou sobre os Himalayas. Eu conheço ações suas, das quais a sua família e senhora são completamente ignorantes - de tal nobreza, bondade e grandeza, que mesmo o seu orgulho é incapaz de perceber absolutamente. De modo que tudo o que ele pudesse dizer ou fazer não poderia diminuir o meu respeito por ele: mas apesar de tudo isso, - sou forçado a dizer-lhe a verdade: ao mesmo tempo que essa parte do seu caráter merece toda a minha
iração, o seu orgulho nunca obterá a minha aprovação, - pela qual, novamente, o Sr. hume não se importará nem um pouco; mas isso, na verdade, interessa muito pouco. O homem mais sincero e franco da Índia, o senhor Hume, é incapaz de tolerar uma contradição; seja essa pessoa um Deva ou um mortal, ele não pode apreciar nem mesmo aceitar sem que reclame as mesmas qualidades de sinceridade em alguém que não seja ele mesmo. Tão pouco se pode fazê-lo itir que alguém neste mundo pode conhecer melhor que ele algo que tenha estudado e sobre o qual tenha formulado sua opinião. "Eles não se disporão ao trabalho conjunto da maneira que me parece a melhor", queixa-se de nós em sua carta a Olcott e só essa frase nos dá a chave de todo o seu caráter: nos dá a mais clara percepção de como operam os seus sentimentos íntimos. Tendo o direito pensa ele - de considerar-se desprezado e erradamente, em consequência de uma recusa "não generosa" e "egoista" nossa em trabalhar debaixo de sua direção, ele não pode evitar, no fundo do seu coração, de pensar de si mesmo como o homem mais indulgente e generoso, que, em vez de se ofender com a nossa negativa, está não obstante, todo "desejoso" de prosseguir conforme o modo deles (nossos)". E esta nossa irreverência pelas suas opiniões pode não lhe ser agradável e daí, o sentimento desta grande injustiça que lhe fazemos se eleva, torna-se proporcional à magnitude do nosso "egoismo" e "arrogância". Daí a sua decepção e a sincera dor que sente ao ver a Loja e a nós tão abaixo do nível do seu ideal. Ele se ri da minha defesa de H.P.B.; e entregando-se a um sentimento indigno de sua natureza, esquece infortunadamente que é sua, na verdade, a disposição de permitir que amigos e inimigos o chamem de "protetor dos pobres" e outras designações, e que, entre outros, os seus inimigos jamais deixam de lhe aplicar semelhantes nomes; e que, longe de cairem sobre ele como um insulto, esse sentimento cavalheiresco que o levou sempre a tomar a defesa dos fracos e oprimidos e a reparar os danos feitos por seus colegas - como no último exemplo do problema com a municipalidade de Simla - o cobre com um manto de glória
imperecível, tecido com a gratidão e afeto que lhe tem o povo que ele defende com tanto valor. Vós dois atuais debaixo da impressão extranha de que nós podemos importar, e que importamonos mesmo por tudo o que diga ou pense de nós. Tirai isso de vossas mentes e recordai que o primeiro requisito, mesmo para um simple faquir, é que deve ter se adestrado a permanecer indiferente, tanto à dor moral como ao sofrimento físico. Nada pode nos proporcionar dor ou prazer pessoais. E o digo agora, é mais para que nos compreendam, do que a vós mesmos, que é a ciência mais difícil de se aprender. Que a intenção do senhor Hume, impulsionada por um sentimento tão transitório como apressado, e devido à uma sensação de crescente irritação comigo, a quem acusou de querer "impor-se", era a de vingar-se com um gesto irônico, e, por conseguinte, (para a mente europea) insultante para mim - é tão certo, como que errou o golpe. Ignorante, ou melhor, esquecendo o fato de que nós os asiáticos carecemos totalmente do sentido do ridículo que incita a mente ocidental a ridicularizar as melhores e mais nobres aspirações do gênero humano0, eu, ainda que, pudesse sentir-me ofendido ou adulado pela opinião do mundo, teria mais me sentido cumprimentado em vez de outra coisa. Meu sangue de Rajput jamais permitirá ver a uma mulher ofendida em seus sentimentos, sem defendê-la ainda que ela fôsse uma "visionária" e o erro chamado "imaginário" não seja mais de que outra das suas "fantasias" - ; e o senhor Hume conhece bastante acerca de nossas tradições e costumes para estar suficientemente inteirado deste resto de sentimento cavalheiresco para com as nossas mulheres, em nossa raça sob outros aspectos, degenerada. Por conseguinte, eu afirmo que se esperava as designações que me atingissem ou me ferissem o epíteto satírico, ou que fôsse consciente do fato de que estava insultando a uma coluna de granito - o sentimento que o impulsionou era digno de sua nobre e melhor natureza, já que, no primeiro caso, era de ser considerado como um mesquinho sentimento de vingança e, no segundo, como puerilidade. Assim, em sua carta
a O., ele se queixa ou denuncia (peço que me desculpeis pelas limitadas palavras em inglês de que disponho) a atitude de "semi ameaça" de romper convosco e que imagina encontrar em nossas cartas. Nada poderia ser mais errôneo. Não temos intenção de romper com ele tanto quanto teria um hindú ortodoxo de deixar a casa que está visitando até que lhe seja dito que a sua companhia já não é mais desejada. Mas quando isso se insinua, ele se vai. O mesmo conosco. O senhor Hume se orgulha em repetir que não tem pessoalmente nenhum desejo de nos ver, nem a curiosidade de nos conhecer; de que nossa filosofia e ensinamento não podem beneficiá-lo de modo algum, a ele que aprendeu e conhece tudo o que pode ser aprendido; que não se importa nada que rompamos com ele ou não, nem se preocupa que se estamos satisfeitos com ele ou não. Cui bono, pois? Entre a (por ele) imaginada reverência que esperamos dele e essa combatitividade injustificada, que pode degenerar, qualquer dia, nele, em uma inexpressada, mas autêntica hostilidade, existe um abismo terreno intermediário que mesmo o Chohan possa ver. Ainda que não se possa acusá-lo agora de não fazer, como no ado, qualquer concessão às circunstâncias e às nossas regras e leis, peculiares, no entanto, ele está sempre precipitando-se para essa fronteira negra de amizade, onde a confiança está obscureceida e tenebrosas suspeitas e impressões errôneas toldam todo o horizonte. Eu, sou como eu era; e como eu era e sou, assim sempre serei - o escravo do meu dever para com a Loja e a humanidade; não só ensinando, mas desejoso de subordinar toda preferência pelos indivíduos ao amor pela raça humana. É gratuito, portanto, acusar-me a mim ou a qualquer um de nós, de egoismo ou desejo de considerar-vos como "desprezados Pelings" e de querer "cavalgar em asnos" só porque somos incapazes de encontrar cavalos adequados. Nem o Chohan, nem K.H., nem eu nunca menosprezamos os méritos do senhor Hume. Ele fez inestimáveis serviços à Soc. Teosófica e à H.P.B. e só ele é capaz de fazer da Sociedade um agente eficiente para o bem. Quando permite que a sua alma espiritual o guie, não se pode encontrar melhor homem, mais puro e mais
benevolente. Mas quando o seu Quinto Princípio se alça em irreprimível orgulho, sempre o enfrentaremos e o desafiaremos. Indiferente o seu excelente conselho mundano de como devíeis estar armado com provas de nossa realidade, ou de como deveríeis ao trabalho conjunto na maneira que pareça a melhor para ELE, eu permanecerei indiferente até que receba ordens em contrário. Com referência a vossa última carta (a do Senhor Sinnett), revistai as vossas idéias como puderdes, com as mais agradáveis frases, e estareis, não obstante, surpreendido, e quanto ao senhor Sinnett, estará decepcionado, por eu não ter concordado em permitir fenômenos, e por nenhum de nós ter se posicionado junto a vós. Nada posso fazer e quaisquer que sejam as consequências, não haverá mudnça alguma em minha atitude até a volta de meu Irmão entre os vivos. Vós sabeis que nós dois amamos o nosso país e a nossa raça; que consideramos a Sociedade Teosófica, como tendo grande potencialidade para o bem do país e da raça, estando em mãos adequadas; que alegremente acolheu a identificação do senhor Hume com a causa e que eu atribui um alto valor a isso, mas só um justo valor. E assim deveríeis compreender que tudo que pudéssemos fazer para vincular a ambos mais estreitamente a nós, o faríamos de todo o coração. Mas contudo, se a nossa escolha se situa entre desobedecermos à mais leve imposição do nosso Chohan no que se refere a quando possamos ver a algum de vós, ou ao que possamos escrever, como e onde; e a perda de vosso apreço e mesmo o sentimento de vossa forte animosidade e a dissolução da Sociedade, não vacilaríamos um só instante. Podem considerá-lo irracional, egoista, arrogante e redículo, julgando como sendo jesuítico e colocar sobre nós toda a culpa, mas a lei é a LEI para nós e nenhum poder pode fazer com que deixemos de cumprir um pouquinho do nosso dever. Demos-vos uma possibilidade de obter tudo o que desejáveis, melhorando o vosso magnetismo, assinalando-vos um ideal mais nobre a ser alcançado e, ao senhor Hume, mostrou-se o que ele já sabia: como ele pode beneficiar imensamente a alguns milhões de
seus semelhantes. Escolhei segundo o vosso melhor critério. A vossa escolha já está feita, eu sei, mas o senhor Hume pode, talvez mudar de idéia uma vez mais; eu serei o mesmo para o meu grupo e minha promessa, não importa a decisão que ele tome. Tampouco deixamos de apreciar as grandes concessões que ele já fez; concessões tão grandes, a nosso ver, por estar ele menos interessado em nossa existência e violentar os seus sentimentos unicamente na esperança de poder beneficiar a humanidade. Ninguém, no seu lugar teria se acomodado a essa situação com tanta boa vontade como ele o fez, ou se mantido tão estritamente à declaração "de objetivos primários" na reunião do dia 21 de agosto; enquanto "prova à comunidade nativa que os membros da classe governante" estão também desejosos de promover os louváveis projetos da S.T., ele aguarda o momento oportuno de obter mesmo as nossas verdades metafísicas. Já fez um bem imenso e ainda não recebeu nada em troca. Nem também espera algo. Relembrando-vos que a pressente carta é uma resposta a todas as vossas cartas e a todas as vossas objeções e sugestões, eu posso acrescentar que tendes razão, e que apesar de toda a vossa maneira "terra a terra", o meu abençoado Irmão sente, sem dúvida, verdadeira estima em relação a vós, e ao Sr. Hume, o qual, alegro em notar que tem algum sentimento bom para com ELE, embora ele não seja como vós e realmente é "muito orgulhoso para buscar a sua recompensa em nossa proteção". Apenas que, onde estais e estareis sempre errados, meu querido senhor, é em sustentar a idéia de que os fenômenos possam se tornar invariavelmente "uma poderosa máquina" para sacudir os fundamentos das crenças errôneas na mente ocidental. Ninguém, a não ser os que conseguem ver por si mesmos, crerá jamais, apesar do que fizerdes. "satisfazei-nos e nós satisfaremos ao mundo", dissestes uma vez. Fostes satisfeito e quais são os resultados? Meu desejo é que pudesse imprimir nas vossas mentes a profunda convicção de que não desejamos que o Sr. Hume ou vós provais conclusivamente ao público que nós realmente existimos. Por favor, compreendei o fato que
enquanto os homens duvidarem haverá a curiosidade e a pesquisa, e que a pesquisa estimula a reflexão que gera o esforço; mas, uma vez que o nosso segredo tenha sido completamente vulgarizado, não só a sociedade cética não terá maiores benefícios, como também a nossa privacidade estaria constantemente em perigo e teria que ser resguardada a um custo irracional de energia. Tende paciência amigo do meu amigo. O senhor Hume levou anos para matar bastante pássaros para completar o seu livro; e não lhes ordenava que abandonassem os seus retiros frondosos, mas precisou esperar que chegassem e ele os empalhasse e os catalogasse; assim deveis ter paciência conosco. Oh, Sahibs! se pudessem tão somente catalogar-nos, e nos rotular e expornos no Museu Britânico, então, deveras poderia o vosso mundo ter a verdade absoluta e dissecada. E volta assim tudo, de novo, como de costume, ao seu ponto de partida. Vós estais nos caçando ao redor de vossas próprias sombras, apreendendo apenas, de vez em quando, uma visão fugaz de nós, mas jamais chegando suficientemente perto para escapar do sombrio esqueleto da suspeita que está em vossos calcanhares e que os enfrentará no futuro. Temo que seja assim até o fim do capítulo, pois não tendes a paciência de ler o volume até o fim. Porque estais tratando de penetrar as coisas do espírito com os olhos da carne, de vergar o inflexível ao vosso próprio crú modelo de como deveria ser, e encontrá-lo, ele não se dobrará, e vós, provavelmente, não romperá e...direis adeus para sempre ao sonho. E agora umas poucas palavras de despedida, como explicação. O memorando de O.18 que produziu resultados tão desastrosos e um caso único de qui pro-quo, foi escrito no dia 27. Na noite de 25 meu amado Irmão me disse que, tendo ouvido o Sr. Hume dizer, no aposento de H.P.B., de que jamais ouvira O. afirmar para ele que nos vira, e também ouvira, além disso, que, se Olcott lhe contasse isso, ele tinha bastante confiança no homem para crer no que ele tinha dito, - ele, K.H. pensou em pedir-me que fôsse,
e dizer a O. para proceder assim, crendo que agradaria ao senhor Hume aprender alguns detalhes. Os desejos de K.H. são uma lei para mim. E essa é a razão porque o Sr. Hume recebeu aquela carta de O., numa época quando as suas dúvidas estavam resolvidas. No mesmo momento em que entregava a minha mensagem a O., satisfiz a sua curiosidade quanto a vossa Sociedade0 e lhe disse o que achava dela. O. pediu minha permissão para enviar-lhe essas anotações, o que autorizei. Esste é, pois, todo o segredo. Por minhas próprias razões, queria que soubésseis o que eu achava da situação, poucas horas depois que o meu bem amado Irmão se retirasse deste mundo. Quando a carta vos chegou, os meus sentimentos tinham mudado um pouco e alterei bastante o memorando, como já disse antes. Como o estilo de O. me havia feito rir, acrecentei o meu postscriptum que se relacionava unicamente com Olcott, mas, não obstante, o Sr. Hume considerou-o aplicado inteiramente como totalmente destinado a ele próprio! deixemos disso. Encerro a carta mais longa que já escrevi na minha vida, mas como o faço por K.H. estou satisfeito. Embora o Sr. Hume não creia, a "marca do Adepto" é conservada em...., não em Simla, e trato de manter-me no mesmo nível, por mais pobre que eu possa ser como escritor e correspondente. M.
Carta Nº 030 (De K.H. a A.O.Hume. Recebida em 18 de Agosto de 1882) Esta é a carta anexada à Carta nº.73. É a resposta do Mahatma K.H. à carta de Hume para ele, queixando-se a respeito de Fern. No começo da carta nº.73, ele diz que é "forçado" pelo Chohan a responder à carta de Hume, mas ele não sabe se ele está "dentro dos limites de vosso código de polidez". Assim, ele manda esta resposta a Hume para Sinnett para que a leia, antes de remetê-la.
Várias cartas recebidas neste determinado período de tempo estão estreitamente relacionadas, e ao final da próxima carta a ser considerada (nº.75), o Mahatma M. anexa uma nota pedindo a Sinnett que não dê esta carta (nº.74) a Hume. Provavelmente Sinnett seguiu este conselho; de outro modo o original (dado que é dirigido a Hume) não estaria no Museu Britânico com as outras cartas vindas dos Mahatmas. É uma carta importante, estabelecendo, como faz claramente, a atitude dos Mahatmas em relação ao chelado e àqueles que aspiram este objetivo. Obviamente, Sinnett conservou-a com as suas cartas. Ela trata principalmente das dificuldades que os Mahatmas estavam tendo com Hume e particularmente daquelas relacionadas ao seu secretário, Fern. Sem dúvida, Hume havia escrito uma carta anterior ao Mahatma K.H. sobre Fern, e que ele não respondeu. A carta refere-se a um "ardil" que Hume achou que Fern tinha imaginado para o Mahatma M. (e que, na opinião de Hume, M. caiu nele) relacionado com um artigo que Fern escrevera a respeito de uma "visão" que tivera (ou imaginou que tivera) algum tempo antes. Hume escreveu que, a fim de testar o Mahatma M., Fern desejava saber "se Morya desejava que (o seu artigo) fosse publicado e Morya responde, quase que caindo no ardil, que ele o desejava". Nessa visão, havia três misteriosos seres - o "guru" - o "Poderoso Uno" e o "Pai", este último sendo o Mahatma Morya. Depois de alguns comentários posteriores, Morya (na interpretação de K.H., de sua reação), diz que é tudo ridículo e "não mais falaremos disso". PRIVATIVA Meu Querido Irmão. Provavelmente, uma semana atrás, dificilmente teria deixado de aproveitar esta oportunidade para dizer que a vossa carta concernente ao senhor Fern é uma deformação tão completa do espírito, e acima de tudo, da atitude de M. em relação ao citado jovem cavalheiro, que somente a vossa completa ignorância acerca do objetivo
que ele busca poderia originar... e eu não teria dito mais nada. Mas agora, as coisas mudaram; e embora viestes a saber que nós "não possuimos realmente o poder de ler nas mentes", como se supoz não obstante, nós sabemos bastante do espírito em que minhas últimas cartas foram recebidas e da insatisfação produzida, para suspeitar, senão, para saber que embora a verdade seja mal acolhida com frequência, no entanto, chegou o tempo para que eu fale convosco, franca e abertamente. A mentira é um refúgio do débil, e nós somos suficientemente fortes, mesmo com todos os defeitos que vos alegrais em descobrir em nós para recear muito pouco a verdade; nem é provável que nós mintamos, somente porque seja de nosso interesse parecer sábios em relação a assuntos que ignoramos. Assim, talvez, poderia ter sido mais prudente observar que já sabíeis que não possuíamos realmente o poder de ler nas mentes, a menos que, nos puséssemos em sintonia completamente e concentrássemos uma total atenção sobre a pessoa cujos pensamentos quizéssemos conhecer - o que teria sido um fato inegável, em vez de uma presunção gratuita, como agora se sustenta em vossa carta. Seja como for, eu encontro agora apenas dois caminhos diante de nós, sem a menor possibilidade de transigir. Daqui em diante, se é o vosso desejo que trabalhemos juntos, devemos fazê-lo sobre uma base de perfeita compreensão. Estareis na mais perfeita liberalidade de nos dizer (pois pareceis, ou melhor, chegastes sinceramente a crer) que a maioria de nós, devido ao mistério que nos envolve, vivemos adquirindo crédito por saber o que realmente não sabemos; enquanto que eu, por exemplo, estarei autorizado, tanto quanto vós, a fazer-vos saber o que posso pensar de vós, vós, de vossa parte, prometereis que não rireis disso exteriormente, guardando rancor interiormente (algo em que, não obstante os vossos esforços, podereis raramente ajudar), mas que, no caso em que eu esteja enganado, o provareis com alguma demonstração mais sólida do que uma mera negação. A menos que vos comprometeis a isso, será, por completo, inútil para qualquer um de nós perder o nosso tempo em controvérsias, e correspondência. Melhor
que nos despedíssemos astralmente, através do espaço, e esperar até que, ou tenhais adquirido o dom de dicernir a verdade, da falsidade, em maior grau do que possuis agora; ou que demonstrem que não somos mais que uns impostores (ou pior ainda, fantasmas embusteiros); ou, finalmente, que alguém entre nós esteje em condições de demonstrar a nossa existência a vós ou ao senhor Sinnett, não astralmente, pois isso poderia reforçar somente a teoria do "Espírito", mas visitando-vos pessoalmente. Já se torna quase imnpossível convencer-vos de que, embora ocasionalmente, lemos os pensamentos de outras pessoas, posso esperar que acrediteis, pelo menos, que nós, com um conhecimento suficiente do idioma inglês não interpretamos mal inteiramente a vossa carta muito clara? E crer em mim quando digo que, tendo-a compreendido perfeitamente, eu vos respondo simplesmente: "Meu estimado irmão, estais clamorosamente equivocado do princípio ao fim!" Toda a vossa carta está baseada em uma falsa interpretação, uma total ignorância dos "elos perdidos", que unicamente poderiam darvos uma verdadeira chave de toda a situação. O que tentais dizer com o seguinte?: Meu querido Mestre: Entre vós estais completamente estragando Fern - e é de dar condolências mil vêzes - porque ele é realmente uma boa pessoa e tem um intenso desejo de conhecimento oculto, uma vontade forte e uma grande capacidade para a automortificação; ele seria, estou seguro, útil para os vossos propósitos, mas a sua vaidade está se tornando intolerável e ele se tornando um inveterado fabricante de ficções, e isto é devido a todos vós. Ele enganou Morya completamente, desde o princípio, e tem estado persistentemente mentindo ao senhor Sinnett, para conservar a ilusão de que conseguiu que Morya lhe confiasse segredos e o aceitasse como chela, e agora pensa que pode superar qualquer um. Morya responde caindo inteiramente na
armadilha...esta fraude, sem dúvida, começou em vossos (nossos) interesses...etc,etc,etc. É desnecessário para eu repetir, uma vez mais, o que já disse antes, isto é: de que, até receber a vossa primeira carta concernente ao senhor Fern, eu nunca lhe dera nem um momento de atenção. Quem, então, entre nós, pôs a perder esse jovem cavalheiro? Morya? Bem, é fácil ver que o conheceis menos ainda do que ele conhece, no vosso conceito, acerca do que tendes em mente. "Ele enganou Morya completamente". Será? Lamento ser obrigado a confessar que, de acôrdo com o vosso código ocidental, melhor pareceria o contrário; que foi o meu amado Irmão quem "iludiu" o senhor Fern não tivesse o mal soante termo um outro siginificado entre nós, como também um outro nome. Este último, naturalmente, pode parecervos ainda mais "chocante", pois mesmo o senhor Sinnett, que é somente um eco de qualquer homem da sociedade inglesa, considera-o completaamente revoltante aos sentimentos de um inglês comum. Esse outro nome é PROVAÇÃO; algo que cada chela, que não deseja permanecer simplesmente ornamental, tem que ar nolens volens por um período de tempo mais ou menos prolongado; algo que, por esta mesma razão que está sem dúvida baseada no que vós, ocidentais, sempre considerariam como um sistema para iludir ou decepcionar, é que eu, conhecendo as idéias européias melhor do que Morya, sempre recusei aceitar ou mesmo considerar qualquer um de vós como - chelas. Assim pois, o que agora considerastes erradamente como "ilusão", como sendo proveniente do senhor Fern, o terieis atribuido a M., se tão somente tivésseis conhecido um pouco mais do que conheceis de nosso sistema; considerando o que é a verdade, um é profundamente irresponsável por muito do que está fazendo agora, e o outro está ando o resultado do que honesta e previamente preveniu ao senhor Fern; o que, se lestes a correspondência, como dizeis, saberíeis pela carta de H.P.B. a Fern, vinda de Madras, carta que, no zelo dela pelos favores de M. lhe escreveu para Simla, confiando que com isso o afugentaria. A um chela sob provação é
permitido pensar e fazer o que quiser. Ele é prevenido e avisado de antemão: "Sereis tentado e enganado por exterioridades, serão abertas duas sendas diante de vós, ambas conduzentes à meta que estais tentando alcançar; uma é fácil, que o conduzirá mais rapidamente ao cumprimento das ordens que possais receber; a outra, mais árdua e mais prolongada - uma senda cheia de pedras e espinhos que vos farão tropeçar mais de uma vez durante a marcha, e, ao final da qual, podereis achar, depois de tudo, o fracasso e sentir-vos incapaz de cumprir as ordens dadas para algum pequeno trabalho particular. Entretanto, enquanto que a última senda fará com que as dificuldades que nela sofrestes sejam registradas no futuro ao lado do seu crédito, a primeira, a senda fácil, pode tão somente oferecer-vos uma satisfação momentânea, um cumprimento fácil de tarefa". O chela se acha em perfeita liberdade e com frequência completamente justificado do ponto de vista das aparências, para suspeitar que o seu Gurú é uma "fraude", como a elegante palavra expressa. Mais que isso; quanto ,maior, quanto mais sincera seja a sua indiginação, seja expressa em palavras ou fervilhante em seu coração, mais capacitado e melhor qualificado estará para se tornar um Adepto. Ele é livre e não será chamado a prestar contas por usar a linguagem e expressões mais contundentes com respeito às ações e ordens do seu Gurú, desde que saia vitorioso da ardente prova; desde que resista à cada uma das tentações que: repudie toda sedução e prove que nada, nem mesmo a promessa daquilo que ele estima mais do que a vida, a mais preciosa dádiva, o seu futuro adeptado, é capaz de desviá-lo da senda da verdade e honestidade, ou forçá-lo a tornar-se um impostor. Meu querido senhor, dificilmente nos entenderemos acerca de nossas idéias das coisas, nem mesmo do valor das palavras. Certa vez nos chamastes de jesuítas; e vendo as coisas como as vêdes, talvez tivésseis razão, até certo ponto, em nos considerar assim, pois que, aparentemente, os nossos sistemas de adestramento não diferem muito. Mas isso só ocorre externamente. Como eu disse antes, eles sabem que o que ensinam é uma mentira, e nós sabemos que o que transmitimos é verdade,
apenas a verdade e nada mais que a verdade. Eles trabalham para o maior poder e glória de sua Ordem; nós, pelo poder e glória final dos indivíduos, de unidades isoladas, da humanidade em geral, e estamos contentes - e ainda mais, forçados a deixar a nossa Ordem e seus chefes inteiramente na sombra. Eles (os jesuítas) trabalham, se afanam e enganam, buscando o poder mundano nesta vida; nós trabalhamos e nos esforçamos e permitimos aos nossos chelas que sejam temporariamente enganados, para possibilitar-lhes meios de modo que jamais venham a ser enganados daí em diante e vejam todo o mal da falsidade e da mentira, não apenas nesta como em muitas das suas vidas futuras Eles - os jesuítas - sacrificam o princípio interno, o cérebro Espiritual do ego, para nutrir e desenvolver melhor o cérebro físico do homem pessoal e evanescente, sacrificando a toda humanidade para oferecê-la em holocausto à sua Sociedade, o insaciável monstro que se alimenta do cérebro e da medula da humanidade, desenvolvendo um incurável câncer em cada setor de carne saudável que toca. Nós - os criticados e mal compreendidos Irmãos, buscamos persuadir aos homens a que sacrifiquem a sua personalidade (um relâmpago ageiro), pelo bem estar de toda a humanidade e, em consequência, pelos seus próprios Egos imortais, uma parte dela, assim como a humanidade é uma fração de todo integral em que se converterá um dia. Eles (os jesuítas) são treinados para enganar; nós, para desenganar; eles fazem o trabalho dos vermes e excetuando a alguns pobres e sinceros instrumentos seus - con amore, e com finalidades egoistas; nós deixamos isso a cargo dos nossos serventes, os dugpas a nosso serviço, dando-lhes carte blanche por algum tempo e apenas com o objetivo único de extrair da total natureza interna do chela a maior parte dos escaminhos e recantos que permaneceriam obscuros e ocultos para sempre, caso não fôsse proporcionada uma oportunidade para testar sucessivamente cada um desses recantos. Que o chela perca ou ganhe a recompensa - depende somente dele mesmo. Somente tereis que relembrar que as nossas idéias Orientais acerca de "motivos", "veracidade" e "honestidade",
diferem consideravelmente de vossas idéias ocidentais. Ambos cremos que é moral contar a verdade e imoral mentir; mas aqui cada analogia cessa e as nossas noções divergem num grau muito acentuado. Por exemplo, seria uma coisa muito difícil para vós me dizer, como é que a vossa civilizada Sociedade Ocidental, a Igreja e o Estado, a política e o comércio, tenham adotado uma virtude que é inteiramente impossível de ser praticada num sentido ir por um homem educado, um estadista, um negociante, ou quem quer qeu viva no mundo -? Pode alguma das mencionadas classes - a flôr do cavalheirismo inglês, seus mais orgulhosos pares e mais distintos deputados, suas mais virtuosas e verazes damas - pode algum deles dizer a verdade, pergunto, seja no lar, ou na sociedade, durante as suas funções públicas ou no círculo familiar? O que pensaríeis de um cavalheiro ou de uma dama, cuja afável polidêz de maneiras, e suavidade de linguagem não encobrissem falsidade alguma, ou de alguém que ao encontrar-vos, vos dissesse simples e bruscamente o que ele pensa de vós ou de qualquer outra pessoa? E onde podeis achar essa pérola de comerciante honesto ou patriota temeroso de Deus, ou político, ou simples e casual visitante vosso, que não oculte os seus pensamentos a todo o tempo, e não se veja obrigado, sob a ameaça de ser considerado como um bruto ou louco, a mentir deliberadamente e com toda ousadia, até que seja forçado a dizer-vos o que pensa de vós; a não ser por um milagre, os seus sentimentos reais podem ser revelados? Tudo é mentira, tudo é falsidade, à nossa volta e em nós meu irmão; essa é a razão porque pareceis tão surpreso, senão afetado sempre que encontrais uma pessoa que vos diga a verdade subitamente em vossa própria face; e também porque parece-vos impossível compreender que um homem possa não ter maus sentimentos contra vós, nem mesmo apreço e respeito por vós, nalgumas coisas e, no entanto, dizer-vos diretamente o que honesta e sinceramente pensa de vós. Ao conhecer a opinião de M. a vosso respeito, expressa em algumas de suas cartas, (não deveis sentir-vos completamente seguro de que,
por terem sido escritas por sua própria mão, elas foram escritas por ele, embora, naturalmente, cada palavra é por ele sancionada para atender cetos objetivos) - dizeis que ele tem "um modo peculiar de se expressar para dizer o mínimo". Pois bem, essa "forma" é simplesmente a pura verdade, que ele está disposto a vos escrever, ou mesmo dizer e repetir na vossa face, sem o menor ocultamento ou mudança (salvo se ele propositalmente permitiu que as expresssões fôssem exageradas para as mesmas finalidades como foi acima mencionado); e ele é, de todos os homens que eu conheço, aquele que pode fazer isso sem a menor hesitação! E por isso o chamais de "uma espécie de tipo imperioso e muito irritado, quando se lhe opõe", mas acrescentais que não tendes sentimento algum contra ele por causa disso. Pois bem, ISTO NÃO É ASSIM, meu irmão, e VÓS O SABEIS. Contudo, estou preparado para conceder a definição num sentido limitado e itir e repetir convosco (e com ele ao meu lado) que ele é um tipo muito imperioso, e certamente, algumas vêzes, é muito capaz de se irritar, em especial se é contrariado no que ele sabe que é correto. Pensaríeis melhor dele se ele ocultasse a sua irritação; e mentisse a si mesmo e aos extranhos, e assim levá-los a lhe atribuir uma virtude que não tem? Se é um ato meritório extirpar todos os sentimentos de cólera, de modo a não sentir o mais leve paraxismo de uma paixão que todos nós consideramos como pecaminosa, é ainda um maior pecado pretender que foi assim extirpada. Por obséquio lêde de novo o "Elixir da Vida", nº.2 (abril, p. 169, col. 1, parágrafos 2, 3, 4, 5 e 5). E, no entanto, nas idéias do Ocidente, tudo se inclina para as aparências, mesmo na religião. Um confessor não pergunta ao seu penitente se ele sentiu cólera, mas se ele mostrou cólera para alguém. Se mentes, roubas, matas, etc. evitas ser descoberto. Este parece ser o principal mandamento dos Senhores Deuses da civilização: a sociedade e a opinião pública. Esta é a única razão porque vós, que pertenceis a ela, dificilmente sereis, mesmo, capaz de apreciar caracteres tais como os de Morya; um homem tão austero consigo mesmo, tão severo com os seus defeitos, como indulgente com os defeitos dos outros, não em
palavras, mas nos mais íntimos sentimentos de seu coração, ou, enquanto está sempre disposto a dizer-vos em vosso rosto, tudo o que pensa de vós, sempre se mostrará, no entanto, um amigo mais fiel para convosco do que eu mesmo, ele que pode com frequência vacilar em ferir os sentimentos de alguém, mesmo dizendo a mais estrita verdade. Assim, se M. fôsse descer a uma explicação, ele poderia ter vos dito: "Meu Irmão, em minha opinião, vós sois intensamente egoista e orgulhoso". Na vossa apreciação e autoadulação geralmente perdeis de vista o resto da humanidade, e eu verdadeiramente creio que considerais todo o universo como tendo sido criado para o homem, e esse homem sois vós mesmo. Se eu não posso ar que se me oponham, quando sei que tenho razão, menos ainda podeis ar a contradição, mesmo quando a vossa consciência vos diga claramente que estais errado. Sois incapaz de esquecer, embora ito que sois um dos que perdoam, a menor desatenção. E, sinceramente acreditando que fostes desprezado por mim (deselegantemente como certa vez expressastes), até este dia a suposta ofensa exerce uma silenciosa influência sobre os vossos pensamentos em conexão com a minha humilde individulidade. E apesar de o vosso grande intelecto sempre impedir que quaisquer sentimentos vingativos se afirmem e deste modo predominem sobre a vossa melhor natureza, nem por isso esses sentimentos deixam de ter certa influência sobre as vossas faculdades raciocinadoras, pois achais prazer (embora dificilmente o itais) - ao inventar meios para pegar-lhe em algum tropeço até o ponto de imaginardes que eu seja um tolo, um crédulo ignorante, capaz de cair nas armadilhas de um Fern! Vamos raciocinar, meu Irmão. Vamos colocar completamente de lado o fato de eu ser um iniciado, um adepto - e vamos discernir acerca da posição que as vossas faculdades imaginativas criaram para mim, como dois mortais comuns com uma certa dose de bom senso em minha cabeça e uma grande dose da mesma na vossa. Se estais preparado para conceder-me, ainda que seja esse pouco, eu estou preparado para vos provar que é absurdo
pensar que eu pudesse ser capturado nas malhas de tão pobre esquema! Escreveis-me que, com o propósito de provarme, Fern quiz saber se Morya desejava que (sua visão) fôsse publicada e que Morya respondeu caindo completamente na armadilha, que assim o desejava. Ora, para dar crédito à última afirmação é muito difícil e se necessita um homem de moderado bom senso e poderes de raciocínio para perceber que há duas insuperáveis dificuldades na maneira de reconciliar a vossa precedente opinião de mim mesmo e a crença de que eu caí realmente na armadilha. Primeira: a substância e o texto da visão. Naquela visão há três seres misteriosos o "gurú" - o "Poderoso" e o "Pai"; esse último refere-se a este vosso humilde servo. Pois bem, difícil acreditar - a menos que me atribuam as faculdades de um médium alucinado, que eu, sabendo bem que nunca havia me aproximado, até então, do jovem cavalheiro no raio de uma milha de distância, nem o havia visitado nunca em seus sonhos, que eu devia acreditar na realidade da visão descrita, ou que, pelo menos, minhas suspeitas não tenham surgido diante de tal extranha afirmação. "Segunda: a dificuldade de reconciliar o duplo fato de eu ser "um tipo imperioso" que se torna muito colérico quando encontra oposição e minha completa submissão à desobediência, à rebelião de um chela sob provação, o qual, inteirando-se de que Morya o desejava, isto é, que se publicasse a sua visão, e havendo prometido realmente reescrevê-la -, nunca pensou em obedecer ao desejo após isso, nem o pobre e insensato gurú e "Pai" pensaram mais no assunto". "Muito bem, tudo o que foi dito anteriormente devia ficar perfeitamente claro, mesmo para um homem de intelecto mediano". Tendo acontecido o contrário, e um homem de poderes de raciocínio e de intelecto indubitavelmente grandes, tendo sido apanhado na mais mísera malha de falsidade jamais imaginada - a conclusão é imperativa, e nenhuma outra pode ser formada: que esse homem se permitiu,
inconscientemente, a ter o seu pequeno sentimento vingativo gratificado às custas da sua lógica e bom senso. Chega, não falaremos mais disso. Com tudo isso e enquanto abertamente expresso o meu desagrado pela vossa arrogância e egoismo em muitas coisas, com franqueza reconheço e expresso a minha iração por vossas muitas outras iráveis qualidades, pelos vossos genuínos méritos e bom senso em tudo que não esteja relacionado diretamente convosco (em cujos casos vos tornais tão imperioso como eu mesmo, apenas que muito mais impaciente), e confio, de coração, em que me perdoareis pela minha repressão e maneiras rudes de expressar-me, de acôrdo com o seu código ocidental. Ao mesmo tempo, como vós, direi que não somente não vos tenho ressentimento e, como vós, não obstante isso, mas, isso que eu digo é uma estrita realidade, a expressão dos meus genuinos sentimentos e não meras palavras escritas para satisfazer o sentido do dever assumido". E agora, que me fiz o intérprete de Morya para convosco, posso, talvez, permitir-me dizer algumas palavras por minha conta. Começarei, recordando que, em diversas ocasiões, em especial durante os últimos dois meses, vos oferecestes repetidamente como um chela, cujo primeiro dever é o de ouvir sem raiva ou ressentimento tudo que o gurú disser. Como podemos - ensinar e vós aprender se temos que manter uma atitude completamente estranha para nós e os nossos métodos: a de dois homens de sociedade? Se quereis realmente ser um chela, isto é, tornar-vos o recipiente de nossos mistérios, tendes que vos adaptar às nossas maneiras, e não nós às vossas. Até que procedais assim, é inútil que espereis algo mais do que podemos dar de acôrdo com as circunstâncias comuns. Desejastes ensinar a Morya, e podeis descobrir (e o fareis, caso Morya me permita proceder à minha maneira) que ele vos ensinou algo que, ou nos fará mais amigos e irmãos para sempre, ou se prevalecer em vós o cavalheiro ocidental sobre o chela oriental e futuro Adepto, rompereis conosco com desgosto e talvez o proclamareis para todo o mundo. Todos estamos preparados para isso e estamos
tentando precipitar a crise em um ou noutro sentido. Novembro está se aproximando, e nessa ocasião tudo terá que estar decidido. A segunda questão: não crêdes, meu bom irmão, que o tipo não civilizado e imperioso que lhe diria o que pensa de vós honradamente e para o vosso próprio bem e que, ao mesmo tempo, estaria cuidadosamente, ainda que invisível, protegendo a vós e à vossa família e vossa reputação, de qualquer dano possível, sim. irmão, a ponto de vigiar por dias e noites um servente rufião, mussulmano resolvido a vingarse de vós, destruindo realmente, os seus vís planos, não pensais que ele vale dez vezes o seu peso em ouro, comparado com um Residente Britânico, um cavalheiro, que reduz em pedaços a vossa reputação nas vossas costas e afável e cordialmente estreitará a vossa mão onde quer que vos encontre? Não pensais que é muito mais nobre dizer o que se pensa e tendo dito aquilo que mesmo vós naturalmente considerais como sendo uma impertinência - e então prestar à pessoa assim tratada todos os tipos de serviços dos quais, provavelmente jamais ouvira falar, para não somente descobrí-los, do que fazer o que o altamente civilizado coronel ou general Watson e especialmente a sua senhora fizeram quando, ao verem pela primeira vez na vida em sua casa dois estranhos (Olcott e um juiz nativo de Baroda) tomaram como pretexto para desacreditar a Sociedade o fato de estardes nela! Não vos repetirei as mentiras de que foram acusados, os exageros e calúnias dirigidos contra vós pela senhora Watson e corroboradas pelo seu esposo, o galante soldado, tão surpreso e desarmado ficou o pobre Olcott pelo inesperado ataque, ele que se sentia tão orgulhoso por pertenceres à Sociedade, que, em seu desalento, apelou para M. Se tivésseis ouvido o que M. disse de vós, e quanto ele aprecia o vosso atual trabalho e estado de ânimo, de boa vontade concederíeis a ele o direito de ser ocasionalmente aparentemente rude. Ele proibiu-o de dizer algo mais do que já contara à H.P.B., a qual, muito femininamente, transmitiu imediatamente ao Sr. Sinnett - embora ela estivesse naquela ocasião irritada convosco, ela se ressentiu profundamente do insulto e ofensa feitos a vós - e até teve o trabalho de
relembrar, quando, como dissera a senhora Watson, vós recebestes hospitalidade na casa deles. Tal é pois, a diferença entre os alegados simpatizantes e amigos de origem superior ocidental e os da raça Oriental inferior, tidos como de má vontade. À parte isso, concedo-vos o direito de sentir-vos irritado com M. porque este fez algo que, embora esteja estritamente de acôrdo com nossas regras e métodos, quando divulgado, será profundamente ressentido por uma mente ocidental, e tivesse eu sabido disso em tempo para impedí-lo, eu teria certamente evitado que fôsse feito. É certamente muita bondade do Sr. Fern expressar a sua intenção de "nos agarrar" e "não, naturalmente, para expor a Velha Dama, pois o que tem a ver a pobre Velha Dama, com tudo isso? Mas ele é plenamente benvindo para nos agarrar e mesmo para nos expor, não só para a proteção dele e a vossa, como também de todo o mundo, se isso pode, de algum modo, consolálo pelo seu fracasso...E fracassado será, isto é certo, se continuar por esse caminho, fazendo um duplo jogo. A opção de recebê-lo ou não, como chela regular, fica com o Chohan. M. apenas tem que testá-lo, tentá-lo e examinálo por todos os meios disponíveis, para fazer com que saia à luz a sua real natureza. Esta é uma regra nossa tão inexorável como desagradável à vossa visão ocidental, e eu não poderia evitá-la mesmo que quisesse. Não é suficiente conhecer completamente o que o chela é capaz de fazer ou não fazer na ocasião e sob as circunstâncias durante o período de provação. temos que saber de que ele pode se tornar capaz sob oportunidades diferentes e muito variadas. Todas as nossas precauções são tomadas. Nenhuma das nossas Upasika ou YU-posah, nem H.P.B., ou O. nem mesmo Damodar. Nenhum deles pode ser incriminado. Está em seu arbítrio mostrar qualquer carta que esteja em seu poder, e divulgar o que se lhe ofereceu que fizesse (é deixado a si a escolha entre as duas sendas) e o que realmente fez, ou
melhor, não fez. Quando chegar o tempo (se alguma vez chegar para o seu infortúnio), nós teremos os meios de demonstrar quanto isso é verdade e quanto de equivocado e invencionice é dele. Entretanto, vou oferecer-vos um conselho: obervai e não digais uma só palavra. Ele foi, é e será tentado a fazer toda espécie de coisas erradas. Como digo, eu não sabia nada do que estava sucedendo até o outro dia; quando soube que até o meu nome estava misturado, indiretamente, na provação, preveni a quem havia de prevenir e proibi estritamente que os meus próprios assuntos fôssem envolvidos nisso. Entretnto, ele é um magnífico sujeito para a clarividência e de nenhuma maneira tão mau como pensais. É vaidoso, mas - quem não é? Quem de nós está completamente livre desse defeito? Ele pode imaginar e dizer o que goste;mas que vós vos permitisseis ser empolgado por um preconceito, cua existência nem equer estais preparado para itir, é sumamente extranho! Acreditar sinceramente na afirmação de que M. foi enganado e colhido na armadilha pelo senhor Fern, é na realidade demasiado ridículo, quando nem mesmo, O. e nem a "Velha Senhora" jamais acreditaram nisso, pois que sabiam que ele ia ficar sob provação, e também sabiam o que isso significava M. esforçou-se, há alguns dias, em demonstrar-vos que nunca foi preso como esperaveis que fôsse, e que sorriria ante esta mesma idéia; e é mais do que certo que Olcott vos dará uma boa prova disso, embora ele se encontre no interior do Ceilão neste momento, onde nem cartas e menos telegramas podem chegar. Nem se efetuou essa "fraude", se a quereis chamar assim, em nosso interesse, pela simples razão de que não temos interesse nisso - mas interessando-nos pelos do Sr. Fern e da Sociedade e pelas idéias de H.P.B. Mas por que chamar isso de fraude? Ele pediu o conselho dela, perturbou-a e suplicou-lhe, até que ela dissesse: "trabalhai pela causa; tratai de pesquisar e buscar e assim obter toda a evidência que puderdes sobre a existência dos
Irmãos. Já sabeis que eles não virão este ano, mas há muitos Lamas que descem todo ano até Simla e suas vivzinhanças, e assim consigai toda evidência que puderdes para vós e para o senhor Hume, etc." Há algo de errado nisso? Quando ela recebeu o manuscrito contendo a visão dele, ela consultou M. e aquele que é chamado, nessa visão de "o poderoso Ser" e o "Pai" e não sei que mais, disse-lhe a verdade, e então ordenou-lhe que perguntasse ao Sr. Fern se ele a publicaria, e este disse de antemão a ela e a O. que ele não o faria. O que M. sabe desta e de outras visõess, somente ele o sabe e mesmo eu jamais interferirei em seus modos de treinamento, por desagradáveis que possam ser para mim pessoalmente. A "Velha Dama" (H.P.B.), pois me perguntais, não sabe de nada. Mas deveis saber que desde que ela foi a Baroda, tem a pior opinião sobre Fern do que a vossa. Ali ela teve conhecimento de certas coisas a su resspeito e de Brookes, e ouviu ouras deste último, sendo ele, como sabeis, o mejnour de Fern em Baroda. Ela é mulher, embora seja uma Upa-sika (discípulo do sexo feminino) e, exceto em assuntos ocultos, dificilmente pode segurar a sua língua. Acredito que já tivemos bastante dessa dificuldade. Qualquer coisa que tenha ocorrido ou venha a ocorrer, afetará somente a fern e a ninguém mais. Ouvi falar da projetada grande Conversazione teosófica - e se nessa época fordes ainda teosofistas, é melhor que a realize em vossa casa. E agora me agradaria dizer-vos algumas palavras de despedida. Não obstante o doloroso conhecimento que tenho do voso principal e quase único defeito - algo que me confiastes numa carta - desejo que me acrediteis, meu querido irmão, quando lhe digo que minha consideração e respeito por vós em todas as outras coisas são grandes e muito sinceros. Nem tampouco é provável que eu esqueça, ocorra o que ocorrer, de que, durante muitos mêses e sem esperar ou pedir nenhuma recompensa ou proveito algum, trabalhastes e lutastes, dia após dia, pelo bem da Sociedade e da humanidade em geral com a única esperança de fazer o bem. E eu vos rogo, bom irmão, não julgar como sendo "reprovações" qualquer simples advertência
minha. Se eu discuti convosco, é porque fui forçado a fazê-lo, pois o Chohan10 considerouas (as vossas sugestões) como algo inteiramente ssem precedentes; pedidos que, em sua opinião, não deveriam ser ouvidos de modo algum. Embora possais agora considerar os argumentos dirigidos contra vós como "reprovações imerecidas", entretanto, podereis reconhecer algum dia que estáveis "desejando concessões irrazoáveis". O fato de que as vossas pressionantes propostas, de que vós (ninguém mais) - deveria, se possível, poder adquirir algum dom fenomenal, que seria usado no convencimento de outros, embora possam ser aceitas como sendo simplesmente no sentido da letra morta como uma sugestão para a (minha) consideração, e que "não constituiriam, de modo algum, uma reivindicação" - entretanto, paraa qualquer um que pudesse ler por entre as linhas, apareceriam, na verdade, como uma reclamação definida. Eu tenho todas as vossas cartas e dificilmente há uma que não contenha o espírito de uma decalrada reclamação, uma petição merecida, isto é, uma demanda do que é devido e cuja rejeição vos daria o direito de sentir-vos enganado. Não duvido que não foi essa a vossa intenção ao escrevê-las. Mas esse foi o vosso pensamento secreto, e tão íntimo sentimento foi desscoberto pelo Chohan, cujo nome usastes várias vêzes e dque tomou nota disso. Subestimais o que já obtivestes, alegando inconsistência e imperfeição. Eu vos pedi: tomai notas d primeira, começando com as inconsistências (como as julgais) em nossos primeiros argumentos em favor ou contra a existência de Deus e terminando com as supostas contradições acerca dos "acidentados" e "suicidas". Enviai-as para mim e eu vos provarei que não existe nenhuma para aquele que conhece bem toda a doutrina. É singular acusar alguém, na pelna posse das suas faculdade mentais, que na sexta escreveu uma coisa e que no sábado ou domingo seguinte, tenha esquecido tudo, contradizendo-se categoricamente! Não creio que mesmo a nossa H.P.B. com a sua memória ridiculamente deteriorada pudesse ser culpada de um esquecimento tão completo. Na nossa opinião
"não vale a pena estar trabalhando meramente para as inteligências de segunda clase", e propondes, seguindo a linha de tal argumento, ou conseguir tudo, ou abandonar por completo o trabalho, caso não possais conseguir, imediatamente, um esquema de filosofia que e o exame minucioso e a crítica de homens tais como Hebert Spencer. A isso replico que estais pecando contra as multidões. Não é entre os Hebert Spencers e os Darwins ou John Stuart Mills que os milhões de espíritas que agora se extraviam intelectualmente vão ser encontrados, mas são eles que formam a maioria das mentes de segunda classe1. Se apenas tivésseis paciência, teríeis recebido tudo o que desejáveis obter de nossa filosofia especulativa, siginificando por "especulativa", a que terá que permanecer como tal, naturalmente, para todos, menos para os Adeptos. Mas, realmente, meu querido irmão, não estais superdotado com essa virtude. Entretanto, ainda sou incapaz de ver porque devíeis estar desalentado com a situação. Não importa o que possa acontecer, espero que não ressintais da verdades amigas que ouvistes de nós. Como o poderíeis? Ficaríeis ofendido com a voz da vossa consciência, murmurandovos que às vêzes, sois irrazoalvelmente impaciente e não de todo tão indulgente quanto gostaríeis de ser? Na verdade, estais trabalhando pela causa sem interrupção durante vários mêses e em muitas direções; mas não deveis pensar que, pelo fato de nunca termos demonstrado qualquer conhecimento daquilo que estais fazendo, nem porque tampouco nunca reconhecemos ou vos agradecemos por isso em nossas cartas, somos mal agradecidos ou que ignoramos propositalmente o que estais fazendo, pois realmente não é assim. Pois, embora ninguém devesse esperar agradecimentos por fazer o seu dever para a humanidade e a causa da verdade - porque, aafinal, quem trabalha para os demais, trabalha para ele próprio; entretanto, meu irmão, eu me sinto profundamente agradecido a vós pelo que fizestes. Não sou por natureza muito efusivo mas espero poder vos provar algum dia que não sou um ingrato, como pensais. E vós mesmo, embora tenhais sido, por
certo, indulgente nass vossa cartas para mim, ao não vos queixar acerca do que chamais de falhas e inconsistências nas nossas, entretanto, não levastes tõ longe essa indulgência, ao deixar ao tempo e posteriores explicações a tarefa de decidir se tais falhas eram reais ou somente aparentes na superfície. Vós sempre vos queixastes para Sinnett e mesmo, no princípio, para Fern. Caso consentísseis, imaginar-vos, apenas por cinco minutos, na posição de um gurú nativo e de um chela europeu, logo perceberíeis quão monstruosa se mostrariam quaisquer destass nossas relações para a mente de um nativo, e não culparíeis a ninguém por dessrespeito. Agora, rogo-vos, compreendei-me. Eu não me queixo, mas o mero fato de dirigir-vos a mim como "Mestre" em vossa carta faz de mim o objeto de risos de todos os nossos Tchutuktus que conhecem algo a respeito da nossa relação mútua. Eu nunca teria mencionado esse fato, mas posso vos demonstrá-lo anexando aqui uma carta de Subba Row, a mim dirigida, cheia de desculpas, e outra de H.P.B. tão plena de sinceras verdades, já que ambos são chelas, ou melhor, discípulos. Espero não estar cometendo uma indiscrição no sentido ocidentl. Peço que mas devolveis depois de lê-las e atentar para o seu conteúdo. Elas vos são enviadas em estrita confiança e somente para a vossa instrução pessoal. Percebereis nelas quanto vós, inglesess, têm que desfazer na Índia ante que possais essperar fazer algo de bom no país. Entretanto, devo encerrar esta, reinteirando-vos, uma vez mais, a certeza de minha consideração e estima. K.H. Crêde-me, sois muito severo e injusto com Fern.
Carta Nº 031 Recebida em Londres em 26 de Março de 1881. Esta parece ser a única carta recebida por Sinnett do Mahatma, enquanto ele estava na Inglaterra. O envelope que a continha está com a carta original no Museu Britânico.
Geoffrey Barborka é de opinião que o Mahatma escreveu a carta e a transmitiu de Terich-Mir, onde estava na ocasião, para um adepto membro da Fraternidade em algum lugar na França. Este adepto, então, acredita o Sr. Barborka, colocou-a em um envelope no qual colou um selo do Correio francês e remeteu-a pelo correio normal. Outra possibilidade é que foi transmitida telepaticamente para um chela vivendo na França, que a transcreveu e colocou-a no correio para Sinnett. Terich-Mir é uma montanha na parte final das Montanhas do Hindu Kush, que se situam principalmente no Afganistão; atinge a altitude de 8.390 metros. É das profundezas de um desconhecido vale, entre as íngremes escarpas e as geleiras de Terich-Mir - um vale jamais trilhado por pés europeus desde os tempos em que a montanha materna foi exalada do seio da nosa Mãe Terra que o vosso amigo vos envia estas linhas. Porque é ali onde K.H. recebeu as vossas "Afetuosas homenagens" e ali ele pretende ar as suas "férias de verão". Uma carta enviada "das moradas das neves e pureza eternas" e recebida "nas moradas do vício"....Entretanto, n'est ce pas? Quisera, ou melhor poderia eu estar convosco naquelas moradas? Não; mas estive, em muitas e diversas ocasiões, em outro lugar, embora não no "astral", nem em outra forma tangível, mas, simplesmente em pensamento. Isso não vos satisfaz? Bem, bem, conheceis as limitações a que estou sujeito em vosso caso, e tende que ter paciência. O vosso futuro livro é uma pequena jóia; e tão pequeno e simples como é, pode, nalgum dia, elevar-se tão alto como o Monte Everest sobre as vossas colinas de Simla. Entre todas as obras dessa classe na emaranhada selva da literatura espírita, demonstrará ser, indubitavelmente, o Redentor, oferecido em sacrifício pelo pecado do mundo Espírita. Começarão por rechaçá-lo - ou melhor, vilipendia-lo; mas encontrará os seus fiéis doze e - a semente lançada pela vossa mão no solo da especulação não crescerá como uma
herva daninha. Pode-se ter certeza disso. Às vêzes sois muito cauteloso. Com muita frequência pareceis o leitor da vossa ignorância mas, apresentando como uma modesta teoria o que no fundo do vosso coração, sabeis e sentis ser um axioma, uma verdade fundamental, e, em vez de ajudá-lo, o deixais perplexo e - criais uma dúvida. Mas o livrinho é um ensaio inspirado e analítico, e como critíca apreciativa dos fenômenos que presenciastes pessoalmente, é muito mais útil do que a obra do senhor Wallace. É para esta espécie de fonte que os espíritas deveriam ser impulsionados para saciar a sua sêde de fenômenos e de conhecimento místico, em vez de ter que engolir as idiotisses que se encontram no Banners of Light4 e outras publicações. O mundo - submetendo-se o das existências individuais - está cheio daquelas significações latentes e profundos propósitos que estão por trás de todos os fenômenos do Universo, e somente as Ciências Ocultas, ou seja, a razão elevda à sabedoria extra-sensorial, podem fornecer a chave mediante a qual se revelem ao intelecto. Crêde-me chega um momento na vida de um Adepto em que todas as adversidades pelas quais ou são mil vêzes recompensadas. Para adquirir conhecimento adicional já não tem que recorrer mais a minuciosos e lentos processos de investigação e comparação de várias questões, mas lhe é proporcionada uma visão instantânea e implícita em cada verdade primária. Tendo transposto essa etapa da filosofia que sustém que todas as verdades fundamentais surgiram de um impulso cego (esta é a filosofia dos Sensacionalistas ou Positivistas) e deixando muito para trás essa outra classe de pensadores - os Intelectualistas ou Céticos, que sustentam que as verdades fundamentais se derivam somente do intelecto, e que nós mesmos somos a sua única causa originária - o Adepto vê, sente e vive na própria fonte de todas as verdades fundamentais - a Essência Universal e Espiritual da Natureza, SHIVA, o Criador, o Destruidor e o Regenerador. Como os espíritas de agora degradaram o "Espírito", assim os Hindús degradaram a Natureza com suas concepções antropomórficas dela. Só a Natureza pode
encarnar o Espírito da ilimitada contemplação. "Absorvido na absoluta auto-inconsciência do Ser físico, mergulhado nas profundezas do verdadeiro Ser, que não é um ser mas a Vida Eterna Universal, "toda a sua forma imóvel e branca como os picos de neve eterna no Kailasa onde ele está sentado, acima de toda ansiedade, acima do sofrimento, do pecado e do mundanismo, um mendicante, um sábio, um curador, o Rei dos Reis, o Iogui dos Ioguis", esse é o Shiv ideal dos yoga Shastras, a culminação da Sabedoria Espiritual...Oh, os vossos Max Mullers e Monier Williamses, o que fizestes com a nossa Filosofia! Mas dificilmente pode se esperar que desfruteis, ou mesmo compreendeis esta phanerosis de nossos ensinamentos. Perdoai-me, raramente escrevo cartas e sempre que obrigado a fazê-lo, sigo mais os meus próprios pensamentos em vez de ficar ao assunto que deveria ter em vista. Trabalhei por mais de um quarto de século, dia e noite, para conservar meu lugar dentro das fileiras desse invisível, mas sempre ocupado exército, que trabalha e se prepara para uma tarefa que não traz outra recompensa senão a convicção de que estamos cumprindo o nosso dever para com a humanidade; e encontrandovos em meu caminho, tentei, não temais, não alistá-lo, porque seria impossível, mas simplesmente atrair a vossa atenção, excitar a vossa curiosidade, ou os vossos melhores sentimentos para a verdade una e única. Demonstrastes ser leal e sincero e fizestes o melhor. Caso os vossos esforços ensinem ao mundo ainda que seja só uma simples letra do alfabeto da Verdade - dessa Verdade que outrora penetrou todo o mundo - vossa recompensa não vos alcançará8. E agora que encontrates os "místicos" de Paris e Londres, o que pensais deles?... Seu K.H. P.S. Nossa infortunada "Velha Dama" está doente. Fígado, rins, cabeça, cérebro e membros opõem resistência, indiferentes aos esforços que
ela faz para não lhes prestar atenção. Um de nós terá que "remendá-la", como diz o nosso digno senhor Olcott, ou ela ará mal.
Carta Nº 032 Recebida entre 25 e 27 de Agosto de 18821. Esta carta refere-se mais à carta HX e contém mais algumas explicações. Veja as notas à Carta nº.81. Lamento tudo que sucedeu, ms era de se esperar. O sr. Hume colocou o pé sobre um ninho de vespas e não deve queixar-se. Se a minha confissão não alterou os vossos sentimentos, estou disposto a não vos influenciar, e portanto, não olharei a vossa maneira de constatar como o assunto vos é apresentado, meu amigo, e se não estais por completo desgostoso com os nossos sistemas e modos; se, em resumo, é voso desejo ainda proseguir com a correspondência e aprender, algo deve ser feito para refrear o vosso irresponsável "Benefactor". Evitei que ela enviasse a Hume uma carta do que aquela que recebestes. Eu não posso forçá-la a que me tranmita as carta dele, nem as minhas para ele; e como já não me é poível mai confiar em Fern, e que dificilmente poderia G.K.3 ser sacrificado, com algum sentido de justiça, a um homem inteiramente incapaz de apreciar algum serviço prestado, exceto o seu, que podemos fazer em tal caso? Já que nos envolvemos com o mundo exterior, não temos o direito de repirmir a opinião pessoal de seus membros como indivíduos, nem de evitar a sua crítica, por defavoráveis que nos ssejam; daí a ordem terminante a H.P.B. para que publique o artigo do senhor Hume. Apenas que, como queremos que o mundo veja o dois aspecto da questão, permitimo também que o protesto conjunto de Deb, subba Row, Damodar e uns pouco outros chelas fôsse publicado no "Teosofista", depois da suas críticas acerca de nós e noso sistema. Eu vo dei somente vislumbres do que, em outra ocadião, escreverei de forma mais extensa. Pensai, entretanto, nas dificuldade que naturalmente existem no nosso caminho e se a vosa amizade em relação a mim é sincera - ao lutarmos com ass nossas cadeias, que elas fiquem mais pesadas e apertadas. Por minha parte, correrei voluntariamente o risco de ser julgado um ignoramu (ignorante) que se acontradiz, e ser criticado pela imprena em termos desmedidos pelo senhor Hume, desde que aproveiteis o ensinamento e compartilhei, de tempos em tempos, com o mundo o vosso conhecimento. Mas, tornando-vo claro o meus pensamentos, eu jamai gostaria de me arriscar novamente com qualquer outro europeu a não ser convosco. Como agora vêdes, a ligação com o mundo externo pode traxer apena sofrimento àqueles que tão fielmente nos servem, e decrédito à nossa Fraternidade. Asiático algum jamais será
pasível de ser afetado pelas investidas egoista do senhor Hume contra nós (o resultado da minha última carta e da promessa, determinou que ele escreverá com menos frequência e menos do que tem feito); ma essas investidas e críticas que o leitores europeus aceitarão como uma revelação e uma confissão, sem nunca suspeitar de onde surgiram e por qual sentimento tão profundamente egoista foram gerados, esses ataques estão calculados para fazer um grande dano - em uma direção que até agora ainda não sonhastes. Tendo reolvido não perder tão útil instrumento (útil em certa direção, naturalmente) e Chohan permitiu que o peruadíssimos a ponto de dar consentimento à minha correspondência com o senhor Hume. Eu lhehavia empenhado a minha palavra de que ele estava arrependido era um homem diferente. E agora como poderei mesmo enfrentar o meu Grande Mestre, de quem se rediculariza, e está sendo objeto do sarcasmo do senhor Hume, que o chama de "Ramsés o Grande", e outras obsservaçõess indecentes como essa? E ele empregou em suas cartas termos cuja grosseria brutal me impede de repeti-los, que revoltaram a minha alma quando os leio; palvras tão ujas que poluem o próprio ar que as tocam, e que eu me apresei a vos enviar com a carta que as contém, para asim não ter essas páginas em minha casa, cheia de jovens e inocentes chelas, que eu sempre evitaria que jamais escutassem tais termos. Logo vós, meu amigo, influenciado nisto por ele, mai do que sabeis ou suspeitais - vós mesmo tirais conclusões muito prontamente de uma "contradição inconsistente". A novidade ou o aspecto inexplicável de qualquer fato afirmado em nossa Ciência, não é razão suficiente para qualificá-lo imediatamente como sendo uma contradição, e proclamar, como o faz Hume em seu artigo, que ele poderia ensinr numa semana o que conseguiu extrair de nó em dezoito mêses, porque o vosso conhecimento é até agora tão limitado, que seria difícil para ele dizer quanto nós sabemos ou não. Mas já me demorei demasiado neste ataque irracional, ilógico e antifilosófico contra nós e o Sistema. Algum dia demontraremos a nulidade das objeçõs apresentadas pelo senhor H. Ele pode ser considerado como um conselheiro ábio da Municipalidade, mas dificilmente poderia ser visto como tal por nós. Ele me acua de ter dado por intermédio "falsa idéias e fatos" ao mundo, e acrescenta que, de boa vontade, se afastaria, romperia conosco, e não fôsse o seu desejo de beneficiar o mundo! Verdaadeiramente, o mais cômodo método de abafar todas as ciência, porque não há uma ó em que não abundem "fato falsos" e teorias disparatadas. Somente que, enquanto a ciências ocidentais tornem a confusão maior ainda, a nossa Ciência explica todas as aparentes discrepâncias e reconcilia as mais disparatadas teorias. Entretanto, se não o trazeis de volta ao seu bom senso, haverá logo um final para tudo, desta vez irrevogavelmente. Não necessito
asssegurar-vos da minha sincera consideração para convoco, e da nossa gratidão pelo que fizeste aqui pela Sociedade - indiretamente por nó dois. Seja o que ocorrer, esstarei ao vosso dispor. Desejaria, naquilo que de mim depender, faze o que eja poível pelo vosso amigo Coronel Chesney. Se por voo intermédio a vrie é evitada e dissipada a nuvem negra, eu instruirei a ele tanto quanto possa. Mas, nõ será demasiadamente tarde? Sempre sinceramente vosso, K.H.
Carta Nº 033 Carta de K.H. recebida através de M., mostrada a A.B.1 Estas cartas (A, B, C e D) são designadas assim, porque, não apenas não trazem data alguma, mas porque nada há no seu conteúdo que indique a sua colocação na sequência. Na verdade, não afetam a história dos fatos relatados em quaisquer das outras cartas. A Carta A, provavelmente, foi recebida em Londres, algum tempo depois da chegada de Mohini no começo de 1884. A referência à "A.B." (Annie Besant) parecia indicar que o Mahatma K.H. tinha um conhecimento prévio do seu papel no trabalho teosófico. Estou sinceramente receioso que possais estar perplexo pela evidente contradição entre as notas recebidas por vós vindas do meu Irmão M. - e as minhas. Sabei, meu amigo, que no nosso mundo, ainda que possamos variar nos métodos, nunca podemos estar em posições opostas em relação aos princípios da ação, e a aplicação mais vasta e prática da idéia da Fraternidade da Humanidade não é incompatível com o vosso sonho de estabelecer um núcleo de investigadores científicos honestos e de boa reputação, os quais dariam prestígio à organização da S.T. aos olhos da multidão e serviriam como um escudo contra os estúpidos e ferozes ataques dos céticos e materialistas. Há, mesmo entre os homens de ciência inglêses aqueles que já estão preparados para descobrir que o nossos ensinamentos estão em harmonia com os reultados e progressos de suas próprias investigações e que não são indiferentes à sua aplicação às necessidades espirituais da humanidade em geral. A nossa tarefa pode ser a de lançar sementes da Verdade entre eles e indicar a senda. Contudo, como o meu Irmão vos recordou, nem um só daqueles tão somente trataram de ajudar o trabalho da Sociedade, conquanto imperfeitos e falhos os seus modos e meio, o terá feito em vão. A situação vos será explicada mais amplamente pouco a pouco.
Entretanto, façai todos os esforços para desenvolver tai relações com A. Besant de maneira que o vossos trabalhos caminhem em linhas paralelas e em plena simpatia: um pedido mais fácil do que alguns dos meus, os quais sempre levastes a cabo lealmente. Podeis, se julgais conveniente, mostrar esta nota somente a ela. Ao percorrer a vossa própria e espinhosa senda, ou digo outra vez: coragem e esperança. Esta não é uma resposta a vossa carta. Sempre sinceramente vosso, K.H.
Carta Nº 034 Recebida em Setembro de 18821. É impossível determinar a data exata desta carta, mas ela pertence a esta sequência nalguma parte. É positivamente penoso achar-se tão sistematicamente mal compreendido, as próprias intenções tão erronamente interpretadas e todo o plano colocado em risco por estas infindáveis preciptações. Será que nunca nos será dado o crédito de saber o que estamos fazendo ou que nos seja concedido o benefício da dúvida, na ausência de toda e qualquer prova razoável de que estamos determinados em "obstruir o progresso" da Sociedade Teosófica? O senhor Hume sustenta que ele não diz: "K.H. ou qualquer outro irmão estão equivocados. Contudo, em cada linha de suas numerosas cartas para mim e para H.P.B. respiram o espírito de queixa e de amarga acusação! Eu vos digo, meu bom amigo, que ele nunca estará satisfeito, não importa o que façamos! E como não podemos permitir que o mundo seja inundado, sob o risco de afogá-los, com uma doutrina que precisa ser divulgada, cautelosamente, aos poucos, como um tônico demasiadamente poderoso que poderá matar em vez de curar, o resultado será uma reação nesse insaciável desejo dele, e então, bem: vós mesmo conheceis as consequências. Incluo duas cartas escritas e dirigidas a ela, com vistas a mim. Bem, nada podemos fazer de melhor agora. A Sociedade nunca perecerá como uma instituição, embora lojas e pessoas possam. Tenho condescendido com ele ultimamente mais do que fiz convosco, e podereis julgar a situação pelas caóticas, ainda que no geral, razoáveis observações que H.P.B. dirige hoje ao senhor Hume. Deve-nos ser permitido que julguemos por nós mesmos e que possamos ser os melhores juízes. Tudo será explicado e divulgado, no devido tempo, se tão somente deixarem os nossos próprios métodos. De outra maneira, é melhor desistir da Eclética. Recebi volumes dele
na semana ada! Eu vos envio umas poucas notas através dela. Mantende isto confidencial. Vosso K.H.
Carta Nº 035 Carta de K.H. recebida em Allahabad no dia 18 de Março de 1882. Esta é a carta "através de Bombaim" prometia pelo Mahatma K.H. em sua curta nota: "Impossível; nenhum poder. Escreverei através de Bombaim". (Carta nº.52 CM-144). Não compreendestes perfeitamente o significado de minha nota de 11 de Março, meu bom amigo. Eu disse que era fácil produzir fenômenos, quando ocorressem as condições mecessárias, mas não disse que mesmo a presença de Olcott e Mallapura na vossa casa produziriam tal fluxo de força suficiente para as experiências que propusestes. As última eram bastante razoáveis do vosso ponto de vista e eu não vos culpo por solicitá-las. Pessoalmente, talvez gostaria que as tivésseis - para a vossa satisfação pessoal, e não para a do público, pois como sabeis, a convicção nestes casos deve ser alcançada mediante a experiência individual. Os testemunhos de segunda mão nunca satisfizeram a ninguém, a não ser a uma mente crédula, (ou melhor, não cética). Nenhum espírita que lesse na vossa segunda edição, a simples descrição das experiências que me mencionastes, atribuiria, nem por um momento, os fatos a algo que não fôsse mediunidade; e vossa esposa e vós mesmo, provavelmente seriam incluídos por eles no conjunto dos fatores mediúnicos! Imagine-se semelhante coisa! Não - esperai a vossa oportunidade; estais reunindo lentamente os materiais para o que nós aqui chamamos, como sabeis, o real dgiu, aproveite-o o melhor que puder. Não serão nunca os fenômenos físicos que trarão convicção aos corações dos incrédulos na "Fraternidade", mas os fenômenos de intelectualidade, filosofia e lógica, se assim posso me expressar. Vêde os "Ensinamentos Espíritas" por +, dadas por Oxon, o mais intelectual e culto dos médiuns. Lêde-os e - compadeça! Não vêdes então para que nos esforçamos, como diz O.? Não destes conta que, se não fôsse o vosso intelecto excepcional e a ajuda que dele conseguimos, o Chohan teria fechado há muito tempo qualquer porta de comunicação convosco? Sim, meu amigo, lêde e estudai, porque existe um propósito. Parecestes desgostoso e decepcionado, quando lestes as palavras "Impossível; possibilidade aqui, escreverei através de Bombaim". Essas oito palavras me custaram oito dias de trabalho
recuperativo - no estado em que me acho no presente. Mas não sabeis o que quero dizer: estais desculpado. Não oculteis a vós mesmo as dificuldades de desenvolver o vosso esquema de "Graus". Desejava que o aperfeiçoasses nas vossas horas livres, "quando o espírito vos impulsionasse". Pois ainda que não tivésseis êxito completo ao traçar um esquema adequado às necessidades da Ásia e da Europa, poderíeis encontrar algo que fôsse apropriado para uma ou outra, e logo outra mão poderia suprir o que faltasse. Os asiáticos são tão pobres, em geral, e os livros tão iníveis para eles nestes dias degenerados, que podereis constatar claramente quão diferente deve ser estruturado um plano de cultura intelectual, como preparação de experimentos práticos para desenvolver nele os poderes psíquicos. Nos tempos antigos esta necessidade era suprida pelo Gurú, que guiava o Chela através das dificuldades da infância e da juventude, e lhe dava por meio de ensinamento oral tanto ou mais alimento para o seu crescimento mental e psíquico, do que através de livros. A necessidade de um "guia, filósofo e amigo" (e quem merece melhor esse tríplece título?) nunca poderá ser suprida, por mais que tenteis. Tudo o que podeis fazer é preparar o intelecto; o impulso para a "cultura da alma", deve ser provido pelo indivíduo. Três vêzes afortunados aqueles que podem irromper através do círculo vicioso da influência contemporânea e situar-se acima das suas fantasias. Voltando aos vossos Graus. Não estareis esboçando muito vagamente as linhas entre os três ou quatro primeiros grupos? Que prova aplicais para verificar o seus respectivos estados mentais? Como se prevenir contra a mera "memorização", cópia e redação forjada? Muito hábeis jesuítas poderiam ar por todos os vossos Graus, até mesmo pelo sexto e o sétimo: vós o itireis, então na segunda seção? Lembraivos das lições do ado e de Carter Blake - é muito possível - como disse Moorad Ali Bey e vos foi confirmado por Olcott - para aquele que ou os primeiros cinco estágios adquirir "faculdades ocultas" no 6º. Mais ainda, isso pode ser feito sem ajuda dos estágios, adotando tanto o método dos Arhats, dos Dasturs, dos Ioguis, como dos Sufís, entre cada um desses grupos de místicos houve muitos que nem mesmo liam ou escreviam. Se falta a tendência psíquica, nenhuma cultura a suprirá. E a escola mais teórica como a mais prática desta espécie, é aquela em que nós, os afiliados, vossos correspondentes interessados - fomos ensinados. Tudo isto não foi dito para o vosso desânimo, e sim para o vosso estímulo. Se sois um verdadeiro anglo-saxão, nenhum obstáculo intimidará o vosso zelo, e se o meu Olho não foi nublado, tal é o vosso caráter - au fond2. Nós temos uma palavra para todos os aspirantes TENTAI. E agora, com relação ao vosso desolém de setembro ado, acerca dos perigos imginários para aquele que produz fenômenos, perigos
que crescem em proporção à magnitude dos fenômenos assim produzidos e a impossibilidade de refutá-los. Recordai a prova proposta de trazer até aqui uma cópia do Times. Meu bom amigo: se os insignificantes fenômenos (porque são de pouca monta diante dos que poderíamos e seríamos capazes de produzir) demonstrados por Eglinton provocaram tão amargo ódio, evocando diante dele cenas de aprisionamento devido a falso testemunho, qual não seria a sorte da pobre "Velha Dama" (H.P.B.)? Vós sois mesmo bárbaros, com toda a vossa proclamada civilização. E agora quanto a Morya. (Isto deve ser estritamente privado entre nós e não deve ser revelado nem à senhora Gordon). Eglington estava se preparando para ausentar-se, deixando na mente da pobre senhora G. o temor de que havia sido enganada; de que não existiam "Irmãos" pois que Eglington havia negado a sua existência, e que os "Espíritos" permaneciam silenciosos diante desse problema. Então, na semana ada, M. intervindo na heterogênea multidão, pegou os fantasmas pela garganta e - o resultado foi a inesperada issão dos "Irmãos", e a sua existência real e a proclamada honra de um conhecimento pessoal com o "Ilustre". A lição para vós e para os outros, derivada do precedente, pode ser útil no futuro: tendo os acontecimentos que crescer e se desenvolver. Seu sinceramente, K.H.
Carta Nº 036 Recebida cerca de Janeiro de 1882. Esta carta foi recebida por Sinnett antes que o Mahatma K.H. retornasse de seu retiro. Sinnett havia escrito para H.P.B. a respeito da entrada de algumas pessoas na S.T., em Allahabad ou Simla, não está claro, provavelmente nesta última, dado que o grupo ali havia sido recentemente organizado. Em sua resposta (Cartas de H.P.B. para Sinnett, pg.10) ela diz: "O que posso dizer a respeito de iniciar os Membros imediatamente? Naturalmente você deve iniciá-los e mandar as suas solicitações para mim, não para Olcott, porque eu o represento agora aqui...Tão logo eu veja o Chefe, eu pedirei a sua permissão..." Meu impaciente amigo - permitai-me, como alguém que tem alguma autoridade em vossa teosófica mella vos faculte "esquecer as regras" por um certo tempo. Fazeio-os preencher os formulários ingresso e iniciai imediatamente os candidatos. Tão somente o que tiverdes de fazer, façai-o sem demora. Lembrai-vos, sois o único agora. O senhor Hume está completamente absorvido no seu índice e espera de mim que lhe escreva e faça primeiro e puja. Eu sou demasiado alto para
que ele alcance facilmente a minha cabeça, caso tenha alguma intenção de cubrí-la com as cinzas da contrição. Nem vou me torturar vestindo uma roupa de penitência para demonstrar o meu arrependimento pelo que tenha feito. Se ele escreve e propões questões, muito bem, eu as responderei, senão, guardarei as minhas preleções para algum outro. O tempo não é obstáculo para mim. Recebi a vossa carta. Conheço ass vossas dificuldades. vou me ocupar delas. Grande será a decepção de K.H. se, ao regressar para nós, encontra tão pouco progresso feito. Vós..., vós sois sincero; os outros colocam o seu orgulho acima de tudo. Logo esses teósofos de Prayag4, os Pundits e os Babus! Não fazem nada e esperam que nós tenhamos correspondência com eles. Homens insensatos e arrogantes. M.
Carta Nº 037 (De Djwal Khool a Sinnett). Recebida em Allahabad em 10 de Janeiro de 1882. Privativa A carta é proveniente do chela Djual Khul. O longo retiro do Mahatma K.H. terminou e ele retornou. A carta se refere a D.M. Bennett, um Livre Pensador americano e editor do "The Truthseeker". Olcott fala dele "como uma pessoa muito interessante e sincera, um Livre-Pensador que sofreu um ano de prisão por seus ataques implacáveis, às vezes, ásperos, contra o dogmatismo cristão". Um processo de falsificação foi forjado contra ele por um detetive inescrupuloso de uma Sociedade Cristã em New York, e "ele foi levado a julgamento e mandado para a prisão. Ele teve que cumprir todo o seu período de um ano de prisão, a despeito do fato de que uma petição, assinada por 100.000 pessoas, foi mandada ao Presidente Hayes em seu favor. Quando ele foi libertado, uma enorme platéia recepcionou-o entusiasticamente no mais conhecido salão público de New York, e um fundo foi subscrito para pagar as suas despesas numa viagem em torno do mundo, para observação do trabalho prático do Cristianismo em todos os países". Honrado Senhor, O Mestre despertou e me pede que vos escreva. Para o seu grande pesar, por certas razões não estará capacitado, até que transcorra um determinado tempo, a expor-se às correntes de pensamentos que fluem tão vigorosamente além do Himavat. Ordenou-me, portanto, que eu fôsse a mão que redigisse a Sua mensagem. Tenho que vos dizer
que ELE "continua sendo para vós, tão bom amigo, como até agora e bastante satisfeito, tanto em relação às vossas boas intenções como também com a sua execução, até onde esteja em vosso poder. Tendes demonstrado o vosso afeto e sinceridade mediante o vosso zelo. O impulso que destes pessoalmente à Causa que amamos não será detido; portanto, os seus frutos (para evitar a palavra "recompensa" que é empregada pelos "sentimentais") não serão diminuídos quando o vosso balanço de causas e efeitos - o vosso Karma - for ajustado. Ao trabalhar para os demais, sem egoismo, e com risco pessoal, trabalhastes efetivamente para o vosso próprio bem. Um ano forjou uma grande mudança em vosso coração. O homem de 1880 mal reconheceria o homem de 1881, caso se confrontassem. Comparai-os então, bom amigo e irmão, para que percebeis plenamente o que o tempo fez, ou melhor, o que fizestes com o tempo. Para fazer isso meditai, a sós, contemplando internamente com ajuda do mágico espelho da memória. Assim, não só vereis as luzes e as sombras do ado, mas também os possíveis esplendores do Futuro. Assim, oportunamente, chegareis a ver o Ego de antigamente em sua desnudada realidade. E assim também, ouvireis de mim diretamente na mais próxima e praticável oportunidade, "pois nós não somos ingratos e mesmo o Nirvana não pode apagar o BEM". Estas são as palavras do Mestre e com Sua ajuda sou capaz de dispôlas em nossa linguagem, honrado senhor. Tenho a liberdade, ao mesmo tempo, de vos agradecer com muito afeto pela genuina simpatia que sentistes por mim, por ocasião de um ligeiro acidente, resultado de um descuido meu, e que me reteve enfermo no leito. Embora possais ter lido, nas obras modernas, sobre mesmerismo como, aquilo que chamamos de "Essência -Vontade" e vós de "fluido"é transmitido do operador ao seu ponto objetivo, talvez mal possais compreender como todo mundo praticamente, ainda que seja de forma inconsciente, demonstra essa lei todos os dias e a cada momento. Nem podeis compreender cabalmente como o treinamento para o adeptado aumenta a capacidade do indivíduo, tanto para emitir como para sentir esta espécie de força. Asseguro-vos que eu, ainda apenas um humilde chela, (até agora) senti os vossos bons desejos fluindo até mim, assim, como o convalescente nas frias montanhas sente a suave brisa que sopra sobre ele vinda das planícies embaixo. Também tenho a vos dizer que reconhecereis em um certo senhor Bennett3, da América, que chegará em breve a Bombaim, uma pessoa que apesar do seu provincialismo, que tanto detestais, e de suas tendências excessivamente incrédulas, é um dos nossos agentes (o que ele desconhece) para ajudar a levar a cabo o plano para a emancipação do pensamento ocidental de credos supersticiosos. Se puderdes encontrar a maneira de dar-lhe uma idéia correta do verdadeiro pensamento asiático de agora e do seu potencial futuro,
mas mais particularmente do pensamento da Índia, será para o meu Mestre um motivo de satisfação. Ele deseja que eu vos faça saber, ao mesmo tempo, que não devereis sentir uma delicadesa tão exagerada quanto a recolher o trabalho, que não foi feito, das mãos do senhor Hume. Esse cavalheiro escolhe para fazer o que somente satisfaz ao seu capricho pessoal, sem consideração alguma para com os sentimentos das outras pessoas. O seu trabalho atual (uma pirâmide de energia intelectual mal gasta), suas objeções e razões, tudo é calculado somente para se auto justificar. O Mestre deplora encontrar nele o mesmo espírito de completo egoismo inconsciente que não considera de modo algum o bem da Causa que Ele representa. Se ele parece algo interessado nela é porque encontra resistência e sente-se incitado à combatitividade. Assim, a resposta à carta do senhor Terry, enviada a ele de Bombaim, deveria ter sido publicada no número de Janeiro. Podereis bondosamente encarreagar-vos disso? O Mestre acha que podeis fazer tão bem como o senhor Hume, basta tentardes, pois a faculdade metafísica em vós, está somente inativa, mas se desenvolverá por completo, bastando que a desperteis plenamente mediante o seu uso constante. E quanto ao nosso reverenciado M., ele deseja que vos assegure que o segredo do chamado amor do senhor Hume pela Humanidade, se situa e está baseado na presença casual da palavra da primeira sílaba; mas para a "humanidade" - ele não tem qualquer simpatia. Dado que o Mestre não vos poderá escrever pessoalmente, durante um ou dois mêses, (ainda que ouvireis dele sempre), Ele vos roga que prossigai nos vossos estudos metafísicos em consideração a ELE e não abandonai a tarefa, eí desespero, quando tropeçar com idéias incompreesíveis nas notas do Sahib M., pois que o Sahib M., se a algo tem aversão na vida, é escrever. Em conclusão, o Mestre vos envia os seus melhores votos e roga que não o esqueçais, ordenando-lhe que eu assine como o seu obediente servidor. "O Deserdado" P.S. Se desejais escrever-lhe, ainda que esteja impossibilitado de responder pessoalmente, o Mestre receberá com prazer as vossas cartas. Podeis fazê-lo por intermédio de D.K. Mavalankar. "Dd"
Carta Nº 038 Recebida em Allahabad em Fevereiro de 1882. Enquanto Sinnett continua a datar toda esta série de cartas em fevereiro de 1882, os acontecimentos situam-nas em dezembro de
1881, provavelmente no dia 10. H.P.B. fizera a sua visita a Allahabad e estava de volta para Bombaim. O Mahatma estuda a questão de um possível ramo feminino da Sociedade Teosófica e diz que certamente haverá problemas sobre isso. Ele não faz mistério a respeito das opiniões de H.P.B. relativas ao seu próprio sexo. O vosso "ilustre" amigo não quiz ser "satírico", qualquer que fôsse a interpretação que se desse às suas palavras. O vosso "ilustre" amigo simplesmente se sentia triste ao pensar na grande decepção que seguramente terá K.H. no seu regresso entre nós. A primeira olhada retrospectiva no trabalho que tanto estima em seu coração, lhe mostrará tais mostras de sentimento intercambiadas como as duas aqui incluídas. O tom grosseiro, amargo e sarcástico de uma lhe dará tão escasso motivo para se alegrar, como o tom grosseiro, insensato e pueril da outra. Eu teria deixado o assunto intocado, se não tivésseis mal interpretado tanto o sentimento que ditou a minha última. É melhor que eu seja franco convosco. O tratamento de "Alteza" a que não tenho o menor direito, sugere muito mais sátira do que qualquer coisa que eu tenha dito até agora. Não obstante, como "nenhum epíteto se fixará no colarinho da camisa de um "Bodpa", não a levo em conta, aconselhando-vos que façais o mesmo e que não vejais sátira onde nada disso se pretende e há somente a franqueza no falar e a correta definição do estado geral dos vossos sentimentos em relação aos nativos. O vosso advogado conhece melhor, naturalmente. Se o parágrafo em questão não é difamatório, então tudo o que posso dizer é que é muito necessária uma recodificação de vossas leis acerca da difamação. Certamente que tereis dificuldades com ela acerca da Loja - feminina. Seu deprezo pelo sexo não tem limites, e dificilmente pode ser persuadida de que algo de bom pode vir de tal procedência. Serei franco convosco, de novo. Nem eu, nem nenhum de nós - K.H. ficando fora da questão completamente - consentiria tornar-se os fundadores, muito meno dirigentes de uma Loja feminina, todos nós temos estado muito ocupados com as nossas anis. Entretanto, reconhecemos que poderia resultar num grande bem tal movimento, tendo, como possuem as mulheres, tanta influência sobre os seus filhos e os homens nos lares; e com a vossa competência experimentada e antiga nessa direção, poderíeis ser, com a ajuda do senhor Hume, de imensa utilidade para K.H. de cuja área de "amante natureza" as mulheres foram sempre excluídas, exceção feita à sua irmã, e só reinou nela o amor para o seu país e para a humanidade. Ele não conhece nada de tais criaturas. Ele sempre sentiu a necessidade de recrutar mulheres, entretanto, nunca se misturaria com elas. Aqui tendes uma oportunidade para ajudá-lo.
Por outro lado, nó reivindicamos que conhecemos mais da causa secreta dos eventos do que vós, homens do mundo. Assim pois, digo que é a difamação e o abuso em relação aos Fundadores, e o conceito geral errôneo que se tem da finalidade e objetivos da Sociedade que paraliza o seu progresso - e nada mais. Não há necessidade de definição desses objetivos, basta que sejam adequadamente explicados. Os membros teriam de sobra o que fazer se buscassem a realidade com a metade do fervor com que buscam as miragens. Lamento descobrir-vos comparando a Teosofia a uma casa pintada no cenário, quando que nas mãos de filântropos e teósofos verdadeiros, ela poderia se tornar tão forte como uma fortaleza inexpugnável. A situação é esta: os homens que se filiam à Sociedade com o propósito único e egoista de alcançar o poder, fazendo da ciência oculta o seu único ou mesmo principal objetivo, fariam melhor que não se filiassem - eles estão fadados ao desapontamento tanto quanto aqueles que cometem o êrro de crer que a Sociedade não tem outro propósito. E fracasam porque predicam demasiadamente acerca dos "Irmãos" e muito pouco, se não totalmente, acerca da Fraternidade, em que fracassam. Quantas vêzes havemos de repetir que, quem ingressa na Sociedade com o único objetivo de pôr-se em contato conosco, ou de adquirir ou ao menos assegurar-se da realidade de tais poderes e da nossa existência objetiva, está perseguindo uma miragem? Digo então, novamente. É somente aquele que tem em seu coração o amor à humanidade, que é capaz de sentir intimamente a idéia de uma Fraternidade prática e regeneradora, é que tem o direito à posse dos nossos segredos. Só um homem assim jamais fará mal uso de seus poderes, pois que não haverá receio algum de que os utilize para fins egoistas. O homem que não coloca o bem da humanidade acima do seu próprio bem, não é digno de se tornar nosso chela, não é digno de alcançar mais elevado conhecimento do que o seu vizinho. Caso anseie por fenômenos, que ele se satisfaça com as distrações do espiritismo. Tal é o estado real das coisas. Houve um tempo que de oceano a oceano, das montanhas e desertos do norte até as grandes florestas e colinas do Ceilão havia somente uma fé, um incitante grito - salvar a humanidade das misérias da ignorância em nome d'Aquele que ensinou por primeiro a solidariedade de todos os homens. Como está isso agora? Onde está a grandeza do nosso povo e a da Verdade Una? Essas, podeis dizer, são belas visões que foram outrora realidades na terra, mas que se dissiparam como a luz de uma noite de verão. Sim; e agora estamos em meio a um povo em conflito, um povo ignorante e obstinado, buscando conhecer a verdade, e entretanto incapaz de encontrá-la, pois cada um a procura para o seu próprio benefício e gratificação, sem dar um pensamento para os outros. Nunca verás, ou melhor, nunca eles verão o verdadeiro significado e explicação dessa grande ruina e desolação que invadiu a nossa terra e ameaça todas as demais, a vossa em primeiro lugar? É o egoismo e o exclusivismo que aniquilaram a nossa e é o egoismo e
o exclusivismo que aniquilarão a vossa - que ademais tem outros defeitos que não citarei. O mundo obscureceu a luz do verdadeiro conhecimento, e o egoismo impedirá a sua ressurreição porque exclue e não reconhece a total fraternidaade de todos que nasceram sob a mesma imutável lei natural. Estás enganado de novo. Posso censurar a vossa "curiosidade" quando sei que ela é inútil. Sou incapaz de considerar como uma "impertinência" aquilo que é senão o livre uso das capacidades intelectuais de raciocínio. Podeis ver as coisas numa luz falsa, como habitualmente o fazeis. Mas vós não concentrais toda a luz em vós mesmos como alguns fazem, e essa é uma qualidade superior que possuís em relação a outros europeus que conhecemos. A vossa afeição por K.H. é sincera e cálida e essa é a vossa qualidade redentora aos meus olhos. Por que, então, deveríeis aguardar a minha resposta, de qualquer modo, nervoso. Seja o que aconteça, nós dois sempre permaneceremos como vossos amigos, eis que não censuraríamos a sinceridade, mesmo quando se manifesta debaixo de uma forma criticável, como a de pisar um inimigo prostado - o desventurado Babu. Seu, M.
Carta Nº 039 De M. para Sinnett. Recebida em Allahabad depois do dia 10 de Dezembro de 18811. Parece que H.P.B. decidiu finalmente processar um dos Jornais devido a uma afirmação particularmente injuriosa. Esta é provavelmente a afirmação injuriosa à qual o Mahatma se refere na Carta nº.33 (CM-38) em sua análise dos vários ataques contra os fundadores em algumas publicações. O jornal é obviamente o "Statesman". Sinnett pediu conselho ao Mahatma. Ele publicou algo no "The Pioneer" mas, sem dúvida, sente que não pode ir mais longe. O Mahatma telegrafou oferecendo uma opção. A natureza da opção não é clara, mas lendo a carta cuidadosamente, parece ser uma escolha entre entrar com uma ação judicial e publicar um artigo que revelaria ao publico a verdadeira natureza do difamador. Se o meu conselho é procurado e solicitado, então primeiro de tudo a situação real e verdadeira tem que ser definida. Meus votos de "Arhat" foram pronunciados, e eu posso buscar vingança, nem ajudar outros a obtê-la. Posso ajudá-la com dinheiro somente quando souber que nem um mace, nem a fração de um tael-A será gasto em algum propósito ímpio. E a vingança é ímpia. Mas nós itimos a defesa e ela tem o
direito de se defender. Ela deve ter plena justificação e defesa e é por isso que eu telegrafei oferecendo a opção antes de iniciar um litígio. Ela tem direito de exigir uma retratação e ameaçar com um litígio e também pode estabelecer os procedimentos, porque ele se retratará. Por essa razão enfatizei a necessidade de um artigo que não se refira a nenhum outro assunto senão o da alegada "dívida". Só isso será suficiente para atemorizar o caluniador, porque o revelará diante do público como um "difamador" e ensinará ao mesmo que estava no lado equivocado. O equívoco é devido à tão inteligível e tortuosa escrita manual de Macauliffe (um calígrafo e escriba da minha espécie), que enviou a informação ao Statesman. Esse foi um engano feliz, pois, com base nele pode-se construir toda a justificação, se agirdes sabiamente. Mas agora temos que tirar disso o melhor partido, ou perdereis a oportunidade. Assim pois, se consentirdes uma vez mais em aceitar o meu conselho, pois destes o primeiro golpe no Pioneer, procurai os dados no Theosophist e com eles e o artigo de terça-feira, escrevei para ela uma bela e pungente carta para que ela e Olcott a assinem. Isso pode ser publicado primeiro no Pioneer ou, se não concordardes, em qualquer outro jornal - mas em qualquer caso, deverão imprimí-la em forma de carta circular, e remetê-la a todos os periódicos do país. Exijai nela uma retratação do Statesman e o ameaçai com uma ação judicial. Se procederdes assim, garanto o êxito. A velha dama de Odessa - a nadyejda - está sumamente ansiosa pelo seu autógrafo - o de "um grande e renomado escritor" - diz que não queria mesmo desfazer-se da carta que escrevestes ao General, mas tinha que vos mandar uma prova de sua própria identidade. Diga a ela que eu, o "Khosyayin" (ela chamou-me de Khosyayin de sua sobrinha quando fui visitá-la três vêzes) vos ei o assunto, aconselhandovos a que escrevêsseis para ela proporcionado-lhe assim, o vosso autógrafo. Também devolvei, através de H.P.B., os seus retratos, tão logo os mostrais a vossa esposa, pois ela, em Odessa, está muito ansiosa por recuperá-los, especialmente o do rosto juvenil...É ela, tal como a conheci primeiramente "a adorável donzela". Estou um pouco atarefado agora - mas eu vos darei um complemento explicativo tão logo possa ter um pouco de lazer - digamos em dois ou três dias. O "Ilustre" cuidará de tudo que necessite vigilância. Que se a com o grandioso discurso do senhor Hume? Não poderíeis tê-lo pronto para o vosso número de Janeiro? Idem com o vosso editorial em resposta ao editorial do Spiritualist. Espero que não me acusareis de nenhum desejo de renegar-vos, nem vereis o meu humilde pedido sob outro ângulo que não o verdadeiro. O meu propósito é duplo: desenvolver as vossas intuições metafísicas e ajudar o periódico, infundindo-lhe algumas gotas de um bom sangue literário. Os vossos três artigos são certamente dignos de elogio, os pontos bem apresentados tanto quanto eu possa julgar, calculados para atrair a atenção de todo erudito e metafísico, especialmente o primeiro. Mais
tarde aprendereis mais acerca da criação. Por enquanto eu tenho que criar a minha comida - que dificilmente vos agradaria, temo eu. M. Seu jovem amigo o Deserdado já está de pé outra vez. Desejaríeis, na verdade, que ele vos escrevesse? Em tal caso, é melhor que mencionais no Pioneer a questão acerca da conveniência de chegarse a um acôrdo com a China a respeito do estabelecimento de um serviço postal regular entre Prayag e Shigatse.
Carta Nº 040 De M. para Sinnett, antes de 14 de Novembro de 18811. Sinnett anotou no cabeçalho desta carta: "Recebida por volta de fevereiro de 1882". Este é outro exemplo de datação incorreta. Pelo conteúdo da carta, tinha que ter sido recebida antes de meados de novembro de 1881, provavelmente pelo 9º. ou 10º. dia. Muito do que implicou em perseguição estava ocorrendo igualmente contra H.P.B. e Cel. Olcott e a Sociedade em geral. Esta carta começa com uma referência direta ao dano feito por esta campanha de difamação. Rattingan tornara-se o proprietário do "The Pioneer" do qual Sinnett era editor. Ele estivera envolvido nos ataques contra H.P.B. e Olcott. Aqui o Mahatma sugere que ele deveria publicar as cartas do tio de H.P.B. no "The Pioneer" com uma nota editorial referindo-se à prova oficial da identidade de H.P.B. com base no Príncipe Dondoukoff. Isto esclareceria a dúvida de que ela era uma "espiã russa". Obviamente, o Sr. Rattingan não seguiu a sugestão. Ele não tinha nenhuma simpatia pelo interesse de Sinnett na Teosofia ou em sua defesa de H.P.B. e Cel. Olcott, e mais tarde ele exonerou Sinnett de seu cargo como editor, dando-lhe um ano de salário adiantado para livrar-se dele! Parece claro que esta carta para Sinnett foi mandada através de outra pessoa que não H.P.B., porque na ocasião ela não conhecia o plano de fazer com que ela fosse para Allahabad. Tenho pouco a responder à sua primeira: "podeis fazer algo para ajudar a Sociedade? Quer que vos fale com franqueza? Bem, eu digo NÃO: nem vós nem mesmo Lord Sang-yias enquanto não se provar que a equívoca posição dos fundadores é, perfeita e inegavelmente, devida à perversa malícia e a sistemática intriga, poderíamos ajudá-la. Tal é a situação como eu a encontrei, segundo a ordem dos chefes. Observai os periódicos: todos, exceto dois ou três, ridicularizam a "querida Velha Dama (H.P.B.)" quando não a caluniam positivamente. Olcott é atacado por todos os mastins da imprensa e das missões. Um panfleto intitulado "Teosofia", impresso e posto em circulação pelos Cristãos em
Tinevelly no dia 23 de Outubro, no dia da chegada lá, de Olcott, com os delegados Budistas - um panfleto contendo o artigo do Saturday Review e outro ataque sujo e pesado, feito por um jornal americano. Os C. e M.4 de Lahore mal deixam ar um dia sem lançar algum ataque e outros periódicos os reproduzem, etc., etc. Vós, ingleses, tende as vossas idéias: nós temos as nossas sobre o assunto. Se guardais um lenço limpo em vosso bolso e jogais o que está sujo entre a multidão, quem o recolherá? Basta. Devemos ter paciência e fazer, por ora, o que pudermos. Minha opinião é que se o vosso Rattingan não é totalmente um malandro, um dos seus periódicos tendo arremessado e arremessa diariamente desonra sobre uma inocente mulher, seria o primeiro a vos sugerir a idéia de traduzir e publicar as cartas do seu tio (a vós e a ela) no Pioneer; com algumas palavras como introdução, dizendo que se espera em breve do Príncipe D. uma prova oficial mais substancial, a qual esclarecerá para sempre o desagradável assunto da identidade dela. Mas sabereis o que é melhor. A idéia pode ter ocorrido a vós; mas ela será vista deste modo pelos outros? Suby Ram - um homem verdadeiramente bom, entretanto um devoto de outro erro. Não a voz do seu gurú - mas a sua própria. A voz de uma alma pura, altruísta ardorosa, aberta em um misticismo distorcido e mal dirigido. Acrescentai a isso uma desordem crônica naquela parte do cérebro que responde a visão clara e o segredo é logo revelado: essa desordem foi desenvolvida por visões forçadas; por hatha ioga e prolongado ascetismo. S. Ram é o principal médium e ao mesmo tempo o principal fator magnético, que difunde a sua doença por contágio - inconscientemente para ele mesmo; que inocula com a sua visão todos os outros discípulos. Há uma lei geral de visão (física, mental ou espiritual) mas há uma lei especial qualificadora provando que toda visão tem que ser determinada pela qualidade ou grau do espírito e alma do homem, e também pela capacidade para transferir diversas qualidades de ondas de luz astral para a conscicência. Há somente uma lei geral de vida, mas inumeráveis leis qualificam e determinam as miriades de formas percebidas e de sons ouvidos. Há aqueles que voluntariamente são cegos e outros o são involuntariamente. Os médiuns pertecem aos primeiros, os sensitivos aos últimos. A não ser que regularmente iniciados e treinados, no concernente à visão espiritual das coisas e as supostas reveleções feitas ao homem em todas as épocas, desde Sócrates até Swendenborg e "Fern" - nenhum vidente ou clariaudiente auto instruído jamais viu ou ouviu com completa exatidão. Nenhum dano e sim muita instrução pode vos chegar caso façais parte da sua Sociedade. Prossigai até que ele reclame o que estejais obrigado a recusar. Aprendai e estudai. Tendes razão: eles dizem e afirmam que o Deus uno e único do Universo se encarnou no gurú deles, e caso um indivíduo como esse existisse, seria certamente mais elevado que qualquer "Planetário". Mas eles são idólatras, meu amigo!
O gurú deles era um iniciado, apenas um homem de extraordinária pureza de vida e poderes de resistência. Nunca consentiu em desistir de suas noções de um deus pessoal, e mesmo de deuses, embora isso lhe fôsse sugerido por mais de uma vez. Nasceu hindú ortodoxo e morreu hindú auto reformado, algo semelhante a Kechub ChunderSen, mas mais elelvado, mais puro e sem ambição alguma que pudesse manchar a sua brilhante alma. Muitos de nós deploraram a sua auto-ilusão, mas era demasiado bom para ser forçado a uma interferência. Reuni a eles e aprendai, mas recordai a vossa sagrada promessa a K.H. Dois mêses mais e ele estará conosco. Estou pensando em enviá-la a vós. Creio que poderíeis persuadí-la, pois eu não desejo exercer a minha autoridade nesse caso. M.
Carta Nº 041 (De M. para Sinnett. Recebida depois do dia 10 de Dezembro de 1881). Esta carta se relaciona mais com a sugestão do Mahatma M. de que Sinnett redija uma carta circular a ser assinada por H.P.B. e Olcott. Olcott, que estivera no Ceilão, chegou em Bombaim em 19 de dezembro. H.P.B. e Olcott mandariam fazer cópias desta carta-circular e as remeteriam para todos os jornais. Na verdade considero-me incapaz de expressar com clareza as minhas idéias em vossa linguagem. Nunca pensei em dar importância à cartacircular que apareceu no Pioneer (eu vos havia pedido que a esboçasse para eles), nem eu quiz dizer que deveria aparecer nesse periódico. Eu vos pedi que a redigísseis para eles e que enviásseis uma cópia da mesma para Bombaim, fazendo com que eles a imprimissem como uma carta-circular; feito isso, e uma vez distribuída por toda a Índia, poderia ser reproduzida em vosso jornal, como seguramente outros fariam. A sua carta a B.G. foi tola, infantil e ridícula. Eu somente a li por alto. Mas não deveis por isso ficar com a impressão de que ela anulará todo o bem que a vossa produziu. Há umas poucas pessoas sensitivas a cujos nervos sacudirá, mas o resto nunca apreciará o seu verdadeiro espírito. Nem é de modo algum difamatória, é só vulgar e tola. Eu a obrigarei a refrear-se. Ao mesmo tempo devo dizer que ela sofre agudamente e sou incapaz de ajudá-la, porque tudo isso é o efeito de causas que não podem ser anuladas - ocultismo em Teosofia. Ela tem agora que vencer ou morrer. Quando chegar a hora, ela será devolvida ao Tibet. Não culpai a pobre mulher, culpai a mim. Ela, às vêzes, é somente um "cascão", e eu, com frequência, me descuido de vigiá-la. Se o escárnio não recai sobre o Statesman, outros periódicos tomarão a pelota e a lançarão de novo sobre ela.
Não vos sintais desalentado. Coragem, meu bom amigo, e recordai que estais vos libertando, ao ajudá-la em sua própria lei de retribuição, pois mais de uma cruel zombaria que ela recebe é devida a amizade que K. H. tem por vós, porque ele a utiliza como o meio de comunicação. Mas, Coragem. Eu vi os papéis do advogado e percebo que ele sente repulsa em encarregar-se do caso. Mas para o pouco que necessita, o fará. Nenhuma ação judicial ajudará - mas divulgação quanto a defesa como no assunto da acusação - 10.000 cartas-circulares enviadas a todas as partes para provar que a acusação é falsa. Vosso, até amanhã. M.
Carta Nº 042 (De M. para Sinnett. Recebida em Janeiro ou Fevereiro de 1882). Esta carta foi recebida antes que K.H. reiniciasse a correspondência com Sinnett. Digo novamente o que não gostais que eu diga, isto é, que não é possível, entre nós, nenhuma instrução ou comunicação regular, antes que a nossa senda mútua esteja livre dos seus muitos obstáculos e o maior deles é o conceito público errôneo acerca dos Fundadores. Não podeis ser culpado pela vossa impaciência, nem o farei. Mas se falhardes em fazer um uso proveitoso de vossos privilégios recém adquiridos, seríeis, sem dúvida, meu amigo, indigno. Dentro de três ou quatro semanas mais eu me retiro para dar lugar entre vós, a aquele, a quem pertence tal posição e que eu poderia ocupar senão muito inadequadamente, já que eu não sou nem um escritor nem um erudito ocidental. Outra questão é se o Chohan3 considerará a vós e ao senhor Hume mais qualificados do que antes para receber instruções por nosso intermédio. Mas deveis vos preparar para isso, pois muito ainda resta para ser feito. Até agora somente recebestes a luz de um novo dia. Podeis, se o tentardes, ver, com a ajuda de K.H., o sol do pleno meio dia quando atinge o auge. Mas tendes que trabalhar para isso, e trabalhar para que essa luz chegue a outras mentes por intermédio da vossa. Como? Perguntareis. Até agora, de vós dois, o senhor Hume tem sido positivamente contrário aos nossos conselhos, e vós, às vêzes resistindo ivamente aos mesmos, cedendo, com frequência diante do que considerais ser o vosso melhor critério: essa é a minha resposta. Os resultados foram o que se poderia esperar. Nenhum bem, ou muito pouco, proveio de uma defesa intermitente: a solitária defesa de um
amigo, um membro da Sociedade, presumivelmente prejudicado em favor daqueles cujo campeão ele se mostrou. O senhor Hume nunca quiz escutar a sugesstão de K.H. de se fazer uma palestra em sua casa, durante a qual poderia muito bem ter desvanecido na mente do público, pelo menos, parte do preconceito, ou totalmente. Pensastes que seria desnecessário publicar e divulgar entre os leitores quem era ela. Pensai ser provável que Primrose e Rattingan5 difundam o conhecimento e divulguem informes do que eles supõem ser o caso? E assim por diante. Insinuações é tudo o que se necessita para uma inteligência como a vossa. Digo-vos isso porque sei quão profundo e sincero é o vosso sentimento em relação a K.H. Eu sei quanto vos sentireis mal se, quando, de novo entre nós, notardes que a comunicação entre vós não melhorou. E isto, com certeza, é o que acontecerá quando o Chohan verificar que não houve progresso, já que foi ele quem instou K.H. a se aproximar de vós. Veja o efeito que produziram os Fragments, o mais excelente de todos os artigos; e quão pouco efeito produzirá a menos que se excite a oposição, e provoquem discussões e se obrigue aos espíritas a defenderem as suas insensatas afirmações. Lêde o editorial do Spiritualist de 18 de novembro intitulado Speculation- Spinning7. Ela não pode responder como ele ou vós poderiam fazer, e o resultado será que as mais preciosas sugestões deixariam de alcançar as mentes daqueles que anseiam pela verdade, pois uma pérola solitária logo desaparece em meio a um montão de falsos diamantes quando não há um joalheiro que chame a atenção sobre o seu valor. E assim, outra vez mais. O que nós podemos fazer! Já estou ouvindo K.H. exclamar. Assim é, amigo. O caminho através da vida terrena conduz a muitos conflitos e provas, mas aquele que nada faz para vencê-los não pode esperar nenhum triunfo. Assim pois, que a antecipação de uma introdução mais completa em nossos mistérios, sob circunstâncias mais favoráveis, cuja criação depende inteiramente de vós mesmo vos inspire paciência para esperar, perseverança para seguir adiante, e plena preparação para receber a bem-aventurada consumação de todos os vossos desejos. E para isso deveis recordar que, quando K.H. vos dizer "Elevai-vos até aqui", deveis estar pronto. De outro modo, a mão toda poderosa do nosso Chohan se colocará, uma vez mais, entre vós e K.H. Devolvei a H.P.B. (a V.D.)0 os retratos que vos remeteram de Odessa, para a velha Generala, porque sei que ela quer muito o vosso autógrafo. Recordai-lhe que ambos pertencem a mesma Sociedade e são Irmãos, e prometei ajuda à sua sobrinha.
Carta Nº 043 (De M. para Sinnett. Recebida em Allahabad em Janeiro de 1882).
Esta carta é do Mahatma M. Ele censura fortemente Sinnett, presumivelmente por ser muito influenciado por Hume, cujo julgamento dos "Irmãos" era sempre supercrítico. Sabe-se que o Mahatma tinha sido solicitado a fazer a crítica de um panfleto escrito por Hume e tinha sido acusado de não elogiá-lo bastante. Sinnett havia mostrado a crítica a Hume e este reagiu negativamente. Antes que voltemos a nos comunicar, temos que chegar a um acôrdo, meu impulsivo amigo. Primeiro tereis que prometer-me, com lealdade, a não julgar nenhum de nós, nem a situação, nem outra coisa que tenha alguma relação como os "míticos Irmãos" - altos ou baixos, gordos ou magros - de acôrdo com a vossa experiência mundana, ou nunca chegareis à verdade. Por proceder assim até agora, tende somente perturbado a solene tranquilidade das minhas refeições vespertinas no decorrer de muitas noites, fazendo com que a minha , qual uma serpente, em meio ao que escreveis e pensais, me persiga até no meu sono pois, por simpatia, sinto-a puxada pela cauda até o outro lado das colinas. Por que sois tão impaciente? Tendes toda uma vida diante de vós para a nossa correspondência, embora tenha de ser intermitente e incerta enquanto as tenebrosas nuvens da "Eclética" Deva-lok1-A estejam baixando sobre o horizonte da Sociedade Matriz. Pode ser mesmo interrompida subitamente devido à tensão colocada nela pelo nosso amigo demasiado intelectual. Salve, Ram Ram! Pensar que mesmo a nossa moderada crítica sobre o folheto - uma crítica ada por vós ao Sahib Hume pode haver induzido a este nos matar com um golpe! A nos destruir sem nos dar tempo para que chamássemos um confessor ou sequer que nos arrependêssemos! Encontrar-nos vivos, e no entanto tão cruelmente privados de nossa existência é verdadeiramente triste, embora não de todo inesperado. Mas tudo isso é por nossa culpa. Se, em vez disso, tivéssemos prudentemente enviado um hino laudatorio para o seu endereço, podíamos agora estar vivos, gozando de boa saúde e vigor - senão de sabedoria - por muitos anos vindouros e encontrar nele o nosso Ved-Vyasa-A para cantar as proezas ocultas de Krishna e Arjuna nas desoladas margens do Tsam-pa. Agora que estamos mortos e dessecados, posso, ainda assim, também ocupar uns minutos de meu tempo para vos escrever, como um bhut3, no melhor inglês que encontre ocioso no cérebro de meu amigo-B, onde também acho, nas células da memória, o pensamento fosforescente de uma curta carta a ser enviada por ele ao editor do Pioneer para apaziguar a sua impaciência inglesa. Amigo do meu amigo: K.H. não se esqueceu de vós; K.H. não tenciona romper convosco, a menos que o Sahib Hume estrague a situação irremediavelmente. E por que o faria? Fizestes tudo o que pudestes e isso é tudo o que nós pedimos a qualquer um-C. E agora conversaremos.
Deveis pôr de lado completamente o elemento pessoal se quizerdes progredir no estudo oculto e, por um certo tempo, em relação a ele mesmo (K.H.). Compreendai, meu amigo, que os afetos pessoais tem pouca influência, se é que têm alguma, sobre qualquer verdadeiro Adepto no cumprimento do seu dever. À medida que ele se eleva em direção ao perfeito adeptado as fantasias e antipatias do seu eu anterior são enfraquecidas: (como K.H. em resumo vos explicou) ele acolhe em seu coração a toda a humanidade e a considera em conjunto. O vosso caso é excepcional. Vós vos impusestes a ele, e forçando-o a aceitar-vos, pela impetuosidade e intensidade do vosso afeto por ele; e uma vez que ele vos aceitou, tem que ar as consequências no futuro. Entretanto, não pode ser um problema para ele o que o Sinnett visível possa ser, com os seus impulsos, seus fracassos e êxitos em seu mundo, a sua consideração por ele, diminuida ou aumentada. Com o indivíduo "visível" nada temos a ver. Ele é para nós somente um véu que oculta aos olhos profanos o outro ego com cuja evolução estamos ocupados. No rupa-D externo, fazei o que gostais, pensai o que quereis: somente quando os efeitos dessa ação voluntária são vistos no corpo-E de nosso correspondente é nosso dever prestar atenção. Nós não estamos satisfeitos ou desgostosos porque não estivestes na reunião de Bombaim. Caso tivésseis ido, teria sido melhor para o vosso "mérito"; mas como não fôstes, perdestes um pequeno ponto. Eu não podia nem tinha o direito de influir sobre vós de modo algum, precisamente porque não sois um chela. Foi uma prova, muito pequena, ainda que vos parecesse bastante importante para fazer-vos pensar "nos interesses da esposa e da criança". Tereis ainda muitas dessas provas, pois embora jamais seríeis um chela, entretanto não transmitimos confidências mesmo aos correspondentes e "protegidos", cuja discreção e coragem moral não tenham sido bem provadas. Sois uma vítima de maya. Será uma luta prolongada para vós conseguirdes arrancar as "cataratas" e ver as coisas com elas são. O Sahib Hume é um maya para vós, tão grande como qualquer outro. Vêdes dele somente o vulto da carne e osso, sua personalidade oficial, seu intelecto e suas influências. O que é tudo isso, dizei-me, para o seu eu real que não podeis ver, não importa o que fizerdes. O que tem o seu talento que brilha num Durbar ou como dirigente de uma sociedade científica a ver com a sua aptidão para a investigação oculta, ou a sua confiabilidade para guardar os nossos segredos? Se desejássemos que se conhecesse algo de nossas vidas e de nosso trabalho, não estariam abertas para nós as colunas do Theoophist? Por que haveríamos de revelar os fatos aos poucos, através dele, para serem preparados para o consumo público com um molho de dúvidas nauseantes e sarcasmos mordazes, capazes de deixar em confusão o estômago público? Para ele não há sagrado, nem dentro nem fora do ocultismo. Ele é pelo seu temperamento um matador de pássaros e matador de fés; sacrificaria a sua própria carne e sangue, sem qualquer remorso, como o faz com um rouxinol; e dissecaria a vós e a nós, K.H.
e a querida Velha Dama, e nos faria sangrar até a morte debaixo do seu bisturí - se pudesse - com tanta facilidade como o faria com uma coruja, para nos colocar no seu "museu" com as etiquetas respectivas grudadas e depois relatar as nossas necrologias para os aficionados, no Stray Feathers. Não, Sahib; o Hume externo é tão diferente (e superior) do Hume interno, como o Sinnett externo é diferente (e inferior) ao nascente "protegé" (protegido) interno. Aprendai isso e disponde-vos a vigiar o editor para que ele não dê um mau o algum dia. Nossa maior dificuldade é a de ensinar aos discípulos a não serem enganados pelas aparências. Como já fôstes informado por Damodar, através de D.7 - eu não vos chamei de chela - examinai a vossa carta para assegurar-vos disso eu, apenas brincando, perguntei a Olcott se ele reconhecia em vós o material de que estão formados os chelas. Somente vistes que Bennett tinha as mãos não lavadas, as unhas sujas, e que usava uma linguagem grosseira e que tinha, na vossa opinião, um aspecto geral desagradável. Mas se esse modo de apreciar é vosso critério de excelência moral ou poder potencial, quantos adeptos ou lamas produtores de maravilhas ariam no seu exame? Esta é parte da vossa cegueira. Se ele morresse neste minuto (e empregarei uma fraseologia cristã para fazer-vos compreender-me melhor) poucas lágrimas mais quentes o Anjo da Morte derramaria por outros homens semelhantemente maltratados, do que por Bennett. Poucos homens têm sofrido (e sofrido injustamente) como ele; e como poucos, tem um coração bondoso, desinteressado e verdadeiro. Isto é tudo. E o sujo Bennett é moralmente tão superior ao cavalheiresco Hume, como vós sois superior ao vosso "Carregador". O que H.P.B. vos repetiu é correto: "os nativos não vêem a rudeza de Bennett e K.H. é também um nativo" o que eu quiz dizer? Que simplesmente o nosso amigo, semelhante a um Buda, pode ver, através do verniz, a textura da madeira embaixo, e dentro da viscosa e mau-cheirosa ostra - " a inapreciável pérola interna"! B. é um homem honesto e de coração sincero, além de possuir um tremendo valor moral e ser um mártir em potencial. É a seres como este que o nosso K.H. ama, enquanto que só teria desprezo por um Chesterfield e um Grandison10. Suponho que a condescendência do consumado "cavalheiro" K.H. para com o toscamente consstituido e pagão Bennett, não é mais surpreendente do que a alegada condescendência do "cavalheiro" Jesus para com a prostituta Madalena. Existe um olfato moral, assim como um físico, bom amigo. Vêde quão bem K.H. leu o vosso caráter quando ele não enviou o jovem de Lahore para falar convosco antes que mudasse de roupa. A doce polpa da laranja está dentro da casca, Sahib: tentai procurar as jóias dentro das caixas e não confieis naquelas que estão na tampa. Digo novamente: o homem é honesto e muito ardoroso; não exatamente um anjo - esses
têm que ser caçados nas igrejas elegantes, em festas em mansões aristocráticas, teatros e clubes e outros sanctums - mas como os anjos estão fora da nosa cosmogonia, estamos alegres com a ajuda de homens honestos e resolutos, ainda que sujos. Tudo isso vos digo sem qualquer malícia ou aspereza, como erroneamente imaginais. Fizestes muitos progressos durante o ano ado - portanto, estais mais perto de nós. Em consequência, eu vos falo como a um amigo a quem finalmente espero converter a alguns dos nossos modos de pensar. O vosso entuiasmo por nosso estudo tem uma mancha de egoismo nele. Mesmo o vosso sentimento por K.H. tem um caráter mixto: entretanto, estais mais próximo. Apenas confiastes demasiadamente em Hume e desconfiastes dele demasiadamente tarde, e agora o seu mau Karma reage sobre o vosso, em detrimento a vós. As vossas amistosas indiscreções sobre coisas que somente vos foram confiadas por H.P.B., eis a causa, estimula-o a temerárias publicações eis o efeito. Isso, receio, há de pesar contra vós. Sêde mais sábio daqui por diante. Se a nossa norma é sermos cautelosos nas confidências, e porque somos instruidos desde o princípio que cada homem é pessoalmente responsável diante da Lei de Compensação por cada palavra que emite voluntariamente1. Naturalmente o senhor Hume chamará isto de jesuitismo. Também tratai de irromper através desse grande maya: a ânsia por fenômeno, contra o que os estudantes de Ocultismo de todo mundo foram sempre prevenidos por seus instrutores. Semelhante à sêde pela bebida e o ópio, cresce com a satisfação. Os espíritas estão embriagados com isso. São taumaturgos tontos. Caso não possais ser feliz sem fenômenos, nunca aprendereis a nossa filossofia. Se desejais pensamentos saudáveis e filosóficos, e puderdes satisfazer-vos com eles, continuaremos com a correpondência. Estou vos comunicando uma profunda verdade ao dizer que se vós (como vosso legendário Shloma) tão somente escolherdes a Sabedoria, todas as outras coisas serão acrescentadas no tempo exato. Não acrescenta força alguma às nossas verdades metafísicas o fato de que as nossas cartas caiam sobre o vosso colo ou apareçam debaixo de voso travesseiro. Se a nossa filosofia é errônea, um fato maravilhoso não a endireitará. Ponde esta convicção em vossa consciência e falemos como homens sensatos. Por que devemos brincar com jogos infantis? Já não estão crescidas as nossas barbas? E agora é tempo de pôr ponto final à minha abominável caligrafia e assim aliviar-vos da tarefa. Sim - vossa "cosmogonia"! Bem meu bom amigo: a vossa cosmogonia está entre as folhas do meu Khuddaka Patha (minha Bíblia familiar), e fazendo um supremo esforço procurarei respondê-la, tão logo esteja livre, porque justamente agora estou em serviço. É uma tarefa para toda a vida que escolhestes e, de algum modo, em vez de generalizar, procurais sempre vos fixar sobre aqueles detalhes que são os mais difíceis para um principiante. Ficai atento,
meu bom Sahib. A tarefa é difícil e K.H., rememorando os velhos tempos, quando gostava de recitar poesia, pede-me que encerre a carta com o seguinte verso a vós dirigido: "Não serpenteia o caminho montanha acima durante todo o seu percurso? Sim, até quando termine. Não demorará o dia inteiro a jornada diária? Desde a manhã até a noite, amigo meu". O Conhecimento para a mente, como o alimento para o corpo, destinase a nutrir e ajudar o crescimento, mas requer que seja bem digerido, e quanto mais completo e pausadamente se leve a cabo o processo, melhor será para o corpo e a mente. Ví Olcott e o instruí acerca do que tem a dizer ao nosso sábio de Simla. Caso a V.D. (H.P.B.) e precipite em explicações epistolares com ele, detenha-a, pois que O. se encarregou de tudo isso. Não tenho tempo para cuidar dela, mas a fiz prometer que nunca escrevesse para ele sem que mostrasse a sua carta primeiro a vós. Namascar. Seu, M.
Carta Nº 044 (De M. para Sinnett). Recebida em Allahabad em fevereiro de 1882. Sinnett, não sabendo que o Mahatma K.H. havia lhe escrito, pois ainda não havia recebido a carta, mandou outra carta para M., que muito atenciosamente lhe respondeu. Parte da carta se relaciona com o médium William Eglinton, a quem o Mahatma chama aqui de "o pobre rapaz sensitivo". Eglinton parece ter sido um ótimo médium; se diz que ele nunca recorreu à fraudes. Ele tinha, contudo, algumas fraquesas pessoais. Pode-se lembrar que houve algum indício de que o Mahatma K.H. pensara em trazê-lo para Simla para algum treinamento de modo que pudesse ser aproveitado no trabalho deles, mas depois que Eglinton chegou a Calcutá, K.H. decidiu em contrário.
Vossa carta foi dirigida a mim pois não sabíeis que K.H. tinha se posto de novo em relação contigo. Entretanto, como a mim foi dirigida, a responderei. "Faça assim a todo custo; vá em frente". O resultado pode ser desastroso para o Espiritismo, ainda que seja provada a realidade dos fenômenos; sendo, portanto, benéfico para a Teosofia. Parece cruel permitir ao pobre e sensível moço arriscar-se dentro da cova do leão: mas como a aceitação ou rejeição do bondoso convite é com o médium sob o conselho e a inspiração de seu poderoso e previdente "Ernesto", por que os outros deveriam se preocupar? Como não é provável, digno senhor, que agora tenhamos correspondência com muita frequência, eu vos direi algo que devereis saber e do que podereis tirar proveito. No próximo dia 17 de novembro expirará o período setenário de prova dado à Sociedade quando foi fundada, durante o qual, poderiam "predicar acerca de nós discretamente". Um ou dois de nós esperávamos que o mundo havia avançado bastante intelectualmente, senão intuitivamente, para que a doutrina Oculta tivesse uma aceitação intelectual e pudesse ser dado um impulso para um novo ciclo de investigação Oculta. Outros, mais sábios, segundo se vê agora, sutentavam uma opinião diferente, mas foi dado o consentimento para a prova. Entretanto, estipulou-se que a experiência se realizaria sem a nossa direção pessoal; que não haveria intervenção anormal de nossa parte. Buscando por todas as partes encontramos na América ao homem com aptidão para líder, um homem de grande valor moral, desinteressado e possuidor de outras boas qualidades. Longe estava de ser o melhor, mas, como o senhor Hume disse acerca de H.P.B., era o melhor disponível. A ele associamos uma mulher dos mais excepcionais e maravilhosos dotes. Com esses dotes se mesclavam certos defeitos pessoais mas, tal como era, não havia outra pessoa vivente com mais aptidões para este trabalho. Enviamo-la para a América; fizemos que se reunissem; e a prova começou desde o princípio, a ambos - a ela e a ele - se deu a entender com clareza que o empreendimento ficava sob a sua inteira responsabilidade. E ambos, se ofereceram para a prova por uma certa recompensa num futuro muito distante; tal como diria K.H.: soldados voluntários para uma Desesperada Missão. Durante seis anos e meio têm lutado contra tantas dificuldades que teriam afugentado quem não estivesse lutando desesperadamente como aquele que joga a sua vida e tudo o que aprecia, em um desesperado e supremo esforço. Seu sucesso não se equiparou às esperanças de seus inspiradores originais, embora tenha sido extraordinário em certas direções. Em uns poucos mêses mais terminará o período da prova. Se nesse tempo a posição da Sociedade em relação a nós - a questão dos "Irmãos" não tiver sido estabelecida definitivamente (seja que se elimine do programa da Sociedade ou que seja aceita conforme nossas condições), será a última vez que se saberá acerca dos "Irmãos" de quaisquer espécies, cores, tamanhos ou graus. Desapareceremos da vista do público como uma bruma no oceano. Somente àqueles que
através de tudo tenham demonstrado serem fiéis a si mesmos e à Verdade, será permitido manter futura comunicação conosco. E nem mesmo eles, a menos que, desde o Presidente para baixo, se comprometam mediante as mais solenes promessas de honra, a guardar um segredo inviolável, de aqui em diante, acerca de nós, da Loja e dos assuntos tibetanos. Nem sequer poderão responder a perguntas dos seus mais íntimos amigos, embora o silêncio possa provavelmente dar a aparência de "fraude" sobre tudo que foi transpirado. Nesse caso o esforço deve ser suspenso até o começo de outro ciclo setenário quando, se as circunstâncias forem mais auspiciosas, uma outra tentativa pode ser feita, sob a mesma ou outra direção. A minha impressão pessoal e humilde é que o atual folheto do Sahib Hume, altamente intelectual como é, poderia ser melhorado de modo a ajudar enormemente, dando a necessária mudança nos assuntos da Sociedade. E se ele confiasse mais em suas intuições pessoais, que são intensas quando a elas presta atenção e menos na voz de quem não representa exclusivamente a opinião pública (como pareceis crer) e que não acreditaria, ainda que chegasse a ter mil provas, o folheto se tornaria em uma das mais poderosas obras que este movimento moderno desenvolveu. As vossas questões cosmológicas serão respondidas quando eu não estiver envolvido com assuntos mais importantes. Saúde e prosperidade. M.
Carta Nº 045 (De K. H. para Sinnett). a primeira recebida depois do "despetar" em fevereiro de 18822. Esta é a primeira carta de K.H. depois que retornou de seu retiro. Meu Irmão: Realizei uma grande viagem em busca do conhecimento supremo e tomei um tempo prolongado para descansar. Então, após regressar, tive que dedicar todo o meu tempo às minhas obrigações, e todos os meus pensamentos ao Grande Problema. Agora tudo já se ou. as festividades do Ano Novo chegam ao fim e eu sou "Eu" mais uma vez. Mas o que é o "Eu" ? Somente um hóspede ageiro, cujas preocupações são todaas semenlhantes a uma miragem do grande deserto... De qualquer modo, este é o meu primeiro momento de lazer. Eu o ofereço a vós, cujo Ser interno me reconcilia com o homem externo,
que, com demasiada frequência, se esqueec de que um grande homem é aquele que é mais forte no exercício da paciência. Olhai a vossa volta, meu migo: vêde os "três venenos" ardendo dentro do coração dos homens - a ira, a cobiça e a ilusão; e as conco obscuridades: a inveja, a paixão, a vacilação, a preguiça e a descrença, sempre impedindo-os de verem a verdade. Eles nunca se verão livres da corrupção dos seus vaidosos e perversos corações, nem perceberão a parte espiritual deles mesmos. Não tentareis - com o objetivo de diminuir a distância entre nós - desenredar-vos da malh da vida e da morte na qual eles todos estão presos, acalentar menos a luxúria e o desejo? O jovem Portman está pensando seriamente em abandonar tudo, e vir aaté nós e "tornar-se um monge tibetano", como ele se expressou. Suas idéias estão singularmente confundidas em relação às duas características e qualificações inteiramente diferentes, a do "MONGE" ou "LAMA" e a do vivente "LHA" ou "IRMÃO", mas deixemos que ele tente por todos os meios. Sim. Só agora me sinto livre para prosseguir a correspondência convosco. Ao mesmo tempo, permitai-me dizer-vos que é mais difícil do que antes trocar cartas convosco, embora a minha conssideração por vós tenha crescido sensivelmente, em vez de diminuir como receáveis, e não diminuirá a não ser em consequência dos vossos próprios atos. Eu sei bem que tratareis de evitar criar qualquer obstáculo dessa natureza; mas o homem, acima de tudo, é a vítima de seu mbiente enquanto vive na atmosfera da sociedade. Nós podemos estar ansiosos para ajudar aos que nos inspiram interesse, e entretanto, estar impossibilitados de fazê-lo, como aquele que vê um amigo lutando num maar tormentoso quando não há nenhum bote próximo para salvá-lo e a sua força pessoal está paralizada por uma mão mais forte que o mantém afastado. Sim, vejo o vosso pensamento...mas estais errado. Não culpais ao santo homem por cumprir estritamente o seu dever para com a humanidade. Se não fôra pelo Chohan e sua refreadora influência, não estaríeis agora lendo de novo uma carta do seu correspondente transhimalaico. O mundo das planícies é antagônico ao das montanhas, isso o sabeis. Mas o que não sabeis é o grande dano produzido por vossas próprias e inconscientes indiscreções. Poderei vos dar um exemplo? Recordai a cólera produzida em Staiton Moses por vossa carta muito leviana fazendo citações ad libitum-A, com uma liberalidade carregada de resultados desastrosos, de minha carta a respeito dele, que vos dirigi... A causa gerada naquela ocasião, desenvolveu os seus resultados: nõ só S. M. se separou por completo da Sociedade, de cujos membros alguns crêm em nós, como também resolveu dentro do seu coração a total aniquilação da Loja Inglesa. Está fundando uma Sociedade Psíquica e conseguiu atrair para ela Wyld, Massey e outros. Devo vos contar o futuro desse novo corpo? Ele crescerá e se desenvolverá, expandindo-se e finalmente a Sociedade Teosófica de Londres se dubmergirá nela, e perderá de início, a sua influência e depois - o seu nome, até que o próprio nome Teosofia se tornará numa coisa do ado. Fostes somente vós, a simples ação da vossa pena rápida
que produziu o nidana e o ten-del, a "causa" e o seu "efeito" e deste modo, o trabalho de sete anos, os constantes e incansáveis esforços dos contrutores da Sociedade Teosófica perecerão, mortos pela vaidade ferida de um médium. Este simples ato de vossa paarte está silenciosamente cavando um abismo entre nós. O mal pode ainda ser evitado - que a Sociedaade siga existindo ainda que seja só nominalmente até o dia que consiga atrair membros com os quais possamos trabalhar de fato e mediante a criação de uma causa oposta podemos salvr a situação. Unicamente a mão do Chohan pode estender uma ponte, mas devem ser as vossas que coloque a primeira pedra para a obra. Como o fareis? Como podereis fazê-lo? Penai bem sobre isso, caso estejais interessado em relacionamento posterior. Eles querem algo novo. Um Ritual que os entretenha. Consultai com Subba Row, com SanKariah, o Dewan Naib de Cochin, leia atentamente o seu folheto, do qual achareis trechos no último do Theosophist (veja: a Flash of Light upon Occult Free Mansonry (pág. 135). Posso aproximar-me de vós, mas deveis atrair-me mediaante um corção purificdo e uma vontade gradualmente desenvolvida. Como a bússula do Adepto segue as suas atrações. Não é esta a lei dos Princípios desencarnados? Por que também não a dos viventes? Como os laços sociais do homem carnal são muito fracos para fazer regressar a "Alma" do falecido, exceto quando existe uma afinidade mútua que se sobrevive como uma força na região dentro do âmbito terrestre, assim, os apelos de uma mera amizade ou mesmo de uma estima entusiástica, são demasiado débeis para atrair o "LHA" que ou por uma etapa na jornada, já vencida por ele, a menos que prossiga um desenvolvimento paralelo. M. expressou-se bem e com toda a verdade quando disse que um amor por toda a humanidade é a sua crescente inspiração, e que se qualquer pessoa desejasse desviar sua atençõ para ele, deverá sobrepujar a tendência dispersadora com uma força mais vigorosa. Digo tudo isso, não porque em essência não tenha sido vos contada antes, mas porque lí em vosso coração e detectei nele uma sombra de tristeza, para não dizer desapontamento, ali pairando. Jáa tivestes outros correspondentes, mas não estais completamente satisfeito. Para satisfazê-lo, eu vos escrevo, com um certo empenho para pedirvos que conserveis um estado legre de ânimo. Vossos esforços, perplexidades e pressentimentos sõ igualmente notados, meu bom e leal amigo. Foram inscritos todos por vós no imperecível REGISTRO dos Mestres. Alí está registrado cada um dos vossos pensamentos e ações, pois ainda que não um chela, como dizeis ao meu Irmão Morya, nem mesmo um "protegé" (protegido), tal como entendeis o termo, no entanto, entrastes no círculo de nosso trabalho, cruzastes alinh mística que separa o vossso mundo do nosso; e agora, se persevereis ou não; se nos tornemos mais tarde, na vossa visão, entidades reais ainda mais vivas ou desapareçamos de vossa mente como tantas ficções de
sonhos - talvez um feio pesadelo - sois virtualmente NOSSO. O vosso EU oculto se refletiu no nosso Akasa; a vossa natureza é vossa, a vossa essência é nossa. A chama é distinta da lenha que a serve temporariamente como combustível; quando terminar o vosso nascimento fenomênico - caso nos encontremos face a face em nossos mais grosseiros rupas - não podereis evitar encontrar-nos na Existência Real. Sim, é verdade meu bom amigo, o vosso Karma é nosso porque o imprimistes diariamente, hora após hora, sobre as páginas desse livro em que se conservam s mínimas particularidades dos indivíduos que entram dentro do nosso círculo e esse vosso Karma é unicamente a vossa personalidade futura, quando ais para o além. Em pensamento e em ação durante o dia, naa luta da alma durante as noites, estivestes escrevendo a história de vossos desejos e desenvolvimento espiritual. Isto é o que faz todo aquele que se aproxima de nós com algum veemente anseio de se tornar nosso colaborador; ele mesmo "precipita" as anotações mediante o processo idêntico usado por nós quando escrevemos dentro das vossas cartas fechadas e nas páginas ainda por cortar dos livros e folhetos em trânsito. (Vêde uma vez mais, as páginas 32 e 35 do Relatório enviado por Olcott). Digo-vos isso para a vossa informação particular e que não deve figurar no próximo folheto de Simla. Durante os últimos mêses, especialmente quando o vosso fatigado cérebro estava mergulhado no torpor do sono, a vossa anelante alma com frequência me buscava, e a corrente de vosso pensamento esstava golpeando contra as minhas barreiras protetoras do Akasa como pequenas ondas chocando-se contra uma encosta rochosa. Aquilo a que esse "Eu interno", impaciente e ansioso - anelou se unir, o homem carnal, o senhor mundano não ratificou: os laços da vida são ainda tão fortes como cadeias de aço. Sagradas, entretanto, são algumas delas, e ninguém vos pediria que as quebrasse. Aí embaixo, está o vosso campo de empresa e utilidade há tanto tempo acarinhado. O nosso nunca pode ser mais do que um brilhante mundo fantasma para o homem dotado de cabal sentido prático. E se o vosso caso é excepcional, em certo grau, é porque a vossa natureza tem inspirações mais profundas que os outros, que são, no entanto, "mais práticos" e cuja fonte de eloquencia está no cérebro, não no coração, que nunca esteve em contato com o coração puro e misteriosamente resplandecente do Tathagata. Se raramente tendes notícias minhas, não vos sintais desapontado, meu irmão, mas dizei - "É minha falta". A Natureza uniu todas as partes do seu Império por meio de sutís fios de simpatia magnética, e há uma relação mútua mesmo entre uma estrela e o homem; o pensamento mais rápido do que o fluido elétrico, e o vosso pensamento irá encontrar caso seja projetado com um impulso puro, assim como o meu encontrará, tem enconrado, e inúmeras vêzes impressionou a vossa mente. Podemos nos mover em ciclos de atividade dividida - não inteiramente separad uma da outra. Assim como a luz no vale sombrio é vista pelo montanhista, da altura de seus picos, cada brilhante
pensamento em vossa mente, meu Irmão, brilhará, atraindo a atenção de vosso distante amigo e correspondente. Se deste modo descobrimos os nossos Aliados naturais no Mundo das Sombras vosso mundo e os nossos além dos limites - e é nossa lei aproximarnos de todo aquele que tenha dentro de si ainda que somente o mais leve lampejo da verdadeira luz do Tathagata, - então quão mais fácil será para vós nos atrair! Compreendei isso, e então a issão dentro da Sociedade, de pessoas que com frequência vos são desagradáveis, já nõ extranhareis mais. "Aqueles que estão sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão enfermos", é um axioma, seja quem for o autor da frase. E agora permita-me dizer-vos adeus por enquanto e até a próxima vez. Não vos deixeis dominar por apreensões acerca do mal que pudesse contecer se as coisas não marcham como pensa a vossa mundana sabedoria; não duvideis, porque est aparência de dúvida enerva e faz retroceder o próprio progresso. Ter alegre confiança e esperança é completamente diferente de entregar-se ao cego otimismo do insensato; o homem sábio nunca combate o infortúnio adiantadamente0. Uma nuvem paira sobre o vosso caminho: est'se formando próxima a colina de Jakko. Aquele1 a quem fizestes o vosso confidente (eu vos aconselhei a que fôsseis apenas o seu colaborador, não que lhe revelasse coisas que devíeis ter guardado em vosso íntimo) está debaixo de uma influência perniciosa e pode se tornar em seu inimigo. Fazeis bem em tentar resgatá-lo dessa influência pois ela faz mal a ele, a vós e à Sociedade. A sua grande inteligência, incensada pela vaidade e embelezada pelo arrulho de alguém mais débil, porém mais astuto, está por enqunato debaixo de um feitiço de fascinação. Descobrireis facilmente o poder maligno que se mantém por traz de ambos e os utiliza como instrumentos para a execução de seus próprios e nefastos planos. A pretendida catástrofe pode ser impedida mediante redobrada vigilância e um fervor crescente de vontade pura, por aprte dos amigos da S.B.L.12. Trabalhai, então, caso o quereis, para evitar o contratempo, porque, se sobrevivem, não escapareis ileso por maiores que sejm os esforços de meu Irmão. A causa nunca será arruinada, ainda que a rocha de Sisifo possa esmagar muitos dedos dos pés. Adeus outra vez, meu amigo, por muito ou pouco tempo, como o quizerdes. O dever me chama. Seu, fielmente. K.H.
Carta Nº 046 De M. a Sineett, recebida em Setembro ou Outubro). Recebida em Simla em 1882.
Esta é uma carta do Mahatma M. pedindo um favor a Sinnett. Essencialmente parece que ele tenta manter Hume sob algum controle e que auxilia o Mahatma K.H. em seus esforços para salvar a Sociedade Teosófica Eclética de Simla, que parecia estar degenerando bastante. Nessa ocasião Hume era ainda o presidente daquele ramo. O primeiro parágrafo refere-se a um telegrama mandado por H.P.B. a Hume, em 5 de setembro de 1882, que, indubitavelmente, se relacionava com a carta HX e o PROTESTO pelos chelas. O telegrama e a resposta no verso dele é o seguinte (Cartas de H.P.B. para Sinnett, p.311): Para: A.O. Hume Rothney Castle, Jakko, Simla De: H.P. Blavatsky Bombaim, Byculla Nossos modos não são os deles. Os Irmãos podem não interessar, mas não ousai ir contra antigas normas. Dois chelas do Chohan protestaram e mais dez am, Subba Row em primeiro. Tentativas perigosas. Carta escrita no verso do acima. Querida Velha Dama, Acabo de receber este - não estou certo se o compreendo - se os Irmãos compreendem as coisas tão pouco a ponto de permitir que, não somente você, mas todos os chelas deles, entendam mal de modo totalmente semelhante, a finalidade, o sentido e o aspecto prático de uma coisa, de maneira a protestarem contra o que deveriam agradecer - eu penso que essa coisa não tem esperança - e eu a abandono nenhum navio pode fazer qualquer viagem a menos que o capitão conheça navegação - se ele for um grande químico isso de nada adianta, e os grandes poderes e virtudes dos Irmãos não auxiliarão a Sociedade se eles, os Capitães, são tão ignorantes como este episódio parece demonstrar quanto à navegação no oceano da vida diária. Tata. Vosso sempre, A.O. Hume Eu vos agradecerei, meu caro Sahib Sinnett, um favor pessoal. Dado que K.H. é um Iogui-Arhat muito perfeito para deter a mão que, sem temor ao fracasso, persevera na intenção de capturar o yak Tibetano
pelo pescoço, para colocá-lo sob a canga, então tudo o que me resta fazer é aparecer, uma vez mais, no natakashala para pôr fim a uma exibição que ameaça tornar-se monótona, mesmo para nós, bem adestrados na paciência. Não posso aproveitar o vosso bom conselho de escrever ao senhor Hume na minha tinta vermelha mais brilhante, pois isso seria abrir uma nova porta para uma interminável correspondência, uma honra que prefiro declinar. Mas, em vez disso, eu vos escrevo, e vos envio um telegrama e uma resposta no seu verso para a vossa leitura cuidadosa. Que maneira de falar é essa dele? A reverência pode não estar na sua natureza, nem ninguém reclama ou se importa com isso, de forma alguma! Mas eu havia pensado que o seu intelecto, que tem capacidade bastante para reter qualquer coisa, teria um canto para um pouco de bom senso. E esse senso poderia ter lhe dito que nós somos o que pretendemos ser, ou não o somos. No primeiro caso, apesar do exagero das pretenções atribuidas a favor dos nossos poderes, ainda assim, se os nossos conhecimentos e previsão não ultraarem os dele, então não somos melhores do que falsários e impostores e quanto mais rápido se afaste de nós, será melhor para ele. Mas, se em algum grau, somos o que pretendemos ser, então ele procede como um asno selvagem. Que ele se recorde que nós não somos Rajás Hindus em necessidade e compelidos a aceitar Ayahs políticos, e amas-secas para nos conduzir. Que a Sociedade foi fundada, foi em frente e continuará com ou sem ele e que ele se resigne com esta situação. Quanto à sua ajuda, que nos impõe, à semelhança dos fidalgos mendicantes espanhóis, os quais oferecem suas espadas para proteger o viajante com uma mão e com a outra apertando-lhe a garganta, não tem sido, até onde eu posso apreciar, muito benéfica para a Sociedade. Nem para um dos seus fundadores, a quem quase assassina no ano ado em Simla e a quem agora hostiliza, indo contra ela com mortal ferocidade, convertendo-lhe o sangue em água e corroendo-lhe o fígado. Portanto eu espero que imprimeis na sua mente que tudo o que "deveríamos lhe agradecer", seria ver cuidando da sua Eclética e deixando que a Sociedade Matriz cuide de si mesma. Seu conselho e ajuda ao editor do Teosofista foram, sem dúvida, proveitosos para o editor, e ela se sente agradecida a ele por isso, ao descontar a grande participação que vos deve. Mas rogamos que se nos permita afirmar que, em alguma parte devia ser traçada uma linha entre - digamos, o citado editor e nós, porque nós não somos totalmente os trigêmios tibetanos que ele acha que somos. Portanto, se somos os ignorantes selvagens orientais de sua imaginação (e cada lobo é senhor na sua própria cova) nós sustentamos o direito de conhecer melhor nossos próprios assuntos e declinamos respeitosamente de seus serviços na qualidade de capitão para guiar a nossa nave teosófica, mesmo no "oceano da vida mundana" como ele metaforiza em seu sloka. Nós o autorizamos, sob o bom pretexto de salvar a situação com os teosofistas ingleses, a agitar a sua animosidade contra nós no órgão
de nossa própria Sociedade e a traçar um esboço de nós com o pincel molhado em arrogante bilis. Que mais ele quer? Como ordenei à "Velha Dama" (H.P.B.) para lhe responder pelo telégrafo, ele não é o único navegante perito no mundo; ele trata de evitar os dissidentes ocidentais e nós, de dirigir a nossa canoa, evitando os bancos de areia orientais. Pretende ele, além disso, ditar para nós todos, desde o Chohan até Dejual Khool e Deb, o que havemos ou não de fazer? Ram, Ram e as Santas Nagas! Será que após séculos de existência independente, temos de cair sob uma influência estrangeira, de nos tornar em títeres de um Nawab de Simla? Somos nós crianças de escola, ou o que mais em sua imaginação para nos submeter à vara de um Peling mestre escola? Não obstante seus arranques de mal humor, rogo-vos que lhe diga que tivestes notícias minhas e que vos pedi dar-lhe conhecimento de meu ultimatum: se não estiver disposto a afastar-se totalmente da Sociedade, de uma vez para sempre, não tolerarei que intervenha com a sua sabedoria entre a nossa ignorância e a Sociedade Matriz. Nem deve descarregar seu mal humor contra quem não é responsável pelo que nós podemos fazer ou dizer: Uma mulher tão enferma que, como em 1877, me vejo de novo obrigado a afastá-la da Sede Central (onde é tão necessária), por receio que caia toda em pedaços. E que este seu deplorável estado foi ocasionado ultimamente por ele, devido à sua constante angústia pela Sociedade e parcialmente (senão totalmente) pelo procedimento dele em Simla, tudo isso podeis crer, sob minha palavra. Toda a situação e o futuro da Eclética recaem sobre Koot Hoomi, caso não o ajudeis. Se não obstante, a minha advertência e o evidente desagrado do Chohan5 ele persistir em fazer-se de tonto, sacrificando-se por um homem, que em certo sentido é o gênio do mal da Sociedade, bem, é o seu próprio assunto; apenas que não tenho nada a ver com isso. Permanecerei sempre vosso verdadeiro amigo, ainda que volteis contra mim um dia destes. Fern foi testado e mostrouse ser um Dugpa cabal em sua natureza moral. Veremos, veremos; mas pouca esperença resta, apesar das suas esplêndidas faculdades. Tivesse eu insinuado que enganasse o seu próprio pai e mãe, ele teria incluido além deles, os pais e mães deles. Vil, vil natureza, e contudo irresponsável. Oh vós, Ocidentais, que se vangloriam da vossa moralidade! Possam os brilhantes Chohans afastar-vos e todos aqueles ligados a vós, do mal que se aproxima, este é o sincero desejo do vosso amigo. M.
Carta Nº 047 Recebida em Allahabad no dia 3 de Março de 1882. De M. a Sinnett1.
Evidentemente a carta é em resposta a uma de Sinnett, dirigida ao Mahatma M. antes que Sinnett soubesse que o Mahatma K.H. estava de novo pronto a reiniciar a correspondência. Muito desta carta parece obscuro porque não temos os comentários de Sinnett aos quais a carta responde. Resposta a meu protesto (através de Damodar) contra o tratamento na Europa. Bem, digamos que eu seja um ignorante de vossas maneiras inglesas, e eu direi que sois o mesmo em relação aos nossos costumes tibetanos, e dividiremos a diferença e estreitaremos as mãos astrais sobre Barnaway terminando a nossa discussão. A Velha Dama? Naturalmente ela está agitada - mas quem se importa? Entretanto, manteve-se segredo para ela. Não há qualquer utilidade de fazê-la mais miserável do que é. Cook é uma bomba de sujeira com pistões que funcionam perpetuamente e quanto antes os aparafuse melhor para ele. A vossa última carta a mim dirigida é menos uma "petição" do que um protesto, meu respeitado Sahib. A sua voz é a da guerra sankh dos meus ancestrais Rajput, em vez da fala suave de um amigo. E agrada-me mais ainda, eu vos asseguro. Tem o genuino som de uma honesta franqueza. Conversemos, pois, por mais aguda que seja a vossa voz, o vosso coração é cálido e terminais dizendo: "Se o que determinardes, que me parece certo, seja feito ou não" sois sempre nossos fielmente, etc. A Europa é grande, mas o mundo é maior ainda. O sol da teosofia tem que brilhar para todos, não para uma parte. Há muito mais neste MOVIMENTO do que até agora imaginastes, e o trabalho da S.T. está vinculado a um trabalho similar que está sendo levado a cabo, em segredo, em todas as partes do mundo. Mesmo na S.T. existe uma divisão, dirigida por um irmão grego, acerca da qual nenhuma pessoa da Sociedade nada sabe, excetuando a "Velha Dama" e Olcott; mesmo este, apenas sabe que está progredindo e ocasionalmente executa alguma ordem que eu lhe envio, relacionada com esta divisão. O ciclo do qual falei se refere a todo o movimento. A Europa não será descuidada, não o temais nunca; mas talvez vós mesmo não podeis prever COMO será ali derramada a luz4. Peça ao vosso seráfico K.H. que tenhais detalhes disso. Falais de Massey e Crookes; não recordais que a Massey foi oferecida, há quatro anos, a oportunidade de encabeçar o movimento inglês e ele recusou? No seu lugar foi posto esse velho inflexível ídolo do Sinai Judeu - Wild, o qual, com o seu vociferante cristianismo e fanáticas tolices, nos excluiu de todo, do movimento. Nosso Chohan nos proibiu que em absoluto tomássemos parte alguma nele. Massey tem que agradecer apenas a si mesmo por isso e podeis dizer isso a ele. Já devíeis ter aprendido a nossa maneira de atuar. Nós aconselhamos e nunca ordenamos. Mas influimos nos indivíduos. Pesquisai, se quiserdes, a literatura espírita até o ano de 18773. Procurai e encontrai nela, se puderdes, uma só palavra acerca da filosofia oculta, ou
esoterismo, ou algo desse elemento, agora tão amplamente infundido no movimento espírita. Perguntai e inquiri, se a própria palavra "ocultismo" não era por completo desconhecida na América, até o ponto de que vemos a Cora (a dos sete maridos, a mulher de Tappan e médium falante), inspirada para que declarasse nas suas conferências que a palavra ocultismo havia sido recentemente inventada pelos teósofos que estavam (então surgindo); que nunca ninguém tinha ouvido falar de espíritos elementares e luz astral, salvo os produtores de petróleo, e assim por diante. Bem, verificai e comparai tudo isso. Esse foi o primeiro grito de guerra, e a batalha se seguiu feroz e violenta mesmo até no dia da partida para a Índia. Mencionar e salientar a Edison, Crookes e Massey, pareceria algo vangloriar-se daquilo que nunca poderá ser provado. E Crookes, por acaso não aproximou a ciência dos nossos pronunciamentos com o seu descobrimento da matéria radiante? O que foi, senão a investigação oculta que primeiramente o conduziu a isso? Vós conheceis a K.H. e a mim; conhecei algo de toda a Fraternidade e das suas ramificações? A Velha Dama é acusada de falsidade e incorreções em suas afirmações. "Não pergunteis e não recebereis incorreções". Ela está proibida de dizer o que sabe. Podereis cortá-la em pedaços e não dirá nada. Mais ainda: ela está ordenada que em casos de necessidade, despiste as pessoas; e se ela fôsse por natureza uma embusteira, seria mais feliz e haveria alcançado a sua meta já agora. Mas é aí onde o sapato aperta. Sahib, ela é demasiado sincera, demasiado franca, demasiadamente incapaz de dissimulação, e agora está sendo diariamente crucificada por isso. Tentai não ser apressado, respeitável senhor. O mundo não foi feito num dia, nem a cauda de um yak se desenvolveu em um ano. Deixe que a evolução tome o seu curso natural; a não ser que a desviemos e produzamos monstros ao supor que a estamos guiando. Massey fala em vir para a Índia, é certo? E supondo que após vir aqui e fazer o que é correto, além de gastar o tempo necessário para o adestramento, fôsse enviado de volta com uma mensagem? E supondo que Crookes e Edison e outros tenham mais coisas a descobrir? Assim pois eu digo: "ESPERAI". Quem sabe qual poderá ser a situação em novembro? Poderíeis imaginá-la a ponto de nos justificar o cumprimento de nossa ameaça de "fechar a porta", enquanto que a situação pode parecer muito diferente para nós. Vamos todos fazer o melhor que pudermos. Há ciclos de 7, 11, 21, 77, 107, 700, 11.000, 21.000 etc. deste modo, inúmeros ciclos compõem um ciclo maior, e assim por diante. Aguardai o momento propício, o livro de registros está bem guardado. Somente mantende-vos alerta; os Dugpas e os Gelupkas, não estão lutando só no Tibet: observai o seu vil trabalho na Inglaterra entre os "Ocultistas e Videntes". Escutai ao seu conhecido Wallace predicando como um verdadeiro "Hierofante" da "mão esquerda", o matrimônio da "alma com o espírito", e alternando de maneira capciosa a verdadeira definição, tratando de provar que todo Hierofante praticamente deve estar pelo menos espiritualmente casado - se por alguma razão não pode estar fisicamente - havendo, de outro modo, um grande perigo de mescla de Deus e Diabo! Digo-vos que os Shammars estão lá e o seu pernicioso
trabalho está em todas as partes no nosso caminho. Não considereis isso como sendo uma metáfora e sim um fato real que poderá vos ser demonstrado algum dia. É completamente inútil dizer algo mais das excentricidades de Olcott e da inferioridade da América em relação à Inglaterra. Tudo que é real no vosso ponto de vista reconhecemos e sabemos há tempo; mas não sabeis quanto o que é mero preconceito superficial brilha em vossos olhos como o reflexo de uma vela fraca na água profunda. Tende cuidado, para que não vos interpretemos de acordo com o vosso próprio pensamento e vos coloquemos no lugar de Olcott, trazendo-o para junto de nós, como ele tem ansiado que o façamos há vários anos. O martírio é agradável para ser contemplado e criticado, mas mais difícil de sofrê-lo. Nunca houve uma mulher mais injustamente maltratada que H.P.B. Vêde as cartas insultantes e difamatórias que lhe enviaram da Inglaterra para serem publicadas contra ela própria, contra nós e contra a Sociedade. Podeis achá-las indignas, talvez. Mas as "Respostas aos Correspondentes" no Suplemento são escritas por mim mesmo. Assim não culpeis a ela. Eu estou curioso para conhecer a vossa opinião franca a respeito delas. Talvez poderíeis pensar que ela teria feito melhor. M.
Carta Nº 048 Recebida em Allahabad no dia 3 de Março de 1882. Na Carta nº.38 (CM-90), escrita por Staiton Moses, o Mahatma K.H. disse em seus comentários anexos ao final da carta de Moses: "Minha carta é reservada. Podeis usar os argumentos mas não a minha sanção ou nome". O Mahatma estava se referindo a uma carta que ele estava escrevendo, ou havia escrito, mas que Sinnett não tinha ainda recebido, e esta é essa carta. O fato de que o seu recebimento está datado de 3 de março reforça a idéia de que os comentários do Mahatma à carta de Moses foram escritos no fim de fevereiro ou bem no começo de março. Aliás, a sua extensão indica que pode ter levado vários dias para ser escrita. O Mahatma menciona alguns artigos que irão aparecer no "próximo número" do "The Theosophist": "O Elixir da Vida", por Mirza Moorad Ali Beg (nome verdadeiro, Godolphin Mitford) e "Filosofia do Espírito", por William Oxley. O autor de "Elixir da Vida" era membro de uma proeminente família inglesa que tinha originado vários escritores notáveis. Ele nasceu na Índia. O artigo por Oxley era, na verdade, uma resposta dele à uma crítica do seu livro, "A Filosofia do Espírito"; a crítica tinha sido publicada em um número anterior do "The Theosophist". Fôra escrita por Djual Khul e era, nalguns pontos, um tanto sarcástica. Em sua resposta, Oxley opôs-se a ela.
Como um breve retrospecto, Oxley escreveu uma longa carta para K.H. durante o verão anterior. Esta carta, datada de 24 de junho de 1881, está incluida nas Cartas dos Mahatmas no Museu Britânico. O Mahatma mandou-a para Sinnett com algumas notas marginais em um estilo mais leve. Na carta, Oxley descreveu algumas das suas experiências espíritas. K.H. não respondeu à carta. Aqui ele diz, falando de Oxley, "Não tendo recebido resposta alguma de seus apelos a K.H., ele critica, suavemente até agora, as afirmações desse "Poder Interno", por cujo novo título agradeço bastante a ele." (Isto provavelmente se refere à uma afirmação na resposta de Oxley à crítica: "Koot Hoomi Lal Sing, seja um mortal ou um Poder Interno, não importa para meus objetivos atuais). Em uma ocasião, Oxley desejou filiar-se à Sociedade Teosófica Eclética de Simla, e o Mahatma K.H. recusou. Contudo, em uma carta posterior, parece que o Mahatma deve ter reconsiderado, porque ele diz numa carta a Sinnett: "...se ele se filia à Sociedade eu posso ajudálo mesmo corresponder-me com ele através de vós". Bom amigo, eu "sei" - naturalmente. E sabendo, sem que vos me dissésseis, eu, se estivesse apenas autorizado a influir-vos em uma ou outra direção, diria com muito gosto: "esse conhecimento que compartilhareis comigo algum dia". Quando ou como, "não está na minha alçada dizer, nem posso mesmo saber", pois vós, sim, somente vós, tendes que tecer o vosso destino. Talvez logo, ou quem sabe, nunca; mas, por que sentir-vos "desesperado" ou mesmo em dúvida? Crêde-me, podemos, no entanto, caminhar juntos pela íngreme senda. Podemos mesmo nos encontrar mas, se assim acontecer, tem que ser ao longo e sobre aquelas "rochas adamantinas com as quais as nossas regras ocultas nos rodeiam", nunca fora delas, conquanto possamos nos queixar amargamente. Não, nunca poderemos prosseguir a nossa jornada posterior se o fizermos juntos - por esse caminho largo, cheio de gente que toma todo, e no qual, espíritas e místicos, profetas e videntes se acotovelam hoje em dia. Sim, verdadeiramente, a heterogênea multidão de candidatos pode chamar por uma eternidade vindoura, pedir que o Sésamo se abra. Isso nunca ocorrerá enquanto eles se mantenham fora dquela regras. Em vão os vossos modernos videntes e sua profetisas procuram se esgueirar entre todas as gretas e aberturas sem saída ou continuidade que encontrem; e ainda mais em vão, uma vez dentro, gritam clamorosamente: "Eureka! Obtivemos uma Revelação do Senhor!", porque na verdade não conseguiram nada de parecido. Somente pertubaram os morcegos, menos cegos que esses intrusos, os quais, sentindo-os voarem ao seu redor, confundem-nos frequentemente com anjos - porque eles também têm asas! Não duvideis, meu amigo, é somente do alto mesmo dessas nossas "rochas adamantinas", e não de sua base, que se pode perceber sempre a Verdade em sua totalidade, por abranger todo o Horizonte ilimitado. Ainda que vos possa parecer que se interponham em vosso caminho, é simplesmente porque fracassastes até agora em descobrir ou mesmo suspeitar a razão e a operação de tais leis; daí o
fato de elas mostrarem-se à vossa vista, tão frias, impiedosas e egoistas; contudo, vós mesmo reconhecestes intuitivamente nelas, o resultado de eras de sabedoria. Entretanto, se alguém cumprí-las obedientemente, pode-se fazer que elas, de modo gradual, se rendam ao desejo da pessoa e lhe dêem tudo que peça delas. Mas jamais alguém poderia quebrá-las com violência, sem se tornar na primeira vítima da sua própria culpa; sim, a ponto de arriscar-se a perder a sua parte de imortalidade conquistada com esforço, tanto aqui como lá. Recordai: uma expectativa demasiadamente ansiosa não só produz tédio, como também é perigosa. Quanto mais cálida e mais rapidamente bater o coração, tanto mais vida se desgasta. As paixões, os afetos, não devem ser gratificados por aquele que busca SABER, porque eles "desgastam o corpo terrestre com o seu próprio poder secreto e aquele que deseja alcançar o seu propósito deve ser frio. Não deve mesmo desejar tão ansiosa ou tão apaixonadamente o objeto que aspira alcançar: do contrário, o próprio desejo impedirá a possibilidade da sua realização, quando muito, retardando-o, recuando-o... Encontrareis no próximo número, dois artigos que deveis ler, não necessito dizer-vos porque, pois deixo-o à vossa intuição. Como de costume, é uma irreflexão, que entretanto, eu permiti que ficasse pois são poucos, se é que há alguém, que compreenda a insinuação ali contida - a não ser vós. Há, no entanto, mais de uma insinuação, daí chamar-se a vossa atenção para o "Elixir da Vida" e a "Filosofia do Espírito" de W. Oxley. O primeiro artigo contém referências e explicações, cuja nebulosidade vos dará a idéia de um homem que se aproxima furtivamente de alguém, dando-lhe um golpe nas suas costas para fugir em seguida, pois elas, inegavelmente, pertecem ao gênero dessas "Fortunas" que chegam a alguém como ladrão noturno, durante o sono, e que recuam, não encontrando quem responda a sua oferta, do que queixais em vosssa carta ao Irmão. Desta vez estais prevenido, bom amigo, assim não queixeis mais. O artigo número 2 está escrito por Oxley, o clarividente de Manchester. Não havendo recebido resposta às suas reclamações feitas a K.H., ele critica - suavemente até agora, as declarações desse "Poder Interno"; por esse novo título eu me sinto agradecido a ele. Tendo em vista a gentil crítica, a nossa desajeitada editora quase explodiu. Nem se acalmava, até que Djwal Khul, com quem foi combinada a famosa crítica (que, digamos, uma vez examinada, não deveríes nunca ter permitido a sua impressão) foi autorizado, sob a proteção do pseudônimo de "Revisor", a responder (corrigindo alguns dos seus desatinos) o Clarividente, com algumas inofensivas notas de rodapé. Não obstante, devo dizer que, de todos os atuais "profetas" ingleses, W. Oxley é o único que tem algum indício de verdade, e portanto, é o único que tem probabilidades para ajudar efetivamente o nosso movimento. O homem caminha saindo e retornando constantemente do caminho reto, desviando-se dele cada vez que pensa que percebe uma nova senda; mas, achando-se em um beco sem saída, retorna à reta direção. Devo itir que há muita filosofia saudável disseminada no que escreve, e embora a sua história de "Busiris" seja, em sua apresentação antropomórfica, ridiculamente
insensata, e a sua interpretação de nomes sânscritos, de um maneira geral, errônea, e apesar de que parece ter senão noções muito nebulosas acerca do que chama "as bases astro-maçônicas do Bhagavat Gita e do Mahabharata (obras que evidentemente atribue ao mesmo autor) é, no entanto, positiva e absolutamente o único cuja compreensão geral do Espírito e de suas capacidades e funções após a primeira separação, que chamamos de morte, são, em geral, senão totalmente corretas, pelo menos se aproxima muito da Verdade. Deveis lê-lo, quando for publicado, especialmente o Par. 3, Col. I, página 152 e sequência, onde o encontrareis. Podereis, então compreender porque, em vez de responder em forma direta a vossa pergunta, trato de um assunto ao qual, até agora, sois perfeitamente indiferente. Sigai, por exemplo, sua definição do termo "Anjo" (estará na linha 30) e tratai de seguir e compreender o seu pensamento, exposto tão toscamente, e no entanto tão correto, e então comparai-o com o ensinamento tibetano. Pobre, pobre Humanidade! Quando terás toda a Verdade completa e sem alteração? Contemplai a cada um dos "priviliegiados" dizendo: "Só eu tenho razão! Não há lacuna..." Não, nenhuma: não naquela página especial aberta diante dele e que só ele está lendo no interminável volume "Revelações do Espírito", chamado Vidência. Mas por que esse teimoso esquecimento do fato importante de que há outras inumeráveis páginas antes e depois desta folha solitária, que cada um dos "Videntes" até agora mal aprenderam a decifrar? Por que é que cada um desses "Videntes" crê que o Alfa e Ômega da Verdade é ele próprio? Deste modo se ensina a S.M. que não há tais "Seres" chamados de "Irmãos", e a rejeitar a doutrina da aniquilação frequente, e a dos Elementares e a dos Espíritos não humanos. Maitland e a senhora K.1 revelaram-lhes - mediante indicações do próprio Jesus e de Deus (só isto poderia derrotar a +) que muitos dos supostos "Espíritos" que controlam os médiuns e conversam com os espíritas visitantes -, não são de maneira alguma espíritos desencarnados, mas apenas "chamas", e relíquias de cães, gatos e porco, auxiliados a se comunicarem com o mortais mediante os espíritos das "árvores", vegetais e minerais. Embora mais confusos que os humanos os cautelosos discursos do pretendido +, estes ensinamentos se aproximam mais do real que outras proclamadas até agora pelos médiuns, e direi porque. Quando a "Vidente" é levada a revelar que a "imortalidade" não é, de nenhum modo, assunto corrente para todos... que "as almas se contraem e expiram", sendo próprio de "sua natureza acender-se e consumir-se por si mesmas"...etc, ela mesma está comunicando fatos reais e incontestáveis. E por que? Porque tanto Maitland como ela, assim como o seu círculo, são estritamente vegetarianos, enquanto Staiton Moses é carnívoro e bebedor de vinhos e licores. Nunca os espíritas encontrarão médiuns e videntes, confiáveis (nem mesmo em grau algum) enquanto estes e seu "círculo" se saturarem com sangue animal e com os milhões de infusórios dos fluidos fermentados. Desde o meu regresso achei impossível para eu respirar, mesmo na atmosfera da Sede Central! M. teve que intervir e obrigar a todos que desistissem da carne, e tiveram todos eles de ser purificados e completamente limpos com várias drogas desinfetantes
antes que eu pudesse cuidar das minhas cartas. E eu não sou, como podeis imaginar, a metade do sensitivo às abomináveis emanações quanto um "cascão" desencarnado toleravelmente respeitado o seria tornando impossível uma real PRESENÇA, mesmo apenas uma "projeção". Em um ano ou tanto, talvez mais cedo, poderei me achar novamente "endurecido". No momento acho impossível - fazer o que posso. E agora, com tal Prefácio em vez de responder, eu vos colocarei uma questão. Conheceis S. Moses, e conheceis Maitland e a senhora K. em pessoa. E lestes e ouvistes acerca de vários videntes dos séculos ados e presente, tais como Swedenborg, Boehme e outros. Não nenhum entre eles que não seja inteiramente honeto e sincero, e tão inteligente como educado e até mesmo erudito. Cada um deles, além dessas qualidades, tem ou tinha um + próprio; um "Guadião" e um Revelador, sob um nome qualquer "misterioso" ou "místico", cuja missão é, ou foi a de desenvolver por intermédio de seu discípulo espiritual um novo sistema que abarcasse todos os detalhes do mundo do Espírito. Dizei-me, meu amigo: conheceis dois que estejam de acôrdo? E por que, pois a verdade é una, e deixando completamente de lado a questão das discrepâncias nos detalhes, não os vemos concordes, nem mesmo sobre os problemas mais vitais, aqueles que tem que "ser, ou não ser" e sobre os quais não pode haver duas soluções? Resumindo, chega-se ao seguinte: todos os "Rosacruzes", todos os místicos medievais, Swendeborg, P.B. Randolf, Oxley, etc., etc. dizem: "há fraternidades secretas de Iniciados no Oriente, especialmente no Tibet e na Tartária; somente lá a PALAVRA PERDIDA (que não é uma Palavra) pode ser encontrada; e, há Espíritos dos Elementos, e Espíritos - Chamas que nunca encarnaram (neste ciclo), e que a imortalidade é condicional. Os médiuns e clarividentes (do tipo de S. Moses) dizem, não há Irmãos no Tibet ou na Índia e a "Palavra Perdida", está somente sob custódia do meu "Guardião", que conhece a palavra mas não conhece os Irmãos. E a imortalidade é para todos e incondicional, não havendo Espíritos, mas os humanos e os desencarnados, etc., etc.," - um sistema de radical negação dos primeiros e de completo antagonismo com o mesmo. Enquanto Oxley e Sra. H. Billing estão em comunicação direta com os "Irmãos", S.M. rejeita a própria idéia dos mestres. Enquanto "Busiris" é um anjo no plural, ou seja o Espírito de um conjunto de Espíritos (Dhyan Chohans), o + é a alma desencarnada de um só Sábio. Os seus ensinamentos são autênticos no entanto, encontramos sempre neles, um tom de incerteza e vacilação quando diz: "Nós não podemos dizer, agora"..."É duvidoso"..."Não compreendemos se se pretende"..."parece que"..."não nos sentimos seguros"...,etc. Assim se expressa um homem, condicionado e limitado em seus meios de obter o conhecimento absoluto: mas por que deveria uma "Alma dentro da Alma Universal", um "Espírito Sábio", usar essa fraseologia cuidadosa e incerta se a verdade é por ele conhecida? Por que não, em resposta
quando ela faz observações diretas, corajosas e desafiantes, como "vós quereis provas objetivas da Loja? Não tendes +? e não podeis perguntar a ele se eu digo a verdade?; por que não responder (se é + quem responde) de uma maneira ou de outra, e dizer: "a pobre mulher está alucinada", ou (se não pode haver outra alternativa, ou uma terceira, se é que S.M. tem razão): "ela mente intencionalmente, com este e aquele objetivo, cuidado com ela" Por que é tudo tão nebuloso? Ah! na verdade, porque "ele (+) sabe" e "seu nome seja bendito", mas ele (S.M.) não sabe, pois como os seus "espíritos", +, pensa ele, recordam-lhe repetidas vêzes: "Não parece que compreendestes corretamente o que nós dissemos..." a controvérsia excita a sua mente e seus sentimentos, e no lugar de um médium transparente, nos dá um que é turvo... necessitamos de uma mente iva e não podemos atuar sem ela... (veja Light, 4 de fevereiro). Como nós não "exigimos uma mente iva", mas, pelo contrário, estamos buscando as que são mais ativas e possam tirar conclusões uma vez que estejam na pista correta, nós, se o desejardes, abandonaremos o tema. Que a vossa mente resolva o problema por si mesma. Sim, estou, na verdade, satisfeito com o vosso último artigo, embora ele não satisfaça nenhum espírita. Contudo há mais filosofia e lógica profunda no mesmo, do que numa dúzia das mais pretensiosas publicações deles. Os fatos virão depois. Assim, pouco a pouco, o agora incompreensível se tornará auto vidente, e muitas sentenças de significado místico brilharão então diante dos olhos de vossa Alma, semelhantes a transparências iluminando as trevas de vossa mente. Tal é o curso do progresso gradual; um ou dois anos atrás poderíeis ter escrito um artigo mais brilhante, mas não mais profundo. Não abandoneis, pois, meu bom irmão, o humilde e ridicularizado periódico de vossa Sociedade e não vos perocupeis nem por sua antiquada e pretensiosa capa, nem pelo "amontoado de esterco que contém", para repetir a caridosa e para vós a observação bastante conhecida empregada frequentemente em Simla. Mas que a vossa atenção seja mais atraída para umas poucas pérolas de sabedoria e verdades ocultas ocasionalmente descobertas debaixo desse "esterco". As nossas maneiras e modos próprios são, talvez, tão antiquados quanto desajeitados, ou mais ainda. Subba Row tem razão; quem conheça algo dos costumes dos Siddhas-A concordará com os pontos de vistas expressados na terceira página de sua carta incompleta; muitos de nós poderíamos ser confundidos com loucos pelos vossos cavalheiros ingleses. Mas aquele que venha a se tornar um filho da Sabedoria, sempre pode ver por debaixo da áspera superfície. Assim com o pobre e velho periódico. Contemplai a sua vestimenta mística e arrogante, suas numerosas falhas e defeitos literários, e, contudo, essa coberta é o mais perfeito símbolo do seu conteúdo: a maior parte de seu material básico, densamente velado, todo manchado de tinta e negro como a noite, através do qual podem ser entrevistos pontos, linhas e palavras e mesmo frases pardacentas. Para o verdadeiramente sábio essas
partes cinzentas podem sugerir uma alegoria cheia de significado, tal como as faixas de crepúsculo sobre o firmamento oriental, bem no início da alvorada, depois de uma noite de intensa escuridão; a aurora de um ciclo intelectual mais espiritual. E quem sabe, quantos daqueles que, impertubados ante a sua aparência pouco atrativa, as desagradáveis confusões do seu estilo e outras muitas falhas da impopular revista, continuam folheando as suas páginas e podem ser recompensados algum dia pela sua perseverança! Frases iluminadas podem resplandecer diante deles, a qualquer momento, lançando uma brilhante luz sobre alguns velhos e enigmáticos problemas. Vós mesmos, alguma boa manhã, enquanto refletis sobre as colunas tortas, com o agudo engenho de um cérebro bem descansado e perscrutando dentro do que agora vêdes como uma nebulosa e impalpável especulação, que tem só a consistência do vapor, vós mesmo podereis perceber nelas a solução inesperada de um vosso velho, confuso e esquecido "sonho", o qual, uma vez recordado, se imprimirá em uma mensagem indelével na vossa memória externa, com base na interna para nunca mais desvanecer-se dela. Tudo isto é possível e pode suceder, porque os nossos modos são os modos dos "loucos"... Então por que sentir-vos "desgostoso" e "decepcionado"? Meu bom e leal amigo, recordai que a espereança adiada não é esperança perdida. As "condições" podem mudar para melhor, pois também nós, parecidos aos fantasmas, necessitamos das nossas condições e dificilmente podemos trabalhar sem elas: e então a vaga depressão do espírito, que está se assentando sobre vós agora, semelhante a uma pesada nuvem sobre uma paisagem, pode ser afastada pela primeira brisa favorável. Bhavani Shanker está com O. e é mais vigoroso e qualificado, em mais de um sentido, do que Damodar e mesmo a nossa mútua "amiga"b. Não; não sereis arrebatado de vossos estudos antes que tenhais dominado por completo o alfabeto, de modo que aprendeis as lê-lo por vós mesmo, e depende só de vós reter para sempre a "visão sumamente atrativa que agora vos parece desvanecer..............................................................................4 toda situação. Que eu não sou um Serafin" entretanto, se demonstra pelo fato de que estou vos escrevendo esta interminável carta. Quando se verificar que não interpretastes mau o meu pensamento, posso dizer mais. Morya, para capacitar-vos, como ele diz, a enfrentar os vossos inimigos, os crentes na materialização das "almas individuais", pediume que o familiarizasse com a totalidade dos corpos sutís e seu agregado coletivo, assim como com o agregado distributivo, isto é, os envoltórios. Creio que isso é ainda prematuro. Antes que se faça compreender ao mundo a diferença entre "Sutratma"(o fio da alma) e "Taijasa"-A (o brilhante, o luminoso), temos que ensinar-lhe a natureza dos elementos mais densos. O que reprovo nele, é que permitiu-vos começar do lado errado, o mais difícil, se não se conseguiu dominar, plenamente a base preparatória.
Dei uma vista sobre os manuscritos que escrevestes para ele e mais de uma vez descobri no banco da margem, a sombra do vosso rosto, com o olhar ansioso e inquiridor: o vosso pensamento, projetou a vossa imagem no local em que desejáveis receber de volta cheio..."sedento", como dizeis, por mais notas e informações. Se a sua preguiça sobrepuja as suas boas intenções muito tempo mais, eu mesmo tenho que fazê-lo, apesar do meu tempo ser limitado. Em todo caso, não é uma tarefa ingrata escrever para vós, já que fazeis o melhor uso do pouco que recolheis aqui e ali. Na verdade, quando vos queixais de ser incapaz de compreender o significado de Eliphas Levi, é somente porque falhais, como muitos outros leitores, em achar a chave para a sua maneira de escrever. Com uma observação mais atenta, verificareis que nunca foi a intenção dos Ocultistas realmente esconder dos estudantes ardorosos e determinados o que eles têm escrito, mas sim, ocultar a sua informação por razões de segurança, numa caixa forte segura, cuja chave é a intuição. O grau de diligência e zelo como o qual o estudante busca o significado oculto, é, em geral, a prova de até onde ele está qualificado para a posse de tesouro tão enterrado. E certamente, se fordes capaz de extrair o que se ocultou debaixo da tinta vermelha de M., não necessitais ficar desesperado por nada. Eu creio que já é tempo de me despedir, esperando que tereis menos dificuldades em ler os hieróglifos em azul do que em vermelho. O.7 estará breve convosco e devereis tratar de obter o melhor nesta oportunidade, que pode ser a última para ambos. E agora, necessito de recordar-vos que esta carta é ESTRITAMENTE privada? Seu, seja o que ocorra, K.H.
Carta Nº 049 De K.H.: Recebida em Umballa, em viagem para Simla, no dia 5 de Agosto de 1881. A primeira carta a ser recebida por Sinnett, após a sua chegada a Simla, não está nas Cartas dos Mahatmas, mas se encontra nas Cartas de H.P. Blavatsky para A.P. Sinnett (Veja Apêndice III, carta nº.204). A referência a Hume e seu "programa inicial" pode ter tido relação com o estabelecimento do novo ramo da S.T. em Simla, porque esse deveria ser o assunto desta reunião em sua casa. Inicialmente este ramo era para ser chamado de Sociedade Teosófica Anglo-Indiana, mas o nome sob o qual veio a ser estabelecido foi o de Sociedade Teosófica Eclética de Simla. Estando finalmente organizada, seus objetivos eram:
1. Apoiar e sustentar o movimento Teosófico mediante a demonstração aos indianos que muitos europeus respeitam, simpatizam com ela e estão desejosos de promovê-la. 2. Obter, através do auxílio dos Irmãos Adeptos da Primeira Seção da Sociedade Matriz, um conhecimento das verdades psicológicas que eles constataram diretamente, e assim conseguir meios de combater com sucesso o materialismo da época atual. A sociedade somente itirá como membros pessoas que já sejam membros da Sociedade Teosófica. Os dirigentes eleitos foram Hume, como Presidente, Sinnett como Vice-Presidente e Ross Scott, como Secretário. Finalmente em minha casa. Recebi mais cartas do que desejo responder - exceto as vossas. Nada tendo de particular a dizer, simplesmente responderei as vossas perguntas. Uma tarefa que pode parecer fácil, mas não é assim em realidade, se lembrarmos que, à semelhança da divindade descrita no Upanishad: "Sokâmayata bahuh syâm prajaye yeti": eles "querem ser muitos e multiplicarem-se". Em todo caso, a sêde de conhecimento nunca foi considerada como sendo um pecado e sempre me achareis disposto a responder a tais perguntas, quer dizer, as que podem ser respondidas. Certamente sou da opinião que, dado que a nossa correspondência foi estabelecida para o bem de muitos, resultaria muito pouco proveitoso para o mundo, em geral, a menos que reformuleis os ensinamentos e as idéias nele contidos "na forma de um ensaio", não só do conceito filosófico oculto da criação, mas também de qualquer outra questão. Quanto mais rápido começardes o vosso "futuro livro", tanto melhor; porque quem pode responder por acontecimentos imprevistos? Nossa correspondência pode interromper-se subitamente, como resultado de um obstáculo proveniente daqueles que sabem melhor. As suas mentes, como o sabeis, são um livro selado para muitos de nós, o qual nenhuma "arte mágica" pode abrir. Posteriores "auxílios para refletir" chegarão, entretanto, no seu devido tempo, e o pouco que me é permitido explicar pode, assim o espero, resultar mais abrangente que a Haute Magie de Eliphas Levi. Não é de estranhar que acheis nebulosa, pois nunca foi destinada ao leitor não iniciado. Eliphas estudou os manuscritos Rosacruzes (agora reduzidos a três exemplares na Europa). Estes expõem nossas doutrinas orientais com base nos ensinamentos de RosenKreuz, que, após o seu regresso da Ásia, as revestiu com roupas semicristãs, como o intento de proteger os seus discípulos contra a vingança clerical. Deve-se ter a chave para elas, e esta chave é uma ciência em si mesma. RosenKreuz ensinou verbalmente. Saint Germain2 registrou as boas doutrinas em cifras, e o seu único manuscrito cifrado permaneceu em poder de seu fiel amigo e patrocinador, o benévolo Principe Germano, em cuja casa e em cuja
presença ele fez a sua última saída para o seu verdadeiro LAR. Fracasso, absoluto! Falando de "cifras" e "números", Eliphas Levi se dirige aos que sabem algo das doutrinas Pitagóricas. Sim. Algumas delas resumem toda a filosofia e incluem todas as doutrinas. Isaac Newton compreendeu-as bem, mas reteve o seu conhecimento, com muita prudência, pela sua própria reputação e muito infortunadamente para os redatores da "Saturday Review" e seus contemporâneos. Parece que a irais; eu não. Apesar do mérito que possa ter do ponto de vista literário, uma revista que dá guarida a idéias tão retrógadas e dogmáticas, tal como uma que encontrei ultimamente em suas páginas, tem que perder prestígio entre as suas congêneres mais liberais. O homens de ciência, segundo diz, "não são de todo bons observadores" em exibições de magia moderna, espiritismo e outras "efêmeras maravilhas". Certamente que isto não é como deveria ser, acrescenta, porque "conhecendo tanto como conhecem os limites do natural (?!!) eles deveriam começar a itir que o que vêem, ou crêem ver, não pode ser feito, e deveriam, em seguida, verificar o engano", etc. etc.! Igual aos anteriores argumentos sobre a circulação do sangue, a telegrafia elétrica, a estrada de ferro e o vapor. Eles conhecem "os limites do natural "Oh, século de presunção e obscurecimento mental! E nós fomos convidados para Londres, entre esses esfarrapados acadêmicos cujos predecessores perseguiram Mesmer e estigmatizaram St. Germain como sendo um impostor! Tudo é secreto para eles até agora na natureza. Do homem só conhecem o esqueleto e a forma; quase não são capazes de delinear as trajetórias através das quais os mensageiros invisíveis, que eles chamam de "sentidos", am em seu caminho até a percepção do homem; sua ciência escolástica não é mais do que um viveiro de dúvidas e conjecturas. Ensina somente para sua própria sofisticação, infecta com a sua castração, com o seu desprezo pela verdade, com a sua falsa moralidade e dogmatismo, e os seus representantes se vangloriam de conhecer "os limites do natural". Meu bom amigo; quisera eu esquecer que vós pertenceis a esta geração e que sois um irador de vossa "ciência moderna". Seus preceitos e vereditos oraculares estão no mesmo nível do papal non possumus. Sim, a Saturday Review nos criticou com bastante suavidade, na verdade. Isso não ocorreu no "O Espírita". Pobre e peplexa revistinha! Vós lhe destes um tremendo golpe. Perdendo pé no terreno mediúnico, trava a sua batalha de morte pela pela supremacia do adeptado inglês sobre o conhecimento oriental. Eu quase ouço o seu grito sub rosa "se a nós, os espíritas, nos mostram que estamos equivocados, também vós estais, teosofistas". O grande "adepto", o formidável J.K.7 é certamente um inimigo perigoso, e receio que os nossos Bodhisatwas terão que confessar um dia a sua profunda ignorância ante a poderosa erudição dele. "Os verdadeiros Adeptos como Gautama Buda ou Jesus Cristo não se encobriram no mistério, mas sim, vieram e falaram abertamente. "-diz o nosso oráculo. Se eles procederam assim, é novo para nós, os humildes seguidores do primeiro. Gautama é qualificado como "o
divino Instrutor" e ao mesmo tempo "Mensageiro de Deus"! (Veja "O Espírita" de 8 de julho pág.21, parágrafo 2). Buda se tornou agora o mensageiro de alguém que Ele, Shakya K'houtchoo, a Preciosa Sabedoria, destronou há 2.500 anos, afastando o véu do Tabernáculo e mostrando a sua vacuidade. Onde aprendeu esse ignorante e pretensioso adepto o seu Budismo eu me pergunto? Deveríeis realmente aconselhar o seu amigo, o senhor C.C, Massey, que estude com essa jóia londrina que tanto despreza o conhecimento oculto da Índia, "The Lotus of the Good Law" e Atma Boddha - à luz do kabalismo judaico. Que "eu me molestei pelas notícias irreverentes do jornal?" Certamente que não. Mas senti-me um pouco indignado ante as sacrílegas publicações de J.K., isso eu confesso. Senti vontade de responder ao vaidoso tonto, mas "até aí chegarás e não mais longe" - outra vez. O Khobilgn10 a quem mostrei a agem riu até as lágrimas escorrerem pelas sua velhas bochechas. Eu desejaria poder fazer o mesmo. Quando a "Velha Dama" (H.P.B.) lê-lo haverá um ou dois cedros danificados em Simla. Agradeço, na verdade, o vosso bondoso oferecimento para que eu fique de posse dos recortes da Revista; mas prefiro que os conserveis, já que tal informação pode mostrar-se inesperadamente valiosa para vós dentro de alguns anos. Quanto ao seu oferecimento de prometer com toda solenidade não divulgar nada sem permissão, não posso dar nenhuma resposta no presente. Nem a sua aceitação, nem a sua rejeição dependem de mim, para dizer-vos a verdade, pois seria um caso totalmente sem precedentes comprometer um profano com a nossa própria e particular forma de juramento ou promessa, pois outra não seria válida na opinião de meu Superior. Infortunadamente para nós dois, uma vez - ou melhor, duas vêzes - em certa ocasião fizestes uso de uma expressão que foi registrada, e apenas há três dias, quando solicitei alguns privilégios para vós, a mesma me foi resaltada de um modo muito inesperado, devo confesssar. Ao ouví-la repetida, e vendo-a registrada, só me restava apresentar, do modo mais humilde, a outra face aos golpes, todavia mais inesperados do destino, proporcionados pela respeitável mão de quem tanto reverencio. Por cruel que pareça para mim esta recordação, foi justa, porque pronunciastes estas palavras em Simla: "Eu sou um membro da Sociedade Teosófica, mas de nenhum modo, um tesosofista"1, - dissestes. Não estou quebrando uma confidência ao revelar este resultado de minha intercessão em vosso favor, pois fui mesmo aconselhado a fazê-lo. Temos que seguir, então, no mesmo rítmo lento com o qual viemos até este ponto ou nos determos de vez e escrever Finis ao pé das nossas cartas. Confio que dareis preferência ao primeiro. E já que estamos no assunto, desejo que inculqueis em vossos amigos de Londres algumas saudáveis verdades que eles são muito capazes
de ter esquecido, mesmo quando eles as ouviram repetidamente. A ciência Oculta não é uma ciência na qual os segredos podem ser transmitidos de uma vez, mediante uma comunicação verbal ou mesmo escrita. Se assim fôsse, tudo o qe os "Irmãos" teriam que fazer, seria publicar um Manual da Arte que poderia ser ensinado nas escolas, como a gramática. É um erro comum das pessoas crerem que nos envolvemos, e aos nossos poderes voluntariamente no mistério; que desejamos guardar o nosso conhecimento para nós mesmos e que por nossa própria vontade recusamos comunicá-los, "deliberada e desconsideradamente". A verdade é que, até que o neófito atinja a condição necessária para este grau de Iluminação, para o qual está qualificado e apto, a maior parte dos segredos, senão todos, são incomunicáveis. A receptividade deve ser igual ao desejo de instruir. A iluminação DEVE VIR DO ÍNTIMO. Até então, nenhum conjuro de encantamento, ou pantomina de roupagens, nem palestras ou discussões metafísicas, nem penitências auto impostas, podem dar essa iluminação. Todos estes são apenas meios para um fim, e tudo o que podemos fazer é dirigir o emprego daqueles meios, que foram comprovados pela experiência da idade como conduzentes ao objetivo esperado. E isso não é segredo nem o foi durante milhares de anos. Jejum, meditação, castidade de pensamento, palavra e ação; silêncio durante certos períodos de tempo para permitir a própria natureza que fale a quem se aproxime dela em busca de informação; domínio das paixões e impulsos animais; completo altruismo de intenção; o uso de certo incenso e fumigações com propósitos fisiológicos, foram divulgados como meios desde os dias de Platão e Jâmblico no Ocidente e desde os tempos mais remotos ainda de nossos Rishis hindús. O modo como tudo isso tem que ser cumprido para se adaptar a cada temperamento, é, naturalmente, assunto de experimentação da própria pessoa e da cuidadosa observação de seu tutor ou Gurú. Isso é de fato uma parte de seu curso de disciplina, e o seu Gurú ou iniciador somente pode assistir com a sua experiência e poder de vontade, mas não pode fazer nada mais, até a última e Suprema Iniciação. Sou também de opinião que poucos candidatos imaginam o grau de desconforto, e até sofrimento e dano a si mesmo, a que o mencionado Iniciador se submete para o bem do seu discípulo. As condições peculiares, físicas, morais e intelectuais de neófitos, como de Adepto, variam muito, como qualquer pessoa compreenderá facilmente. Assim, em cada caso, o instrutor tem que adaptar as suas condições as do discípulo, e a tensão é terrível, pois para conseguir êxito temos que nos colocar em plena sintonia com o indivíduo sob adestramento. E quanto maiores os poderes do Adepto, menos ele está em simpatia com a natureza do profano, que, com frequência, vem até ele saturado com as emanações do mundo exterior, aquelas emanações animais da multidão egoista e brutal que tanto tememos; quanto mais afastado o instrutor se encontra desse mundo e quanto mais puro se tenha tornado, tanto mais difícil é a tarefa a que se impôs. Além disso, o conhecimento só pode ser comunicado gradualmente; e alguns dos mais elevados segredos, ainda que formulados, mesmo em vosso bem preparado ouvido, poderiam soar a vós como um palavrório insano,
apesar de toda a sinceridade de vossa presente convicção de que "a confiança absoluta desafia a incompreensão". Esta é a causa verdadeira de nossa reticência. É por isso que tão frequentemente as pessoas se queixam, com certa plausível parte de razão, de que nenhum novo conhecimento lhes é comunicado, apesar de terem estado se esforçando por ele, doi ou três ou mais anos. Que aqueles que realmente desejam aprender abandonem tudo e venham até nós, em vez de pedir ou esperar que nós vamos até eles. Mas, como se poderia fazer isto em vosso mundo e atmosfera? "Despertei triste na manhã de 18". Sim? Bom, bom: paciência, meu bom irmão, paciência. Algo ocorreu, ainda que não tenhais conservado a consciência do acontecimento, mas deixemos isto. Mas, o que mais posso fazer? Como darei expressão a idéias para as quais não tende até agora linguagem? As mentes melhores e mais suscetíveis, como vós, conseguem algo mais que as outras, e mesmo quando recebem uma pequena dose extra, esta se perde pela falta das palavras e imagens que se fixem as idéias flutuantes. Talvez e indubitavelmente, não sabeis a que me refiro agora, mas o sabereis um dia, paciencia. Dar a um homem mais conhecimento do que está capacitado a receber, é uma experiência perigosa, e ademais, freiam-me outra considerações. A súbita comunicação de fatos, que transcendem tanto o comum, é, em muitos casos, fatal não só para o neófito, mas também para os que o rodeiam diretamente. É como entregar uma máquina infernal ou um revólver carregado e engatilhado nas mãos de um homem que nunca viu tais coisas. Nosso caso é exatamente análogo. Nós sentimos que o tempo se aproxima e estamos fadados a escolher entre o triunfo da Verdade ou o Reino do Erro e do Terror. Temos que comunicar o grande segredo a alguns eleitos, ou permitir que os infames ShammarA conduzam as melhores mentes da Europa para a mais fatal e insana das superstições, o espiritismo; e sentimos como se estivéssemos pondo todo um carregamento de dinamite nas mãos daqueles que estão tão ansiosos de ver defenderem-se contra os Irmãos da Sombra, os Barretes Vermelhos. Estais curioso de saber por onde estou viajando; e de inteirar-se mais do meu grande trabalho e missão? Se eu vos contasse, pouco vos adiantaria. Para provar o vosso conhecimento e paciência posso responder-vos, contudo por esta vez. Venho agora de Sakkya-Jong. Para vós este nome não tem significado. Repeti-o diante da "Velha Dama" (H.P.B.) e observai o reultado. Mas voltando ao tema. Tendo então que entregar ao mundo com uma mão, a arma muito necessitada, embora perigosa, e com outra manter afastados os Shammars (e o mal por eles produzido já é imenso), não pensais que temos o direito de hesitar, de fazer uma pausa e sentir a necessidade de cautela, como nunca antes fizemos. Resumindo: o mal uso do conhecimento pelo discípulo sempre reage sobre o Iniciador, e nem creio que saibais ainda que, ao participar os seus segredos com alguém, o Adepto, devido à Lei imutável - retarda o seu progresso para o Eterno Repouso. Talvez o que vos digo agora possa ajudar-vos para uma concepção mais verdadeira das coisas, e a apreciar melhor a
nossa mútua posição. Perambular daqui para ali no caminho não conduz à uma rápida chegada ao fim da jornada. E deve soar-vos como uma verdade evidente que um preço deve ser pago por toda e qualquer verdade, por alguém, e nesse caso somos NÓS que o pagamos. Não temais; estou disposto a pagar a minha parte, e assim disse aos que me fizeram a pergunta. Não vos abandonarei, nem me mostrarei menos abnegado que a pobre e esgotada mortal a quem conhecemos com o nome de "Velha Dama". O que vos disse deve ficar entre nós. Espero que considereis esta carta como sendo estritamente confidencial, pois não é para ser publicada nem se destina para os seus amigos. Quero que somente vós a conheceis. Se ao menos tudo isso fôsse melhor conhecido pelos candidatos à iniciação, estou seguro de que eles se sentiriam tanto mais agradecidos e pacientes como menos inclinados a irritarem-se com o que consideram como nossas reticências e vacilações. Poucos possuem a vosa discreção. E muito poucos sabem apreciar em seu verdadeiro valor os resultados obtidos... Vossas duas cartas a S.M.16 não levarão a resultado algum. Ele permanecerá imível e vossa preocupação terá sido tomada em vão. Recebereis uma carta dele, cheia de desconfiança e com não pouca observações nada bondosas. Não podereis persuadí-lo de que + é um Irmão vivo porque isso foi tentado e fracassou; a menos que o converteis ao Lamaismo popular exotérico, que considera os nossos "Byang-chubs" e "Tchangchubs" (os Irmãos que am do corpo de um grande Lama para o de outro) como Lhas ou Espíritos desencarnados. Recordai o que eu disse em minha última a respeito dos Espíritos Planetários. O Tchang-chub (um Adepto que conseguiu ficar, pelo poder do seu conhecimento e iluminação de sua alma, isento do curso da transmigração INCONSCIENTE) pode, à sua vontade e desejo, (em vez de reencarnar-se somente depois da morte do corpo) fazê-lo, e assim repetidamente, durante a sua vida se o preferir. Ele possue o poder de escolher para si novos corpos, neste ou em qualquer outro palneta, enquanto se acha de posse da sua velha forma, que ele em geral conserva para os seus próprios propósitos. Leia o livro de Kiu-teI e encontrareis nele essas leis. Ela pode traduzir-vos alguns parágrafos, pois os conhece de memória. Podeis ler para ela a presente carta. Eu me rio com frequência da "maneira desamparada com que tateeis nas trevas"? Decididamente não. Seria pouco bondoso e tanto insensato para mim proceder assim, como para vós rir-se de inglês de pés quebrados de um Hindú em um distrito onde o vosso Governo não quer ensinar inglês para nós. De onde surge tal pensamento? E de onde o de alguém ter o meu retrato? Nunca me tiraram mais do que um em toda a minha vida; um pobre ferrotipo produzido nos dias do "Gaudeamus"-A por uma artista viajante (alguma parenta, suponho, das beldades do salão da cervejaria de Munich que ultimamente entrevistastes) e de cujas mãos tive de resgatá-lo. O ferrotipo está ali, mas a própria imagem se esvaneceu, o nariz se deformou e um dos
olhos se foi. Não tenho nenhum outro para oferecer. Não me atrevo a prometer porque nunca quebro a minha palavra. Não obstante, talvez tentarei um dia vos conseguir um. Citações tomadas de Tennyson? Realmente não sei. Algumas linhas extraviadas e captadas na luz astral ou no cérebro de alguém e recordadas: eu nunca esqueço o que li ou ouvi alguma vez. Um mau hábito. Tanto assim, que, com frequência e inconscientemente, incluo frases com palavras e frases extraviadas que am diante dos meus olhos e que podem ter sido empregadas há séculos ou que o serão dentro de séculos e com relação a assunto por completo diferentes. Indolência e verdadeira falta de tempo. A "Velha Dama" me chamou de um "pirata cerebral" e plagiário, outro dia, por usar toda uma frase de cinco linhas, a qual, está ela firmemente convencida, eu devo ter furtado do cérebro do Dr. Wilder, pois, ados três mêses, ele a reproduziu num ensaio seu sobre a intuição profética. Nunca dei uma olhada nas circunvoluções cerebrais do norte. Não sei. Escrevo isto para a vossa informação, como algo novo, suponho. Assim, uma criança pode nascer apresentando grande semelhança com as feições de outra pessoa distante milhares de quilômetros, sem relação com a mãe, e nunca vista por ela, mas cuja imagem flutuante foi impressa sobre a memória de sua alma durante o sono ou mesmo nas horas de vigília, e reproduzida na placa sensibilizada de carne viva que essa mãe carrega consigo. Entretanto, creio que as linhas citadas foram escritas por Tennyson há anos e que foram publicadas. Confio que estas desconexas reflexões e explicações possam ser perdoadas a alguém que permaneceu mais de nove dias em sua sela sem desmontar. Da Lamasseria de Ghalaring-Tcho (onde o seu "Mundo Oculto" foi discutido e comentado, com o perdão da palavra, pensareis) eu cruzei o território Horpa Pa La, "as inexploradas regiões de tribos Turcas", dizem os vossos mapas, ignorando o fato de que ali não há nenhuma tribo, e dali para o lar. Sim, estou cansado e portanto vou concluir. Vosso sinceramente. K.H Em outubro estarei no Bhutan. Tenho um favor a vos pedir. Tratai de se fazer amigo de Ross Scott18. Eu necessito dele.
Carta Nº 050 Recebida em Agosto de 1882. (Antes de 18). Esta carta bem pequena parece relacionar-se com as crescentes queixas de Hume a respeito de Fern e seus contínuos esforços para descobrir erros dos Mahatmas em tudo o que faziam. Sem dúvida que ele escrevera outra carta a respeito de Fern e o Mahatma está
mandando-a para Sinnett. Nota-se que junto com ela, está a resposta do Mahatma, porque ele diz a Sinnett para ler as "duas cartas", antes de á-las para Hume; e ele pede a Sinnett que esteja presente quando Hume as ler. Entretanto, parece que, apesar de quão difícil Hume pudesse ser pessoalmente e de quanto experimentava a paciência dos Mahatmas, eles sentem que Hume pode ajudar a Sociedade - o que, de diversos modos, ele fez durante algum tempo. Nessa época ele era ainda presidente da Socidade Eclética de Simla. Logo depois, no entanto, ele renunciou a esse cargo e em 1884 saiu da Sociedade Teosófica. O Cel. Chesney começa a aparecer em diversas das cartas mais recentes e o Mahatma indica que D.K. fizera recentemente algo por ele. Isto se refere sem dúvida ao retrato que se permitiu a D.K. fazer para o Coronel. Todas as cartas neste período surgem tão juntas que é impossível se ter certeza absoluta de sua ordem exata. Meu caro amigo, Sinto-me terrivelmente abatido (mentalmente) com essa incessante atitude de oposição inevitável, assim como pelos contínuos ataques às nossas fortalezas! Durante toda a minha vida sossegada e contemplativa, nunca tinha tropeçado com um homem mais tenaz e irrazoável! Não posso continuar assim, ando a minha vida em inúteis protestos; e se não podeis impor-lhe a vossa amistosa influência, todos nós teremos que nos separar um dia, não muito longínquo. Estava eu com o Chohan3 quando recebi a carta que agora incluo, e o Chohan ficou muito desgostoso e qualificou todo o assunto com o nome tibetano equivalente a "comédia". Não é que ele esteja ansioso de "realizar o bem" ou de "ajudar o progresso da Sociedade Teosófica": é simplesmente, creia-me ou não, o insaciável orgulho dele; um feroz e intenso desejo de se sentir e mostrar-se aos demais como "o eleito", que conhece o que a todos os demais foi somente permitido suspeitar. Não protesteis, porque é inútil. Nós sabemos e vós não. O Chohan ouviu outro dia as tolas mas pateticamente sinceras lamentações da "esposa" e tomou notas delas. Não é esse um homem que aspire a tornar-se uma "alma perfeita", e quem é capaz de escrever de um teósofo o que me escreveu a respeito de Fern, não é um teósofo. Que isto seja estritamente privado e não permitais que ele saiba senão o que ler em minha carta. Quero que lêdes as duas cartas antes que as entregueis e que estejais presente quando ele as ler. Verei o que posso fazer pelo coronel Chesney e creio que Djual Khool está cuidando dele. Pela primeira vez na minha vida penso que me sinto realmente desanimado. Contudo, pelo bem da Sociedade, não gostaria de perdê-lo. Bem, farei tudo o que puder, mas estou
seriamente temeroso de que ele ponha a perder tudo qualquer dia desses. Seu com sincero afeto. K.H.
Carta Nº 051 Recebida no dia 22 de Agosto de 1882. A sentença inicial refere-se de novo aos dois retratos do Mahatma K.H. que D.K. estava tentando, ou tentou, fazer. PRIVATIVA Meu bom amigo: Recordai que no fenômeno destinado ao Coronel Chesney havia, há e haverá apenas uma coisa fenomênica real, ou melhor, - um ato de ocultismo - o retrato de seu humilde servidor, a melhor das duas produções de D. Khool, sinto dizêr-lo...para vós. O resto da execução é, apesar do seu misterioso caráter, algo bastante natural, a qual eu não aprovo de modo algum. Mas eu não tenho o direito de ir contra a tradicional política, embora gostaria muito de evitar a sua aplicação prática. Mantende isso estritamente dentro do vosso coração amigo até que chegue o dia quando várias pessoas venham a saber que fostes prevenido a respeito disso. Não ouso dizer mais. As provações são em todo sentido árduas, e é seguro que não satisfarão as vossas noções européias de veracidade e sinceridade. Mas relutante como me sinto para usar tais meios ou mesmo permitir que sejam usados em relação aos meus chelas, no entanto eu tenho de dizer que a decepção, a falta de boa fé, e as armadilhas (!!) com a intenção de enganar os Irmãos se multiplicaram muito ultimamente, e é tão pouco o tempo que resta para o dia em que se decidirá a eleição dos chelas, que eu não posso deixar de pensar que nossos chefes e especialmente M. podem, depois de tudo, ter razão. Com um inimigo temos que empregar armas iguais ou melhores. Mas não vos enganeis com as aparências. Pudesse eu ser tão franco com o Sr. Hume a quem eu sinceramente respeito por algumas das suas genuinas qualidades, como não posso evitar de censurá-lo por outras. Quando saberão e compreenderão alguns de vós o que somos realmente em vez de vos distrair com um mundo de ficções! No caso de o Coronel Chesney vos falar de certas coisas, dizei-lhe que não se fie nas aparências. Ele é um cavalheiro e não deveria ser-lhe permitido trabalhar sob uma fraude que jamais lhe dizia respeito, mas
somente como um teste para aqueles que quiseram se impor sobre nós com um coração que não estava limpo. A crise está perto. Quem sairá triunfante? K.H.
Carta Nº 052 Recebida em Simla, Outono 1882 (provavelmente entre 23 e 25 de Agosto). Os assuntos que motivam e envolvem a escrita desta carta são extremamente complicados. A carta é importante porque marca o príncipio do fim da vinculação de Hume com os Mahatmas. Ele não renuciou formalmente da Sociedade Teosófica senão dois anos depois, embora ele renunciou como Presidente da Sociedade Teosófica Eclética de Simla em certo momento desse período. Pode ser que os fatos ligados a esta carta influenciaram a sua decisão. É necessário remontar mais ou menos um mês, ao recebimento da carta "Devachan". No número de junho de 1882 do "The Theososphist" foi publicada uma carta com o título "Aparentes Discrepâncias". Estava assinado "Teosofista Caledonio". Na carta nº.81 há um indício de que o autor se chamava Davidson ou Davison, que, nessa ocasião, era secretário de Hume. O autor chamava a atenção para o que lhe parecia ser discrepâncias entre o que estava escrito em um dos "Fragmentos" (artigos escritos por Hume e Sinnett) e o que H.P.B. havia escrito vários anos antes em "Isis sem véu". Quando a carta do Caledonio foi publicada no "The Theosophist", H.P.B. anexou a ela uma extensa nota de editor na qual ela explicou os pontos em debate com alguns detalhes e concluiu com as palavras: Mas nunca houve, nem pode haver, qualquer discrepância radical entre os ensinamentos em "Isis" e os deste período posterior, porque ambos procedem de uma única fonte - os IRMÃOS ADEPTOS. Esta nota de editor sofreu o ataque de C.C. Massey, um membro da S.T. em Londres. Ele era também um ardoroso espírita. Ele chamava a atenção do leitor para o que ele considerava a falácia da afirmação de H.P.B. ao fazer citação da crítica de Sinnett ao livro "O Caminho Perfeito", por Anna Kingsford e Edward Maitland. A discrepância, tentou ele mostrar, se referia a comentários sobre o assunto de reencarnação. Em sua nota de editor associada à carta de Massey, H.P.B. dizia: "Ao escrever "Isis", não nos foi permitido entrar em detalhes; daí, as
generalidades vagas. Somos instruidos a proceder assim agora - e procedemos como nos é ordenado". Após a publicação disto, Hume defendeu-se. Ele escreveu uma carta a H.P.B. na qual ele praticamente arrasava com ela (e "Isis") e dizia algumas coisas muito isultuosas a respeito dos Mahatmas. Ele assinou a sua carta "H.X." É a famosa carta H.X. a respeito da qual muitos estudiosos das Cartas dos Mahatmas leram ou ouviram falar. Hume começou dizendo que "Isis" tinha muitos erros e conceitos equivocados. Depois a a criticar os Mahatmas severamente pela maneira em que eles tinham dado os ensinamentos, ou, como ele sustentava, não os tinha dado, e disse que os métodos deles eram tão repulsivos para ele que ele esteve "mais de uma vez a ponto de encerrar as minhas relações com eles para sempre". A carta H.X. também foi publicada no "The Theosophist" e foi seguida por um artigo "Um Protesto", assinado por onze chelas, entre os quais estavam vários nomes conhecidos: T. Subba Row, Dharbagiri Nath, Guala K. Deb, Damodar, Noblin Bannerjee, e outros. H.P.B. não queria publicar a carta H.X., mas os Mahatmas lhe disseram que o fizesse. Evidentemente a ordem inicial veio do próprio Mahachoan. H.P.B. ficou profundamente perturbada com isso. Nas Cartas de H.P.B. para Sinnett, p. 29, em 26 de agosto, deparamonos com a sua carta angustiada para Sinnett sobre a situação toda. Ela lhe mandou a carta de Hume para que a lesse. Ela estava farta dele, diz, mesmo que a Fraternidade não esteja. Ela atiraria a carta dele no fogo, mas "K.H. e Morya mandaram dizer que desejavam firmemente a sua publlicação". E, finalmente, nas Cartas de H.P.B. para Sinnett, p.304, há uma carta de Hume para o Mahatma K.H., a qual este mandou para Sinnett com alguns comentários dele inseridos entre as linhas. Os seus comentários estão em negrito. Nesta carta, Hume diz ao Mahatma que ele não pode confiar unicamente nele, porque ele tem muito pouco tempo e a maneira na qual ele ensina é "tão lenta e insatisfatória que não seria cabível para mim não procurar alguém mais". Ele também fez a afirmação de que era um Advaita melhor do que M. ou K.H. Hume, de fato, havia se aproximado de um outro "instrutor", conhecido como o Swami de Almora, um homem que pretendia ser mais do que era. Ele havia escrito alguns artigos para o "The Theosophist", aos quais Subba Row criticava de certo modo. O Swami era, parece, um inimigo dos Mahatmas e, de acordo com H.P.B., uma vez ele ameaçou "desmascará-los como Dugpas". Casualmente, ele morreu pouco depois que Hume se aproximara dele. Estas longas notas explicatórias pareciam necessárias para tornar inteligível a carta nº.81. Praticamente, a carta toda se relaciona com
estes assuntos. Depreende-se evidentemente da afirmação inicial do Mahatma que Sinnett havia lhe perguntado o que estava sucedendo "debaixo da superfície". A iminente renúncia de Hume como presidente da Sociedade Teosófica Eclética de Simla pode ter sido o catalisador. A explicação do Mahatma do uso que faz da frase "exercício de meu engenho" refere-se a um comentário feito por ele sobre uma agem em "Isis", em suas respostas às questões na Carta nº.70-A e 70-B. Nessa carta ele disse: "...caistes no mesmo engano...como C.C.M.; embora eu deva confessar que a agem em "Isis" estava toscamente expressa, como já indiquei para vós...Eu tinha que "exercer o meu engenho" sobre ela - como os yankees se expressam, mas, tendo tido êxito em consertar a falha, eu creio - como terei em muitas outras vezes, eu receio que, antes, deviamos ter feito isso com "Isis". Deveria realmente ser reescrita em prol da honra da família". Isto dá a entender que o Mahatma K.H. deve ter escrito, ou uma parte ou toda a nota de editor para H.P.B., em resposta à crítica de Massey, porque era nisso que ele tinha de exercer o seu engenho. De fato, na pág.26 das Cartas de H.P.B. para Sinnett, H.P.B. diz: "K.H. foi tão bondoso para mim ao ditar na noite ada quase toda a minha resposta para Massey". Parece que, ao escrever para o Mahatma, Sinnett chamou a expressão ("eu tive de exercer...") de "uma frase infeliz" e pediu uma explicação. O Mahatma pacientemente atende a esse pedido. Não há nada "debaixo da superfície" meu fiel amigo - absolutamente nada. Hume está simplesmente furiosamente ciumento de quem quer que tenha recebido, ou possa receber qualquer informação, favores (?), atenção ou algo semelhante, proveniente de nós. A palavra "ciumento" é ridícula, mas correta, a menos que o chamássemos de invejoso, o que ainda é pior. Ele se crê injustiçado porque fracassa em converter-se no nosso único centro de atenção; se pavoneia diante de si e se sente enlouquecer até a fúria por não encontrar alguém que o ire; cita uma agem em Hebreu cujo significado no livro de Eliphas Levi, é como a traduzi, e fracassando em me pegar numa nova contadição, para o que deu-se ao trabalho de citá-la, impressiona a si mesmo com a ilusão de que ele "é muito mais Adwaita" que M. ou eu jamais fomos (uma coisa fácil de provar pois nunca fomos Adwaitas) e escreve à Velha Dama uma carta ofensiva dirigida contra o nosso sistema e nós mesmos, como meio de desafogar seus sentimentos. Sois na verdade tão generoso a ponto de não haver suspeitado há muito tempo toda a verdade? Não vos preveni? E é possível que nunca tenhais percebido que ele nunca permitirá - mesmo a um Adepto saber mais ou melhor do que ele mesmo?; e que a sua humildade, era falsa; que é um autor que desempenha um papel para o seu próprio benefício, sem se importar com o agrado ou desagrado de sua audiência, embora quando o último é manifestado no mais pequeno
grau, ele muda de opinião, ocultando iravelmente a sua raiva, sibilando e cuspindo internamente. Cada vez que o contradigo e lhe demonstro que está equivocado, seja em alguma questão de termos tibetanos ou em qualquer outra insignificância, a reação que ele tem contra mim aflora e vem com algumas novas acusações. É inútil, meu querido irmão, estar sempre repetindo que não há, nem pode haver contradições no que vos foi comunicado. Pode haver falta de exatidão nas expressões, ou imperfeição nos detalhes; mas acusar-nos de erros crassos, é na realidade, muito engraçado. Eu vos pedi muitas vêzes que tomásseis notas e me as enviasse, mas nem o Sr. Hume, nem vós, pensaram em fazê-lo, e na verdade, eu disponho de pouco tempo para revisar velhas cartas, comparar notas, olhar dentro de vossas cabeças, etc. Confesso minha ignorância em uma coisa, de qualquer modo. Não compreendo em absoluto porque a expressão empregada por mim com respeito a resposta de H.P.B. a C.C.M. podia ter vos chocado tanto, e porque haverieis de fazer objeção ao meu "exercício de meu engenho". Se, porventura dais um significado diferente do que eu dou, então não nos compreendemos mais uma vez - faute de s'entendre. Colocai-vos no meu lugar, por um momento, e vêdes se não teríeis que exercer todo o engenho que tivésseis à vossa disposição em um caso semelhante ao existente entre C.C.M. e H.P.B. Na realidade, não há contradição alguma entre essa agem em "Isis" e nossa última instrução; para alguém que nunca ouviu falar dos sete princípios constantemente citados em "Isis" como uma trindade, sem qualquer outra explicação - nesse caso certamente seria uma boa contradição. "Deveis escrever assim e assim, dando a conhecer somente isso e não mais", dissemos a ela constantemente quando estava escrevendo o livro. Foi precisamente no começo de um novo ciclo, na época em que nem os cristãos, nem os espíritas, sequer cogitavam disso, e mencionarem dois princípios no homem: corpo e Alma, a que chamaram de Espírito. Se tivésseis tempo de recorrer à literatura espírita de então, acharíeis que igualmente para os fenomenalistas e os cristãos, Alma e Espírito eram sinônimos. Foi H.P.B. que, atuando sob as ordens de Atrya (alguém que não conheceis) foi a primeira a explicar no "O Espírita" a diferença que havia entre psyche e nous, nefesch e ruach: Alma e Espírito. Teve que trazer todo o arsenal de provas, citações de Paulo e Platão, de Plutarco, de Tiago, etc., antes que os espíritas itissem que os teósofos tinham razão. Foi então que se ordenou a ela que escrevesse "Isis", justamente um ano depois de fundada a Sociedade. E como ocorreu uma verdadeira guerra em torno do livro, intermináveis polêmicas e objeções no sentido de que não podia haver no homem duas almas; nós achamos que era prematuro dar ao público mais do que podia possivelmente assimilar e antes que houvesse assimilado a questão das "duas almas"; e por isso a sub-divisão adicional da Triade em sete princípios ficou sem ser mencionada em "Isis". E porque ela obedeceu as nossas ordens e escreveu ocultando intencionalmente
alguns fatos, é agora que, quando pensamos haver chegado o tempo de dar a maior parte, senão toda a Verdade, devemos deixá-la em apuros? Deixaria eu, ou qualquer um de nós, que ela se tornasse como que um alvo para os ataques dos espíritas e rissem das contradições quando essas eram inteiramente evidentes, derivadas, senão da própria ignorância deles a respeito da verdade total; uma verdade que eles não escutariam e nem aceitariam mesmo agora, exceto sob protesto e com as maiores reservas? Certamente que não. E quando uso a palavra "engenho"- que pode ser uma expressão própria americana, pelo que sei, e que suspeito, tem outro significado para os ingleses - não quiz dizer nem "astúcia" nem algo semelhante a "evasiva", e sim demonstrar simplesmente a dificuldade com que me deparava para explicar o correto significado, tendo diante de mim um interminável comentário tosco que insistia sobre a não reencarnação sem acrescentar uma só palavra para demonstrar que a mesma só se referia à alma animal, não ao Espírito, ao astral, não à Mônada espiritual. Podereis fazer-me o favor de explicar, na primeira oportunidade, o que quisestes dizer ao referir-vos à minha expressão "uma frase infortunada"? Se pedísseis a um amigo que desenhasse uma vaca para o Pioneer, e esse amigo, começando com a intenção de reproduzí-la, desenhasse, devido à sua falta de habilidade, um boi ou um búfalo, e a gravura assim aparecesse, talvez porque estivesteis muito ocupado em outras coisas e não tivesteis tempo de perceber o erro, não "exerceríeis o vosso engenho" e tentaríeis corrigir para os leitores, mostrando-lhes que, na realidade, o artista havia querido desenhar uma vaca, e reconhecendo a falta de habilidade do vosso amigo, ao mesmo tempo, não faríeis o possível para salvá-lo de uma imerecida humilhação? Sim, tendes razão. H. não tem, nem delicadeza de percepção e sentimentos, nem uma genuina bondade de coração. É um que sacrificaria a sua própria família, os mais queridos e próximos a ele (se existem tais pessoas para ele, o que duvido) a qualquer capricho próprio; e seria o primeiro a permitir uma hecatombe de vítimas, se necessitasse de uma gota de sangue; assim como insistir na conveniência do Sutee se isso fôsse a única coisa que lhe conservasse o seu calor, que ajudasse os seus dedos entumecidos a fazer os seus trabalhos, e ele diligentemente, escrever um tratado sobre algum assunto filantrópico durante esse tempo, entoando sinceramente para si um "Hosanna" em seu próprio pensamento. Exagero, pensais? Não tanta, porque não tendes idéia , e nós, sim, a temos, do egoismo potencial que há nele; do cruel e impiedoso egoismo, que carrega desde a sua última encarnação, um egoismo que permaneceu latente devido apenas a incompatível nódoa do ambiente em que está, e de sua posição social e educação. Podeis crer que escreveu o seu famoso artigo no Theosophist simplesmente pela razão que vos dá: para ajudar a deter a inevitável queda e salvar a situação, e ao reponder a Davidson e C.C.M. etc., tornar o trabalho de responder no futuro e reconciliar as contradições no ado mais fácil? Não, de nenhuma maneira. Se ele sacrifica sem remorsos, no artigo a H.P.B. e
ao autor da resenha do "Caminho Perfeito", e mostra os "Irmãos" como sendo inferiores em inteligência aos "cavalheiros europeus educados", e desprovidos de quaisquer noções corretas acerca da honestidade e do justo e do injusto (no sentido europeu) egoistas e frios, cabeças duras dominantes, não é de modo algum porque se importa por qualquer um de vós, e menos ainda pela Sociedade, e sim simplesmente devido a certos possíveis acontecimentos dos quais deseja se resguardar, eis que tão inteligente como é não poderia deixar de prevê-los em sua mente; ser o único que resurja incólume, senão imaculado, no caso de um desastre, e para dansar, se necessário for, a "dansa da morte" dos Macabeus sobre o prostado corpo da Sociedade Teosófica, em vez de se arriscar que se zombe mesmo do dedo mindinho do grande "Eu sou" de Simla. Conhecendo-o como nós o conhecemos, dizemos que o senhor Hume está em pefeita liberdade de citar a "infortunada frase" tantas vêzes ao dia quanto o seu alento lhe permita, se isso pode de algum modo apaziguar os seus irritados sentimentos. E é justamente porque Morya viu através dele, com tanta clareza como vejo a minha escrita diante de mim, que ele permitiu que Hume caísse em seu próprio engano, como vós dizeis. Ainda mais, porque as coisas estão de tal modo preparadas, que no caso de que a "Eclética se afunde, ele será o único que afundará com ela, o único ludibriado, e assim o seu egoismo e seus planos cuidadosamente preparados não lhe trarão benefícios. Crendo que ele conhecia melhor do que eu o assunto, foi o bastante amável e atencioso ao acrescentar as suas explicações às minhas na resposta de H.P.B. a C.C.M. e, com exceção do Karma, que explicou bastante corretamente, fez uma confusão com o resto. E agora, a primeira vez que eu contradigo o que ele diz no seu artigo, ele voltará com fúria e expressará o seu desgosto para o que ele chama de minhas (não suas) contradições. Eu fico triste de ter que - o que parece para vós - denuciá-lo. Mas tenho que atrair a vossa atenção para o fato de que, nove vêzes em dez, quando ele me acusa de ter interpretado inteiramente o seu pensamento, diz o que qualquer um teria o direito de considerar como sendo um deliberada falsidade. O exemplo de E. Levi....4 é um bom exemplo. A fim de provar que eu cometo um erro, teve que se tornar um Adwaita e negar seu "Governador moral e Dirigente do Universo", jogando-o para fora "pelos últimos 20 anos". Isto não é honesto, meu amigo, e eu não vejo nenhum remédio para isso. Pois quem pode provar (quando ele diz que os argumentos incorporados em suas cartas para mim não eram a expressão de suas próprias crenças e opiniões pessoais, e sim que os apresentava simplesmente para responder as prováveis objeções de um público teísta) que isso não é outra coisa senão enganar? Com semelhante acrobata intelectual, sempre pronto a executar no "grande trapézio", seja com respeito ao que declara verbalmente ou põe no papel, mesmo nós temos que aparecer como derrotados. Este último caso nos importa muito pouco, pessoalmente. Mas ele está sempre disposto a cantar vitória em suas cartas privadas e mesmo no que publica. De bom grado aceita que nós existamos (é bastante inteligente
para arriscar-se agora de coisas a ser apanhado por falta de perspicácia, pois que sabe, através de correspondentes que se opõem completamente aos "Fundadores", da verdadeira existência de nossa Fraternidade), mas nunca itirá reconhecer tais poderes ou conhecimento em nós, o que tornaria o seu não solicitado conselho e interferência tão ridículos como inúteis, e ele trabalha nesse sentido. Eu não tinha direito algum de suprimir o artigo "ofensivo" como o qualificai, por várias razões. Tendo permitido que o nosso nome fôsse relacionado com a S.T. e nós mesmos arrastados à publicidade, temos que sofrer (o verbo é simples figura de linguagem) como Olcott diria "a penalidade de nossa grandeza". Nós temos que permitir a expresão de cada opinião,seja benevolente ou malevolente; sentir-nos cortados em pedações um dia e "louvados"no outro; adorados no seguinte e pisoteado na lama no quarto dia. Razão número (2) o Chohan assim o ordenou. E com ele (Hume) isto significa novos desdobramentos, resultados imprevistos e PERIGO, receio. Os dois nomes que encontrais encabeçando as s dos 12 chelas que protestam, pertecem aos Chelas confidenciais do próprio Chohan. Neste sentido não há mais esperança alguma para o senhor Hume: Ele ou dos limites e eu jamais terei novas oportunidades de pronunciar o seu nome diante de nosso venerável chefe. consumatum est. Por outra parte, a denuncia faz bem. O Chohan deu ordens para que o jovem Tyotirmoy, um menino de 14 anos, filho do Babu Nobin Banerjee a quem conheceis, seja aceito como discípulo em uma das nossas lamaserias perto de Chamto-Dong, 160 quilômetros distante de Shigatse, e sua irmã, uma virgem Ioguini de 18, no mosteiro feminino de Palli. Deste modo, os Fundadores terão dois bons testemunhos no seu devido tempo e não dependerá do capricho do senhor Hume nos matar e nos ressucitar ao seu prazer. Quanto o provar se nós conhecemos ou não conhecemos mais dos mistérios da natureza que vossos homens de Ciência e teólogos, isso fica para vós e para os que ireis escolher para vos ajudar nesta importante tarefa. Confio, meu querido amigo, em que tentareis inculcar no senhor Hume os fatos seguintes: embora o trabalho realizado por ele em favor da Sociedade vivia a se tornar muito importante, e poderia ter produzido os frutos mais úteis, entretanto, os seu artigo denunciário quase arruinou o trabalho feito por ele. As pessoas o consideram agora mais lunático que nunca; os membros hindús o culparão durante anos e os nossos chelas nunca deixarão de olhá-lo senão à luz de um iconoclasta, um intruso arrogante, incapaz de qualquer gratidão, e portanto, inadequado para ser um deles. Isto deveis dar a conhecer como vossa opinião pessoal, naturalmente desde que coincida com as vossas próprias opiniões e podem ser dadas como sendo a expressão dos vossos verdadeiros sentimentos neste assunto, pois, a mim, particularmente, foi ordenado que não rompesse como ele até o dia em que venha a crise. Caso ele deseje manter o seu cargo oficial na Eclética, deveis auxiliá-lo nesse sentido. Se não, rogo-vos, encarecidamente que aceiteis o cargo de Preidente. Mas deixo isso
tudo ao vosso tato e discreção. Faça-o saber também que o "Protesto" dos Chelas não é obra nossa, mas o resultado de uma ordem direta, proveniente do Chohan. O protesto foi recebido na Sede Central duas horas antes que o carteiro trouxesse o famoso artigo, e foram recebidos telegramas de vários chelas na Índia no mesmo dia. Juntamente com a nota de rodapé enviada por Djual Khool para ser enexada ao artigo de W. Oxley, espera-se que o número de Setembro crie uma certa sensação entre os místicos da Inglaterra e América e não apenas entre os nossos Hindús. A questão dos "Irmãos" é mantida muito viva e pode dar os seus frutos. A pena decritiva do senhor Hume jorram, sob a máscara da filantropia, o mais amargo fel, atacando-nos com armas que, por serem apresentadas, ou melhor, imaginadas como legais e legítimas, e utilizadas com os propósitos mais honestos, esgrimem alternadamente o ridículo e a ofensa. E entretanto, como ele conservou a aparência de uma crença sincera em nosso conhecimento, é mais que provável que nós sejamos recordados daqui em diante como ele pintou e não como somos em realidade. O que disse certa vez a respeito dele, eu sustento. Pode exteriormente perdoar com sinceridade algumas vêzes, mas nunca pode esquecer. é aquilo que se diz Johnson irava tanto: "um bom odioso". Oh, meu amigo, com todas as vossas faltas, e vosso ado demasiadamente vivo, quão imensuravelmente muito mais alto estais em nossa visão do que o nosso "eu sou", com toda sua alta e "esplêndida capacidade mental" e sua natureza externamente patética ocultando a ausência interna de algo semelhante ao verdadeiro sentimento e coração! M. quer que vos diga que recusa, indiscutivelmente tomar qualquer precaução da natureza que sugeris. Ele despreza H. por completo; no entanto, no caso de qualquer perigo real seria o primeiro a protegê-lo das dores e trabalho que ele deu a S.T. Diz que, no caso de H. chegar a reconhecer os seu ridículos desatinos, ele estará disposto a provar aos outros a existência de poderes ocultos, mas não deixará a H. uma só oportunidade para que se sustente. Deve-se permitir que os seu castigo seja completo; do contrário não terá efeito sobre ele e somente revidará sobre as vítimas inocentes. H. mostrou ao mundo como desonestos e mentirosos antes que tivesse uma só e inegável prova de que éramos isso e de que estivesse justificada a sua denuncia mesmo por uma aparência ou semelhança de desonestidade. No caso de H. decidir nos apresentar amanhã como assassinos M. tentará levantar um maya para tornar boas as suas palavras, e então destruí-las mostrando-o como um caluniador. Temo que ele esteja certo do ponto de vista de nossas regras e costumes, que são antieuropéias, confesso. Com exceção do telegrama, M. nunca escreveu mais de uma carta a Fern; as cinco ou seis outras cartas com a sua letra procederam do Dugpa que assedia Fern. Ele espera que nunca estragueis o seu trabalho e que continuareis sempre um amigo leal e verdadeiro dele, como ele será de vós. Fern nunca repetirá experiência alguma à maneira de
prestidigitador, pela simples razão de que não lhe serão confiadas mais cartas. Eu recebi uma carta do Coronel Chesney e a reponderei em poucos dias por intermédio de um jovem chela que a entregará aos vossos cuidados com as minhas respeitosas saudações. Não assustai o jovem. Foi-lhe ordenado que responda a todas as perguntas que possa reponder, mas nada mais. De Simla sairá para Budha Gaya e Bombaim, a negócios, e estará de volta para casa até novembro. Com sincera amizade, Seu, K.H.
Carta Nº 053 (Recebida em 19 de Agosto de 1882). Esta carta é escrita no dia seguinte àquele em que ele postou a sua nota anexando a longa carta para Hume. O Mahatma, ao assumir os "pecados" da Fraternidade, equipara-se a Warren Hastings, que claramente teve que assumir o impacto de quaisquer abusos cometidos pela Companhia da Índia Oriental. Hastings foi o primeiro Governador-Geral da Índia Britânica , que começou sua carreira como escriturário naquela companhia. Esta é a "Companhia" a que se refere o comentário do Mahatma. A vigorosa política de Hastings, de reforma judiciária e financeira reconstruiu o prestígio britânico na Índia, mas encontrou oposição quando ele voltou para a Inglaterra. Ele foi acusado por Edmund Burke de graves crimes e levado a julgamento. Mais tarde, entretanto, foi absolvido. Estritamente Privada e Confidencial Meu paciente amigo: Ontem fiz que vos fôsse enviada pelo correio uma curta nota, acompanhada de uma longa carta para Hume - eu a fiz registrar em algum lugar do Correio Central por um amigo feliz e livre; hoje é uma longa carta para vós, e intencionalmente é acompanhada por um repicar de jeremiadas, uma triste história de uma confusão que pode ou não fazer-vos rir, como o faz a esse volumoso Irmão meu, mas que me faz sentir como o poeta que não podia dormir bem: "Pois a sua alma conservava demasiada luz debaixo das suas pálpebras durante a noite".
Ouço-vos murmurar a meia voz: "E agora, o que ele quer do mundo! Paciência, meu melhor amigo anglo-hindú, paciência; e quando tiverdes sabido da repreensível conduta deste meu travesso e, mais do que nunca risonho Irmão, vereis com clareza, porque eu vim a lamentar que, em vez de provar na Europa do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, não tivesse permanecido na Ásia, em toda sancta simplicitas (santa simplicidade) da ignorância de vossos modos e costumes, porque, então, eu também estaria sorrindo agora ironicamente! Gostaria de saber o que direis quando souberdes o terrível segredo! Eu anseio conhecê-lo para me livrar de um pesadelo. Caso me encontrasseis agora, pela primeira vez, nas sombrias alamedas de vossa Simla e me exigisse toda a verdade, me ouviríeis dizê-la, quase toda desfavoravelmente para mim. A minha resposta vos relembraria em grande parte se fôsseis bastante cruel para repetí-la - a famosa dada por Warren Hastings ao "cão Jennings" no seu primeiro encontro com o ex-governador, após o seu retorno da Índia! "Meu caro Hastings" - perguntou Jennings - "será possível que sois o grande patife que Burke afirma, e que todo o mundo está inclinado a acreditar? - "Eu posso vos assegurar, Jennings", foi a triste e suave resposta, "que, embora algumas vêzes fui obrigado a mostrar-me como um patife para a Companhia, eu mesmo nunca o fui". Eu sou o W.H. para os pecados da Fraternidade. Mas, vamos aos fatos. Naturalmente sabeis, (creio que isso vos foi dito pela V.D.) que quando tomamos candidatos para chelas, eles assumem o voto de segredo e silêncio a respeito de toda ordem que possam receber. Deve cada um mostrar-se apto para o chelado, antes de verificar se está apto para o adeptado. Fern está submetido a essa provação; uma bela trapalhada me prepararam para os dois! Como já sabeis, por minha carta a Hume, ele não me interessava, nada sabia dele, a não ser de suas extraordinárias faculdades, seus poderes para a clariaudiência e clarividência e sua ainda mais notável tenacidade de propósito, forte vontade e outros etceteras. Durante anos um caráter relaxado e imoral (um Péricles de taverna com um doce sorriso para cada Aspasia das ruas, ele tinha se regenerado total e subitamente após filiar-se à Sociedade Teosófica; e logo M. o tomou seriamente em suas mãos. Não é assunto meu dizer, mesmo a vós, quanto de suas visões são verdadeiras e quanto são alucinações, ou mesmo, talvez, ficção. Que ele enganou consideravelmente o nosso amigo Hume, deve ser certo, pois este me relata as mais maravilhosas lorotas acerca dele. Mas o pior de todo este assunto é o seguinte: é indubtável que o enganou tão completamente, que enquanto que H. não acreditava numa palavra sequer quando Fern dizia a verdade, quase todas as mentiras de F. foram aceitas como verdades evangélicas por nosso respeitável Presidente da Eclética.
Agora compreendereis com facilidade, que é impossível para eu testar e colocar (H.) no bom caminho, já que F. é um chela de M. e eu não tenho direito algum, seja legal ou social, de acôrdo com o nosso código, de interferir entre ambos. Dos vários problemas, contudo, este é o menor. Outro dos nossos costumes, quando mantemos correspondências com o mundo exterior, é confiar a um chela a tarefa de entregar as cartas ou qualquer outra mensagem, e não pensar mais nisso, a menos que seja, em absoluto, necessário. Com muita frequência, as nossas próprias cartas, desde que não se trate de algo muito importante e secreto, são escritas com a nossa caligrafia, pelos nossos chelas. Assim, no ano ado, algumas das minhas para vós, foram precipitadas, e quando a doce e fácil precipitação era paralizada, bem, eu tinha apenas que preparar a minha mente, assumir uma posição cômoda e pensar, e o meu fiel "Deserdado" apenas que copiar os meus pensamentos, cometendo muito raramente algum disparate. Ah, meu amigo! eu levava uma vida muito cômoda até o próprio dia quando a Eclética veio à sua precária existência...De todo modo, este ano, por razões que não necessitamos mencionar, tenho que fazer meu próprio trabalho, todo ele, e isso às vêzes me pesa muito e me torno impaciente com ele. Como diz Jean Paul Richter em algum escrito, a parte mais penosa de nossas doenças corporais é aquela que é incorpórea e imaterial, a saber: a nossa impaciência e a ilusão de que perdurará para sempre. Tendo-me permitido, certo dia, agir como se trabalhasse sob tal ilusão, na inocência de minha cândida alma, confiei o sagrado de minha correspondência nas mãos desse alter ego meu, o iníquo e "imperioso" tipo, vosso "Ilustre", que fez uso indevido de minha confiança nele e me colocou na posição em que estou agora! O bom patife ri desde ontem, e para confessar a verdade, sinto-me inclinado a fazer o mesmo. Mas, como inglês, temo que ficareis aterrorizado com a enormidade do seu crime. Sabeis, que, apesar dos seus defeitos o senhor Hume é absolutamente necessário, até agora, à Sociedade Teosófica. Fico às vêzes muito irritado pelos seus sentimentos mesquinhos e pelo seu espírito vingativo; entretanto, ao mesmo tempo, tenho que ar as suas debilidades, que o levam a aborrecer-se consigo mesmo por afirmar, em um determinado momento, que não é ainda meio dia, em outro, que já é. Mas o nosso "Ilustre" não é precisamente dessa opinião. O orgulho e o amor próprio do senhor Hume, deseja, como diz o ditado, que toda a humanidade tivesse somente dois flexíveis joelhos para fazer-lhe reverência, mas M. não vai satisfazer o seu capricho. Não fará nada, naturalmente, para prejudicá-lo, ou preju de maneira deliberada; pelo contrário, pensa sempre em protegê-lo, como tem feito até agora, mas não levantará nem um dedo mindinho para lhe devolver o seu crédito. A substância e o cerne de seu argumento se resume no seguinte: Hume riu-se e ridicularizou os fenômenos genuinos e verdadeiros, (cuja produção nos levou quase à desgraça junto ao Chohan) única e exclusivamente porque as manifestações não foram idealizadas por ele, nem produzidas em sua honra, ou para o seu único benefício. E
agora, dexai que ele se sinta feliz e orgulhoso das misteriosas manifetações da sua própria elaboração e criação. Deixai que esvaneça de Sinnett no fundo mesmo de seu orgulhoso coração, fazendo até insinuações a outros das quais mesmo ele Sinnett, era dificilmente poupado. Ninguém tentou jamais uma impostura deliberada, nem a ninguém se lhe permitiria coisa semelhante. Tudo foi feito para que fosse seguido o seu curso natural e comum. Fern está nas mãos de dois sagazes "moradores do umbral", como Bulwer os chamaria; dois dugpas manejados por nós para fazer o nosso trabalho de varredores, e fazer aflorar os vícios latentes, (se há algum), dos candidatos, e Fern tem se mostrado de modo geral, mais moral e muito melhor do que se supunha. Ele só tem feito o que se lhe ordenou que fosse feito, e se mantém silencioso porque esse é o seu primeiro dever. E quanto à sua postura diante de Hume e se pavonear diante de si mesmo e de outros como vidente, uma vez que ele próprio acreditou que o fôsse e que são apenas certos detalhes que podem ser realmente chamados de ficção ou, pondo em termos menos suaves, de lorotas, não produziu dano senão a si mesmo. Os ciumes e o orgulho de Hume sempre se levantarão para impedí-lo de engolir a verdade senão como uma ficção rebuscada e Sinnett é bastante esperto para separar, com muita facilidade, as realidades e o sonhos de Fern. Por que, então eu ou vós, ou qualquer outro, conclui M., deveria oferecer conselho a alguém que, sem dúvida, não o aceitará, ou o que seria ainda pior, caso ele se dê conta de que lhe foi permitido fazer o papel de tolo(?), é ainda mais certo que se torne um irreconciliável inimigo da Sociedade, da Causa e dos seus sofridos Fundadores e de todos os demais. Deixai-o, então, estritamente só... ele não agradecerá por ser desenganado. Ao contrário, ele esquecerá que ninguém deve ser culpado, a não ser ele mesmo; que ninguém lhe murmurou jamais um só palavra que pudesse tê-lo levado às suas ilusões adicionais; mas se voltará ferozmente mais do que nunca contra esses tipos (Os Adeptos) e os chamará em público de impostores, jesuitas e fingidores. Vós (eu) deste-lhe um genuino fenômeno pucka0 e isso deveria satisfazê-lo quanto a existência de tudo mais. Tal é o raciocínio de M. e não estivese eu indiretamente envolvido no quid pro quo, seria também o meu. Mas, agora, devido às maquinações desse pequeno e hipócrita traquina, Fern, vejo-me obrigado a vos incomodar, para pedir um conselho amistoso, já que nossos modos não são os vossos e vice-versa. Mas agora vêde o que me ocorreu. Hume tem recebido ultimamente muitas cartas minhas e eu espero que compartilhareis comigo a sorte e os diferentes destinos de três delas, desde que ele começou a recebê-las de uma maneira direta. Tentai, também, compreender bem a situação e assim avaliar a minha posição. Dado que tínhamos três chelas em Simla - dois regulares e um irregular, o candidato Fern, eu tive a infeliz idéia de poupar energia, de
economizá-la, como se eu tivesse uma "associação de Poupanca". Para dizer a verdade, procurei separar, tanto quanto fosse possível, sob as circunstâncias, a suspeitada "Sede Central" de qualquer fenômeno que se produzisse em Simla e, portanto, da correspondência trocada entre o senhor Hume e eu. A menos que H.P.B., Damodar e Deb, estivessem completamente desentrosados, não haveria maneira de se dizer o que poderia ou não ocorrer. A primeira carta (encontrada na estufa) eu a dei para Morya para que mandasse deixá-la na casa do senhor Hume por intermédio de um dos dois chelas regulares. Ele a entregou a Subba Row, pois este tinha que vê-lo nesse dia; S.R. enviou-a da maneira comum (colocou-a no correio) para Fern, com instruções para deixá-la na casa do senhor Hume ou enviá-la para ele pelo correio, no caso que temesse que este lhe fizesse perguntas, já que Fern não podia, não tinha o direito de responder-lhe e dessa maneira seria induzido a dizer uma mentira. Várias vêzes D. Kh.11 tentou penetrar no Castelo de Rothneyl, mas sofreu tão agudamente em cada ocasião, que eu lhe disse para desistir. (Ele está se preparando para a iniciação e poderia fracassar, com facilidade, em consequência disso). Bem, Fern não a colocou no correio, mas mandou um amigo seu, dugpa, para que a deixasse na casa e este a pôs na estufa por volta da 2 horas da madrugda. Isto foi a metade de um fenômeno, mas H. considerou totalmente como um fenômeno e ficou muito furioso quando M. recusou, segundo ele, receber a sua resposta mediante o mesmo procedimento. Então lhe escrevi para consolá-lo e lhe dise, com tanta franqueza como pude, sem quebrar a confiança de M., em relação a Fern, que D.K. não podia fazer nada por ele, no momento, e que havia sido um dos chelas de Morya quem pôz a carta ali, etc., etc. Eu creio que a insinuação era bastante ampla e que não se praticava nenhum engano. Parece-me que a segunda carta foi lançada em sua mesa por Dj. Khool (a grafia de seu nome é Gjual, mas não assim foneticamente) e como foi feito por ele mesmo, foi um fenômeno pucka ortodoxo e Hume não tem porque se queixar. Algumas cartas lhes foram enviadas de vários modos e ele pode estar seguro de uma coisa: apesar dos meio comuns pelos quais as cartas lhe chegaram, não poderiam ser, senão "fenomenais" ao chegar na Índia vindas do Tibet. Mas isso não parece ser levado de modo algum em consideração por ele. E agora chegamos, a parte realmente má disso, pela qual culpo inteiramente a M. por permití-la e isentar a Fern que não podia evitá-la. Naturalmente compreendei que vos escrevo isso em estrita confidência, confiando na vossa honra que, aconteça o que acontecer, não traireis a Fern. Na verdade (e eu examinei a questão com muita atenção) o moço veio a se tornar culpado de uma impostura deliberada e jesuítica, mais devido aos constantes insultos, atitudes suspeitas e nas premeditadas desfeitas durante as refeições e durante as horas de trabalho, do que por quaisquer motivos decorrentes das suas relaxadas noções de moralidade. Então, as cartas de M. (trabalho de um amável dugpa, na realidade de um ex-dugpa cujos pecados do ado não
lhe permitirão jamais resgatar plenamente as suas más ações) dizem distintamente "faça isso ou aquilo ou deste modo"; eles o tentam, e levam-no a imaginar que, quando não se faz danos a qualquer ser humano e quando o motivo é bom, toda ação se torna justa! Eu fui assim tentado na minha juventude, e quase sucumbi duas vezes a tentação, mas fui salvo pelo meu tio de cair nessa monstruosa armadilha; e assim aconteceu com o Ilustre que é um ocultista pukka ortodoxo e adere religiosamente às velhas tradições e métodos; e isso teria ocorrido com qualquer um de vós, tivesse eu consentido em aceitar-vos como chelas. Mas como eu estava desde o início ciente do que confessastes em uma carta a H.P.B. isto é, que havia algo sumamente repugnante para a melhor categoria de mentes européias na idéia de ser posto em prova, de estar sob provação; em consequência sempre evitei aceitar a oferta feita com frequência pelo senhor Hume para se tornar um chela. Talvez isso possa vos dar a chave de toda a situação. Entretanto, isto é o que ocorreu: Fern havia recebido uma carta minha, por meio de um chela, com a condição de fazê-la chegar de imediato ao seu destino. Eles iam fazer o desjejum, e não havia tempo a perder. Fern tinha jogado a carta numa mesa e deveria tê-la deixado ali, já que não havia, então, motivo algum para ele mentir. Mas ele estava irritado com H. e idealizou outra evasiva. Colocou a carta nas dobras do guardanapo do senhor Hume, que, ao segurá-lo, na hora do desjejum, a carta caiu acidentalmente no chão, ficando à vista, para o que parece deu terrível susto de "Moggy", surpreendendo alegremente a Hume. Mas, surgindo-lhe novamente a sua crônica desconfiança (que sempre abrigou desde que lhe escrevi que a minha primeira carta foi transportada até dentro da estufa por um dos chelas de M., e que o meu chela pouco podia fazer, embora ele tivesse visitado invisivelmente cada parte da casa antes). Hume olhou com firmeza para Fern e perguntou-lhe se tinha sido ele que a colocara ali. Tenho diante de mim, agora, toda a imagem do cérebro de Fern naquele momento. Houve um rápido lampejo em sua mente: "isto me salva...porque posso jurar que nunca a puz ali" (significando o local em que havia caido no solo). "Não", respondeu com audácia, "eu nunca a puz ALI" - acrescentou, mentalmente. Depois, uma visão de M. e um sentimento de intensa satisfação e alívio por não haver sido culpado de uma mentira direta; confusas imagens de alguns jesuitas que havia conhecido, do seu filhinho - um pensamento desconexo do seu quarto e clarões no jardim do Sr. H., etc. - nenhum pensamento de autoengano! Na verdade o nosso amigo foi agarrado ainda que só uma vez, mas eu pagaria qualquer preço para recordar o episódio e recolocar a minha carta com a mensagem de outra pessoa. Mas podeis ver em que situação me encontro. M. me diz que me dá carta branca para que vos diga tudo o que eu deseje; não quer que eu diga nem uma palavra a Hume, e nunca ele vos perdoaria, diz ele, se interviésseis o castido orgulho de Hume e o seu destino. Fern realmente não deve ser culpado por pensar que, desde que o resultado se cumpra os detalhes não importam, já que foi educado em tal escola, e que, na realidade, deseja de coração o bem da Causa; enquanto que, no caso de Hume, o único
e principal poder motivador é, na verdade, um egoismo bona fide; "Filântropo egoita", é o termo que pinta o seu retrato de corpo inteiro. Agora, quanto ao Coronel Chesney: dado que, segundo parece, foi real e sinceramente bastante bondoso para se discernir algo nos contornos do semblante de vosso pobre e humilde amigo, uma impressão obtida, muito provavelmente, mais das profundidades da sua imaginação do que de uma presença real de uma expressão semelhante àquela elaborada, por Dj. Khool ou M., o primeiro sentiu-se sumamente estimulado e solicitou a minha permissão para precipitar outro retrato semelhante para o Coronel Chesney. Como é natural, foi concedida a permissão, ainda que eu me risse da idéia e M. disse a D.K. que o Coronel também iria se rir do que suspeitaria fôsse vaidade minha. Mas D.K. insistiu em fazê-lo e solicitou, então, permissão para entregá-lo pessoalmente ao Coronel Chesney, o que lhe foi negado pelo Chohan, que o repreendeu. Mas o retrato foi terminado em três minutos depois que eu consenti e D.K. pareceu enormemente orgulhoso com a obra. Disse (e me parece ter razão) que a semelhança é a melhor das três. Bem, foi enviado da maneira habitual via Djual Khool, Deb e Fern; naquela ocasião H.P.B. e Damodar estavam em Poona, M. estava treinando e testando Fern para um fenômeno (naturalmente um fenômeno autêntico) para que Fern pudesse produzir uma manifestação pukka na casa do Coronel Chesney; mas, enquanto Fern jurava que necessitava só de três mêses de preparação, M. sabia que ele nunca estaria pronto para esta estação do ano - nem, penso eu, para o próximo ano. De qualquer modo, confiou a Fern o novo retrato, repetindo que seria melhor que o remetesse pelo correio, pois se o Coronel soubesse que Fern tinha tido algo a ver com o mesmo, se mostraria incrédulo quanto a sua produção por precipitação. Mas D.K. queria entregá-lo de imediato, e enquanto o coronel (como ele dizia) "tinha ainda o Mestre vívido em sua mente", mas Fern o orgulhoso jovem tolo, responde - "Não, antes que eu faça alguma coisa em relação ao "pacote", eu tenho que estudá-lo (o Coronel Chesney) mais plenamente!! Eu quero, nesta ocasião, obter os mais altos resultados possíveis na primeira tentativa. Pelo que vi do autor da "Batalha de Dorkinng" não pude me convencer a respeito dele...Meu pai me disse que eu deveria ser os "seus olhos" e "ouvidos" (por não ter sempre tempo) e eu devo averiguar a pessoa com que temos de tratar"!! Nesse intervalo, eu, temendo que "mestre" Fern podia, talvez, colocar o retrato nas dobras do guardanapo do Cel. Chesney e produzir alguma manifestação "espiritual com o seu pé" - eu vos escrevi, de Poona, por intermédio de Damodar, dando-vos uma sugestão muito ampla, eu creio, que naturalmente só compreendestes agora. Entretanto, na manhã de ontem, D.K. veio e me contou que Fern ainda tinha o retrato, e temia que algum truque fôra ou poderia ser executado. Então, de imediato tirei de sua apatia o meu Irmão demasiadamente indiferente. Mostrei-lhe como era perigosa a situação deixada nas mãos de um rapaz inescrupuloso, cujo sentido de moralidade estava mais embotado ainda pelas experiências da "provação" e pelo engano que
ele considerava quase como justo e permissível, e por fim o impulsionei à ação. Foi enviado um telegrama a Fern, desta vez na própria escrita de M. das Províncias Centrais (parece ter sido de Bussawal, onde vive um chela), ordenando a Fern que remetesse, de imediato, por correio, para o endereço do Coronel Chesney, o pacote que retinha, e Fern o recebeu ontem pela manhã, como vi, de acôrdo com o nosso horário (terça-feira 22). E assim, quando receberdes notícia dele, sabereis toda a verdade. Eu proibi estritamente que minhas cartas ou qualquer coisa relacionda com meus assuntos jamais sejam dadas a Fern. Assim, tanto o senhor H. como vós mesmo ou qualquer outra pessoa em Simla poderá ter a minha palavra de honra, de que Fern não terá nada mais a ver com os meus assuntos. Mas, meu muito querido amigo, deveis prometer-me com lealdade e para o meu bem, de jamais sussurrar uma palavra a ninguém do que vos disse e menos ainda a Hume ou a Fern; a menos que este vos obrigue com os seus embustes, deveis detê-lo, nesse caso podieis fazer uso do que vos pareça apropriado para forçá-lo, assim a calar-se, nunca deixando que ele saiba como e de quem soubestes isso. Além disso, usai o conhecimento com o vosso discernimento. Lêde com atenção minha carta, registrada e enviada ontem de Bussawal para o vosso nome ou seja, a minha carta para Hume, e pensai bem antes de remetê-la para ele, porque essa carta poderá provocar-lhe um ataque de fúria e de orgulho ferido, e fazer com que abandone imediatamente a Sociedade. Melhor conservá-la como recurso para uma futura emergência, para provar-lhe que, pelo menos, eu sou um dos que não permitirão mesmo aos meus inimigos que sejam vencidos por meio de recursos injustos: Assim julgo, ao menos, os meios que o Sr. Fern parece muito propenso para usar. Mas acima de tudo, meu bom e fiel amigo, não vos permitai interpretar mal a verdadeira posição da nossa Grande Fraternidade. Escuros e tortuosos como podem ser vistos pela vossa mente Ocidental os caminhos trilhados, e os meios pelos quais nossos candidatos são trazidos à grande Luz - sereis o primeiro a aprová-los quando conhecerdes a todos. Não julgueis pelas aparências - pois podereis cometer um grande engano, e perder as vossas chances pessoais de aprender mais. Apenas sêde vigilante e - observai. Caso o Sr. Hume apenas consinta em esperar, ele terá mais e mais fenômenos extraordinários para silenciar os críticos do que até agora ele têve. Exercitai a vossa influência sobre ele. Lembrai-vos que em Novembro vem a grande crise, e Setembro será cheio de perigos. Salvai, pelo menos, as nossas relações pessoais do grande desastre. Fern é o mais excêntrico tipo psicológico que eu já encontrei. A pérola está dentro e, na verdade escondida profundamente na concha pouco atrativa da ostra. Não podemos rompê-la imediatamente, nem podemos perder essas pessoas. Enquanto vos protegeis - protegei-o em relação a Hume. Geralmente eu nunca confio numa mulher mais do que confiaria num eco; ambas são do gênero feminino porque a Deusa Eco, como mulher, terá sempre a última palavra. Mas com a
senhora é outra coisa e creio firmemente que podeis lhe confiar o que anteriormente foi dito, caso julgueis conveniente. Mas tende cuidado com a pobre senhora Gordon, uma excelente dama mas, ao falar, mataria a própria Morte. E agora terminei. Sempre sinceramente seu, K.H. Não o considerai como elogio, mas creia-me quando digo que vossas duas Cartas e em particular "A Evolução do Homem" são simplesmente ESPLÊNDIDAS. Não temais em incorrer em contradições e inconsistências. Digo novamente - fazei anotações delas e enviai-as para mim e vereis. Rogo-vos, bondoso senhor, trancai a tola carta enviada ontem para o Sahib Hume, dentro do seu baú e deixai que ela ali fique recolhida até que seja necessária. Digo-vos que criaria discórdias e nada de bom. K.H. é demasiadamente sensitivo em sua sociedade ocidental, está se tornando uma senhorita tradicional. Vosso, M.
Carta Nº 054 Recebida em Simla, Outubro de 1882. Esta carta, escrita em Phari Jong, um mosteiro grande no Tibet, junto à fronteira com o Sikkim na rota para Lhasa, é a mencionada na Carta nº.91 como tendo sido escrita "por partes". É interessante que a carta original abrange 17 folhas de papel em tamanho normal. Parece provável que foi ditada mentalmente a um chela e, então, precipitada, se a proibição deste método de comunicação já tivesse sido suspensa na ocasião. Sabe-se que foi suspensa em determinada ocasião, mas não se sabe exatamente quando. O método geralmente resultava em mais correções e nesta carta algumas palavras foram apagadas, outras corrigidas e outras riscadas. O parágrafo inicial refere-se à renuncia de Hume como Presidente da Sociedade Teosófica Eclética de Simla. Meu querido amigo: A deposição e abdicação do nosso grande "Eu sou", é para o seu humilde servidor, um dos mais agradáveis acontecimentos da temporada. Mea Culpa! Exclamo e ponho, por minha própria vontade, minha cabeça debaixo de uma chuva de cinzas (dos charutos de Simla
se quizerdes) pois foi obra minha. Algo de bom resultou disso sob a forma de excelentes trabalhos literários (ainda que na verdade eu prefira o vosso estilo), para a Sociedade Matriz, mas sequer nenhum para a desamparada "Eclética". O que ele fez por ela? Ele se queixa numa carta a Shishir Koomar Gosh (da A. B. Patrika), que, devido aos seus incessantes esforços (de Hume), ele havia "quase convertido" Chesney para a Teosofia "quando o grande espírito anti cristão do "Teosofista" rechaçou o Coronel com violência. Isto é o que nós podemos chamar de alterar os fatos históricos. Estou vos remetendo a última carta que ele me enviou, na qual ireis vê-lo por inteiro, sob a influência de seu novo gurú "o bom Swami Vedantino" (que se oferece para ensinar-lhe a filosofia Adwaita com um Deus incluido, para melhorá-la) e o espírito de Sandaram. Seu argumento é, como vereis; que, em todo caso, aprenderá algo com o "bom velho Swami", enquanto que conosco é impossível "aprender coisa alguma". Eu não lhe dei, nunca, a certeza de que todas as cartas não surgissem do fértil cérebro da "Velha Dama" (H.P.B.). E acrescenta, mesmo agora, quando obteve a certeza subjetiva de que nós somos entidades distintas de Mad. B.: "eu não posso dizer quem sois; poderíeis ser Djual Kool, ou um espírito do elevado plano Oriental", etc.; e assim por diante. Na carta incluida diz que nós "podemos ser tantrikos" (é melhor averiguar o valor de cumprimento feito), e ele está se preparando, sim, está completamente preparado - para mergulhar do extremo Adwaitismo no teismo transcedental, uma vez mais. Amen. Entrego-o ao Exército da Salvação. Não gostaria, porém, de vê-lo cortando de todo a sua ligação com a Sociedade; primeiro, pelo seu próprio mérito intrínseco como escritor e depois, porque poderíeis estar seguro de ter um inimigo infatigável, ainda que secreto, que aria o seu tempo escrevendo, de modo incisivo, contra a Teosofia, denunciando tudo e todos na Sociedade para qualquer pessoa fora dela, e fazendo-se desagradável de mil modos. Como já disse uma vez, pode parecer que ele perdoa, sendo precisamente o tipo de homem que se ilude a si mesmo diante do seu próprio reflexo no espelho como possuidor de uma magnânima clemência, mas, na realidade, nunca perdoa ou esquece. Foi uma notícia agradável para M. e para todos nós saber como fostes eleito Presidente, unânime e tranquilamente, e todos nós, "mestres" e chelas saudamos de modo caloroso e fraternal a vossa ascenção ao posto; um fato consumado que nos reconcilia com as tristes e humilhantes notícias de que o senhor Hume expressou a sua total indiferença para os chelas e mesmo para os seus Mestres, acrescentando que tampouco lhe interessava conhecê-los. Mas já disse bastante dele, que melhor pode ser descrito nas palavras do provérbio Tibetano: "Como a ave noturna: de dia um gracioso gato, nas trevas um asqueroso rato". Uma palavra de advertência - um sério conselho vindo de nós dois: não confieis no pequeno Fern; cuidado com ele. A sua plácida serenidade
e seus sorrisos quando fala convosco das "suaves repreensões temperadas com misericórdia", e de que é preferível ser repreendido do que ser despedido, são todas fingidas. Sua carta de penitência e arrependimento para M., que vos enviou para que a guardeis, não é sincera. Caso não o vigiardes de perto, embaralhará as coisas, de tal maneira que pode conduzir a sociedade à ruina, pois fez um grande juramento a si mesmo: de que a Sociedade cairá ou se levantará com ele. Se fracassa de novo, no próximo ano, apesar de todos os seus grandes dotes, como pode um incurável e pequeno jesuíta mentiroso como este deixar de falhar? Fará tudo o que puder para fazer cair a Sociedade com ele, ao menos no que se refere à crença nos "Irmãos". Trate de salvá-lo, se possível, meu queridíssimo amigo; façai o que puderdes para devolvê-lo à verdade e ao altruismo. É uma verdadeira lástima que esses dons sejam afogados num lodaçal de vício, tão fortemente implantado nele por seus primitivos instrutores. Entretanto, tomai cuidado a fim de que ele não veja nunca nenhuma das minhas cartas. E agora, quanto a Massey e as vossas cartas: tanto a resposta como a réplica são excelentes. Sem dúvida que um homem mais sincero e veraz, ou mais nobremente disposto (sem excetuar a S. Moses) dificilmente poderia ser achado entre os teósofos britânicos. Seu único e principal defeito é: debilidade. Caso ele se desse conta algum dia de quão erroneamente julga mal H.P.B., nenhum homem se sentiria mais miserável do que ele por causa disso. Mas isso fica para mais adiante. Se recordais, em minha carta a H. acerca do assunto, eu "proibia todos os arranjos", pela simples razão de que a Sociedade Teossófica Britânica afundou e não existia mais virtualmente. Mas, se bem me recordo, acrescentava que, se eles a restabelecessem sobre uma base firme, com membros tais como a senhora K. e seu escriba, não teríamos objeções de ensiná-los por vosso intermédio, foi isso que escrevi. Certamente objetei em ver as minhas cartas impressas e circulando como as de Paulo nos bazares de Éfeso, para o benefício (ou para escárnio ou crítica) de alguns membros isolados que dificilmente acreditavam na nossa existência. Mas eu não tenho objeção, no caso de um arranjo como foi proposto por C.C.M. Somente deixai-os primeiro se organizar, excluindo, estritamente fanáticos como Wyld5. ele se negou a itir a irmã do senhor Hume, a senhora B. porque, não tendo visto nenhum fenômeno mesmérico, não acreditava no mesmerismo; e recusou a itir Crookes, recomendado por C.C.M. segundo me foi contado. Eu nunca recusarei minha ajuda e cooperação a um grupo de homens sinceros e ardorosos por aprender, mas se de novo se ite homens tais como o senhor Hume, homens que em geral se deleitam em representar em cada sistema organizado em que conseguiu entrar, os papéis desempenhados por Typhon e Ahriman nos sistemas Egípicio e Zoroastrita, então é melhor que se deixe de lado o plano. Eu temo o surgimento impresso de nossa
filosofia tal como a expõe o senhor Hume. Li os seus três ensaios acerca de Deus (?), cosmogonia e vislumbres da origem em geral das coisas e tive que riscar quase tudo. Ele nos converte em Agnósticos. "Nós não cremos em Deus porque até agora não temos provas, etc." Isto é ridiculamente absurdo; se ele publica o que eu li, terei que fazer que H.P.B. ou Djual Khool neguem tudo, pois não posso permitir que a nossa sagrada filosofia seja desfigurada deste modo. Ele diz que as pessoas não aceitariam toda a verdade; a não ser que nos adaptássemos a elas dando-lhes a esperança de que deve haver um "Pai amante no céu, criador de tudo", a nossa filosofia seria rechaçada a priori. Nesse caso, quanto menos ouçam de nossas doutrinas tais idiotas, tanto melhor será para ambas as partes. Se não querem toda a verdade e nada mais do que a verdade, são benvindos. Mas jamais, em nenhum caso, nos acharão itindo compromissos com os preconceitos públicos e fomentando-os. Chamai a isso "sincero e honesto" do ponto de vista Europeu? Lêde a carta dele e julgai. A verdade é, meu querido amigo, que, não obstante a grande onda de misticismo que está afetando agora a um setor das classes intelectuais da Europa, o público ocidental apenas aprendeu a reconhecer, aquilo que denominamos de sabedoria no seu mais elevado sentido. Até agora no mundo só se reconhece como verdadeiro sábio aquele que mais habilmente conduz os negócios na vida, de modo que possa produzir o maior rendimento material, honrarias ou dinheiro. A qualidade da sabedoria sempre foi e será negada por muito tempo (até o fim da Quinta Raça) a quem busca a riqueza da mente para o seu próprio benefício e para o seu próprio gozo e resultado, sem o propósito secundário de aproveitá-lo para a realização de benefícios materiais. Para a maioria de vossos compatriotas, adoradores do ouro, nossos fatos e teoremas serão considerados como fantásticas divagações, sonhos de loucos. Deixai que os Fragmentos e mesmo as vossas próprias e magníficas Cartas (publicadas agora no Light) caiam nas mãos e sejam lidas pelo público em geral, sejam eles materialistas, teístas ou cristãos, e eu aposto dez por um, que cada leitor comum franzirá os seus lábios num esgar de zombaria com este comentário: "tudo isto pode ser muito profundo e instrutivo, mas qual é a sua utilidade para a vida prática? - e tirará as Cartas e Fragmentos, do seu pensamento, uma vez por todas. Mas agora a vossa posição para com C.C.M. parece mudar e estais atraindo-o gradualmente. Ele anseia, com sinceridade, submeter-se a outra prova no Ocultismo e está "aberto à convicção"; não devemos decepcioná-lo. Mas eu não posso me comprometer em proporcionar, nem a eles nem a vós mesmo, novos fatos, até que tudo o que dei seja posto em forma desde o começo, (vêde os Ensaios do Senhor Hume) e ensinados a eles sistematicamente, e por eles aprendidos e digeridos. Estou agora respondendo as vossas numerosas séries de questões - científicas e psicológicas - e tereis bastante material para um ano ou dois. Naturalmente eu estarei sempre pronto para novas explicações, e portanto para adições inevitáveis, mas recuso, de modo
positivo, ensinar qualquer outra coisa antes que tenham compreendido e aprendido tudo que já foi dado. Nem quero que imprimais qualquer coisa das minhas cartas, a menos que anteriormente já editadas por vós e colocadas na devida forma. Não disponho de tempo para escrever "ensaios" completos, nem se extende tão longe a minha habilidade literária para isso. E o que dizer, da mente de C.C.M. tão cheia de preconceitos contra o autor de Isis e contra nós, que ousou tentar introduzir Englington10 nos sagrados recintos da S. T. B. (Sociedade Teosófica Britânica) e a chamar + de "Irmão"1? Não serão os nossos pecados e trangressões combinados, "de um ponto de vista europeu" um grave obstáculo no caminho para uma confiança mútua e não conduzirão a intermináveis suspeitas e má interpretações? Não estou preparado agora, para proporcionar aos teósofos britânicos a prova da nossa existência em carne e osso, ou de que não sou de todo o "cúmplice" de H.P.B., pois tudo isso é questão de tempo e de Karma. Mas, mesmo supondo que seja muito fácil provar o primeiro, seria bem menos fácil negar com provas o último. Um "K.H.", isto é, um mortal de aparência muito comum e familiarizado toleravelmente bem com a filosofia inglesa, vedanta e budista e até um pouco com as imposturas de salão, pode ser encontrado facilmente e apresentado para demonstrar a sua existência objetiva muito além de toda dúvida ou cavilação. Mas como dar a certeza positiva e moral de que o indivíduo, que assim possa fazer a sua aparição não é um falso K.H., um "cúmplice" de H.P.B.? Saint Germain e Cagliostro, ambos cavalheiros da mais elevada educação e realizações (e presumivelmente europeus e não "negro" da minha espécie) não foram julgados naquele tempo e ainda o são pela posteridade como impostores, cúmplices, prestigitadores e assim por diante? Entretanto, estou obrigado a levar a tranquilidade à mente de C.C.M. (mediante a vossa amável intervenção) com respeito à sua crença de que H.P.B. o enganou e se impôs sobre ele. Ele parece pensar que obteve provas absolutamente irrecusáveis disso. Eu digo que ele não as tem. O que ele obteve foi simplesmente a prova da vilania de alguns homens e exteosofistas como Hurrychung Chinyamon, de Bombaim, e agora de Manchester e de outras partes; o homem que roubou dos Fundadores e Dayanand 4.000 rupias, enganou-os e se impôs a eles desde o princípio (desde o tempo de Nova Iorque); e então descoberto e expulso da Sociedade, fugiu para a Inglaterra e está desde então, sedento de vingança. E outro semelhante é o Dr. Billing; o esposo dessa boa e honesta mulher, a única médium realmente digna de confiaça e honesta que eu conheço, a senhora M. Hollis - Billing, com quem ele se casou pelos seus milhares de libras, e a arruinou no primeiro ano de sua vida matrimonial e caiu em concubinato com outra médium, e quando foi repreendido com veemência por H.P.B. e Olcott, abandonou a sua esposa e a Sociedade e se voltou com amargo ódio contra ambas as mulheres; desde então, sempre está buscando envenenar, em segredo, as mentes dos teódofos britânicos e dos
espíritas contra a sua esposa e H.P.B. Que C.C.M. reuna todos esses dados, esquadrinhe o mistério e encontre a ligação entre os seus informantes e os caluniadores das duas inocentes mulheres. Que ele investigue completa e pacientemente, antes que acredite em certos relatos (e mesmo provas apresentadas) a menos que ele sobrecarregue o seu karma com um pecado maior do que todos os outros. Não há pedra que esses dois homens deixassem sem virar a fim de alcançarem os seus maléficos propósitos. Hurrychund Chintamon nunca deixou durante os três anos ados, de atrair para a sua intimidade a cada teósofo que encontrou, vertendo nos seus ouvidos falsas notícias procedentes de Bombaim, acerca da fraude dos Fundadores; e difundir informes entre os espíritas acerca dos pretendidos fenômenos de Mad. B. mostrando-os todos como simples "truques descarados", alegando que ela não tem idéia, na realidade, dos poderes da ioga; ou, outras vêzes, mostrando cartas dela, recebidas por ele enquanto ela estava na América e, nas quais ela o aconselha que pretenda ser um "Irmão" e assim enganando melhor os teósofos ingleses; enquanto H.C. está fazendo tudo isso e muito mais, Billing está "trabalhando" os místicos londrinos. Apresenta-se diante deles como sendo uma vítima de sua extrema confiança em uma esposa a qual descobriu ser uma médium falsa e enganadora, ajudada e sustentada nisso por H.P.B. e H.S.O.; queixa-se do seu cruel destino e jura por sua honra (!) que a abandonou somente porque descobriu que era uma impostora, e sua honestidade se revoltava ante tal união. Assim pois é, baseando-se na força e na autoridade das informações de tais homens e pessoas demasiado crédulas que crendo neles, os ajudam, que C.C.M. chegou a negar e a repudiar, gradualmente, o desfigurado substituto que lhe foi imposto sob a figura de H.P.B. Creiame, não é assim. Se ele vos diz que foi mostrada uma prova documentária, diga-lhe que pode ser falsificada com facilidade (como qualquer outro documento) uma carta que tinha a sua própria letra e , a qual, se colocada nas mãos da lei o levaria em 24 horas, ao banco dos criminosos. Um homem que, em um falso testamento, foi capaz de fasilficar a firma do testamenteiro, tomando a mão do morto com uma pena nela, guiando-a sobre os traços da já escrita, para propiciar às testemunhas a oportunidade de jurarem que tinham visto o homem assiná-lo - estará pronto para fazer um trabalho mais sério do que simplesmente caluniar um forasteiro impopular. Quando H. Ch., ferido pelo seu desmascaramento e resolvido a se vingar, chegou há três anos de Bombaim, C.C.M. não quiz recebê-lo, nem vê-lo, nem escutar a sua justificação, pois Dayanand (a quem ele reconhecia e aceitava, então, como seu chefe espiritual) o havia prevenido que não se comunicasse com o ladrão e traidor. Então foi quando este último e C. Carter Blake, o jesuíta expulso da Sociedade por caluniar na Pall Mall Gazette o Swami e Hurrychund) se tornaram firmes amigos. Durante mais de dois anos, Carter Blake havia movido céu e terra para conseguir ser reitido na Sociedade, mas H.P.B. se
transformou numa muralha chinesa contra tal reissão. Os dois exmembros fizeram as pazes, juntaram a suas cabeças e trabalharam desde então no mais encantador acôrdo. Daí surgiu o inimigo secreto número 3. A devoção de C.C.M. era um obstáculo para os seus propósitos e se pam de acôrdo para quebrar o objeto de tal devoção, H.P.B., debilitando a sua confiança nela. Billing, que jamais podia esperar obter êxito nesse sentido, pois C.C.M. o conhecia demasiadamente bem por haver defendido legalmente a sua arruinada e abandonada esposa, conseguiu despertar as suas suspeitas contra a senhora Billing como médium e contra a sua amiga H.P.B. que a havia defendido e apoiado contra ele. Assim estava o solo bem preparado para receber qualquer espécie de erva daninha. Então veio, como um raio, o inesperado ataque do Swami contra os Fundadores, tornado-se um golpe mortal na amizade de C.C.M. Como o Swami tinha sido apresentado por ela a eles como um alto chela, um iniciado, C.C.M. imaginou que ele nunca o fôra e que em seu desorientado zêlo para impulsionar a causa, H.P.B. havia enganado a todos! Depois da confusão de abril, os inimigos dele e de H.P.B. fizeram dele uma fácil presa. Vêde "Light"; comparai datas e os diversos ataques, cuidadosos e encobertos. Observai a hesitação de C.C.M. e, então, seu repentino ataque contra ela. Não podeis ler entre a linhas, amigo? E quanto a S. Moses? Ah! ele, pelo menos, jamais é homem que diga uma falsidade deliberada, e muito menos, repita uma caluniosa informação. Ele, ao menos, como C.C.M., é um cavalheiro dos pés à cabeça e um homem honesto. Bem, e o que há com isso? Esqueceis a sua profunda, sincera irritação conosco e com H.P.B., na condição de Espírita, o vaso escolhido, eleito por Imperator? C.C.M. está na ignorância a respeito das leis e mistérios da mediunidade e é seu firme amigo. Tomai outra vez Light e vêde quão claramente cresce a sua irritação e se torna mais em suas Notes By The Way. Ele interpretou de modo totalmente errado, ou melhor, as citações (seguidas sem explicações) de uma carta minha dirigida a vós, que, por sua vez, nunca compreendeu corretamente a situação. O que eu então disse agora repito: - Há um abismo entre os graus mais altos e baixos dos Planetários (em resposta à vossa pergunta - É + um Espírito Planetário?) e, então, a minha afirmativa: "+ é um "Irmão". Mas o que é um "Irmão", na realidade, sabeis? Em relação ao que H.P.B. acrescentou, talvez, das profundezas da sua própria consciência, eu, não sustento; porque ela não sabe, em absoluto, nada de certo acerca de + e, com frequência, "sonhando sonhos" extrai deles as suas próprias e originais conclusões. Reultado: S.M. nos julga impostores e mentirosos, a não ser que sejamos apenas uma ficção, em cujo caso a amabilidade se volta para H.P.B. Agora quais são os fatos e as acusações contra H.P.B.? Muitos são os pontos sombrios contra ela na mente de C.C.M., e cada dia eles se tornam mais negros e feios. Eu vos darei um exemplo. Quando estava
em Londres, na casa dos Billings, Jan. 1879, H.P.B., que tinha produzido um vaso de porcelana debaixo da mesa, foi solicitada por C.C.M. que lhe desse algum objeto também produzido fenomenalmente. Consentindo ela produziu um pequeno estojo de baralho, como os que são talhados em Bombaim, o qual apareceu no bolsinho do sobretudo dele, que estava dependurado no salão. Dentro - (na ocasião ou mais tarde, ao entardecer) foi achada uma tirinha de papel com o facsimile da de Hurrychund C. Nessa ocasião, nenhuma suspeita entrou na sua mente, pois não havia lugar para ela. Mas agora, vêde que ele crê que foi, senão totalmente um ardil, de qualquer modo uma semi fraude. Por que? Porque naquele tempo acreditava que H.C. era um chela, se não um grande adepto, como foi sugerido e levado a supor por H.P.B., e agora sabe que H.C. nunca foi um chela, pois ele mesmo o nega; que nunca possuiu poderes; que nega qualquer conhecimento deles ou crença nos mesmos, e que diz a todos que nem mesmo Dayanand jamais foi um iogue, apenas simplesmente um "impostor ambicioso" como Mohamet. Em resumo: tantas mentiras trazidas e deixadas na porta dos Fundadores. E depois as cartas dela e os relatos de testemunhas fidedignas de sua confabulação com a senhora Billing. Em consequência: confabulação entre ela e Eglinton; provam que ela é, em todo caso, uma supermaquinadora, uma enganadora, um caráter astuto; ou isso, ou uma visionária lunática, uma médium obsedada! Lógica ocidental, européia. As cartas? Muito fácil alterar as palavras, e daí confundir todo o sentido de uma frase nas mesmas. Assim também com as cartas dela ao Swami, que este traduz com liberdade, cita e comenta na parte ilustrada do Suplemento de Julho. Agora rogo-vos que, por mim, lêde outra vez com cuidado a "Defesa". Notai as deslavadas mentiras do "grande Reformador da Índia". Lembrai-vos do que foi itido para vós e então negado. E se a minha palavra de honra tem algum peso para vós, saiba então que D. Swami foi um iogue iniciado, um chela muito elevado, em Badrinath, possuidor de grandes poderes há alguns anos e de conhecimento que veio perdendo, desde então e que H.P.B. vos contou senão a verdade, e que também H.C. era um chela dele, que preferiu seguir "A senda da esquerda". E agora vêde em que se tornou esse homem, na verdade grande, a quem todos conhecemos e no qual colocamos as nossas esperanças. Aí o tendes um náufrago moral, arruinado pela sua ambição e respirando mal na sua última luta por supremacia, que ele sabe, nós não deixaremos em suas mãos. E agora se esse homem dez vêzes maior, moral e intelectualmente que Hurrychund, pode cair tão baixo e recorrer a um tão mesquinho procedimento, do que não pode, então, ser capaz o seu ex-amigo e discípulo Hurrychund para satisfzer a sua sede por vingança! O primeiro tem, pelo menos, uma desculpa - sua feroz ambição, que confunde com patriotismo; o seu antes alter ego não tem desculpas a não ser o seu desejo para fazer mal para aqueles que o desmascararam. E, para atingir tais resultados, ele está preparado para fazer qualquer coisa. Mas talvez pergunteis por que nós não interferimos? Por que nós, os protetores naturais dos Fundadores, senão da Sociedade, não colocamos um ponto final nessas
vergonhosas conspirações? Uma pergunta pertinente; somente duvido que a minha resposta com toda sinceridade será claramente compreendida. Não tendes conhecimento alguma do nosso sitema, e se eu conseguisse torná-lo claro para vós, sem dúvida alguma que os vossos "melhores sentimentos" (os sentimentos de um europeu) se sentiriam irritados, senão algo pior, com tão "chocante" disciplina. O fato é que, até a última e suprema iniciação, todo chela (e até mesmo alguns adeptos) são abandonados aos seus próprios recursos e opiniões. Nós temos que travar as nossas próprias batalhas e o familiar adágio de que "o Adepto se faz, não nasce" é rigorosamente certo. Dado que cada um de nós é o criador e produtor das causas que conduzem a estes ou outros resultados, nós temos que colher somente o que semeamos. Os nossos chelas são ajudados somente quando são inocentes das causas que os conduzem a dificuldades; quando tais causas foram geradas por influências extranhas e externas. A vida e a luta pelo Adeptado seriam demasiadamente fáceis se todos tivéssemos atrás de nós lixeiros que varressem os efeitos que geramos mediante nossa própria imprudência e presunção. Antes que lhes seja permitido irem para o mundo, eles - os chelas - são todos eles dotados com mais ou menos poderes clarividentes; e com a exceção daquela atividade que, a não ser que seja paralizada e vigiada os levaria talvez a divulgar certos segredos que não podem ser revelados - eles são deixados no pleno exercício dos seus poderes - quaisquer que estes sejam: porque eles não os exercitam? Assim, o a o, e depois de uma série de penalidades, o chela aprende por amarga experiência a guiar e reprimir os seus impulsos; perde a sua temerária impetuosidade, sua presunção, e não volta a cair nos mesmos erros. Tudo o que agora acontece é trazido pela própria H.P.B.; e a vós, meu amigo e irmão, eu revelarei as limitações que ela padece, pois vós fostes provado e experimentado e somente vós não fracassastes até agora (ao menos numa direção), a da discreção e silêncio. Mas antes que vos revele a sua grande falha (uma verdadeira falha em vossos desastrosos resultados, e entretanto, uma virtude ao mesmo tempo ) eu devo vos lembrar o que de coração odiais, ou seja, que ninguém entra em contato conosco, que ninguém mostra o desejo de conhecer mais a nosso repeito, sem deixar de ser submetido à prova e posto por nós em provação. Por isso C.C.M. não podia, como nenhum outro, escapar de seu destino. Ele foi tentado e permitido ser enganado pelas aparências, e tornar-se muito facilmente uma presa de sua fraquesa suspeita e falta de auto-confiança. Em resumo, a ele lhe falta o primeiro elemento de êxito em um candidato: fé inabalável, uma vez que a sua convicção se baseia e formou raízes no conhecimento: não na simples crença de certos fatos. Agora C.C.M. sabe que certos fenômenos produzidos por ela são indiscutivelmente genuinos; sua posição com relação a isso é precisamente a vossa posição e a de vossa esposa, com referência ao anel de pedra amarela. Ao pensar que tivestes razões para crer que a
pedra em questão foi simplesmente trazida (como a boneca) e não duplicada, como ela afirma, e ao desagradar-vos nas profundezas de vossa alma tal engano inútil de parte dela, como sempre pensastes, não a repudiastes por tudo isso, nem a acusastes ou queixastes dela nos jornais como ele fez. Em resumo, mesmo quando recusando a ela o benefício da dúvida em vossos próprios corações, não duvidastes do fenômeno, mas somente da sua exatidão ao explicá-lo; e apesar de estardes completamente errado, estáveis indiscutivelmente correto em agir com tal discrição nesse assunto. Não assim no caso dele. Após manter uma fé cega nela durante um período de três anos, chegando quase a um sentimento de veneração, ao primeiro sopro de uma exitosa calúnia, ele, um firme amigo e um excelente advogado cai vítima de um perverso complô e sua consideração por ela se converte num positivo menosprezo e numa convicção da sua culpabilidade. Em vez de proceder como teríeis procedido em um caso como esse, ou seja, jamais lhe mencionando o fato, pedindo-lhe uma explicação, dando à acusada uma oportunidade de se defender e proceder assim de acôrdo com a sua natureza honesta, ele preferiu dar expressão aos seus sentimentos em impressos públicos e a satisfazer o seu rancor contra ela e contra nós, adotando um recurso indireto de ataque contra as suas afirmações em ISIS. A propósito e pedindo-lhe desculpa por esta digressão, não parece que ele considera "sincera" a resposta dela no Teosofista. Extranha lógica, quando vem de um lógico tão agudo! Tivesse ele proclamado em todos os periódicos e a plena voz que o autor ou autores de ISIS não foram sinceros enquanto escreviam o livro; que com frequência e deliberadamente desorientaram o leitor retendo as explicações necessárias e dando só fragmentos da verdade; tivesse mesmo declarado, como faz o senhor Hume, que a obra está cheia de "erros práticos" e afirmativas deliberadamente errôneas, ele teria sido desculpado com glória, (porque havia tido razão "do ponto de vista de um europeu") e desculpado por nós, de todo o coração, devido outra vez à sua maneira européia, algo que é inato nele e que não pode remediar. Mas chamar de "não sincera" uma explicação correta e verdadeira é algo que dificilmente posso compreender; embora esteja perfeitamente ciente de que o seu ponto de vista é compartilhado mesmo por vós. Ah, meu amigo: temo muito que as nossas respectivas normas do que é certo e errado não estarão nunca de acôrdo, pois que o motivo é tudo para nós e que jamais ireis além das aparências. Contudo, voltemos ao assunto principal. Assim, C.C.M. sabe, é bastante inteligente, um observador muito perspicaz da natureza humana para que permanecesse ignorante do mais importante dos fatos, isto é, que a Velha Dama (H.P.B.) não tem nenhum motivo possível para enganar. Há uma frase na sua carta que, construída com um espírito pouco mais benévolo, demonstraria amplamente como melhor ele poderia apreciar e reconhecer os verdadeiros motivos, não tivesse sido a sua mente envenenada pelo preconceito, devido, talvez, mais à irritação de S. Moses do que aos esforços dos seus três inimigos acima enumerados. Ele nota, a propósito, que o processo de erro pode ser devido ao seu zelo, mas o
considera como sendo um zelo desonesto. E agora quereis saber até que ponto é ela culpada? Sabei então, que se ela foi alguma vez culpada de deliberada falta de verdade devido ao esse "zelo", foi quando, na presença de fenômenos produzidos, negou constantemente (exceto em casos pouco importantes, como sons e campainhas e pequenos golpes) que tivesse algo a ver, pessoalmente, com a sua produção. Do vosso "ponto de vista europeu", isso é uma impostura inequívoca, uma enorme mentira. Do nosso ponto de vista asiático, embora seja um zelo imprudente, censurável, um exagêro inverídico, o que um ianque chamaria "uma presunção inflamada" visando beneficiar os Irmãos, mas, se consideramos o motivo, é uma sublime negação de si mesma, algo nobre e meritório, mas não um zelo desonesto. Sim; é nisto e só nisto que ela foi continuamente culpada de iludir os seus amigos. Nunca lhe foi possível fazê-la compreender a total inutilidade e perigo com este zelo, e quanto equivocada estava na sua crença de que com isso aumentava a nossa glória, quando que, ao atribuir-nos com frequência fenômenos da natureza mais pueril, ela apenas nos rebaixava diante da estima pública e sancionava as acusções dos seus inimigos de que ela não era "mais do que uma médium"! Mas tudo foi inútil. De acôrdo com a nossas regras, sucintamente não era permitido a M. que a proibisse de tal procedimento. Devia ser-lhe permitida plena e inteira liberdade de ação, a liberdade de criar causas, que se tornaram, no seu devido tempo, em sua mortificação e no seu pelourinho público. Ele podia no máximo, proibir-lhe a produção de fenômenos, e recorreu a este último extremo tão amiude quanto podia, para grande satisfação de seus amigos e teósofos. Foi ou será uma falta de percepção intelectual por parte dela? Certamente não. É uma doença psicológica, sobre a qual ela possui pouco ou nenhum controle. Sua natureza impulsiva - como corretamente inferistes na vossa resposta - está sempre pronta a levála para além dos limites da verdade, nas regiões do exagêro; não obstante sem uma sombra de desconfiança de que ela estava, desta maneira, enganando os seus amigos, ou abusando da grande confiança que tinham nela. A frase estereotipada: "Não sou eu; eu nada posso fazer por mim mesmo...é tudo deles, os Irmãos...Eu sou apenas a sua humilde e devota escrava e instrumento..." é uma pura ficção. Ela pode produzir e produziu fenômenos devido aos seus poderes naturais associados com longos anos de treinamento regular, e os seus fenômenos são algumas vêzes mais maravilhosos e muito mais perfeitos do que os de altos e iniciados chelas, a quem ela ultraa em gosto artístico e uma apreciação puramente Ocidental da arte como, por exemplo, na produção instantânea de retratos: uma prova, o seu retrato do "fakir" Tiravalla mencionado nos "Os Fragmentos", e comparado com o meu retrato, por Djual Khool. Não obstante toda a superioridade dos seus poderes, quando comparados com os dela; a juventude dele contrastada com a idade avançda dela; e a indiscutível e importante vantagem que ele possue de nunca ter colocado o seu puro e incontaminado magnetismo em contato direto com a grande impureza do vosso mundo e sociedade; e apesar de tudo que ele possa, não poderá nunca produzir retrato como aquele, simplesmente
porque é incapaz de concebê-lo em sua mente e pensamento tibetanos. Assim, enquanto nos atribui toda a classe de fenômenos tolos, frequentemente inábeis e suspeitosos, é inegável que ela nos ajudou em muitos casos, poupando-nos algumas vêzes mais de dois terços do poder usado, e quando a censurávamos - pois inúmeras vêzes nós éramos incapazes de impedir que ela fizesse isso por sua conta - respondia que não tinha necesidade alguma daquilo e que a sua única alegria era ser de alguma utilidade para nós. E assim continuou, encurtanto a sua vida aos poucos, pronta para dar - para o nosso benefício e glória, como ela pensava - o sangue da sua vida, gota à gota, e no entanto invariavelmente negando diante de testemunhas que ela tinha algo a ver com isso. Poderíeis chamar de "desonesta" essa abnegação sublime, apesar de tôla? Nós não; nem consentiríamos jamais que seja considerada deste modo. Mas voltando ao assunto: movida por esse sentimento e crendo com firmeza naquela ocasião (porque lhe foi relevado) que Hurrychund era um digno chela do iougue Dayanand15, permitiu que C.C.M. e todos que estiveram presentes ficassem sob a impressão de que era Hurrychund quem havia produzido os fenômenos, e então esteve durante toda uma quinzena apregoando os grandes poderes do Swami e as virtudes de Hurrychund, seu profeta. Todos sabem em Bombaim (e vós também) quão terrivelmente foi castigada. Primeiro, o chela se tornou um traidor do seu Mestre e a seus aliados, e em um vulgar ladrão; depois o "grande iogue", o "Lutero da Índia", sacrificando a ela e H.S.O. à sua insaciável ambição. Muito naturalmente; enquanto a traição de Hurrychund (chocante como pareceu ser a C.C.M. nesse momento, assim como a outros teósofos) deixou-a ilesa, porque o próprio Swami, tendo sido roubado, tomou em suas mãos a defesa dos "Fundadores"; a traição do "Chefe Supremo dos Teósofos da Arya Samaj" não foi julgada em sua verdadeira perspectiva: na parência não era ele quem havia procedido com falsidade, mas toda a culpa recaiu sobre a infortunada e excessivamente devota mulher, a qual, depois de exaltá-lo até o céu, se viu obrigada, em defesa própria, a expor no Teosofista sua confiança equivocada e os seus verdadeiros motivos. Estes são a verdadeira história, e os fatos com respeito a seu "engano" ou, no melhor dos casos, ao seu "zêlo desonesto". Sem dúvida ela mereceu uma parte das críticas; é indiscutível que ela é dada a exagerar de uma maneira geral, e quando se torna uma questão de "incensar" aos que ela é devotada, o seu entusiasmo não conhece limites. Assim, fez de M. um Apolo de Belvedere e a veemente descrição da beleza física deste o fez mais de uma vez se encolerizar, e quebrar o seu cachimbo enquanto prorrompia em juramentos como um verdadeiro....cristão; e assim diante de sua eloquente fraseologia eu mesmo tive o prazer de me ver metamorfoseado em um "anjo de pureza e luz"....desprovido de asas. Não podemos deixar de nos sentir às vêzes irritados, ainda que na maioria das vêzes nos rimos dela. Todavia o sentimento que dita toda esta ridícula efusão, é muito ardente, muito sincero e verdadeiro, para deixar de ser respeitada ou tratada com indiferença. Eu não acredito que eu fôsse tão
profundamente tocado por alguma coisa que eu testemunhasse durante toda a minha vida, quanto eu fui com a pobre velha criatura com o seu extasiante arrebatamento quando nos viu recentemente nos nossos corpos naturais; a um de nós, depois de três anos e ao outro cerca de dois anos de separação em nossos corpos físicos. Mesmo o nosso fleumático M. perdeu o equilíbrio diante de tal exibição, na qual ele foi o herói principal. Tive que empregar o seu poder e submetê-la a um profundo sono, pois do contrário, teria rompido alguma artéria e danificado os seus rins, fígado e seus "interiores" (para usar a expressão favorita do nosso amigo Oxley) em suas delirantes tentativas de esmagar o seu nariz contra a sua capa de montar, imunda com o barro do Sikkim. Ambos rimos; de qualquer maneira não poderíamos deixar de nos sentirmos tocados? Naturalmente, que ela está incapacitada por completo para ser um verdadeiro Adepto; sua natureza é demasiada e apaixonadamente afetiva e nós não temos o direito de nos entregar a inclinações e sentimentos pessoais. Vós não podereis nunca conhecê-la como nós a conhecemos; portanto, nenhum de vós jamais será capaz de julgá-la com imparcialidade ou corretamente. Vós vêdes a superfície das coisas, e o que denominais de "virtude", baseado somente nas aparências, nós julgamos após ter esquadrinhado o objeto no seu nível mais profundo, e geralmente deixamos que as aparências tomem conta de si mesma. Na vossa opinião, H.P.B. é, no máximo, para aqueles que gostam dela a despeito de ela mesmo - uma mulher estranha, um enigma psicológico; impulsiva e bondosa, ainda não livre do defeito de desfigurar a verdade. Da nossa parte, sob o manto de excentricidade e insensatez, encontramos uma sabedoria mais profunda no seu Eu interno, do que poderíeis julgar capazes de perceber. Nos detalhes superficiais de sua vida doméstica laborosa, nos seus assuntos cotidianos, percebei somente a impraticabilidade, impulsos femininos, e com frequência, absurdos e tolices; nós, pelo contrário, deparamo-nos todos os dias com traços da sua natureza íntima mais delicada e refinada, o que custaria a um psicólogo inexperiente anos de constante e aguda observação, e muitas horas de análise e esforços concentrados para extraí-los da profundidade do mais sutil dos mistérios, a mente humana e de um dos seus mais complicados mecanismos: a mente de H.P.B.; e assim aprender a conhecer seu verdadeiro Eu interno. Estais livre para dizer tudo isso a C.C.M. Tenho-o vigiado de perto e me sinto bastante seguro de que o que lhe disserdes terá muito mais efeito sobre ele do que uma dúzia de "K.H." poderiam dizer-lhe em pessoa. "Imperator" se interpõe entre nós dois e temo que assim se manterá para sempre. Sua lealdade e fé nas afirmações contrárias, feitas por asiáticos, que para ele são, senão meras invenções, "comparsas" inescrupulosos. Mas queria, se fôsse possível, mostrarvos a sua grande injustiça e o mal que ele fez a uma inocente mulher que é, em todo caso, relativamente inocente. Por extravagante e entusiasta que possa vos parecer, dou-vos a minha palavra de honra de que ela, nunca uma impostora, nem tão pouco pronunciou intencionalmente alguma falsidade, embora a sua posição, com
frequência se torne, inustentável e tenha que ocultar várias coisas por ter-se comprometido a isso pelos seus solenes votos. E agora terminei esse assunto. E agora vou me aproximar uma vez mais de um assunto, meu bom amigo, que sei ser muito repulsivo a vossa mente, pois me dissestes e escrevestes repetidamente. E no entanto, a fim de tornar algumas coisas claras para vós, sou compelido a falar sobre ele. Inúmeras vêzes apresentastes a pergunta "por que deviam os Irmãos recusar voltar a sua atenção para tão valiosos e sinceros teosofistas como C.C.M. e Hood, ou alguém tão precioso como S. Moses? Bem, agora vos respondo com muita clareza que nós o temos feito, desde que o citado cavalheiro se poz em contato com H.P.B. Todos ele foram provados e experimentados de vários modos e nenhum alcançou a marca desejada. M. concedeu uma atenção especial a "C.C.M." por razões que agora explicarei e com os resultados que, até agora já conheceis. Podereis dizer que tal método secreto de provar as pessoas é desonesto, que deveríamos tê-lo prevenido, etc. Bem, tudo o que posso dizer é que pode ser assim do vosso ponto de vista europeu; mas que, sendo asiáticos, não podemos afastar-nos de nossas regras. O caráter de um homem, a sua verdadeira natureza interna nunca pode ser por completo desentranhada, se ele acredita estar sendo observado, ou luta por um objetivo. Além disso, o Cel. O. nunca fez segredo dessa nossa maneira de ser, e todos os teósofos britânicos deveriam saber (se já não o soubessem), que o seu grupo, desde que o aprovamos, estava sob provação normal. Quanto a C.C.M. - de todos os teosofistas, foi o único selecionado por M. com uma finalidade definida, devido à insistência de H.P.B. e a promessa especial dele. "Ele se voltará contra vós algum dia, filha!" disse-lhe M. repetidas vêzes em resposta aos seus apelos para que o aceitasse como chela regular com Olcott. "Isso nunca, nunca ele fará", ela exclamou em resposta. "C.C.M. é o melhor, o mais nobre, etc., etc., etc., " - uma série de adjetivos de elogio e iração. Dois anos depois, ela disse o mesmo de Ross Scott. "Nunca tive dois amigos tão firmes e devotos" assegurou ao seu "Chefe", que se limitou a sorrir para si, e pediu-me que arranjasse o "matrimônio" teosófico. Bem: um foi provado e experimentado durante três anos, e o outro por três mêses com os resultados que não necessito recordar-vos. Não só NÃO se colocou nunca tentações no caminho de nenhum deles, como também ao último se procurou uma esposa com suficientes condições para a sua felicidade e certas conexões que lhe resultariam benéficas algum dia. C.C.M. têve somente fenômenos objetivos e seguros sobre os quais se apoiasse; R. Scott recebeu, além disso, uma visita de M. em forma astral. No caso de um foi a vingança de três homens sem princípios, no caso do outro, foram os ciumes de um tolo de mente estreita que logo destruiram a alardeada amizade, e mostraram à Velha Dama o que valia tal amizade. Oh, a pobre confiada e crédula natureza! Tirai dela os seus poderes clarividentes, canalizai em certa direção as suas
intuições - como M. se viu obrigado, pelo dever, a fazê-lo, e o que resta? Uma mulher desamparada e com o coração destroçado! Tomai outro caso, o de Fern. O seu desenvolvimento, ocorrendo sob os vossos olhos, proporciona-vos um estudo útil e uma sugestão para que métodos mais sérios sejam adotados em casos individuais para um teste completo das qualidades morais latentes do homem. Cada ser humano possui dentro de si vastas potencialidades, e é a obrigação dos Adeptos rodear o aspirante a chela com circunstâncias que lhe permitam tomar "a senda da direita", se possue a capacidade em si mesmo. Não somos tão livres para reter a oportunidade de um postulante quanto para guiá-lo e dirigí-lo no seu próprio caminho. No melhor dos casos só podemos lhe mostrar, - depois de terminar com êxito o período de provação que, se faz isto, irá bem, que se faz aquilo, irá mal. Mas, até que tenha ado este período, nós o deixamos para que trave as suas batalhas o melhor que possa; ocasionalmente, temos que proceder assim com os chelas mais elevados e iniciados, tais como H.P.B., uma vez que lhes seja permitido trabalhar no mundo, o que todos nós, mais ou menos, evitamos. Mais do que isso - e é melhor que aprendeis isso de uma vez, caso minhas cartas anteriores que vos dirigi acerca de Fern não abriram suficientemente os vossos olhos nós permitimos que nossos candidatos sejam tentados de mil maneiras, a fim de expor a totalidade de sua natureza íntima, e dar-lhe a oportunidade de ficar como conquistador, em um sentido ou noutro. O que aconteceu a Fern aconteceu a cada um dos outros que o precederam, e acontecerá, com vários resultados, a cada um que o suceda. Todos nós fomos testados assim, e enquanto um Moorad Ali fracassou, eu triunfei. A coroa da vitória é somente para aquele que prove ser um merecedor de usá-la; para aquele que ataca Mara sozinho e conquista o demônio da sensualidade e das paixões terrenas; e não somos nós quem a pomos sobre a sua fronte se não ele mesmo. Não é uma frase vazia do Tathagata que "aquele que domina o seu Eu é maior do que aquele que vence milhares numa batalha": não há outra luta tão difícil quanto essa. Se assim não fôsse, o adeptado seria uma aquisição muito vulgar. Portanto, meu bom irmão, não vos surpreendestes e não nos acuseis, tão facilmente como já o fizestes, por qualquer desenvolvimento de nossa política em relação aos aspirantes, seja no ado, presente ou futuro. Somente aqueles que podem olhar mais além, para as mais remotas consequências das coisas, estão em condições de julgarem a conveniência das nossas próprias ações ou das que permitimos nos outros. O que agora possa parecer como uma má fé, pode, no final, mostrar-se como a mais verdadeira e benevolente lealdade. Deixe que o tempo mostre quem estava certo e quem foi infiel. Alguém que hoje é verdadeiro e é aprovado, pode amanhã, sob uma nova conjunção de circunstâncias, mostrar-se um traidor, um ingrato, um covarde, um imbecil. O junco, se for dobrado além da sua flexibilidade, se partirá em dois. Devemos acusá-lo? Não; mas como podemos e devemos sentir piedade dele, não podemos escolhê-lo para integrar aqueles outros juncos que foram provados e demonstraram ser fortes, e daí,
adequados para serem aceitos como materiais para o indestrutível templo que estamos construindo com tanto cuidado. E agora, emos a outros assuntos. Temos em mente uma reforma, e eu penso que podereis me ajudar. A molesta e indiscreta interferência do senhor Hume com a Sociedade Matriz e a sua obsessão para dominar a tudo e cada coisa nos fez chegar à conclusão que seria de proveito tentar o seguinte: Que se faça conhecer " a todos os interessados", por meio do "Teosofista" e de circulares enviadas a cada Loja de que até o presente eles se voltaram para a Sociedade Matriz demasiada e desnecessariamente, tornando-a como um guia e exemplo a seguir. Isto é completamente impraticável. Além do fato de que os Fundadores devem fazer ato de presença e se devotarem sinceramente para tudo e todos, e dado que há uma grande variedade de credos, opiniões e expectativas a satisfazer, eles não podem mesmo satisfazer a todos, ao mesmo tempo, como desejariam. Eles tratam de ser imparciais e de nunca recusar a um grupo aquilo que concederam a outro. Deste modo publicaram, em repetidas ocasiões, análises críticas sobre Vedantismo, o Budismo e o Hinduismo em suas várias ramificações e sobre o Veda Bashya do Swami Dayanand, o mais firme e, ao memo tempo, o mais valioso aliado; mas, devido a tais análises terem sido todas dirigidas a fés não-Cristãs, ninguém prestou a menor atenção. Por mais de um ano, a revista saiu, de uma maneira regular, com uma publicidade hostil a da Veda Bashya e foi impressa lado a lado para satisfazer os Vedantinos de Benares. E agora o senhor Hume se apresenta com o seu repúdio público aos Fundadores, e trata de proibir a divulgação de folhetos anti-Cristãos. Portanto, desejo, por obséquio, que conserveis isto em mente e salienteis estes fatos ao coronel Chesney, que parece imaginar que a Teosofia é hostil somente ao Cristianismo, quando é apenas imparcial, e sejam quais forem as opiniões pessoais dos dois Fundadores, a revista da Sociedade nada tem a ver com eles, e publicará de boa vontade, análises críticas dirigidas contra o Lamaismo, como contra o Cristianismo. De qualquer modo, desejosos como estamos de que H.P.B. aceite sempre e com gratidão, o vosso conselho no assunto, fui eu que a aconselhou que se "rebelasse", como ele diz, contra as tentativas autoritárias de H., e estais em liberdade de informá-lo deste fato. Agora, e com o objetivo de endireitar as coisas, o que pensais da idéia de colocar as Lojas numa situação bastante diferente? Mesmo a Cristandade, com as suas pretensões divinas a uma Fraternidade Universal, possue suas mil e uma seitas, que unidas como possam estar sob a bandeira única da Cruz são, entretanto, essencialmente hostis entre elas, e a autoridade do Papa é reduzida a nada pelos Protestantes, enquanto que os decretos dos Sínodos destes últimos, são ironizados pelos Católicos Romanos. Naturalmente eu jamais esperaria, mesmo no pior dos casos, um tal estado de coisas entre as agrupações teosóficas. O que desejo, é simplesmente um projeto
sobre a conveniência de se remodelar a presente formação de Lojas e seus privilégios. Que todas recebam suas cartas constitutivas e sejam reconhecidas, como até agora, pela Sociedade Matriz e dependam dela de uma maneira nominal. Ao mesmo tempo, que cada Loja, antes de ser diplomada, escolha algum objetivo de trabalho, naturalmente um objetivo em simpatia como os princípios gerais da S.T., mas que, entretanto, seja um objetivo distinto e definitivamente próprio, quer seja nas linhas religiosa, educacional ou filosófica. Isto daria à Sociedade uma margem mais ampla para as suas atividades gerais; um trabalho mais real e útil seria feito e, como cada Loja seria independentemente, por assim dizer, em seu modus operandi haveria menos oportunidades para queixas, e em consequência, para interferência. De qualquer maneira, espero que esse breve esbôço encontre um excelente solo para germinar e crescer em seu cérebro prático; e se puderdes, enquanto isso, escreverei um artigo baseado nas explicações dadas acima, mostrando a verdadeira posição da nossa revista, dando todas as razões acima indicadas e outras mais, para serem publicadas no número do mês de dezembro, se não puder sair no de novembro, pelo que vos ficaríamos gratos, tanto M. como eu. É impossível e perigoso confiar a qualquer um dos nossos editores esse assunto que requer um tratamento muito delicado - H.P.B., nunca deixaria de quebrar a cabeça dos padres com esse bom motivo, ou H.S.O. dirigiria um cumprimento especial, ou dois, bem elaborados para o endereço dos Fundadores, o que seria inútil, pois eu trato de mostrar as duas pessoas, a do Editor e a do Fundador, como sendo muito distintas e separadas uma da outra, conquanto estejam mescladas numa mesma pessoa. Não sou um homem prático e porisso me sinto incapacitado, por completo, para essa tarefa. Podereis me ajudar, amigo? Seria melhor, naturalmente, que essa sondagem da situação aparecesse no número de novembro como se fôsse uma resposta à carta muito descortês do senhor H. a qual, naturalmente não permitirei que seja publicada. Mas poderíeis usá-la acomo material básico para compor a vossa reposta editorial. Voltando à reforma das Lojas, esta questão tem, naturalmente, que ser seriamente pensada e ponderada antes de ser finalmente decidida. Não deve haver mais desapontamentos nos membros uma vez que se filiaram. Cada Loja tem que escolher a sua missão bem definida para trabalhar, e o maior cuidado deve ser tomado na escolha dos Presidentes. Tivesse sido a "Eclética" colocada, desde o princípio, nessa condição de independência bem definida, pode ser que tivesse se conduzido melhor. Deve haver sempre solidariedade de pensamentos e ação entre a Sociedade Mater e as Lojas, dentro dos amplos limites dos princípios gerais e básicos da Sociedade; entretanto, deve se permitir a cada uma daquelas a sua ação própria e independente em que não se choque com aqueles princípios. Assim, uma Loja composta de Cristãos moderados, que simpatizem com os objetivos da Sociedade, poderia permanecer neutra no que diz respeito a qualquer outra religião e indiferente por completo e sem se interessar nas crenças pessoais dos "Fundadores"; o Teosofista deve dar espaço,
com toda boa vontade, tanto para os hinos ao Cordeiro como para as slokas sobre o caráter sagrado da vaca. Caso possais elaborar esta idéia, eu a submeteria ao nosso venerável Chohan, que agora sorri gentilmente com o canto do olho, em vez de franzir a fronte como de costume, desde quando viu que vos tornastes Presidente. Se no ano ado, devido à truculência do ex-Presidente, não tivesse sido "enviado ao retiro", antes do tempo previsto, já o teria proposto. Eu tenho uma carta de orgulhosa reprovação, datada de 8 de outubro, do "Eu sou". Nela, ele lhe envia no dia 5 e explica a sua "pouca vontade para continuar no posto" e "seu grande desejo" de que tomásseis o seu lugar. Ele condena por "completo a política e o sistema" da nossa Ordem. Parece-lhe "bastante errado". Prossegue dizendo: "naturalmente vos pedirei que obtenhas da Velha Dama que se abstenha de me propor para o Conselho da Sociedade". Não há por que temer; ele pode dormir profundamente, sem ser perturbado, e verse em sonho como o Dalai Lama dos Teosofistas. Mas devo apressarme em registrar o meu indignado e enfático protesto contra sua definição de nosso "defeituoso" sistema. Porque conseguiu captar somente umas poucas chispas perdidas dos princípios de nossa Ordem e não se podia permitir-lhe que examinasse e remodelasse todos eles, por isso, devemos todos nós ser o que ele imagina de nós! Sustentássemos doutrinas tais como as que ele quiz nos impor; se fôssemos algo parecidos com o quadro que ele traçou; se pudéssemos submeter-nos por uma só hora, a nos manter silenciosos sob o peso de tais imputações como as que lançou contra nós na sua carta de setembro; na verdade, mereceríamos perder todo o crédito que temos com os teosofistas! Deveríamos ser expulsos e desalojados da Sociedade e dos pensamentos das pessoas como charlatães e impostores; como lobos vestidos com pele de ovelha que chegam para roubar os corações dos homens com promessas místicas, mantendo o tempo todo as mais despóticas intenções, tratando de escravizar os nossos confiantes chelas e afastando as massas da verdade e da "divina revelação da voz da natureza" para levá-las até o "vazio e lôbrego ateismo"; isto é, a uma completa descrença no "bom e misericordioso Pai e Criador de tudo" (do mal e da miséria, devemos supor?), que descansa reclinado, de eternidade em eternidade, com os seus ombros sutentados por um leito de meteoros incandescentes e palitando os seus dentes com um tridente de relâmpagos... Na verdade, na verdade, nós temos bastante dessa incessante toada na harpa judaica da revelação Cristã! M. pensa que o Suplemento deve ser aumentado, caso seja necessário, de modo a dar espaço para a expressão do pensamento de cada Loja, apesar de diametralmente opostos que sejam. Deveria se providenciar que o "Teosofista" assumisse uma caracterísitca que o distinga e se torne único no seu gênero. Estamos prontos para fornecer as quantias adicionais para isso. Eu sei que captareis a minha idéia conquanto vagamente expressada. Deixo inteiramente em vossas mãos o nosso plano. O êxito nisto contrabalançará os efeitos da crise
cíclica. Perguntais o que podeis fazer? Nada melhor nem mais eficiente do que o plano proposto. Não encerrarei esta carta sem falar de um espisódio que, embora risível, levou a algo que me faz agradecer a minha boa estrela e que vos agradará também. Vossa carta, incluindo a de C.C.M., foi recebida por mim na manhã seguinte à data em que a entregastes ao "homenzinho". Eu me encontrava então nas proximidades de Phari-Jong, no gom-pa de um amigo e estava muito ocupado com assuntos muito importantes. Quando tive conhecimento de sua chegada, estava cruzando justamente o grande pátio interno do mosteiro, concentrando em escutar a voz do Lama Tondhub Gyatcho e não dispunha de tempo para ler o conteúdo dela. Então depois de mecanicamente ter aberto o grande pacote, apenas olhei-o de relance e o puz, pensei, no bolsão de viagem que levo atravessado sobre o ombro. Mas, na verdade, ele tinha caido no solo; e como eu tinha rasgado o envelope e esvaziado o seu conteúdo, este se espalhou ao cair. Não havia ninguém próximo de mim nesse momento e minha atenção estava toda concentrada na conversação. Havia já alcançado a escada que leva à biblioteca quando ouvi a voz de um jovem gelong chamando de uma janela e fazendo gestos para alguém na distância. Voltando-me dei-me conta imediatamente da situação; de outra maneira a vossa carta nunca teria sido lida por mim pois eu vi um venerável bode velho fazendo a sua refeição da manhã com ela. A criatura tinha já devorado parte da carta de C.C.M., e estava pensativamente se preparando para abocanhar a vossa, mais delicada e fácil para ser mastigada pelos seus velhos dentes do que o duro envelope e papel da espístola do vosso correspondente. Para salvar o que restou dela foi só um instante, apesar do desgosto e oposição do animal, mas restou muito pouco! O envelope com o vosso timbre nele tinha desaparecido quase completamente, o conteúdo das cartas tornou-se ilegível - em resumo, eu estava perplexo com a visão do desastre. Agora sabeis porque me senti embaraçado: eu não tinha o direito de restaurar as cartas vindas da "Eclética" e relacionadas diretamente de todos os lados com os desventurados "Pellings". Que podia fazer eu para restaurar as partes perdidas! Já havia resolvido pedir humildemente permissão ao Chohan para que me fôsse concedido o privilégio especial em tal lamentável necessidade, quando vi a sua santa face diante de mim com os seus olhos cintilando de uma maneira não habitual e ouvi a sua voz: Por que quebrar a regra? Eu mesmo o farei0. Essas simples palavra, Kam mi ts' har: "Eu o farei", contém um mundo de esperanças pra mim. Ele restaurou as partes perdidas e de uma maneira muito cuidadosa, como vêdes, e ainda transformou um envelope rasgado muito amassado em um novo, com brazão e tudo. Agora eu sei que grande poder ele usou para essa restauração, e isto me leva a esperar um relaxamento da severidade um desses dias. Eu então agradeci de coração ao bode; e como ele não pertence a exilada raça Pelling, para demontrar-lhe a minha gratidão, robusteci o que restava dos seus dentes na sua boca, assentando com firmeza os dilapidados restos em seu alvéolos, de
forma que possa mastigar durante os anos próximos, alimento mais duro do que cartas inglesas. E agora umas poucas palavras sobre o chela. Na certa deveis ter suspeitado que assim como foi proibido ao Mestre a mais pequena exibição de tamasha, também o foi ao discípulo. Por que então deveríeis ter esperado, ou "sentir-se um pouco decepcionado" com sua recusa de enviar para mim as vossas cartas via Espaço - na vossa presença? O homenzinho é um moço que promete, com muitos anos mais do que parece, mas jovem na sabedoria e costumes europeus, e portanto, cometeu várias indiscreções, as quais, como vos disse, fizeram-me corar e sentir-me tolo pelos dois selvagens. A idéia de pedir-vos dinheiro foi absurda em extremo! Qualquer outro inglês que não fôsse vós teria os considerado, depois disso, como dois viajantes charlatães. Espero que agora tenhais recebido o empréstimo que devolvi, muito agradecido. Nath tem razão sobre a pronuncia fonética (vulgar) da palavra "Kiu-te"; em geral as pessoas pronunciam-na como Kiu-to, mas não é correto; e ele está equivocado quanto aos Espíritos Planetários. Não conhece a palavra e pensou que queríeis dizer "devas" - os servidores dos Dhyan-Chohans. Estes últimos é que são os "Planetários" e, portanto, é ilógico dizer que os Adeptos são superiores a eles, pois que todos nós nos esforçamos para nos tornar, por fim, Dhyan-Chohans. Entretanto, existiram Adeptos "mais elelvados" que os Planetários de graus inferiores. Assim, seus pontos de vista não estão contra as nossas doutrinas, como ele vos disse, mas estariam, se quizésseis entender os "devas" ou anjos como "pequenos deuses". Certamente não é necessário o ocultismo para que um Ego puro e bom se torne num "Anjo" ou Espírito, dentro ou fora do Devachan, pois que a Anjelidade é o resultado do Karma. Creio que não ireis vos queixar que a minha carta seja demasiadamente curta. Logo será seguida por outra correspondência volumosa, "respostas as vossas muitas perguntas". H.P.B. está restabelecida senão por completo, ao menos por mais algum tempo. Com verdadeiro afeto, Seu, K.H.
Carta Nº 055 O original desta carta é bastante curioso. Está escrito em quatro pequenas folhas dobradas do bloco de notas de L.C. Holloway. O envelope está dirigido a A.P. Sinnett, Esq. aos cuidados de L.C.H. Isto não está realmente explicado, mas pode-se talvez imaginar que o
Mahatma decidiu intermediária.
experimentar
a
Sra.
Holloway
como
uma
Os Sinnetts estavam viajando pela Europa na ocasião (a "fuga de Londres" mencionada pelo Mahatma). Na Suiça, eles receberam um telegrama da Sra. Gebhard convidando-os a virem a Elberfeld, onde H.P.B. e outros estavam de visita. A Sra. Holloway era uma dessas pessoas. Isto pode explicar o uso do seu papel de anotações na elaboração desta carta, pois parece provavelmente que Sinnett recebeu-a após chegar lá. Esta carta refere-se à renuncia de H.P.B. como Secretária Correspondente da Sociedade Teosófica, para que se desvinculasse da Sociedade. Isso foi uma consequência direta da conspiração Coulomb. E agora, amigo, completastes um dos vossos ciclos menores; tendo sofrido, lutado e triunfado. Ao ser tentado não falhastes, quando fraco ganhastes força, e a dura natureza do destino e das provas de cada aspirante que busca o conhecimento oculto é agora, sem dúvida, melhor compreendida por vós. O vosso afastamento de Londres e de vós mesmo foi necessária; bem como a vossa escolha das localidades onde poderíeis afastar as más influências da vossa "temporada" social e do vosso próprio lar. Não teria sido melhor que tivésseis vindo antes a Elberfeld; é melhor que tenhais vindo agora pois estais mais capacitado para ar as tensões da presente situação. O ar está cheio de pestilência da traição; um imerecido opróbio está pairando sobre a Sociedade e falsidades e maquinações foram usadas para derrotá-la. a Inglaterra Eclesiástica e a Anglo-Índia oficial secretamente deram-se as mãos para constatar, se possível, as piores suspeitas e, no primeiro pretexto plausível, esmagar o movimento. Todos os infames instrumentos serão empregados no futuro, como já foi no presente, para nos desacreditar como os seus promotores, e a vós como os seus patrocinadores. Pois a oposição representa enormes interesses criados e eles contam com a entusiástica ajuda dos Dugpas, tanto no Bhootan como no Vaticano! Entre os "luminosos alvos" que esses conspiradores almejam estais vós. Dores dez vêzes mais intensas do que as adas até agora irão vos cobrir de ridículo pela vossa credulidade, vossa crença em mim, especialmente, e para refutar os vossos argumentos de apoio ao ensinamento esotérico. Eles podem tentar abolar ainda mais do que já fizeram, a vossa confiança com pretensas cartas que se supora tenham vindo do laboratório de H.P.B. e de outros, ou com documentos forjados onde fraudes serão confessadas e o plano para repetí-las. Sempre tem sido assim. Aqueles que estão vigiando a humanidade no decorrer dos séculos deste ciclo, viram repetirem-se constantemente os detalhes desta luta de morte entre a Verdade e o Erro. Alguns de vós, teosofistas, sois feridos agora só em vossa "honra" ou em vosso
dinheiro, mas aqueles que mantiveram a lâmpada nas gerações precedentes pagaram com as suas vidas o seu conhecimento. Coragem então, para todos vós, que anseiam ser os guerreiros da Verdade divina una; permanecei resolutos e confiantes; cuidai da vossa força moral, sem desperdiçá-la em futilidades, mas mantendo-a para ocasiões como a presente. Eu vos advertí a todos através de Olcott no mês de Abril ado o que está pronto para arrebentar em Adyar, e lhe disse a ele que não ficasse surpreso quando a mina estourasse. Tudo vem no tempo correto - somente que vós as grandes e proeminentes cabeças do movimento permanecei firmes, precavidos e unidos. Alcançamos o nosso objetivo quanto a L.C.H.3 Ela melhorou muito e toda a sua vida futura se beneficiará com o treinamento que está tendo. Teria sido para ela uma irreparável perda psíquica se tivesse sido alojada em vossa casa. Isso foi mostrado a ela antes que eu consentisse, na realidade, em intervir entre vós diante dos rogos veementes dela; estava disposta a viajar para a América e, se não fôsse a minha intervenção, ela o teria feito. Pior ainda, a sua mente estava ficando instável com rapidez, portanto, inútil como um instrumento oculto. Falsos mestres estavam atraindo-a para o seu poder e falsas revelações desviavam-na e aqueles que a consultavam. Vossa casa, meu bom amigo, abriga uma colonia de Elementais ali estabelecidos, e para uma sensitiva como ela, era uma atmosfera tão perigosa para viver, como a seria a de um cemitério cheio de mortos por enfermidades contagiosas para alguém propenso a influências mórbidas físicas. Deveríeis ser mais cuidadoso do que comumente, quando regressais, não estimulando a sensibilidade em seu lar nem itir no possível a visita de conhecidos médiuns ou sensitivos. Seria bom, também, acender fogo de lenha nos quartos de vez em quando, e colocar como fumigadores vasilhas abertas (braseiros?) com brasas de madeira. Também seria bom pedir a Damodar que vos envie alguns pacotes de varetas de incenso, para usar com este propósito. Estas coisas ajudam, mas a melhor maneira para expulsar a hóspedes indesejáveis desta classe, é viver com pureza de pensamento e ações. Os talismãs que pedistes serão também uma ajuda poderosa caso mantiverdes inquebrantável a vossa confiança neles e em nós (?). Ouvistes falar do paso que foi permitido a H.P.B. dar. Uma tremenda responsabilidade é lançada sobre o Sr. Olcott; e uma maior ainda devido ao "mundo oculto" e ao "Budismo Esotérico", sobre vós. Pois esse o dado por ela está em relação direta, e é o resultado direto do aparecimento desses livros. Desta vez é o vosso Karma, bom amigo. Espero que compreendeis bem o que quero dizer. Mas se mantiverdes constante e leal em relação à S.T. podeis contar com a nossa ajuda, assim como todos os demais em toda extensão que mereçam. A política original da S.T. deve ser sustentada se não quiserdes vê-la cair em ruinas e enterrar a vossa reputação debaixo dela. Eu vos disse isso há muito tempo. Não é possível que a Sociedade se mantenha nos anos vindouros caso esteja somente baseada nos "Irmãos Tibetanos" e em fenômenos. Tudo isto deveria
ficar limitado a um círculo interno MUITO SECRETO. Há uma tendência para a adoração ao herói que se mostra claramente e vós, meu amigo, não estais de todo livre dela. Eu percebo plenamente a mudança que tendes apresentado ultimamente, mas isso não muda a questão principal. Se quiserdes continuar com os vossos estudos ocultos e trabalho literário então aprendei a ser leal à idéia, mais do que à minha pobre pessoa. Quando algo tenha de ser feito, nunca pensais se eu a desejo, antes de agir. Eu desejo tudo o que possa, em grau grande ou pequeno, fomentar esse debate. Mas estou muito longe de ser perfeito e, portanto, infalível em tudo o que faço, embora não seja exatamente como imaginais ter descoberto agora. Porque conheceis ou pensais que conheceis um K.H. e só podeis conhecer um, quando que há nele dois personagens distintos que respondem por esse nome que conheceis. O enigma é só aparente e fácil de resolver caso soubésseis o que é um verdadeiro Mahatma. Vistes pelo episódio Kiddle, que se permitiu, talvez, que e desenrolasse até o seu amargo fim, com um propósito, que mesmo um "Adepto", quando atua em seu corpo, não está isento de erros, devido ao descuido humano. Compreendeis agora, que é muito possível que ele apareça como absurdo, ao olhos daqueles que não tem nenhuma compreenão correta dos fenômenos da transferência de pensamento e das precipitações astrais, e tudo isso por falta de um simples cuidado. Existe sempre esse perigo caso se descuide de averiguar se as palavras e as frases que se amontoam na mente vieram todas do íntimo ou se algumas puderam ser impressas de fora. Lamento ter-vos colocado em uma posição tão embaraçosa diante dos vossos muitos inimigos, e mesmo diante dos vossos amigos. Esta foi uma das razões pelas quais hesitei em dar o meu consentimento para publicar as minhas cartas privadas e porque exclui especificamente da proibição algumas do conjunto. Não tive tempo para verificar o seu conteúdo, nem tenho agora. Tenho o hábito de fazer frequentes citações, sem as respectivas haspas, devido à confusão que faço dos incontáveis texto de nossas bibliotecas Akásicas, por assim dizer, com os olhos fechados. Algumas vêzes posso emitir pensamentos que se tornarão públicos muitos anos depois; em outras ocasiões, o que um orador, um Cícero, pode ter pronunciado em épocas anteriores, e em outras, não só o que já foi pronunciado por lábios modernos, como já o foi escrito ou impresso, como no caso Kiddle. Tudo isso faço (não sendo um escritor treinado para a Imprensa) sem a menor preocupação acerca de onde provêm as frases e a sequência de palavras, desde que sirvam para me expressar e se adaptem aos meus próprios pensamentos. Recebi agora uma lição no nível europeu, do perigo de corresponder-me com literatos ocidentais! Mas o meu "inspirador", o senhor Kiddle, não obstante, é ingrato, pois que somente a mim ele deve a distinta honra de ter ficado conhecido pelo nome, e de que as suas, fôssem repetidas, mesmo pelos circunspectos lábios dos "Reitores" de Cambridge. Se para ele a fama é doce, por que não há de se sentir consolado com o pensamento de que o caso das "comunicações análogas Kiddle-K.H." se tornaram agora mais um caso célebre no âmbito de "quem é quem"? e "qual dos dois plagiou o outro"?, tão célebre como o mistério Bacon-
Shakespeare e que, em intensidade de investigação científica, senão de mérito, o nosso caso se iguala com o dos nossos dois grandes predecessores. Mas a situação, conquanto divertida em um sentido, é mais séria para a Sociedade, e as "comunicações análogas devem ceder o seu lugar de destaque para a conspiração "Missão Cristã - Coulomb". Voltai, então, para a última todos os vossos pensamentos, bom amigo, se sois amigo, não obstante tudo. Estais muito errado se pensais ausentar-se de Londres no próximo inverno. Mas não vos pressionarei se não vos sentis a altura da situação. Em todo caso, se desertares do "Círculo Interno", temos que fazer outro arranjo; fica fora de possibilidade para mim corresponder-me e ensinar aos dois. Ou tereis de ser o meu portavoz e Secretário no Círculo ou terei de usar outra pessoa como meu delegado, e assim, positivamente não vou ter tempo para me corresponder convosco. Eles se comprometeram, a maioria deles, comigo, para a vida e para a morte (a cópia do compromisso está nas mãos do Maha-Chohan) e eu estou ligado a eles. Posso agora remeter minhas instruções ocasionais e cartas com alguma segurança, somente por meio de Damodar. Mas, antes que possa fazer tal coisa, a Sociedade, e especialmente a Sede Central, terá que ar primeiro pela próxima crise. Se ainda vos preocupeis em renovar os ensinamentos ocultos, preservai primeiro o nosso meio de comunicação. Digo outra vez, não deveis mais aproximar-vos de H.P.B. sem obter o seu completo consentimento. Ela mereceu isso e deve ser deixada tranquila. Foi-lhe permitido se afastar por três razões (1) desvincular a S.T. dos seus fenômenos; (2) auxiliar a S.T., eliminando a causa principal da animosidade levantada contra ela; (3) tentar restaurar a saúde do seu corpo, a fim de que possa ser usado por mais alguns anos. E agora quanto aos detalhes, debatei entre todos vós; pois, para isso pedí a eles que vos chamássem. O firmamento está agora negro, mas não esqueçais do alentador lema "Post nubila Phoebus"!7 Bendições para vós e a sua sempre leal senhora. K.H.
Carta Nº 057 Recebida em 6/01/1883. Chegamos a uma outra carta extensa. No original no Museu Britânico, a carta consiste de nove folhas de papel, pequenas e dobradas. Algumas palavras foram riscadas e em um trecho algumas linhas conectadas em tinta vermelha. Em uma das folhas, parte da escrita está em tinta vermelha grossa, embora a maior parte da carta esteja
na tinta azul habitualmente usada pelo Mahatma K.H. Uma carta de C.C. Massey, de Londres, para o Mahatma, está anexada. Massey, diz o Mahatma, é o terceiro na lista de fracassos. Algumas linhas mais abaixo, ele diz "Quatro europeus foram colocados em provação doze meses atrás..." Estes foram Massey, Hume, Sinnett e Fern. Até agora, somente Sinnett "foi achado digno de nossa confiança". A Sociedade Teosófica em Londres quase entrou em colapso e faziamse esforços para rejuvenescê-la, sob a liderança da Sra. Anna Kingsford. Ela aceitara "condicionalmente" o posto de presidente, embora tivesse havido alguma demora para ela assumir o cargo. Ela era vegetariana e anti-viviseccionista, e em certo ponto o Mahatma afirma que por essas razões os seus fenômenos eram mais confiáveis do que os de muitos espíritas bem conhecidos. H.P.B. não tinha muito em alta opinião a Sra. Kingsford. De acordo com uma carta de H.P.B. para Sinnett (Cartas de H.P.B. para Sinnett, pp.22), foi Massey quem inicialmente propôs o nome dela para presidente da Sociedade Teosófica Britânica. Meu querido amigo, Vou tratar de um assunto que propositalmente evitei durante vários mêses, até que possuisse prova que parecesse conclusiva mesmo para o vosso ponto de vista. Como sabeis, nem sempre concordamos em nossa maneira de pensar, nem tem, o que para nós é um FATO, peso algum na vossa opinião, a menos que não viole de modo algum os métodos ocidentais de julgá-lo. Mas agora chegou para nós o momento de tentar fazer, com que pelo menos vós, nos compreendeis melhor do que temos sido até agora, mesmo por alguns dos melhores e mais dedicados teósofos ocidentais, como por exemplo, C.C. Massey. E embora eu fôsse o último homem vivendo para fazer com que seguisseis em minha trilha como o vosso "profeta" e "inspirador", eu me sentiria, entretanto, verdadeiramente pesaroso, se fôsseis levado alguma vez a considerar-me como um "paradoxo moral", tendo que me tolerar como alguém culpado de falsa arrogância de poderes, que nunca tive, ou de fazer mal uso deles para escudar objetivos indignos ou pessoas indignas. A carta do senhor Massey vos explica o que quero dizer; aquilo que a ele parece prova irrefutável e evidência impecável, não é nada para mim, que conheço toda a verdade. Neste último dia de vosso ano de 1882, o seu nome ocupa o terceiro lugar na lista dos fracassos, algo, que (apresso-me a dizer por temor de uma nova má interpretação) nada tem a ver, em nenhum caso, com o atual arranjo referente à proposta de uma nova Loja em Londres, mas que tem muito com o seu progresso pessoal. Lamento profundamente, mas não tenho o direito de ligar-me com tanta firmeza a quaisquer pessoas por laços de simpatia e estima pessoal a ponto de tolher os meus movimentos, ficando eu incapacitado para encaminhar os demais para algo maior e mais nobre que a sua atual fé. Portanto, prefiro deixá-lo
em seus erros atuais. O sentido resumido disto é o seguinte: o senhor Massey atua sob os mais estranhos equívocos e, (literalmente) "sonha sonhos", embora não seja um médium como o seu amigo, o senhor S. Moses. Contudo, é ele o mais nobre, mais puro e, em poucas palavras, um dos melhores homens que conheço, embora em certas ocasiões, confie demasiado em orientações errôneas. No entanto, carece, por completo, de uma intuição correta. Virá mais tarde, quando nem H.P.B., nem Olcott, estejam aqui. Até então, lembrai-vos e dizei-lhe assim: que não exigimos, nem fidelidade e reconhecimento - seja público ou privado, nem temos coisa alguma a ver, ou dizer, para a Loja Britânica, exceto por voso intermédio. Quatro europeus foram colocados em provação há doze mêses: dos quatro, somente um, vós, mostrou-se digno de nossa confiança. Este ano as Sociedades, em vez de indivíduos, é que serão testadas. O resultado dependerá do trabalho coletivo delas, e o senhor Massey se equivoca quando espera que eu esteja pronto para unir-me ao conjunto heterogêneo dos "inspiradores" da senhora K.2 Deixe que eles permaneçam debaixo das suas máscaras de São João Batista e aristocratas bíblicos. Desde que a última ensine as nossas doutrinas (conquanto turvadas por joio estranho) se ganhará um bom objetivo. C.C.M. quer luz (ele é bemvindo a ela) por vosso intermédio. Desde que é tudo que ele quer, que importa se ele julga ser o "portador da luz" que vos entrega a tocha como sendo um homem de mãos limpas ou não, já que a luz em si não é afetada por isso? Apenas permitai-me prevenir-vos. Um assunto tão trivial agora, a ponto de parecer somente como a inocente expressão da vaidade feminina, pode, a menos que seja imediatamente retificada, produzir consequências muito daninhas. Em uma carta da senhora Kingsford ao senhor Massey, aceitando condicionalmente a presidência da S.T. Britânica, ela expressa sua crença (melhor, considera-a como sendo um fato inegável) que, antes do surgimento do "O Caminho Perfeito", ninguém "sabia o que a escola Oriental sustentava, na realidade, a respeito da Reencarnação"; e acrescenta que, "vendo tudo quanto foi dito nesse livro, os adeptos estão se apressando em revelar os seus próprios tesouros, até agora distribuidos em pequenas porções e com tanta reticência" (tal como disse H.X.). O senhor Massey, a respeito, dá em resposta, uma plena adesão a esta teoria e se desdobra em um hábil cumprimento à dama, os quais honrariam a um diplomata. "Provavelmente", diz ele, "tem-se a impressão (pelos Irmãos) que uma comunidade na qual uma obra como "O Caminho Perfeito" pode surgir e encontrar aceitação", está pronta para a luz! Pois bem, que esta idéia ganhe popularidade e tenderá a transformar em uma seita a escola da autora altamente estimada, a qual, embora o seja da Quinta Ronda, não está isenta de uma considerável dose de vaidade e despotismo e portanto, de intolerância. E deste modo o conceito errôneo atinge uma importância indevida, prejudicando, assim, a sua prórpia condição espiritual ao alimentar o senso latente de Messianismo; e teríeis obstruido a causa da investigação livre, geral e independente, que tanto os seus "Iniciadores", como também nós queríamos promover. Escrevei então, bom amigo, a verdade ao senhor Massey. Diga-lhe que estáveis de
posse dos pontos de vista orientais, acerca da Reencarnação, muitos mêses antes que a obra em questão tivesse aparecido, pois foi em julho (há 18 mêses) que começastes a aprender a diferença entre a Reencarnação à maneira de Allan Kardek, ou seja o renascimento pessoal, e a reencarnação da Mônada Espiritual; uma diferença que vos foi mostrada no dia 5 de julho, em Bombaim. E para apaziguar outra ansiedade dela, diga-lhe que não se espera nenhuma lealdade dela para com os "Irmãos" (que não a aceitariam mesmo que fôsse oferecida) pois não temos agora intenção alguma de fazer outras experiências com europeus, e não utilizaremos outro canal que não vós mesmo, para difundir a nossa filosofia Arhat. A experiência tentada com o senhor Hume, em 1882, fracassou da maneira mais triste. Temos mais direito que vosso Wren, ao lema festina lente! Agora, rogo-vos que me sigais a águas ainda mais profundas. A um extremo da linha, um incostante, irresoluto e suspeito candidato; no outro extremo um declarado inimigo sem retidão (digo a palavra e a sustento) e, vingativo e concordareis que entre Londres e Simla não é muito provável que apareçamos sob uma luz muito atrativa ou como algo que se pareça com uma luz verdadeira. Pessoalmente, esse estado de coisas mal nos tirará o sono: no que se refere ao progresso futuro da S.T. Britânica e de uns poucos teósofos, a corrente de inimizade que flui entre os dois lugares seguramente afetará todos que se encontrem em seu caminho e é possível que, no decorrer do tempo, também sejais afetado. Quem de vós deixará de crer nas afirmações explícitas dos dois "cavalheiros", ambos notórios pela sua qualificação intelectual, e um dos quais é, pelo menos, tão incapaz de pronunciar uma mentira como deslocar-se no ar. Assim, apesar do fim do ciclo, há um grande perigo pessoal, tanto para a S.T. Britânica, como para vós. Nenhum dano pode agora recair sobre a Sociedade; muita perturbação foi acumulada para a pretendida Loja e para os seus sustentadores, a menos que para vós e o senhor Massey sejam explicados alguns fatos e fornecida uma chave da verdadeira situação. Agora, se devido a algumas razões muito boas devo deixar C.C.M. entregue à sua idéia errada de culpar H.P.B. e as minhas próprias vacilações morais, chegou o momento de mostrar-vos o senhor Hume em seu verdadeiro aspecto, ao valer-se de uma falsa tetemunha contra nós, lamentando, ao mesmo tempo, que estou impedido pelas regras de nossa ordem e por meu próprio senso de honra (por menos que possa valer aos olhos de um europeu) de divulgar, agora, alguns fato que mostrariam de imediato a C.C.M., quão profundamente está errado. Talvez não vos conte nada de novo se disser que foi a atitude do senhor Hume, quando se formou a Eclética, que levou os nossos chefes a fazer com que Fern e Hume se encontrassem. O último nos recriminou com veemência pelo fato de recusarmos tomar como chelas a ele próprio e a esse jovem espiritual, amável e elegante, aspirante à verdade: Fern. todos os dias nos ditavam norma e diariamente nos censuravam por nossa incapacidade em desenvolver os nossos próprios objetivos. E não será nenhuma novidade, ainda que possa vos desgostar e chocar, saber que os dois foram atraídos a um relacionamento muito chegado a fim
de que exteriorizassem as suas virtudes e defeitos mútuos, para que cada um se mostrasse como realmente era. Tais são a leis da provação Oriental. Fern era um tipo psíquico dos mais extraordinários, muito inclinado naturalmente à espiritualidade, mas corrompido pelos seus mestres jesuítas e com seu Princípios Sexto e Sétimo completamente adormecidos e paralizados dentro de si; sem nenhuma idéia do que é o bem e o mal; em resumo: irresponsável em tudo, a não ser nas ações diretas e voluntárias do homem animal. Eu não teria me sobrecarregado com tal indivíduo caso soubesse de antemão que ele fracassaria. M. concordou porque os Chefes assim desejaram e ele julgou que seria útil e conveniente para vos mostrar a fibra moral e o valor daquele que consideráveis e chamáveis de amigo. O senhor H. pensais, embora lhe faltando os mais refinados e melhores sentimentos de um cavalheiro, no entanto ele o é devido tanto por suas tendências inatas, como por seu nascimento. Não pretendo estar completamente familiarizado com o código de honra das nações ocidentais. Entretanto, duvido que um homem que, durante a ausência do dono de certas privativas, se apropria da chave deixada por decuido no bolso do paletó, na varanda, durante as horas de trabalho, abre com ela a gaveta da ecrivaninha, lê as cartas privadas dessa pessoa, toma apontamentos delas e então utiliza essas anotações como arma para satisfazer seu ódio e vingança contra quem as escreveu, duvido, digo, se esse homem pode ser considerado, mesmo no Ocidente, como o cavalheiro ideal ou mesmo mediano. E eu sustento, que isso e muito mais, foi feito pelo senhor Hume. Se eu vos tivesse dito isto em agosto ado, nunca teríeis acreditado em mim. E agora estou preparado para prová-lo com a própria dele. Tendo sido surpreendido duas vêzes, por M. na mesma honesta ocupação, meu Irmão escreveu propositalmente (ou melhor, fez com que Damodar escrevesse a propósito) determinada carta para Fern, anexando uma cópia de uma carta do Sr. H. para mim. O conhecimento do conteúdo das mesmas tinha por objetivo revelar, quando chegasse o momento, a verdadeira honestidade e instintos cavalheirescos de quem se coloca tão alto sobre a humanidade. Agora está preso em suas próprias redes. O ódio e a irresistível sêde de ofender e difamar Olcott, em uma carta dirigida a este, que é incomensuravelmente mais elevado do que todos os seus detratores, levou o senhor Hume à uma imprudente confissão. Quando surpreendido e encurralado, ele recorre à uma MENTIRA descarada e sem cerimonia. E agora, depois desta referência preliminar e da explicação necessária, vou colocar-vos a par de certo trechos de cartas privadas, das quais não sois destinatário, entretanto, estão longe de serem "confidenciais", pois em quase todas o Sr. H. pede ao destinatário que elas sejam lidas por outros teosofistas. Epero que não me imputeis isso como evidência de "instintos anti-cavalheirescos". Visto que hoje em dia, em relação a qualquer indivíduo, um homem universalmente reconhecido como sendo um "cavalheiro", é com frequência um ser desprezível, e como as aparências externas de um cavalheiro escondem com frequência, a alma de um vilão, ele tem toda a liberdade de me julgar como quiser.
Eu vos dou estes trechos porque se faz necessário, em absoluto, que estejais corretamente informado da verdadeira natureza de quem a agora o seu tempo, escrevendo cartas aos teosofistas de Londres e aos candidatos a membro, com o propósito determinado de indispor a todo místico do Ocidente contra uma Fraternidade de "ateus, hipócritas e feiticeiros". Os trechos ajudarão a orientar a vossa ação no caso de possíveis eventualidades e confusões, causadas por vosso amigo e nosso simpatizante, que, enquanto denuncia o meu Irmão, muito mais do que amigo, como sendo um larápio, covarde, mentiroso e a encarnação da baixeza, insulta-me com palavras de compadecido elogio, que ele pensa que eu seja bastante traidor para aceitá-las, e muito estúpido para não julgá-las em seu verdadeiro valor. Recordai: tendes que ficar prevenido contra tal amigo, da mesma maneira que um duelista que leva uma proteção de malha metálica debaixo de sua camisa. Suas boas ações são muitas, os seus vícios mais numerosos; as primeiras têm sido sempre grandemente controladas e promovidas pelo seu desordenado amor próprio e combatitividade; e se não está ainda determinado qual finalmente controlará o impulso cujos resultados representarão o seu próximo nascimento, poderemos profetizar, com um certo grau de perfeita segurança, que ele nunca se tornará um adepto, seja nesta ou em sua vida futura. Suas aspirações "espirituais" receberam plena oportunidade para se desenvolver. Foi provado, como todos tem que ser e como a pobre mariposa que foi chamuscada na vela do Castelo de Rothney9 e sua comunidade. Mas o vitorioso na luta pelo adeptado foi sempre o Eu e apenas o Eu. As suas visões cerebrais já lhe pintaram a imagem de um novo Regenerador da Humanidade no lugar dos "Irmãos" cuja ignorância e manipulações em magia negra ele conjecturou. Esse novo Avatar não mora em Almorah, mas em Jakko. E assim, o demônio da Vaidade que arruinou Dayanand11, está arruinando o nosso amigo de outros tempos, preparando-o para efetuar um assalto sobre nós e a S.T., muito mais selvagem que o do Swami. Entretanto, o futuro poderá cuidar de si mesmo; apenas terei que molestá-lo agora, com os dados acima indicados. Talvez percebereis agora, porque tive que recolher, em outubro ado, indícios de sua natureza falsa e astuta. Nada é feito por nós, meu amigo, sem um propósito, mesmo que sejam ações aparentemente absurdas e repreensíveis. No dia primeiro de dezembro, o senhor Hume, escrevendo ao coronel Olcott, disse de nós o seguinte: "Quanto aos Irmãos, eu tenho um sincero afeto por K.H., e sempre terei e quanto aos outros, não duvido que sejam homens muito bons, que atuam de acôrdo com seus conhecimentos. Mas, quanto ao seu sistema, estou em completa oposição...mas isso nada tem a ver com os objetivos práticos exotéricos da S.T. na qual e em cujo desenvolvimento eu posso cooperar tão cordial como agradavelmente com seus bons Irmãos, como, etc, etc," Oito dias antes (22 de novembro) ele havia escrito a P. Sreenevas Row, Juiz da S.C.C. em Madras: "Verifico que a Fraternidade é um
grupo de homens ímpios e egoistas, os quais como agrupação não se ocupam de outra coisa que não seja o seu próprio desenvolvimento espiritual (entendei que a esse respeito K. H. é uma excesão, mas ele é, creio, o único), e seu sistema é o do engano, e está em grande parte, manchado com feitiçaria (!) pois que eles utilizam cascões, quer dizer, elementais para executar os seus fenômenos. Quanto à decepção, uma vez que um homem se tornou um chela e se comprometeu pelos juramentos que eles exigem, não podeis crer numa palavra do que diz;...ele mentirá de uma maneira sistemática; pois com relação à feitiçaria, o fato é que até o tempo de Sonkapa...eles eram um grupo de feiticeiros duros e vis...Cada chela é um escravo na mais abjeta descrição, um escravo em pensamento, como também na palavra e na ação...; nossa Sociedade...é um edifício nobre em seu aspecto exterior, mas não está construido sobre a rocha das idades, mas sobre as areias movediças do ateismo, um sepulcro caiado, todo brilhante...dentro, cheio de engano e dos restos mortais de um sistema jesuítico pernicioso...Tendes a liberdade de fazer o uso que melhor quiserdes desta carta, dentro da Sociedade", etc. No dia 9 do mesmo mês ele escreveu para o Sr. Olcott a respeito "do manifesto egoismo da Fraternidade, concentrada somente no seu desenvolvimento espiritual". No dia 8 de setembro, numa carta para 12 Chelas (os mesmos aos quais ele se referia numa carta para o Juiz Sreenevas Row no dia 22 de Novembro - após ter recebido deles uma resposta coletiva, exasperante e sincera à carta diplomática acima mencionada - na condição de mentirosos e escravos manietados) - ele dizia, como sabeis, ele "não esperava que qualquer europeu pudesse ler entre as linhas", do seu complô, na carta assinada como H.X. publicada no Teosofista, mas, "um grupo de Brahmanes... as mentes mais sutis do mundo...não Brahmanes comuns, mas homens da educação mais elevada e nobre, etc"(!!) Eles "podem estar certos de que eu (ele) nunca direi ou farei algo que não seja para o proveito dos Irmãos, da Sociedade e de todos os seus objetivos"...(Assim, parece que as acusações de feitiçaria e desonestidade são feitos para o "proveito dos Adeptos asiáticos"). Nesta mesma carta, se recordais, ele acrescenta que ela é "a arma mais eficiente, até agora forjada, para a conversão dos infiéis em nosso país" e que ele "esperava, como é natural", (ao escrever a sua carta no Teosofista) fazer a querida "Velha Dama" compreender, pois não podia incluí-la na conspiração," etc., etc. Com toda a sua astúcia e diplomacia, parece que ele, na realidade, sofre de perda de memória. Não só havia incluido "a querida Velha Dama" na conspiração numa longa carta privada escrita para ela umas poucas horas depois que a dita "arma eficiente" tinha sido enviada para publicação (uma carta que ela vos enviou e que perdestes ao empacotar a vossas coisas em Simla para sair dali), mas que ele de fato deu-se ao trabalho de colocar umas poucas palavras de explicação nas costas da citada "Carta". Ela está guardada como qualquer outro
manuscrito por Damodar e a nota é a seguinte..."Por favor imprima isto cuidadosmente e sem alteração. Ela responde iravelmente à Carta de Davison e outras, vindas de casa"...(Trechos dessas cartas foram incluidos em seu manuscrito)..."Temo que não possamos sustentá-la por muito tempo, mas, insinuações como esta ajudarão a deter a queda", etc... Tendo ele mesmo forjado esta arma tão eficiente para a conversão dos infiéis em seu país, quanto à nossa existência real, e impossibilitado daqui por diante de negá-la, qual melhor antídoto senão acrescentar às insinuações ali contidas, acusações plenas e bem caracterizadas de feitiçaria, etc.? Quando acusado pelos 12 Chelas na resposta conjunta que deram à sua carta, de uma falsificação deliberada de fatos com referência à querida "Velha Dama" a quem ele tinha, apesar de tudo que pudesse dizer em contrário "incluindo na conspiração", escreve em uma carta a Subba Row que ele nunca fez tal coisa; que sua carta à "Madame", explicando-lhe os porques e as razões dessa sua firmada "H.X." foi escrita e enviada a ela muito depois que a tal carta denunciatória já "havia sido impressa". Subba Row, a quem havia escrito injuriando amargamente M., respondeu, citando para ele as mesmas palavras que tinha escrito nas costas do manuscrito, mostrando-lhe, assim, quão inútil era qualquer outra falsidade. E agora podeis avaliar o seu amor por Subba Row!* E agora vem a gota d'água. Escrevendo em 1º. de Dezembro para o Sr. Olcott (a primeira carta mencionada acima) ele pretende, claramente, possuir poderes de adepto: "Lamento não poder estar convosco em Bombaim, em meu corpo físico, mas, se permitido, eu posso, entretanto, ajudar-vos ali..." No entanto, no caso de Fern, ele diz "é um perfeito caos e ninguém pode dizer o que é devido ou não", e diversas cartas sobre o mesmo assunto estão repletas com a afirmação de que ele não tinha poder algum para ver o que acontecia "durante os últimos seis mêses". Bem pelo contrário, pois que em uma carta que me enviou durante esse período ele descreve a si mesmo como "não estando em um nível espiritual junto com Fern, Sinnett e outros". Não se atreveu em vangloriar-se comigo de sua clarividência espiritual; mas agora, tendo "rompido para sempre com os Feiticeiros Tibetanos", os seus poderes de adepto em potencial tinham se desenvolvido, repentinamente, em proporções monstruosas. Devem ter sido maravilhosamente grandes desde o seu nascimento, pois que informa a Olcott (na mesma carta) que no princípio lhe "era necessária uma certa quantidade de Pranayama, durante uns poucos mêses (seis semanas no total), para conseguir a concentração. Já ei esse nível e SOU UM IOGUE". A acusação apresentada agora contra ele é de um caráter tão grave, que eu nunca vos teria pedido que acreditásseis nele basedao na minha simples afirmação. Daí esta longa carta e a seguinte evidência
que vos rogo, lêde com o maior cuidado, e extraia as vossas conclusões somente com base nessa evidência. Na carta que me dirigiu, em julho, nos atribui a culpa da série de falsidades de Fern; suas pretensas visões e inspirações provenientes de nós, e na carta ao senhor Olcott (de 1º. de dezembro) culpa Morya, meu amado Irmão, de atuar "da maneira mais desonrosa", acrescentando que "desde então nunca o considerou como um cavalheiro, porque fez com que Damodar...enviasse a Fern uma cópia de meu informe confidencial a repeito dele..."Isto ele considera como uma "desonrosa quebra de confiança tão grande que Morya teve receio (!!) mesmo de dar a conhecer a K.H. como ele havia roubado e feito mal uso de minha carta a ele. K.H. é um cavalheiro, creio, e desprezaria uma maneira tão baixa de proceder". Sem dúvida, teria desprezado, ao saber que tinha sido feito sem o meu conhecimento e se não fôsse absolutamente necessário - em vista de acontecimentos claramente previstos, para fazer com que o senhor Hume traísse a si mesmo, e deste modo se contrapor à influência e autoridade da sua vingativa natureza. A carta assim transcrita não estava marcada confidencial, e as palavras "eu estou pronto para dizer na face de Fern, qualquer dia" - estão ali. Entretanto - a desmedida ofensa e a sua indignação verdadeiramente santa e cavalheiresca diante da deslealdade de M., são seguidas por estas palavras de confissão, muito marcantes como verás..."Fern não sabe até agora (permita-me fazer-lhe justiça), que eu não sabia isso", isto é, da carta subtraída por M. e enviada a Fern, através de Damodar. Em resumo, então o Sr. Hume tinha os meios para ler o conteúdo de uma carta particular remetida registrada para Fern, aos cuidados dele (Hume), que a guardou na gaveta de uma mesa pertencente a sua casa. A prova é completa pois é ele mesmo que a fornece. Como então ocorreu? Naturalmente, ou pela leitura da sua substância física com os seus olhos naturais, ou, a de sua essência astral por poder transcedental. Caso seja por este, então por qual sistema rápido e eficiente o poder psíquico deste "iogue" (que em julho ado "não se encontrava no nível espiritual" vosso, nem mesmo no de Fern) emergiu de pronto a tão completo florescimento e frutificação, quando que isso requer de nós, "feiticeiros" treinados, de dez a quinze anos para adquirí-lo? Além disso, se esta e outras cartas dirigidas a Fern foram-lhe apresentadas na "luz astral" (como ele sustenta em sua carta em resposta a pergunta de O. e aqui anexada), como é que o benevolente gênio de Almorah (mediante cuja ajuda ele adquiriu prontamente tão tremendos poderes) podia fazer com que ele tomasse nota dos seus conteúdos, de ler palavra por palavra e recordar SOMENTE as cartas que foram guardadas por Fern (de acôrdo com terminantes ordens de M.) em seu escritório, na casa do senhor Hume? Entretanto, NÓS O DESAFIAMOS a que repita uma palavra de outras cartas muito mais importantes (para ele), enviadas por meu Irmão ao "chela em provocação", nas quais se proibiu a este que as guardasse no Castelo de Rothney, mas que as conservasse com segurança em uma escrivaninha fechada com chave, em sua própria casa. Ao surgir estas perguntas na mente de Olcott (por vontade de M.) ele as
apresentou prontamente ao senhor Hume. Como chela de M., a quem, como é natural, reverencia como Pai e como Mestre, Olcott fez a este Censor Elegantiarum, com muita correção, a pergunta direta se ele mesmo não se sentia culpado da mesma "desonrosa quebra de conduta cavalheiresca da qual ele se queixava no caso de Morya, (E de modo injusto, como vêdes agora, porque o que ele (M.) fez, têve a minha aprovação, pois que era uma parte necessária de um plano preconcebido para pôr às claras, além da verdadeira natureza do senhor Hume, uma vergonhosa situação, em si, desenvolvida pelos nefastos apetites, desatinos e Karma de vários homens débeis; algo que no final foi bom como vereis). Não temos agora no Tibet cavalheiros que, de qualquer modo pudessem se igualar ao padrão de Simla, apenas muitos homens honestos e leais. A pergunta feita pelo senhor Olcott têve uma resposta tão envolta numa falsidade deliberada e manifesta, numa vaidade tola, com uma intensão tão relez para invalidar a única hipótese possível de que ele havia lido, sem conhecimento do dono, a sua correspondência particular, que eu pedi a Morya que a procurasse para mim para que a lêdes. Depois disso, rogo-vos a amabilidade de me devolvê-la por intermédio de Dharbagiri Nath, que está em Madras no correr desta semana. Fiz uma tarefa desagradável e enfadonha, mas uma grande coisa será alcançada se ela vos auxiliar a nos conhecer melhor, seja para qual lado o vosso critério europeu de certo e errado faça pender a vossa opinião.Talvez podereis reconhecer a vós mesmo na atitude de C.C.M. lamentando achar-vos obrigado a aceitar ou rejeitar, para sempre, um "paradoxo moral" penoso como eu sou. Ninguém o lamentaria mais profundamente do que eu; mas as nossas Regras provaram ser sábias e benéficas para o mundo ao longo do tempo; e o mundo em geral e, em especial, as suas unidades individuais, são tão terrivelmente perversas que temos que combater cada uma com as próprias armas que ele ou ela empregam. Tal como se mantém a situação na atualidade e embora não permitiríamos um "adiamento" demasiado, parece desejável que ficásseis por alguns mêses em seu país, digamos até junho. Mas, a menos que ides a Londres e, com a ajuda de C.C.M., explicais a verdadeira situação e restaureis vós mesmo, à Sociedade, as cartas do Sr. Hume terão feito tanto dano que não poderia se remediar o prejuízo. Deste modo, a sua ausência temporária atingirá um propósito bom e duplo: a formação de uma verdadeira Sociedade Teosófica oculta, e a salvação de alguns poucos indivíduos promissores para futuros trabalhos, que agora podem se perder. Além disso, a vossa ausência da Índia não será um mal de todo, já que os amigos do país sentirão a vossa perda e talvez, estejam ainda mais dispostos a chamá-lo, especialmente se o "Pioneer" mudar de tom. Seria conveniente se pudésseis utilizar alguns dos vossos dias feriados para uma ou outra forma de escritos teosóficos. Possuis agora uma grande
quantidade de material e se tentardes conseguir cópias dos papéis didáticos entregues ao senhor Hume, seria uma precaução oportuna. Ele é um fértil escritor de cartas, e agora que se desencarregou de toda restrição, terá que ser estreitamente vigiado. Recordai a profecia do Chohan. Sempre seu sinceramente, K.H.
Carta Nº 058 Recebida em Madras, em Março de 1883. Esta é outra carta recebida enquanto os Sinnetts estavam em Madras, preparando-se para viajar para a Inglaterra. No livro de Josephine Ransom, "Pequena História da Sociedade Teosófica, (p.179), ela menciona que, enquanto os Sinnetts estavam em Adyar, a caminho para a Inglaterra, Sinnett estava começando a trabalhar em seu livro "Budismo Esotérico", e ele tomou notas de algumas questões para o Mahatma e pediu à sua esposa para entregálas à H.P.B., para transmissão. Ela o fez, e H.P.B. lhe disse para colocá-las no armário decorativo, pendente da parede entre os seus dois quartos. (Este era o discutido "Santuário" usado mais tarde pela Sra. Coulomb para causar desgosto a H.P.B.). As duas mulheres sentaram-se para conversar, e depois de dez minutos, H.P.B. disse à Sra. Sinnett para olhar de novo no armário, e ali ela achou a resposta do Mahatma, junto com o papel de perguntas de Sinnett. Se esta é aquela resposta não está revelado, mas poderia muito bem ser, pois que a carta responde, obviamente, a algumas questões. Meu caro "Pupilo". Não iremos, se permitirdes, tratar agora com a situação concernente a "estrelas" e obscurações, por razões muito claramente explicadas a vós esta manhã por H.P.B. A minha tarefa torna-se mais perigosa a cada carta. torna-se extraordinariamente difícil ensinar-vos e ao mesmo tempo mantermos o programa original: "até aqui chegaremos e não mais além". Entretanto devemos e vamos mantê-lo. Interpretastes mal, totalmente, o sentido de meu telegrama. As palavras: "mais em Adyar", relacionada com a verdadeira explicação de sua visão, e de nenhuma maneira à uma promessa de alguns outros experimentos psicológicos efetuados por mim, nessa direção. A visão foi devida à uma tentativa efetuada por D.K. que está, em extremo, interessado no vosso progresso. Apesar dele ter conseguido em retirarvos do vosso corpo ele fracassou inteiramente no seu esforço de abrir a vossa visão interna, por razões que deduzistes corretamente na ocasião. Eu não tomei parte ativa nessa tentativa. Daí a minha
resposta, "deduções corretas - mais em Adyar". Presisamente agora encontro-me numa posição muito difícil, e devo ser duplamente cauteloso para não comprometer as possibilidades do futuro. "A provável data de vossa partida? Bem, ao redor do dia 7 de abril. Caso a vossa impaciência discorda com este meu desejo, estais livre para fazer o que quiserdes. Entretanto, eu o consideraria apatia geral dos meus compatriotas. Mais do que nunca, confio somente nos poucos e firmes obreiros da infortunada e desamparada Sociedade Teosófica. A carta do Vicerei poderia ser da maior ajuda caso pudesse ser usada com discernimento. Mas nesses casos, vejo que não sou juiz, pois agora faço previsões com base na impressão deixada em vossa mente por R. Srinavasa Rao e outros. Tendo sido explicado o episódio de 7 de fevereiro, a vossa pergunta relativa às "as restrições iniciais" já foi respondida. Posso pedir-vos mais dois favores, pessoais e importantes? Primeiro, ter sempre em mente que em qualquer tempo e tudo quanto seja possível, será feito sempre para vós, sem que o peçais; em consequência, nunca deveis pedir ou sugerir, já que isso significará, simplesmente, evitar-me a tarefa sumamente desagradável de ter que recusar o pedido de um amigo, sem estar, além disso, em condições de poder explicar a razão da negativa; e segundo: recordar que, embora pessoalmente e para o seu próprio bem, eu possa estar preparado para fazer muito, não estou, de modo algum, comprometido a fazer algo parecido para os membros da S.T. Britânica. Dei-vos a minha palavra de ensinar-lhes a nossa filosofia por vosso intermédio, quer a aceitem ou não. Mas nunca me comprometi a convencer a nenhum deles acerca da extensão de nossos poderes, nem mesmo de nossa existência pessoal. A crença ou descrença deles nesta última é, na verdade, de muito pouca importância para nós. Se eles vão se beneficiar alguma vez de nossa promessa, deve ser somente por vossa mediação e vossos esforços pessoais. Também nunca podereis verme (em meu corpo carnal) nem mesmo em uma visão claramente definida, a menos que estejais preparado para prometer, por vossa honra, jamais revelar o fato a ninguém enquanto viverdes (a menos que recebeis permissão para isso). Que a consequência de tal promessa será uma dúvida nunca satisfeita, sempre presente nas mentes de vossos membros britânicos, é justamente o que desejamos no momento. Demasiado, ou muito pouco foi dito e provado a respeito de nós, como o senhor M.A. (Oxon) assinalou com justiça. Foi-nos determinado que começássemos a trabalhar para varrer os poucos vestígios (e deveis essa nova orientação às incessantes intrigas ocultas de nosso ex-amigo, o senhor Hume, agora por inteiro nas mãos dos Irmãos da Sombra) e quanto mais se duvide da nossa existência real, melhor será. Quanto a testemunhos e provas convincentes para os Saduceus da Europa em geral e da Inglaterra em especial, é algo para ser deixado, por completo, fora do nosso programa futuro. A menos que se nos permita utilizar nosso próprio critério e meios, o
curso dos futuros acontecimentos não se desenvolverão, de nenhum modo, com facilidade. Portanto, não deveríeis empregar nunca, frases tais como "em consideração ao apoio de amigos em nosso país" já que, com certeza, não haveriam de produzir nenhum bem, e só irritaria mais os outros "poderes efetivos", se temos que usar essa ridícula frase. Não é sempre lisongeiro, bom amigo, ser colocado, mesmo por aqueles de quem se gosta mais, no nível dos cascões e dos médiuns com o propósito de provas. Pensei que já tinheis felizmente, ultraado essa etapa. Dediquemo-nos no presente ao simples aspecto intelectual de nosso relacionamento e ocupemo-nos só com a filosofia e seu futuro periódico e deixemos o resto ao tempo e aos seus desenvolvimentos imprevistos. É precisamente porque eu sigo e percebo o duplo trabalho de sua mente, ao fazer esses pedidos, que eu firmo as minhas cartas, invariavelmente como Vosso afetuoso amigo K.H.
Carta Nº 059 Recebida em Londres em Julho de 1883. Chegamos agora a duas cartas mais extensas que, provavelmente, foram escritas e postadas ao mesmo tempo. A Carta nº.111 destina-se a ser lida por Sinnett (se ele o desejar) aos membros da Loja de Londres. A outra (Carta nº.112) é mais pessoal. O segundo livro de Sinnett, "O Budismo Esotérico", saiu da gráfica em 10 de junho. Sejam quais foram as falhas que o meu sempre indulgente "chela laico" possa me atribuir, parece que reconhecerá que lhe dei uma nova fonte de satisfação; pois nem mesmo a sombria profecia de Sir Charles Turner (um obscurecimento recente seu) de que iríeis cair no catolicismo romano, como resultado inevitável de imiscuir-se com a Teosofia e crer no maya de "K.H.", diminuiu o ardor de vossa propaganda no alegre mundo londrinense. E se este zêlo fôsse citado pelo Altruista de Rothney em apoio a sua declaração de que as vossas vesículas cinzentas se encontram sobrecarregadas com o Akasa de Shigatse, será, no entanto, não há dúvida, um bálsamo para os vossos sentimentos feridos saber que estais ajundando, em especial, a construir a ponte através da qual podem os metafísicos ingleses aproximarem-se de nós em pensamento. É costume entre algumas boas pessoas olhar retrospectivamente para a trajetória de suas vidas, ao transporem períodos de tempo anuais. Assim, se a minha esperança não me enganou, deveis estar
comparando, mentalmente, o vosso "prazer mais profundo" atual e a "constante ocupação", com o que ocorreria em tempos ados, quando caminháveis nas ruas de vossa metrópole, onde as casas parecem como que "pintadas com tinta nanquim", e um dia de sol é algo para se recordar sempre. Sempre avaliastes a vós mesmo, e considerastes o teósofo como um "Anak" do ponto de vista moral, em comparação com "o homem de antes" (o belo valseador); não é assim? Bem, isto é, talvez, a vossa recompensa, o começo da mesma: o ireis realizar no Devachan, quando estiverdes "flutuando em meio" ao éter circundante em vez do lodoso Canal da Mancha, por mais nebuloso que esse estado pareça agora à vossa imaginação de mente. Somente então "vos vereis por vós mesmo" e aprendereis o verdadeiro significado do Atmanân-âtmanâ pasya da grande filosofia Vedanta: "Conhecer a si mesmo como uma brilhante luz não requer luz alguma para tornar a si próprio percebido..." De novo e uma vez mais se fez um esforço para dispensar parte dessa nebulosidade que encontro no Devachan4 do senhor Massey. Aparecerá como uma contribuição no número de agosto de "O Teosofista" e para isso chamarei a atenção do senhor Massey e a vossa. É muito possível que ainda então a "obscuridade" não se dispersará, e poderá se supor que a explicação tentada não é a que se espera; e que, em vez de darmos corda ao relógio, uma mão desastrada nada mais fez senão quebrar alguns dentes das engrenagens. Essa é a nossa desgraça, e duvido que nos livremos por completo dessas obscuridades e alegadas contradições, pois não há maneira de colocar frente a frente os que, perguntam e os que respondem. Mas, no pior dos casos, devemos itir que há alguma satisfação no fato de que há agora uma agem através deste rio e que estais construindo os arcos para a ponte real. É muito bom que batizeis o bebê recém-nascido no vosso cérebro, com as águas da Esperança, e que, dentro dos limites do possível, através disso se dê, "um impulso adicional e maior ao movimento atual". Mas, amigo; até o "queijo verde" da brilhante lua é comido periodicamente por Rahu; assim não pensei que estais livre de todo das vicissitudes da volubilidade popular, que rechassaria a vossa luz em favor do brilho de uma simples vela de algum novo homem. A cultura da sociedade se inclina com frequência mais para a filosofia de tênis do que para a dos proscritos "Adeptos", cujo jogo mais amplo tem como bolas, os mundos, e como gramado aparado o espaço etéreo. A trama do vosso primeiro livro estava temperada com fenômenos, de modo a deleitar o paladar espírita; este segundo é um prato de fria filosofia e mal encontrareis na vossa "grande seção da Sociedade Londrina", suficiente quantidade do vinho da simpatia para ingerí-lo. Muitos dos que crêem agora que sois um louco inofensivo, comprarão o livro para ver se uma Comissão sobre loucos se manifestará para impedir-vos de fazer mais danos; de todos os vossos leitores muito poucos, provavelmente, seguirão a vossa liderança até o nosso asharam. Não
obstante o dever do teósofo é semelhante ao do semeador; revirar a terra e semear os seus grãos o melhor que puder: o resultado fica com a natureza e ela é escrava da Lei. Não vou desperdiçar condolências sobre os pobres "chelas laicos" devido às "frágeis armas com as quais unicamente podem trabalhar". Seria um dia muito triste para a humanidade se outras, mais afiadas e mortais fôssem postas nas mãos desacostumadas a esgrimí-las! Ah! estaríeis de acôrdo comigo, meu fiel amigo, se tão somente pudésseis ouvir o lamento que um deles lançou, há pouco, devido aos terríveis resultados que obteve das armas peçonhentas postas ao seu alcance, em má hora, por meio da ajuda de um feiticeiro. Arruinado moralmente pela sua própria e egoista impetuosidade, corrompendo-se fisicamente por enfermidades engendradas pelas complacências animais que ele forçou com ajuda "demoníaca"; fica atrás dele um negra recordação de oportunidades perdidas e êxitos infernais: diante dele uma mortalha de sombrio desespero, de avitchi. Agora esse desditado se volta a sua impotente raiva contra a nossa "luminosa ciência" e contra nós e lança as suas ineficazes maldições contra quem ele assediou em vão, em busca de mais poderes no chelado, e a quem abandonou por um Gurú necromante, que agora abandona a vítima ao seu destino. Ficai satisfeito, meu amigo, com as vossas "frágeis armas": se não são tão mortais como o disco de Vishnu, elas podem derrubar muitas barreiras, se aplicadas com poder. O pobre desventurado a que nos referimos confessa uma série de "mentiras, abusos de confiança, ódios, tentações ou desorientações de outros, injustiças, calúnias, pérjuros, falsas pretensões, etc". Ele "aceitou o risco de maneira voluntária", mas disse: "se eles (nós) tivessem sido bons e generosos e também sábios e poderosos certamente teriam me prevenido, com certeza, para não empreender uma tarefa para a qual sabiam que eu não estava capacitado". Em resumo, espera-se de nós, que adquirimos o nosso conhecimento, tal como é, por meio do único método prático, e que não temos o direito de obstaculizar qualquer pessoa que queira tentá-lo (embora tenhamos o direito de prevenir, e prevenimos mesmo cada candidato) que tomemos sobre as nossas cabeças as penas de tal intromissão, ou que tratemos de nos poupar das mesmas, fazendo de incopetentes, Adeptos, apesar deles mesmos! Porque não fizemos isso, ele é "deixado a pairar numa miserável existência como um saco vivo de veneno, cheio de corrupção mental, moral e física. "Esse homem, em seu desespero, se converteu de um "pagão", ateu e livre pensador (?), em um cristão, ou melhor, um teísta, e agora se submete com humildade a Ele (a um Deus extracósmico para o qual até descobriu um lugar) assim como a todos aqueles que por Ele foram investidos com a autoridade legítima. E nós, pobres criaturas, somos "traidores, Mentirosos, Diabos e todos os meus crimes (os dele), tal como se enumeram acima, são como roupagem de glória comparados com os crimes Deles". (Citamos todas as suas palavras, com maiúsculas e grifadas). Agora, amigo meu, afastai esse pensamento de que não devo comparar o vosso caso com o dele, porque não o faço. Somente vos proporcionarei um vislumbre do inferno dessa alma
perdida, para vos mostrar que desastres podem cair sobre os "chelas laicos" que se apoderam de poderes proibidos, antes que a sua natureza moral se tenha desenvolvido até à plena adequação para o seu uso. Deveis meditar muito sobre o artigo "Chelas e Chelas Laicos" que vereis no Suplemento de julho do "O Teosofista". Então o grande senhor Crookes colocou um pé no portal com o objetivo de ler as publicações da Sociedade? Bem e sabiamente feito e muito valente de sua parte. Até agora ele foi bastante arrojado para dar um o semelhante e bastante leal à verdade a ponto de contrariar os seus colegas ao tornar públicas as suas descobertas. Quando ele viu a sua valiosa comunicação abafada nas "Seções" e toda a Real Sociedade tratava de silenciá-lo, figuradamente senão de fato, como fez a sua Sociedade Irmã na América, com aquele mártir chamado Hare, ele não imaginava que perfeita vingança o Karma tinha armazenado para ele. Que ele saiba que a cornucópia do Karma não está ainda vazia e que a Ciência Ocidental tem que descobrir ainda três estados adicionais de matéria. Mas ele não deve esperar que fiquemos s ao critério estetoscópico como fez a sua Katie, pois nós, os homens, estamos sujeitos a leis de afinidades moleculares e de atração polar que não são tolhidas por aquela encantadora imagem. Nós não temos favoritos e não quebramos regra alguma. Se o senhor Crookes há de penetrar nos segredos que estão além das galerias que as ferramentas da ciência moderna já excavaram, que ele procure. Ele procurou o radiometro; procurou de novo e encontrou a matéria radiante; pode procurar novamente, e encontrar o "Kama-rupa" da matéria, o seu quinto estado. Mas para encontrar o estado manásico, ele terá que se comprometer a guardar mais firmemente os segredos do que parece estar disposto. Conheceis o nosso lema e que a sua aplicação apagou a palavra "impossível" do vocabulário do ocultista. Se ele não se cansa de procurar, pode ser que descubra o mais nobre de todos os fatos: seu verdadeiro EU. Mas terá que ar através de muitos níveis antes de chegar a ELE. E para começar, que ele se liberte do maya de que algum homem vivente possa "exigir" algo dos Adeptos. Pode criar atrações irresisitíveis e forçar a atenção deles, mas essas atrações deverão ser espirituais, não mentais ou intelectuais. E esta advertência se aplica e é dirigida a vários teósofos britânicos e seria bom que a conhecessem. Uma vez separado das influências comuns da Sociedade, nada nos atrai a qualquer estranho a não ser a sua espiritualidade envolvente. Ele pode ser um Bacon ou um Aristóteles em conhecimento e, entretanto, não conseguir que sintamos a sua corrente nem sequer como o roçar de uma pluma, caso o seu poder esteja limitado a Manas. A energia suprema reside em Buddhi; latente, quando está unida somente a Atman, ativa e irressitível, quando é galvanizada pela essência de "Manas" e quando nenhum vestígio inferior do último se mistura com aquela essência pura para rebaixá-la por causa de sua natureza finita. Manas, puro e simples, é de um grau inferior e terrestre por completo; daí decorre que os vossos maiores homens não em de nulidades na arena onde a grandeza é medida de acôrdo com as normas do desenvolvimento espiritual. Quando os
antigos fundadores de vossas escolas de filosofia vieram ao Oriente para adquirir o saber dos nossos predecessores, nada reivindicaram, exceto o anseio sincero e não egoista pela verdade. Se alguém aspira fundar novas escolas de ciência e filosofia, triunfará com o mesmo plano: desde que os aspirantes possuam em si mesmos os elementos de êxito. Sim, tendes razão com relação à Sociedade de Investigação Psíquica; o seu trabalho é de natureza a influenciar a opinião pública, demonstrando de uma maneira experimental as fases elementares da Ciência Oculta. H.S. Olcott tem procurado tornar cada Loja Indiana em uma escola semelhante de investigação, mas falta a capacidade para o estudo independente e continuado por amor ao próprio conhecimento e isso deve ser desenvolvido. O êxito da S.I.P. (Sociedade de Investigação Psíquica) ajudará muito nesta direção e lhe desejamos êxito. Estou também de acôrdo convosco em vosso ponto de vista sobre a eleição do novo Presidente da S.T.B. (Sociedade Teosófica Britânica); de fato concordei, creio, antes que se efetuasse a eleição. Não há razão alguma porque não deveis "tentar curas mesméricas", não com a ajuda do vosso medalhão0, mas com o poder de vossa própria vontade. Sem esta última, em uma função energética, nenhuma mecha de cabelo ajudará muito. O cabelo em si, não é mais que um "acumulador" da energia daquele em que cresceu, e não pode curar por si mesmo, da mesma maneira que a eletricidade acumulada não pode girar uma roda, até que seja liberada e conduzida ao ponto adequado. Ponde a vossa vontade em movimento e no mesmo instante atuareis, sobre à pessoa em cuja cabeça cresceu (o cabelo, não a vontade) por meio da corrente psíquica que corre sempre entre ele e sua mecha que foi cortada. Para curar enfermidades não é indispensável conquanto desejável, que o psicoterapeuta seja absolutamente puro; há muitos na Europa e em outros lugares que não o são. Se a curva se efetua sob o impulso de uma perfeita benevolência, sem mistura alguma com qualquer egoismo latente, o filântropo põe em movimento uma corrente que corre como um fino estremecimento através da sexta condição da matéria e é sentida por aquele a quem invocais em vossa ajuda, se nesse momento ele não estiver entregue a algum trabalho que o obrigue a repelir toda influência externa. a posse de uma mecha de cabelo de qualquer Adepto, é sem dúvida, uma vantagem inegável, assim como o é para o soldado numa batalha, uma espada melhor temperada; mas a medida do seu auxílio efetivo para o psicoterapeuta estará em proporção com o grau de força de vontade que estimule em si mesmo, e com o grau de pureza psíquica em seu motivo. O talismã e seu Buddhi estão em simpatia. Agora que vos encontrais no centro da moderna exegese Budista, em relações pessoais com alguns dos mais hábeis comentaristas (dos quais nos livrem os santos Devas!) chamarei a vossa atenção para
algumas coisas que são, na verdade, tão desacreditadas, mesmo para as percepções dos não iniciados, dado que são desorientadoras para o público em geral. Quanto mais se lê especulações tais como as dos senhores Rhys Davids, Lillie, etc, menos pode alguém vir a crer que a não regenerada mente ocidental consiga chegar algum dia ao cerne de nossas complexas doutrinas. Conquanto, desesperançados possam ser os seus casos, pareceria valer a pena provar as intuições de vossos membros londrinos (ao menos, de alguns deles), expondo parcialmente, através de vós, um ou dois mistérios, deixando que eles mesmos completem o que falta no encadeamento. Tomaremos o senhor Rhys Davids como nosso primeiro exemplo e mostraremos que, apesar de tê-lo feito de uma maneira indireta, é ele quem reforçou as idéias absurdas do senhor Lillie, que imagina ter provado a existência no antigo Budismo, da crença em um Deus pessoal. A obra "Buddhismo" de Rhys Davids está cheia de centelhas do nosso mais importante esoterismo; mas sempre, ao que parecem, não só além do seu alcance, como, aparentemente, além dos seus poderes de percepção intelectual. Para evitar "metafísica absurda" e suas invenções, ele cria dificuldades desnecessárias e se arroja dentro de uma enorme confusão. Ele é como os colonos do Cabo da Boa Esperança que viviam em cima de minas de diamantes sem suspeitar da sua existência. Colocarei, como exemplo, somente a definição de "Avalokitesvara", nas páginas 202 e 203. Encontramos ali o autor dizendo o que parece ser um palpável absurdo para qualquer ocultista: "O nome Avalokitesvara, que significa "o Senhor que, do alto, olha para baixo", "é uma invenção puramente metafísica. O uso curioso da partícula iva "avalokita" em um modo ativo, é claramente evidente nas traduções para o tibetano e chinês". Agora, ao dizer que significa "o Senhor que, do alto, olha para baixo" ou, como amavelmente explica mais adiante: "o Espírito dos Budas presente na igreja", é inverter por completo o sentido. É equivalente a dizer: "o senhor Sinnett, do alto, olha para baixo, (seus Fragmentos da Verdade Oculta) na Sociedade Teosófica Britânica" quando que a última é que olha para cima, para o senhor Sinnett, ou melhor, para os seus Fragmentos como a (única possível, para eles) expressão e culminação do conhecimento procurado. Esta não é uma imagem vã e define com exatidão a situação. Resumindo, Avalokita Isvar, interpretado literalmente, significa "o Senhor que é visto". "Iswara", indica, além disso, mais o adjetivo do que o substantivo, senhoril, autoexistente senhoridade, não Senhor. Quando interpretado corretamente, é um sentido "o divino Eu percebido ou visto pelo Eu", o Atman ou Sétimo Princípio liberado de sua distinção mayavica, da sua Fonte Universal (que se converte no objeto de percepção para e pela individualidade centrada um Buddhi, o Sexto Princípio), algo que só acontece no estado mais elevado de Samadhi. É assim, aplicando-o ao microcosmo. Em outro sentido, Avalokitesvara indica o Sétimo Princípio Universal, como o objeto percebido por Buddhi, "Mente" ou Inteligência Universal, que é a agregação sintética de todos os Dhyan Chohans, como de todas as outras inteligências, sejam grandes ou
pequenas, que existiram, existem ou existirão. Nem é "o Espírito dos Budas presente na Igreja", mas o Espiríto Universal Onipresente no templo da Natureza, em um caso; e o Sétimo Princípio (o Atman no templo-homem) no outro. O senhor Rhys Davids poderia ter se recordado, pelo menos, do símile (para ele) familiar feito pelo Adepto Cristão, o Kabalista Paulo; "Não sabeis vós sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós", e assim teria evitado fazer uma confusão com o nome. Embora como gramático ele notou o uso do "particípio ado", contudo mostra estar muito longe de ser um inspirado "Panini"1, ao esquecer a verdadeira causa e salvar a sua gramática elevando o clamor público contra a metafísica. E, entretanto, cita a Catena de Beal como sua autoridade para a invenção, quando em verdade, este trabalho é possivelmente o único em inglês que dá, de qualquer forma, uma explicação aproximadamente correta da palavra, na página 374. "Auto-manifestado" - como? Pergunta-se. "A fala ou Vãch era considerada como o Filho ou a manifestação do Eterno Eu, e era adorada sob nome de Avalokitesvara, o Deus manifestado". Isto mostra, tão claro como pode ser, que Avalokitesvara é ambos: O Pai não manifestado e o Filho manifesstado, o último procedendo de, e idêntico ao outro; ou seja, o Parabrahman e o Jivâtman, o Sétimo Princípio, o Universal e o individualizado; o ivo e o Ativo; o último, a Palavra, Logos, o Verbo. Chamai-o por qualquer nome, apenas que estes infortunados e enganados cristãos saibam que o verdadeiro Cristo de todo cristão é Vãch, "a voz mística", enquanto que o homem Jeshu não era senão um mortal como qualquer um de nós, um Adepto, mais por sua natureza inerente e ignorância do Mal verdadeiro do que pelo que havia aprendido com seus iniciados Rabinos e com Hierofantes e sacerdotes egípcios, nesse período já se degenerando com rapidez. Beal comete também um grande erro, ao dizer: este nome (Avalokitesvara) tomou em chinês a forma de KwanShai-yin, e a divindade adorada sob esse nome (foi), em grau, considerada como feminina", (374). Kwan-shai-yin, a voz universalmente manifestada "é ativa-masculina; e não deve ser confundida com Kwan-yin ou Buddhi, a alma Espiritual (o sexto Princípio) e o veículo do seu "Senhor". Kwan-yin é o princípio feminino ou o ivo manifestado, manifestando-se "para cada criatura no Universo para liberar todos os homens das consequências do pecado" - tal como traduziu Beal, desta vez com absoluta correção (383) enquanto que Kwan-shai-yin "o Filho idêntico a seu Pai" é a atividade absoluta, daí, não tendo relação alguma com os objetos do sentido, é ividade. Que ardil comum é o dos vossos Aristotélicos! perseguem uma idéia com a persistência de um cão de caça, até o confim mesmo do "intrasponível abismo" e então, encurralados, deixam que os metafísicos tomem de novo a pista, se podem, ou deixam que esta se perca. É natural que um teólogo cristão, um missionário, atue desta maneira, pois que uma interpretação demasiadamente correta de nosso Avalokitesvara e Kwan-Shai-Yin poderia ter efeitos muito desastrosos, como se pode perceber com facilidade, mesmo no pouco
que citei agora. Significaria simplesmente mostrar à Cristandade a origem verdadeira e inegável dos "tremendos e incompreensíveis" mistérios de sua Trindade, Transubstanciação e Imaculada Concepção, como também de onde procedem as suas idéias do Pai, Filho, Espírito e Mãe. É menos fácil embaralhar al piacere as cartas da cronologia Budista do que as de Krishna e Cristo. Eles não podem colocar (apesar do muito que quiseram) o nascimento de nosso Senhor Sangyas Buddha na era de J.C. como imaginaram colocar a de Krishna. Mas, porque um ateu e materialista como o senhor Rhys Davids evita assim a interpretação correta de nossas crenças, mesmo quando acontece de compreendê-las, o que não ocorre todos os dias, é algo curioso em extremo! Nessa ocasião o cego e culpado senhor Rhys Davids conduz o cego e inocente senhor Lillie até o fosso onde este último aferrando-se a oferecida bagatela fica feliz com a idéia de que o Budismo ensina na realidade - um Deus pessoal! Saberá a vossa Sociedade Teosófica Britânica a significação dos triângulos preto e branco entrelaçados do símbolo da Sociedade Mater e que ela também adotou? Devo explicar? - o triângulo duplo considerado pelos Kabalistas judeus como o Selo de Salomão, é, como muitos de vós sem dúvida conhecem, o Sri-Yantra do antigo Templo Ariano, o "mistério dos Mistérios", uma síntese geométrica de toda a doutrina oculta. Os dois triângulos entrelaçados são o Buddhagamaas da Criação. Contém a "quadratura do círculo", "a pedra filosofal", os grandes problemas da Vida e da Morte e o Mistério do Mal. O chela que pode explicar este signo em cada um dos seus aspectos, é virtualmente um Adepto. Como é então que a única pessoa entre vós que chegou tão próximo de desenredar o mistério, é também a única que não obteve nenhuma das suas idéias dos livros? Ela dá inconscientemente (a quem possue a chave), a primeira sílaba do Nome Inefável! Naturalmente sabeis que o triângulo duplo - o Satkiri Chakram de Vishnu ou a estrela de seis pontas, é o sete perfeito. Em todas as obras sânscritas antigas (Védicas e Tantrikas) encontrais mencionado o número seis mais do que o sete, estando este último algarismo, o ponto central, imperfeito, pois é o germem dos seis e suas matrizes. É então assim...,14 o ponto central representa o sete, e o círculo, o Mahakasha (espaço infinito) representa o Sétimo Princípio Universal. Em um sentido, os dois são considerados como Avalokitesvara, pois eles são respectivamente, o Macrocosmo e o microcosmo. Dos triângulos entrelaçados, o que tem o ápice para cima é a Sabedoria oculta, e o de ponta para baixo é a Sabedoria Revelada (no mundo fenomenal). O círculo significa a qualidade limitadora do Todo, o Princípio Universal que, de qualquer ponto determinado, e expande de modo a abranger todas as coisas, ao mesmo tempo que corporifica a pontencialidade de cada ação no Cosmos. Como o ponto, então é o centro ao redor do qual está traçado o círculo, eles são idênticos e unos. Embora sob o ângulo de Maya e Avidya (ilusão e ignorância) um está separado do outro pelo triângulo manifestado, cujo três lados representam as três gunas (atributos finitos). Na simbologia, o ponto central é Jivatma (o Sétimo Princípio) e portanto
Avalokitesvara, o Kwan-Shai-yin, a "Voz" manifestada (ou Logos), o ponto germinal da atividade manifestada; daí na fraseologia dos Kabalistas Cristãos, "O Filho do Pai e da Mãe", comparável ao nosso "Yi-hsin" (o Espírito único manifestado nos seres), a "forma Una de existência", o filho de Dharmakaya (a essência difundida universalmente), tanto macho como fêmea. Parabrahman, ou "AdiBuddha", enquanto atua através daquele germem se mostra externamente como uma força ativa, reage a partir da circunferência internamente como a Suprema Potência, mas latente. Os triângulos duplos simbolizam o Grande ivo e o Grande Ativo; macho e a fêmea; Purusha e Prakriti. Cada triângulo é uma Trindade pois apresenta um tríplice aspecto. O branco representa em suas linhas retas: Jnanan (Conhecimento); Jnata (o Conhecedor); Jneyam (aquilo que é conhecido). O negro - forma, côr e substância, e também as forças criativa, preservativa e destrutiva e são mutuamente correlatas, etc., etc. Pois bem, podeis irar e mais ainda assombrar-se diante da maravilhosa lucidez dessa extraordinária vidente, que ignorando o sânscrito e o pali e, portanto, ignorando os seus tesouros matafísicos, no entanto, viu uma grande luz resplandecendo por detrás das obscuras colinas das religiões exotéricas...Como, pensais, chegaram a saber os autores do "O Caminho Perfeito" que Adonai era o Filho e não o Pai; ou que a terceira pessoa da Trindade Cristã é feminina? A verdade é que nessa obra, eles pam várias vêzes as suas mãos na pedra fundamental do Ocultismo. Se tão somente a autora (que persiste em usar em seus escritos, sem dar nenhuma explicação, o enganoso termo "Deus") soubesse o quão próximo chega a nossa doutrina, quando diz: "Tendo por Pai o Espírito, que é Vida (o círculo sem fim ou Parabrahman) e por Mãe o Grande Abismo, que é a Substância (Prakriti em sua condição indiferenciada), Adonai possue a pontecialidade de ambos e exerce os poderes duais de todas as coisas". Nós diríamos tríplices, mas, no sentido em que foi dado, este termo servirá. Pitágoras tinha razão para nunca usar o número 2, finito e inútil, e para colocá-lo de lado completamente. O UNO pode, quando se manifesta, converter-se em três, somente. O i manifestado, quando é uma simples dualidade, permanece ivo e oculto. A mônada dual (os Princípios Sétimo e Sexto) a fim de se manifestar como um Logos, o "Kwan-shai-yin", primeiro tem que se tornar uma triada (Sétimo, Sexto e a metade do Quinto); depois, no seio do "Grande Abismo" atraindo dentro de si o Círculo Uno, forma com ele o Quadrado perfeito, e desta maneira a "quadratura do círculo", o maior de todos os mistérios, meu amigo; e inscrever dentro da última a PALAVRA (o Nome Inefável), de outra maneira a dualidade nunca poderia permanecer como tal e teria de ser reabsorvida no UNO. O "abismo" é Espaço; simultaneamente macho e fêmea. Purush (como Brahma) respira na Eternidade; quando "ele" inspira, Prakriti (como Substância manifestada) desaparece em seu seio; quando "ele" expira, ela reaparece como Maya, diz o sloka. A Realidade Una é Mulaprakriti (Substância indiferenciada) a "Raiz sem raiz", a...Mas devemos nos
deter, de outra maneira restaria pouco para ser narrado por meio de vossas próprias intuições. É bem possível que o Geômetra da S.R.18 não saiba que o aparente absurdo de tentar a quadratura do círculo esconde um mistério inefável. Dificilmente será encontrado entre as pedras angulares das especulações do senhor Roden Noel sobre o "corpo pneumático"...de nosso Senhor, nem entre os débris (restos) da obra do senhor Farmer, "uma Nova Base de Crença na Imortalidade", e para muitas destas mentes metafísicas, seria mais do que inútil divulgar o fato de que o Círculo Imanifestado (o Pai ou Vida Absoluta), é inexistente fora do Triângulo e do Quadrado Perfeito, e que só se manifesta no Filho e que é quando inverte a ação e retorna o seu estado absoluto de Unidade, e o quadrado se expande uma vez mais num Círculo, que "o Filho retorna ao seio do Pai". Alí permanece até que é chamado para que retorne, por sua Mãe, "o Grande Abismo", para voltar a se manifestar como uma triada, o Filho compartilhando, ao mesmo tempo, de ambas as Essências, a do Pai e a da Mãe, esta a Substância ativa, Prakriti em sua condição diferenciada. "Minha Mãe (Sophia, a Sabedoria manifestada) me tomou", diz Jesus em um tratado Gnóstico; e pede aos seus discípulos que esperem até que ele venha...A verdadeira "Palavra" 'so pode ser encontrada seguindo-se o mistério da movimentação interior e exterior da Vida Eterna, através dos estados representados nestas três figuras geométricas.* A crítica de "Um estudante de Ocultismo", cuja agudeza se aguçou pelo ar das montanhas de seu lar, e a resposta de "S.T.K. Chary" ("O Teosofista" de junho) relativa à uma parte das vossas exposições sobre anéis e círculos vossas, não necessitam encomodar ou perturbar, de nenhuma maneira, a vossa calma filosófica. Como diz o nosso "chela" de Pondicherry, de uma maneira significativa, nem a vós nem a nenhum outro homem sobre o portal, foi ensinado nem se ensinará jamais a "teoria completa" da Evolução, ou a obterá, a menos que a advinhe por si mesmo. Caso alguém possa desenredá-la dos emaranhados fios em meio aos quais se lhe mostra, muito bem; e seria uma prova muito boa de sua visão interior espiritual. Alguns chegaram muito próximo dela: Entretanto, há, mesmo nos melhores deles, bastante erro, engano, aparência enganosa e interpretação equivocada; a sombra de Manas projetando-se através do campo de Buddhi, para provar a lei eterna de que só o Espírito liberado de todo impedimento poderá ver as coisas do Espírito, sem um véu. Nenhum diletante inculto poderá jamais rivalizar-se com aquele que é perito neste ramo de investigação; entretanto, os verdadeiros Reveladores do mundo têm sido poucos e seus pseudo-Salvadores, uma legião; e afortunado será se os seus semi-relances da luz não sejam, como no Islã, forçados pela ponta da espada, ou como a Teologia Cristã, entre as chamas das fogueiras e as câmaras de tortura. Os vossos Fragmentos contêm alguns erros, embora muito poucos, devido unicamente aos vossos dois preceptores de Adyar, um dos quais não vos diria tudo e o outro não o poderia. O resto não podia ser chamado
de erros, melhor, explicações incompletas. Elas são devidas, em parte, à vossa própria e imperfeita educação em vosso último tema; eu me refiro às obscurações; parcialmente aos pobres veículos da linguagem a nossa disposição e, de novo em parte, devido à reserva imposta sobre nós pelas regras. Mas, considerando todas as coisas, eles são poucos e triviais; quanto àquelas notadas por "Um estudante etc." (o Marco Aurélio de Simla), em vosso número VII, será agradável saberdes que cada um deles, por mais que agora vos pareça contraditório, pode ser comprovado com fatos com facilidade, (e o serão, caso fôsse necessário). A dificuldade está em que (a) não vos podem ser dados os verdadeiros números e diferenças nas Rondas e (b) porque não abris suficientes portas para os exploradores. A brilhante luminária da S.T.B. e as Inteligências que a rodeiam (incorporadas, quero dizer) pode ser que vos ajudem a ver as falhas; de qualquer modo, experimentai "nada jamais se perdeu por experimentar". Compartilhai com todos os principiantes a tendência de tirar conclusões demasiado impetuosas e absolutas, de sugestões parcialmente captadas, e de dogmatizar sobre elas como se houvesse sido pronunciada a última palavra. Corrigireis isso no devido tempo. Podeis nos compreender mal, é bem provável que o façais, pois a nossa linguagem deve sempre ser, mais ou menos, o da parábola e sugestão, quando pisamos sobre terreno proibido; temos os nossos modos peculiares de expressão e o que está atrás da barreira das palavras é mais importante ainda do que o que lêdes. Mas, novamente experimentam. É possível que se o senhor S. Moses pudesse conhecer exatamente o que se quiz dizer-lhe, e acerca de suas Inteligências, iria encontrar que tudo é a exata verdade. Como é um homem de crescimento interno, o seu dia pode chegar e sua reconciliação com "os Ocultistas" será completa. Quem o sabe? Entretanto, e com a vossa permissão, eu termino este primeiro volume. K.H.
Carta Nº 060 Nenhum selo ou carimbo aparece no envelope original desta carta. Traz apenas o endereço, "A.P. Sinnett, Esq." em tinta azul na escrita de K.H. O Mahatma mostra-se procurando ponderar com Sinnett e talvez mesmo confortá-lo um pouco. Parece que Sinnett, ultimamente, debatia-se em dúvidas, em parte ocasionadas por sua convicção de que o Mahatma tinha mesmo se apossado do corpo de Laura Holloway e falado através dela, e pela negativa do Mahatma de que isto pudesse em algum momento ter acontecido. A carta também fala do retrato pintado por Herr Schmiechen. O Cel. Olcott conseguiu dele um esboço de retrato do Mahatma M. que tinha sido feito para ele algum tempo antes, por alguém que, disse ele, não
era um ocultista, e conquanto a semelhança fosse inquestionável, não mostrava o que o Cel. chamava "de o esplendor de alma que ilumina o semblante de um adepto". Ele desejava bastante conseguir um retrato melhor. Ele consultou vários artistas de Londres, e embora ele considerasse os resultados como "razoáveis", nenhum dos retratos era, no conjunto, melhor do que o possuido por ele. Para sua grande satisfação, Herr Schmiechen concordou em fazer um teste de inspiração. A fotografia (de um desenho original a crayon) foi lhe ada sem nenhuma sugestão quanto ao modo de ser trabalhada. Ele começou o trabalho no dia 19 de junho e terminou em 9 de julho. Nesse período visitei o seu estúdio quatro vezes sozinho e uma vez com H.P.B., e estava encantado com o desenvolvimento gradual ou a imagem mental que tinha sido vividamente impressa em seu cérebro, e que resultou em um retrato tão perfeito de meu Guru como se tivesse sido pintado ao vivo. Ao contrário dos outros, que copiaram a idéia esboçada, Schmiechen representou o rosto bem de frente, projetando nos olhos um fluxo tal de vida e um sentido de presença da alma, a ponto de surpreender completamente o observador. Foi um puro trabalho de gênio e uma prova cabal de transferência de pensamento como eu posso imaginar. ("Velhas Páginas de um Diário"). Herr Schmiechen também pintou um retrato do Mahatma K.H., dois de H.P.B. Sem dúvida, Sinnett recebeu uma das cópias do retrato do Mahatma K.H. Meu bom amigo - Shakespeare disse verdadeiramente que "nossas dúvidas são traidoras". Por que deveis duvidar ou criar sempre na vossa mente, monstros crescentes? Um pouco mais de conhecimento em leis ocultas teria deixado tranquila a vossa mente há muito tempo, evitando muita lágrima para a vossa gentil senhora e dores para vós. Saibai, então, que mesmo chelas do mesmo gurú são frequentemente separados e mantidos à distância por longos mêses enquanto o processo de desenvolvimento está em curso - simplesmente devido a dois magnetismos contrários que, atraindo-se ao outro, impedem o desenvolvimento mútuo e INDIVIDUALIZADO em alguma direção. Não se intenciona com isso causar ressentimento algum. Esta ignorância tem causado, ultimamente, imenso sofrimento de todos os lados. Quando ireis confiar de modo implícito em meu coração, se não em minha sabedoria, pelo que não peço reconhecimento algum de vossa parte? É extremamente doloroso ver-vos vagar num labirinto escuro criado por vossas próprias dúvidas, e do qual fechais cada saída com as vossas próprias mãos. Creio que agora estais tão satisfeito com meu retrato feito por Herr Schmiechen, como insatisfeito com aquele que tendes. Não obstante todos são semelhantes, à sua maneira, apenas que, enquanto os outros são produzidos por chelas, o último foi pintado com a mão de M. sobre a cabeça do artista, e inúmeras vêzes sobre o seu braço.
K.H. Rogo-vos que permaneceis para a reunião de quarta-feira, se sentis que não deixareis o CÍRCULO INTERNO. De outra maneira ide, relembrando que a minha amizade VOS AVISOU. Só que deveis evitar, se for o caso, de ferir os sentimentos daqueles que pecam por excesso e não por falta de devoção.
Carta Nº 061 Por essa ocasião, a eleição dos diretores da Loja de Londres se realizara; H.P.B. fôra e voltara. O Cel. Olcott e Mohini estavam hospedados na casa de Sinnett. O Mahatma comprometêra-se a informar a Sinnett o que deve ocorrer com Mohini. Sinnet Sahib, é informado, com as minhas respeitosas saudações, que o seu "guardião" está tão ocupado com assuntos oficiais que não pode dar nem um só momento de consideração à Loja de Londres ou aos seus membros, nem escrever-lhe individualmente, seja por meio de uma pena ou de precipitação, que é o método mais difícil, senão o mais custoso dos dois, ao menos para nossa reputação no ocidente. Mohini não pode ficar em Londres indefinidamente, nem por um período maior de tempo, pois tem deveres a cumprir em outros lugares; obrigações com a sua família como também com a Sociedade Teosófica. Além de ser um chela e, portanto, não um homem livre (na acepção comum do termo), ele tem numerosas bocas para alimentar em Calcutá e, ademais, deve ganhar suficiente para pagar ao amigo que lhe adiantou £125 para enfrentar as despesas de sua presente missão, apesar do que K.H. possa ou não fazer por ele, e com o que está proibido de contar como qualquer outro chela. Ao mesmo tempo sabei que ele necessita de uma mudança temporária de clima. Ele sofreu muito de frio na vossa casa, naquele quarto superior, onde não há estufa, e K.H. teve de rodeá-lo com uma dupla proteção contra um frio mortal que o ameaçava. Recordai que os hindus são plantas exóticas em seu inclemente e frio país, e aqueles que necessitam deles devem cuidar da sua sobrevivência. (Se, ao incomodar-vos Olcott no último domingo para dar-vos esta informação, não fiz com que ele vos dissesse, e acrescentasse isto, é porque quiz poupá-lo de vossa má vontade para com ele; a vossa mente já estava predisposta e se inclinava a crer que ele falava com toda franqueza). Além disso, se necessitais a ajuda de Mohini em Londres, os teósofos de Paris a necessitam mais ainda, pois que a educação oculta deles é inferior à vossa. Está estabelecido que ele deveria dividir o seu tempo igualmente entre todos o "centros de atividade espiritual" na Europa e se agora ele é solicitado a estar em Paris no dia 11 do presente mês, também se lhe permitirá que regresse a Londres quando o movimento no Continente estiver bastante firme. De qualquer forma, tereis Olcott na maior parte do tempo. Mas não temais: se se permite a Henry que
prolongue sua estadia em Londres, ele não dará "preocupações" a nenhum de vós por apresentar-se com as suas roupas asiáticas exotéricas e comuns pois não se alojará convosco, e sim com as senhoras Arundale, como foi anteriormente ordenado, havendo a ordem sido por mim reiterada, quando Madame Sahib observou que era melhor que ele se alojasse onde já estava, depois que Upasika saísse. Não é Olcott pior que muitos outros, e ainda que algumas pessoas não o itam, há piores argumentadores que ele. Não devo encerrar esta sem vos fazer saber que na crítica severa de Kingsford a justiça não está mais do vosso lado. Embora não estejais disposto a confessá-lo, vós demonstrais rancor, Sahib, rancor pessoal. Já a derrotastes e agora quereis mortificá-la e castigá-la. Isso não está bem. Deveríeis aprender a dissociar a vossa consciência, de seu eu externo, mais do que fazeis, se não quereis perder K.H. Pois ele está muito aborrecido com o que acontece. Perdoai-me as minhas observações, mas são para o vosso benefício. Assim desculpai-me. M.
Carta Nº 062 Meu pobre e cego amigo; sois completamente inapto para o ocultismo prático! Suas leis são imutáveis; e ninguém pode deixar de cumprir uma ordem que foi dada. Ela não pode enviar-me cartas e a carta deveria ter sido entregue a Mohini. Entretanto, eu a li; e estou determinado a fazer mais um esforço (o último que me permitiram), para abrir a vossa intuição interna. Se a minha voz, a voz de alguém que sempre vos foi amistosa na essência humana de seu ser, foi sempre seu amigo, não consegue fazer-se entender como já aconteceu muitas vêzes antes, então a nossa separação, torna-se inevitável, agora e para sempre. Dói-me por vós, cujo coração leio tão bem, apesar de cada protesto e dúvida de vossa natureza puramente intelectual, do vosso frio raciocínio ocidental. Mas o meu primeiro dever é para com o meu Mestre. E o dever, permitai-me que vos diga, é para nós mais forte que qualquer amizade ou mesmo amor; pois, sem este perdurável princípio que é o cimento indestrutível que manteve unidos, durante tantos milênios os guardiães dispersos dos grandes segredos da natureza, a nossa Irmandade, e ainda mesmo a nossa própria doutrina, teriam se fragmentado, há muito tempo, em átomos irreconhecíveis. Lamentavelmente, por maior que seja o vosso intelecto puramente humano, as vossas intuições espirituais são confusas e nebulosas, nunca tendo sido desenvolvidas. Daí que, toda vez que vos defrontais com uma aparente contradição, com uma dificuldade, uma espécie de inconsistência de natureza oculta, causada por nossas leis reverenciadas e normas de tempo (das quais conheceis, pois ainda não chegou a vossa ocasião), de imediato surgem as vossas dúvidas, as vossas suspeitas assumem forma e então verifica-se que elas ludibriam a parte melhor de vossa natureza, a qual é finalmente neutralizada por todas essas enganosas
aparências das coisas externas! Não possuis a necessária fé para deixar que a vossa Vontade se levante em desafio e menosprezo contra o vosso intelecto puramente mundano, e vos dê uma melhor compreensão das coisas ocultas e das leis desconhecidas. Vejo que sois incapaz de obrigar as vossas melhores aspirações (alimentadas na correnteza de uma verdadeira devoção à Maya que fizestes em mim, e que vós é um sentimento que sempre me comoveu profundamente), a que se alcem contra essa fria razão, uma razão espiritualmente cega, para permitir o vosso coração que pronuncie e proclame bem alto aquilo que até agora vos foi permitido sussurrar: "Paciência, paciência. Um grande desígnio nunca se conseguiu de imediato". Contudo, vos foi dito, que a senda que conduz às Ciências Ocultas deve ser palmilhada laboriosamente e cruzada com perigo de vida; que cada novo o nela, conduzente à meta final, está rodeado de armadilhas e crueis espinhos; que o peregrino que se aventura nela, primeiro tem que enfrentar e conquistar as mil e uma fúrias que vigiam os impenetráveis dos portais de entrada; fúrias chamadas de Dúvida, Ceticismo, Escárnio, Ridículo, Inveja e finalmente Tentação, especialmente a última; e que aquele que olhar mais adiante tem que primeiro destruir essa vivente muralha; e que deve possuir um coração e alma revestidas de aço e uma férrea determinação que nunca cede; e que, no entanto, deve ser benigno, humilde, benévolo e ter extinto em seu coração toda paixão humana que conduza ao mal. Sois, por acaso, tudo isso? Já iniciastes um curso de adestramento que levaria a isso? Não; sabeis tão bem como eu. Não nascestes para isso, nem vos encontrais em condições adequadas de forma alguma para a vida de um asceta, nem mesmo a de um Mohini; sois um homem de família com esposa e filho para manter, com trabalho a fazer. Então por que deveríeis queixar-vos de que poderes não vos são dados, de que mesmo não vos chega a prova de nossos próprios poderes, etc.? É verdade que oferecestes várias vêzes deixar de comer carne e beber, e eu recusei. Como não podeis vos tornar um chela regular, por que haveríeis de deixá-lo? Eu acreditava que tivésseis compreendido isto há muito tempo; que havíeis resignado, satisfeito, a esperar com paciência futuros acontecimentos e minha liberdade de ação pessoal. Sabeis que eu fui o único a tentar e perseverar em minha idéia da necessidade, ao menos, uma pequena reforma, ainda que fôsse um pequeno alívio da extrema rigidez das nossas regras, se quizéssemos ver os teósofos europeus aumentar em número e trabalhar pela iluminação e benefício da humanidade. Fracassei na minha tentativa, como sabeis. Tudo que obtive foi a permissão de me comunicar com uns poucos, convosco em primeiro lugar, pois eu vos havia escolhido como expositor de nossa doutrina, que decidiríamos dar ao mundo ao menos, até certo ponto. Impossibilitado, devido ao trabalho, de continuar os meus ensinamentos de uma maneira regular, estava decidido a reassumí-los depois que o meu trabalho tivesse sido feito e tivesse algumas horas livres à minha disposição. Eu estava atado de pés e mãos quando fiz aquela tentaiva de ajudá-lo a ter um periódico próprio. Não me foi permitido utilizar nenhum poder psíquico nesse assunto. Conheceis os resultados. Entretanto, eu teria obtido êxito,
mesmo com os poucos meios à minha diposição, se não fôra o alvoroço produzido pela Lei Ilbert, dedicastes pelo menos um pensamento, ou suspeitastes a verdadeira razão do meu fracasso? Não; porque não conheceis nada do vai-e-vem da operação do Karma; dos "golpes de retorno" dessa terrível Lei. Mas, sabeis que houve um tempo em que sentistes o mais profundo desprezo por todos nós, de raças de pele escura e considerastes os indianos como sendo uma raça inferior. Não direi mais do que isso. Se possuís alguma intuição relacionareis a causa e o efeito e é possível que deis conta de onde proceder o fracasso. Então novamente tivestes contra vós a ordem do nosso Supremo Chefe (não interferir com o crecimento natural da Loja de Londres e o desenvolvimento psíquico e espiritual dos seus membros) especialmente com o vosso. Sabeis que mesmo para vos escrever, ocasionalmente, foi permitido só como um favor especial depois do fracasso do Phoenix. Quanto à exibição de qualquer poder psíquico ou oculto, esteve e ainda está totalmente fora de toda possibilidade. Sentistes-vos surpreso diante da interferência na disputa entre a Loja de Londres e Kingsford? E ainda sois incapaz de compreender porque nós fizemos isto ou aquilo? Creia-me que aprendereis algum dia, quando souberdes melhor, que tudo isso foi causado POR VÓS MESMO. Também vos ressentis do aparente absurdo de se confiar a H.S.O. uma missão para a qual o considerais incapaz, social e intelectualmente, ao menos em Londres. Bem, é possível que algum dia aprendereis que também estáveis equivocado nisto, como em muitas outras coisas. Os resultados futuros poderão ensinar-vos uma lição amarga. E agora, vamos ao último esclarecimento, à prova de que não fostes "injustamente tratado", como vos queixais em vossa carta, embora tratastes, tanto a H.S.O. como a H.P.B., de uma maneira muito cruel. A vossa maior queixa é causada pela sua perplexidade. Dizeis que é agonizante ser deixado sempre de lado, etc. Senti-vos profundamente ferido antes o que qualificastes de uma evidente e crescente "inimizade" uma mudança de tom e assim por diante. Estais equivocado do princípio ao fim...Não houve "inimizade", nem nenhuma mudança nos sentimentos. Simplesmente interpretastes mal a forma brusca própria de M., sempre que escreve ou fala com seriedade. Quanto as minhas breves observações sobre vós, feitas a H.P.B., que apelou para mim, e que estava no seu direito, nunca pensastes na razão real e verdadeira: eu não tinha tempo: apenas podia ter um pensamento ageiro sobre vós ou a Loja de Londres. Como bem o disse ela: "Ninguém jamais pensou em acusar-me de nenhum dano intencional" seja para nós mesmos ou para nossos chelas. No que se refere a um caso, sem intenção (e por sorte evitado por mim), houve um dano na verdade: o descuido. Nunca pensastes na diferença entre a constituição de um bengalí e a de um inglês, o poder de resistência de um e o mesmo poder no outro. Mohini ficou durante dias num quarto muito frio sem nenhuma estufa. Ele não pronunciou uma só palavra de
queixa, e eu tive que protegê-lo para lhe evitar um séria enfermidade, dar-lhe meu tempo e atenção, a ele que tanto eu necessitava que atingisse certos resultados, a ele que havia sacrificado tudo por mim... Daí a inflexão de M. de que vos queixais... Agora tendes a explicação de que não fostes "tratado com injustiça", mas que simplesmente tivestes que receber uma observação que era imposível evitar já que o erro poderia ter ocorrido outra vez. Além disso, negais que tenha havido alguma vez animosidade de vossa parte contra K.3 Muito bem, chame-o por qualquer outro nome que quiserdes, entretanto foi um sentimento que se interpôs inexoravelmente e fêz que O. cometesse uma asneira ainda pior do que já havia cometido, mas que se permitiu seguisse o seu curso porque serviu aos nossos propósitos e não produziu grande dano, exceto a ele mesmo, que foi repreendido de uma maneira inflexível. Vós o acusais de haver causado dano, talvez "irreparável", a vossa Sociedade? Onde está o dano causado?... De novo estais equivocado. São os vossos nervos que vos fizeram escrever para H.P.B. palavras que eu quisera jamais tivésseis pronunciado, para o vosso próprio bem. Deverei vos provar, ao menos em um caso, quão profundamente fôstes injusto, ao suspeitar de qualquer dos dois de ter se queixado ou dito falsidades para nós a vosso respeito? Espero, entretanto, que não repetireis jamais o que vos direi: isto é, quem foi (ou pudesse ter sido, mas não foi, pois ela chegou muito tarde) meu inocente informante sobre Mohini. Estais em liberdade para comprová-lo algum dia, mas não desejo que esta mulher tão excelente, se sinta incomodada ou desgraçada por minha culpa. Foi Mme. Gebhard a quem eu havia prometido visitar subjetivamente. Eu a vi numa manhã, quando descia a escada e eu estava ocupado com Mohini, tornando-o impermeável. Ela havia ouvido como batiam os seus dentes com o frio, pois ele estava também descendo do andar superior. Ela sabia que ele se encontrava no seu pequeno quarto sem calefação, dias depois que Olcott havia partido, quando teria sido fácil alojá-lo no quarto próximo. Ela parou para esperá-lo e quando olhei dentro dela, ouvi estas palavras pronunciadas mentalmente: "Bem, bem...se o seu Mestre o soubesse!..." e então, parando no patamar, ela lhe perguntou se ele não tinha mais alguma roupa mais quente e outras palavras afetuosas sememlhantes. "Seu Mestre sabia e já havia remediado o mal e sabendo também que havia sido sem intenção, não se sentiu inamistoso" nesse momento, pois conhece muito bem os europeus para esperar deles mais do que podem dar. Nem foi essa a única reprovação muda que eu encontrei endereçada a vós no coração de Mme. Gebhard, como nas mentes de vários outros de vossos amigos: (e é correto que o sabeis) lembrando que, como vós, eles julgam quase tudo baseado na aparência. Não direi nada mais. Mas, se derdes uma outra olhada no Karma, pensai no que foi dito acima, e lembrando que o Karma sempre trabalha nas mais inesperadas maneiras. E agora fazei a pergunta a vós mesmo, até que ponto estáveis correto em manter suspeitas contra Olcott, que não sabia em absoluto nada das circunstâncias, e contra H.P.B., que se encontrava em Paris e sabia menos ainda. Entretanto,
meras suspeitas degeneram em convicção (!) e se fizeram objetivas em reprovações escritas e expressões muito pouco generosas as quais, desde a primeira até a última, eram imerecidas. Não obstante, tudo isso, ontem vos queixastes com amargura, para a senhorita A.4 sobre a resposta de Mme. B. para vós; a qual, considerando todas as circunstâncias especiais e seu próprio temperamento, foi, o que é surpreendente, uma carta suave quando a confrontamos com a vossa carta para ela. Tampouco posso aprovar a vossa atitude em relação a Olcott, se é que o meu conselho e opinião são desejados. Se estivésseis em sua posição e fôsseis culpado, dificilmente teríeis lhe permitido que vos acusasse em termos tais como falsificação, calúnia, mentiras, falsidades e da mais estúpida incopetência para o seu trabalho. E Olcott é inocente, por completo, de qualquer um de tais pecados! Quanto ao seu trabalho, devemos permitir-nos na verdade, conhecer melhor. O que queremos são bons resultados e verificareis que os temos. Na verdade "a suspeita derruba o que a confiança constrói"! E se, por uma parte tendes alguma razão para citar Bacon contra nós, e dizer que "não há nada que faz um homem suspeitar muito quanto o pouco que ele conhece", por outra, deveríeis também recordar que o nosso Conhecimento e Ciência não podem ser buscados em absoluto baseando-se em métodos Baconianos. Não nos é permitido, suceda o que suceder, oferecê-los como um remédio contra a suspeita, ou para curar dela as pessoas. Essas pessoas devem ganhá-los por si mesmas, e aquele que não descobrir as nossas verdades em sua alma e em si mesmo, tem poucas possibilidades de êxito no Ocultismo. Certamente não é a suspeita que remediará a situação, pois ela é: "...uma pesada armadura, e com o seu próprio peso estorva mais do que protege". E com esta última observação podemos, creio, esquecer para sempre este assunto. Vós atraístes sofrimento sobre vós mesmo, sobre a vossa senhora e muitos outros, o que foi bastante inútil e poderia ter sido evitado se tão somente tivésseis evitado criar a maioria de suas causas. Tudo o que a senhorita Arundale vos disse foi verdade e bem dito. Estais arruinando o que construístes com tanto trabalho; mas, por outro lado, a estranha idéia de que somos totalmente incapazes de ver por nós mesmos, que os nossos únicos dados são os que encontramos nas mentes de nossos chelas e que, por isso, não somos os "seres poderosos" que imaginastes, parece perseguí-lo cada dia mais. Hume começou da mesma maneira. De bom grado eu vos ajudaria e vos protegeria do seu destino, mas, a menos que vos desvencilhastes da maléfica influência que pesa sobre vós, eu posso fazer muito pouco. Perguntai-me se podeis dizer a senhorita Arundale o que vos comuniquei por intermédio da senhora H.5 Tendes completa liberdade para explicar-lhe a situação e com isso justificar perante ela, a vossa aparente deslealdade e rebeldia sua contra nós, como ela pensa. Pode
fazê-lo, tanto mais que jamais vos comprometi em qualquer coisa com a senhora H.; nunca me comuniquei convosco ou com qualquer outro, por intermédio dela e, segundo o meu conhecimento, tão pouco o fiz através dos meus chelas ou dos de M., exceto na América, uma vez em Paris e outra na casa da senhora A. Ela é uma excelente clarividente, embora completamente sem desenvolvimento. Se ela não tivesse se intrometido imprudentemente, e tivésseis seguido, de fato, o conselho da Velha Dama (H.P.B.) e de Mohini, agora eu poderia ter falado convosco por intermédio dela, e essa era a nossa intenção. É outra vez a vossa própria culpa, meu bom amigo. Reclamastes orgulhosamente o privilégio de exercer a vossa prórpia e descontrolada opinião em questões ocultas, das quais não podíeis conhecer nada, e as leis ocultas que acreditais poder desafiar e manejar impunemente voltaram-se contra vós e vos produziram bastante danos. Tudo é como deve ser. Se, deixando de lado toda idéia preconcebida, pudésseis PROVAR e impressionar-vos intimamente com esta profunda verdade de que o intelecto não é, em si, todo poderoso, que para alguém se tornar um "movedor de montanhas" tem primeiro de receber vida e luz de seu Princípio superior, o Espírito, e então fixásseis vossos olhos em tudo que está oculto, espiritualmente tratando de desenvolver a faculdade de acôrdo com as regras, então logo compreenderíeis o mistério corretamente. Não necessitais dizer a senhora H.6, que ela nunca viu, pois não é assim. Mais de uma vez ela viu com exatidão; quando deixada entregue a si mesma nunca deturpou uma só afirmação. E agora terminei. tendes dois caminhos diante de vós, um, que leva a uma senda árida, em direção ao conhecimento e à Verdade, o outro...mas, na verdade, não devo influenciar a vossa mente. Se não estiverdes disposto a romper conosco de uma vez, então vos pedirei não só que estajais presente na reunião, como também que falai, pois de outra maneira causareis uma impressão muito desfavorável. Isto vos peço que façais em meu favor, e também para o seu. Apenas que seja o que fizerdes, permitai-me advertir-vos a não vos deter no meio do caminho: poderia resultar desastroso para vós Entretanto, a minha amizade para convosco continua a mesma, como sempre, pois nunca mesmo fomos ingratos com relação a serviços prestados. K.H.
Carta Nº 063 Recebida em Londres no verão de 1884. Obviamente Sinnett havia perguntado ao Mahatma K.h. sobre a possibilidade de publicar as cartas recebidas dele e do Mahatma M.
Aqui encontramos a proibição explícita contra este procedimento ao longo de todo o livro. Bom amigo: Quando começou a nossa primeira correspondência, não havia, então, a menor idéia de se fazer uma publicação tendo por base as respostas que pudésseis receber. Continuastes fazendo perguntas sem ordem determinada, e as respostas, sendo dadas em ocasiões diferentes para perguntas não relacionadas entre si e, por assim dizer, debaixo de um semi-protesto eram, necessariamente, imperfeitas, e com frequência sob pontos de vista diferentes. Quando vos permiti a publicação de algumas delas no "O Mundo Oculto", esperava-se que, entre os vossos leitores, alguns pudessem (como vós) juntar as partes diferentes e desenvolver com base nelas o arcabouço ou um vislumbre do nosso sistema, o qual, embora não exatamente como o original, pois isso seria impossível, seria a maior aproximação possível, ao alcance de um não-iniciado. Mas os resultados mostraram-se quase desastrosos! Tentáramos uma experiência e fracassamos de maneira lamentável! Agora vemos que ninguém, a não ser aqueles que já aram pelo menos pela sua terceira iniciação, é capaz de escrever sobre esses assuntos de uma maneira compreensível. Um Herbert Spencer teria feito uma confusão com isso, sob as vossas circunstâncias. E Mohini não está totalmente certo, em alguns detalhes está positivamente equivocado, mas igualmente também o estais, meu velho amigo, embora o leitor superficial é menos ainda sábio para isso, e até agora ninguém percebeu os erros vitais no "Buddhismo Esotérico" e no "O Homem", nem é provável que os notem. Não podemos dar mais informações sobre o tema que tratastes e temos que deixar os fatos já comunicados para serem combinados em uma filosofia consistente e sistemática pelos chelas da Sede Central. A Doutrina Secreta explicará muitas coisas e corrigirá mais de um estudante perplexo. Portanto, colocar diante do mundo todo o material complicado sem burilamento, de que dispondes, na forma de velhas cartas, nas quais, eu confesso, muito foi propositalmente obscurecido, iria somente produzir mais confusão. Em vez de fazer com isso algum bem a vós e a outros, isso somente vos colocaria numa posição ainda mais difícil e atrairia críticas sobre as cabeças dos "Mestres", e assim atrazando a influência no progresso humano e na S.T. Por isso é que eu protesto, com a maior energia, contra a vossa idéia. Deixai à "Doutrina Secreta" a tarefa de vingá-lo. Minhas cartas não devem ser publicadas na forma que sugeris, mas, pelo contrário, se quereis evitar trabalho a Djual K., deveríeis enviar cópias de algumas ao Comitê Literário de Adyar, sobre o qual já vos escreveu Damodar, de forma que, com a ajuda de S.T.K. Charya, Djual K., Subba Row e o Comitê Secreto, do qual excluimos de propósito H.P.B. para evitar novas suspeitas e calúnias, eles poderão utilizar a informação para a realização do objetivo para o qual se formou o Comitê, conforme foi explicado por Damodar na carta que escreveu, seguindo ordens recebidas. Não é um "novo assunto Kiddle"
que trato de evitar nem a crítica dirigida contra a minha personalidade, a qual na verdade, dificilmente pode ser atingida, mas tentar vos salvar e à Sociedade de novos distúrbios, que desta vez seriam sérios. As cartas, em resumo, não foram escritas para a sua publicação ou para comentários públicos sobre elas, e sim para uso privado, e nem M., nem eu, nunca daremos consentimento para vê-las assim manejadas. Quanto à vossa primeira carta, Dj. K. recebeu instruções para atendêla. Em coisas tão delicadas eu sou menos competente ainda para dar conselhos do que para satisfazer aspirantes a "chelas" da classe de "L.H.C.". Temo que a "pobre e querida senhora Holloway esteja mostrando os seus dentes brancos e com dificuldade seria considerada agora "uma companhia encantadora". Seguindo instruções, Olcott escreveu uma carta a Finch, a qual dá a chave do pequeno problema. Trata-se novamente, de Fern, Moorad Ali, Bishen Lal e outros náufragos. Porque será que "aspirantes" a chelas, com tão intensa personalidade, forçam colocar-se dentro do círculo encantado e periogoso da provação! Perdoai a minha curta carta, estou agora muito ocupado com o ano novo. K.H.
Carta Nº 064 Recebida em Londres, verão de 1884. De novo Sinnett datou errado a carta. Ele anotou que esta carta foi recebida no "Verão, 1884", mas não poderia ter sido tão anterior, pelo seu conteúdo, e também porque foi a carta ditada para a escrita por Djual Khul na cabine de H.P.B., quando ela estava a caminho do Egito e dali para a Índia. Provavelmente foi escrita em 8 de novembro. F.A. era a Srta. sca Arundale, membro proeminente da Sociedade na Inglaterra, na época tesoureira da Loja de Londres, e uma das poucas pessoas que receberam uma carta do Mahatma K.H. A Carta nº.134 relaciona-se principalmente com a Sra. Holooway e trata da "provação" sobre a qual H.P.B. se queixa em sua carta (nº.133). Sinnett havia reado para o Mahatma uma carta que a Sra. Holooway escrevera e mandara através de Mohini. A carta devia estar carregada de presunção ("Attavada"). Estritamente privada, exceto para Mohini e F.A.1 Bom amigo: Esta não é uma resposta à vossa última. A carta para o meu endereço, enviada por vós através de Mohini, jamais foi escrita por vós mesmo. Na verdade, foi escrita por alguém, que na ocasião, estava por completo sob a influência de uma criatura de Attavada
"O pecado do Eu, que no Universo Vê a sua querida face como um espelho". - e somente a sua; em cada uma das palavras ele confiou, então, implicitamente; talvez, (isto é até em certo ponto uma justificação) porque não veio nenhuma interferência esperada, nenhuma palavra de advertência proveniente de nós. Assim, não há respeito algum para ela, pois preferimos virar uma nova página. Ah, por quanto tempo ainda os mistérios do chelado vão dominar e desviar da senda da verdade, tanto o sábio e o perspicaz como o tolo e o crédulo! Quão poucos dos muitos peregrinos que têm de partir sem mapa ou bússola nesse ilimitado oceano do Ocultismo, alcançam a desejada terra. Creia-me, fiel amigo, que nada menos que uma completa confiança em nós, em nossos bons motivos, senão na nossa sabedoria, na nossa previsão, ou na nossa onisciência (que não há de ser encontrada nesta Terra), pode ajudar alguém a cruzar da sua terra de sonho e ficção até a nossa terra da Verdade, a região da austera realidade e dos fatos. De outra maneira o oceano se mostrará, devéras, ilimitado; as suas ondas levarão alguém, não mais sobre águas de esperança, mas tornarão cada ondinha em dúvida e suspeita e elas hão de ser amargas para aquele que começa com a mente carregada de preconceitos nesse funesto e agitado mar do Desconhecido! Entretanto, não vos sintais demasiado perplexo. A hora de provação já ou da metadade; tratai, antes, de compreender os "porques e os para que" da situação de estudar com mais seriedade as leis que governam o nosso "Mundo Oculto". Concordo convosco que essas leis, com frequência, parecem ser injustas e mesmo, em certos momentos, cruéis. Mas isso é devido ao fato de que elas nunca foram feitas para reparar de imediato os males, nem para ajudar diretamente aqueles que oferecem ocasionalmente a sua lealdade aos legisladores. Entretanto, os males aparentemente reais, evanescentes e ageiros, que elas fazem surgir, são tão necessárias ao crescimento, progresso e estabelecimento final de vossa pequena Sociedade Teosófica, como o são para a humanidade aqueles cataclismas na natureza, que muitas vêzes dizimam populações inteiras. Um terremoto pode ser precisamente uma benção e um maremoto pode vir a ser a salvação de muitos a expensas de alguns poucos. Presencia-se a sobrevivência dos "mais aptos", na destruição de cada velha raça e eles são levados a se misturarem e se assimilarem com a nova, pois a natureza é mais velha do que Darwin. Digai, então, para vós mesmo: "qualquer coisa que aconteça, não será motivo algum de lamentação", pois não se trata tanto de que sejam revelados novos fatos ao "grupo interno", quanto que velhos enígmas e mistérios sejam esclarecidos e explicados aos seus poucos membros verdadeiramente dedicados. Mesmo o simples sinal de haspas deixado por meu lápis, e ao qual vos opusésseis, teria tido um mundo de significado para alguém menos obscurecido do que vós, quando
escrevíeis a vossa última carta, baseada inteiramente nas astutas insinuações da vossa pseudo sibila. Era absolutamente necessário que o trabalho secreto do Karma ocorresse como experiência pessoal para esses fiéis membros (que inclui a vós), para que o seu significado mais profundo fôsse demonstrado praticamente (como também os seus efeitos) sobre estes voluntários obstinados e candidatos ao chelado que se lançariam debaixo da sombra sinistra de suas rodas. Em oposição ao acima alguns dirão: e a grande clarividência dela, o seu chelado, a escolha dela entre muitos, pelos Mestres? A clarividência dela é um fato, a sua escolha e chelado, outro. Por melhor que esteja preparado o chela, psíquica e fisiologicamente para corresponder a tal escolha, a menos que possua um altruísmo tanto espiritual como físico, e tenha sido escolhido ou não, acabará parecendo como chela com o tempo. O personalismo, vaidade e orgulho, ancorados nos princípios superiores são enormemente mais perigosos que os mesmos defeitos quando são inerentes somente à natureza física inferior do homem. São os vagalhões contra os quais a causa do chelado em seu estágio probacionário, seguramente se despedaçará, a menos que o aspirante a discípulo leve consigo o branco escudo da perfeita certeza e confiança naqueles que ele procura por montanhas e vales, para guiá-lo com segurança rumo à luz do Conhecimento. O mundo move-se e vive sob a sombra da mortífera árvore - upas do Mal; entretanto as suas exudações são perigosas, mas só podem atingir aqueles cujas naturezas superior e média são tão susceptíveis de infecção como a sua natureza inferior. As suas sementes venenosas podem germinar somente em um solo que as escolha e esteja bem preparado. Recordai-vos também do que aprendestes. A massa de pecado e fragilidade humanos é distribuida ao longo da vida do homem que se contenta em permanecer como mortal comum, mas é reunida e centralizada, digamos, durante o período da vida de um chela: o período de provação. Aquilo que está geralmente se acumulando para encontrar o seu escoamento normal no próximo renascimento de um homem normal, é acelerado e estimulado a vir à tona, em especial no candidato presunçoso e egoista que se precipita sem haver calculado as suas forças. Alguém que cavou tantas e profundas armadilhas para seus amigos e irmãos, caiu ela mesmo dentro, disse M. a H.P.B. na noite das revelações mútuas. Eu fiz o possível, mas não pude salvá-la. Ela havia entrado, ou diria melhor, colocou-se à força dentro de uma perigosa senda, com um duplo propósito em vista: (1) Transtornar toda a estrutura da qual ela não participava, e assim obstruir a senda para todos os outros, caso ela não considerasse o sistema e a Sociedade no nível de suas expectativas; e (2) Permanecer fiel e desenvolver o seu chelado e dotes naturais, que na verdade são consideráveis, somente se todas aquelas expectativas encontrassem resposta. É a intensidade de tal resolução que atraiu a
princípio a minha atenção. Conduzida gradualmente e com suavidade na correta direção, a aquisição de uma individualidade como essa teria sido muito valiosa. Mas há pessoas que, sem mostrar nunca nenhum sinal exterior de egoismo, são intensamente egoistas em suas aspirações espirituais internas. Uma vez que tenham escolhido o seu caminho, eles o seguirão com os olhos fechados aos interesses de todos os demais, exceto aos próprios, e nada verão fora do estreito caminho tomado pela sua própria personalidade. Estão tão intensamente absortas na contemplação de sua suposta "retidão" que nada jamais lhes parecerá correto que esteja fora do foco da sua própria visão, deformada pela contemplação complacente de si mesmos e por seu julgamento sobre o que é o bem e o que é o mal. Ah! uma pessoa assim é a nossa nova mútua amiga L.C.H.9 "O bem em ti é abjeto, o mal uma maldição", foi dito pelo nosso Senhor Buda, referindo-se a pessoas como ela; pois bem e mal "enganam aos que querem a si mesmos" e, aos demais, só em proporção aos benefícios que obtenham, ainda que esses benefícios sejam puramente espirituais. Despertada faz uns 18 mêses para uma curiosidade espamódica e histérica pela leitura cuidadosa do vosso livro "Mundo Oculto", e mais tarde, para uma inveja entusiástica pela do "Budismo Esotérico", ela determinou-se a "encontrar a verdade", segundo ela mesmo o expressou. Ou ela se tornaria um chela antes de tudo e principalmente para escrever livros, eclipsar deste modo o seu rival "laico", ou transtornaria toda a impostura com a qual nada tinha a ver. Decidiu ir à Europa e encontrar-vos. Sua fantasia super excitada, pondo uma máscara em cada fantasma errante, criou o "Estudante" e o fez servir ao seu propósito e desejo. Ela acreditava nele sinceramente. Nessa ocasião crítica e prevendo o novo perigo, eu interví. Dharb Nath10 foi enviado e a impressionou mentalmente três vêzes em meu nome. Durante um certo período os seus pensamentos foram guiados e se fez com que a sua clarividência servisse a um propósito. Se as suas aspirações sinceras tivessem conquistado a intensa personalidade de seu eu inferior, eu teria dado à Sociedade uma excelente ajuda e uma trabalhadora. A pobre mulher é por natureza boa e moral, mas essa mesma pureza é de uma espécie tão estreita, de um caráter tão presbiteriano, se posso usar esta palavra, a ponto de ela ser incapaz de ver esta beleza refletida em outra coisa que não seja o seu próprio eu. Só ela é pura e boa. De todos os demais deve se suspeitar e se suspeitará. A ela foi oferecido um grande dom mas o seu espírito obstinado não lhe permitia aceitar nada de ninguém que não tivesse enquadrado de acordo com o seu próprio modelo1. E agora ela receberá uma carta minha que conterá o meu ultimatum e condições. Não os aceitará, mas se queixará com amargura para alguns de vós, fazendo novas sugestões e insinuações contra alguém a quem finge adorar. Preparai-vos. Está se oferecendo a ela uma táboa de salvação mas há muito pouca esperança de que ela a aceite. Entretanto, tentarei uma vez mais; mas não tenho o direito de influir sobre ela em nenhum sentido. Caso aceitais o meu conselho,
abstende-vos de toda correspondência séria com ela, até que se apresente algum novo acontecimento. Tratai de salvar o "O Homem" examinando-o com Mohini e apagando dele as pretendidas inspirações e ditados do "Estudante". Tendo tido também em vista "um objetivo e um propósito" precisei deixá-la debaixo da sua auto-ilusão de que este novo livro foi escrito com a intenção de "corrigir erros" do "Budismo Esotérico" (de matá-lo, foi o verdadeiro pensamento), e só nas vésperas da sua partida ordenou-se à Upasika para que visse se Mohini tinha cuidadosamente expurgado todas as agens objetáveis. Durante a sua estadia na Inglaterra, a senhora H. nunca tinha permitido que vísseis o seu livro antes da publicação final. Mas eu quisera poupar a Mohini cinco mêses de trabalho e não permitirei que fique sem ser publicado. Embora muito fique sem explicação o pouco que possais extrair desta carta servirá ao seu propósito. Canalizará os vossos pensamentos em uma nova direção e revelará outro véu de domínio psicológico de "Isis". Se desejais aprender e adquirir Conhecimento Oculto, deveis, meu amigo, recordar que tal ensinamento abre na corrente do chelado mais de um canal imprevisto, a cuja corrente um chela "laico" deve, forçosamente ceder, ou do contrário, irá encalhar nos seus baixios; sabendo disso, deve abster-se sempre de julgar por meras aparências. O gelo está partido uma vez mais. Aproveitai-vos disso, se puderdes. K.H.
Carta Nº 065 Esta carta do Mahatma K.H. está anexada a uma carta de H.P.B. achada nas cartas dela para Sinnett. No post-scriptum à sua carta, H.P.B. escreve: "Neste mesmo instante eu recebo uma carta para você. Eu a anexo - perdôa-me, mas espero que seja a última, porque não tenho mais forças para sofrer". Meu amigo: Estais me pedindo que "lance luz" sobre o "novo e lamentável acontecimento", produzido pelas fantásticas acusações do senhor A. Gebbard. Enquanto isso, há uma dezena de acontecimentos de caráter bem mais doloroso, cada um deles calculado para esmagar a infeliz mulher escolhida como vítima e que estão maduros e prontos para arrebentar sobre a sua cabeça, ferindo também desafortunadamente a Sociedade. Além disso, eu poderia ter imaginado que, depois do meu notório fracasso em satisfazer a vossa rigorosa lógica nos espisódios "Billings-Massey" e "Kiddle-Ligth", as minhas explicações e opiniões pessoais eram consideradas de pouco valor no Ocidente? Não obstante, será que pensais como Whewell que "cada fracasso é um
o em direção ao êxito" e a sua confiança em mim deve alarmar seriamente os vossos amigos? Com a vossa permissão, deixei a explicação do "doloroso incidente" para a própria Mad. B. Entretanto, como ela vos escreveu apenas a verdade pura e simples, há pouca possibilidade de ser acreditada, salvo, possivelmente, por seus poucos e chegados amigos, caso ela ainda tenha algum quando receberdes esta carta. Deveis ter compreendido agora amigo meu, que a tentativa que fazemos a cada século para abrir os olhos do mundo cego, quase fracassou: na Índia parcialmente; na Europa completamente, com algumas exceções. Há somente uma oportunidade de salvação para aqueles que ainda crêem: unirem-se e fazerem frente à tormenta com coragem. Que os olhos dos mais inteligentes dentre o povo sejam abertos para a sórdida conspiração contra a Teosofia que se leva a cabo nos círculos missionários, e no fim de um ano tereis recobrado o terreno perdido. Na Índia é: "ou Cristo ou os Fundadores (!!) Vamos matá-los a pedradas!" Quase terminaram de matar a um; e agora estão atacando a outra vítima, Olcott. Os padres estão tão ativos como abelhas. A S.R.I.P.4 lhes deu uma excelente oportunidade para capitalizar a atuação de seu representante. O senhor Hogdson foi fácil vítima de uma evidência falsa e a impossibilidade científica a priori de tais fenômenos darem e à realidade dos fenômenos que ele viera investigar e relatar, está total e completamente desacreditada. Ele pode alegar como uma desculpa excusa a frustração pessoal que experimentou, que fez com que se voltasse com fúria contra os pretendidos autores da "gigantesca fraude"; mas não há dúvida que, se a Sociedade Teosófica se desmorona isso será devido a ele. Podemos acrescentar que também se deveria aos louváveis esforços de nosso mútuo amigo de Simla (A.O. Hume), que, entretanto, não renunciou; e as do senhor Lane-Fox. Que Sociedade poderia resistir no seu todo aos efeitos de duas línguas tais como as dos senhores H. e L.F.! Enquanto o primeiro, tomando a cada teosofista proeminente como confidente, assegura-lhe que, desde o começo da Sociedade, nem uma só das cartas que se dizem terem vindo dos Mestres foi genuína, o senhor Fox ocupa-se de predicar que é o único a realizar os desejos do Mestre (M.) ao informar aos teósofos todos os defeitos da S.T. e os erros de seus fundadores, cuja Karma, disse, é de trair a sagrada confiança que receberam de seus Gurus. Diante disto, talvez culpareis menos os nossos chelas por detestarem os europeus da Sede Central e dizer que são eles que arruinaram a Sociedade. Assim é, meu amigo, como se chega a um final forçado nas projetadas instruções ocultas. Tudo foi arrumado e preparado. O Comitê secreto,
indicado para receber as nossas cartas e ensinamentos e transmití-los ao Grupo Oriental, já estava pronto, quando uns poucos europeus (por razões que prefiro não mencionar), se arrogaram à autoridade de revogar as decisões de todo o Conselho. Eles recusaram (embora a razão que deram foi outra) receber as nossas instruções por intermédio de Subba Row e Damodar, sendo que este é odiado pelos senhores L. Fox e Hartman. Subba Row renunciou e Damodar foi para o Tibet. Poderão ser culpados os nossos hindús por isso?* E agora, Hume e Hodgson irritaram Subba Row até a fúria, dizendolhe que, como amigo e companheiro ocultista de Madame B., o Governo suspeitava que ele era também um espião. É a história do "Conde St. Germain" e Cagliostro que se repete. Mas posso dizer-vos, que fostes sempre fiel e verdadeiro para comigo, que não se permitirá que os frutos da vossa devoção se deteriorem e reduzam-se a pó caído da árvore da ação. E agora, por que não dizer umas poucas palavras que possam ser úteis? É uma velha verdade que nenhum de vós já formou uma idéia exata, seja dos "Mestres"ou das leis do Ocultismo pelas quais eles se guiam. Por exemplo: eu, pelo fato de haver recebido um pouco de educação ocidental, devo ser imaginado como o tipo de "cavalheiro" que segue na sua ação as leis da etiqueta e que ajusta as suas relações com os europeus de acôrdo com as regras do vosso mundo e sociedade! Nada poderia ser mais errado; a absurda imagem de um asceta indo-tibetano desempenhando o papel de Sir. C. Grandison dificilmente deve ser considrada. Entretanto, tendo deixado de corresponder a tal imagem, fui desfigurado, marcado e degradado em público, como diria Mad. B. Que pobre paródia! Quando compreendereis que eu não sou nada disso? Que se, até certo ponto, estou familiarizado com as vossas noções peculiares (para mim) sobre a propriedade desta ou aquela coisa e com as obrigações de um cavalheiro ocidental, assim também estais, até certo grau, familiarizado com as maneiras e costumes da China e do Tibet. Por tudo isso, da mesma maneira que recusaríeis amoldar-vos aos nossos hábitos e viver de acôrdo com os nossos costumes, assim eu também prefiro os nossos modos de vida em vez dos vossos, e as nossas idéias às do ocidente. Acusam-me de "plagiário". Nós, do Tibet e da China, ignoramos o que quereis dizer com essa palavra. Eu o sei, mas essa não é de modo , uma razão para que aceite as vossas leis literárias. Qualquer escritor tem o privilégio de extrair frases inteiras do dicionário de Pai-Wouen-Yen-Fu, o maior de todo o mundo, cheio de citações de todos os escritores conhecidos, e que contém todas as frases que podem ser usadas e combiná-las para expressar o seu pensamento. Isto não se aplica ao caso Kiddle, que ocorreu como eu vos contei. Mas é possível que possais encontrar em todas as minhas cartas umas vinte frases soltas que podem ter sido já empregadas em livros ou em manuscritos. Quando escreveis sobre algum tema, rodeiai-vos de livros de referência, etc.; quando nós escrevemos sobre alguma coisa, da qual não conhecemos a opinião ocidental, rodeamo-nos de centenas de parágrafos ou frases sobre
esse assunto particular, extraídos de dúzias de diferentes escritos impressos sobre o Akasa. Que tem de estranho, pois, em que, não somente um chela, encarregado do trabalho e que desconhece o sentido de plágio, mas mesmo eu, usemos, às vêzes, uma frase inteira já existente, aplicando-a apenas a uma outra, à nossa própria idéia? Já lhe falei antes sobre isso, e não é culpa minha, por não ficarem satisfeitos os seus amigos e inimigos com a explicação. Quando tiver de escrever um ensaio original para ganhar um concurso, tratarei de ser mais cuidadoso. Quanto ao incidente Kiddle, é culpa vossa. Por que imprimistes O Mundo Oculto sem me enviar para que fizesse a revisão? Eu não teria nunca permitido que esse trecho asse, nem o "Lal Sing" que foi inventado tontamente por Djwal K. como a metade de um pseudônimo de escritor, e que permiti descuidadamente que se firmasse sem pensar nas consequências. Nós não somos "Mahatmas" infalíveis, oni-previsores a cada hora do dia, bom amigo: nenhum de vós aprendeu a recordar isso. E agora, ao Ocultismo. Esperava-se de nós que permitiríamos fôssem as Forças Ocultas tratadas da mesma maneira que a sua casca: as forças físicas da Natureza. Somos censurados por não divulgar a cada homem culto que ingressou na S.T., os frutos das investigações de gerações de ocultistas que consagraram as suas vidas a esse fim e que com frequência, as perderam na grande luta para arrancar os segredos do coração da Natureza. A menos que assim procedêssemos, o Ocultismo não poderia ser reconhecido: teria que permanecer dentro do limbo da magia e da superstição, do espiritismo, segundo uns; no da fraude, na opinião de outros. Quem pensou, por um só instante, que uma lei oculta revelada, cessou de ser oculta para se tornar propriedade pública, a menos que fôsse dada a um Ocultista, o qual, morre antes de trair o segredo? Quantos resmungos, quantas críticas acerca do Devachan e temas similares por ficarem incompletos, e por muitas contradições aparentes! Oh, cegos tontos! Esquecem, ou nunca souberam que quem possue a chave dos segredos da MORTE também possui as chaves da VIDA. Que qualquer um poderia se tornar um Deus criador, nesta raça, adquirindo conhecimento tão facilmente, a ponto de que não houvesse necessidade das Raças Sexta e Sétima? E que nós teríamos pervertido o plano do SER, adulterado as contas do Livro da Vida, em uma palavra, frustrado a VONTADE ETERNA! Amigo meu, pouco, ou nada mais tenho a dizer. Lamento profundamente minha impossibilidade de satisfazer pelo menos agora aspirações honestas e sinceras de uns poucos escolhidos entre o vosso grupo. Pudesse a vossa Loja de Londres compreender, ou, ao menos suspeitar que a presente crise que está sacudindo a S.T. até nos seus alicerces, é uma questão de perdição ou salvação para milhares; uma questão de progresso ou retrocesso da raça humana; de sua glória ou desonra; e para a maioria desta raça: de ser ou não ser aniquilação, de fato, então talvez muitos de vós olhariam para a
própria raiz do mal, e em vez de serem guiados por falsas aparências e decisões científicas, começaríeis a trabalhar e salvar a situação, pondo de manifesto as manobras desonestas de vosso mundo missionário. Por enquanto, aceitai meus melhores votos. K.H. Creio que devia dizer-vos uma vez mais o que desejaria que recordásseis sempre. Ficaria satisfeito se pudesse responder a cada pergunta com tanta facilidade quanto à vossa sobre o "doloroso acontecimento". Por que as dúvidas e as suspeitas impuras parecem acossar cada aspirante ao chelado? Amigo meu, nas Lojas Maçônicas da antiguidade, o neófito ava por uma série de terríveis testes para da sua constância, valor e presença de ânimo. Por meio de impressões psicológicas complementadas por efeitos mecânicos e substâncias químicas, ele era levado a crer que ele caia em precipícios, que era esmagado por rochas, que ava através do fogo, que estava afogando-se e que era atacado por bestas selvagens. Isto era uma reminiscência de um sistema copiado dos Mistérios Egípcios. Tendo o Ocidente perdido os segredos do Oriente, teve, como disse, que recorrer ao artifício. Mas, em nosso dias, a vulgarização da ciência tornou antiquadas aquelas provas de menor importância. Agora o aspirante é atacado totalmente na parte psicológica de sua natureza. Seus sistema de provação é, tanto na Europa com na Índia, o do RajaIoga e seu resultado é, como já explicado inúmeras vêzes, desenvolverem em seu temperamento cada germem bom e mau. A regra é inflexível e ninguém escapa, seja que ele nos escreva apenas uma carta ou que no íntimo de seu coração surja um forte desejo de comunicação oculta e conhecimento. Da mesma maneira que a chuva não pode tornar frutífera a rocha, assim também o ensinamento oculto não tem nenhum efeito sobre a mente não receptiva; e da mesma maneira que a água desenvolve o calor da cal cáustica, assim também o ensinamento transforma em ação impetuosa cada potencialidade insuspeitada, latente no aspirante. Poucos europeus resistiram esta prova. A suspeita, seguida de uma convicção de fraude auto-formulada, parece ter-se convertido na ordem do dia. Eu vos digo que, com umas poucas exceções, nós fracassamos na Europa. Daqui por diante se colocará em prática, com toda rigidez, a política de absoluta neutralidade da S.T. com relação a ensinamentos ocultos e fenômenos; o que for comunicado, o será para pessoas em particular por um particular comunicador. Por exemplo: caso Mad. B. encontre a força necessária para viver (e isso depende por inteiro de sua vontade e de seus poderes para exercê-la) e esteja disposta, sob a direção de seu guru ou ainda de mim mesmo, a servirnos como amanuense para vós (para Sinnett, não para o grupo), ela pode, caso desseje, enviar-vos instruções semanais ou mensais, Mohini poderia fazer o mesmo, mas sob a promessa de que, nem os
nossos nomes, nem o do remetente serão jamais conhecidos, e que a S.T. não será responsabilizada por esses ensinamentos. Caso o grupo oriental sobreviva, algo ainda poderia ser feito por ele. Mas jamais, daqui em diante se permitirá que a Sociedade, na Índia, seja comprometida de novo com fenômenos que são denunciados por todos os lados como sendo uma fraude. O bom barco está afundando, amigo meu, porque a sua preciosa carga foi oferecida ao público em geral; porque algo de seu conteúdo foi degradado por mãos profanas, e o seu ouro considerado como sendo latão. Digo que, agora em diante, esses olhos profanos não verão os seus tesouros e que seus convéses e aparelhos devem ser limpados das impurezas e escórias que foram acumuladas neles pelas indiscreções de seus próprios membros. Tratai de remediar o mal feito. Cada o dado por alguém em nossa direção, nos obriga a dar um em relação a ele. Mas não é indo a Ladak que alguém nos encontrará, como o senhor Lane-Fox11 imagina. Mais uma vez, aceitai a minha benção e saudações de despedida, caso sejam as últimas. K.H.
Carta Nº 066 Recebida em Londres, no dia 10 de Outubro de 1884. Sinnett viajou de Elberfeld para Londres e H.P.B. acompanhou-o nessa viagem. O Cel. Olcott deixou a Inglaterra, de retorno para a Índia. O envelope no arquivo do Museu Britânico traz um carimbo de correio de 9 de outubro de 1884, em Bromley, Kent, Inglaterra. A escrita não é familiar; não é a do Mahatma K.H. Por razões perfeitamente válidas, embora não me seja necessário entrar em detalhes, não pude responder a vossa carta em Elberfeld nem transmití-la para vós por intermédio de L.C.H.1 Desde que se tornou impossível utilizar o principal canal H.P.B., por meio da qual me comuniquei até agora convosco, devido às suas mútuas relações pessoais, utilizei o correio comum. Mesmo isso requeria um maior gasto de poder de um amigo, do que podeis imaginar. Não seria próprio de um amigo reter a verdade quando ao falar dela possa produzir um bem; por isso devo vos dizer que deveis vigiar-vos, se não desejais pôr um fim, para sempre, às minhas cartas. De maneira inconsciente para vós mesmo, estais alimentando uma tendência ao dogmatismo e a um conceito errôneo e injusto de pessoas e motivos. Estou bem a par de vossas idéias sobre o que chamais de absurdo piegas, e lamento estar seguro, já que em vosso mundo a ninguém se permite que moralize a outrem e que é muito provável vos ressintais que estas palavras sejam escritas em vão. Mas conheço, também, o vosso sincero desejo de que a nossa correspondência não termine e
sabendo disso, dirijo a sua atenção para aquilo que, com certeza, produzirá tal resultado. Acautelai-vos, então, contra um estado de espírito descaridoso, pois se levantará em vosso caminho como um lobo faminto e devorará as melhores qualidades de vossa natureza que estão surgindo à vida. Ampliai as vossas simpatias em vez de restringí-las; tratai de vos identificar com os vossos semelhantes em vez de reduzir o vosso círculo de afinidades. Uma crise está presente, qualquer que seja a sua causa, ou pelas faltas cometidas em Adyar ou Allahabad, ou por minha negligência, ou por antagonismos de H.P.B., e é agora o momento da máxima expansão prática da vossa influência moral. Não é ocasião para censuras ou recriminações vingativas, e sim para a luta unida. Quem quer que tenha semeado as sementes da presente tempestade, o torvelinho é forte, toda Sociedade a está colhendo e é mais alimentada do que debilitada, da parte de Shigatze. Estais rindo de provações; aplicada a vós, a palavra parece ridícula? Esqueceis que todo aquele que se aproxima de nossos recintos, ainda que em pensamento, é atraído para o vórtice da provação. De qualquer maneira, seu templo cambaleia, e a menos que apoiais os vossos fortes ombros contra as suas paredes, pareceis compartilhar a sorte de Sansão. O orgulho e o "digno desprezo" não vos ajudarão nas presentes dificuldades. Existem coisas tais, quando compreendidas alegoricamente, como tesouros guardados por fiéis gnomos e por demônios. O tesouro é o nosso conhecimento oculto que muitos de vós procuram (no vosso caso mais do que em qualquer outro) e não são H.P.B. ou Olcott nem nenhum outro, individualmente, que despertaram os guardiães desse tesouro, e sim vós mesmo, mais do que eles e a Sociedade em conjunto. Livros como "O Mundo Oculto" e "Budismo Esotérico" não am desapercebidos ante os olhos desses fiéis guardiães, e é completamente necessário, que aqueles que hão de ter esse conhecimento, sejam totalmente experimentados e provados. Deduzi disto o que quiserdes: mas recordai que meu Irmão e eu somos os únicos na Fraternidade que estamos empenhados na disseminação (até certo limite) de nossas doutrinas e que H.P.B. era até agora o nosso único instrumento, o nosso agente mais dócil. Aceitando que ela é como vós a considerais (e eu já vos disse que o velho corpo enfermo se torna, às vêzes, positivamente perigoso), entretanto, isso não vos exime do menor relaxamento em se esforçar para salvar a situação e levar adiante o trabalho (e, em especial, proteger a nossa correspondência) o mais rápido possível. Considerai-a, seja qual for, uma vantagem positiva para o resto do grupo, que ela tenha sido o que é, já que isso atraiu sobre todos vós o maior estímulo para a realização, apesar das dificuldades que considerais tenha ela criado. Eu não digo que a teríamos preferido, caso estivesse disponível um melhor agente; entretanto, no que concerne a vós, isso representou uma vantagem, embora houvésseis alheado-vos dela por muito tempo, se não para sempre e, assim colocado extraordinários obstáculos em meu caminho. Recordai o que vos disse há dois anos: "Caso H.P.B. morresse antes que encontrássemos um substituto", os poderes por
meio dos quais trabalhamos em nossas comunicações com o mundo externo podem permitir a transmissão de mais duas ou três cartas, e então isso acabaria e não teríeis mais cartas de mim. Bem, ela está virtualmente morta; e é vós mesmo, perdoai-me mais esta verdade, que matou o agente - áspero, mas fiel; alguém que, ademais, vos era realmente devotado pessoalmente. Deixemos o assunto se ele vos é desagradável. Tenho feito todo o possível para deter o mal, mas não possuo, nem autoridade, nem controle sobre ela, nem terei melhor possibilidade com a senhora H.4 Ela é, por natureza, um magnífico exemplar, mas tão desconfiada de si mesma e dos demais, tão tendente a tomar o real por alucinações e vice-versa, que será necessário um grande tempo antes que ela se torne plenamente controlável, mesmo por ela própria. Está longe, muito longe de ser adequada, além disso ela não compreende a si mesma, nem a nós. Na verdade, nossos caminhos não são os vossos daí, restar, senão, pouca esperança para nós no Ocidente. Rogo-vos não atribuís o que se disse acima a qualquer influência de H.P.B. Não há dúvida que ela se queixou, com amargura, ao seu Mestre, e o diz com franqueza, mas isso não altera a opinião dele nem afeta minha própria atitude em relação a vós, no mínimo que seja. Não só nós dois sabemos, ela também sabe quão importantes são os vossos serviços para o bem da Sociedade e não se permitiria que quaisquer queixas pessoais dela vos impedissem de receber estrita justiça, ou, que nos impeça de conceder-lhe justiça igualmente. Seu Mestre e eu a orientamos para fazer e dizer tudo o que ela quiz relativamente a senhora H. Qualquer resultado desagradável foi devido à execução das ordens que ela recebeu. Encontramos a senhora H. na América e a influenciamos para que se preparasse para escrever o livro que produziu com a ajuda de Mohini. Caso ela tivesse concordado em deter-se em Paris uns dias mais, como lhe foi pedido, e tivesse vindo a Inglaterra com H.P.B., teria sido evitada a última complicação. O efeito da chegada da senhora H. em vossa casa vos foi descrito antes por ela; e ao vos ressentir pelo que Mohini e H.P.B. estavam dizendo a vós e a ela, estáveis simplesmente ressentindo-se de nossos desejos pessoais. E mesmo agora, vos ressentireis de minhas palavras, quando vos digo que criastes obstáculos, incoscientemente, concordo contudo, no meu caminho para o desenvolvimento dela. Contudo, teríeis sido o primeiro a se aproveitar disso. Mas, não compreendendo os nossos modos de proceder, nem os métodos ocultos, insististes em conhecer a causa e razão de tudo que foi feito, especialmente do que não vos agradava. Exigistes mesmo que se vos explicasse por completo a razão porque vos fôra sido pedido para que viésseis a Elberfeld.* Isto é razoável, do ponto de vista oculto, bom amigo. Ou confiais em mim ou não. E devo dizer-vos com franqueza, que a minha amistosa consideração sofreu um choque ao ouvir o seu "ultimatum", que pode assim ser resumido: "Ou a senhora H. a uma semana mais ou menos, em nossa casa ou eu abandono a Loja de Londres para que
continue como puder". Isso quase significava o seguinte: "Não obstante os "Mestres" ou os que não são mestres se oponham a isso, devo mostrar e mostrarei a L.L. que qualquer coisa que tenha ouvido sobre esse assunto é falsa e que os "Mestres" jamais consentiriam em qualquer ação danosa ao meu orgulho: este deve estar protegido a todo custo". Amigo meu; isto é caminhar sobre terreno perigoso. Aqui, em nossas montanhas, os Dugpas colocam em lugares perigosos, em caminhos frequentados por nossos chelas, pedaços de farrapos velhos e outras coisas bem escolhidas para atrair a atenção do descuidado, tendo sido esses objetos impregnados com o magnetismo malígno deles. Se por acaso se pisa num deles, pode ar ao viajante um tremendo choque psíquico, de forma a perder o equilíbrio e cair no precipício antes que possa recobrar-se. Amigo, tende cuidado com o Orgulho e o Egoismo, duas das piores armadilhas para os pés daquele que aspira ascender os elevados caminhos do Conhecimento e da Espiritualidade. Abristes uma fissura na vossa armadura para os Dugpas; não vos queixeis se eles a encontraram e vos feriram nesse ponto. A senhora H. não queria, na verdade, ir à sua casa, pois como vos dissera com muita sinceridade, eu lhe havia dito que não o fizesse por razões que deveis conhecer agora; deveríeis também ter sabido que, se nós valíamos algo como indivíduos, e não éramos meros bonecos indefesos, não iríamos ser influenciados por H.P.B. nem obrigados por meio de ameaças, a fazer algo contrário ao nosso entendimento, e às necessidades do Karma. Lamento que não tenhais lembrado destes fatos antes de falar, pois isso torna a minha posição ainda mais embaraçosa diante o meu Chefe, já que, como é natural, ele fez registrar o "ultimatum". Negais que houvésseis pedido alguma vez para ser aceito como chela. Ah, meu amigo, não poderíeis ser nem mesmo um "chela laico" com tais sentimentos ardendo no vosso coração. Mas, mais uma vez digo, deixemos de lado o assunto. As palavras não apagarão os fatos e o que está feito, feito está. Meu Irmão M. que possue mais autoridade do que eu, acaba de escrever a carta prometida ao "Círculo Interno". A vossa "honra", bom amigo, está a salvo; a que preço! lêde e vereis. Vós não encontrais algumas cartas e notas minhas mais recentes, inclusive a enviada ao tesoureiro da L.L. "filosóficas e no meu estilo usual". Dificilmente poderia ser evitado: escrevi apenas sobre os assuntos do momento, como estou fazendo agora e não tive tempo para filosofia. Com a L.L. e a maioria das outras Lojas ocidentais da S.T. estão num estado deplorável, a filosofia poderia ser invocada para conter a impaciência de alguém, mas a principal coisa que se necessita neste momento, é algum esquema prático para resolver a situação. Alguns, de maneira muito injusta, tratam de fazer de H.S.O. e H.P.B. os únicos reponsáveis pelo estado de coisas. Ambos estão, em alguns aspectos, longe de serem perfeitos; em outros, é bem o contrário. Mas possuem aquilo, (perdoai-me a eterna repetição, que tem sido constantemente esquecida de que, em qualquer outro lugar temos encontrado muito raramente) A AUSÊNCIA DE EGOISMO, e uma veemente disposição para o auto-sacrifício pelo bem dos outros. Que
"multidão de pecados" isso não anula! É uma verdade, e eu a repito, que só na adversidade podemos descobrir o verdadeiro homem. É um ato de verdadeira nobreza de caráter quando alguém corajosamente aceita a sua parte do Karma coletivo do grupo onde trabalha, e não se permite ficar amargurado, e ver os outros em situação mais difícil do que estão na realidade, ou jogar toda a culpa em alguma "ovelha negra", uma vítima, especialmente escolhida. Um homem verdadeiro como esse nós sempre protejeremos e, a despeito de suas limitações, ajudaremos a desenvolver o bem que existe nele. Alguém assim é sublimamente inegoista; ele mergulha a sua personalidade na sua causa, e não se preocupa com desconfortos ou com difamação pessoal injustamente derramada sobre ele. Já terminei, meu bom amigo, e nada tenho mais a dizer. Possuis bastante inteligência para não ver com clareza, como os Americanos diriam, o aperto em que me encontro, tal como vereis pela carta de M., foi criada de uma maneira gradual por todos vós, tanto quanto pelos desditosos "Fundadores". Entretanto, sem um deles ao menos, quase nada poderíamos fazer durante vários anos vindouros. Tratastes com demasiada crueldade o velho corpo, e agora chegou o vosso dia. Jamais concordareis plenamente comigo nisto, entretanto, isso é um fato. Tudo que posso fazer por vós, pessoalmente, o farei, a menos que tornais ainda pior a situação, não mudando a vossa política. Aquele que deseja obter instrução superior deve ser um verdadeiro teósofo em seu coração e em sua alma; não meramente em aparência. Enquanto isso, recebei minhas pobres bençãos. K.H.
Carta Nº 067 Escrita para o Coronel Olcott (dia 26 de Maio de 1883). Esta carta é dirigida ao Cel. Olcott e recebida por ele quando chegou a Adyar em 26 de maio de 1883, após uma longa viagem na qual realizou muitas curas. Os Sinnetts, de acordo com o planejado, tinham viajado para a Inglaterra em 30 de março, e é provável que ele recebeu esta carta em meados de junho. Assim, pode-se ver que transcorreu um certo tempo desde que ele tivera a última notícia do Mahatma K.H. Fostes enviado para casa para um descanso que necessitais, de modo que deveis recusar fazer novas curas até que tenhais a autorização de M.3 O Maha-Chohan indicará quando deveis ir ao Punjab. Como o barco correio inglês sai amanhã, faríeis bem em fazer uma advertência amistosa ao senhor Sinnett, para que não se sinta surpreendido se o seu projeto do periódico tenha contratempo após contratempos. O estado da Índia é agora quase comparável a um grande corpo de matéria seca no qual ardem chispas. Agitadores das duas raças têm feito e fazem o que podem para fazer surgir uma grande chama. No
louco fanatismo da hora dificilmente há paciência suficiente para pensar em sensatez sobre qualquer assunto, e menos ainda sobre um como este, que chama a atenção dos homens conservadores. Os capitalistas estão mais dispostos (como Holkar) a esconder as suas rupias do que invertê-las em ações de empresas. E como os "milagres" foram descartados, como vós e o senhor Sinnett sabem, vejo atrasos, frustrações, provas de paciência, mas (por enquanto) não vejo fracassos. O lamentável assunto da apressada ascenção de Bishenlal aos Himalayas como presuntivo chela, complicou tristemente as coisas, e seu eminente correspondente de Simla tornou-as pior ainda. Embora sem o saber, ele ajudou a precipitar a loucura de Bishenlal e (isto, de uma maneira consciente) está conspirando e tramando de muitas maneiras para fazer um holocausto de todos nós cujos vapores podem fazer aparecer o gigantesco espectro de Jakko. Ele já vos disse que Sinnett é um crédulo imbecil que deve ser conduzido pelo nariz (perdoe, meu bom amigo, o mal gosto que me obrigou a duplicar, para meu "protegido" A.P. Sinnett essa última longa carta do senhor H. para vós, e que guardais no fundo de vossa caixa de correspondência e da qual não tinheis a intenção de que H.P.B. conhecesse todo o seu conteúdo). Fiz com que fôsse copiada corretamente e eleb obteve uma mina mortal, preparada faz tempo, para a vossa ardente colega. O senhor Sinnett está agora em condições de verificar minha velha advertência, de que ele tinha em mente a idéia de colocar todos os vossos amigos em Londres contra a Sociedade. A vez do grupo Kingsford-Maitland chegou. A diabólica malícia que exala através da sua atual carta, vem diretamente dos Dugpas que provocam a sua vaidade e cegam o seu coração. Quando abrirdes a carta de M. de 1881, encontrareis a chave de muitos mistérios, inclusive este. Apesar de serdes naturalmente intuitivo, o chelado é, entretanto, um completo enigma para vós como para meu amigo Sinnett, e os outros, eles ainda têm apenas um vislumbre. Por que tenho, mesmo agora, (para por os vossos pensamentos no reto caminho) de recordar-vos os três casos de loucura entre os "chelas laicos", num período de sete meses, além de um que se transformou em ladrão? O senhor Sinnett pode considerar-se afortunado de que o seu chelado laico esteja somente em "fragmentos" e que eu o tenha desencorajado de uma maneira tão constante em seus desejos de uma relação mais estreita como um chela aceito. Poucos homens conhecem as suas capacidades inerentes, somente a prova do severo chelado as desenvolve. (Recordai estas palavras; elas possuem um profundo significado). M. vos envia, por meu intermédio, estes vasos como uma saudação de boa vinda ao lar. É melhor que digais com clareza, ao senhor Sinnett, que seu ex-amigo de Simla, não importa sob que influência, fez um dano efetivo ao projeto do jornal, não só com Maharajá de Cachemira, mas também com muitos outros na Índia. Tudo o que ele vos insinua em sua carta e ainda mais, fez ou está se preparando para fazer.
Esta é "uma carta de K.H." e podeis dizer isso ao senhor Sinnett. K.H.
Carta Nº 068 (7 de Abril de 1884) É provável que Sinnett ficou um pouco desanimado com os acontecimentos na Loja de Londres e, talvez, tenha escrito ao Mahatma a respeito disso. A Carta nº.123 é uma comunicação pessoal de encorajamento e de atenção. É impossível dizer precisamente quando foi escrita ou recebida, de modo que pode estar incorretamente colocada na cronologia. Isto talvez não importa, dado que nenhum fato é mencionado. Acabo de retirar a vossa nota de onde foi colocada por ela, pois embora eu pudesse tomar conhecimento do seu conteúdo de outra maneira, preferireis que o papel mesmo e às minhas mãos. Parece-vos insignificante que o ano ado tenha sido empregado somente em vossas obrigações familiares? Não, mas que melhor motivo de recompensa, que melhor disciplina, senão a obrigação cumprida a cada dia e a cada hora? Crêde-me, meu "discípulo", a mulher ou o homem que é colocado pelo Karma em meio de pequenas e simples obrigações, sacrifícios e atos de bondade, caso as cumpra fielmente, se elevará à medida mais ampla de Dever, Sacrifício e Caridade para com toda a Humanidade. Que melhor senda rumo à iluminação buscais, senão a conquista diária do eu, a perseverança, apesar da ausência de progresso psíquico visível, ar a má sorte com aquela serena fortaleza que torna aquela em superioridade espiritual, pois que o bem e o mal não devem ser medidos por acontecimentos no plano inferior ou físico. Não desanimeis porque a vossa prática não corresponda às vossas aspirações, entretanto, não vos satisfazei com isso, pois que reconheceis evidentemente que a vossa tendência é, inúmeras vêzes para a indolência mental e moral, propenso a seguir as correntes da vida, em vez de tornar um rumo inequívoco e próprio. O vosso progresso espiritual é bastante maior do que conheceis ou podeis conceber e fazeis bem em crer esse desenvolvimento é, em si mesmo, mais importante que a comprovação do mesmo por meio de vossa consciência no plano físico. Não vou entrar agora em outros assuntos já que estas são apenas algumas linhas de reconhecimento simpático de vossos esforços e de sincero estímulo para que mantenhais no presente, um ânimo sereno e valoroso em relação aos acontecimentos externos, e um espírito de esperança para o futuro em todos os planos. Seu, na verdade. K.H.
Carta Nº 069
(Escrita depois de 29 de Junho de 1882) Nenhuma data está posta. Contudo, dado que o Mahatma está obviamente respondendo a algumas questões de Sinnett, motivado pela carta "Devachan", deve ter sido em sequência àquela. Estou sinceramente satisfeito, meu "discípulo", de que me escreveis como combinamos, tenhais ou não alguma questão especial para me apresentar. É impossível,no vosso atual estado de saúde, de que possais trazer para o vosso cérebro físico à consciência de planos mais elevados de existência; entretanto, recordai, que a sensação de frescor magnético não é uma verdadeira medida do benefício espiritual, e que podereis mesmo alcançar um maior progresso espiritual, enquanto o vosso desenvolvimento psíquico parece estar parado. Agora respondo às vossas perguntas. 1) Nos ensinamentos esotéricos, "Brahma", "Pitri" e "Deva" lokas, são estados de consciência pertencentes às várias hieraquias etéreas ou classes de Dhyanis e Pitris (os "criadores"e "anteados" da Humanidade) e de Devas, alguns bastante mais elevados espiritualmente do que o homem, outros, entre as classes de Devas, mais atrasados no arco descendente da evolução, e destinados a alcançar o estado humano somente em um futuro Manvântara. Exotericamente, estes lokas representam o Nirvana, o Devachan e o mundo Astral. O significado dos termos Devachan e Deva-loka é idêntico; "chan" e "loka" significam igualmente lugar ou morada. "Deva" é uma palavra usada muito indistintamente nos escritos do oriente, e às vêzes é somente um véu. 2) Estais certo em relacionar o "Conhecimento Real" e a "Causa Verdadeira" do verso citado, com o mais elevado plano de iluminação espiritual; a "maior escuridão" na qual o "Siddha" perfeito se funde finalmente: é aquela Absoluta Escuridão que é Luz Absoluta. O Conhecimento Real do qual se fala, não é um estado mental, mas espiritual, indicando um completa união entre o Conhecedor e o Conhecido. Espero que estas breves respostas possam derramar sobre estes pontos toda luz que necessitas. Com sincera boa vontade. Vosso sinceramente. K.H
Carta Nº 070
(Provavelmente recebida depois do dia 7 de Dezembro de 1882). A data da carta não é conhecida com certeza, e assim não se pode dizer quais eram as circunstâncias. Talvez a localização exata desta carta na cronologia é menos importante do que o fato de que Sinnett, evidentemente estava ainda ansioso para ter um contato pessoal com o Mahatma e o Mahatma ainda tinha que dizer, "ainda não". Já deveis ter entendido, meu amigo, que eu não estava surdo ao vosso apelo, embora eu estivesse impossibilitado de responder, tal como vós, e eu também, pudéssemos ter desejado, levantando, por um momento, o véu sempre transparente entre nós. Perguntais: quando? Eu só posso responder: "ainda não". A vossa provação não terminou ainda, paciência um pouco mais. Enquanto isso conheceis a senda a ser percorrida, ela se estende muito claramente ante vós no presente, embora a escolha de uma senda mais fácil, porém, mais longa pode estar à vossa espera no futuro distante. Até a vista meu Irmão. Sempre seu, com simpatia. K.H.
Carta Nº 071 (De M. para Sinnett, fins de Setembro) O Mahatma M. assumiu a correspondência. No "O Mundo Oculto", Sinnett diz: A mudança que se operou na característica de nossa correspondência, quando o nosso mestre encarregou-se de nós, foi notável. Cada carta que vinha de Koot Hoomi continuava a trazer a impressão de seu estilo gentilmente suave. Escreveria metade de uma página em qualquer ocasião em vez de correr o mínimo risco de, uma frase descuidada, ferir os sentimentos de qualquer pessoa. A sua caligrafia, também, era sempre muito legível e regular. O nosso novo mestre tratava-nos de modo muito diferente; ele mostrava-se não habituado com a nossa linguagem e escrevia uma caligrafia muito irregular que, às vezes, era difícil de decifrar. De modo algum ele se preocupava com rodeios conosco. Se escrevíamos um ensaio sobre algumas idéias ocultas que tivéssemos captado e o mandássemos para ele, perguntando se estava correto, às vezes vinha de volta com uma grossa linha vermelha sublinhando de ponta a ponta e a palavra "não", escrita à margem. Em uma ocasião um de nós tinha escrito: "Você pode aclarar as minhas idéias a respeito disto e daquilo?". A anotação achada na margem, quando o papel foi devolvido, era "Como posso aclarar o que você não conseguiu captar?", e assim por diante. Mas com tudo isso,
progredimos com M. e, aos poucos, a correspondência, que começou de sua parte com breves notas rabiscadas da maneira mais áspera em pedaços de papel grosso tibetano, expandiu-se, às vezes, em cartas muito grandes. E deve ficar compreendido que, enquanto os seus modos ásperos e bruscos formavam um contraste divertido com a gentileza terna de Koot Hoomi, nada havia neles que impedisse o crescimento de nossa vinculação com ele, pois que começamos a nos sentir aceitos com mais boa vontade por ele como discípulos do que de início. Alguns dos meus leitores, estou certo, compreenderão o que quero dizer por "vinculação" neste caso. Eu uso uma palavra menos particularizada deliberadamente para evitar um desfile de sentimentos que poderiam, geralmente, não ser compreendidos, mas posso assegurar-lhes que, no curso de um relacionamento prolongado, mesmo de uma natureza meramente epistolar, com uma personagem que, apesar de a maioria dentre nós considerá-lo em seu nível natural na criação, é tão elevada acima do homem comum, a ponto de possuir alguns atributos comumente considerados divinos, os sentimentos que surgem são tão profundos para serem descritos de modo ligeiro ou fácil. Meu amável Sinnett Sahib; muitos agradecimentos e reverências pela máquina para tabaco. O nosso Pandit asado e ocidentalizado diz-me que a pequena parte curta tem de ser "curada" (temperada seja o que for o que queira dizer com isso), de modo que assim o farei. O cachimbo é curto e meu nariz é comprido, assim é que, juntos vamos nos acertar muito bem, espero. Obrigado, muito obrigado. A situação é mais séria do que podeis imaginar e necessitaremos das nossas melhores forças e mãos para trabalhar, afastando para longe a má sorte. Mas o nosso Chohan querendo, e nos ajudando, sairemos da dificuldade de uma maneira ou de outra. Há nuvens se adensando em vosso horizonte e K.H. tem razão: a tempestade está ameaçando. Basta irdes a Bombaim para o aniversário para prestardes a K.H. e a mim um grande favor perdurável...mas quanto a isso sabeis melhor. Esta reunião será o triunfo ou a queda da Sociedade e...um abismo. Também estais equivocado sobre o Peling Sahib3, ele é perigoso tanto como amigo como inimigo mau, muito mau das duas maneiras, pois eu o conheço melhor. De qualquer maneira vós Sinnett Sahib, me reconciliais com bastante coisas; sois verdadeiro e verdadeiro serei eu. Seu sempre. M.
Carta Nº 072 (Recebida em Outubro de 1882)
As cartas nº.95 e 96 são, na verdade, uma só carta; a carta nº.96 é um post-scriptum à carta nº.95. Meu bom Irmão: O pequeno Doutor e o chela Mohini vos explicará o objetivo da visita deles a de uma séria conferência que eu acredito necessária. As objeções do ano ado estão surgindo também; tendes uma carta minha na qual explico porque nunca guiamos os nossos chelas (nem mesmo os mais avançados), nem os advertimos, deixando que os efeitos produzidos por causas de sua própria criação lhes ensinem uma melhor experiência. Por favor, guardai na memória aquela carta. Antes que termine o ciclo devem ser varridas todas as interpretações errôneas. Confio e conto convosco para aclará-las por completo nas mentes dos membros do Prayag. É um grupo de pessoas preocupantes, em especial Adityaram que influencia o grupo todo. Mas o que eles dizem sobre a noite ada é correto. Deixastes vos levar pelo vosso entusiasmo por ocultismo e o misturastes com muita imprudência com a Fraternidade Universal. Eles vos explicarão tudo. Seu, K.H.
Carta Nº 073 (De M. para Sinnett. Outubro de 1881) Trata-se da carta que o Mahatma K.H. evidentemente ditou para Damodar antes que ele partisse para o seu retiro, e que Damodar truncou. Senhor Sinnett: Recebereis do jovem Brahmin2 uma longa carta postada no correio, em Bombaim. Koot-Hoomi foi vê-lo (pois ele é seu chela) antes de entrar em "Tong-pa-ngi", estado em que se encontra agora e deixou com ele certas ordens. O jovem confundiu algo na mensagem, assim sêde muito cuidadoso antes que a mostreis ao Sr. Hume, para que ele novamente não compreenda a intenção real do meu Irmão. Eu não permitirei mais incompreensões ou sentimentos adversos contra ele, senão eu me afasto imediatamente. Fazemos o melhor que podemos. M.
Carta Nº 074
De M. para Sinnett. Outubro? Evidentemente, Sinnett havia recebido a carta e perguntou onde a correção fôra feita. O Mahatma satisfaz a sua curiosidade. Se estais tão ansioso de descobrir o trecho específico de onde apaguei e precipitei outra frase à noite no posto dos Correios, posso satisfazer a vossa curiosidade, senhor Sinnett: "mas era do CONHECIMENTO do Chohan2 que nem vós nem outra pessoa se importava com o verdadeiro objetivo da Sociedade, nem tinha respeito algum pela FRATERNIDADE, mas, apenas um sentimento pessoal por alguns dos Irmãos. Assim estáveis interessado por K.H., como pessoa, e pelos fenômenos; o senhor Hume, por obter os segredos da nossa filosofia e para asserar a si mesmo que os Mahatmas Tibetanos - os Lhas - caso exisitissem na verdade fora da imaginação de Mme. B., estavam relacionados, de alguma maneira, com certos Adeptos que ele tinha em mente". Tudo isto é o que K.H. disse, que eu tive de escrever e precipitar em vez do que estava então escrito pelo jovem em uma fraseologia que teria suscitado no Senhor Hume todo um caudal de finas palavras e a palavra "ignorância" aplicada ao meu Irmão. Eu não deixaria nem que o vento do deserto escutasse uma palavra, dita em voz baixa, contra ele, que agora dorme. Tal é a causa e não outra tamacha produzido por mim. Vosso, M.
Carta Nº 075 Esta carta pode referir-se à H.P.B. mas, também poderia referir-se à Sra. Kingsford, com quem Sinnett tinha tantas diferenças e desacordos. O correto está do lado dela. As vossas acusações são extremamente injustas, e vindo de vós, causam-me mais sofrimento se, depois dessa clara declaração, ainda mantiverdes a mesma atitude, devo expressar o meu mais profundo desgosto diante deste novo fracasso de nossa parte - e desejar-vos de todo o meu coração melhor sucesso com instrutores mais dignos. A ela certamente falta a caridade, mas na verdade em vós falta - o dicernimento. Lamentavelmente vosso, K.H.
Carta Nº 076
Esta é a continuação dos comentários do Mahatma K.H. na carta nº.59 (CM-132) que, de algum modo, ficaram separados da primeira parte da carta. O papel é diferente, o que pode explicar porque não foram conservados juntos. X......treinamento do CHELA. O pobre do Subba Row se encontra "num aperto"; por isso é que ele não vos responde. De um lado ele tem a indomável H.P.B. que faz a vida pesada para Morya pedindo-lhe que vos recompense e o próprio Morya, que satisfaria, se pudesse, as vossas aspirações; de outro, se encontra diante da intransponível muralha Chineza de regras e da Lei. Creia-me, meu bom amigo; aprendei o que puderdes sob as circunstâncias, a saber: a filosofia dos fenômenos e nossas doutrinas sobre a Cosmogonia, homem interno, etc. Subba Row vos ajudará a aprender, embora os seus termos, por ser um Brahmin iniciado e apegar-se ao ensinamento esotérico Brahmânico, serão diferentes dos da terminologia "Budista Arhática". Mas, em essência são a mesma coisa, idênticos, em realidade. Meu coração se enternece quando leio a nobre e sincera carta do Sr. Hume; especialmente pelo que percebo entre as linhas, sim; para quem, de cujo ponto de vista, nossa política deve parecer egoista e cruel. Gostaria de eu ser o Mestre! Em cinco ou seis anos espero tornar-me meu próprio "guia" e, então as coisas terão que mudar um pouco. Mas mesmo Cesar acorrentado não pode livrar-se dos ferros e com eles acorrentar Hippo ou Tharso, o carcereiro. Esperemos. Não posso pensar no Sr. Hume sem recordar, cada vez, uma alegoria da minha prórpia terra: o gênio do Orgulho que vigia um tesouro, uma riquesa inesgotável de toda virtude humana, o divino dom de Brahmam ao homem. Mas o gênio adormeceu sobre o seu tesouro, e uma por uma as virtudes se estão escapando...Despertará ele antes que todas elas se libertem das ataduras a que sempre estiveram presas? Esta é a questão... K.H.
Carta Nº 077 SEÇÃO IV A AVENTURA "PHOENIX" E A SITUAÇÃO DA ÍNDIA Recebida em Madras em Março de 1883. A partir do início de 1883 as cartas começam a espaçar, com uma crescente diminuição delas. Esta carta foi recebida por Sinnett quando ele estava em Madras. Ele e a sua família tinham ido para lá em conexão com os seus planos de voltar para a Inglaterra, e também, provavelmente, para discutir a situação com respeito ao "O Fênix".
Adyar, onde a sede central estava localizada, é um subúrbio de Madras, e tanto H.P.B. como Olcott estavam lá na ocasião. Por favor, transmita ao Cel. Gordon a expressão de minha simpatia e amistosa estima. Ele é, na verdade, um amigo leal e um aliado em quem se pode confiar. Diga-lhe que, tomando em consideração os motivos dados e a sua própria e tranquila modestia, eu creio, todavia, que ele pode fazer muito bem à sua maneira despretensiosa. Uma Loja em Howrah é verdadeiramente necessária e só ele pode criar o núcleo. Por que não tentar? Ele não tem interesse por sua carreira e está disposto a deixá-la em qualquer momento. Mas isso não é necessário pois enquanto estiver nela, lhe proporciona certa força e autoridade entre alguns membros do país, o que, de outra maneira, não teria. De qualquer maneira ele será enviado à Simla e terá bastante tempo livre. Por que não usar esta oportunidade para por em ordem a Eclética e a Himalayana, naturalmente em sua posição oficial como membro do Conselho e Vice-presidente da Eclética? Farei com que Olcott lhe envie um documento oficial para esse fim e eu mesmo escreverei as instruções para ele. Estou ansioso para transferir a "Eclética" AngloIndiana para Calcutá e ter a sua Sede Central (ainda que seja nominal por algum tempo) anunciada na revista como estabelecida, até agora, na capital e os membros indianos da Eclética incorporados à Himalayana e um parágrafo para comunicar a todos que quiserem ingressar na Loja Anglo-India que, em vossa ausência, devem se dirigir ao Coronel W. Gordon, presidente interino no vosso lugar. Alguns nasceram para a diplomacia e a intriga, eu creio que essa não é a minha função específica. Contudo, creio que o arranjo é o melhor para impedir os desastrosos efeitos das intrigas do senhor Hume e de seus esforços para deixar a Sociedade, (Eclética) morta e enterrada, e demonstrar, assim àqueles que se interessam por ela, que ele foi seu criador e preservador e que o seu afastamento foi o presságio para a morte dela. Obrigado pela carta do Coronel G. O dia 30 é tão bom como qualquer outro depois do 27. Não; uma Loja em Madras não é absolutamente necessária inicialmente. Mas é razoável que, se Madras há de fornecer a maior parte dos fundos, tenha também a preferência, depois de Calcutá. Enquanto o dinheiro não entrar, é inútil fixar qualquer data. Uma vez que o nosso periódico esteja estabelecido, eu não me ocuparei mais de nenhum outro empreendimento material. Sim, eu me preocupei e fiquei molestado, indubitavbelmente, mas isso era de se esperar; e nenhum peixe que esteja eando nas margens do rio, fora do seu elemento, pode se queixar se se machuca. Aproximamo-nos do final, agora, de uma maneira ou de outra, e uma vez que eu me lance de novo na cristalina onda, poucos terão a oportunidade de me ver assomar de novo. A humanidade não é sempre o que aparenta ser e perdi muito do meu otimismo no último conflito. A humanidade foi denominada, em algum lugar, como a poesia da criação, e a mulher, a poesia da terrra. Quando ela não é um anjo, tem que ser uma fúria. É nessa última caracterísctica que sempre a encontrarei no meu caminho quando Rajás e Zemindars
estavam bastante dispostos a desembolsar os fundos necessários. Bem; o conflito está ainda ardendo e poderíamos ganhar ainda brilhantemente o dia. Vosso afetuosamente K.H.
Carta Nº 078 Recebida em Dezembro de 18821. Esta carta relaciona-se bastante com a comunicação feita pelo Mahatma K.H. sobre as opiniões do Mahachohan a respeito do empreendimento do "Fênix". O último parágrafo refere-se a Hume, que notadamente estava escrevendo cartas mordazes a respeito de H.P.B., dos Mahatmas, da Sociedade Teosófica, etc., para C.C. Massey e Staiton Moses em Londres. Meu caro amigo: Não me acuseis de indiferença ou de esquecimento em relação a nossa pequena especulação depois que eu mesmo a iniciei. Não se pode consultar o Chohan2 a cada dia sobre tais assuntos "mundanos" e essa é a minha desculpa pelo inevitável atraso. E agora o meu venerável Chefe me permite vos transmitir um memorandum de seus pontos de vistas e idéias acerca do sucesso e destino de um certo periódico sobre o qual foi solicitada a sua previsão pelo vosso humilde amigo e servidor. Colocando-as de forma prática, eu anotei os seus pontos de vista como se segue: I - Estabelecer um novo periódico da espécie descrita é desejável e muito possível, com o esforço apropriado. II - Esse esforço deve ser feito pelos vossos amigos no mundo, e por todos os teósofos indianos que desejem, de coração, melhorar o seu país e não temam gastar as suas energias e tempo. Deve ser feito pelos profanos, isto é, por aqueles que não pertencem diretamente à nossa ordem; quanto a nós: III - Podemos orientar e inspirar os seus esforços e o movimento em geral. Embora afastados do vosso mundo de ação, não estamos, contudo, separados por completo dele enquanto existir a Sociedade Teosófica. Assim, conquanto não possamos inaugurá-lo publicamente, para o conhecimento de todos os teósofos e daqueles a quem isso diz respeito, nós podemos dar e daremos, até onde seja praticável, a nossa ajuda no empreendimento. De fato já começamos a fazê-lo. Ademais, temos a permissão de recompensar aqueles que tenham ajudado, da forma mais efetiva, a realizar esta grande idéia (que
promete, afinal, mudar os destinos de toda uma nação, caso seja conduzida por alguém como vós). IV - Ao propor aos capitalistas, especialmente aos do país, o risco (como é provável que pensem) de uma soma tão grande como essa, deveis oferecer-lhes atrativos especiais. Portanto, somos de opinião que não deveis pedir mais compensação do que a recebida por vós atualmente, até que os vossos esforços tenham tornado o periódico um êxito inegável, algo que deve acontecer e acontecerá, se é que eu sirva para alguma coisa. Por certo tempo pois, é desejável que este assunto esteja livre, aos olhos dos futuros acionistas, de toda característica objetável. Pode-se atualmente inverter o capital de várias maneiras a fim de que produza um juro moderado com pouco ou nenhum risco. Mas, para o especulador comum, há muito risco em fundar um novo periódico de alto custo, que irá favorecer os justos interesses dos indianos, naqueles casos demasiadamente frequentes de injustiça (os quais dificilmente podem vos ser provados sob circunstâncias comuns, mas que o serão) e que ocorrem sempre que um país é dominado por conquistadores estrangeiros. Casos que, no que se refere a Índia, tendem a multiplicar-se com a entrada gradual de funcionários de origem social inferior, em decorrência de um sistema de nomeações por concurso, e as crescentes fricções devidas ao ressentimento egoista ante a issão de indianos para o Serviço Público. Aos vossos capitalistas, portanto, deveis apresentar-lhes o incentivo de que ireis trabalhar altruisticamente pelo mesmo salário que agora recebeis, para tornar este empreendimento mais proveitoso que o comum, e que só reclamareis uma parte do lucro (como havíeis delineado, com uma pequena mudança) quando se chegar a esse ponto. Eu me ofereço como garantia de que se chegará rapidamente a isso. V - Minha sugestão, portanto, está de acordo com a opinião do Chohan, que devereis indicar que aceitais o pagamento mensal combinado que mencionais (com os gastos pessoais usuais e necessários de viagem quando de interesse do jornal) até que o capital esteja rendendo 8%. Dos lucros entre 8% e 12% deveis receber 25% de comissão. De tudo que e de 12%, 50% vos corresponderá. VI - Deveis ter, certamente, completo controle sobre o periódico com alguma cláusula que garanta que esse poder não poderá ser transferido a um sucessor sem o consentimento da maioria do capital representado por seus donos, e que deve cessar quando ficar evidente que o jornal estivesse sendo utilizado contra os interesses para cuja promoção foi fundado. Sem uma ressalva como essa, o meu venerável Chohan, e nós também, pensamos que os preconceitos e suspeitas profudamente arraigados levariam os capitalistas nativos, especialmente os rajahs, a hesitarem, não por temerem os riscos deste empreendimento, mas por dúvidas quanto ao seu êxito. Toda a comunidade anglo-européia sofre agora, na opinião dos indianos, pelos pecados comerciais de casas desonestas que até aqui iludiram a boa fé dos capitalistas, e há vários rajás que agora seguem com
melancólico desalento a figura muito distante de Sir Ashley Eden, que se afasta com o seu bolso cheio de promessas nunca cumpridas, e o outro cheio de recordações de várias centenas de milhares de rúpias tomadas emprestadas e nunca devolvidas aos seus amigos, os rajás. Ao mesmo tempo, essas cláusulas devem estar redigidas de tal maneira, que protejam também, os vossos interesses. Deverá existir algum oferecimento de vossa parte, espontâneo, naturalmente, convidando a inspeção ocasional dos livros e documentos, a intervalos razoáveis, para a verificação das contas apresentadas, já que a vossa integridade pessoal não pode servir de garantia para todos os vossos auxiliares. Mas isso não há de diminuir a vossa autoridade sobre a istração do periódico em todas a dependências. VII - É melhor que todo o capital seja integralizado antes que o jornal surja, pois é sempre desagradável e embaraçoso pedir contribuições enquanto se está sofrendo perdas iniciais. Mas deverá ser estipulado que tudo que não seja imediatamente necessário, renda juros. E que seja criado um fundo de amortização com a receitra do periódico para atender a qualquer necessidade urgente e imprevista. Devem ser distribuídos ocasionalmente o superavit, bem como os lucros. VIII - Os contratos usuais e documentos de co-participação devem ser legalizados desde o início, e entregues a depositários mutuamente confiáveis e que não devem ser conhecidos, até que aconteça qualquer contigência especial. Isto demonstrará boa fé de ambas as partes e inspirará confiança. IX - Não parece ser necessária nenhuma observação sobre as demais partes do vosso projeto. Vejamos, portanto, agora outra coisa. Há duas ou três noites escutei a seguinte conversação, ou melhor, declaração de opinião independente, que aprovei dentro do âmbito de um raciocínio mundano. Olcott estava conversando com vários teósofos influentes envolvidos e interessados em nossas futuras atividades jornalísticas. Vosso colega e irmão, o bom e sincero Norendo Babu, do Mirror, disse sábias palavras a este respeito: "Dos vários príncipes que os amigos do Senhor Sinnett na Índia tem em vista, provavelmente nem um só será induzido a subscrever o capital por motivos patrióticos. O de Nizan quer o Berars e tem a esperança de que a Inglaterra será tão generosa em relação a ele como o é em relação a Cetewayo. Holkar quer cem por cento ou o que mais se aproxime disso. Kashmir teme a Gazete C. e M. e a cobiça que tem desejado há muito tempo anexar a sua rica província (a isto o meu conservador e patriótico amigo A.P.S. seguramente deverá objetar); Benares é ortodoxo e estaria disposto a gastar livremente para abolir a matança de vacas (não de bois). Baroda é uma criança com a inquietude de um potro e sem uma clara idéia do que seja a vida. Com os adequados agentes e discretas negociações, os 5 lakhs podem (?) ser obtidos, mas não se pode dizer quando; (especialmente para
alguém que tem pouca ou nenhuma fé em nossa ajuda). H.P.B. envioume, depois disto, a vossa carta. Caso o meu conselho se pedido, eu sugeriria: (1) manter os vossos proprietários na espectativa de vossas possibilidades efetivas, de modo a vos dar a escolha de fazer aquilo que se apresente mais conveniente. Eu, de minha parte, confesso-vos agora que faço duas conjecturas. Quando se consiga o novo capital, mesmo no caso de que isso aconteça bem logo, não fará muita diferença se o vosso jornal comece na próxima estação fria ou em outra, contanto que vós estejais à frente do Pionner. Estaríeis em sua direção até novembro, e enquanto isso os vossos amigos terão tempo de desenvolver as suas negociações difícieis e delicadas e poderiam tomar providências para que recebais uma porção equitativa de salário, enquanto completais os vossos preparativos em vossa casa, para começar com a estação fria de 1884. Por outro lado, caso o capital possa ser conseguido em breve, poderíeis colocá-lo rendendo juros e não retirar salário algum até que deixeis o Pionner. Naturalmente, sem forçar os acontecimentos (violando as nossas leis, salvo que o Chohan o permita) tudo isso é incerto e, de certo modo, um dilema. Mas eu posso ajudar os vossos amigos e eles notarão prontamente, tão logo comecem. Não; se eu estivesse em vosso lugar, não prometeria não iniciar a publicação de outro periódico; pois, em primeiro lugar não sabeis o que pode acontecer; e, além disso, é sempre útil ter uma espada de Dâmocles pairando sobre cabeças como as de Rattigan e Walker. Eles estão assustados mortalmente, asseguro-vos. Poderiam mesmo tornar agradável e proveitoso para vós continuar na direção do Pionner com poderes editoriais e salário maiores, pois lhes convêm mais isso que ter-vos como competidor com 5 lakhs como apoio. Sobre a conveniência disso o tempo dirá. Como foi aconselhado agora, apoio firme o programa original. Deveis ser o dirigente único e pleno de um jornal dedicado aos interesses dos meus compatriotas desorientados. A nação indo-britânica é um impulso pelo qual me guio. Escreverei mais proximamente. Eu anexo uma carta que me foi bondosamente cedida (ainda sem o conhecimento dele) pelo Coronel. Nosso amigo fica furioso da maneira mais anti-yogi, e Subba Row tem razão em suas opiniões sobre ele. Estas e outras cartas piores serão recebidas por C.C.M. e S.M. e outros. E esse é o homem que jurou por sua palavra de honra, no outro dia, que nunca prejudicaria a Sociedade, qualquer que fôsse sua opinião sobre nós, pessoalmente! É o encerrar do ciclo, meu bom amigo, os últimos esforços...Quem triunfará? Os Dugpas, sob cuja influência ele se colocou agora por inteiro, aos quais de toda forma e maneira: ou... Mas isso basta! Vosso sinceramente, K.H.
Carta Nº 079 A sentença inicial desta carta indica que Sinnett respondeu à carta do Mahatma contendo as sugestões do Mahachohan, com mais algumas idéias dele mesmo. Como não "esgotastes exaustivamente o caso" na vossa nota anterior, eu disse só o que disse, pois não sou homem de negócios. Alguém acostumado com assuntos mercantís teria deduzido, indubitavelmente, o plano todo, baseando-se em fragmentos ainda menores do que aqueles que possuis. Mas agora que expusestes o assunto, eu posso dizer (mantendo, ao mesmo tempo, a minha opinião de aficionado amador em bem pouca estima) de que o vosso esquema parece ser razoável e bastante justo. O Sr. Dare, não menos do que vós, deve ser substancialmente recompensado pelos seus valiosos e devotados serviços. A vossa proposta para que os 4 dozeavos das ações transferíveis não participem dos benefícios até que os seus respectivos possuidores tenham obtido dos restantes 8 dozeavos uma razoável remuneração de capital, é justa para as duas partes. Se deveis terminar publicando um periódico de dois ou quatro cadernos, eu continuo crendo que, se for prático, deve-se buscar o maior capital possível, pois quando estiverdes por completo preparado para qualquer emergência podereis adotar, deliberadamente, o plano que uma análise fria e um cálculo equilibrado, indiquem como o melhor. E agora, antes de deixar minha nova relação de conselheiro de negócios, devo repetir que, ao mesmo tempo que ajudamos o empreendimento, do princípio até o fim, dentro do possível pelas nossas regras, a iniciativa deve ser tomada pelos vossos amigos e deve ser orientada e compartilhada por vós e vos direi, justamente, porque. Ainda que deva resultar o maior bem do exitoso estabelecimento de um jornal como esse, a estrita lei de justiça nos proibe de fazer qualquer coisa que diminua, no menor grau, o mérito a quem tem direito, aquele que converta o sonho em realidade. Poucos são os que conhecem o seu futuro ou o que é melhor para eles. Não há dúvida de que a vida no continente europeu e na Inglaterra possue encantos que faltam na pobre e apática Índia. Mas esta última, por outro lado, oferece privilégios e atrações não sonhados pelo mísitico comum. Eu não me atrevo a dizer mais; mas, estais equivocado, meu amigo, muito equivocado ao consentir permanecer aqui SÓ por minha causa. Eu, ao menos, não me sinto suficientemente egoista para aceitar o sacrifício se não soubesse o que sei. Por vossa complacente condescendência aos nossos desejos de que assistisseis a celebração do aniversário, aceitai nossos melhores agradecimentos. Os efeitos de vossa presença e palavra serão maiores e melhores do que podeis agora conceber. E, como toda boa ação, isso trará abundante recompensa para vós, aqui e no futuro. Que vos seja um consolo ter ajudado em um grau positivo a neutralizar as
malignas influências que os inimigos da Verdade concentraram sobre a Sociedade. O ponto inercial do ciclo giratório ou: um novo está surgindo para a Sociedade Teosófica no dia 17 de Dezembro. Vigiai e vêde. Sempre vosso amigo. K.H.
Carta Nº 080 (Janeiro ou Fevereiro de 1883) Esta pequena carta relaciona-se com os contínuos esforços para subscrever capital entre homens de negócios indianos para o novo empreendimento, "O Fênix". O Cel. Olcott tinha ido para Calcutá no começo da segunda quinzena de fevereiro para procurar apoio para o projeto. Ele havia apoiado entusiasticamente a idéia, desde o início, mas apesar do seu zelo e entusiasmo, ele não era a pessoa mais hábil ou diplomática no mundo. Olcott era frequentemente chamado pelo Mahatma M. de "filho", e às vezes, afetuosamente, de "Morya Junior". Por não estar as lentes convexas do "filho" de M. perfeitamente polidas ele apresenta o assunto em uma forma algo torcida. M. não quiz que ele dissesse que havia algo como uma possibilidade de fracasso, mas somente a possibilidade habitual de demora em cada transação de negócios deixadas somente nas mãos dos nossos compatriotas, além da maldosa ou se preferis, excêntrica, intromissão dos Rothney Swendenborg3 e outros artistas em calamidades. Por tudo que sei da situação, e eu considero que eu a vigio tão de perto quanto me é permitido, há possibilidade de que se consiga o dinheiro para o final de março; mas sendo a chance um cavalo estrábico velho, de acôrdo com as informações, o tempo do pagamento ainda não foi escrito no livro de registro do Destino. Muito depende do que pode acontecer, mas ainda mais, de que o iogui de Simla nos deixe em paz por algum tempo. Três lakhs de rúpias podem ser dados como perdidos devido a uma carta que ele escreveu a um editor em Calcuta com uma descrição de nosso verdadeiro caráter (jesuítas, feiticeiros, um grupo de impostores, egoistas, etc.) e que foi mostrado por esse editor a um rajá, até então bem disposto e pronto a concordar com o convite dos "Irmãos Mahatmas", pois, de patriotismo, nessa transação, haverá muito pouco, se é que havia algo. Eu vos enviarei, em um dia ou dois, fatos que vos mostrarão as pessoas na sua verdadeira imagem. Enquanto isso, se eu vos aconselho a atuar inteiramente de acôrdo com o vosso próprio critério quanto a vossa renúncia, é devido ao falso entendimento sob o qual são vistos todos os nossos atos pelos europeus que, embora indiretamente, estão relacionados convosco. Não desejo ser mal julgado por vós nem que seja por um momento. Mas por extranhos e torcidos que nossos modos de proceder possam
parecer à primeira vista, tenho a esperança de que nunca permitireis que a vossa mente européia fique influenciada pelo vosso amigo Rothney. Bem mais proximamente. Vosso sempre fielmente. K.H.
Carta Nº 081 Recebida em Londres por volta de julho de 1883. Esta é a carta mais pessoal que o Mahatma escreveu para Sinnett por volta de meados de junho, e provavelmente mandada para ele junto com a Carta nº.111 (CM-59). Nesta carta, o Mahatma refere-se ao que ele chama de "desafortunada inspiração do dia 17, de Sinnett, publicada no "Times", que obviamente prejudicou a causa. Trata-se de uma carta escrita por Sinnett, embora a natureza da mesma não seja clara. PRIVADA, mas não muito confidencial. Deixei, como podereis observar, para uma carta específica e privada, no caso de desejardes ler a outra para os vossos "Irmãos e Irmãs" britânicos, e para o final, qualquer referência sobre o novo jornal proposto, sobre cujas probabilidades o Coronel Gordon vos escreveu tão animadamente. Eu mal sabia, quão profundamente o meu pobre povo havia se afundado, até que comecei a observar o desenvolvimento deste esforço para erigir um baluarte para os interesses dos hindus. Da mema forma que alguém observa os sinais oscilantes de uma vida ao lado da cama de um moribundo, e conta as débeis respirações para saber se há ainda lugar para a esperança, assim nós, exilados ários em nosso refúgio nevado temos estado atentos a esta questão. Impossibilitados de usar qualquer poder anormal que pudesse interferir no Karma da nação, tratando, embora, por todos os meios legais e normais, de estimular o zelo daqueles que cuidam a nosso respeito, temos visto como as semanas am a mêses sem que se houvesse alcançado o objetivo. O êxito está mais próximo que nunca, apesar de duvidoso. A carta de Govidan Lal, que pedirei a Upasika que vos envie, mostra que existe progresso. Dentro de poucos dias se realizará em Madras uma reunião de capitalistas indianos, na qual o senhor Olcott estará presente e da qual poderão sair frutos. Ele verá o Geikar em Baroda e Holkar em Indore, e fará o melhor que possa, tal como fez em Behar e em Bengala. Nunca a ajuda de um homem como vós foi tão necessária à Índia. Nós o previmos, como sabeis, e patrioticamente tratamos de tornar o caminho mais fácil para um rápido resultado. Mas, ah!, temos que reconhecer: a palavra patriotismo não tem quase nenhum poder eletrizante sobre o coração hindú. O país berço de Artes e Credos, fervilha de seres infelizes que
subsistem precariamente, atormentados por demagogos que tem tudo a ganhar com a confusão e descaramento. Sabiamos que tudo isso sucedia com o povo, mas nenhum de nós, arianos, tinhamos sondado a profundidade da questão inidana como agora. Caso seja issível representar as coisas subjetivas por fenômenos objetivos, eu diria que, para a visão psíquica, a Índia parece estar coberta com uma nevoa opressora cinza, um meteoro moral, as emanações ódicas de seu estado social enfermo. Aqui e ali cintila um ponto de luz que assinala uma natureza ainda um pouco espiritual, uma pessoa que aspira e luta pelo conhecimento superior. Se a tocha do ocultismo ário há de ser alguma vez acesa de novo, essas chispas esparsas devem ser combinadas para formar a sua chama. E este é o trabalho da S.T., esta é a parte agradável de seu trabalho no qual ajudaríamos alegremente, caso não fossemos impedidos e rechaçados pelos próprios aspirantes e chelas. Eu saí fora de nossos limites habituais para ajudar o vosso projeto em particular, por estar convencido de sua necessidade e de sua utilidade potencial; tendo começado, continuarei até que se conheça o resultado. Mas nesta experiência destoante de ingerência em assuntos comerciais, eu me aventurei até dentro da própria boca do forno do mundo. Sofri muito com a forçada visão à curta distância, da condição moral e espiritual de meu povo, e fui tão sacudido por esta visão mais próxima do aspecto mesquinho e egoista da natureza humana própria, sempre, da agem da humanidade por este nosso estágio do circuito evolucionário; vi tão distintamente a certeza de que isso não pode ser remediado, que daqui por diante me absterei de qualquer repetição da experiência inável. tenha o vosso periódico êxito ou não, neste último caso, isso será devido a vós exclusivamente, por causa da infortunada inspiração do dia 17, publicada no Times eu não terei nada mais a ver com a parte financeira desses assuntos mundanos e me limitarei ao nosso principal dever de ganhar conhecimentos e de disseminar, por todos os canais possíveis, aqueles fragmentos que a humanidade, como um conjunto, possa estar pronta para assimilar. É claro que estarei interessado em vossa carreira jornalística aqui, se eu for capaz de vencer e suavizar os sentimentos amargos que despertastes exatamente naqueles que mais confiavam em vós, com aquela confissão lamentável e inoportuna, conquanto o seu objetivo tenha sido honesto; e sempre podereis contar com a minha verdadeira simpatia. Mas o gênio do senhor Dare deve reinar em vossa Contadoria, do mesmo modo que o vosso no escritório do Editor. A grande dor que me inflingistes mostra claramente que, ou eu não entendo nada da adequação das obrigações políticas e, portanto, dificilmente poderia esperar ser um orientador sábio em negócios e política, ou que o homem a quem eu considero um verdadeiro amigo, conquanto honesto e bem intencionado, não se colocará jamais acima dos preconceitos ingleses e da pecaminosa antipatia para com a nossa raça e côr. "Madame" lhe dirá algo mais.
Embora não me "pedis para tratar de novo do assunto" no entanto, direi duas palavras mais sobre a dificuldade do senhor Massey em relação à carta de nosso irmão H.2 (então na Escócia) e que lhe foi enviada indiretamente por intermedio de "Ski". Sêde justo e caritativo, ao menos com um europeu. Se o senhor Massey tivesse declarado aos espíritas ingleses que ele estava em comunicação com os IRMÃOS por meios ocultos, teria dito a pura verdade. Pois não só uma e sim duas vêzes manteve tal relação oculta - uma vez com a luva do seu pai, que M.3 lhe enviara por meio de "Ski" e, de novo com a nota mencionada, para cuja entrega, foi empregado o mesmo meio prático, embora sem o mesmo dispêndio de poder. No caso dele, vêdes, é mais um exemplo da facilidade com que, mesmo um intelecto superior, pode enganar-se em assuntos ocultos, pelo maya de sua própria criação. E, quanto ao outro caso, não poderia considerar-se (eu não sou advogado, e portanto, falo sob reserva) como uma circunstância atenuante para o acusado, que o senhor Massey não está mesmo até hoje, seguro de que o doutor Billing não interceptou a carta de Simpson para a sua esposa, guardando-a para usá-la contra ela no momento oportuno e precisamente neste caso? Ou ainda itindo que a carta havia sido entregue à destinatária, saber qual foi a resposta, caso tenha sido escrita? Não ocorreu ao vosso vigilante amigo a idéia de que, naquele mesmo instante existia um despeito de mulher, pior que isso, um despeito de médium, muito pior que o Odium theologicum entre os Simpson e Hollis-Billing, concernente as suas respectivas pretensões aos favores mostrados por Ski? Que a senhora Billing chamou o Ski de seu "amigo" Simpson um falso fantasma; que o doutor Billing queixouse amargamente a Olcott e a H.P.B. da fraude perpretada pelos Simpson que trataram de enganar com um falso Ski como se ele fôsse genuíno, o mais antigo e mais fiel "guia" de sua esposa? O escândalo chegou até os jornais. Estranho que na ocasião em que ela era repreendida publicamente pela senhora B. por alegar ser guiada por Ski dela, a senhora S. tivesse lhe pedido um serviço tão delicado e perigoso! Eu digo de novo (falo sob reserva), nunca considerei a acusação seriamente e ser a respeito dela por ter captado um vislumbre da situação na cabeça de Olcott, quando estava lendo a carta do senhor C.C.M. Mas a insinuação pode, talvez, ser de alguma utilidade. Mas aqui está o que conheço e digo; o assunto, de uma vez por todas, é que seu amigo suspeitou apressadamente e condenou injustamente o inocente, e fez a si mesmo um dano espiritual. Ele não tem, na realidade, direito algum de acusar mesmo H.P.B. de engano deliberado. Protesto com a maior energia pela forma pouco caritativa como essa mulher é tratada. Ela não teve a intenção de enganar - a menos que se sustente ser um fato, um engano direto e uma mentira, segundo a teoria: supressio veri, suggestio falsi - uma máxima legal da qual ela nada sabe. Mas, então, por esta teoria, nós todos (Irmãos e Chelas), deveríamos ser considerados como mentirosos. A ela se ordenou que observasse fôsse a carta entregue; e não tinha outro meio para fazê-lo, nessa ocasião, senão por intermédio de "Ski". Ela não tinha poder para enviá-la diretamente, como ocorreu com a luva; M. não a ajudaria por certas razões próprias e também de muito peso -
como eu verifiquei mais tarde; ela sabia que o senhor C.C.M. desconfiava de Ski, e foi bastante tola para crer que o senhor Massey separava o médium do "espírito", como a sua carta o mostrou; ela estava ansiosa, por pura e abnegada devoção em relação a ele, para que ele visse que, afinal, era notado por um verdadeiro Irmão. Daí porque ela procurou ocultar o fato de que Ski tinha algo a ver com isso. Ademais, uma hora depois de haver enviado a sua carta a senhora B. para ser entregue por Ski, uma carta lida na ocasião, não encontrada acidentalmente, como alegado, ela equeceu tudo, como esquece sempre. Nenhuma idéia, nenhum pensamento do menor engano de sua parte, cruzou jamais a sua mente. Caso o senhor Massey lhe tivesse pedido que dissesse a verdade depois que a Carta lhe fôra mostrada, ela provavelmente ou o teria mandado para um lugar muito quente e não teria dito nada, ou teria confessado honestamente a verdade. Simplesmente achou melhor que o efeito benéfico pretendido com a mensagem do Irmão não fôsse invalidado ao criar-se na mente do senhor C.C.M. uma pré-disposição hostil, fruto de uma suspeita injustificada como essa. Nós, meus estimados senhores, sempre julgamos os homens por seus motivos e pelo efeito moral de suas ações; falsas normas do mundo e os preconceitos, não nos importam em nada. K.H.
Carta Nº 082 (Agosto de 1883) Esta carta bastante longa, e para nós, bastante confusa, a menos que estejamos familiarizados com a história política indiana, é a tentativa final do Mahatma K.H. para tentar reviver o projeto "Fênix", evidentemente agonizante. A proposta que ele faz a Sinnett é muito complicada e tão mesclada à emaranhada situação política, então existente na Índia, que é difícil seguir o raciocínio. Entretanto, o problema parece ter se relacionado com dificuldades entre os proprietários de terra e os camponeses. A Lei de Arrendamento, de Bengala, prevista para auxiliar os camponeses, estava sendo discutida, mas a questão toda ficou confusa com a votação iminente da Lei Ilbert, uma tentativa de Lorde Ripon, então Vice-Rei da Índia, para instituir algumas reformas para desenvolver o governo autônomo local; o Sr. (mais tarde, Sir) Courtenay Ilbert, membro do Judiciário do Conselho, havia apresentado uma lei destinada a fazer algumas mudanças na istração da justiça. Até aquela ocasião nenhuma pessoa senão europeus ou, em uma linguagem mais técnica, "súditos inglêses europeus", podiam ser designados como juizes de paz com jurisdição sobre pessoas da mesma categoria em distritos fora dos limites das cidades subordinadas a um presidente da Companhia das Índias Ocidentais. A Lei propunha remover a limitação do "Código de Processo Criminal",
"imediata e completamente" e, consequentemente, conferir a muitos magistrados indianos autoridade para cuidar de casos de europeus, como de qualquer outra pessoa. A proposta, embora aparentemente razoável e justa, despertou a mais violenta oposição entre os agricultores nas regiões de anileira e chá e entre outras classes da população européia não-oficial em todas as partes da Índia. Eles temiam, e não inteiramente sem razão, que a sua segurança em locais do interior do país pudesse correr perigo em certas circunstâncias. Uma forte agitação em contrário ocorreu entre os Indianos educados e o resultado foi uma explosão de sentimentos raciais que até então não tinha ocorrido, desde os dias do Motim. A excitação da opinião pública tornou-se tão ameaçadora que o Governo foi obrigado a retirar a lei, e se contentar com uma emenda muito menos drástica no Código, que reservara aos presumíveis infratores europeus de reclamar julgamento por juri. O mau estar causado pela malfadada Lei só desapareceu depois de muito tempo. O Mahatma faz uma sugestão a Sinnett que diz, antecipadamente, acha que será repugnante aos inglêses. A decisão deve ter sido difícil para Sinnett, mas, como veremos na carta seguinte, ele concordou em adotar a sugestão do Mahatma, em meio à uma profunda revolta em sua própria consciência, mas então estava liberado de sua promessa pelo Mahatma. Estritamente confidencial O "quart d'heure de Rabelais" chegou. De vossa concordância ou recusa, depende a ressurreição do Phoenix, prostrado em um Samadhi parecido com a morte, senão na morte verdadeira. Se credes na minha palavra, e estabelecido que os camponeses sob os nossos cuidados estão preparados para um trabalho algo sujo (do ponto de vista europeu) e se concordais em opor-vos aparentemente ao nosso trabalho, servindo, na realidade, aos nossos fins e salvando assim os nossos respectivos países de um grande mal que paira sobre ambos então concordai com a proposta que vos será feita da Índia. Para todos os efeitos podeis vos opor à Lei de arrendamentos de Bengala, pois, não importa o que vós ou outros façam, jamais sereis capazes de impedir o nosso trabalho na direção oposta. Portanto um escrúpulo a menos e uma confidência não permitida a mais. Um enigma, uma verdade. E agora, meu bom amigo, eu tenho que explicar. Somente tendes de preparar as vossas noções culturais Européias de certo e errado para receber um choque. Está posto a descoberto diante de vós um plano de ação de caráter puramente asiático; dado que eu não posso mover nem um dedo - nem o faria, se pudesse, neste caso - para guiar a vossa compreensão ou sentimentos, talvez o acheis demasiado jesuítico para o vosso gosto. Lástima para todos que sejais tão pouco versado no conhecimento dos antídotos ocultos, a ponto de não poder perceber a
diferença entre o dito jesuítico "Tout chemin est bon que mène a Rome" acresecentado ao astuto e malicioso "o fim justifica os meios", e a necessidade da aplicação prática daquelas sublimes palavras de nosso Senhor e Mestre; Oh, vós, Bhikkhu e Arhats, sêde amistosos para com a raça dos homens, nossos irmãos! Sabei todos vós que aquele que não sacrifica sua própria vida para salvar a dos outros seus semelhantes; e aquele que vacila em dar mais que a sua vida - seu bom nome e honra, para salvar o bom nome e honra de muitos, é indigno do Nirvana, destruidor dos pecados, imortal e transcendente. Bem, não pode se fazer nada. Permitai-me que vos explique a situação. É muito complicada, mas para aquele que, sem nenhuma preparação prévia, pôde assimilar tão bem algumas das nossas doutrinas a ponto de escrever "o Budismo Esotérico" os nossos recursos internos que temos de usar, devem se tornar claros. 1) Os Chefes de Behar oferecem-me um lack e meio, de imediato, para o Phoenix; outra quantia igual quando vos vejam de regresso a Índia, caso o novo jornal combata o projeto de lei de arrendamentos de Bengala e prometeis dar-lhes o vosso apoio. A menos que a proposta seja aceita por vós, podemos já nos preparar para a cremação final do nosso Phoenix - e para sempre. Além desta soma, Rs. 150.000, podemos contar somente com Rs. 45.000 em ações, até agora. Mas deixai que os proprietários de terra contribuam com dinheiro à vista e todos os seguirão. 2) Caso recusais, eles buscarão outro editor; se houver algum perigo para os lavradores e para o projeto de Lei, eles, os proprietários ou Zemindars, não perderiam nada com isso, exceto no grau de habilidade do editor deles; mas eles têm esperança e ignoram completamente que estão perdidos com o correr do tempo. Os únicos e verdadeiros perdedores no caso de recusa serão a Índia e o vosso próprio país, com o tempo. Isto é profecia. 3) A resistência e as intrigas levantadas pelos Zemindars contra o Projeto são infames em sua natureza, mas muito naturais. Aqueles que examinam as coisas em sua essência, percebem o verdadeiro espírito criminoso em Lord Cornwallis e na longa linha de seus sucessores. embora possa ser infame, como digo, assim é e não há remédio, pois é a própria natureza humana, e não há maior desonra em apoiar as suas pretensões, de um ponto de vista legal, por parte de um editor que sabe estarem condenados, do que haveria para um advogado ao defender o seu cliente, um criminoso sentenciado à forca. Estou agora procurando argumentar do vosso ponto de vista europeu por receio, temendo que não sejais capaz de ver as coisas do vosso ponto de vista asiático, ou melhor, do ângulo que nós as observamos, por estarmos capacitados para perceber os acontecimentos futuros.
4) Um Editor conservador cujo campo de ação mostra-se marchando em linhas paralelas com as de um vice rei conservador, verificará que não perdeu nada, de fato, em consequência de uma ligeira oposição, a qual, afinal, não pode durar muito tempo. Há grandes falhas no presente projeto, examinado do ponto de vista legal, como lei em si. 5) Devido ao "Projeto de Lei Ilbert" estupidamente intempestivo, e ao episódio ainda mais estúpido de rebeldia "Saligram-Surendro", a agitação está levando a população da Índia à beira de sua própria destruição. Não deveis crer que eu esteja exagerando se digo, além disso, que os ingleses e especialmente os anglo-hindus, seguem o mesmo caminho de direções opostas. Sois livre de rechaçar a minha advertência; mostrareis ser sábio se não o fizerdes. Mas voltando ao nosso principal assunto: 6) Existem vários ingleses de grande inteligência e capacidade que estão prontos a defender e mesmo a se aliar com os Zemindars - em oposição ao Projeto, contra os seus próprios princípios e sentimentos - simplesmente porque os donos das terras odeiam e se opoem ao homem a quem o resto dos Hindús professam, agora, adoração e a quem estão exaltando com todo o ardor de selvagens de mente simples e visão limitada. Deste modo os camponeses não podem escapar à sua sorte senão por uns poucos mêses mais, não importa que aceiteis ou não o oferecimento. Neste último caso, naturalmente, o assunto do jornal chega ao seu fim. 7) Ao mesmo tempo é melhor que estejais preparado para conhecer os resultados inevitáveis; existem noventa e nove probabilidades contra uma que se o oferecimento dos Zemindars é rechaçado o Phoenix jamais virá a existir, ao menos enquanto persistir a presente agitação. E quando fracasse finalmente, como está fadado a suceder com o projeto se não controlarmos a situação, então teremos que nos separar. Para obter do Chohan a permissão para defender os milhões de pobres e oprimidos da Índia, pondo em jogo todo o nosso conhecimento e poderes, eu tive que prometer, que, no caso de fracasso do Phoenix, não interviria mais em tais assuntos mundanos e daria uma despedida eterna ao elemento europeu. M. e Djual Khool teriam que ocupar o meu lugar. Por outro lado, caso concordais com o oferecimento, a vossa oposição à Lei do Arrendamento não teria efeito maior no nosso trabalho pelos camponeses, como o de uma palha para salvar um barco em risco de se afundar; mas se um outro Editor for escolhido, não teríamos motivo para exercer nossa influência pelo bem deles. Tal é a situação. É uma curiosa miscelânia sem nenhuma razão de ser, em vossa opinião. Dificilmente poderíamos esperar que a vísseis claramente no presente, nem há muita probabilidade de que a julgueis imparcialmente, devido a esta obscuridade egípcia de propósitos opostos: nem tampouco há especial necessidade de que o façais, se o oferecimento vai ficar sem efeito. Mas se a sua resposta é favorável, creio que posso acrescentar alguns detalhes. Saiba, pois, que apesar da oposição e justamente devido a ela, ireis levar o grande
fervor nacional a um ponto, crítico, mais rápido do que poderia ser esperado de outra maneira. Assim, enquanto levardes a cabo estritamente o vosso programa e a promessa feita aos proprietários de terra, estáveis favorecendo os acontecimentos que devem produzir-se para salvar a infortunada população que tem sido esmagada desde o ano de 1793, o ano do grande erro político de Lord Cornwallis. Ao mesmo tempo podeis fazer um imenso bem em todos os sentidos. Recordai o ado e isso vos ajudará a ver com mais clareza as nossas intenções. Quando tomastes Bengala dos governantes locais, existia um número de homens que exerciam o cargo de Cobradores de Impostos sob o governo daqueles. Esses homens recebiam, como sabeis, uma porcentagem para cobrar os impostos. O espírito da letra do dízimo e do tributo sob os governantes mussulmanos nunca foi compreendido pela East India Company, menos ainda os direitos dos camponeses de se oporem à uma mudança arbitrária da lei de Wuzeefa e Mukassi-mah. Bem, quando os Zemindars verificaram que os britânicos não compreendiam exatamente a sua função, aproveitaram-se da situação, assim como os ingleses haviam se aproveitado de sua força e reivindicaram para eles o título de Proprietários. Mostrando debilidade, os ingleses concordaram em reconhecer a reclamação e ití-la, apesar das advertências dos mussulmanos que compreendiam a verdadeira situação e não foram subornados como a maioria da Companhia; com isso favoreceram a uns poucos em detrimento de muitos, sendo o resultado os Registros de Ocupação Perpétua. É isso que conduziu a todos os males subsequentes em Bengala. Vendo como os infortunados camponeses são considerados por vossa orgulhosa nação, em pleno progresso do século dezenove, sendo eles, para vós, de valor muito menor do que cavalos e vacas, não é difícil imaginar-se como eram, então, considerados pelos vossos compatriotas há um século, quando cada inglês era um piedoso cristão de coração e a Bíblia lhe ordenava que fizesse uma ampla distinção entre os descendentes de Ham e eles mesmos, os herdeiros do povo escolhido. O acôrdo estabelecido entre Lord Cornwallis e os donos de terra, que estipulava que "o gado negro humano" deveria ser tratado pelo Zemindars bondosa e com justiça e que não deviam elevar os aluguéis dos lavradores, etc., era uma farsa legal. O Chohan4 estava, então, na Índia e foi testemunha ocular do começo dos horrores. Nem bem tinham obtido o "Acôrdo de Ocupação Perpétua", os donos de terra começaram a faltar com os seus compromissos. Deixando de cumprir quaisquer destes, ano após ano levaram a ruina e a fome aos miseráveis lavradores. Exigiram o tributo, venderam os seus bens e forjaram falsos cargos contra eles debaixo do nome de Abwab. Essas "aberturas" e "oportunidades" lhes permitiram ir até onde desejavam e impam durante cinquenta anos os mais extraordinários impostos. Tudo isso e muito mais os Zemindars fizeram e a eles deve-se pedir que prestem contas de seus atos. Coisas demasiado horríveis de mencionar foram feitas sob as vistas dos funcionários da Companhia e muitas vêzes com a sanção deles, até que o Motim colocou algum obstáculo, ao trazer, como resultado, outra forma de governo. É para reparar a grande injustiça cometida,
para remediar o que até agora foi irremediável, que Lord Ripon se propôs a apresentar o novo Projeto de Lei. Não acharam conveniente os seus conselheiros (não aqueles que vós conheceis) eliminar o sistema Zemindario sem conseguir ao mesmo tempo popularidade entre a maioria em outra direção. Daí o "Projeto de Lei Ilbert" e outras medidas menores. Podemos dizer que tudo indica ser o objetivo do presente Projeto de Lei de Arrendamento reparar as injustiças do ado. Meu amigo, sois um editor extraordinariamente inteligente e um político observador e perspicaz, e é possível que ninguém em toda a Índia, conheça com tanta profundidade a natureza interna dos coups d'état6 anglo-hindús. Entretanto, não aprofundais o bastante, e os níveis primitivos e originais do solo político, como gênesis de alguns atos de Lord Ripon, eram e são terra incógnita para vós como para tantos outros, possivelmente mais acostumados à política do que vós. Nem Lord Ripon, nem os seus conselheiros, aqueles que ficam por trás do véu, esperam quaisquer grandes resultados enquanto tiverem poder na Índia. Eles são mais Ocultistas que vós imaginais. As suas reformas liberais não estão destinadas à Índia, a cujo bem estar ou angústias eles são totalmente indiferentes. Eles tem os olhos postos em resultados futuros muito longínquos e leis de imprensa, projeto de Lei Ilbert, projetos de Lei de Arrendamentos de Bengala e tudo o mais está dirigido para a Inglaterra protestante, a qual, muito cedo, ou demasiadamente cedo, se alguém ou algo não intervier, se verá sufocada nos invisíveis anéis da Igreja Romana constringente. Amigo e Irmão, o único da vossa raça que eu olho com cálido e sincero afeto, cuidado! Não rejeiteis demasiado ligeiramente a minha advertência, pois ela é solene e só me é permitido fazer uma insinuação. O ceticismo político, como qualquer outro, desdenha e ridiculariza as observações daqueles que não pertecem as suas fileiras. Dá-se conta de seus erros quando se está numa fossa. Cuidado, pois não é uma simples fossa, mas um abismo que vos está sendo preparado!* Mas vejamos com que razões pode um inglês honesto opor-se ao Projeto de Lei de Arrendamentos. Por maior que seja atualmente a miséria dos lavradores, por mais justas que sejam as represálias que estão acumuladas contra os Zemindars, por mais humano e generoso, em resumo, que seja o Projeto de Lei de Arrendamentos em seu aspecto externo, no entanto, nenhum governo honesto, falando estritamente, tem o direito de romper à vontade e ao seu belprazer, solenes promessas e compromissos. Por que se verifica que os donos das terras não cumpriram sua parte do acôrdo, não dá direito à outra parte de repudiar a sua e romper em pedaços o Acôrdo de Ocupação Perpétua. Os pecados de uns poucos não podem cair sobre os demais. Há grandes imperfeições no presente Projeto de Lei de Arrendamentos, como havia no velho sistema, e não há cláusula alguma nas velhas leis que estipule que o Acôrdo torna-se nulo pela vontade dos britânicos. Não vou analisar os defeitos do significado da letra morta em um ou em outro, mas me limitarei a dizer-vos que existem tais imperfeições e que, enquanto não sejam modificadas, tendes perfeito direito de objetá-las. Não se espera que consigais a
retirada do projeto de Lei, e sim simplesmente que apoieis os Zemindars na análise dos seus defeitos. E isto podeis prometer livremente. Entretanto, não devo dar a impressão de estar procurando influenciar-vos neste ou naquele sentido. Algumas das pretensões dos donos das terras são infames e nenhum homem honesto pode obrigarse a apoiá-las, enquanto que outras não deixam de ter uma forte base legal em seu apoio. O poder governante, por exemplo, nunca foi, em nenhum caso, o proprietário da terra Khirajee, nem mesmo sob a lei e o governo dos mussulmanos. Tendes pois, o espírito do Khiraj e de Ooshr para trabalhar com o fim de resgatar a promessa feita aos Proprietários e entretê-los por alguns mêses, até o dia da "onipotente bancarrota" que lhes está reservada. Tudo que se vos pede que façais para o benefício, tanto do vosso, como do meu país é não se importunar com a fachada feia do ecifício, tomando em consideração somente a verdadeira natureza da situação e os futuros bons resultados, no caso de que triunfais sobre a vossa escrupulosidade muito natural. Dentro de poucos dias podereis receber uma proposta definida. Reflitai bem acerca dela. Não vos deixeis influenciar por nenhuma consideração relativamente aos meus desejos. Se acreditais honestamente que o oferecimento é incompatível com as vossas noções e critério europeus sobre a verdade e a honra, recusai aceitála sem qualquer vacilação e permitai-me dar-vos uma despedida triste, embora sempre agradecida e amistosa. Não posso esperar que vejais as coisas do meu ponto de vista. Vêdes o exterior, eu vejo o interior. Esta não é hora para sentimentalismos. Todo o futuro da mais "brilhante (!) jóia" - oh, que negra sátira nesse nome!, da coroa da Inglaterra está em jogo, e eu estou obrigado a dedicar todos os meus poderes, tanto quanto o Chohan o permita, para ajudar o meu país nesta hora angustiosa de sua miséria. Eu não posso trabalhar, senão com aqueles que querem trabalhar conosco. Não me acuseis, amigo meu, pois não conheceis, não podeis conhecer a extensão das limitações sob as quais estou colocado. Não penseis que estou tratando de por diante de vós uma isca, um atrativo para que aceiteis aquilo que recusaríeis em outras circunstâncias, pois não é assim. Tendo comprometido minha solene palavra de honra a Aquele com quem estou em dívida por tudo o que sou e que sei, vejo-me simplesmente impotente no caso de vossa recusa e termos que nos separam. Caso o Projeto de Lei dos Arrendamentos não tivesse sido acompanhado pelo alarido e entrechoque do Projeto Ilbert e do episódio do desacato, eu teria sido o primeiro a aconselhar-vos que recusasse. Entretanto, tal como permanece agora a situação e proibido como estou de utilizar outra coisa que não sejam os poderes normais, estou impossibilitado de fazer as duas coisas e me vejo obrigado a escolher entre ajudar a minha desventurada mãe pátria e o nosso futuro intercâmbio. Cabe a vós decidir. E se esta carta estiver destinada a ser a última, rogo-vos que recordeis (pelo vosso bem, não pelo meu) a mensagem que enviei para Simla, destinada a vós e ao senhor Hume, por intermédio de H.P.B. - "Lord Ripon não é um agente livre; o
verdadeiro vicerei e governante da Índia não está em Simla e sim em Roma; e a arma eficaz usada por esta última, é o confessor do Vicerei". Rogo-vos, dai as minhas melhores saudações a sua senhora e ao "Morsel". Estais certo de que exceto algumas omissões e equívocos que am inadvertidos, o vosso "Budismo Esotérico" é a única exposição correta, conquanto incompleta, de nossas doutrinas Ocultas. Não incorrestes em erros capitais e fundamentais; e seja o que possa ser atribuido, posteriormente, não será antagônico com uma única sentença do livro, mas ao contrário, explicará qualquer contradição aparente. Até que ponto era equivocada a teoria do senhor Hume, ficou evidenciado pelo "Chela" no Teosofista. Contudo, podeis sentir-vos seguro de que, nem M. nem eu nos contradizemos mutuamente em nossas respectivas afirmações. Ele falava da Ronda Interna; eu, da Ronda Externa. Há muitas coisas que ainda não aprendestes, mas podereis conhecê-las algum dia; nem podereis de qualquer modo compreender o processo das obscurações até que tenhais dominado o progresso matemático das Rondas internas e externas e aprendido mais acerca das diferenças específicas entre as sete. E assim, de acôrdo com as conclusões filosóficas do senhor Massey, não temos um Deus? Ele tem razão, pois que aplica o nome a uma anomalia extra cósmica, enquanto nós, não conhecendo nada desta última, verificamos que cada homem é seu Deus, dentro de si mesmo, em seu próprio avalokitesvara, ao mesmo tempo pessoal e impessoal. E agora adeus, e se está decretado que não nos escrevamos mais, lembrai-vos de mim com o mesmo sentimento de bondade com que sereis sempre recordado por mim. K.H.
Carta Nº 083 Recebida em Londres no dia 8 de Outubro de 1883. Esta carta soa como o toque de finados de todo o empreendimento de "Fênix" e encerra a discussão em torno do mesmo. Uma ausência transitória por assuntos imperativos impediu-me durante alguns dias, de saber qualquer coisa sobre os vossos negócios e só me foi possível hoje ter um tempo livre para pensar neles. Depois de ter lido a vossa carta, a situação se me apresentou com tal aspecto que concluí que devíeis ter, imdediatamente, a vossa liberdade, e nesse sentido vos enviei um telegrama. Isto foi feito com o objetivo de remover de vossa mente qualquer sentimento de obrigação moral ou de outra natureza e deixar-vos que aceiteis ou recuseis, à vossa escolha, as propostas posteriores que possam vir, de qualquer parte da Índia. Se algum motivo tivesse exigido um rumo diferente, teria sido completamente eliminado pelo sentido de vossa carta de 16 de agosto.
Pensais que a defesa do Projeto de Lei de Arrendamentos em Bengala, no estado atual dos assuntos, iria arruinar todo êxito comercial do pretendido jornal, "O Phoenix" não pode ser um êxito comercial, tal como está planejado agora. E um jornal que é um fracasso comercial pode ter muito pouco peso político. Persistir então, significaria, como vêdes, conduzir um grupo de pessoas a um gasto infrutífero de uma grande quantia de dinheiro. Pois "o projeto, assim mutilado, fica consideravelmente despojado de suas grandes possibilidades financeiras". Entretanto, apesar de tudo isso, estais disposto a prosseguir, se eu o desejar, descarregando a responsabilidade moral sobre mim e "engolindo o compromisso algo repulsivo". Amigo meu, não fareis nada disso. A responsabilidade, apesar de tudo que eu poderia fazer, e estou disposto a fazer, cairia sobre vós, pois que eu vos dei claramente a escolha em minha última carta. Se, daqui por diante, tendes algo mais a ver com este infortunado assunto, deve ser inteiramente sob o seu próprio critério e responsabilidade. Compreendestes mal a Lei do Karma (e a minha carta), se pudésseis ter imaginado que eu me atreveria a provocar as suas terríveis reações, obrigando-vos, ou a qualquer um, a empreender uma linha de conduta com tais sentimentos em seu coração. Conhecendo-vos, era fácil prever a vossa repulsa (ainda mais tendo, os sentimentos de qualquer homem honrado de enfrentar uma tal situação) pelo trabalho à vista. Portanto, tomei bastante cuidado em chamar a vossa atenção, em minha carta, de que estáveis inteira e absolutamente livre em vossa escolha. Culpo a mim mesmo somente por uma coisa, isto é, por haver insinuado como provável consequência de vossa negativa, como estava implícito em minha promessa ao Chohan, de me abster, dai por diante, de colaborar com os europeus até chegar um momento futuro e mais favorável. Foi isso que vos fez "tragar a repulsiva promessa", mais do que qualquer palavra dita. Isso vai para o meu karma. Mas deixando isso de lado, e com referência à minha última carta, notareis que se ressaltou firmemente a necessidade de que vossa ação fôsse independente e imparcial. Eu esperava, mesmo apesar da desalentada condição moral de meus compatriotas, e forçado a mim mesmo a crer quase que era possível, um jornal, obviamente tão necessário nesta grande crise, sobre uma base completamente satisfatória para vós e para todos que tivessem relação com o mesmo. Eu havia esquecido que as aparências externas é tudo em vosso mundo e que simplesmente eu vos estava expondo a ser olhado com desprezo. Mas ficai seguro: tivesse sido reunido o dinheiro, como se tentou de início e nenhuma pressão para trabalhar em uma determinada direção tivesse sido exercida sobre vós; e tivesse sido a linha de ação deixada inteiramente à vossa decisão; apesar disso, nesta hora de amargos ódios, de malícia e desprezo mútuos, o mero fato de que estáveis defendendo a causa dos desprezados e dos "negros", agora mais do que nunca odiados e oprimidos, teria tirado do Phoenix até a simples sombra de "uma grande possibilidade financeira". Há apenas um mes eu tinha tanta confiança, ao ver os mais profundos sentimentos agitando-se na alma nacional, que eu vos prometi que entusiasmásseis
ainda mais do que eu. Outros, cuja intuição e previsão não haviam sido cegadas pelos seus superiores, pensavam de forma diferente e alguns teriam me dissuadido; mas, por ser o objetivo tão digno e a possibilidade realmente existente, foi-me permitido cuidar do projeto e usar meios naturais externos para ajudar a sua realização. Caso fôsse factível para vós uma espera indefinida, poderia realizar-se o esquema original; mas isso não é assim, e devo, portanto, retirar a última aparência de coação sobre o vosso livre arbítrio e vos agradecer por haver apoiado tão lealmente a tentiva de fazer o bem para a Índia, ainda que à custa de vossos sentimentos e interesses pecuniários. Eu sentiria muito relutante, além da regra da nossa Ordem no que se refere ao Karma, a vos atrair à uma posição na qual não poderia recompensar-vos de alguma maneira, pela perda de prestígio social e transtornos financeiros. Fazer isso está além do meu poder. Não poderia vos olhar, se sentísseis a cada hora não melhor do que um "patife" e não tivésseis "mais influência política na sociedade, em geral, por motivos de caráter. Se o seu destino tivesse de unir-se com o nosso, tais considerações não seriam de peso em nenhum momento. Para todos aqueles, sejam Chohans ou Chelas que se obrigaram a trabalhar entre nós, a primeira e a última consideração é se podemos fazer o bem ao nosso próximo, não importa quão humilde ele possa ser; e não nos permitimos mesmo a pensar no perigo de qualquer insulto, abuso ou injustiça que possam afligir-nos. Estamos prontos a ser "cuspidos e crucificados", não uma vez, mas diariamente, se disso possa resultar um verdadeiro bem para o outro. Mas o caso é totalmente diferente convosco; tendes o vosso caminho para mais trilhar no mundo mais "prático" e vossa posição social nele não deve ser comprometida. Os contribuintes de capital, por outra parte, além de vós, deveriam ser justamente considerados. Entre eles há ricos Zemindars, mas há também patriotas pobres que fizeram grandes esforços para contribuir com suas pequenas somas por pura reverência a nós e amor pela mãe pátria. Pelo menos, cinquenta desses estão esperando o último desdobrar dos acontecimentos e economizando os seus recursos até o último momento, antes de fazer as suas remessas para Calcuta. Em várias partes da Índia, Teósofos devotados, têm estado solicitando ativamente subscrições, considerando a possibilidade de possível ganho sobre o capital, exposta nas circulares do senhor Morgan; o projeto foi calorosamente recomendado por Olcott, o Coronel Gordon, Norendro e outros conhecidos e desconhecidos por vós. Um desastre financeiro para o Phoenix, da naturza que estais prevendo, comprometeria a influência pessoal de todos eles. Com tais perspectivas, ademais, o vosso último auxiliar, o senhor Dare, não teria interesse em ajudar-vos, mesmo que o senhor Allen o permitisse. E, por fim, a menos que a vossa fé pessoal em mim fôsse cega a ponto de neutralizar os seus instintos de prudência, não iríeis arriscar o vosso capital trabalhosamente adquirido em um fracasso já predestinado, de modo que, em consciência, não poderíeis permitir que ninguém mais o fizesse. Exceto, desde que vos fôsse permitido "jogar a
responsabilidade moral sobre mim"; em resumo, fazer com que eu, por um milagre, forçasse o êxito. Se isso tivesse sido permitido, o jornal já estaria fundado e a sua voz teria sido ouvida entre o ruidoso clamor dos assuntos contemporâneos da Índia. Eu teria sido mais enfático no meu cabograma de hoje, mas, nesse caso, ao dizer-vos para abandonar a questão, eu assumiria novamente a responsabilidade de obstruir o vosso livre arbítrio. É melhor que deis ao grupo de Bengala a oportunidade de expor as suas condições de uma maneira definida e decisiva, e em consequência, responder "sim" ou "não". Para poupar-vos tempo e gastos, pedi a Olcott que faça com que Norendro Babu envie a ele as propostas dos donos de terras, para que ele possa, de imediato, conhecendo os vossos pontos de vista e caráter, dizer se vale a pena vos serem expostas ou não. E se assim não for, que ele se comunique imediatamente com os vossos procuradores em Calcuta, como pedistes. Esta é a situação atual dos assuntos e é muito mal para a Índia. Por enquanto é prematuro dizer-vos mais sobre as influências secretas que a causaram, mas poderíeis saber algo disso mais adiante. Nem posso predizer o futuro, exceto no referente a chamar mais do que nunca a vossa atenção para as nuvens negras que estão se agrupando no céu político. Deveis recordar que vos disse há muito tempo para esperar muitos e grandes distúrbios de todas as espécies, pois um ciclo estava se encerrando e outro começando as suas consequências fatais. Podeis ver uma prova nos fenômenos sísmicos ocorridos ultimamente e dentro em pouco vereis muitas outras. E se temos que lamentar o fracasso de um projeto humanitário, deve ao menos mitigar a severidade de vossa desilusão ao sentir que numa época má como esta, temos que lutar contra as influências visíveis e invisíveis da mais hostil natureza. E agora, umas palavras mais agradáveis, antes de concluir. A vossa decisão de seguir a minha orientação no assunto Phoenix, mesmo com a certeza, na vossa opinião, de queda social e perda pecuniária, já teve a recompensa do karma. Assim eu creio, de qualquer modo, a julgar pelos resultados. Embora não tenha existido a intenção de submetê-lo a uma prova (tão odiosa para vós) entretanto e como se tivéseis sido testado e não fraquejastes. A determinação da possível suspensão de relação entre nós foi revogada parcialmente. A proibição em relação a outros europeus é tão estrita como sempre, mas em vosso caso foi levantada. E este consentimento tem, eu o sei, uma direta conexão com o vosso consentimento: o grande sacrifício dos vossos sentimentos pessoais na presente situação. "Este Peling" mosrou ter "verdadeiras qualidades de redenção"! Mas estejais avisado, amigo meu, que esta não é a última de vossas provas. Não sou eu quem as cria, mas vós mesmo em vossa luta pela luz e a verdade contra as influências tenebrosas do mundo. Sêde mais cauteloso no que disserdes sobre temas proibidos. O mistério da "oitava esfera" é um assunto muito confidencial e estais muito longe de compreendê-lo,
mesmo nos seus aspectos gerais. Fostes advertiddo várias vêzes e não devíeis tê-lo mencionado. Trouxestes, sem intenção, o ridículo sobre um assunto sério. Não tenho nada a ver com a Respostas ao senhor Myers, mas podereis reconhecer nelas, possivelmente, a incisiva influência de M. K.H. Sou recomendado a pedir que, para o futuro, as comunicações destinadas a mim sejam enviadas por intermédio de Damodar ou Henry Olcott. A discreção de Madame B. não melhora em proporção ao seu debilitamento fisiológico.
Carta Nº 084 Os assuntos da Loja de Londres estavam ainda bastante tumultuados. Aliás, o Mahachohan havia aconselhado o adiamento da eleição. Sem dúvida, as duas facções, lideradas pela Sra. Kingsford e Sinnett, estavam mais ou menos em colisão. Os acontecimentos não haviam levado à "harmonia magnética" mencionada pelo Mahatma em sua primeira carta à Loja. (Carta nº.120 - CM-85). A LOJA DE LONDRES DA SOCIEDADE TEOSÓFICA PRIVADA Meu querido amigo: O anexo desta é para ser transmitido a L.L.S.T. por vosso intermédio, na vossa condição de Vice-presidente da Sociedade Matriz e, portanto, representante do Presidente Fundador, não como membro da Loja em Londres. Os recentes acontecimentos nos quais tivestes uma parte não de todo agradável, podem ser decepcionantes para alguns e fastidiosos para outros, entretanto, é melhor assim do que tivesse continuado a velha calma paralítica. Uma erupção de febre no corpo humano é sintoma de que a natureza está tratando de expelir os germens da enfermidade, e possivelmente da morte, anteriormente absorvidos. Tal como iam as coisas, a Loja de Londres estava só vegetando e as vastas possibilidades da evolução psíquica na Inglaterra estavam abandonadas completamente. O Karma requereu, evidentemente, que fôsse interrompido o repouso por intermédio do mais responsável por isso: C.C.Massey, e assim foi ele quem trouxe a senhora K.2 para o seu presente cargo. Ela não atingiu o seu propósito, mas o Karma atingiu o seu; daqui por diante, o grupo londrino, desperto, estimulado, e advertido, tem um campo livre para exercer as suas atividades. O vosso próprio Karma, meu amigo, vos destina a desempenhar uma parte mais ativa nos assuntos teosóficos europeus do que tivestes até agora. A próxima visita de Olcott trará como resultado, acontecimentos
importantes, de cujo desenvolvimento deveis participar. O meu desejo é que estareis reunindo todas as forças de reserva do seu ser para assim elevar-vos à dignidade e importância da crise. Embora pouco parece-vos realizar psiquicamente, neste nascimento, recordai que o vosso crescimento interno prossegue a cada instante e que, até o final da vossa vida, como em vosso próximo nascimento, o vosso mérito acumulado trará para vós tudo aquilo que aspirais. Não é prudente que H.S. Olcott seja exclusivamente o vosso hóspede durante toda a sua permanência na Inglaterra. O seu tempo deve ser dividido entre vós e outros de opiniões diferentes, se eles desejam convidá-lo por um curto tempo. Ele estará acompanhado por Mohini, a quem escolhi como meu Chela e com quem me comunico diretamente às vêzes. Tratai o jovem com afeto, esquecendo que é um bengalês e apenas recordando que ele agora é meu chela. Façai tudo o que puderdes para engrandecer o cargo de Olcott, pois ele representa toda Sociedade e em razão da sua posição oficial, se não por outra, situase com Upasika, muito próximo de nós no conjunto do trabalho teosófico. Asivadam. K.H.
Carta Nº 085 (7 de Dezembro de 1883). Esta carta é o anexo mencionado pelo Mahatma em sua última carta. É uma das cartas mais importantes no livro, no que diz respeito à Sociedade Teosófica, especialmente no Ocidente. O Mahatma acabara de ordenar que se mandasse dois telegramas, um para a Sra. Kingsford e um para o Sr. Sinnett, notificando a ambos que a Sra. Kingsford deveria continuar como presidente da Loja de Londres. O telegrama para Sinnett é curto e objetivo: "Kingsford deve permanecer presidente." Nesta carta o Mahatma sugere que a Loja de Londres deveria ser istrada, pelo menos, por quatorze conselheiros, -"metade claramente favorável ao Esoterismo Cristão, representado pela Sra. K. e a outra metade seguindo o Esoterismo Budista, representado pelo Sr. S.; todos os assuntos importantes devem ser decididos por maioria dos votos". Embora aparentemente um arranjo muito frágil, o plano poderia ter dado certo, se não tivesse havido uma complicação posterior. No começo de dezembro de 1883, a Sra. Kingsford e o vice-presidente da Loja de Londres, Edward Maitland, divulgaram uma circular que continha uma severa crítica aos ensinamentos constantes do novo livro de Sinnett, "O Budismo Esotérico". Compreensivelmente, isto não contribuiu para melhorar a harmonia da situação. No fim de janeiro de
1884, Subba Row, em colaboração com "um erudito ainda maior", o qual, se crê, era o Mahatma M., divulgou, na forma de um panfleto, uma "Resposta" a essa Carta Circular. Subba Row mandou-a para H.P.B. junto com um envelope, pedindo-lhe que a mandasse para a Loja de Londres. Ela assim o fez em 25 de janeiro de 1884. O texto completo pode ser visto em "Escritos Esotéricos de T. Subba Row", pp.316-56. A algum dos Vice-presidentes ou Conselheiros da "Loja de Londres" da Sociedade Teosófica, proveniente de K.H. Aos membros da Loja de Londres, Sociedade Tesosófica. Amigos e oponentes, Acabo de ordenar que sejam enviados dois telegramas para a senhora A. Kingsford e para o Sr. Sinnett a fim de notificar a ambos que a primeira deve continuar sendo Presidente da "Loja de Londres" da Sociedade Tesosófica. Este não é apenas o desejo de qualquer um de nós dois, ou de ambos, aos quais o senhor Sinnett conhece, senão o desejo expresso do Chohan2. A escolha da senhora Kingsford não é uma questão de sentimento pessoal entre nós e essa senhora, mas está baseada totalmente, na conveniência de se ter à frente da Sociedade Teosófica, em um lugar como Londres, uma pessoa muito adequada ao nível e aspirações do público (até agora ignorante das verdades esotéricas) e portanto, malicioso. Nem é questão da mais pequena consequência se a prendada Presidente da "Loja de Londres" da Sociedade Teosófica mantém sentimentos reverentes ou irrespeitosos para com os humildes e desconhecidos indivíduos que estão à frente da Boa Lei Tibetana, ou para com o autor desta carta, ou para com qualquer um dos seus Irmãos, mas, mais exatamente se a citada senhora está capacitada para o propósito que todos nós temos no coração, ou seja, a disseminação da VERDADE por meio das doutrinas Esotéricas, transmitidas por qualquer canal religioso, e a destruição do tremendo materialismo, cegos preconceitos e ceticismo. Como observou corretamente a senhora, o público ocidental deve entender que a Sociedade Teosófica é "uma Escola Filosófica constituída sobre as antigas bases Herméticas", já que esse público nunca ouviu falar do Sistema Tibetano e possue noções muito pervertidas da Doutrina Esotérica Budista. Portanto, e até esse ponto, estamos de acordo com as observações contidas na carta escrita pela senhora K. a senhora B., tendo sido esta última solicitada a submetê-la a K.H."; e nós queremos recordar aos nossos membros da Loja de Londres, a este respeito, que a Filosofia Hermética é universal e não sectária, enquanto que a Escola Tibetana será sempre considerada por aqueles que, se for o caso, conhecem pouco dela, como colorida mais ou menos pelo sectarismo. Não reconhecendo a Filosofia Hermética nem casta ou cor, nem credo, nenhum amante da sabedoria Esotérica pode fazer objeção alguma ao
nome, o que, de outra maneira, poderia acontecer se a Sociedade a qual pertence, fosse rotulada com uma denominação específica relacionada com uma determinada religião. A Filosofia Hermética se adapta a toda crença e filosofia e não se choca com nenhuma. É o ilimitado oceano da Verdade, o ponto central para onde fluem e onde se encontram cada rio, cada riacho, esteja a sua fonte localizada no Este, Oeste, Norte ou Sul. E assim como o curso do rio depende da natureza da sua bacia, também o canal para comunicação do Conhecimento deve adequar-se às circunstâncias do ambiente, O Hierofante Egípcio, o Mago Caldeu, o Arhat, e o Rishi, empreenderam no ado a mesma viagem de descobrimento e chegaram por fim à mesma meta, embora por diferentes caminhos. Há mesmo no presente momento três centros da Fraternidade Oculta em atividade, tão extensamente separadas, tanto geográfica como exotericamente; a verdadeira doutrina esotérica sendo idêntica em substância, embora difira em terminologia; todos visando o mesmo grande propósito; mas diferindo aparentemente nos detalhes do procedimento. Ocorre todos os dias encontrar-se estudantes pertencentes a diferentes escolas do pensamento oculto, sentados lado a lado, aos pés do mesmo gurú. Upasika (Madame B.) e Subba Row, embora discípulos do mesmo Mestre, não seguiram a mesma filosofia: ela é Budista e o outro, Adwaita. Muitos preferem chamar-se de Budistas, não porque a palavra se vincula ao sistema eclesiástico construido sobre as idéias básicas da filosofia de nosso Senhor Gautama Buda, mas devido ao significado da palavra sânscrita "Buddhi", SABEDORIA, iluminação; e como um protesto silencioso contra os inúteis rituais e cerimoniais vazios que, em tantos casos, têm sido a causa das maiores calamidades. Tal é, também, a origem do termo caldeu/Mage. É pois, compreensível, que os métodos do Ocultismo, embora inalteráveis em sua maior parte, tenham no entanto, que se adaptar às épocas e circunstâncias que se alteram. O estado geral da Sociedade da Inglaterra, muito diferente do da Índia, onde a nossa existência é uma crença comum e, por assim dizer, inerente à população e, nalguns casos, um conhecimento positivo, requer um sistema totalmente diferente para a apresentação das Ciências Ocultas. O único objetivo a ser buscado é a melhoria da condição do HOMEM mediante a difusão da Verdade adequada aos vários estágios de seu desenvolvimento, e aos do pais em que vive e a que pertence. A VERDADE não tem rótulo e não sofre pelo nome sob o qual é promulgada, se o objetivo indicado é atingido. A constituição da "Loja de Londres, Sociedade Teosófica" permite alimentar a esperança de que antes que transcorra muito tempo, seja posto em prática o método correto. É bem sabido que um ímã deixa de ser um ímã caso os seus polos deixem de ser antagônicos. O calor em um lado deve ser compensado pelo frio no outro, e a temperatura resultante será saudável para todas as pessoas. A senhora Kingsford e o senhor Sinnett ambos são úteis, ambos necessários e apreciados por nosso reverendo Chohan e Mestre, justamente porque são os dois polos destinados a manter todo o corpo em magnífica harmonia, assim como a sensata disposição de ambos
formará um excelente meio ambiente que não pode ser alcançado por outros meios, corrigindo-se e equilibrando-se mutuamente. A direção e os bons serviços dos dois são necessários para o constante progresso da Sociedade Teosófica na Inglaterra. Mas os dois não podem ser presidentes. Os pontos de vista da senhora Kingsford são, no fundo (deixando de lado os detalhes), idênticos aos do senhor Sinnett em questões da Filosofia Oculta e devida à associação desses pontos de vista com os nomes e símbolos familiares aos olhos e ouvidos Cristãos, são mais apropriados do que o do Sr. Sinnett à atual corrente da inteligência nacional inglesa e ao seu espírito conservador. A senhora K. está, assim, mais adaptada para conduzir com mais sucesso o movimento na Inglaterra. Portanto, se nosso desejo e conselho representam algo para os membros da "Loja de Londres", ela terá que ocupar a presidência, pelo menos no ano entrante. Que todos os membros sob a sua direção, tratem, com resolução, de superar a impopularidade que todo ensinamento esotérico e toda reforma seguramente provocará no início e então eles obterão o êxito. A Sociedade será de uma grande ajuda e um grande poder no mundo, para prover o canal seguro pelo qual fluir a filantropia de sua Presidente. Sua luta constante e não de todo infrutífera em prol da antivivisecção e sua constante proclamação do vegetarianismo, tornam-na merecedora da consideração de nossos Chohans, assim como a de todos os verdadeiros budistas e Adwaitas; e daí a prioridade de nosso Maha-Chohan nesta direção. Mas como os serviços do senhor Sinnett pela boa causa são grandes, sem dúvida, muito maiores, até agora, do que os de qualquer outro teósofo ocidental, por isso, um novo arranjo foi considerado desejável. Parece necessário para o estudo apropriado e a correta compreensão da nossa Filosofia e para o benefício daqueles cuja inclinação os leva a buscar o conhecimento esotérico na Fonte Budista do Norte, e para que esse ensinamento não seja mesmo virtualmente imposto ou oferecido àqueles teósofos que possam discordar de nossos pontos de vista, que se forme um grupo privado composto daqueles membros que desejem seguir totalmente os ensinamentos da Escola a qual nós, da Fraternidade Tibetana, pertencemos, sob a direção do senhor Sinnett e dentro da "Loja de Londres da S.T.". Esse é, de fato, o desejo do Maha-Chohan. Nossa experiência do ano ado demonstra amplamente o perigo de apresentar irresponsavelmente nossas sagradas doutrinas ao mundo despreparado. Portanto, esperamos e estamos resolvidos a exigir, de nossos seguidores, se necessário, maior cuidado do que nunca na exposição de nossos ensinamentos secretos. Por conseguinte, muitas das últimas que o senhor Sinnett e seus companheiros estudantes receberam de nós, de quando em quando, terão que ser mantidas inteiramente secretas para o mundo, se eles querem que nós lhes demos nossa ajuda nesse sentido. Quase não necessito salientar como se espera que o arranjo proposto conduza a um progresso harmonioso da "L.L.S.T." É um fato itido amplamente que o maravilhoso êxito da Socidade Teosófica na Índia é
devido, totalmente, ao seu princípio de tolerância sábia e respeitosa para com as opiniões e crenças de cada um. Nem mesmo o Presidente-Fundador tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, na livre expressão de pensamento do mais humilde dos membros, e menos ainda de procurar influir em suas opiniões pessoais. É somente na ausência desta generosa consideração, que até mesmo a mais leve sombra de diferença arma os buscadores da mesma verdade, antes fervorosos e sinceros, com o chicote de ecorpião do ódio contra os seus irmãos, igualmente sinceros e fervorosos. Vítimas enganadas de verdades deformadas, esquecem ou nunca souberam que a dissonância é a harmonia do universo. Assim, na Sociedade Teosófica, cada parte, como nas gloriosas fugas do imortal Mozart, busca, sem cessar a outra em dissonância harmoniosa nas sendas do Progresso Eterno, para unirem-se e por fim fundirem-se no limiar da meta desejada, numa harmoniosa totalidade, a nota tônica da natureza. A Justiça Absoluta não faz diferença entre os muitos e os poucos. Portanto, ao agradecer a maioria dos teósofos da "L.L." por sua "lealdade" em relação a nós, seus instrutores invisíveis, devemos, ao mesmo tempo, recordar-lhe que o seu presidente, a senhora Kingsford, também é leal e fiel em relação ao que ela crê ser a Verdade. E como ela é assim leal e fiel às suas convicções, não importa quão pequena possa ser a minoria que esteja com ela no presente, a maioria conduzida pelo senhor Sinnett, nosso representante em Londres, não pode, com justiça, atribuir-lhe a culpa de que, tendo ela repudiado enfaticamente toda intenção de infringir a letra ou o espírito do Artigo VI dos Regulamentos da Sociedade Matriz (aos quais rogo que vejais e leiais), somente se afigura aos olhos daqueles que tratam de ser demasiado severos. Todo Teósofo Ocidental deveria aprender a recordar, especialmente aqueles que desejam ser nossos seguidores, que na nossa Fraternidade todas as personalidades se somam em uma só idéia: direito abstrato e justiça prática e absoluta para todos. E ainda que não digamos com os Cristãos "retribui o mal com o bem", repetimos com Confúcio: "retribui o bem com o bem e o mal com JUSTIÇA". Assim, os teósofos que pensam como a senhora K., mesmo que se oponham a alguns de nós pessoalmente de uma maneira terminante, fazem jús ao mesmo respeito e consideração (enquanto forem sinceros) de nossa parte e dos seus companheiros que não pensem como eles, como aqueles que estão dispostos, juntos com o senhor Sinnett, a seguirem apenas o nosso ensinamento específico. Uma atenção respeitosa a estas regras durante a vida sempre beneficiará muito a todos os envolvidos. É necessário para o progresso paralelo dos grupos sob a senhora K. e o senhor S., que ninguém interfira nas crenças e direitos do outro. E se espera seriamente que os dois atuem, levados por um desejo sincero e constante de respeitar a independência filosófica de cada um, preservando ao mesmo tempo sua unidade como um todo: ou seja, os objetivos da Sociedade Matriz em sua integridade e os da Loja de Londres, com suas pequenas modificações. Desejamos que a Sociedade em Londres conserve a sua harmonia na diversidade, como ocorre nas Lojas da Índia, onde os representantes de todas as escolas do Hinduismo procuram estudar as
Ciências Esotéricas e a Sabedoria antiga, sem necessariamente, abandonar, com isso, as suas respectivas crenças. Cada Loja, muitas vezes os membros da mesma Loja, incluindo Cristãos convertidos em alguns casos estudam a filosofia esotérica, cada um à sua maneira, mas tendo sempre todas as mãos unidas fraternalmente, para promover os objetivos comuns da Sociedade. Para levar a cabo este programa é desejável que a "Loja de Londres" seja istrada, por pelo menos quatorze Conselheiros, uma metade de tendência clara para o Esoterismo Cristão, representado pela senhora K. e a outra pelos que seguem o Esoterismo Budista, representado pelo senhor S., e que todas as resoluções importantes sejam por maioria de votos. Estamos bem conscientes e estamos bem atentos às dificuldades de tal arranjo. Entretanto, parece absolutamente necessário para restabelecer a harmonia perdida. O estatuto da "Loja de Londres" tem que ser modificado e isso pode ser feito se os membros o quiserem; assim se produzirá mais força nesta divisão amistosa do que numa unidade forçada. A menos, portanto, que a senhora Kingsford e o senhor Sinnett concordem em estar em desacordo nos detalhes, mas trabalhando em estrita união pelos principais objetivos, tal como foram fixados nos Regulamentos da Sociedade Matriz, nós não poderemos estender nossa mão para o desenvolvimento e progresso futuros da Loja de Londres. K.H. 7 de dezembro de 1883.
Carta Nº 086 Recebida em Janeiro de 1884 (em Londres, Inglaterra. Expedida em 7 de Dezembro de 1883 em Mysore, Índia). A Sra. Kingsford foi presidente da Loja de Londres durante um ano. Isto se deveu realmente aos esforços de C.C. Massey, que sentiu ser ela a única pessoa que poderia manter o grupo ativo. Mas Sinnett já havia retornado à Inglaterra há nove mêses e ele mesmo queria muito assumir esse cargo no grupo de Londres. O resultado foi uma divisão muito grande na Loja. Bom, amigo, acredito em vossa palavra. Em uma das vossas recentes cartas para a "Velha Dama" expressais a vossa presteza em seguir meu conselho em quase tudo que possa vos pedir. Bem, chegou a ocasião para provar a vossa boa vontade. E, considerando que neste caso particular estou levando a cabo somente os desejos de meu Chohan, espero que experimenteis demasiada dificuldade em compartilhar a minha sorte procedendo como eu.
A "fascinante" senhora K.2 tem de continuar como Presidenta... jusqu'au nouvel ordre: Nem posso conscienciosamente, depois de ler a sua carta justificativa para H.P.B. que não estou do seu lado em muito do que tem a dizer como desculpa, naturalmente, muito disso é produto de posteriores reflexões; mas o seu próprio empenho em manter o seu cargo implica em bons presságios para o futuro da Loja de Londres, especialmente e me ajudardes a cumprir com o espírito de minhas instruções. Assim, a Sociedade Teosófica em Londres, não continuará sendo algo que ela possa manejar ao seu bel prazer e fantasia, mas ela se tornará parte integrante dela e quanto mais ajude a movimentála, melhor será para a Sociedade. Dar explicações detalhadas seria um trabalho demasiado longo e tedioso. É suficiente que saibais que a sua luta antiviviseccionista e sua estrita dieta vegetariana conquistaram inteiramente o nosso austero Mestre. A ele importa menos do que a nós qualquer expressão ou sentimento externo ou interno de falta de respeito em relação aos "Mahatmas". Que cumpra o seu dever para com a Sociedade, que seja sincera aos seus princípios e todo o resto chegará ao seu devido tempo. Ela é muito jovem e a sua vaidade pessoal e outras imperfeições femininas é problema do senhor Maitland e do côro grego dos iradores dela. O texto anexo deve ser entregue por vós, em envelope lacrado, a um dos Conselheiros ou Vice-presidentes de vossa Sociedade. Creio que o senhor C.C. Massey seria a pessoa mais adequada para isso, pois é um amigo sincero de ambas as partes. Entretanto, a escolha é deixála a vosso cargo e critério. Tudo que vos peço é insistir em que o texto deva ser lido diante de uma reunião geral com a presença do maior número de teósofos que possais reunir e na primeira oportunidade. Ele contém e carrega consigo, no papel e nas palavras, certa influência oculta que deve atingir a maior parte possível dos teósofos. O que seja, podereis, talvez, deduzir depois pelos seus efeitos, diretos e indiretos. Enquanto isso, lêde-o e fechai-o e não permitais que ninguém pergunte indiscretamnte se tomastes nota do seu conteúdo, pois tendes que manter secreto o conhecimento. No caso de a situação vos parecer perigosa, a ponto de necessitar uma negativa do fato - é melhor não tocá-lo e não lê-lo. Não temais, eu estou aí para vigiar os vossos interesses. De qualquer modo, o programa é como se segue: o memorando escrito por vosso humilde correspondente, deve ser lido para os teósofos convocados em reunião solene e registrado nas atas da Sociedade. Contém uma apresentação de nossos pontos de vista referente às questões levantadas a respeito da sua istração e fundamento de trabalho. Nosso entrosamento com a Sociedade dependerá de que se leve a cabo o programa alí contido, preparado depois de muita cogitação. Voltando a algumas de vossas perguntas filosóficas (estando para sair de viagem, não posso responder a todas). É difícil perceber quais relações quereis estabelecer entre os diferentes estados de subjetividade no Devachan e os vários estados da matéria. Caso há de se supor que no Devachan o Ego a por todos esses estados de
matéria, então a resposta seria que a existência no sétimo estado de matéria é uma condição Nirvânica e não Devachânica. A humanidade, embora em diferentes estados de desenvolvimento, pertence, entretanto, às três condições dimensionais da matéria. E não há razão para que no Devachan o Ego deva variar as suas "dimensões". É uma proposição inconcebível que as moléculas ocupem um lugar no infinito. A confusão nasce da tendência ocidental de pôr uma construção objetiva sobre o que é puramente subjetivo. O livro de Kiute nos ensina que o espaço é o próprio infinito. É informe, imutável e absoluto. À semelhança da mente humana, que é o inesgotável gerador de idéias, a Mente Universal ou o Espaço, possue a sua ideação, que é projetada na objetividade no momento determinado; mas o espaço mesmo não é afetado por isso. Até o vosso Hamilton demonstrou que o infinito não pode ser concebido mediante quaisquer séries de adições. Sempre que falardes de LUGAR no infinito, vós o destronais e degradais o seu caráter absoluto e incondicional. Que tem a ver o número de encarnações com a astúcia, habilidades ou estupidez de um indivíduo? Um forte apego pela vida física pode governar uma entidade através de uma série de encarnações e, no entanto, elas podem não desenvolver as suas capacidades mais elevadas. A Lei de Afinidade atua por meio do impulso KÁRMICO inerente ao Ego e governa a sua futura existência. Compreendendo a Lei de Darwin da hereditariedade para o corpo, não é difícil perceber como o ego em busca de nascimento pode ser atraído, no momento do renascimento, para um corpo nascido numa família que possua as mesmas tendências da Entidade reencarnante. Não deveis lamentar que a minha restrição inclua o senhor C.C. Massey. Um ponto corrigido e explicado levaria inevitavelmente a outros ainda mais obscuros, que surgiriam sempre em sua mente suspeitosa e inquieta. Seu amigo tem algo de misantropo. Sua mente está enevoada por tenebrosas dúvidas, e seu estado psicológico é lamentável. Todas as intenções mais brilhantes estão sufocadas, a sua evolução Búdica (não Budista) está detida. Cuidai dele, se ele não cuidar de si próprio! Presa de ilusões de sua própria criação, ele está caindo em uma profundidade maior ainda de miséria espiritual e é possível que busque refugiar-se do mundo e de si mesmo ao abrigo de uma teologia que, em outra época, teria repudiado apaixonadamente. Tentou-se todos os meios permissíveis para salvá-lo, especialmente por Olcott, cujo amor cálido e fraternal levou-o a fazer ao seu coração os apelos mais calorosos, como sabeis. Pobre, pobre homem alucinado! Minhas cartas são escritas por H.P.B. e ele não tem dúvida de que eu obtive as idéias enganosas do senhor Kiddle da cabeça dela! Mas deixemos que continue assim. O nosso amigo Samuel Ward lamenta a frustração do seu amigo Ellis; isso me diz respeito e devo ver, suponho, quando eu regresse, se um par de chifres, os "cobiçados chifres" podem não ter sido recolhidos por
alguma caravana, onde o animal os deixou cair naturalmente. A não ser desta forma "Tio Sam" não poderá positivamente esperar que eu o ajude a sair da dificuldade; pois não me faríeis colocar uma espingarda no ombro e deixar o "Budismo Esotérico" atrás de mim ao pé dos despenhadeiros das cabras! Lamento que tivestes o trabalho de me escrever acerca de Bradlaugh. Eu o conheço bem, assim como a sua companheira. Há mais de um traço em seu caráter que estimo e respeito. Ele não é imoral e nada que pudesse ser dito a favor ou contra ele pela senhora K.10, ou mesmo por vós, iria mudar ou mesmo influenciar a minha opinião sobre ele e a senhora Besant. Entretanto, o livro publicado por eles, "THE FRUITS OF PHILOSOPHY"1, é infame e altamente pernicioso em seus efeitos, sejam quais forem os objetivos filantrópicos que os levaram à publicação da obra. Eu sinto muito profundamente, meu querido amigo, ver-me obrigado a discordar completamente de vós acerca de tal assunto. Preferia mais evitar tal discussão tão desagradável. Como sempre faltou bastante tato a H.P.B. ao transmitir o que devia à Sra. K.; mas no conjunto, ela deu a mensagem corretamente. Eu não li a obra, nem o farei, mas tenho diante de mim o seu espírito impuro, a sua aura brutal, e digo de novo que, para mim, os conselhos oferecidos são abomináveis; eles são mais os frutos de Sodoma e Gomorra do que da Filosofia, cujo próprio nome - o livro degrada. Quanto antes deixarmos este assunto, melhor. E agora tenho que ir. A jornada diante de mim é longa e tediosa e a missão quase sem esperança. Entretanto, algum bem será feito. Seu sempre sinceramente, K.H.
Carta Nº 087 (16 de Janeiro de 1884) Esta é a carta anexa à Carta nº.121(CM-84). Está assinada, em escrita Devanagari, por Bhola Deva Sarma, em nome do Mahatma K.H., de quem era discípulo. Foi escrita conforme instrução do Mahatma. O telegrama inicial do Mahatma, dizendo que a Sra. Kingsford deve permanecer como Presidente, parece ter complicado as coisas. Assim, em 16 de Janeiro (quando escrevia esta carta), o Mahatma mandou um segundo telegrama para Londres, cujo texto era "Adiem eleição, segue carta". Também foi mandado de acordo com instruções do Mahachohan. Em concordância com a sugestão do Mahatma, a Loja de Londres esperou que o Cel. Olcott chegasse e a eleição realizou-se em 7 de abril de 1884, sob a presidência de Olcott. Um candidato de
conciliação, G.B. Finch, foi eleito Presidente; Sinnett, Vice-Presidente e Secretário; e a Srta. sca Arundale, Tesoureira. Somente cinco Conselheiros foram eleitos, sendo um deles o cientista, Sir. William Crookes, descobridor da Matéria Radiante, a quem o Mahatma elogiou em uma das suas cartas anteriores. O Cel. Olcott descreve toda a situação e os acontecimentos na obra "Velhas Páginas de um Diário". Antes de sair de Nice para Londres, ele tinha distribuido uma carta circular a todos os membros da Loja de Londres, pedindo que lhe mandassem individualmente, para Paris e em confiança, os seus respectivos pontos de vista sobre a situação. Ele trouxe essas cartas consigo para ler no trem para Londres. Ele estava justamente lendo um trecho na carta de Bertram Keightley (um dos membros mais leais da Loja e que ajudou muito mesmo H.P.B. mais tarde quando ela estava escrevendo a "Doutrina Secreta"), no qual ele afirmava a sua inteira confiança de que os Mestres ordenariam bem todas as coisas, quando, do teto do vagão, acima da cabeça de Mohini, uma carta caiu, flutuando. Verificou-se que estava dirigida a Olcott e dava-lhe o necessário conselho para a abordagem da dificuldade. O Cel. Olcott comentou: "Era como se fosse uma resposta direta e intencional para o pensamento leal do escritor da carta que eu estava lendo no momento. Eu desejo que todos na Sociedade pudessem compreender como é certo que aqueles Grandes Irmãos, que estão por detrás de nosso trabalho, conservam um olhar vigilante sobre todos aqueles de nós que, com um coração puro e mente inegoista, lançam suas energias no trabalho. Que mais confortador do que saber que nossos trabalhos não são em vão, nem as nossas aspirações ficam ignoradas?" O Coronel havia antes recebido uma carta do Mahatma fenomenicamente quando ainda a bordo, a caminho da Índia para a Inglaterra. Diz ele: "Se eu tivesse tido a mínima dúvida disso antes, teria sido desvanecida (por esta carta)", que lhe dizia: Ponde toda pudência em vossos sentimentos, de modo que possais fazer a coisa certa neste imbróglio ocidental. Observai as vossas primeiras impressões. Os enganos que fazeis derivam de vossa falha em não fazê-lo. Não deixeis que vossas predileções, afetos, desconfianças, nem antipatias pessoais atrapalhem a vossa ação. Incompreensões têm surgido entre os Membros, tanto em Londres como em Paris, que põem em perigo os interesses do movimento...tentai remover esses equívocos à medida que os encontreis, por meio de uma bondosa persuasão e um apelo ao sentimento de lealdade à causa da verdade, se não a nós. Fazei com que todas estas pessoas sintam que não temos favoritos, nem afeições
por pessoas, mas apenas por seus bons atos e pela humanidade como um todo. Esta carta trazia também a afirmação de que "um dos mais valiosos efeitos da missão de Upasika (H.P.B.) é que leva as pessoas ao autoestudo e destroi nelas o servilismo às pessoas". Josephine Ransom comenta que "o grupo Kingsford-Maitland estava irritado durante a eleição, como a Dra. Kingsford, uma mulher de grande força de caráter, desejava ser presidente, mas o grupo permaneceu silencioso. O Sr. Sinnett estava falando quando, subitamente em meio a esta reunião algo tensa, surpreendentemente surgiu H.P.B., que todos pensavam estar em Paris. Houve muita surpresa. Foi levada à tribuna e apresentada aos presentes". O grupo Kingsford pediu uma carta constitutiva para formar um ramo separado. O Presidente concordou, e a Sociedade Teosófica Hermética foi formada. Mas o problema não estava ainda resolvido, porque os membros do Ramo Hermético desejavam também pertencer à Loja de Londres a fim de se beneficiarem da instrução dada ali. O Cel. Olcott não concordou com isto e elaborou uma regra estabelecendo a proibição de filiação múltipla, isto é, filiação em mais de uma Loja Hermética. O Cel. sugeriu que a Sra. Kingsford devolvesse a carta e formasse, com os seus amigos, uma Sociedade independente, tornando, assim, viável para eles pertencerem a ambas. Assim foi feito. À Loja de Londres da Sociedade Teosófica - Saudações. Dado que os telegramas para a Sra. Kingsford e o Sr. Sinnett e minha carta de Mysore não foram plenamente entendidos, eu recebi ordem do Maha-Chohan para aconselhar o adiamento da eleição anual, para evitar tudo que significasse precipitação e dando tempo para o exame da presente carta. Depois da fria acolhida dada pelos membros da L.L. S.T. no dia 16 de dezembro, a proposta contida na página 29 da circular confidencial e impressa da Sra. Kingsford e do Sr. Maitland (constante do tópico "Observações e Propostas"), ou seja, a necessidade de se formar um grupo distinto, dentro do grupo geral da L.L.S.T.; proposição essa que, se bem não seja idêntica em seus métodos práticos sugeridos, o é, em substância, à proposta que eu fiz em minha carta de 7 de dezembro; sob um certo aspecto e levando em conta, também, algumas interpretações errôneas, falsas esperanças e descontentamente, achou-se absolutamente necessário o adiamento. Como estava implícito na minha última carta, por ocasião da comunicação (circular), a questão candente não se referia ao caráter liberal ou alegórico do último livro do senhor Sinnett, e sim a lealdade ou deslealdade da vossa Presidenta e sua colaboradora em relação a nós a quem muitos de vós consideram conveniente escolher como vossos Instrutores esotéricos. Deste ponto de vista, e não tendo sido
apresentada nenhuma outra queixa até aquele momento (21 de outubro) surgiu uma necessidade imperativa de se manter, segundo as sábias palavras da senhora Kingsford, elas mesmas um eco da própria voz do Tathagata, a política de separar, "em relação a princípios abstratos, a autoridade de nomes, seja do ado ou do presente". (Discurso inaugural da Presidenta, em 21 de outubro de 1883). Sendo a questão envolvida a da Justiça, a ignorância da senhora Kingsford acerca de nosso verdadeiro caráter, doutrinas e posição (subjacente em todas as suas desfavoráveis observações em relação a quem isto escreve e seus colegas) não teve, nem mesmo, o peso de um floco de algodão na questão de sua re-eleição. Isto, conjugado ao seu próprio mérito pessoal e intrínseco e a caridade que ela mostra em relação aos pobres animais e também o fato de haver pedido à senhora H.P. Blavatsky "submeter a minha (dela) carta a Koothoomi", fez com que a decisão anterior fosse a mais adequada. E agora, o desenvolvimento dos acontecimentos desde o despacho dos telegramas em questão, talvez tenha sugerido a alguns de vós as verdadeiras razões para uma ação tão inusitada, para não dizer arbitrária, como o de intervir nos direitos de eleição reservados a uma Loja. O tempo, às vezes, neutraliza os males mais graves, precipitanto uma crise. Ademais, e utilizando de novo a linguagem do seu discurso (a vossa Presidenta, ao referir-se a uma carta reservada minha, dirigida ao senhor Ward, que ela leu, no qual eu escrevi, segundo ela pensa) evidentemente ignorando os fatos e isto não é de surpreender, podia supor que nós também ignorávamos a publicação da próxima "Carta Particular e Confidencial" que fiz circular entre os membros da L.L.S.T. em 16 de dezembro. Assim, ela não deve sentir-se surpreendida ao verificar que essa "Carta" modificou enormemente o caso. Sempre com base no princípio de justiça imparcial em jogo, sentimo-nos obrigados a não ratificar literalmente nossa decisão sobre a sua re-eleição, mas a acrescentar certas cláusulas e tornar, daqui por diante, impossível para a Presidenta e os membros interpretar mal a nossa mútua posição. Longe de nossos pensamentos estará sempre a idéia de erigir uma nova hierarquia para a futura opressão de um mundo já dominado pelo sacerdócio, assim como o nosso desejo era, então, o de afirmarvos que uma pessoa poderia ser igualmente um membro ativo e útil da Sociedade, sem considerar-se como nosso partidário ou correligionário, assim o é agora. Mas, é justamente porque o princípio tem de funcionar em ambos os sentidos que, não obstante o nosso desejo de sua re-eleição, sentimos e desejamos tornar conhecido que não temos direito algum de influir na livre vontade dos membros, neste como em qualquer outro assunto. Tal interferência estaria em flagrante contradição como a lei básica do esoterismo, de que o crescimento pessoal psíquico acompanha pari u o desenvolvimento do esforço individual, e é a evidência do mérito pessoal adquirido. Ademais, observa-se uma grande discrepância nos informes dados a nós, acerca dos efeitos produzidos sobre os membros, pelo "episódio KingsfordSinnett". Devido a isso, acho impossível ceder aos vários desejos expressados pela senhora Kingsford em suas cartas à senhor
Blavatsky. Se o senhor Massey e o senhor Ward dão à dama "sua inteira aprovação e simpatia", uma grande maioria dos membros parece dar as suas ao senhor Sinnett. Portanto, se eu atuasse de acordo com a sugestão do senhor Massey, tal como informa a senhora Kingsford, em sua carta do dia 20 de dezembro, na qual ela diz que na opinião dele "uma só palavra do Mahatma K.H. seria suficiente para reconciliar o senhor Sinnett com o meu ponto de vista (dela) e estabelecer entre ele e a Loja a mais perfeita cordialidade e compreensão", eu estaria me tornando quase que um Papa que ela reprova e, além disso, em alguém injusto e arbitrário. Eu e o Sr. Sinnett ficaríamos, então, na verdade, expostos à justa crítica e, mais severa mesmo do que a encontrada em seu discurso inaugural, em várias afirmações notórias, onde ela expressa a sua "desconfiança em todo recurso à autoridade". Alguém que acaba de dizer: "Observo com dor e apreensão a crescente tendência da Sociedade Teosófica a introduzir entre os seus métodos... a exagerada veneração por pessoas e por autoridade pessoal... e cujo verdadeiro resultado é um culto meramente servil ao herói... Fala-se de mais entre nós sobre os Adeptos nossos "MESTRES" e coisas similares... Dá-se muita ênfase ao que eles dizem e falam, etc..." Não deveria pedir-me essa intervenção, mesmo que estivesse segura de que o meu fiel amigo, o senhor Sinnett, não se tivesse ressentido com isso. Caso houvesse acedido ao desejo da dama de nomeá-la "Apóstolo de Esoterismo Oriental e Ocidental" e procurado forçar a sua eleição, mesmo que fosse contra um só membro e, aproveitando-me do cálido apreço, sempre firme, do senhor Sinnett em relação à minha pessoa, tivessse influido em sua futura atitude em relação a ela e ao movimento, então, mereceria, sem dúvida, ser chamado de "o oráculo dos Teósofos", ficando na mesma categoria que de "Joe Smith" dos Santos dos Últimos Dias e o "Thomas Lake Harris, o miscigenista transcendental de dois mundos". Eu não posso crer que ela, que há apenas uns dias sustentava que "nossa conduta sábia e verdadeiramente teosófica, não é criar novos Papas e proclamar novos Senhores e Mestres" trataria agora, em seu próprio caso, de buscar proteção e evocar a ajuda de uma "autoridade", que poderia fazer-se valer somente na hipótese de uma cega renuncia ao julgamento individual. E, como prefiro atribuir o desejo da senhora Kingsford à sua ignorância do verdadeiro sentimento de alguns de seus colegas, cuja natureza está talvez disfaraçada agora sob a refinada insinceridade da vida civilizada ocidental, eu recomendaria a ela e a outros interessados na presente disputa, a apelar para a decisão do voto, por meio do qual todos podem expressar os seus desejos sem expor-se hostilmente à acusação de descortezia. Tal procedimento significaria somente utilizar o privilégio que foi dado aos membros no final do Artigo 3 dos seus Regulamentos. E agora, a outra questão. Conquanto pouco nos interesa a subordinação pessoal em relação a nós, que somos os dirigentes aceitos dos Fundadores da Sociedade Matriz, não podemos jamais aprovar ou tolerar em nenhum membro de qualquer Loja, deslealdade aos princípios fundamentais representados pela Organização Matriz.
Os regulamentos desta organização devem ser observados por aqueles que compõem as suas Lojas, sempre é claro, que eles não sejam diferentes dos três objetivos declarados da Organização. A experiência da Sociedade Matriz mostra que a utilidade de uma Loja depende em grande parte, se não inteiramente, da lealdade, discreção e zelo de seu Presidente e Secretário e, por mais que os seus membros façam para ajudá-los, a atividade eficiente de seu grupo se desenvolve proporcionalmente com a daqueles dirigentes. E para concluir, devo repetir que é para evitar que se atue na questão da re-eleição da senhora Kingsford, até que desapareçam todas as falsas interpretações produzidas por minhas comunicações anteriores, que se adie a eleição anual dos dirigentes de vossa Loja até a chegada da presente carta. Ademais, como o Presidente Fundador, que conhece muito bem o nosso modo de pensar e tem a nossa confiança, é esperado na Inglaterra muito em breve, nós não vemos a necessidade de tomar nenhuma medida apressada neste assunto. A ele foi dada uma idéia geral da situação, que lhe permitirá atuar imparcialmente nesta e noutras questões quando da sua chegada, como representante, ao mesmo tempo, de seu Mestre e dos melhores interesses da Sociedade. (Por ordem do meu Muito Venerado Gurú Deva Mahatma K. *, seguemse alguns caracteres sânscritos)0. Será conveniente ler esta carta aos membros, incluindo a senhora Kingsford, antes da vossa data de eleição. Quero que trateis de prevenir, se possível, outro "coup de theatre"1. Por mais naturais que sejam tais surpresas sensacionais na política, quando os partidos são compostos de partidários cujas almas se alegram em intrigas partidárias, são muito dolorosas de se ver numa associação de pessoas que professam se devotar às mais solenes questões que afetam o interesse humano. Deixai as disputas para as naturezas mesquinhas, se o quiserem; os sábios acomodam as suas diferenças num espírito de muita tolerância. K.H. As "Notas e Observações" do senhor Maitland sobre o "Budismo Esotérico" são respondidas amplamente por Subba Row e por um outro erudito ainda mais capacitado. Serão enviadas na próxima semana em forma de folheto, pedindo-se ao senhor Sinnett que as distribua, principalmente entre aqueles membros que foram influenciados pela crítica.
Carta Nº 088 SEÇÃO VI Espiritualismo e Fenômenos
Curta nota recebida em Allahabad durante a estadia de Olcott e Bhavani Rao. As três cartas que se seguem são consideradas uma só por causa das datas e das circunstâncias sob as quais foram recebidas. Todas foram recebidas em Allahabad durante a visita do Cel. Olcott e do chela Bhavani Rao (Shankar). Um dia antes de Sinnett receber esta carta, ele tinha escrito para K.H. e deu a carta para Bhavani Rao. Na manhã seguinte Bhavani Rao achou esta nota sob o seu travesseiro. Ele explicou que a carta de Sinnett tinha sido remetida na noite anterior. Aconteceu que no dia em que esta foi escrita, (11 de março), Sinnett havia retornado para casa ao anoitecer e achou vários telegramas para ele. Estes, disse, estavam todos encerrados do modo costumeiro em envelopes firmemente fechados, antes de serem remetidos pelo posto de telégrafo. Os telegramas eram todos de pessoas comuns. Entretanto, dentro de um dos envelopes, ele achou uma pequena nota dobrada, do Mahatma M. "O simples fato de que ela tenha sido assim transferida, por métodos ocultos, para dentro do envelope fechado, era um fenômeno em si", diz ele, mas o fenômeno sobre o qual a nota dava-lhe informação era "mais ainda obviamente maravilhoso". A nota fez-me procurar em meu escritório um fragmento de um baixorelevo em gêsso que M. há pouco tinha transportado instantaneamente de Bombay. O instinto levou-me de imediato ao lugar onde eu senti que era mais provável achar a coisa que tinha sido trazida - a gaveta de minha escrivaninha reservada exclusivamente para correspondência oculta; e ali, exatamente, eu achei um canto quebrado de uma placa de gêsso, com a de M. aposta nele. Telegrafei imediatamente para Bombaim, perguntando se algo especial tinha acabado de acontecer, e no dia seguinte recebi resposta de que M. tinha quebrado um determinado retrato em gêsso e sumido com um pedaço. No devido tempo recebi uma declaração minuciosa de Bombaim, atestada pelas s de sete pessoas, todas concordes em todos os pontos essenciais. (The Occult World, pp. 164166). Em resumo, a declaração era de que diversas pessoas estavam sentadas na mesa de jantar, durante o chá, na varanda de H.P.B. Todos ouviram uma pancada, como de algo caindo e quebrando, detrás da porta do escritório de H.P.B., no qual não havia ninguém. Isso foi seguido de um ruído ainda mais alto e todos correram para o escritório. Ali, bem atrás da porta, elas acharam no assoalho uma moldura em gêsso de uma pintura de Paris, quebrada em diversos pedaços. A alça de arame de ferro da pintura estava intacta, e nem mesmo entortada. As peças da moldura estavam espalhadas na mesa e viu-se que uma peça estava faltando. Procurou-se, mas não foi achada. Pouco depois, H.P.B. entrou no quarto e um minuto e pouco
depois mostrou às pessoas uma nota na caligrafia do Mahatma M. e com a sua , declarando que o pedaço em falta tinha sido levado por ele para Allahabad e que ele recolheria e preservaria cuidadosamente as peças remanescentes. Sinnett continua dizendo que o fato de a peça recebida por ele em Allahabad ser "verdadeiramente a mesma peça que faltava no gêsso quebrado em Bombaim" foi demostrado alguns dias depois, porque todas as peças remanescentes em Bombay foram cuidadosamente empacotadas e mandadas para mim, e os cantos fraturados de meu fragmento coincidiam exatamente com os do canto incompleto, de modo que pude montar os pedaços de novo e completar a moldura". Depois que ele recebeu esta nota (Carta nº.50 - CM-88) através de Bhavani Rao, ele escreveu de novo no dia seguinte para K.H., achando que ele poderia aproveitar da situação decorrente da presença de Olcott e do jovem. Ele deu essa carta para Bhavani Rao no anoitecer de 13 de março. No dia 14 ele recebeu uma nota curta de K.H., dizendo: "Impossível: nenhum poder. Escreverei através de Bombaim". Sinnett comenta que, quando, no devido tempo, recebeu esta carta escrita através de Bombaim , ele entendeu que as facilidades limitadas do momento tinham se exaurido e que as suas sugestões não poderiam ser aproveitadas. Mas a importância do episódio em si, disse ele, foi o fato de que trocou, afinal, correspondência com K.H. em um intervalo de poucas horas, numa ocasião em que H.P.B. estava do outro lado da Índia. Entrementes, entre 11 e 13 de março, a Carta nº.51 (CM-120) foi recebida pela Sra. Sinnett. Esta nota diz que o Mahatma K.H. havia lhe mandado uma mecha de seu cabelo para usar como um amuleto. A Sra. Sinnett não era robusta, deve-se lembrar, e por essa razão tinha permanecido na Inglaterra durante algum tempo depois que o seu marido tinha retornado para a Índia. Algum tempo depois, O Mahatma mandou uma mecha de cabelo para que Denny, o filho dos Sinnett, usasse e há também indicação de que o próprio Sinnett tinha uma mecha de cabelo de K.H., que ele usava. Meu bom amigo: É muito fácil para dar-mos provas fenomênicas quando contamos com as condições necessárias. Por exemplo: o magnetismo de Olcott, após seis anos de purificação está intensamente em simpatia com o nosso; física e moralmente está constantemente se tornando mais e mais assim. Como Damodar e Bhavani Rao estão inatamente sintonizdos, as suas auras ajudam, em vez de repelir e impedir experiência fenomênicas. Depois de algum tempo podereis ser assim; isso depende de vós. Apresentar fenômenos de uma maneira forçada na presença de dificuldades magnéticas e outras está proibido, tão
estritamente como o é para o caixa de um banco gastar o dinheiro que somente lhe foi confiado em custódia. O senhor Hume não pode compreender isso e, portanto, está "indignado" por terem falhado as diversas provas que preparou para nós em segredo. Elas exigiriam dez vezes mais desgaste de força, pois que ele as envolveu com uma aura das menos puras: a de desconfiança, irritação e zombaria antecipada. Fazer isso, mesmo para vós, tão longe da Sede Central, seria impossível, mesmo com o magnetismo que O. e B. trouxeram com eles, e eu não poderia fazer mais. K.H. P.S. De qualquer modo, eu poderia registrar para vós a data de hoje, 11 de Março de 1882.
Carta Nº 089 Recebida em Allahabad em 24 de Março de 1882. (Escrita antes de 22) Esta carta refere-se ao jovem médium inglês, William Eglinton (18571933), que foi para a Índia com a finalidade declarada de investigar a Teosofia. Ele tinha ouvido falar de Madame Blavatsky e dos "Irmãos" e ele queria descobrir por si mesmo se ela merecia confiança e se os Irmãos eram seres reais, ou se tudo era uma mistificação. Ele recusava acreditar nos "Irmãos" porque o seu "Guia" (Ernesto) não o havia informado da exitência deles, e ele considerava H.P.B. apenas mais uma médium que pretendia ser algo mais elevada. Na Índia ele estava nessa ocasião ando algum tempo com o Ten. Coronel e Sra. W. Gordon, que moravam em Howrah, um suburbio de Calcutá. Os Gordons eram espíritas, mas também membros da Sociedade Teosófica, devotados à H.P.B. e Olcott e leais à Sociedade. Entretanto, Eglinton não encontrou, nem o Cel. Olcott, nem H.P.B. durante todo o tempo em que esteve na Índia e somente os encontraria dois anos mais tarde, quando eles estavam em Londres. Hume interessou-se por ele e pensou em convidá-lo para Simla; parecia que os próprios Mahatmas tinham alguma idéia de levá-lo para lá para treinamento, dado que eles estavam tentando achar alguém que pudesse atuar para eles no lugar de H.P.B. Isso não deu certo e Eglinton permaneceu em Calcutá enquanto esteve na Índia. Retornou para a Inglaterra embarcando em 15 de março de 1882, no vapor Vega, ainda cético quanto à existência dos Mahatmas. No dia 22, após o Vega ter deixado o Ceilão (sua primeira escala saindo da Índia) K.H. visitou Eglinton em seu "Mayava rupa" (corpo ilusório que os Mahatmas eram capazes de criar) e eles tiveram uma longa conversa. Dois dias depois, a 24, quando o Vega estava a 825 Kilometros de viagem, foram transmitidas instantaneamente cartas (ou praticamente instantaneamente) do Vega para Bombaim; e dali (junto
com alguns outros assuntos), de novo, quase instantaneamente, para Howrah, para a casa do Cel. e Sra. Gordon. A Sra. Gordon descreve o fenômeno da entrega da carta de Eglinton. Ela afirmou que o Cel. Olcott havia deixado Bombaim em 17 de março, rumo a outra cidade e dali foi para Howarah, de modo que ele estava presente quando a carta de Eglinton foi recebida. No dia 22, H.P.B. mandou um telegrama para a Sra. Gordon, e que chegou no dia 23, dizendo que K.H. tinha visto Eglinton no Vega. Este telegrama confirmou um anterior, mandado por Olcott na noite anterior. Um telegrama ainda posterior pediu aos Gordons e Olcott para fixarem uma hora em que estivessem juntos. Eles marcaram 9 da manhã, hora de Madras, no dia 24. Os três sentaram-se em um triângulo, com o vértice para o norte. Em alguns minutos, Olcott viu fora, pela janela aberta, os Mahatmas M. e K.H. Um deles apontou para o quarto, por cima da cabeça da Sra. Gordon, e uma carta caiu. Os Mahatmas se desvaneceram. A Sra. Gordon relata o que aconteceu em seguida: Agora voltei-me e peguei o que havia caido em cima de mim, e achei uma carta na caligrafia do Sr. Eglinton, datada de 24, a bordo do Vega; a mensagem de Madame Blavatsky, datada de 24 em Bombaim, escrita no verso de três de seus cartões de visita; também um cartão grande, dos quais o Sr. Eglinton tinha um pacote e usava em suas sessões. Este último cartão continha a caligrafia de K.H. bem conhecida para nós, e algumas palavras na caligrafia do outro "Irmão", que estava com ele do lado de fora da janela e que era o superior de Olcott. Todos esses cartões e a carta estavam enrolados juntos com uma peça de fio de seda... A carta de Eglinton traz e afirma a sua então "completa crença nos Irmãos"! Como uma nota adicional interessante, havia um post-scriptum assinado por seis pessoas, afirmando que elas tinham visto a chegada, em Bombaim, da carta de Eglinton. Em uma carta escrita para Sinnett, por Eglinton, da Ingalterra, datada de 28 de abril de 1882, Eglinton diz: "Estou certo de que, se eu estivesse em qualquer outra situação do que a de um médium ganhando a sua vida com os seus dons, os Irmãos teriam podido se manifestar com grande clareza e certeza". O Mahatma K.H. inseriu uma nota nesta carta, em trânsito, dizendo: "Isto - para provar que homens vivos podem aparecer - através de médiuns assim excelentes - em Londres, mesmo através deles em Tsi-gadze, Tibet". CONFIDENCIAL Bom amigo:
Eu não renovarei, ao enviar a carta, as muitas advertências que poderiam ser feitas sobre várias objeções que temos o direito de apresentar, contra os fenômenos espíritas e seus médiuns. Nós temos cumprido o nosso dever, e porque a voz da verdade chegou por um conduto que a poucos agradava, foi declarada falsa, e junto com ela o Ocultismo. O tempo de persuadir já ou, e está próxima a hora em que será provado ao mundo que a Ciência Oculta, em vez de ser nas palavras do Dr. R. Chambers "a própria superstição"- como pode estar inclinado a crer - será a explicação e será a extinção de todas as superstições. Por razões que apreciareis embora, a princípio estareis inclinado a considerar injustas (em relação a vós mesmo) estou disposto a fazê-lo, desta vez, aquilo que até agora nunca fiz: isto é, personificar-me sob outra forma e, talvez, caráter. Portanto, não deveis invejar Eglington2 pelo prazer de me ver em pessoa, de falar comigo e de que o deixe "assombrado", e com resultados da minha visita a ele, a bordo do "O Vega". Isto será feito entre os dias 21 e 22 deste mês,e quando lerdes esta carta, será uma "visão do ado", caso Olcott vos envie a carta hoje. Podereis talvez dizer que "todas as coisas estão envoltas em mistérios e que explicamos mistérios por meio de outros mistérios". Bem, bem; para vós e para alguém prevenido, não o será; pois, por várias razões, uma mais plausível do que a outra, tomo-vos como confidente. Uma delas é poupar-vos em sentimento de involuntária inveja (a palavra é extranha, não é assim?) quando a conhecerdes. Como ele verá alguém muito diferente de K.H., embora seja K.H., não necessitais sentir-vos injustamente tratado por seu amigo transhimalaico. Outra razão é poupar ao pobre homem a suspeita de jactância; a terceira e principal, ainda que não seja a menor nem última, é que a Teosofia e seus aderentes devem ser, por fim, reconhecidos. Eglington está a caminho do seu país e caso, na sua volta, não soubesse nada dos Irmãos, redundará num dia crucial de prova para a pobre H.P.B. e H.S.O. O senhor Hume nos repreendeu por não termos aparecido para Eglington. Ele se riu entre dentes e nos desafiou que o fizessemos diante de Fern e outros. Por razões que ele pode ou não comprender, mas que comprendereis, nós não podíamos fazer, ou melhor, não o faríamos, enquanto E. estivesse na Índia. Nós tinhamos também razões muito boas para proibir H.P.B., de se corresponder com ele ou que o mencionasse muito no O TEOSOFISTA. Mas, agora que já se foi e estará no dia 22 a centenas de milhas, no oceano, e que nenhuma suspeita de fraude pode ser levantada contra qualquer um dos dois, chegou o momento para a experiência. Ele pensa colocar a ela em prova, mas é ele mesmo que será provado. Assim pois, meu fiel amigo e meu apoio, mantende-vos preparado. Como eu vou recomendar a Eglingtonn que, por sua vez, recomende discreção à senhora Gordon, e como a boa senhora pode sentir-se inclinada a levar demasiadamente longe a indicação e tomá-la a la
lettre (ao pé da letra), eu lhe forneço antes uma indicação para ela, afim que fale. Agora quanto ao Sr. Hume. Ele tem trabalhado para nós, e tem certamente direito à nossa consideração, até agora. Eu estaria disposto a lhe escrever, mas poderia ser que a visão das minhas conhecidas letras produzisse um desvio em seus sentimentos para pior, antes que se decidisse a ler o que tenho para dizer. Podereis, por favor, empreender a delicada tarefa de notificá-lo do que agora vos escrevo? Contai-lhe que existem pessoas, inimigos, que estão ansiosos por surpreender a "Velha Dama" (H.P.B.) como se estivesse cometendo FRAUDES, a fim de fazê-la cair numa armadilha, por assim dizer, e por essa mesma razão, estou decidido a resolver essa questão de uma vez por todas. Dizei-lhe que, aproveitando a sugestão dele, eu, K.H., aparecerei diante de Eglington efetivamente em pessoa, no mar entre os dias 21 e 22 deste mês, e que se tiver êxito em trazer ao bom senso o rebelde que nega os "Irmãos", a senhora Gordon e seu esposo serão notificados do fato imediatamente, isto é tudo. Esperamos de propósito para provocar a nossa experiência até a sua partida, e agora é NOSSA INTENÇÃO AGIR. Sempre vosso, K.H. Até o dia 25 de março espera-se que o senhor Sinnett mantenha os seus lábios tão fechados como estarão na sua morte, setenta dias a partir de hoje. Nem uma só alma, salvo a senhora S., vossa boa senhora, deve conhecer uma só palavra desta carta. Isto espero de vossa amizade e agora demonstrai-o. Ao senhor Hume podereis escrever agora mesmo, de modo que a carta possa ser recebida por ele no dia 24, à tarde. O vosso futuro depende disto, de vosso silêncio. K.H.
Carta Nº 090 University College, Londres, W.C. 26 de novembro de 1881. Esta é uma carta de Staiton Moses, provavelmente recebida no começo de janeiro de 1882, dado que esse deveria ter sido o período de tempo necessário para ela chegar à Índia, vindo da Inglaterra. Deve-se lembrar que a Carta nº.18 (CM-9) tratou mais ou menos extensamente de Staiton Moses, salientando alguns dos seus erros e idéias errôneas. Sinnett copiou longos trechos dela e mais tarde mandou-os para Staiton Moses. Esta carta (nº.38) relaciona-se principalmente com a resposta de Moses a esses trechos e com a sua insistência de que Imperator (+)
(que ele afirmava ser seu espírito guia) nunca foi dos Irmãos, como o Mahatma K.H. havia dito e nada sabia a respeito deles ou de sua existência. Portanto, Moses não acreditava neles. Um dos comentários do Mahatma refere-se a William Eglinton, um médium inglês popular que veio para a Índia no começo de 1882 e ou algum tempo em Calcutá. Sem dúvida ele era um excelente médium mas tinha alguns defeitos pessoais. Há indícios de que K.H. tencionava trazê-lo para Simla para um período de treinamento, de modo que ele pudesse ser aproveitado no trabalho, porém, mais tarde, ele decidiu em contrário. Eglinton permaneceu em Calcutá e partiu de novo para a Inglaterra em março. Esta carta de Staiton Moses está colocada assim cronologicamente porque foi, provavelmente, recebida por Sinnett no começo de janeiro, embora os comentários do Mahatma K.H. fossem inseridos mais tarde. Meu caro Sinnett: Eu devia ter respondido antes a vossa carta, mas esperei até que tivesse tido o prazer de uma troca de idéias com a senhora Sinnett. É o que fiz, para muita satisfação de minha parte. Ela está completamente convencida, como me levastes a esperar, da realidade do que viu e ouviu. Como eu, ela não sabe como interpretar o último desdobramento, quero dizer, com respeito às minhas experiências espíritas. Na verdade, não sei o que dizer disso. Não há maneira de harmonizar os fatos com o que se pretendeu; e quanto à vossa crença de que os "Irmãos não podem ser ignorantes... não podem estar equivocados", eu só posso responder que indubitavelmente as duas coisas ocorrem no que a mim se refere. Isto, entretanto, seria meramente a minha opinião se eu não possuisse toda uma cadeia de documentação e outras evidências, que se apresentam em absoluta sequência desde o primeiro momento que Imperator apareceu, até ontem. Todas elas são comunicações datadas, notas e registros que falam por si mesmas e que, em resumo, podem ser testemunhadas pelo conhecimento de meus amigos que têm me acompanhado em toda essa questão. Quando a Velha Dama (H.P.B.), insinuou, pela primeira vez, certa conexão entre a "Loja" e eu, abordei de imediato o assunto com Imperator e expus o caso reiteradamente. Aqui está um registro que transcrevo: 24 de Dezembro de 1876. "Fiz algumas perguntas a respeito de uma carta de H.P.B. na qual diz, em resposta a uma feita por mim: "Se tendes profunda certeza de que eu não vos compreendi, tanto a vossa intuição como a mediunidade falharam... Eu nunca disse que havíeis tomado Imperator por outro espírito. Não se pode confundí-lo, uma vez que é conhecido. Ele conhece, e que o seu nome seja abençoado para sempre. Desejais uma prova objetiva da Loja. Não tendes Imperator e não podeis preguntar-lhe se eu digo ou não a verdade?"
A resposta a essa pergunta foi longa e precisa. Dentre outras coisa está isto: (I. sempre usa a primeira pessoa do plural) por que? "Já vos dissemos que os vossos amigos americanos não comprendem o vosso caráter, nem o vosso treinamento, e nem as vossas experiências espirituais... Muito ao contrário de haver falhado a vossa intuição, ela vos protegeu. Não estamos em posição de dizer até que ponto (!) quem quer que esteja em comunicação com o vosso correspondente, PODE dar a ela uma correta explicação sobre vós. É duvidoso, até onde sabemos: no entanto, alguns tem o poder, na condição de Mago. Mas, mesmo ele não compreende (!!) Eu experimentarei outro médium mais honesto, Eglington, quando ele tiver ido, e verei o que resulta disso. Farei isso apenas pela Sociedade. Sua tarefa é outra, que não a nossa, e a ele não interessa a vossa vida interna. Se alguém tem o poder, eles não pretenderam exercê-lo. Não entendemos se alegam que nós tenhamos dado alguma informação. PARECE que a insinuação é ada de maneira indireta. Podemos dizer de uma vez e claramente que em nenhum momento tivemos qualquer trato com a vossa amiga sobre o assunto. Ela não nos conhece de modo algum, e nós não sabemos nada dessa Loja ou Fraternidade"... (Quanto a eu ter me enganado ao tomar um espírito que tratava de se personificar como sendo Imperator, foi dito): "Seguramente não confundirias nenhum outro espírito por nós. Seria impossível. Nós somos o que já revelamos; ninguém mais; e nossos nomes e presença não podem ser tomadas por qualquer outro. Nós temos sido permanentemente o vosso guardião e ninguém pode tomar o nosso lugar". (Não; os Sextos Princípios não podem ser trocados). E assim, por diante, inequivocamente. Posso dizer aqui que Imperator afirmou, quando veio até a mim, pela primeira vez, e muitas vezes subsequentemente, que ele havia estado comigo toda a minha vida, embora eu não fosse consciente de sua presença, até que o revelou seguramente que não no Monte Athos - mas em outro lugar e de outro modo. O desenvolvimeto coerente da minha mediunidade tem sido ininterrupto. Não há LACUNA. Agora a mediunidade objetiva desapareceu e se abriu meu sentido interno espiritual. Somente ontem pedi e obtive de Imper., que era claramente visível e audível para mim, uma renovação exata e precisa do que tem tanto repetido, que eu estou envergonhado de pedir uma repetição de sua afirmativa. Seja qual for a explicação, esteja certo, sem lugar à dúvidas, que igualmente ele não é um Irmão, como nada conhece em absoluto de tais seres.I Tomando em consideração a vossa advertência de que eu estaria numa pista errada se eu supuzesse que este é um conto inventado por H.P.B., devemos acolher todo tipo de teoria que possa explicar essas
coisas, mas eu não teria ado anos defendendo-a contra toda espécie de calúnia, se a achasse capaz de uma simples fraude vulgar. Não escapará, todavia, à vossa mente crítica, que uma alegação como esta, confrontada por um testemunho tão claro e perfeito como o que apresento, deve ser capaz de provar algo, caso seja considerada seriamente. É lamentável que não somente a alegação seja incompatível com todos os fatos, mas que os fatos assim apresentados sejam justamente aqueles, e somente aqueles que chegaram ao meu conhecimento; e as suposições são tão ridiculamente distantes da verdade, como pode ser demonstrado por uma evidência que não dependa somente de mim, que fica muito claro serem elas muito precárias. Do lado negativo essa é uma crítica destrutiva. Agora, que prova positiva é apresentada? Nenhuma. Pode ser dada alguma? Esse Irmão que voltou os seus olhos sobre mim no Monte Athos e assumiu o estilo e título de Imperator, o que alguma vez ele me disse ou contou? Quando e onde apareceu e que prova pode ele dar do fato? Durante uma longa comunicação como a que ele afirma, pode seguramente produzir alguma evidência positiva para refutar a suposição acima indicada. Se não faz, qualquer pessoa equilibrada saberia qual conclusão tirar. Perdoai-me por deter-me tão longamente neste assunto. Vejo, de fato, que estou chegando a um ponto onde se encontram dois caminhos e com tristeza temo que os "Fragmentos de Verdade Oculta" mostrem que o Espiritismo e o Ocultismo são incompatíveis. Sentiria de todo o coração se acabásseis perdendo o vosso tempo e esforços em algo que se mostra indemonstrável com base na a Verdade. Daí o meu desejo de que isto seja esmiuçado. De outra maneira eu o deixaria de lado com muito desprezo. Tal como dizeis da Velha Dama (H.P.B.) "considerai somente as oportunidades que tive para formar uma opinião". Com os melhores desejos de meu coração. Vosso sempre, W. Staiton Moses
Carta Nº 091a Recebida em Allahabad, no inverno, 1882/83. O destinatário desta carta não é identificado, mas era, seguramente, o Cel. Olcott; aliás, isso está indicado na Carta nº.103B. Muito desta carta é obscuro; parece não haver maiores informações dos episódios aos
quais o Mahatma alude, embora eles envolvessem, pelo menos em parte, a honestidade da Sra. Billings. Leia o incluso de C.C.M.; apelai à vossa memória e então contai a Sinnett toda a verdade sobre a mensagem que eu vos dei em Londres, acerca das £ 100 na presença da senhora Billing e Upasika. Não vos esqueceis de expor as condições sob as quais eu falei. Não deixeis que H.P.B. veja a carta de C.C.M., mas devolvei-a para Allahabad, com os vossos comentários. K.H.
Carta Nº 091b (8 de Janeiro de 1883) Eu separei a carta de C.C.M. e a vossa e dei a primeira ao senhor Olcott para responder. Deste modo a metade da "danosa" acusação foi resolvida e explicada de uma maneira bastante natural. Pobre mulher!1 Absorvida intensa e incessantemente por um só pensamento no seu trabalho, a CAUSA e a Sociedade, mesmo o seu descuido, falta de memória, esquecimentos e distrações, são todos interpretados como atos criminosos. Eu "absorvi" de novo a sua resposta para devolvê-la com algumas palavras a mais de explicação que deveriam proceder de mim. A dedução do senhor Massey de que "a previsão do Adepto não estava disponível" em diversos e notórios casos de fracasso teosófico é apenas a reafirmação do velho erro de que a escolha de membros e as ações dos Fundadores e Chelas estão controladas por nós! Isto tem sido negado inúmeras vezes, e segundo creio, suficientemente explicado para vós na minha carta de Darjeeling, mas os opositores se aferram a suas teorias apesar de tudo. Nós não nos interessamos, nem guiamos os acontecimentos geralmente, no entanto, examinai a série de nomes que ele cita e vereis que cada homem foi um fator útil para produzir o resultado final. Hurrychund atraiu o grupo para Bombaim, embora eles tivessem se preparado para ir para Madras, o que teria sido fatal naquele estágio do movimento Teosófico; Wimbridge e a srta. Bates deram um caráter inglês ao grupo, o que foi muito bom desde o primeiro momento, ao provocar um encarniçado assedio jornalístico sobre os Fundadores, o que produziu uma reação; Dayanand imprimiu ao movimento a marca da nacionalidade Ária, e por último o senhor Hume, que já é o inimigo oculto da causa e pode chegar a sê-lo declaradamente, ajudou-a muito pela sua influência a promoverá, apesar de si mesmo, devido aos efeitos posteriores da sua deserção. Em cada caso foi dada ao indivíduo traidor inimigo a sua oportunidade, e se não fosse a sua falta de retidão moral, teria advido um incalculável bem para o seu Karma Pessoal.
A senhora Billing é uma médium, e isso diz tudo. Afora isso, entre os médiuns, ela é a mais honesta, se não a melhor. Teria visto o senhor Massey a resposta que ela deu à senhora Simpson, a médium de Boston, de que os assuntos em discussão, muito comprometedores, não há dúvida, para a proftiza e vidente da Nova Inglaterra devem, ser trazidos ao público como evidência da sua culpa? Por que - se é honesta, não expôs a bem do público todos esses falsos médiuns, poderíamos perguntar? Ela procurou advertir os seus amigos repetidas vezes, e o resultado foi que os "amigos" se afastaram dela, e ela mesma foi considerada como uma caluniadora, um "Judas". Ela tratou assim de atuar, indiretamente, no caso da senhorita Cook (a mais jovem): Pedi ao senhor Massey que recorde quais eram os seus sentimentos em 1879, na época em que estava investigando os fenômenos de materialização dessa senhorita, quando a senhora Billing lhe disse com cautela e a senhora H.P.B. abertamente, que ele estava confundindo um pedaço de musselinha branca com um "espírito". No vosso mundo de maya e mudanças caleidoscópicas de sentimentos, a verdade é um fruto raramente desejado no mercado; ela tem as suas épocas, muito curtas. A mulher tem mais virtudes genuinas e honestidade em seu dedo mindinho, do que muitos dos nunca suspeitados médiuns em conjunto. Ela tem sido um membro leal da Sociedade desde o momento em que ingressou, e sua casa em Nova Iorque é um animado centro onde se reúnem os nossos teósofos. Além disso, a sua lealdade é daquelas que lhe custou a perda da consideração de muitos dos seus consultantes. Também ela pode tornar-se traidora, a menos que seja vigiada por "Ski", precisamente porque é uma médium, embora é improvável de que se torne, porque ao mesmo tempo, é incapaz, tanto de uma falsidade como de um engôdo, em seu estado normal. Não posso dominar certo sentimento de repugnância ao entrar em pormenores sobre este, aquele e outros fenômenos que possam ter ocorrido. Eles são os brinquedos do noviço e se nós, às vezes, satisfazemos a sede por eles (como no caso do senhor Olcott e, em um grau menor, o vosso próprio, no princípio, pois que conhecíamos o bom fruto espiritual que resultaria deles) não nos sentimos obrigados a explicar continuamente as enganosas aparições, devidas a uma mescla de descuido e credulidade, ou ao cego ceticismo, seja qual for o caso. Por enquanto oferecemos o nosso conhecimento, ao menos certas partes dele, para que seja aceito ou rechaçado, com base em seus próprios méritos, com absoluta independência da fonte de onde emane. Como recompensa, não pedimos nem a fidelidade, nem a lealdade, nem mesmo a simples cortesia; mais ainda, preferimos que não se nos ofereça nada disso, pois teríamos que declinar do amável oferecimento. Nós temos em vista o bem de toda a associação de fervorosos teósofos britânicos e pouco nos interessa as opiniões individuais ou a consideração deste ou daquele membro. Nossos quatro anos de experiência delinearam suficientemente o futuro das melhores relações possíveis entre nós e os europeus, para nos tornar ainda mais prudentes e menos dispostos a favores pessoais. É
suficiente pois, que eu diga que "Ski" nos serviu, mais de uma vez, como correio e ainda como porta-voz para vários de nós, e que, no caso a que alude o senhor Massey, a carta de "um Irmão Escocês" era autêntica para ser entregue, e que, misteriosamente para ele, nós, o Irmão "Escocês" incluido, categoricamente recusamos a sua entrega, apesar dos pedidos fervorosos de Upasika para que fizessemos algumas exceções a favor de C.C. Massey, o seu "melhor e mais querido amigo", a quem ela queria e confiava, tão implicitamente, que realmente oferceu-se para aceitar um ano a mais no seu grande e triste exílio, e trabalhar afastada da sua meta final, se apenas consentíssemos em satisfazê-lo com a nossa presença e ensinamentos; mas, apesar de tudo isso, eu digo que não nos foi permitido desperdiçar nossos poderes com tal liberalidade. Deixou-se, pois, que Madame B.3 enviasse a carta por correio, ou se o preferisse, por "Ski", pois M. lhe havia proibido que usasse os seus próprios meios ocultos. Seguramente não se lhe pode atribuir qualquer crime, a menos que uma absoluta e frenética devoção à uma grande Idéia e àqueles que ela considera como os seus melhores e mais fieis amigos possa agora ser-lhe imputada como uma ofensa. E agora espero que me dispensais da necessidade de entrar em explicações detalhadas sobre o famosos assuntos da carta Massey-Billing. Permitai-me somente assinalar-vos qual é a impressão que faria a qualquer pessoa com uma mente sem preconcitos, se lesse a carta do senhor Massey e a pobre evidência que ela contém. (1) Nenhum médium inteligente, resolvido a levar a cabo um plano para enganar, preparado previamente, teria a estúpida idéia de produzir e colocar diante dele, com suas próprias mãos, qualquer objeto (um livro de atas, o caso dela) no qual aconteceria o fraudulento "fenômeno". Se ela tivesse sabido que "Ski" havia colocado a carta dentro do livro, há 99 por cento de probabilidade de que ela não o teria trazido pessoalmente para ele. Há mais de 20 anos que ela fez da mediunidade a sua profissão. Tivesse ela fraudado e enganado em uma coisa, ela o teria feito em muitas. ou triunfante e incólume entre centenas de inimigos e mesmo de céticos em meio às provas mais severas, produzindo os mais extraordinários fenômenos mediúnicos. Seu esposo é o único que a acusa com provas documentais de ser uma embusteira, ele que a arruinou para agora desonrá-la. H.P.B. escreveu-lhe as mais enérgicas cartas de reprovação e insistiu na sua expulsão da Sociedade. Ela a odeia. Para que buscar mais motivos? (2) O senhor Massey é só um meio profeta quando diz que supõe que "vos será dito que essas coisas foram falsificações ocultas!" Não; a mensagem no reverso da carta do doutor Wyld é da mão dela, como também a primeira parte da carta copiada e agora citada por ele para o vosso benefício, a parte mais danosa em sua opinião, mas, até onde posso ver, não há dano nisso, como já foi explicado. Ela não deseja que ele saiba que utilizou "Ski", entidade na qual sabia-se que ele não confiava, pois as imperfeições e pecados de outros "Skis" foram atribuidos ao verdadeiro "Ski", sendo o senhor Massey incapaz de distinguir um do outro. Em sua maneira solta e descuidada, ela diz: "Que ele pense o que quiser, mas não deve suspeitar que estivestes próxima dele com Ski aguardando as suas
ordens". Em consequência, a senhora B. "a hábil impostora" endurecida e experimentada em fraudes" faz precisamente o que se lhe pede com clareza que não faça, aproxima-se dele e lhe dá o próprio livro onde Ski havia colocado a carta. Muito habilidoso na verdade! (3) Ele argumenta que "mesmo sendo concebível de outra maneira (a falsificação oculta), o conteúdo posterior da carta era inconsistente com o suposto objetivo, pois trata da S.T. e dos Adeptos com tão evidente devoção, etc." Pelo que vejo, o senhor Massey não faz diferença entre um fraudador "oculto" e um comum, tal como deve ter conhecido na sua prática legal. Um fraudador "oculto", um dugpa, teria falsificado a carta precisamente desse modo. Nunca se tornaria culpado por se deixar levar por seu rancor pessoal, a ponto de retirar da carta a sua característica mais brilhante. Não mostraria a S.T. como uma "superestrutura em cima de uma fraude", e que é "justamente a impressão oposta" que é a sua coroa. Digo é, pois a metade da carta é uma falsificação e de caráter muito oculto. O senhor Massey pode talvez acreditar em mim pois não é esta parte que lhe diz respeito que é negado (tudo, com exceção das palavras "misterioso" e "um lugar ainda mais misterioso") e sim, "a última parte", aquela mesma que o próprio Billing itiu relutantemente, que "dava impressão oposta". "L.L." não é alguém vivo ou morto. Com certeza não é o Lord Lindsay, pois ele não era conhecido de H.P.B., nem ela tinha e jamais teve algo a ver com o seu título, desde então. Essa parte exibe tanto em si a marca de uma fraude desajeitada que poderia ter enganado só aquele cuja mente já estivesse propensa a ver a fraude na senhora Billing e em seu "Ski". Termino e podeis mostrar esta carta ao vosso amigo, o senhor Massey. Qualquer que seja a sua impressão sobre mim ou sobre os Irmãos, isso não pode de nenhuma maneira influir nos prometidos "ensinamentos" por meio da vossa amistosa intervenção. Seu, K.H.
Carta Nº 092 (23 de novembro de 1882) O conteúdo da Carta nº.96 foi discutido nas notas à Carta nº.83 (CM125). P.S. Pode acontecer que, para nossos propósitos, deixemos tranquilos os médiuns e os seus cascões, livres não só para personificar os "Irmãos" mas mesmo para falsificar nossa escrita. Tende isso em conta e ficai preparado para isso, em Londres. A menos que a mensagem ou comunicação, ou o que seja, esteja precedido pelas três palavras "Kint-an, Na-lan-da, Dha-ra-ni" saibai que não sou eu e que não procede de mim. K.H.
Carta Nº 093 Recebida em Londres, 1883/84. Para se compreender esta carta, é necessário retroceder à Carta nº.12 (CM-6). Os Sinnetts foram para a Inglaterra em 1881e, enquanto eles estavam lá, "O Mundo Oculto" foi publicado. Antes de deixar a Índia, o Mahatma K.H. disse a Sinnett para citar o que quisesse em seu livro; o Mahatma tinha plena confiança em seu discernimento e julgamento. Portanto, Sinnett citou de uma das cartas, a de número 12, a agem que começa "Platão estava certo, as idéias regem o mundo..." Após a publicação do livro, aconteceu que, nos Estados Unidos, um espírita chamado Henry Kiddle havia dado uma palestra numa reunião de espíritas em Lake Pleasant, New York. Ele reclamou que a agem acima do "O Mundo Oculto" plagiava alguns comentários que ele fez em sua palestra. Ele primeiro escreveu para Sinnett, assim alegou, através do seu editor. É possível que esta carta não foi recebida. Kiddle escreveu, então, para Staiton Moses (M.A. Oxon), editor de "Light", o órgão espírita inglês, afirmando que a agem impressa no "O Mundo Oculto" foi transcrita literalmente de sua palestra em Lake Pleasant. A sua carta foi publicada no número de 1º. de setembro de 1883 daquele órgão. Nessa ocasião, os Sinnetts estavam estabelecidos na Inglaterra. Sinnett respondeu imediatamente a essa carta. Uma correspondência muito extensa resultou de tudo isso (que veio a ser chamado de "Episódio Kiddle"). Por algum tempo o Mahatma não se incomodou em responder às acusações de plágio, certamente dando pouca importância ao assunto. Mas, vendo quão aflito estava Sinnett com toda a questão, ele resolveu escrever. A Carta nº.117 contém essa explicação. Meu bom e fiel amigo: Nunca se daria a explicação aqui contida se eu não tivesse me dado conta, ultimamente, de quão perturbado estáveis sobre a questão dos "plágios", durante a vossa conversação com alguns amigos, particularmente com C.C.M. Especialmente agora, que recebi a vossa última carta, na qual mencionais com tanta delicadeza "esse desagradável e pequeno episódio Kiddle", manter a verdade fora de vosso conhecimento seria uma crueldade; no entanto, comunicá-la ao mundo dos espíritas preconceituosos e malignamente predispostos, seria uma loucura consumada. Portanto, devemos chegar a um acordo; devo colocar aos dois, a vós e ao senhor Ward, que compartilhada minha confiança, sob a promessa de que nunca explicarão a partir de agora a nenhuma pessoa, sem permissão especial minha, os fatos aqui expostos, nem sequer a M.A. Oxon e a C.C. Massey, inclusive, por razões que mencionarei a seguir e que compreendereis prontamente. Caso um deles insista, devereis responder, simplesmente, que o
"mistério psicológico" foi esclarecido para vós e algumas outras pessoas; e, SE se mostra satisfeito podeis acrescentar que "as agens paralelas" não podem ser chamadas de plágio ou coisa parecida. Dou-vos carta branca para dizer o que quiserdes, até mesmo a razão pela qual prefiro manter os verdadeiros fatos fora do conhecimento do público em geral e da maioria dos membros de Londres; tudo, menos os detalhes que só vós e uns poucos conhecerão. Como percebereis, nem vos obrigo a defender minha reputação, a menos que vos sintais por completo satisfeito, e vós mesmo tiverdes compreendido bem a explicação. E agora posso vos dizer porque prefiro ser considerado pelos vossos amigos como um feio "plagiador". Já que fui chamado repetidas vezes de "sofista", um "mito" "uma senhora Harris" e uma "inteligencia inferior" pelos inimigos, prefiro não ser considerado como um deliberado enganador e um mentiroso por falsos amigos; quero dizer, por aqueles que me aceitariam com relutância, ainda que eu me elevasse em sua estima até seus próprios ideais, em vez do contrário, como acontece agora. Pessoalmente me sinto naturalmente, indiferente quanto ao assunto. Mas para o vosso bem e o da Sociedade, posso fazer outro esforço para afastar do horizonte uma das suas nuvens mais "escuras". Recapitulemos a situação e vejamos o que dizem dela os vossos sábios ocidentais. "K.H., decididamente, é um plagiário, podendo ser, afinal um problema de K.H. e não dos "dois Humorisas Ocidentais". "No primeiro caso, um pretenso "Adepto", incapaz de tirar de seu "pequeno cérebro oriental" qualquer idéia ou palavras dignas de Platão, valeu-se desse amplo reservatório de profunda filosofia que se chama O Estandarte da Luz e extraiu daí as frases que melhor se prestavam para expressar suas embrulhadas idéias, frases que caíram dos inspirados lábios do senhor Henry Kiddle! Na outra alternativa, o caso se torna ainda mais difícil de compreender, salvo pela teoria da mediunidade irresponsável do par de palhaços ocidentais. Conquanto assombrosa e impraticável que fosse a teoria de que duas pessoas, que tem sido bastante astutas para levar a cabo durante cinco anos, sem ser descobertos, a fraude de personificar a vários Adeptos, nenhum dos quais se assemelha ao outro; duas pessoas das quais, uma pelo menos é um bom conhecedor do idioma inglês e de quem não poderia suspeitar-se pobreza de idéias originais, se valessem um pouco do plágio de uma revista como O Estandarte, amplamente conhecida e lida pela maioria das pessoas de fala inglesa que se interessam pelo espiritismo; acima de tudo, para surripiar as frases emprestadas do discurso de um novo e proeminente convertido, cujas declarações públicas eram nesse preciso momento lidas e acolhidas por todo médium e espírita; por mais improvável que tudo isso e muito mais possa parecer, entretanto, qualquer alternativa parece ser melhor recebida que a simples verdade. A sentença foi pronunciada: "K.H.", ou seja quem for, aproximou-se de trechos do senhor Kiddle. E não só isso, mas como foi indicado por "um leitor perplexo", ele omitiu palavras inconvenientes e desfigurou de tal maneira as idéias tomadas de empréstimo a ponto de afastá-las de seu
sentido original para ajustá-las ao seu propósito próprio e "muito diferente". Bem, quanto a isso, se eu tivesse qualquer desejo de discutir a questão, eu poderia responder que, no que se refere ao plágio, como empréstimo de idéias, mais do que de palavras ou frases, nada houve de fato, e considero-me absolvido pelos meus próprios acusadores. Como disse Milton "esta espécie de apropriação, se não é melhorada por aquele que dela se apropria, é considerada como sendo plágio." Tendo desfigurado as idéias "apropriadas" e, como agora estão publicadas, desviadas de seu sentido original para ajustá-las ao meu próprio "propósito, muito diferente", nesse caso a minha pilhagem literária não parece bastante respeitável, afinal de contas? E mesmo que não houvesse outra explicação a tudo isso, o máximo que se poderia dizer é que, devido à pobreza de palavras à disposição do correspondente do senhor Sinnett e à sua ignorância da arte de composição inglesa, ele adaptou algumas das efusões singelas do senhor Kiddle, algumas de suas frases excelentemente construídas, para expressar as suas próprias idéias contrárias. Esta é a única argumentação que apresentei e permiti ser usada em um editorial pela "talentosa editora" do Teosofista, que está fora de si desde que esta acusação foi feita. Na verdade, a mulher é uma temível calamidade nesta Quinta Raça! Entretanto, para vós e alguns poucos, aos quais tendes a permissão de escolher entre os vossos mais confiáveis teosofistas, dos quais tomareis de início o cuidado de fazê-los prometer sob palavra de honra, em guardar a pequena revelação para si mesmos, eu explicarei agora os fatos reais deste mistério psicológico "muito enigmático". A solução é tão simples e as circunstâncias tão divertidas, que confesso que ri quando a minha atenção foi atraída para ele, há algum tempo. Na verdade, a tendência é fazer-me sorrir, mesmo agora, não fosse saber da dor que ocasiona a alguns verdadeiros amigos. A carta em questão foi concebida por mim enquanto fazia uma viagem a cavalo. Ditei-a mentalmente e a "precipitei" na direção de um chela que ainda não era um perito nesta espécie de química psíquica e, que teve de transcrevê-la de caracteres muito pouco visíveis. Portanto, o "artista" omitiu metade dela e a outra metade ele a desfigurou mais ou menos. Quando me perguntou na ocasião se eu a revisaria e corrigiria, respondi imprudentemente, confesso: "de qualquer modo servirá, meu filho; não é de muita importância se você omite certas palavras". Eu estava cansado fisicamente depois de cavalgar por 48 horas seguidas, e (fisicamente também) semi adormecido. Tinha ademais assuntos mais importantes que atender psiquicamente, e portanto restava muito pouco de mim mesmo para poder prestar atenção a essa carta. Já estava condenada, suponho. Quando despertei, verifiquei que já havia sido enviada, e como então eu não previa a sua publicação, não lhe dei a menor atenção desde esse momento. Pois bem; eu não havia nunca evocado a fisionomia epiritual do senhor Kiddle, nunca havia sabido de sua existência e nem conhecia o seu nome. Tendo me
sentido interessado, devido a nossa correspondência e aos vossos vizinhos e amigos de Simla, pelo progresso intelectual dos Fenomenalistas, progresso que, a propósito, encontrei mais movendose para trás, no caso dos espíritas americanos, dirigi a minha atenção, dois mêses antes, ao grande acampamento anual do movimento destes últimos, em vários lugares, entre outros no do Lago ou Monte Pleasant. Algumas das idéias e frases curiosas, representativas das esperanças e aspirações em geral dos espíritas americanos, ficaram impressas na minha memória e apenas recordei essas idéias e frases soltas, alheio por completo às personalidades que as tinham em sua mente ou que as pronunciaram. Daí a minha total ignorância sobre a existência do conferencista a quem defraudei de maneira inocente, como se concluiria e que levanta agora um clamor público. Entretanto, tivesse eu ditado a carta na forma que aparece agora impressa, certamente pareceria suspeitosa e, conquanto longe do que geralmente se denomina plágio, mas devido a ausência de quaisquer aspas, pode dar origem à censura. Mas não fiz nada disso, como o texto original agora diante de mim mostra com clareza. E antes de prosseguir, devo vos dar uma explicação sobre este método de precipitação. As recentes experiências da Sociedade de Pesquisas Psíquicas vos ajudarão muito a compreender a base racional desta "telegrafia mental". Observastes na Revista dessa sociedade como a transferência do pensamento tem efeitos acumulativos. A imagem da figura geométrica ou de outra qualquer que ficou impressa no cérebro ativo, é impressa gradualmente no cérebro do sujeito ivo, como se pode notar na sequência de ilustrações reproduzidas na revista. São necessários dois fatores para produzir uma telegrafia mental perfeita e instantânea: concentração fixa no operador e completa ividade receptiva no indivíduo "leitor". Se se produz uma perturbação em qualquer um dos dois, o resultado será proporcionalmente imperfeito. O "leitor" não vê a imagem como ela ocorre no cérebro do "telegrafista", mas sim, como ela surge no seu. Quando os pensamentos do último vagueiam, a corrente psíquica se rompe e a comunicação fica desarticulada e incoerente. Num caso como o meu, o chela tinha, por assim dizer, que recolher o que pudesse da corrente que eu estava lhe enviando, como indicado acima, e encadear os pedaços incompletos, o melhor que pudesse. Não vêdes a mesma coisa no mesmerismo comum: o maya impresso sobre a imaginação do sujeito pelo operador, se mantém, ora mais forte, ora mais fraca, à medida que o operador mantém a imagem ilusória mais ou menos forte, diannte da sua prórpia imaginação? E quão frequentemente os clarividentes acusam o magnetizador de afastar os seus pensamentos do sujeito sob exame! E o curador mesmérico sempre vos declarará que se pensar em algo que não seja a corrente vital que está canalizando para o seu paciente, ele, de imediato se vê obrigado a restabelecê-la ou a abandonar o tratamento. E assim eu, neste caso, tendo naquele momento de modo mais vívido, em minha mente o diagnóstico psíquico do pensamento espírita comum, do qual a conferência do Lago Pleasant era um exemplo bem nítido, transferi inconscientemente aquela recordação mais nitidamente que as minhas próprias observações sobre a mesma
e as minhas deduções tiradas de tudo isso. Ou seja, as declarações do senhor Kiddle, a "despojada vítima", ficaram mais focalizadas e foram fotografadas mais vivamente (primeiro no cérebro do chela e daí no papel que tinha diante de si, um processo duplo e muito mais difícil que a simples "leitura do pensamento"), tal como agora vejo, estão dificilmente visíveis e bastante distorcidas nos fragmentos originais que tenho diante de mim. Ponde entre as mãos de um sujeito mesmerizado uma folha de papel em branco, diga-lhe que contém um certo capítulo de algum livro que tenhais lido, concentrai os vossos pensamentos sobre as palavras e vêde como, desde que o sujeito mesmo não leu o capítulo mas só o retira da vossa memória, a sua leitura refletirá as vossas recordações sucessivas, de uma maneira mais ou menos nítidas, da linguagem do vosso autor. O mesmo quanto à precipitação, pelo chela, dos pensamentos transferidos sobre (ou melhor dito dentro) do papel: se a imagem mental recebida for débil, a sua reprodução visível também o será. E mais o será na proporção do rigor de atenção que ele prestar. Se fosse simplesmente uma pessoa de um verdadeiro temperamento mediúnico, poderia ser empregado pelo seu "Mestre" como uma espécie de máquina psíquica de imprimir, produzindo impressões litografadas ou psicografadas do que o operador tenha na sua mente, sendo a máquina o seu sistema nervoso, a sua aura nervosa, o fluido que imprime; as cores seriam retiradas desse inexaurível depósito de pigmentos (como de tudo o mais), o Akasa. Mas o médium e o chela são diametralmente diferentes, e o último atua conscientemente, exceto sob circunstâncias excepcionais durante o seu desenvolvimento, o que não é necessário tratar aqui. Bem, logo que me interei da acusação, pois a comoção entre os meus defensores alcançou-me através das neves eternas, ordenei uma investigação nos restos que ficaram da impressão. Imediatamente me dei conta de que era eu a única parte bastante culpável, sendo que o pobre rapaz só tinha feito o que lhe fôra pedido. Tenho restaurado agora, em sua primitiva cor e lugares, os caracteres e as linhas, omitidas e borradas, a ponto de não poderem ser reconhecidas por outra pessoa que não fosse o seu elaborador original, vejo que agora a minha carta se lê de uma maneira muito diferente, como observareis. Voltando ao Mundo Oculto, o exemplar que me enviastes, na página citada (a página 149 da primeira edição), após uma leitura cuidadosa, me surpreendi com a grande discrepância entre as frases. Uma lacuna, por assim dizer, de idéias, entre a primeira parte (da linha 1 a linha 25) e a segunda parte, a chamada parte plagiada. Parece não haver conexão alguma entre as duas; em que, de fato, tem a ver a determinação de nossos Chefes (de provar a um mundo cético que os fenômenos físicos são tão reduzíveis à lei como qualquer outra coisa) com as idéias de Platão que "regem o mundo" ou com a "Fraternidade prática da Humanidade"? Temo que é só a vossa amizade pessoal com o escritor que vos cegou, ainda até agora, a respeito da discrepância e da desconexão de idéias nesta abortiva "precipitação". De outra maneira não poderieis ter deixado de notar que algo estava errado nessa página; que havia um defeito óbvio em sua conexão. Além disso,
tenho que me declarar culpado de outra falta: não tenho sequer olhado as minhas cartas já impressas, até o dia da investigação inevitável. Só havia lido a vossa própria escrita original, considerando que era uma perda de tempo examinar os apressados fragmentos de meu pensamento. Mas agora tenho que vos pedir que leiais as agens como foram originalmente ditadas por mim, e que façais aí a comparação com o Mundo Oculto. Desta vez as transcrevo com minha própria letra, pois a carta que possuis foi escrita por um chela. Peço-vos também que compareis esta caligrafia com a de algumas das primeiras cartas que recebestes de mim. Recordai também a enfática negativa da "Velha Dama" em Simla, de que a minha primeira carta tinha sido escrita por mim mesmo. Sentime molestado por sua murmuração e comentários naquela ocasião; agora pode ser útil para alguma coisa. Ah! Sem dúvida que todos nós somos "deuses"; especialmente quando recordais que, desde os florescentes dias das "impressões" e "precipitações", "K.H." surgiu em uma luz nova e mais elevada, e mesmo esta, de forma alguma, é a mais brilhante que pode ser atingida nesta terra. Na verdade, a Luz da Onisciência e Infalível Previsão nesta Terra, que somente brilha para o mais elevado CHOHAN, exclusivamente, ainda está bastante distante de mim! Incluo a cópia verbatin (literal) dos fragmentos restaurados, grifando em vermelho as frases omitidas para uma comparação mais fácil. (Página 149, Primeira Edição) ...elementos fenomenais não imaginados anteriormente...revelarão finalmente os segredos de seu misterioso funcionamento. Platão tinha razão ao reitir cada elemento de especulação que Sócrates havia descartado. Os problemas do ser universal não são inatingíveis nem sem valor, caso sejam atingidos. Mas estes só podem ser resolvidos, mediante o domínio desses elementos que estão agora assomando no horizonte do profano. Mesmo os Espíritas, com os seus pontos de vista e idéias grotescamente deturpadas, estão percebendo vagamente a nova situação. Profetizam, e suas profecias não estão de todo desprovidas de alguma ponta de verdade, de uma pré-visão intuicional, por assim dizer. Ouvir alguns deles afirmando o velho, muito velho axioma de que "as idéias regem o mundo"; e à medida que as mentes dos homens recebam novas idéias, deixando de lado as velhas e superadas, o mundo avançará; poderosas revoluções surgirão delas, instituições (sim, e até credos e potencias, podem eles acrescentar), se desintegrarão antes que a sua marcha para a frente seja esmagada por suas próprias forças internas, e não pela força irresistível das "nossas idéias" oferecidas pelos espíritas! Sim; eles estão igualmente certos e errados Seguramente será tão impossível resisitir à influência delas quando a época chegar, quanto deter o progresso da maré. Mas o que os espíritas falham em perceber, eu vejo, e seus "Espíritos" em explicar, (não sabendo os últimos mais do que podem encontrar nos
cérebros dos primeiros), é que tudo isso chegará gradualmente e que antes que chegue, eles (os espíritas), como também nós, temos todos um dever a cumprir, uma tarefa colocada diante de nós: a de varrer, tanto quanto possível, as escórias que nos legaram os nossos piedosos anteados. Novas idéias tem que ser plantadas em lugares limpos, pois essas idéias tocam assuntos da mais alta importância. Não são os fenômenos físicos1, nem a doutrina chamada de Espiritismo, mas essas idéias universais, e que temos precisamente de estudar; o noumeno e não o fenômeno, pois, para compreender o ÚLTIMO temos que compreender antes o PRIMEIRO. Os Espíritas abordaram, sem dúvida, a verdadeira posição do homem no Universo, mas só em relação aos seus FUTUROS nascimentos, não aos ANTERIORES. Não são os fenômenos físicos, por mais extraordinários, que poderiam explicar ao homem a sua origem e muito menos o seu destino final, ou, como um deles se expressa, a relação do mortal com o imortal, do temporal com o eterno, do finito com o Infinito, etc., etc. Eles falam muito loquazmente do que consideram novas idéias "mais amplas", mais gerais, maiores, mais abrangentes e, ao memo tempo, reconheceem, em vez do reino eterno da lei imutável, o reino universal da lei como expressão de uma vontade divina (!) Esquecidos das suas primeiras crenças e de que "o Senhor se arrependeu de ter feito o Homem", estes presuntivos filósofos e reformadores quiseram inculcar nos seus ouvintes que a expressão dessa Vontade divina não muda e não pode mudar, "em relação à qual há um só ETERNO AGORA, enquanto que para os mortais (os não iniciados?) o tempo é ado ou futuro no que se relaciona com a sua existência finita neste plano material (do qual eles conhecem tão pouco quanto de suas esferas espirituais) um grão de pó, em que eles transformaram estas últimas, a semelhança da nossa terra, uma vida futura que o verdadeiro filósofo mais evitaria do que buscaria. Mas eu sonho com os meus olhos abertos...E de qualquer maneira, estes não são ensinamentos exclusivos, próprios deles. A maioria dessas idéias foram tiradas fragmentariamente de PLatão e dos Filósofos Alexandrinos... É o que todos nós estudamos e o que muitos solucionaram...etc., etc. Esta é a verdadeira cópia do documento original como foi agora restaurado, "Pedra de Rosetta" do espisódio Kiddle. E agora, se compreendestes as minhas explicações sobre o processo, tal como foram dadas em algumas palavras mais acima, não necessitáveis perguntar-me como sucedeu que as frases transcritas pela chela, embora algo desconexas, são em sua maioria aquelas que agora se consideram como plagiadas, enquanto que os "elos perdidos" são precisamente aquelas frases que teriam mostrado que as agens eram simplesmente remanescências, senão citações - a nota chave em torno da qual vieram a se agrupar as minhas próprias reflexões naquela manhã. Naqueles dias ainda hesitáveis em ver o Ocultismo, ou os fenômenos da "Velha Dama" (H.P.B.), algo mais do que uma variedade do Espiritismo ou mediunismo. Pela primeira vez em minha vida prestei uma séria atenção às expressões dos "ambientes"
proféticos, da denominada oratória "inspirada" dos conferencistas ingleses e americanos, às suas qualidades e limitações. Fiquei impressionado com toda esta verbosidade brilhante, mas vazia, e me dei conta pela primeira vez, de toda a sua perniciosa tendência intelectual. M. conhecia tudo acerca deles, mas dado que eu nunca me relacionara com qualquer um deles, interessaram-me muito pouco. Foi o seu materialismo grosseiro e insípido, toscamente escondido atrás da sombra de seu véu espiritual, que atraiu, então, os meus pensamentos. E enquanto ditava as frases citadas (uma pequena parte das muitas que estivera considerando por alguns dias) essas idéias e que se projetaram mais em relevo, enquanto as minhas próprias observações entre parentesis desapareciam na "precipitação". Tivesse eu olhado sobre o negativo impresso (?) teria havido mais uma arma quebrada na mão do inimigo. Tendo descuidado desta obrigação, meu Karma atuou, produzindo o que os médiuns do futuro e O Estandarte podem chamar do "triunfo Kiddle". As eras futuras dividirão a Sociedade, à maneira de vossos Baconianos Shakesperianos modernos, nos dois campos dos partidários em disputa, chamados respectivamente de "Kiddlerianos" e os "Kuthumistas", que lutarão pelo importante problema literário: quem dos dois plagiou o outro? "Podem me dizer que, enquanto isso, os espíritas americanos e ingleses se regozijam com Sedan14 "Sinnett-K.H.". Que eles e o seu grande orador e campeão desfrutem seu triunfo em paz e felicidade, pois nenhum "Adepto" lançará a sua himalayca sombra para obscurecer a inocente felicidade deles. A vós e a alguns outros verdadeiros amigos, sinto que é o meu dever dar uma explicação. A todos os demais deixo o direito de considerar o senhor Kiddle, seja ele quem for, como o inspirador do vosso humilde servidor. Já terminei, e podereis fazer o que quiserdes com estes fatos, exceto usá-los impressos, ou ainda falar deles com os oponentes, salvo em termos gerais. Deveis compreender as minhas razões para isso. Meu querido amigo, ninguém cessa de ser inteiramente um homem, nem perde a sua dignidade por ser um Adepto. Não há dúvida que nesta última condição, a pessoa permanece em qualquer caso totalmente indiferente à opinião do mundo externo. O primeiro sempre estabelece um nexo entre as suposições ignorantes e o insulto pessoal, deliberado. Não se pode esperar que eu me escude por trás do primeiro para estar sempre escondendo o problemático "Adepto" por trás do manto dos dois supostos "humoristas"; e como homem, tive ultimamente demasiadas experiências em insultos como os citados acima com os senhores S. Moses e C.C. Massey, para lhes dar quaisquer outras oportunidades de duvidar da palavra de "K.H.", ou de ver nele um vulgar réu, algo assim como um Babu embusteiro e culpado diante de jurados e juiz europeus severos. Não tenho tempo agora para responder amplamente a vossa última e longa carta de negócios, mas o farei em breve. Nem respondo ao senhor Ward, pois que é inútil. Aprovo completamente a vossa vinda à Índia, mas desaprovo, também, por completo, a vossa idéia de trazer para cá o C.C. Massey. O resultado deste último seria danificar a causa
entre os ingleses. A desconfiança e os preconceitos são contagiosos. A sua presença em Calcutá seria tão desastrosa, como benéfica e geradora de bons efeitos seria a presença do senhor Ward e seus serviços para a causa pela qual vivo. Mas insistiria que e algum tempo na Sede Central, antes que empreenda o trabalho a que se propôs entre os oficiais. É certamente muito lisongeiro saber por ele que a senhora K.16 "tem tentado o melhor que possa para me encontrar em um ou mais dos seus transes" e muito triste saber que "embora ela tivesse me invocado com toda a sua determinação espiritual - ela não obteve resposta". É muito ruim, realmente, que essa "gentil dama" tenha se dado ao trabalho de buscar esterilmente através do espaço a minha insignificante pessoa. Evidentemente, movemos-nos em "círculos astrais diferentes e o caso dela não é o primeiro exemplo de pessoas que se tornaram céticas acerca da existência de coisas fora do próprio meio. Existem, como sabeis, "Alpes sobre os Alpes", e de dois picos diferentes não se vê o mesmo problema. Entretanto, é como vos disse, lisongeiro encontrá-la invocando-me pelo meu nome, enquanto preparava para mim e os meus colegas um desastroso Waterloo. Para dizer a verdade, eu não estava consciente do primeiro, embora dolorosamente do segundo. Entretanto, mesmo que o triste plano não tivesse entrado em sua mente espiritual, eu não penso, para ser honesto, que pudesse ter respondido, nalgum momento, ao seu chamado. Como o diria um espírita americano: parece haver muito pouca afinidade entre as nossas duas naturezas. Para mim ela é muito arrogante e imperiosa, demasiado enfatuada; além disso, é muito jovem e "fascinante" para um pobre mortal como eu. Falando seriamente, senhora Gebhard é outro tipo de pessoa muito diferente. Ela é de uma natureza genuinamente sincera; uma ocultista nata em suas intuições, e eu fiz algumas experiências com ela, embora isso seja mais uma tarefa de M. do que minha e porque, como dirieis, não fui encarregado de início com a tarefa de conhecer todas as sílabas e sereias do sistema Teosófico. As minhas próprias preferências me inclinam a me manter no lado mais seguro dos sois sexos em meus contatos ocultos com eles, embora por certas razões, mesmo essas visistas, fisicamente, devem ser extremamente restritas e limitadas. Anexo um telegrama do senhor Brown à "Velha Dama". Em uma semana estarei em Madras, de Singapura, Ceilão e Birmania. Irei vos responder por intermédio de um dos chelas da Sede Central. A pobre "Velha Dama" em desgraça? Oh! meu caro, não! Nada temos contra a velha senhora, a não ser o fato de que ela é assim. Para evitar que sejamos insultados, como ela o chama, está disposta a dar os nossos endereços verdadeiros e assim produzir uma catástrofe. A verdadeira razão é que a desventurada criatura se viu muito comprometida e insultada muito amargamente, devido à nossa existência. Tudo cai sobre ela e portanto, é muito justo que seja resguardada nalgumas coisas.
Sim; se possível, gostaria de vê-lo, Presidente. A não ser que seja permitido pelo Chohan20 (que lhe envia as suas bençãos) a atuar em outro nível quanto a negócios, isto é, psicologicamente, eu renuncio a acreditar no renascimento do Phoenix, contando com a boa vontade de meus compatriotas. Os sentimentos entre as duas raças estão agora intensamente amargos, e qualquer coisa que os indianos empreendam agora, é seguro que terá a oposição sem tréguas dos europeus na Índia. Vamos deixá-lo por algum tempo. Responderei as vossas perguntas na minha próxima carta. Se encontrardes tempo para escrever para o Theosophist, e se puderdes induzir a alguém mais a fazê-lo, como o senhor Myers, por exemplo, vos agradecerei pessoalmente. Estais equivocado ao desconfiar dos escritos de Subba Row. Não escreveu intencionalmente, é certo, mas nunca faria uma afirmação falsa. Vejai o seu último artigo no número de novembro. A sua afirmação a respeito dos erros do general Cunnigham deveria ser considerada como uma completa revelação conduzindo à uma revolução na arqueologia indiana. Certeza quase total de que nunca receberá a atenção que merece. Por que? Simplesmente porque as suas afirmações contêm fatos verdadeiros, e o que vós, os europeus preferem em geral, são as ficções, desde que elas se ajustem às teorias preconcebidas, e a elas respondam. K.H. Quanto mais penso nisso, mais razoável parece-me o vosso plano de uma Sociedade dentro da Sociedade de Londres. Tentai, pois pode ser que algo saia disso.
Carta Nº 094 (Em Abril de 1884) Na carta mais longa do Mahatma, dando explicação sobre o episódio Kiddle (Carta nº.117 - CM-93), ele disse a Sinnett que poderia fazer qualquer uso que desejasse da mesma, exceto publicá-la ou compartilhá-la com outros. O número de dezembro de 1883 do "The Theosophist" trouxe artigos sobre o assunto pelo General Morgan, Dharani Dhux e Subba Row, que, diz o Mahatma em sua carta, foram publicados com sua permissão. Na 4ª. edição inglesa do "O Mundo Oculto" (1884), Sinnett, explicando o episódio Kiddle, menciona estes artigos e acresenta: "Um mês ou dois após o aparecimento destas alusões fragmentárias, eu recebi uma nota do Mahatma liberando-me de todas as restrições impostas anteriormente na totalidade da carta explicatória que ele mandara". Esta é a carta que remove aquelas restrições.
Meu querido amigo: Em meio a vários e árduos trabalhos que foi grato ao Venerável Chohan1 me confiar, eu tinha esquecido por completo "o episódio Kiddle". Tendes a minha explicação. Ao vos pedir para que guardásseis o segredo, só quiz dizer que retivésseis certos detalhes aos quais os vossos e os meus oponentes, em sua ignorância do processo científico, fariam objeções e tomariam como pretexto para ridicularizar as ciências ocultas, para finalmente me acusarem de grosseiras mentiras e a vós de credulidade, ou de "culto dos heróis", como assim o expressa a ninfa de cabelos de ouro do Vicariato. Mas, se estais preparado para resistir ao fogo da furiosa negação e da crítica adversa, façais da minha carta e explicações o melhor uso que puderdes. As diversas cartas e artigos publicados com a minha permissão, nos últimos números do "Teosofista", pelo general Morgan, Subba Row e Dharani Dhar, podem aplainar o vosso caminho. Eu não desejo que a "propagação da Teosofia" seja obstaculizada por minha culpa, para salvar o meu nome de alguns golpes a mais. Seu apressadamente, K.H.
Carta Nº 095 (Maio de 1882) Veja Notas à Carta nº.61. Esta carta está em duas folhas de papel diferente, em tinta azul fosca. A primeira folha, em papel encorpado dobrado, traz o timbre "Governo das Províncias de Noroeste e de Oudh", (o Sr. Hume tinha sido antes Oficial Distrital das Províncias do Noroeste). A segunda folha é fina, trazendo o timbre "The Pioneer, Allahabad". Como a questão do transporte de papel escrito por meios ocultos foi levantada por Sinnett na pergunta que se segue à Pergunta e Resposta nº.5, surge a suposição de que K.H., tinha retirado uma folha de papel, igualmente de Sinnett e de Hume, para nelas escrever este texto de Apêndice, talvez exatamente para mostrar quão fácil era fazer isso. de infâmia! Farei o melhor que puder para convertê-lo em vegetariano e abstêmio. Abstinência total de carne e bebidas alcoólicas foi muito sabiamente prescrita pelo senhor Hume, se ele quer obter bons resultados. Em boas mãos, E.4 fará um imenso bem à S.T. na Índia, mas, para isso, terá que ar por um treinamento de purificação. M. teve que prepará-lo antes de sua partida durante seis semanas, pois de outro modo teria sido impossível para mim projetar na sua atmosfera, mesmo a imagem de meu "duplo". Já vos disse, meu
querido amigo, que o que ele viu não era eu. Nem eu poderia projetar para vós essa imagem, a menos que ele esteja completamente purificado. Portanto, do modo como estão as coisas, não tenho uma só palavra a dizer contra as condições do senhor Hume, tal como foram expressadas em sua última carta "oficial", exceto felicitar-lhe com todo o meu coração. Pela mesma razão me é impossível responder a ele e às suas perguntas agora. Que ele tenha paciência no assunto de Eglington. Estão em andamento conspirações muito sujas que germinam em Londres, entre os espíritas, e não estou completamente seguro de que E. resistirá à maré que ameaça submergí-lo, a menos que eles obtenham dele uma retratação parcial. Nós nos afastamos da nossa política e se fez com ele uma experiência no "Vega" somente em benefício de alguns teósofos anglo-hindús. O senhor Hume havia expressado a sua promessa de que mesmo os "espíritos" de E. não tivessem algum conhecimento a nosso respeito, e que apesar do interesse que temos pela causa, não teríamos nos mostrado, mesmo a ele. Por outro lado, os espíritas de Calcutá e a senhora Gordon com eles, sentiram-se triunfantes e o coronel G. os seguiu. Os "queridos desencarnados", durante o curto período de estadia de Eglington em Calcutá, estavam em uma aura de santidade, e os "Irmãos, mais exatamente em baixa na estima pública. Muitos de vós pensaram que se aparecêssemos para Eglington, isso "salvaria a situação" e obrigaria aos espíritas a reconhecerem as afirmações da Teosofia. Bem, cumprimos com os vossos desejos. M. e eu estávamos determinados a mostrar-vos que não havia base para tais esperanças. O fanatismo e a cegueira dos espíritas, alimentados por motivos egoistas de médiuns profissionais mostraram-se salientes e os oponentes estão agora desesperados. Devemos deixar que se desenvolva o curso natural dos acontecimentos e só poderemos auxiliar na crise vindoura dando uma mão nos crescentes e frequentes desmascaramentos; não nos serviria de nada forçar os acontecimentos, pois só se criariam "mártires" e dando-lhes pretexto para uma nova onda de loucuras. Portanto, rogo-vos paciência. Se o senhor Hume perseverar em suas intenções, tem diante de si um trabalho grande e nobre: o trabalho de um verdadeiro Fundador de uma nova era social, de uma reforma filosófica e religiosa. É algo tão vasto e concebido com tanta nobreza que se como espero, finalmente concordarmos, ele terá bastante o que fazer durante o intervalo que me é necessário para provar e preparar Eglington. Por estes dias escreverei ao senhor Hume e responderei cada um de seus pontos, explicando a situação tal como a concebo. Entretanto, fareis bem em mostrar-lhe esta carta. A vossa crítica literária sobre a obra "O Caminho Perfeito", é mais perfeita que a concepção de seus autores. Agradeço-vos, meu amigo, pelos vossos bons serviços. Estais começando a atrair a atenção do Chohan. Se ao menos soubésseis o que isso significa, não estaríeis imaginando com toda exatidão a que recompensa tendes direito, por alguns serviços recentes, já mencionados.
Vosso afetuosamente, K.H.
Carta Nº 096 Recebido em Janeiro de 84? Agora deparamo-nos com uma carta para Sinnett, do Mahatma K.H. e a razão dessa carta é interessante. Igualmente interessante é como surgiu. Estava anexa a uma carta de H.P.B. A primeira parte da Carta nº.118 está numa folha dobrada de papel para anotações, com o monograma de Sam Ward. William Eglinton continuara as suas atividades mediunísticas, após o seu retorno a Londres e esta carta (118), se relaciona em parte com uma sessão que ele estava realizando nos aposentos de Sam Ward. Minhas humildes saudações pranams, Sahib, a vossa memória não é boa. Esquecestes o acordo feito em Prayag e as senhas que devem preceder cada comunicação genuína que venha de nós por intermédio de um ...3 Boot-dak ou médium? Que sessão a de 15 de dezembro: cartão ornamentado, minha carta e tudo o mais! Muito comum, como diria um pandit Pelling. Sim, primeiro uma carinhosa saudação da Velha Dama para Lonie, grafado erroneamente Louis no cartão, depois para C.C. Massey, cujo nome ela agora nunca pronuncia, e esta saudação vinda depois da ceia, quando C.C. Massey já tinha ido. Depois a minha mensagem escrita com uma letra imitada, quando a minha é muito irregular; também me atribuem datar a minha suposta mensagem de Ladhak, no dia 16 de dezembro, enquanto que eu juro que estava em Ch-in-ki (Lhasa) fumando o vosso cachimbo. O mais divertido foi eu pedir-vos que "vos preparásseis para a nossa chegada tão logo tivéssemos conquistado o Sahib Sr. Eglington!!! Tendo fracassado Lord Dunraven por que não tentar de novo num sábado? Uma noite solene, aquele sábado em Picadilly, no andar de cima do velho Sotheran, o bolorento livreiro. Eu conhecia bem o lugar e me divertiu observar com a vossa autorização. Por que se sente tão desgostoso? Os cascões trabalharam bastante bem sem sentirem-se tolhidos por minha presença, da qual não se deram conta, nem W.E., nem o seu guardião. A minha atenção foi atraida quando falsificaram a escrita de H.P.B. Então deixei de lado o meu cachimbo e vigiei. Demasiada luz para as criaturas vinda de uma rua Picadilly, embora as emanações de Sotheram auxiliaram muito. Eu gostaria de chamar a atenção de vosso amigo, o Sr. Myers, para o fato psíquico das putrefadas emanações. Produzem abundante Bhoot6. Sim; o quarto com janelas que dão para Picadilly é um bom lugar para o desenvolvimento do psiquismo. Pobre desgraçado, estava em estado de transe!
"Desejamos afirmar, com o objetivo de prevenir qualquer futuro mal entendido, que não somos responsáveis, de modo algum, nem temos nada a ver com a produção de qualquer fenômeno que se vos apresente esta noite". Isto é pura auto-abnegação; a palavra modestia não basta para designá-lo. Ele andava pelo quarto e eu o segui à distância. Dirigiu-se para a escrivaninha do senhor Ward e pegou uma folha de papel com seu monograma, e eu permiti-me tirar outra para vos mostrar que o vigiava. Quanto a todos vós, niguém observou bem claramente enquanto era guiado para colocar papel e envelope entre as folhas de um livro, ou quando o colocou sobre a mesa, pois teriam observado algo muito interessante para a ciência. A língua de prata do relógio soa as dez e quinze e a forma de K.H. desce uma colina cavalgando (ele se encontra agora nos distantes bosques da Cambodia) e deveria cruzar o horizonte da visão de Tio Samuel e perturbar a atividade dos Pisachas. O distúrbio astral estorva o lento progresso deles. Suas campainhas são iráveis. Bem, Sahib, não deveis ser muito severo com o pobre e desgraçado jovem. Essa noite ele era um irresponsável absoluto. Naturalmente o fato de pertencer à vossa Loja de Londres da Sociedade Teosófica é uma tolice, pois um médium que cobra e de quem se suspeita, não está à altura dos cavalheiros ingleses. Entretanto, é honesto ao seu modo e por mais que K.H. o tivesse gracejado no seu cartão dirigido aos Gordons, e que todos vós levaram a sério na ocasião, na verdade ele é honesto à sua maneira e merece compaixão. Trata-se de um pobre epilético sujeito a ataques, especialmente nos dias em que espera ser convidado para ceiar conosco. Penso pedir a K.H. que solicite um favor ao senhor Ward: que salve o pobre desgraçado dos dois elementais que aderiram a ele como sanguessugas. É fácil para o bom "Tio Samuel" conseguir para ele uma nomeação em alguma parte e salválo assim de uma vida de infâmia que o está matando; fará assim um ato meritório de caridade teosófica. O senhor Ward está equivocado. W.E. não é culpado de qualquer trapaça consciente e deliberada aquela noite; ele tinha um desejo apaixonado de ingressar na Loja de Londres, e como o desejo é pai da ação, os seus sanguessugas astrais fabricaram aquela minha carta, usando meios próprios. Se ele mesmo o tivesse feito, teria recordado que não era a minha letra, que ele já conhece por intermédio dos Gordon. Ai dos espíritas! Seu karma pesa com a ruina de homens e mulheres que incitam à mediunidade e que depois abandonam para definharem como um cão desdentado. De qualquer modo, peça-lhe o cartão de Upasika com a sua pretendida escrita. É bom conservá-lo e mostrá-lo ocasionalmente aos Massey da Loja de Londres que acreditam em simples mentiras e suspeitarão de fraudes onde não há nenhuma. Estais livre para considerar-me como um "negro" e um selvagem Sahib. Mas, embora eu seja o primeiro a aconselhar a reeleição da senhora K.8, apesar disso confiaria mais na clarividência de W.E.9 que na da senhora K., ou melhor, na interpretação que ela dá de suas visões. Mas isso terminará logo.
Subba Row está vos inocentando. Escrevo uma resposta ao australiano convertido. M.
Carta Nº 097 Recebida no outono de 1885. Por algum tempo não houve cartas, e a última, vinda do Mahatma K.H., não foi encorajadora. Na ocasião em que esta carta foi recebida, H.P.B. havia deixado Adyar pela última vez em março e tinha ido para a Alemanha, onde ela estava trabalhando na "A Doutrina Secreta". Um outro chela indiano, Babaji ou Bawajee, tinha vindo com ela da Índia e evidentemente Mohini tinha vindo para encontrá-los. Sinnett havia acabado de publicar uma novela oculta intitulada Karma, usando H.P.B. como figura central. A pergunta nesta carta: "Não sois bastante político para ar os pequenos defeitos de jovens discípulos?" referia-se ao comportamento de Babaji e Mohini. Babaji, verificou-se, era epilético e sujeito a ocasionais os de comportamento excêntrico e desordenado, que incluia denuncias desagradáveis de sua benfeitora, H.P.B. Mohini, preso por laços de nacionalidade a chela mais jovem, tendia a tomar o seu partido em adulação por parte de alguns membros europeus que acabou ficando empolgado e estava mostrando um discernimento bem pobre em suas relações com vários deles. As "pessoas comuns" formaram a multidão tão diferente daqueles que se sobressaem. Os vossos métodos não foram abandonados, somente se buscou mostrar uma derivação da mudança cíclica, no que, sem dúvida, ajudais também. Não sois bastante do mundo a ponto de ar os pequenos defeitos de discípulos jovens? A seu modo eles também ajudaram, e muito. Também em vós está oculto um poder de ajudar, de sua parte, porque a pobre Sociedade necessitará, mesmo, tudo que possa conseguir. É bom que vistes o trabalho de uma nobre mulher, que deixou tudo pela causa. Outros meios e ocasiões aparecerão para vos ajudar, porque sois uma testemunha isolada e bem conhecedora dos fatos que serão desafiados por traidores. Não podemos alterar o Karma, meu "bom amigo", senão poderíamos levantar a nuvem que paira sobre o vosso caminho. Mas fazemos tudo que é possível nestes assuntos materiais. Nenhuma escuridão permanece para sempre. Tende esperança e fé, e poderemos dispersá-la. Não há muitos que permaneceram fieis ao "programa original". E vós aprendestes muito e tendes muito que é e será útil. M.
Carta Nº 098 Carta nº.98 (CM-105) Recebida em Dezembro de 1882. (Provavelmente recebida depois de 17 de dezembro de 1882) Esta carta é uma resposta a uma carta de Sinnett para o Mahatma K.H. na qual ele contou ao Mahatma a respeito de um fato em sua vida que haveria de ter grandes repercussões. Deve-se lembrar que, durante a viagem de Sinnett à Inglaterra em 1881, ele teve o seu primeiro livro, "O Mundo Oculto", publicado. O livro, conhecido da maioria dos estudantes de Teosofia, aborda amplamente fenômenos produzidos por H.P.B. e inclui informações a respeito dos Mahatmas com os quais Sinnett se correspondeu através de H.P.B. O livro causou uma profunda impressão no público na época, mas trouxe a Sinnett o desagrado da comunidade anglo-indiana e a oposição dos proprietários do "The Pioneer", do qual ele era o editor. As suas relações com eles, dai por diante, não foram fáceis. Depois surgiu uma mudança da direção: um inglês, chamado Rattingan, adquiriu o jornal. Ele era ainda menos simpático a Sinnett e, sem dúvida, não tinha relutância (ou talvez poucas inibições) de se livrar de Sinnett. Finalmente, em novembro de 1882, Sinnett foi informado do término de seus serviços como editor desse importante jornal, embora isso só viesse a ocorrer após um ano. Este foi um acerto bastante satisfatório porque deu a Sinnett um tempo para firmar uma nova situação. Possivelmente ele escreveu para o Mahatma K.H. sobre os fatos e ele pode ter sugerido o surgimento de um outro jornal para promover a liberdade política na Índia. Naturalmente não temos a carta de Sinnett, mas a correspondência subsequente indica que era esse o caso. Assim, temos o começo do que foi chamado "A Aventura Fênix". O assunto desagradável a que se refere no segundo parágrafo foi uma reunião da Sociedade Eclética em Simla, provavelmente quando H.P.B. e Sinnett estavam visitando os Humes ali, em 1881, para debaterem uma carta vinda de um homem de nome S.K. Chatterji. A carta era dirigida a Hume e continha observaçòes depreciativas a respeito da Teosofia e de H.P.B. Obviamente Hume mandou essa carta para o Mahatma K.H. para que lesse, e a carta retornou através de H.P.B. Ao devolvê-la para Hume, ela disse que o Mahatma tinha dado ordens "através dela para o Conselho Geral" para convidar o Sr. Chatterji a renunciar. Isto desagradou Hume, que declarou que o Mahatma não foi de modo algum cavalheiro; de que a carta era privada. O Mahatma diz que a carta não era privada, dado que Hume a circulara entre os membros.
O Mahatma soube de tudo isso através de Djual Khul que "tomou conhecimento do fato pessoalmente e tem uma excelente memória". Isto indica que Djual Khul estava lá em seu corpo sutil, porque ele não figura entre as pessoas citadas pelo Mahatma como presentes. Meu querido amigo: Antes de vos dar uma resposta definitiva à vossa carta de negócios, desejo consultar o nosso venerável Chohan. Temos diante de nós doze mêses, como dizeis. Agora tenho uma pequena questão a resolver, que é muito importante, pois gira ao redor de outra série de mentiras deliberadas, cujo real caráter já é tempo de provar. Somos chamados de "mentirosos" (sic) com todas as suas letras e somos acusados de "baixa ingratidão". A linguagem é forte e, como nos sentimos desejosos de adotar muitas coisas boas dos ingleses, não é polidez, receio, que estaríamos inclinados a aprender da classe de cavalheiros a que pertence o senhor Hume. O assunto em que agora estou interessado, por si mesmo, pode ser considerado por vós como algo de muito pouca importância: unido a outros fatos, a menos que seja demonstrado mediante testemunho bom e irrefutável, de que é pelo menos, uma perversão de fatos, tende a converter-se em uma causa que produzirá efeitos desagradáveis e arruinará tudo o que foi construido. Portanto, rogo-vos que não vos detenhais em argumentar a total insignificância da pequena recordação, mas confiando em que podemos ver algo do futuro, que para vós permanece oculto, rogo-vos responder à minha pergunta, como amigo e como irmão. Quando tiverdes feito isso, sabereis porque foi escrita esta carta. H.P.B. acaba de ter uma discussão com Djual Khool, que sutentava que o procedimento desagradável não foi anotado nas atas por Davidson, enquanto que ela afirmava que sim. naturalmente, ele estava certo e ela equivocada. Entretanto, se a sua memória lhe falhou neste particular, serviu-a bem quanto ao fato em si. Certamente recordais o fato. Reunião dos Ecléticos no salão dos bilhares. Testemunhas: vós mesmo, os dois Hume, o casal Gordon, Davidson e H.P.B. Assuntos: S.K. Chatterji, a sua carta a Hume expressando o seu desprezo pela Teosofia e suspeitas da boa fé de H.P.B. ando ao senhor Hume a carta que eu devolvi a ela, disse que eu havia determinado ao Conselho Geral, por seu intermédio, para que se convidasse o Babu a renunciar. Em consequência, o senhor Hume proclamou muito enfaticamente: "Em tal caso, o vosso Koot Hoomi não é um cavalheiro. A carta é uma comunicação resevada e, em tais circunstâncias nenhum cavalheiro pensaria em atuar como ele deseja". Entretanto, a carta não era reservada, pois foi dada a conheceer entre os membros pelo senhor Hume. Nesse momento não prestei nenhuma atenção a essa insinuação, nem tampouco cheguei a saber dela por intermédio de H.P.B., mas por D. Khool, que a ouviu mesmo e tem uma excelente memória.
Agora, quereis fazer-me o favor de me escrever duas linhas, contandome o episódio tal como vós o recordais? Foram as palavras "não é um cavalheiro" aplicadas ao vosso humilde servidor ou em geral? Eu vos pergunto como um cavalheiro, e não como um amigo. Isto tem uma importante relação com o futuro. Uma vez feito isso, eu vos farei ver os últimos desenvolvimentos da infinita "fertilidade de recursos" ao serviço de nosso mútuo amigo. Pode ser que, em quaisquer outras circunstâncias, as fanfarronadas do senhor H. a respeito da alta opinião que Lord Ripon tem do conhecimento teosófico de Hume, e da sua falação de que os seus serviços que nos prestou, literários, monetários ou de outra natureza, tivessem ado desapercebidos, pois todos conhecemos as suas debilidades; mas no caso presente, devem ser tratados de forma a não deixar para ele nenhum motivo em que se aferre, porque a última carta que me dirigiu (que vereis) não só está em desacordo com as reconhecidas regras de urbanidade, mas também porque, a menos que se provém de fato as suas próprias afirmações errôneas, ele se vangloriará daqui por diante, de ter dado um desmentido direto a nossa Fraternidade, e isso nenhum membro desta poderia nunca permitir. Não podeis deixar de notar o absurdo contraste entre a sua aparente confiança nos seus maravilhosos poderes e superioridade e o ressentimento que exibe, à menor observação que faço sobre ele. Ele deve ser levado a entender que se ele fosse tão grande como afirma, ou mesmo que estivesse totalmente satisfeito com a sua grandeza e da infalibilidade do poder da sua memória, permaneceria como agora, tão vulgarmente ofensivo. A sua sensibilidade é, em si mesma, uma evidência das dúvidas emboscadas na sua mente sobre a validade das pretensões que tão arrogantemente apresenta; daí advém a sua irritabilidade excitada por qualquer coisa e por tudo que possa perturbar as suas auto-ilusões. Confio que não recusareis uma resposta direta e clara à minha pergunta clara e direta. Seu sempre afetuosamente, K.H.
Carta Nº 099 (De A.O. Hume a K.H.). Simla, 20/11/80. A Carta nº.8 (CM-99) e a de nº.9 (CM-98) devem ser consideradas juntas. A Carta nº.8 está datada 20 de novembro de 1880, mas não foi transmitida para o Mahatma senão depois de 1º. de dezembro de 1880 ou mais tarde. A Carta nº.9 foi recebida em 1º. de dezembro ou pouco depois, na mesma data em que a Carta nº.8 foi transmitida para K.H. A Carta nº.8 é de Hume para o Mahatma; a Carta nº.9 é uma resposta a essa carta, mas é dirigida mais a Sinnett do que a Hume.
Isto pode parecer confuso. Em "O Mundo Oculto", p.122, Sinnett menciona que Hume escreveu uma resposta longa à primeira carta do Mahatma para ele, e em seguida, uma carta adicional a K.H. que ele mandou para Sinnett, pedindo-lhe que a lesse e então, a fechasse e a mandasse ou a desse para H.P.B., para ser transmitida, dado que ela era logo esperada em Allahabad. A Carta nº.8 é esta carta adicional. Meu querido Koot' Hoomi: Enviei a Sinnett a vossa carta que me escrevestes, e ele, atenciosamente, me enviou a vossa para ele. Desejo fazer algumas observações sobre isto, não para sofismar, mas, porque estou muito ansioso que me compreendais. É possível que isso seja presunção minha, mas seja ou não, tenho uma profunda convicção de que eu poderia trabalhar efetivamente, se tão somente soubesse como, e não posso ar a idéia de que me pondes de lado por desconhecimento dos meus pontos de vista. E entretanto, cada carta vossa que vejo mostra-me como ainda não entendeis o que eu penso e sinto. Para explicar isso aventuro-me a anotar alguns comentários sobre a vossa carta a Sinnett. Dizeis que, se a Russia não consegue apoderar-se do Tibet, será devido a vós, e que, ao menos nisto, merecereis a nossa gratidão. Não estou de acordo com isso do modo como o entendeis. (1) Se eu acreditasse que a Russia, de um modo geral, governaria o Tibet ou a Índia de maneira a tornar os seus habitantes mais felizes do que são sob os governos existentes, eu mesmo o saudaria e trabalharia para esse fim. Mas, até onde posso julgar, o governo da Russia é um despotismo corrompido, hostil à liberdade de ação individual, e portanto ao verdadeiro progresso...etc. E agora acerca do vaquil que fala inglês. Seria o homem tão culpado? Vós e os que vos rodeiam nunca o ensinaram que existe algo na "Yog Vidya". As únicas pessoas que se deram decididamente ao trabalho de educá-lo, ao fazê-lo, ensinaram-lhe o materialismo; estais desgostoso com ele, mas quem tem culpa?...Talvez eu julgue como um estrangeiro, mas parece-me que o véu impenetrável de segredo com o qual vos rodeais, as enormes dificuldades que opondes à comunicação de vosso conhecimento espiritual, são a maior causa do desenfreado materialismo que tanto deplorais. Somente vós possuis os meios de demonstrar aos homens em geral convicções desta natureza, mas parece que, presos a antigas regras, em vez de disseminar com entusiasmo esse conhecimento, vós o envolveis numa nuvem tão densa de mistério, que, naturalmente a massa humana descrê de sua existência...não pode haver justificação para não dar claramente ao mundo os aspectos mais importantes de vossa filosofia, acompanhando o ensinamento com uma sequência de demosntrações que atraissem a atenção de todas as mentes sinceras. Compreendo muito bem que vacileis em conferir apressadamente
grandes poderes, iveis provavelmente, de abuso; mas isso não impede, de modo algum, a proclamação dogmática dos resultados de vossas investigações psíquicas, acompanhadas por fenômenos bastante claros e suficientemente repetidos para provar que conheceis, na realidade, mais dos assuntos com que lidais do que a Ciência Ocidental. Provavelmente replicareis: que me dizeis do caso Slade? Mas não esqueceis que ele estava recebendo dinheiro pelo que fazia, ganhando a vida com isso. Muito diferente seria a posição de um homem que se apresentava para ensinar gratuitamente, com evidente sacrifício de seu próprio tempo, comodidade e conveniência, o que ele acreditava fosse benéfico para que a humanidade conhecesse. Não há dúvida que a princípio todos diriam que o homem estava louco ou era um impostor; mas uma vez que fenômeno após fenômeno se repetiu, teriam que itir que havia algo neles, e dentro de três anos terieis as mentes mais despertas de qualquer país civilizado voltadas com interesse para essa questão, e dezenas de milhares de investigadores ansiosos, dos quais uns dez por cento poderiam chegar a ser úteis trabalhadores e possivelmente, um em mil desenvolveria as condições necessárias para se tornar por fim um Adepto. Se desejais uma reação na mente nativa por intermédio da mente europeia, essa é a maneira de efetuála. Naturalmente, falo sujeito a ser corrigido e ignorando as condições, possibilidades, etc., mas de qualquer maneira não sou culpado dessa ignorância...3 Chego agora à agem: "Não vos ocorreu que as duas publicações de Bombaim, se não foram influenciadas, pelo menos podem não ter sido evitadas por quem poderia fazê-lo, porque viram a necessidade de toda essa agitação para atingir um resultado duplo: provocar um necessário desvio das mentes em relação ao assunto da explosão da "bomba do relicário", e, talvez pôr em prova a solidez do vosso interesse pessoal pelo ocultismo e a teosofia? Não digo que foi assim, eu apenas pergunto se essa eventualidade já se apresentou em vossa mente". Ora, isso foi dirigido a Sinnett, mas ainda assim quero responder à minha maneira. Primeiro eu deveria dizer, Cui bono (a quem interessa) fazer tal insinuação? Deveis saber se foi assim ou não. Se não foi, por que deixar-nos especulando sobre o que poderia ser quando sabeis que não foi? Mas, se foi assim, então eu digo, em primeiro lugar que, um assunto tolo como este, não poderia ser uma prova para o interesse pessoal de qualquer homem nalguma coisa (há naturalmente muitos seres humanos que somente são como macacos educados)... Em segundo lugar, se os Irmãos permitiram deliberadamente a publicação dessas cartas, eu só posso dizer que, do meu ponto de vista mundano não iniciado, creio que eles cometeram um triste equívoco... e sendo o objetivo declarado dos Irmãos fazer com que a S.T. seja respeitada, dificilmente poderiam ter escolhido meios piores que a publicação destas tolas cartas...mas, mesmo, se a pergunta é colocada num sentido geral, se já pensastes que talvez os irmãos permitiram essa publicação, eu não posso deixar
de responder que, no caso negativo, é inútil perder tempo considerando o assunto, e no afirmativo, parece-me que foram imprudentes ao fazê-lo. Depois vem as vossas observações sobre o Coronel Olcott. O querido velho Olcott, a quem todos que o conhecem devem amar. Eu simpatizo plenamente com tudo o que dizeis a seu favor, mas não posso deixar de objetar os termos com os quais o elogiais, que se baseiam em que ele nunca pergunta, mas sempre obedece. Isto é novamente a organização dos jesuitas, e para a minha maneira de pensar, esta renuncia ao dicernimento próprio, esta abnegação da própria responsabilidade pessoal, esta aceitação dos ditames de vozes externas como um substituto da própria consciência, é um pecado de não pouca magnitude...Mais ainda: sinto-me obrigado a dizer...se esta doutrina de obediência cega é essencial no vosso sistema, duvido muito que a luz espiritual que, por acaso proporcioneis, possa compensar a humanidade pela perda dessa liberdade de ação própria, desse sentido de responsabilidade pessoal, individual, de que seria privada...5 ...Mas caso se pretenda que eu receba instruções alguma vez para fazer isto ou aquilo, sem compreender o porque ou para que, sem perceber as consequências, às cegas e descuidado, cabendo-me apenas fazer as coisas, então digo, francamente, que o assunto está encerrado para mim; eu não sou uma máquina militar; sou inimigo jurado da organização militar e defensor do sistema industrial ou cooperativo, e não me unirei a nenhuma Sociedade ou entidade que signifique limitar ou controlar o meu direito a julgamento pessoal. Entretanto, não sou visionário e não desejo manejar princípio algum como um cavalinho de brinquedo... Voltando a Olcott, eu não creio que a sua conexão com a Sociedade proposta será algum mal... Em primeiro lugar, eu não faria nenhuma objeção à supervisão do querido e velho Olcott, porque sei que seria nominal, e mesmo que ele tentasse exercê-la de outra maneira, Sinnett e eu seríamos bastante capazes para fazer com que se calasse, se ele interferisse sem necessidade. Mas nenhum de nós dois poderia aceitá-lo como nosso verdadeiro guia, porque nós dois sabemos que somos superiores a ele, intelectualmente. Esta é uma maneira brutal de colocar as coisas, mas que voulez vous? (o que quereis?). Sem uma cabal franqueza não se chega a um entendimento.... Seu sinceramente, A.O. Hume
Carta nº. 9 (CM-98) Recebida em 1 de Dezembro de 1880 (ou mais tarde) De K.H. a Sinnett (recebida depois do dia 1o de dezembro de 1880, ou mais tarde) Eu compreendo perfeitamente. Mas apesar de serem sinceros, esses sentimentos estão profundamente cobertos por uma grossa crosta de auto suficiência e teimosia egoista para despertar em mim algo como a simpatia. (1) Durante séculos tivemos no Tibet um povo digno e de coração puro, simples, não contaminado pela civilização e, portanto, livre dos seus vícios. Durante séculos o Tibet tem sido a última região do mundo não corrompida a ponto de tornar por completo impossível a fusão das duas atmosferas: a física e a espiritual. E ele queria que nós trocássemos isso por seu ideal de civilização e governo! Isto é simplesmente discurso para ele mesmo, uma intensa paixão para ouvir a si próprio e para impor as suas idéias aos demais. (2) Na verdade o senhor H. deveria ser enviado a um comitê internacional de filântropos, como um Amigo da Humanidade Moribunda, para ensinar sabedoria aos nossos Dalai Lamas. Ultraa a minha pobre compreensão por que ele não se põe a estruturar um plano para algo como a República Ideal de Platão, com um novo esquema para tudo que faz sob o Sol e a Lua. (3) É na verdade benevolência de sua parte dar-se tanto ao trabalho de nos ensinar. Sem dúvida, isto é pura bondade e não o desejo de estar por cima do resto da humanidade. Esta é a sua última aquisição na evolução mental que esperamos que não se converta em dissolução. (4) AMEN! Meu querido amigo; a vós deve ser creditado por não iniciar na sua mente a gloriosa idéia de oferecer os seus serviços como Mestre-Escola Geral do Tibet, Reformador das antigas superstições e Salvador das futuras gerações. Naturalmente, se ele lêsse isto, mostraria imediatamente que eu argumento como um "macaco educado". (5) Agora escutai o homem, tagarelando acerca daquilo de que nada conhece. Nenhum homem vivo é mais livre do que nós uma vez que saimos do estágio de discipulado. Durante esse tempo nós devemos ser dóceis e obedientes, mas nunca escravos; de outra maneira, se ássemos o nosso tempo argumentando, nunca aprenderíamos nada. (6) E quem pensou em propô-lo como tal? Meu querido companheiro, podereis realmente me culpar por esquivar-me de uma associação mais estreita com um homem cuja vida parece depender de incessante
argumentação e críticas maledicentes? Diz que não é um doutrinário, quando ele é a própria essência disso! É merecedor de todo respeito e mesmo do afeto daqueles que o conhecem bem. mas, por minhas estrelas! em menos de 24 horas ele paralizaria qualquer um de nós que tivesse a desgraça de se encontrar a uma milha dele, só pela sua monótona e estridente reafirmação de seus próprios pontos de vista. Não, mil vezes não. homens como ele podem se tornar hábeis estadistas, oradores, o que quiserdes, mas nunca Adeptos. Não temos nenhum da sua espécie entre nós. E é por isso que nunca sentimos a necessidade de um asilo para lunáticos. Em menos de três mêses teria enlouquecido a metade da nossa população tibetana! Outro dia coloquei no correio, em Umballa, uma carta para vós. Noto que ainda não a recebestes. Sempre seu afetuosamente, Koot' Hoomi.
Carta Nº 100 (25 de Março de 1882). Esta é, na verdade, um adendo pelo Mahatma K.H. a uma carta de H.P.B. para Sinnett, datada de 25 de março de 1882. A carta de H.P.B. tem a ver com o episódio do Vega; o assunto do adendo de K.H. não tem nada a ver com o conteúdo da carta de H.P.B., exceto em uma ou duas frases indiretas. A frase "o novo guia" refere-se a um comentário feito por H.P.B. em sua carta: "Agora resta ver que espécie de "guias" Eglinton aplicará a K.H.". A carta de K.H. se refere a uma proposta de Hume de ir para o Tibet e achar os Adeptos, uma idéia que K.H. considera "insana" e deseja que Sinnett dissuada Hume de sustentá-la. A sentença final refere-se às cartas relativas ao episódio do Vega, no qual Hume evidentemente se incluiria, junto com a Sra. Gordon - com o que não concordou o Mahachohan. O novo guia tem, entretanto, que vos dizer algumas palavras. Caso vos importeis com nossas relações futuras, então é melhor que trateis que vosso amigo e colega, o senhor Hume, abandone a sua idéia louca de ir ao Tibet. Pensa ele, realmente, a menos que o permitamos, que ele ou um exército de Pellings, poderá nos encontrar ou regressar com a notícia de que somos, afinal, apenas uma "ficção", como ele nos o chama? Louco é aquele homem que imagine que mesmo o Governo Britânico é bastante forte, rico e poderoso para ajudá-lo a realizar o seu plano tão disparatado! Aqueles que desejamos que nos conheçam nos encontrarão na própria fronteira. Aqueles que colocaram contra eles mesmos o Chohans, como ele o fez, não nos encontrariam, ainda que
fossem até Lhasa com um exército. O seu intento de realizar o plano assinalará a absoluta separação entre o vosso mundo e o nosso. A sua idéia de pedir ao Governo permissão para ir ao Tibet é ridícula. encontrará perigos a cada o, e não ouvirá nem mesmo as mais remotas notícias sobre nós ou sobre o nosso paradeiro. Na noite ada uma carta seria transmitida para ele bem como para a senhora Gordon. O Chohan o proibiu. Estais advertido, bom amigo, e aji de acordo. K.H.
Carta Nº 101 De M. para A.P. Sinnett. Outubro de 1881(?) Recebida em Simla. Talvez, de novo, Sinnett tenha feito uma sugestão quanto a alterar realmente a carta que Damodar escrevera. Recebida a sua carta. Seria melhor, creio, que procurásseis ver se não poderíeis tornar as vossas idéias menos polêmicas e áridas do que as dele. Começo a pensar que deve haver algum conteúdo em vós, pois que sois capaz de apreciar o meu querido amigo e Irmão. Eu me ocupei da carta do jovem brahmin3 e apaguei a frase ofensiva, substituindo-a por outra. Podeis agora mostrá-la ao Maha Sahib4; ele, tão orgulho na sua pretensa humildade e tão humilde em seu orgulho. Quanto a fenômenos não tereis nenhum, já vos escrevi sobre isso por intermédio de Olcott. Bendito é aquele que conhece o nosso Koothoomi e bendito é quem o aprecia. O que eu quero dizer agora, compreendereis algum dia. Quanto ao vosso A.O. Hume, eu o conheço melhor do que jamais o conseguireis. M.
Carta Nº 102 Sinnett questionou claramente o Mahatma M. sobre a possibilidade de alterar a carta vinda de Damodar, de modo que Hume pudesse vê-la (veja Carta nº.25 (CM-73)). Não está claro se Sinnett já tinha recebido a carta ou se ela estava ainda na posse do Mahatma. Meu querido jovem amigo, lamento discordar de vós em vossos dois últimos pontos. Se ele pode ar uma frase de reprovação, ará muito mais do que querieis que eu alterasse. Ou tout ou rien4, como o meu asado amigo K.H. me ensinou a dizer. Considerei boa a vossa sugestão No 1 e aceitei-a plenamente, esperando que não recusareis dar-me algum dia lições de inglês. Fiz que "Benjamin" colasse um remendo na página e falsificasse a minha caligrafia, enquanto fumava o cachimbo deitado de costas. Não tendo o direito de imitar K.H. eu me sinto muito solitário sem o meu amigo. Esperando que me desculpeis por escrever e pela recusa, confio que não retrocedereis em dizer a verdade, se for necessário, mesmo diante do filho de "um membro do Parlamento". Há muitos olhos que vos vigiam para permitir-vos cometer erros agora. M
Carta Nº 103
Recebida em Allahabad, 1880-81 (antes de 11 de março de 1882) Esta carta é outro exemplo de data evidentemente errada. Sinnett datou-a em 1880-81, quando, na realidade, ela se relaciona com a sugestão do novo jornal, "O Fênix". Isto remete o assunto em 1883, embora a sua colocação precisa na série de cartas é problemática. Pode ter sido escrita, mas não recebida por Sinnett, antes da Carta nº.105 (CM-80). Olcott, com o seu costumeiro zelo e empenho, estava solicitando fundos para o novo jornal. Não se sabe precisamente o que estava perturbando H.P.B. no momento, mas "M. cuidará dela". Para executar um plano como esse, muitos meios devem ser empregados, e o fracasso em qualquer direção compromete os resultados, embora possa não derrotá-lo. Temos tido vários obstáculos e poderemos ter mais. Mas observai: primeiro, que há dois pontos auspiciosos, graças à bondosa Providência; Allen se tornou amigo, e creio que um dos vossos amigos, é residente em Cachemira. E, segundo, até o início tenha sido sondado, o ponto vital não terá sido tocado. Ele, o primeiro do programa, como digo, foi deixado para o fim! Não se esperava muito dos outros, e até agora todos que foram consultados não responderam. Por que os chelas(?) não respondem, como lhes foi pedido? Se os chelas descuidam das ordens e um excessivo sentido de delicadeza interfere, como podem ser esperados resultados sem um milagre? Eu vos telegrafei para que esperasseis a chegada de Olcott, porque é melhor que trabalheis juntos em Calcutá, tratando de por as coisas em movimento. Uma palavra vossa ao Residente teria sido suficiente, mas sois orgulhoso como toda a vossa raça. Olcott estará em Calcutá pelo dia 20. Não presteis atenção à Velha Dama, ela se debilita mentalmente quando é deixada sozinha. Mas M. se encarregará dela. Seu, K.H.
Carta Nº 104 Recebida em outubro de 1881 (?). Carta de despedida, escrita antes do retiro. Na Carta nº.21 (CM-27), o Mahatma deu o primeiro indício de que ele ia para um retiro: "Muito em breve terei de deixar-vos entregues a vós mesmos pelo período de três mêses. Se há de começar em outubro ou janeiro, dependerá do impulso dado à Sociedade e seu progresso". Devido a razões que veremos, o período de três mêses começou provavelmente próximo de 1º. de outubro. Parece provável que a carta foi escrita bem próximo a 27 de setembro. Meu querido amigo: Vossa nota foi recebida. O que dizeis nela me demonstra que tendes certos temores de que eu me senti ofendido pelas observações do senhor Hume. Ficai tranquilo, por favor, pois eu nunca poderia me ofender. O que me molestou não é nada que estava contido nas observações, mas a insistência com a qual ele seguia uma linha de argumentação que eu sabia estar repleta de futuros danos. Este argumentum ad hominem, renovado e reiniciado de onde o haviamos deixado no ano ado, é o menos indicado para fazer que o Chohan se afaste de seus princípios ou persuadí-lo a fazer algumas concessões muito desejadas. Eu temia as consequências e a minha
apreensão, posso-vos assegurar, tinha muito fundamento. Rogo-vos que assegureis ao senhor Hume a minha simpatia e respeito pessoal por ele e dai-lhe as minhas mais amistosas saudações. Mas não terei o prazer de "por-me em dia" com as suas cartas, nem respondê-las durante os próximos três mêses. Como nada do programa original da Sociedade está já decidido, nem espero vê-lo resolvido em um futuro próximo, tenho que abandonar a minha projetada viagem ao Bhutan, e meu Irmão M. ocupará o meu lugar. Estamos no final de setembro e nada poderia se fazer antes do primeiro de outubro, que pudesse justificar a minha insistência em ir até lá. Os meus Chefes desejam que eu esteja presente, especialmente, nas nossas Festividades de Ano Novo, no próximo mês de fevereiro, e para estar preparado para isso, tenho que aproveitar os três mêses que restam. Tenho, pois, que despedir-me de vós, meu bom amigo, agradecendo-vos calorosamente por tudo o que fizestes e tratastes de fazer por mim. Espero poder vos dar notícias minhas no próximo mês de janeiro e, a menos que surjam novas dificuldades no caminho da Sociedade, de vosso lado, encontrar-me-eis precisamente no mesmo estado de ânimo com que me despeço de vós dois. Não posso dizer agora se terei êxito em trazer o meu muito amado, mas muito obstinado Irmão M. para a minha maneira de pensar. Já tentei e tentarei uma vez mais, mas temo muito que o senhor Hume e ele não se ponham nunca em acordo. Ele me disse que responderia à vossa carta e pedido por intermédio de uma terceira pessoa, não a senhora B. Enquanto isso ela sabe o suficiente para fornecer ao senhor Hume o material para umas dez conferências, bastasse ele desejar fazê-las, e que reconhecesse tão somente o fato, em vez de abrigar em relação a ela, de um lado, uma idéia tão pobre e, de outro, um conceito tão errôneo. M. prometeu-me, contudo, refrescar a sua memória falha e a reavivar tudo que ela aprendeu com ele, de uma maneira tão clara como se possa desejar. Caso o arranjo não obtenha a aprovação do senhor Hume, tenho, apenas, que lamentá-lo, pois é o que melhor posso pensar. Eu deixo ordens com o meu "Deserdado" para vigiar tudo quanto lhe seja possível, dados os seus escassos poderes. E agora tenho que terminar. Só me restam algumas horas para preparar-me para a minha jornada, muito longa mesmo. Confiando que nos separaremos tão bons amigos como sempre e que voltemos a nos encontrar como melhores amigos ainda, deixai-me agora apertar a vossa mão "astralmente" e assegurar-vos, outra vez, os meus bons sentimentos. Seu como sempre, K.H.
Carta Nº 105 (Provavelmente recebida depois de 17 de dezembro de 1882) Esta carta é uma resposta a uma carta de Sinnett para o Mahatma K.H. na qual ele contou ao Mahatma a respeito de um fato em sua vida que haveria de ter grandes repercussões. Deve-se lembrar que, durante a viagem de Sinnett à Inglaterra em 1881, ele teve o seu primeiro livro, "O Mundo Oculto", publicado. O livro, conhecido da maioria dos estudantes de Teosofia, aborda amplamente fenômenos produzidos por H.P.B. e inclui informações a respeito dos Mahatmas com os quais
Sinnett se correspondeu através de H.P.B. O livro causou uma profunda impressão no público na época, mas trouxe a Sinnett o desagrado da comunidade anglo-indiana e a oposição dos proprietários do "The Pioneer", do qual ele era o editor. As suas relações com eles, dai por diante, não foram fáceis. Depois surgiu uma mudança da direção: um inglês, chamado Rattingan, adquiriu o jornal. Ele era ainda menos simpático a Sinnett e, sem dúvida, não tinha relutância (ou talvez poucas inibições) de se livrar de Sinnett. Finalmente, em novembro de 1882, Sinnett foi informado do término de seus serviços como editor desse importante jornal, embora isso só viesse a ocorrer após um ano. Este foi um acerto bastante satisfatório porque deu a Sinnett um tempo para firmar uma nova situação. Possivelmente ele escreveu para o Mahatma K.H. sobre os fatos e ele pode ter sugerido o surgimento de um outro jornal para promover a liberdade política na Índia. Naturalmente não temos a carta de Sinnett, mas a correspondência subsequente indica que era esse o caso. Assim, temos o começo do que foi chamado "A Aventura Fênix". O assunto desagradável a que se refere no segundo parágrafo foi uma reunião da Sociedade Eclética em Simla, provavelmente quando H.P.B. e Sinnett estavam visitando os Humes ali, em 1881, para debaterem uma carta vinda de um homem de nome S.K. Chatterji. A carta era dirigida a Hume e continha observaçòes depreciativas a respeito da Teosofia e de H.P.B. Obviamente Hume mandou essa carta para o Mahatma K.H. para que lesse, e a carta retornou através de H.P.B. Ao devolvê-la para Hume, ela disse que o Mahatma tinha dado ordens "através dela para o Conselho Geral" para convidar o Sr. Chatterji a renunciar. Isto desagradou Hume, que declarou que o Mahatma não foi de modo algum cavalheiro; de que a carta era privada. O Mahatma diz que a carta não era privada, dado que Hume a circulara entre os membros. O Mahatma soube de tudo isso através de Djual Khul que "tomou conhecimento do fato pessoalmente e tem uma excelente memória". Isto indica que Djual Khul estava lá em seu corpo sutil, porque ele não figura entre as pessoas citadas pelo Mahatma como presentes. Meu querido amigo: Antes de vos dar uma resposta definitiva à vossa carta de negócios, desejo consultar o nosso venerável Chohan. Temos diante de nós doze mêses, como dizeis. Agora tenho uma pequena questão a resolver, que é muito importante, pois gira ao redor de outra série de mentiras deliberadas, cujo real caráter já é tempo de provar. Somos chamados de "mentirosos" (sic) com todas as suas letras e somos acusados de "baixa ingratidão". A linguagem é forte e, como nos sentimos desejosos de adotar muitas coisas boas dos ingleses, não é polidez, receio, que estaríamos inclinados a aprender da classe de cavalheiros a que pertence o senhor Hume. O assunto em que agora estou interessado, por si mesmo, pode ser considerado por vós como algo de muito pouca importância: unido a outros fatos, a menos que seja demonstrado mediante testemunho bom e irrefutável, de que é pelo menos, uma perversão de fatos, tende a converter-se em uma causa que produzirá efeitos desagradáveis e arruinará tudo o que foi construido. Portanto, rogo-vos que não vos detenhais em argumentar a total insignificância da pequena
recordação, mas confiando em que podemos ver algo do futuro, que para vós permanece oculto, rogo-vos responder à minha pergunta, como amigo e como irmão. Quando tiverdes feito isso, sabereis porque foi escrita esta carta. H.P.B. acaba de ter uma discussão com Djual Khool, que sutentava que o procedimento desagradável não foi anotado nas atas por Davidson, enquanto que ela afirmava que sim. naturalmente, ele estava certo e ela equivocada. Entretanto, se a sua memória lhe falhou neste particular, serviu-a bem quanto ao fato em si. Certamente recordais o fato. Reunião dos Ecléticos no salão dos bilhares. Testemunhas: vós mesmo, os dois Hume, o casal Gordon, Davidson e H.P.B. Assuntos: S.K. Chatterji, a sua carta a Hume expressando o seu desprezo pela Teosofia e suspeitas da boa fé de H.P.B. ando ao senhor Hume a carta que eu devolvi a ela, disse que eu havia determinado ao Conselho Geral, por seu intermédio, para que se convidasse o Babu a renunciar. Em consequência, o senhor Hume proclamou muito enfaticamente: "Em tal caso, o vosso Koot Hoomi não é um cavalheiro. A carta é uma comunicação resevada e, em tais circunstâncias nenhum cavalheiro pensaria em atuar como ele deseja". Entretanto, a carta não era reservada, pois foi dada a conheceer entre os membros pelo senhor Hume. Nesse momento não prestei nenhuma atenção a essa insinuação, nem tampouco cheguei a saber dela por intermédio de H.P.B., mas por D. Khool, que a ouviu mesmo e tem uma excelente memória. Agora, quereis fazer-me o favor de me escrever duas linhas, contando-me o episódio tal como vós o recordais? Foram as palavras "não é um cavalheiro" aplicadas ao vosso humilde servidor ou em geral? Eu vos pergunto como um cavalheiro, e não como um amigo. Isto tem uma importante relação com o futuro. Uma vez feito isso, eu vos farei ver os últimos desenvolvimentos da infinita "fertilidade de recursos" ao serviço de nosso mútuo amigo. Pode ser que, em quaisquer outras circunstâncias, as fanfarronadas do senhor H. a respeito da alta opinião que Lord Ripon tem do conhecimento teosófico de Hume, e da sua falação de que os seus serviços que nos prestou, literários, monetários ou de outra natureza, tivessem ado desapercebidos, pois todos conhecemos as suas debilidades; mas no caso presente, devem ser tratados de forma a não deixar para ele nenhum motivo em que se aferre, porque a última carta que me dirigiu (que vereis) não só está em desacordo com as reconhecidas regras de urbanidade, mas também porque, a menos que se provém de fato as suas próprias afirmações errôneas, ele se vangloriará daqui por diante, de ter dado um desmentido direto a nossa Fraternidade, e isso nenhum membro desta poderia nunca permitir. Não podeis deixar de notar o absurdo contraste entre a sua aparente confiança nos seus maravilhosos poderes e superioridade e o ressentimento que exibe, à menor observação que faço sobre ele. Ele deve ser levado a entender que se ele fosse tão grande como afirma, ou mesmo que estivesse totalmente satisfeito com a sua grandeza e da infalibilidade do poder da sua memória, permaneceria como agora, tão vulgarmente ofensivo. A sua sensibilidade é, em si mesma, uma evidência das dúvidas emboscadas na sua mente sobre a validade das pretensões que tão arrogantemente
apresenta; daí advém a sua irritabilidade excitada por qualquer coisa e por tudo que possa perturbar as suas auto-ilusões. Confio que não recusareis uma resposta direta e clara à minha pergunta clara e direta. Seu sempre afetuosamente, K.H.
Carta Nº 106 (Depois do dia 29 de outubro) Eu desejo responder à sua carta, cuidadosa e explicitamente. Devo, portanto, pedir que me concedeis alguns dias mais, quando estarei mais livre. Devemos tomar medidas para proteger eficazmente o nosso país reinvidicando a autoridade espiritual do nosso Rei Sacerdotal. Talvez nunca, desde a invasão de Alexandre com as suas legiões gregas, encontraram-se tantos europeus armados tão próximos de nossas fronteiras como estão agora. Meu amigo, os vossos correspondentes parecem colocar-vos a par das maiores notícias somente superficialmente no melhor dos casos; talves porque eles mesmos não as conhecem. Não importa: algum dia serão conhecidas. Contudo, tão logo disponha de algumas horas livres, ireis encontrar o vosso amigo ao vosso serviço. Procurai acreditar mais do que fazeis na "velha Dama". Às vezes ela fica fora de si; mas é verdadeira e faz o quanto pode por vós. K.H.
Carta Nº 107 (Entre 11 e 18 de fevereiro de 1881) Meu querido Embaixador, Para acalmar a ansiedade que vejo assediando a vossa mente e que tem mesmo uma forma mais definida do que havieis expressado, deixai-me dizer que empregarei os meus esforços para acalmar a nossa velha amiga, altamente sensitiva e nem sempre sensata, e fazer com que ela continue no seu posto. Sua má saúde, resultado de causas naturais, e a ansiedade mental deixaram-na nervosa num grau elevado e lamentavelmente prejudicou a sua utilidade para nós. Durante os últimos quinze dias tem sido quase inútil, e suas emoções têm corrido pelos seus nervos como a eletricidade através de um fio telegráfico. Tudo tem sido um caos. Envio estas poucas frases por meio de um amigo a Olcott, para que as receba sem conhecimento dela. Consultai livremente os nossos amigos na Europa e retornai com um bom livro em vossas mãos e um bom plano em vossa cabeça. Animai aos sinceros irmãos de Galle a que perseverem em seu trabalho de educação. Algumas palavras vossas animarão os seus corações. Telegrafai a Nicolas Dias, Inspetor de Polícia de Galle, que vós, membro do Conselho da S.T. está por chegar (data e nome do vapor) e eu farei que H.P.B. faça o mesmo para outra pessoa. Pense durante a viagem em seu verdadeiro amigo. K.H. e -
Carta Nº 108 (De M. a Sinnett. Provavelmente recebida em janeiro de 1882). Esta carta tem a ver com filiação à Sociedade. Parece que alguém (não há indício de quem era) tinha sido excluido da Sociedade. A última sentença indica que Sinnett não tratou com o Mahatma sobre este
assunto, mas que o Mahatma estava ciente dos fatos. O homem enviado por mim na noite ada era um chela de Ladake e não tinha nada a ver convosco. O que dissestes sobre "iniciação" é verdade. Todo Membro que se arrependa verdadeiramente e sinceramente deve ser aceito de novo. Como vêdes, eu estou convosco constantemente.
Carta Nº 109 (De M. a Sinnett. Por volta de 14 janeiro de 1882). No livro de Josephine Ransom, "Pequena História da Sociedade Teosófica", p.165, ela relata que "Durante janeiro e fevereiro o Mestre M. apareceu com frequência e foi visto por muitos...em uma tarde, quando um grupo tinha se reunido na casa, o Mestre M. apareceu e foi distintamente visto por Ross Scott, Bhavani Shanker, Damodar e outros". Ela não menciona S. Ramaswamier, mas é evidente por esta carta, que ele estava presente, dado que o Mahatma o menciona junto com Scott. Ramaswamier era de Tinevelly e havia sido aceito pelo Mahatma M. como chela. Há referência à celebração do aniversário em Bombaim na qual é visível uma nota de pesar pela ausência de Sinnett. Não é claro o que a referência a "risco pessoal" poderia significar. Pode ser que os Mahatmas soubessem que a honestidade dos fundadores seria posta em dúvida e sentiam que Sinnett teria que assumir algum "risco pessoal" ao defendê-los. Não posso fazer um milagre ou eu teria me mostrado por completo, pelo menos, à senhora Sinnett, apesar dos fósforos da mulher sa, e para vós, apesar das condições físicas e psíquicas. Por favor, compreenda que o meu senso de justiça é tão forte que não vos negaria uma satisfação que já dei a Ramaswami e Scott. Se não me vistes, é simplesmente porque isso foi uma impossibilidade. Se tivestes satisfeito assistindo à reunião, nenhum prejuizo na verdade, teria vos acontecido, porque K.H. havia previsto e preparado tudo, e o esforço mesmo que tivestes feito para se manter firme, ainda com um suposto risco pessoal, teria mudado completamente a vossa condição. Agora vejamos o que o futuro reserva. M
Carta Nº 110 (Recebida antes de 8 de outubro de 1882). Esta carta está escrita em três folhas diferentes de papel e parece ser composta de três notas separadas, provavelmente escritas em dias diferentes, embora uma bem após a outra. Sinnett estava ainda em Simla quando ela foi recebida, e H.P.B. (que havia sido levada para Sikkim pelo Mahatma M. devido a sua doença grave) estava descansando em um mosteiro próximo ou em Darjeeling. Ela esteve no Sikkim apenas alguns dias. A carta começa com uma referência ao chela Dharbagiri Nath, provavelmente Babaji, porque foi na ocasião em que ele emprestara o seu corpo para o uso pelo chela tibetano, Guala K. Deb, que usava o nome místico Dharbagiri Nath. Aqui o Mahatma fala dele como "o homenzinho" o que, certamente, indica tratar-se de Babaji - pelo menos o corpo físico era o de Babaji. Ao mesmo tempo, o mistério se
aprofunda, pois Babaji era um chela probacionário e Deb era um chela aceito. Pode ter acontecido a atuação de Deb através de Babaji, com uma estranha mescla de identidade, que é muito difícil de compreender. Também o Mahatma diz a Sinnett: "Meu amigo, receio que fostes muito imprudente de novo". Deve-se lembrar que o Mahatma mandara a Sinnett uma carta que ele escrevera para o Cel. Chesney, em resposta a uma carta recebida deste. Ao mesmo tempo o Mahatma recebeu uma carta de Sinnett pedindo-lhe que não se correspondesse com o corenel. Sinnett estivera procurando torná-lo interessado na Sociedade Teosófica e chegou mesmo ao ponto de pedir ao Mahatma que mandasse àquele um retrato seu. De qualquer modo, parece que Sinnett não lidou bem com o assunto, e o coronel sentiu-se ofendido, com o resultado mencionado acima. Parece que o Cel. Chesney se indispôs porque ele pensou que alguns artigos publicados no "The Theosophist" eram anti-cristãos e que a Teosofia era hostil somente ao Cristianismo. Meu querido amigo: Posso incomodar-vos para entregar 50 Rs. que aqui vão anexas, a Darbhagiri Nath2 quando o virdes? O homenzinho se acha em dificuldades, mas tem que ser repreendido, o e melhor castigo para um chela aceito é receber a reprovação por intermédio de um chela "laico". Em sua viagem de Ghoom à Bengala, perdeu dinheiro devido a sua imprudência e indiscreção, e em vez de dirigir diretamente a mim, tratou de esquivar-se do "olho do Mestre" e pediu a um chela em prova, sobre o qual não tem o menor direito, que o ajudasse a sair de sua dificuldade. Rogo-vos, pois, que lhe diga que Ram S. Gargya não recebeu o seu telegrama de Burdwan, mas que chegou diretamente às mãos do Lama, que me avisou disso. Que seja mais prudente no futuro. Vêdes, pois, o perigo que significa deixar de vigiar chelas jovens, mesmo por uns poucos dias. A perda de dinheiro não é nada, mas o terrível são os resultados e as tentações que isso implica. Amigo meu, temo que também vós tenhais sido outra vez IMPRUDENTE. Tenho uma carta do Coronel Chesney, muito cortez e bastante diplomática. Várias destas mensagens poderiam servir como excelente refrigerador. Seu, K.H. P.S. Alegro-me de ver que reimprimistes no Pioneer "Um dia com meus Primos Indianos" por Atettjee Sahibjee, etc., aparecido no Vanity Fair. No ano ado eu vos havia pedido que desseis algum trabalho ao autor daquelas descrições, a ser feito à maneira do outrora famoso Alí Babá, mas recusastes. Pensastes que ele não escrevia suficientemente bem para o Pioneer. Desconfiastes de um "indiano" e agora os seus artigos se publicam no Vanity Fair. Alegro-me pelo pobre Padshah. É muito fogoso, embora de excelente coração e sinceramente devotado à Teosofia e à nossa causa. Devo consultar-vos. Hume escreve a H.P.B. (uma carta muito carinhosa). Envio-lhe duas cópias corrigidas de uma carta dele publicada no Pioneer do dia 20, observando que chegou o momento quando, se a imprensa indiana em todo o país apenas seguir a sua liderança e pressionar a questão fortemente, serão obtidas concessões materiais e, ele acrescenta: "naturalmente reimprimireis isso no "Teosofista". Como pode ela fazê-lo sem relacionar diretamente a sua revista com a política? Eu ficaria extremamente satisfeito se a sua carta sobre
Educação, publicada em seu Pioneer, fosse reproduzida no "Teosofista", mas hesitei em dizer isso a ela, temendo que desse um novo colorido à revista. Alguns de seus artigos são sumamente bons. Bem, e o que fareis acerca do aniversário da "Eclética" e da conclusão do ciclo? Ela está melhor e a deixamos próximo de Darjeeling. Não está segura no Sikkim. A oposição dos Dugpas é tremenda, e a menos que nós dediquemos a totalidade de nosso tempo a protegê-la, a "Velha Dama" sofreria as consequências, pois que agora é incapaz de defender-se. Vêde o que aconteceu ao homenzinho; ele vos dirá. Devereis hospedá-la durante outubro e novembro. Seu de novo, K.H. Este pequeno fracassado obriga-me a envergonhar-me diante de vós, devido à sua indiscreção "do ponto de vista europeu". Não posso estar sempre vigiando os meus Chelas em suas viagens e o conhecimento deles sobre vossas maneiras e costumes é nulo! Somente hoje soube que ele vos pedirá emprestado 30 rúpias por intermédio de Djual Khool. Não tinha nenhum motivo nem direito para fazê-lo, mas deveis perdoálo porque não tem a menor idéia da diferença entre um chela tibetano e um europeu, e vos tratou tão familiarmente como o faria com Djual Khool. Devolvo para vós o dinheiro emprestado, com os meus agradecimentos, esperando que não considerareis a todos nós como selvagens! Estou vos escrevendo uma longa carta aos poucos, como de costume. Quando essa carta de negócios estiver a caminho, eu vos enviarei outra com as respostas às vossas perguntas. Algo ridículo aconteceu em relação à carta de C.C.M., que relatarei em minha próxima. Saúde e êxito ao "novo Presidente" por fim! Sou sempre vosso afetuosamente, K.H. Perdoai-me o atraso inevitável. Esta carta com seu anexo, não pode chegar a Darjeeling antes de 4 ou 5 dias.
Carta Nº 111 (Setembro de 1882) Esta é realmente uma carta introdutória para a seguinte. Dhabagiri Nath era um nome místico de um dos chelas do Mahatma K.H., Gwala K. Deb. Mas, há também uma estranha conexão com outro indivíduo, um chela probacionário do Mahatma K.H., conhecido nas cartas como Babaji, ou, às vezes, Bawajee. Esta situação muito esquisita é explicada por Sven Eek no livro "Damodar", p.537 (veja também as Cartas de H.P.B. para Sinnett, de 135 a 140, também p. 336 e seguintes). Veja as notas à carta nº.53 (CM-136). Por ocasião desta carta e provavelmente em conexão com ela, o Mahatma K.H. desejava mandar dois chelas para Sinnett, então em Simla. Ele escolheu um dos seus discípulos, Gwala K. Deb, que era provavelmente tibetano, e R. Keshava Pillai, um inspetor de polícia em Nelore, que havia se tornado um chela laico probacionário e era conhecido como Ghandra Cusho, um nome que o Mahatma K.H. lhe dera. Deb estava no Tibet nessa época, desenvolvendo um determinado treinamento oculto e estava impossibilitado de ir em seu corpo físico. Babaji consentiu que Deb usasse o seu corpo na ocasião. Para ele isto significava muito crédito e benefício espiritual. De qualquer modo, Deb era o nome místico de Dharbagiri Nath, e parece que Babaji continuou a usar o nome depois que o episódio terminou.
Esta mistura é estranha e, quando deparamo-nos com o nome Dharbagiri Nath, como acontece muitas vezes nas cartas, é difícil saber se é realmente Gwala K. Deb, o chela tibetano, ou Babaji. Contudo, quando o Mahatma refere-se a ele como "o pequeno homem" ou "meu homenzinho", provavelmente ele está se referindo a Babaji (seja ao representar Deb ou ele mesmo), porque ele era de estatura pequena. Chandra Kusho era um nome tibetano dado pelo Mahatma a R. Keshava Pillai. Ele foi posto em provação pelo Mahatma, mas não progrediu posteriormente. Mais tarde, ele perdeu o interesse na Sociedade Teosófica. Ele recebeu diversas cartas do Mahatma, as quais, mais tarde, ele deu para Olcott. Elas estão incluídas nas "Cartas dos Mestres de Sabedoria", Série 2, pp.115-19. Uma delas tem alguma ligação com a Carta nº.84. O Mahatma diz-lhe que ele está mandando "Deb" para Simla com algumas cartas para o Sr. Sinnett (a quem ele chama "o melhor de todos") e pergunta se o Irmão Keshu (Chandra Kusho) o acompanhará e o auxiliará. "A tarefa é fácil", diz o Mahatma, "e os dois não têm muito o que fazer senão ficarem silenciosos e desempenhar com sucesso o que lhes cabe". O Mahatma promete-lhe que, se ele desempenha bem esta missão, ele (K.H.) o tomará sob sua proteção especial e permitirá que alguns segredos lhe sejam ensinados. Sem dúvida que a missão era entregar as Cartas nº.84, 85A e 85B. Meu querido amigo: A presente será entregue em vossa casa por Darbhagiri Nath, um Chela meu, e por seu irmão Chela, Chandra Cusho. Estão proibidos de entrar em qualquer casa sem que tenham sido previamente convidados. Portanto, peço-vos que perdoai os nossos costumes selvagens e, ao mesmo tempo, para adaptar-vos a eles, enviai-lhes um convite em vosso nome, ou agora - se podeis recebê-los privadamente e sem risco de se encontrarem em sua casa com alguma pessoa estranha ou em qualquer outro momento durante o entardecer ou quando a noite estiver avançada. Não tenho a menor objeção a que a senhora S. sua esposa veja ambos; mas rogo a ela que não lhes dirija a palavra, pois estão proibidos por nossas leis reliogiosas de falar com qualquer dama (excetuando suas mães e irmãs) e porque ela os pertubaria muito. Rogo a ela que assim proceda, em meu nome e em consideração a mim. Também confio na vossa amizade de que ninguém senão vós lhes falará. Eles têm a sua missão que é tão somente (1) entregar em vossas mãos as minhas "respostas" às famosas contradições, e (2) entrevistar o senhor Fern. Caso tenhais uma resposta para mim, Darbhagiri Nath irá recolhê-la quando estiverdes pronto. Também peço-vos encarecidamente que não as imponha ao senhor Hume. Não pense no que se ou até que tudo seja explicado Sempre seu, K.H. P.S. Também estão proibidos de estreitar a mão de qualquer homem ou mulher, isto é, tocar em alguém; mas podereis convidar o meu homenzinho para vir e falar convosco quando quiserdes, sempre que sejais discreto.
Carta Nº 112 (Recebida em setembro de 1882) Sinnett estava muito ansioso em interessar o Cel. Chesney em Teosofia e tinha pressionado muito o
Mahatma para prestar atenção nele, até o ponto de mandar-lhe o seu retrato. Mas, Sinnett parecia ter mudado completamente de opinião. Aqui o Mahatma dá a entender que o Coronel tinha perdido o interesse na Sociedade e isto pode ter sido causado por Fern, pois parece que ele teve algo a ver com a situação. Nas Cartas dos Mestres de Sabedoria 3, pp.142-44, há uma carta de Fern, vinda do Mahatma, que é uma obra-prima de ironia. Ele tinha recebido uma carta de Fern, a qual, diz ele, "perturbou a minha serenidade habitual", acrescentando que "duas ou três frases dela podem mesmo fazer um adepto coçar a sua cabeça". Conclui-se desta carta que Fern havia dito ao Mahatma M. que ele pertencia a uma determinada sociedade secreta "na qual nenhum membro conhece o outro e onde ninguém pratica nem tolera o engano". Isto, diz o Mahatma M., "encheu-o de espanto e iração", especialmente porque, embora não houvesse possibilidade alguma de um membro conhecer um outro, Fern evidentemente conhecia vários deles. O Mahatma deduz: como poderiam eles praticar o engano se membro algum conhecia quem era membro? "Eu devo naturalmente deduzir", diz o Mahatma para Fern, "que você tem um alto cargo nela, seu presidente talvez, o !Sumo Venerável Mestre?". Ele comenta que, sem dúvida, Fern não mais pretendia pertencer à uma Fraternidade que igualmente praticava e tolerava o engano com respeito aos probacionários. Contudo, diz o Mahatma M., ele supõe que Fern não os tenha descartado totalmente e que tudo o que foi feito por ele (Fern) não era para manter-se no lado digno de confiança da Fraternidade, mas com o louvável motivo de "servir a causa". O Mahatma M. encerra a sua carta com as palavras: "...não pense o pior a meu respeito se eu encerro esta carta mandando-lhe uma SEGUNDA ADVERTÊNCIA". Assim claramente Fern havia sido advertido antes que os seus métodos não eram totalmente aprovados pelo Mahatma M. Há um adendo à carta, que se relaciona com W. Oxley. Deve-se lembrar que ele afirmava ter conversado astralmente com o Mahatma K.H. (Veja notas na Carta nº.83 - CM-125), o que o Mahatma negou. A minha resposta ao Coronel Chesney à sua carta já estava escrita e pronta para ser enviada por meu homenzinho, quando recebi a vossa, aconselhando-me a não me corresponder com ele. Portanto, remeto-a para vós para ser lida e, caso achardes conveniente, entregá-la ao seu destinatário. Parece-me descortez deixar a sua carta sem nenhuma notícia de recebimento, esteja ele em simpatia ou não com o movimento. Mas, bom amigo, deixo isso inteiramente em vossas mãos e rogo-vos que apliqueis na questão o vosso próprio discernimento. Deveis saber que, decididamente, o jovem Fern é um pequeno farsante e pior ainda: um mentiroso congênito, e muitas vezes irresponsável. Em sua última carta tenta enganar M. e fazê-lo crer que ele, Fern, é um novo Zanoni em botão. Está pondo-nos em prova de toda forma e maneira, e apesar dos constantes conflitos, tem uma definida influência muito forte sobre Hume, a quem engana com "poderes" imaginários cuja finalidade é a de suplantar os Irmãos. Ele o fez crer, indiretamente, que pertencia a uma Sociedade cujo "nome não se pode mencionar", uma Sociedade que não busca membros, e na qual nenhum membro conhece o outro, nem o conhecerá até que a verdadeira natureza dos
"Irmãos" seja dada a conhecer, embora o sistema no qual funciona impeça qualquer engano, etc., etc. Para M. ele escreve que ele (Fern) confessa que não deveria ter colocado tentações no caminho de Hume, pois tendo superestimado a sua força, ele havia sido, "inconscientemente, a causa da sua queda". Esse indivíduo está por trás de muita coisa que aconteceu. Vigiai e tende cuidado com ele. Uma coisa é certa, entretanto. Estes não são momentos para punir muito severamente as ofensas de "chelas laicos", demasiadamente indiscretos e parcialmente fieis. Agora que o senhor Hume se indispôs com o Chohan e M., fico sozinho para prosseguir o difícil trabalho. Lestes a carta de Hume. Que vos parece este enorme simulacro de um Yogui, com a mão solenemente estendida e os olhos altaneiros e desafiantes, desmentindo com um gesto desdenhoso a intenção de produzir danos na Sociedade? Deixai-me ser um eco de vosso suspiro pela pobre Sociedade, e antes de desaparecer de novo na nebulosa distância entre Simla e Phari Jong, asseguro-vos meus sentimentos sempre amistosos. K.H. O senhor W. Oxley deseja se unir a Eclética. Direi a ela que vos envie a carta dele. Rogo-vos escrever-lhe dizendo que não deve sentir-se molestado pela minha negativa. Eu sei que ele é totalmente sincero e tão incapaz de um engano ou de um exagero como vós. Mas ele confia demasiado nos que o rodeiam. que seja cauteloso e cuidadoso e, se entra na Sociedade eu posso ajudá-lo e mesmo corresponder-me com ele por vosso intermédio. É um homem valioso e, na verdade, mais merecedor de respeito sincero do qualquer outro místico espírita que conheço. E embora nunca me aproximei dele astralmente ou conversei com ele, inúmeras vezes o examinei em pensamento. Não deixai de lhe escrever pelo primeiro navio. K.H.
Carta Nº 113 (Recebida antes de 18 de agosto de 1882) Edmund W. Fern estava trabalhando como secretário para Hume e provavelmente vivendo em sua casa. Ele era um pouco psíquico e os Mahatmas achavam que ele poderia ter algum potencial valioso para a transmissão de mensagens. Ele filiou-se à Sociedade Teosófica e foi eleito secretário da Sociedade Teosófica Eclética de Simla. O Mahatma M. mostrou interesse nele e o aceitou como um chela em provação. Evidentemente, Fern aborreceu Hume, que escreveu a respeito ao Mahatma K.H. e decidiu informar aos Mahatmas sobre o que eles deveriam fazer em relação ao assunto. A sua carta ao Mahatma K.H. colocou este em uma situação algo embaraçosa. O Mahatma K.H. responde a Hume (na próxima carta a ser estudada) e manda a sua carta para Sinnett para ler, antes de á-la para Hume. Fern falhou mais tarde em sua provação e foi excluido da Sociedade Teosófica. Em 18 de agosto de 1882, enquanto Olcott estava em Ceilão, ele escreve: "Visita noturna de M....ordename excluir Fern. Razões não foram dadas. O que aconteceu?" Em 6 de dezembro o próprio Fern veio ver Olcott e explicou certas questões que o Cel. viu, requeriam a sua expulsão. Estas razões não eram de natureza psíquica, mas relacionadas com transações de negócios, talvez em conexão com a S.T. Eclética de Simla. Em uma ocasião,
antes da falha final de Fern, o Mahatma M. escreveu-lhe uma carta de advertência, certamente a segunda advertência que ele lhe fazia. (Cartas do Mestres de Sabedoria, Série II: pp.142-45). PRIVATIVA Meu querido amigo: Rogo-vos que me desculpeis por molestar-vos com os meus próprios assuntos, mas embora o Chohan2 me obrigue a responder, não sei, realmente, se estou dentro dos limites do vosso código de cortezia ou à margem dele. Tenho que vos escrever uma longa carta sobre algo que me preocupa e desejo que me aconselheis. Encontro-me numa situação muito desagradável, ível de trair um amigo e o vosso código de honra; (o amigo não sois vós). Confio em que posso por a minha inteira confiança na vossa amizade pessoal e, sem dúvida, na vossa honra. Honra! Que idéias curiosas, muito curiosas pareceis ter acerca dessa coisa sagrada! Não vos assusteis, porque, na verdade, este assunto é mais ridículo do que perigoso. Entretanto, há perigo de se perder o senhor Hume. Amanhã escreverei mais detalhadamente. Fern é um pequeno asno, mas é clarividente e também algo alucinado. Mas o senhor Hume é damasiado severo com ele. O rapaz espera poder descobrir se somos mitos ou fraudes. Bem, onde está o dano de tais alucinações? Entretanto, Hume trai a confiança dele e me envia uma carta de um metro de comprimento, com conselhos acerca de como sair de nossas dificuldades! Quer ser o nosso benfeitor e colocar-nos debaixo de uma eterna obrigação por salvar M. de cair mais uma vez na armadilha de Fern. Eu vos enviaria a sua carta caso não estivesse marcada como "privativa e confidencial", e eu não seria um cavalheiro aos seus olhos se soubesse que quebrei a sua confiança. Bem, de qualquer modo, desejo que leiais esta carta e deixo ao vosso critério que seja enviada ou destruída. Caso desejeis que ele saiba que a lestes, colocai um selo no envelope e jogai-o na caixa do correio. Não creio que ele vos tomará como confidente, desta vez. Contudo, posso estar equivocado. Logo sabereis mais. Vosso afetuosamente, K.H.
Carta Nº 114 (De M. a Sinnett. 14 de novembro de 1881). De novo incorretamente datada por Sinnett, por se referir obviamente à visita de H.P.B. a Allahabad. O Mahatma anexa uma carta de Bannerjee, de quem, evidentemente, Sinnett não gosta. Bannerjee era proeminente teosofista indiano nos primeiros dias da Sociedade. Ele era magistrado e Agente Arrecadador de Barhampore, Bengala. A carta enviada é de um Babu, um Bengalês que vos inspira náusea, de quem, em consideração a K.H., rogo-vos dissimular o sentimento de repugnância que pode vos provocar ao vê-lo, se ele vier. Lêde-a com atenção. As linhas grifadas contêm o germe da maior das reformas, os mais benéficos resultados obtidos pelo movimento Teosófico. Se o nosso amigo de Simla fosse menos rabugento, eu teria tratado de influenciálo para redigir as nossas regras especiais e uma promessa diferente, com direitos e obrigações, para as mulheres Zenana da Índia. Aproveitai a sugestão e vêde se podeis induzí-lo a fazê-lo. Escreveilhe sem demora, para Bombaim, para que venha e se encontre com a
Velha Dama em vossa casa e depois com o seu compatriota e coassociado, o Babú de "Prayag", a energia jovem de vossa Sociedade. Então telegrafei a ela, para Meerut, para que venha, utilizando o meu nome, pois de outra forma não o fará. Eu já respondi para ele em nome dela. Não se surpreendeis; tenho uma razão para tudo, como podereis comprová-lo dentro de alguns anos. E por que deveis estar tão ansioso em ver meus bilhetes para outras pessoas? Não tendes já demasiado trabalho em decifrar as minhas cartas? M.
Carta Nº 115 Recebida durante uma breve visita a Bombaim, em janeiro de 1882. Esta foi recebida quando Sinnett estava em Bombaim em janeiro de 1882. Ambos os Mahatmas pareciam interessados em que Sinnett estivesse na celebração do aniversário da Sociedade Teosófica. Isto foi mencionado numa carta anterior (nº.24 - CM-71). Em uma carta escrita pelo Mahatma K.H., pouco antes de ele sair para o seu retiro (Cartas de H.P.B. para Sinnett 203, p.236), ele disse: Vossa presença em Bombaim salvaria tudo, mas vendo como vós sentis tão relutante, eu não insistirei". (Veja a carta completa no Apêndice). Nesta carta (nº.39) o Mahatma M. diz: "Mas nenhum de nós forçaria o curso das coisas - contra o vosso desejo, pressionando-vos". Esta reunião ocorreu em 12 de janeiro de 1882. Sinnett não permaneceu em Bombaim para esta reunião, dando como desculpa necessidades de sua esposa e filho; também ele estava evidentemente incomodado com o seu trabalho no "The Pioneer". K.H. e eu desejávamos grandemente que, devido ao fato de Scott2 não poder assistir ao aniversário, devieis fazê-lo - não para tomar qualquer parte em seu programa, mas simplesmente para estar presente. Esta desventurada organização fará, uma vez mais, a sua apresentação sem contar com um só europeu de posição e influência. Mas nenhum de nós vos forçará a uma linha de ação contrária aos vossos desejos. Portanto, o que digo não deve ser interpretado como sendo uma ordem ou um pedido urgente. Cremos que é bom, mas deveis obedecer ao vosso próprio e sereno juizo, tanto mais quando talvez o dia de hoje marque uma crise. Uma das razões para que eu vos chamasse foi o desejo de K.H. de que devieis ser colocado sob certas influências magnéticas e ocultas que atuariam favoravelmente sobre vós no futuro. Escreverei mais amanhã, pois espero que nos deis um dia ou dois e tenhamos assim tempo para ver o que pode se feito para vós por Koot Hoomi. M.
Carta Nº 116 (Provavelmente recebida entre 14 e 17 de agosto de 1882). Está escrita na frente de um envelope de 10 por 12 cm, dirigido a Sinnett. A.P. Sinnett Meu querido amigo: Estou cansado e desgostoso até não poder mais com toda essa disputa. Rogo-vos que lêde esta antes de dá-la ao senhor Hume. Se, como dívida de gratidão ele quisesse exigir somente meio quilo de carne, eu não teria nada a dizer; mas meio quilo
de inútil verbosidade é realmente mais do que eu posso ar! Vosso sempre, K.H.
Carta Nº 117 (Outubro de 1882). Este cartão destina-se a apresentar Mohini Chatterjee, um dos chelas indianos. Mohini, como era costumeiramente chamado, nasceu em Calcutá, de casta brâmane e descendente de Ram Roy, um reformador bastante conhecido do Hinduismo. Não se pode saber precisamente qual era a "missão" de Mohini junto a Sinnett, mas parece que se relacionava com o fim do ciclo ao qual se refereiu várias vezes no outono de 1882. Este fim de ciclo era o atingimento dos primeiros sete anos da Sociedade Teosófica. A presente é uma apresentação ao meu Chela (laico) no do meu Chela laico no 2, Mohini Babu. As experiências deste último e o que tem a dizer interessarão ao senhor Sinnett. Mohini Babu é enviado por mim em certa missão relacionada com o fim do ciclo (teosófico) que se aproxima carregado de ameaças, e ele não tem tempo a perder. Por obséquio, atendeio-o de imediato e recebei o seu testemunho. Vosso, K.H.
Carta Nº 118 Eis um asunto inesperado na correspondência reservada. Não tenho tempo para responder nem mesmo as vossas perguntas; eu o farei amanhã ou no dia seguinte. Durante alguns dias notei algo assim como ansiedade nos pensamentos de vossa senhora, acerca de "Den". As enfermidades das crianças são raramente perigosas, mesmo quando se descuida um pouco, se a criança possue uma constituição naturalmente robusta. As muito mimadas são naturalmente vitimadas pelo contágio. Notei o seu temor outro dia, na casa do senhor Hume, de levar consigo para o lar os gérmens da enfermidade, pois a minha atenção foi atraida para ela pelo "Deserdado", que estava vigiando. Não temeis em nenhum caso. Espero que me perdoareis se vos aconselho costurar numa pequena bolsinha o que vos envio - uma parte dele bastará - e que pendureis no pescoço da criança. Impossibilitado como estou de levar ao vosso lar todo o magnetismo de minha pessoa física, faço o que mais se aproxima dele enviandovos uma mecha de meu cabelo, como veículo para transmissão de minha aura numa condição concentrada. Não permitais que ninguém a
toque, exceto a senhora Sinnett. Fareis muito bem não vos aproximando do senhor Fern durante algum tempo. Vosso, K.H. Não digais nada a ninguém sobre esta nota.
Carta Nº 119 A pessoa a quem esta carta (ou melhor, as duas pequenas notas e um recorte de jornal) é destinada, não está indicada, embora possa ter sido H.P.B., Damodar, ou Olcott, porque parece que o Mahatma vez ou outra mandou mensagens através de todas estas pessoas. As duas notas se destinam a transmitir um recorte de jornal e sugerir que seja dado a Sinnett. Sir John Lubbock, mencionado no recorte, viveu entre 1834 e 1913. Ele era um banqueiro inglês e naturalista. Foi o primeiro a usar as expressões "Era Paleolítica e Neolítica". Procyon é uma estrela brilhante na constelação do Cão (o Cão menor), a Este de Orion, perto de Gêmeos. Algol é uma estrela de brilho variável nas Perseidas. Ela perde muito do seu brilho quando eclipsada pela sua companheira escura. Na mitologia grega, Medusa era uma das três Gorgonas, morta por Perseu. Dai meus salams ao senhor Sinnett e pedi-lhe que comente sobre o bilhete anexo. Ele pode saber o que desejo que escreva no editorial sobre o assunto. Dizei-lhe também que o tempo é pouco e precioso e não deve ser mau gasto. K.H. O que se segue pode levar posteriormente a uma curiosa confirmação de nossa doutrina de "obscuração", que tanto intriga a meu amigo, o editor do "Phoenix". Rogo-vos que o comenteis igualmente e, assim vos agradeço. Vosso, K.H. RECORTE DO JORNAL A opinião de Sir John Lubbock confirma ou respalda as coclusões há muito tempo expostas por alguns dos astrônomos mais eminentes, isto é: que existem atualmente no sistema solar ou firmamento muitos corpos obscuros, ou seja, corpos que agora não emitem luz ou,
comparativamente, muito pouca. Ele indica, por exemplo, que no caso de Procion, a existência de um corpo invisível é demonstrada pelo movimento das estrelas visíveis. Outro exemplo que cita se refere aos notáveis fenômenos apresentados por Algoe, a brilhante estrela da Cabeça da Medusa. Esta estrela brilha sem mudança durante dois dias e treze horas; depois em três horas e meia, diminui o seu brilho de estrela de segunda magnitude para o de uma de quarta, e depois, em outras três horas e meia recupera o seu brilho anterior. De acordo com a opinião sustentada pelo Professor Lubbock, essas mudanças devem ser consideradas como indicadoras da presença de um corpo opaco, que intercepta a intervalos regulares, uma parte da luz emitida por Algoe.
Carta Nº 120 Veja Notas à Carta nº.50. À esposa do senhor Sinnett: Usai o cabelo que anexo, numa fita de algodão, (e se prefereir num bracelete metálico) em vosso braço esquerdo, um pouco mais abaixo de sua axila. Segui o conselho que vos será dado por Henry Olcott. É bom e nada temos a objetar. Não guardeis maus sentimentos, contra um inimigo ou alguém que vos produziu dano, pois o ódio atua como um antídoto e pode prejudicar até o efeito deste cabelo.
Carta Nº 121 Esta carta se relacionava com o estabelecimento do ramo de Simla da Sociedade Teosófica. H.P.B. tinha sido convidada pelos Humes a estar lá e o Mahatma parecia interessado em que Sinnett também estivesse presente. Na pág.156 de "O Mundo Oculto", Sinnett comenta que ele foi para Simla em agosto de 1881, em função deste empreendimento. Grato. As pequenas coisas foram muito úteis, e agradecidamente acuso o seu recebimento. Deveríeis ir à Simla. Procurai. ito uma fraqueza de minha parte ver-vos fazer isso. Devemos esperar pacientemente os resultados, como eu vos disse, do livro. As falhas são enervantes e "atormentam", mas não podemos ir contra o inevitável. E como é sempre bom consertar um erro, eu já levei ao conhecimento do Chohan o Mundo Oculto. Paciência, paciência. Vosso sempre, K.H.
Carta Nº 122
Curiosamente, esta carta é datada de Londres, Inglaterra, em 27 de abril. Não há explicação para isso. No "Guia do Leitor das Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett" de George Elinton e Virginia Ranson, comenta-se que "pode-se talvez cogitar que ela foi transmitida através de Eglinton como um teste de sua habilidade e da possibilidade de ser aproveitado para essa finalidade caso retornasse para a Índia. Isto está mencionado nas Cartas de H.P.B. para Sinnett, 193 e 193A, p.361 (Veja o Apêndice III deste livro) Meu bom amigo: embora o senhor Eglington prometesse retornar nos fins de junho, não pôde fazê-lo, depois do perigo que o ameaçou em Calcutá no mesmo dia de sua partida, a menos que seja eficazmente protegido contra a repetição de tão desgraçada ocorrência. Se o senhor Hume está ansioso em tê-lo consigo, que lhe ofereça o posto de secretário particular, a falta de algo melhor, por um ano ou mais, agora que o senhor Davison está ausente. Se vós ou o senhor Hume estão realmente ansiosos de me ver (ou melhor ao meu Eu astral), existe uma oportunidade para vós. H.P.B. está demasiadamente velha e não é bastante iva. Ademais, já prestou demasiados serviços para que a obriguemos a isso. Com o senhor Eglington, a coisa se tornaria fácil, se ele estiver disposto. Aproveitai, pois, a oportunidade oferecida; dentro de um ano SERÁ DEMASIADAMENTE TARDE. Vosso, K.H. Londres, 27 de abril. Ao senhor A.P. Sinnett, Editor do Pioneer, Allahabad
Carta Nº 123 Provavelmente apenas uma nota para acalmar a impaciência de Sinnett, uma característica que ele nunca venceu totalmente. Na primavera de 1888, Sinnett convenceu-se de que a comunicação entre o Mahatma K.H. e ele havia se restabelecido através de uma médium cujo nome ele nunca revelou, mas a quem chamava de "Mary". Em sua autobiografia não publicada, ele afirmou que "reuniu uma grande quantidade de informações ocultas variadas" através deste contato; também que esta atividade foi conservada "profundamente secreta para nossos amigos teosóficos em geral - de acordo com os desejos do Mestre". Muito
ceticismo foi demonstrado pelos estudiosos a respeito deste desdobramento. A.P. Sinnett morreu em 27 de junho de 1921, com a idade de 81 anos. Não fiqueis impaciente, bom amigo, responderei amanhã. Quando souberdes um dia das dificuldades que estão no meu caminho, vereis quão enganado estais, às vezes, em vossas suposições acerca dos meus movimentos. K.H.
Carta Nº 124 Carta C (CM-124) Sem data Esta é uma carta muito curiosa, provavelmente escrita por ocasião de uma das viagens de Sinnett para a Europa. Não poderíeis providenciar para mim a coleta de três pedras? Deverão proceder da margem do Adriático, preferencialmente de Veneza, localizadas o mais próximo possível do palácio dos Doges; (as que se encontram embaixo da Ponte dos Suspiros seriam as melhores, se não fosse a lama acumulada durante séculos). As pedras devem ser de três cores diferentes: uma vermelha, outra negra e a terceira branca (ou acinzentada). Se chegardes a conseguí-las, por obséquio, guarde-as afastadas de qualquer influência e o a não ser os vossos, pelo que vos ficarei sempre agradecido. K.H.
Carta Nº 125 Esta carta é a nota ao pé da página, escrita por Djual Khul (aqui Gjual-Khool) para o artigo de W. Oxley. Antes H.P.B. havia escrito uma carta para Sinnett, datada de 3 de agosto de 1882, na qual ela diz que recebeu: um interminável artigo desse morcego cego, W. Oxley, contra Subba Row, a quem ele chama de Brâmane ortodoxo intolerante! Ele, Oxley, teve três visitas de K.H., "em forma astral" diz ele ao público!!! e a doutrina filosófica nelas proposta...dificilmente se espera que ilumine os pobres mortais ou fortaleça a sua estima pelos poderes dos Irmãos. Eu ia rejeitar o manuscrito mas K.H. ordenou-me não fazê-lo e nesse instante D.K. apresentou uma nota
de rodapé extensa, para ser incluida no artigo e do modo como me foi dada, com cópia, eu a mando para vós, como foi ordenado. K.H. diz para fazerdes as alterações que quiserdes nele, mandando-as antes que o texto seja impresso. Oxley era um inglês que havia escrito um livro intitulado "Filosofia do Espírito", cuja crítica tinha sido feita por D.K. no "The Theosophist". Oxley não gostou de algumas das coisas ditas na crítica e, claramente em retaliação, fez a afirmativa acerca das visitas que recebeu de K.H. As "três senhas" mencionadas no último parágrafo da Carta nº.83 não estão nesta carta, mas surgem no que é evidentemente um postcripto à alguma outra carta escrita um mês ou mais tarde pelo Mahatma (Carta nº.96 - CM-92). Cronologicamente não se insere aqui, mas o seu assunto, sim. O postscripto é o seguinte: ...copiar da carta 92. Foi-me ordenado por meu muito amado Mestre, conhecido na Índia e nos paises Ocidentais como Koot Hoomi Lal Singh, para fazer em seu nome a seguinte declaração, em reposta a certa afirmação feita pelo senhor W. Oxley e por ele enviada para ser publicada no Teosofista afirma o citado cavalheiro que o meu Mestre Koot Hoomi: (a) visitou-o três vezes em "forma astral", e (b) que teve uma conversação com o senhor Oxley na qual, segundo alega, foramlhe dadas certas explicações referentes aos corpos astrais, em geral, e a incapacidade de seu próprio Mayavi-rupa de manter a sua consciência simultaneamente com o seu corpo, "em ambos os extremos da linha". Portanto o meu Mestre, declara que: 1 Seja quem for o que Sr. Oxley tenha visto e com ele conversado nas referidas ocasiões, não foi com Koot Hommi, o autor das cartas publicadas no Mundo Oculto. 2 Que, apesar de o meu Mestre conhecer o cavalheiro em questão, que uma vez o honrou com uma carta autografada, dando ao meu Mestre, assim, a oportunidade de conhecê-lo e de irar sinceramente os seus poderes intuitivos e sua erudição ocidental, entretanto, o meu Mestre nunca se aproximou dele, seja astralmente ou de outra maneira; nem teve jamais qualquer conversação com o senhor Oxley e, muito menos uma como essa, na qual o sujeito e as afirmações, as premissas e as conclusões estão todas erradas. 3 Em vista de tais alegações, cuja repetição destina-se a induzir muitos de nossos teosofistas a cair em erro, meu Mestre decidiu divulgar a seguinte resolução:
De hoje em diante todo médium ou vidente que se sinta propenso a reivindicar que tenha sido visitado por meu Mestre, ou que tenha tido conversação com ele, ou o tenha visto, terá que provar as suas afirmações antecedendo a sua declaração com TRÊS PALAVRAS SECRETAS que o meu Mestre, divulgará e deixará aos cuidados dos senhores A.O. Hume e A.P. Sinnett, respectivamente Presidente e Vice-presidente da "Sociedade Teosófica Eclética" de Simla. A não ser que essas três palavras sejam corretamente repetidas pelo médium ou encabecem uma declaração para esse efeito, verbal ou impressa, emitida por quem afirme, ou em seu nome, a afirmação será considerada como uma suposição gratuita, a qual não se deve prestar atenção alguma. Para seu pesar, o meu Mestre foi forçado tornar esta medida, pois lamentavelmente, agora, esses auto-enganos têm sido demasiadamente frequentes e requerem uma pronta interrupção. Esta manifestação e declaração devem ser colocadas como um adendo à afirmação pública do senhor Oxley. Por ordem, Gjual Khool. M. xxx.
Carta Nº 126 Esta é realmente um post-scriptum à Carta nº.5 (CM-4). Evidentemente foi escrito em uma outra folha de papel e ficou separada. P.S. é excessivamente difícil conseguir um endereço no Punjab para fins de correspondência. Tanto B.1 como eu, haviamos contado muito com o jovem, cujo sentimentalismo verificamos que o incapacita para o trabalho útil de intermediário. Entretanto, não cessarei de buscar e tenho a esperança de vos enviar o nome de um posto do correio, no Punjab ou nas Províncias do Noroeste, por onde um dos nossos amigos ará e voltará a ar uma ou duas vezes a cada mês. K.H.
Carta Nº 127 Extratos de cartas de K.H. a A.O.H. e A.P.S. Recebidos por A.P.S. em 13 de agosto de 1882. Esta carta é uma cópia, na caligrafia de Sinnett, de trechos de uma carta para ele e para Hume. Pode-se presumir que Sinnett ou a carta original para Hume.
Uma das vossas cartas começa com uma citação tirada de uma das minhas:..."Recordai que não existe no interior do homem nenhum princípio permanente", e a esta frase segue-se uma observação vossa: "O que me dizeis dos princípios Sexto e Sétimo?" A isso respondo que nem Atma, nem Buddhi, nunca estiveram dentro do homem; um pequeno axioma metafísico, que podeis estudar melhor em Plutarco e em Anáxagoras. O último fez do seu Nous autokrates o espírito auto potente, o NOUS que somente reconhece os noumenos, enquanto que o primeiro ensinou, baseado na autoridade de Platão e Pitágoras, que o demonium ou este nous, permaneceu sempre fora do corpo, que flutuava como que pairando, por assim dizer, sobre o topo da cabeça do homem e que somente as pessoas vulgares são as que crêem que o espírito está dentro delas. Disse o Buda: "tendes que vos libertar inteiramente de todos os elementos de impermanência que está composto o corpo, para que vosso corpo chegue a ser permanente. O permanente nunca se funde com o impermanente, embora os dois sejam unos. Mas é só quando todas as aparências externas tenham se desvanecido que resta aquele princípio único da vida, que existe independentemente de todos os fenômenos externos. É o fogo que queima na luz eterna quando o combustível já se consumiu e a chama se extinguiu; pois esse fogo não está, nem na chama, nem no combustível, nem mesmo dentro de nenhum dos dois, e sim em cima, em baixo e em todas as partes". (Paranirvana Sutra Kuan XXXIX). Quereis obter dons. Ponde-vos a trabalhar e procurar desenvolver a lucidez. Esta última não é um dom e sim uma possibilidade universal para todos. Como disse Luke Burke: "os idiotas e os cães a possuem e frequentemente em um grau mais extraordinário que os homens mais intelectuais". Isto é devido por que nem os idiotas e nem os cães usam as suas faculdades de raciocínio, mas deixam que atuem com plena liberdade as suas percepções instintivas e naturais. ...Usais demasiado açúcar em vossa alimentação. Consumi fruta, pão chá, café e leite e usai-os tanto como desejardes, mas nenhum chocolate, alimentos oleosos, massas, e bem pouco açúcar. A fermentação por ele produzida é muito daninha, especialmente no vosso clima: Os métodos usados para desenvolver a lucidez em nossos chelas poderiam ser facilmente utilizados por vós. Cada templo possue um quarto escuro, com a parede norte toda coberta por uma folha de uma liga metálica, principalmente de cobre, finamente polida e com uma superfície capaz de refletir imagens como um espelho. O chela se senta num banco isolado, de três pés, colocado numa vasilha de vidro grosso de fundo plano; o lama operador se senta nas mesmas condições e os dois formam um triângulo com a parede espelho. Um imãn com o polo norte para cima e, pendurado sobre a coroa da cabeça do chela sem tocá-la. Uma vez que o operador colocou em marcha o processo, deixa o
chela sozinho olhando para a parede e depois da terceira sessão a sua presença não é mais necessária.
Carta Nº 128 Algumas horas mais tarde, Olcott mandou um segundo telegrama explicando com mais detalhes, e incluindo a mensagem vinda de Damodar, que ele achara junto com a do Mahatma. Olcott relatou como, mesmo antes de mandar o telegrama para H.P.B., ele teve o impulso de pegar a bagagem de Damodar, a sua mala e roupa de cama e guardá-los envoltos em sua tenda. Naquela tarde, ele recebeu em resposta, um telegrama de H.P.B. Ela dizia que um Mestre havia lhe dito que Damodar retornaria, e ela acrescentava que o coronel não deve deixar que ninguém toque na bagagem de Damodar, especialmente na sua roupa de cama. "Isso era estranho, não era?", pergunta o Coronel, "que ela, em Madras, isto é, há uns 3.300 quilômetros distante, me dissesse para fazer exatamente o que foi o meu primeiro impulso, ao descobrir que o rapaz partira?" No livro "Velhas Páginas de um Diário", Olcott faz os seguintes comentários: "Foi em 25 de novembro, em pleno dia, que Damodar nos deixou; ele retornou ao entardecer de 27, após uma ausência de umas 60 horas, mas como mudou! quando saiu, um jovem de estrutura frágil, pálido como um estudante, frágil, tímido, submisso; voltou com a sua cor azeitonada bem mais bronzeada, aparentemente robusto, firme e vigoroso, confiante e enérgico em seus modos: dificilmente poderíamos entender que era a mesma pessoa". Damodar descreve a sua experiência muito moderadamente, embora lhe tenha sido permitido falar dela. Temos isso no "The Theososphist", dezembro-janeiro 1883, pp. 333-36; e o relato é feito por Geoffrey Barborka em seu livro "The Mahatmas and Their Letters" (Os Mahatmas e suas Cartas), pp.247-50. Eis o trecho pertinente: ...Eu tive a boa sorte de ser mandado, com a permissão de visitar um Ashram Sagrado onde permaneci por poucos dias na companhia abençoada de vários dos muitos inacreditados Mahatmas do Himevat e Seus discípulos. Ali eu encontrei, não apenas o meu amado Gurudeva e Mestre do Cel. Olcott (Morya), mas vários outros da Fraternidade, inclusive um dos mais elevados. Lamento que a natureza extremamente pessoal da minha visita àquelas regiões três vezes abençoadas impeça-me de dizer mais sobre elas. Apenas que o lugar que me foi permitido visitar está nos Himalayas, não em
qualquer imaginária Terra de Verão, e que O vi em meu prório sthula sarira (corpo físico) e achei o meu Mestre idêntico à figura que eu vira nos primeiros dias de meu Chelado. Assim, conquanto estes dois telegramas estejam entre as inserções mais breves no livro, eles contam uma história muito importante. Telégrafo da Índia Para: Estação Adyar, Madras Da: Estação Jammoo Para a Pessoa: Madame Blavatsky Da Pessoa: Coronel Olcott Editor do "O Teosofista" Damodar partiu antes do amanhecer - às oito horas. Cartas dele e de Koot Hoomi achadas na minha mesa. Não disse se volta ou não. Damodar se despede de nós condicionalmente e diz que os irmãos teósofos deveriam sentir-se animados sabendo que ele encontrou os abençoados Mestres e que foi chamado por Eles. Os recentes progressos do querido jovem são assombrosos. Homey pede-me para aguardar ordens. Madras, 25/11/83 Hora 17:30
Carta Nº 129 Estes telegramas trazem uma completa mudança de assunto. Em lugar algum é explicado como eles vieram às mãos de Sinnett. Em outubro e novembro de 1883, Olcott, acompanhado de Damodar e W.T. Brown, estava viajando no noroeste da Índia. Um número bastante grande de coisas surpreendentes aconteceu enquanto Olcott e seus companheiros estavam nessa viagem. Esses fatos estão relatados com pormenores, do capítiulo 2 ao 5 da obra "Velhas Páginas de um Diário", volume 3, obra de Olcott. Ainda em Lahore, Olcott e Brown receberam visitas do Mahatma K.H. Com cada um deles, nesta visita, o Mahatma deixou uma carta envolta em seda. As cartas foram simplesmente materializadas em suas mãos. Muitas outras coisas interessantes aconteceram nesta viagem, mas foi em Jamar que Damodar desapareceu. Damodar tinha sido um chela do Mahatma K.H. durante alguns anos. Há muito que ele era consciente da existência do Mestre. Quando ele era menino, durante uma doença grave, ele recebeu uma visita do Mahatma e mais tarde pode identificá-lo como o Mahatma K.H. Com Damodar era "tudo ou nada". O seu temperamento era singularmente forte.
"A sua vinda para junto de nós na presente viagem", diz o Coronel, "foi por ordem do seu GuruX...e durante toda a jornada nós tivemos muitas provas do progresso que ele estava fazendo na expansão espiritual". Damodar esteve envolvido em diversos e surpreendentes acontecimentos na viagem. Quando Olcott despertou na manhã de 25 de novembro e descobriu que Damodar tinha ido embora, sem nenhum indício para onde tinha ido ou quando retornaria, ele (o coronel) procurou por todo o pequeno bangalô onde eles estavam, mas não achou indício algum. Quando ele voltou para o seu quarto, entretanto, havia notas, tanto do Mahatma K.H. como de Damodar, em sua mesa. Olcott não diz especificamente o que estava nas notas, mas na do Mahatma havia algo no sentido de que eles (os Mahatmas) tinham levado Damodar, pois, em essência, é o que está no telegrama que o Coronel mandou, de imediato, à H.P.B., como mostra a hora, 10:15. As palavras ao final, em tinta preta, são importantes: "Nós o devolveremos. K.H.". Telégrafo da Índia Classe P. Local No 48 Para: Estação Adyar, Madras Da: Estação Jummoo Para a Pessoa: Madame Blavatsky De Pessoa: Coronel Olcott Os Mestres levaram Damodar. Retorno não prometido. Nós o enviaremos de volta. K.H. Adyar, 25/11/83 Hora 10:15
Carta Nº 130 Triplicane, Madras, 7 de maio de 82. Esta carta é de T. Subba Row que foi o brilhante Brahmane Advaita que se opôs à comunicação de qualquer um dos ensinamentos ocultos aos ocidentais. H.P.B. e o Mahatma M. (que era o seu Mestre) insistiam em que ele ajudasse a instruir o inglês. Ao senhor A.P. Sinnett Editor do Pioneer, etc., etc., etc. Prezado Senhor,
Madame Blavatsky pediu-me várias vezes nos últimos três mêses para vos dar aquelas instruções práticas de nossa Ciência Oculta que me é permitido dar a uma pessoa na vossa posição: e agora... me ordena...2 que vos ajude a levantar, até certo ponto, uma parte do primeiro véu do mistério. A rigor, quase não é necessário dizervos que dificilmente se pode esperar que os Mahatmas tomem ao seu cargo a instrução e vigilância pessoal de principiantes como vós, por mais sincero e sério que possais ser na sua crença na existência deles e na realidade de sua ciência, assim como nos esforços que fazeis para investigar os mistérios dessa ciência. Quando reconhecerdes mais acerca deles e da vida peculiar que levam, estou seguro que não vos sentireis inclinado a culpá-los por não vos dar pessoalmente a instrução que estais tão ansioso de receber deles. Tomo a liberdade de informar-vos de que a ajuda aqui prometida vos será, desde que deis o vosso consentimento às seguintes condições: (1) Deveis dar-me a vossa palavra de honra de que nunca revelareis a qualquer pessoa, pertença ou não à Sociedade, os segredos que vos serão comunicados, a menos que obtenhais previamente meu consentimento. (2) Deveis levar uma vida de tal natureza, que guarde relação com o espírito das regras que já vos foram dadas como orientação. (3) Deveis reiterar a vossa promessa de promover, até onde estiver em alcance, os objetivos da Associação Teosófica. (4) Deveis proceder estritamente de acordo com a orientação que lhe será dada junto com a instrução aqui prometida. Devo também acrescentar que, qualquer dúvida quanto à realidade da Ciência Oculta e a eficácia do processo indicado, pode impedir, provavelmente, a produção do resultado desejado. Ao me enviardes a resposta a esta carta, espero que tereis a bondade de me dizer se estais familiarizado com o alfabeto sânscrito e se podeis pronunciar correta e distintamente as palavras sânscritas. Tomo a liberdade de permanecer Vosso sinceramente, T. Subba Row
Carta Nº 131 Esta é uma carta de T. Subba Row para Sinnett. Deve-se lembrar que H.P.B. estivera tentando persuadí-lo a instruir Sinnett em alguns
ensinamentos esotéricos mais profundos. O Mahatma M. finalmente disse a Subba Row para encarregar-se de alguma instrução para o inglês. Subba Row escreveu, então, uma carta para Sinnett (Carta nº.58), estabelecendo as condições as quais o inglês deveria aceitar, caso essa instrução fosse dada. Sinnett respondeu a Subba Row, concordando de um modo um tanto relutante e com reservas e estabelecendo algumas condições que os dois inglêses desejavam, de sua parte, impor. Subba Row mandou esta carta para o Mahatma M., dando a sua opinião sobre as possibilidades quanto a essa instrução. Sinnett escreveu ao Mahatma K.H. para saber o que Subba Row dissera a respeito dele, opondo-se um pouco às condições estritas que tinham sido impostas, caso os ensinamentos fossem prestados. O Mahatma K.H. copiou alguns comentários da carta de Subba Row (então em poder do Mahatma M.) com a permissão de M., e entregou-os a Sinnett, ao mesmo tempo aconselhando a este não empreender uma tarefa além de uas forças e capacidades e indicando que ele não estava de acordo com a proposta do Mahatma M. de instruir Sinnett na maneira verdadeira de chela - levando em conta as capacidades de Sinnett (Veja Carta nº.59). Coconada, 26 de junho de 1882. Ao senhor A.P. Sinnett, Esq., etc.,etc. Estimado senhor: Por obséquio, desculpai-me por não haver respondido até agora a vossa carta. O consentimento com reservas que aprouvestes dar às condições que eu estabeleci, implicou em consulta aos Irmãos para a sua opinião e ordens. E agora sinto muito ter que informar-vos que, sob as condições que propondes, é impossível transmitir algo que tenha o caráter de instruções práticas no ritual da Ciência Oculta. Baseando-me em tudo que conheço, nenhum estudante de Filosofia Oculta jamais conseguiu desenvolver seus poderes psíquicos sem seguir a vida prescrita para tais estudantes, e não está no poder do instrutor fazer uma exceção para qualquer estudante. As regras instituidas pelos antigos instrutores da Ciência Oculta são inflexíveis e não foi deixado à decisão de qualquer instrutor cumpri-las ou não, de acordo com as circunstâncias existentes. Se considerais impossível mudar a vossa maneira atual de viver, não tendes senão que aguardar, para receber instruções práticas, até que vos achais em condições de fazer os sacrifícios que a Ciência Oculta exige; por hora, deveis conformar-vos com aquelas instruções teóricas que vos seja possível dar.
A rigor não é necessário informar-vos agora, se as intruções prometidas em minha primeira carta, dentro das condições ali fixadas, desenvolveriam em vós aqueles poderes que vos permitiriam ver os Irmãos, ou conversar com eles clarividentemente. O treinamento Oculto, uma vez começado, necessariamente desenvolverá, com o transcurso do tempo, poderes dessa natureza. Estareis formando um conceito muito inferior da Ciência oculta, se supuzésseis que a mera aquisição de poderes psíquicos é o resultado mais importante e o único desejável no treinamento oculto. A simples aquisição de poderes miraculosos jamais poderá assegurar a imortalidade ao estudante da Ciência Oculta, a menos que ele tenha aprendido a maneira de ir deslocando gradualmente o seu sentido de individualidade, do seu corpo material corruptível para o Não-Ser incorruptível e eterno, representado pelo seu Sétimo Princípio. Rogo-vos que considereis isso como o verdadeiro objetivo da Ciência Oculta e vêde se as regras a que sois exortado a obedecer, são necessárias ou não para produzir esta tremenda mudança. Neste caso, os Irmãos me pediram para assegurar a vós e ao senhor Hume, que eu estou perfeitamente em condições de transmitir a ambos as instruções teóricas que possa dar em relação à filosofia da Antiga Religião Brahmanica e ao Budismo Esotérico. Estou me ausentando daqui para ir à Madras no dia 30 deste mês. Asseguro-vos permanecer ao vosso dispor. T. Subba Row
Carta Nº 132 As cartas nº. 59 e 60 devem ser consideradas juntas porque, na verdade, não são duas cartas, mas apenas uma. A carta nº.59 consiste de citações de uma carta de T. Subba Row ao Mahatma M. relativa a instruções para Sinnett. Sinnett havia escrito para Subba Row e este remeteu a carta para o Mahatma M. com estes comentários. O Mahatma K.H. copiou-os da carta de Subba Row em proveito de Sinnett, dado que certamente ele acha que o Mahatma M. pode não dar atenção imediata à carta. Trechos que copiei, para vosso benefício, compadecido pela vossa impaciência, da carta para o Rishi "M." Vide a minha nota. É indubitável que causaria a ele muitos transtornos se ele fosse obrigado a mudar por completo o seu modo de vida. Vereis pelas cartas que ele está muito ansioso para conhecer de antemão a natureza dos Siddhis ou poderes
produtores de fenômenos que ele espera obter por meio do processo ou ritual que eu tenciono prescrever-lhe. A energia com a qual entrará em contato por meio do processo indicado, desenvolverá nele, sem dúvida, poderes extraordinários de clarividência, tanto no que se refere à visão como ao som em algumas de suas correlações superiores; e o nosso Rishi-M. pretende que as mais elevadas dessas correlações levem o candidato através dos três primeiros estágios de iniciação, se ele estiver devidamente qualificado para isso. Mas eu não estou em condições de assegurar agora ao Sr. Sinnett que lhe ensinarei qualquer das correlações mais elevadas. O que pretendo ensinarlhe agora, é a preparação preliminar necessária para estudar tais correlações .......................................................................................................................... ............................ minha proposta em consideração. Como tenho estado me deslocando daqui para ali desde a minha chegada aqui, não pude completar o meu segundo artigo com referência ao livro do Sr. Oxley. Mas farei o melhor que possa para concluí-lo o mais cedo possível. Por agora permito-me permanecer, O vosso mais obediente servidor T. Subba Row A Madame H.P. Blavatsky, etc. Coconada, 3 de junho de 1882. Meu querido amigo: Eu vos aconselho enfaticamente a que não empreendais agora uma tarefa além de vossas forças e meios, pois uma vez comprometido, se quebrásseis a vossa promessa, isso vos afastaria por anos, senão para sempre, de qualquer progresso posterior. Desde o princípio disse ao Rishi "M" que vossa intenção era boa mas o vosso plano era absurdo. Como poderieis, na vossa situação, empreender tal trabalho? Com o Ocultismo não se brinca. Exige TUDO ou nada. Li a vossa carta a Subba Row que a enviou a Morya e vejo que não compreendeis os primeiros princípios de.....X
Carta Nº 133 Esta carta é de H.P.B., escrita logo após 18 de julho de 1884. Ela havia retornado a Londres por algum tempo. Tudo indica que Sinnett lhe escrevera - ou reclamara para ela em pessoa - após o recebimento da carta anterior (carta nº.126 - CM-62), na qual o Mahatma K.H. disse que ele jamais se aproximara de Sinnett ou
de qualquer pessoa através da Sra. Halloway. Sinnett sentiu que a carta podia não ser autêntica, pois ele acreditava implicitamente que o Mahatma K.H. havia falado através da Sra. Holloway e mesmo usado o seu corpo, em uma reunião de 6 de julho. As cartas falam também do comportamento de Olcott. Isto provavelmente se refere à roupa não convencional com a qual ele apareceu quando os convidados estavam presentes e embaraçou a todos. Sinnett estava propenso a querer somente a "elite" como membros da Sociedade Teosófica; tanto homens como mulheres formalmente vestidos para as reuniões da Loja de Londres. A referência pode, contudo, se relacionar com afirmações feitas por Olcott a representantes da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, dado que H.P.B. menciona essa organização. Na obra "Velhas Páginas de um Diário", Olcott diz como sucedeu a reunião com essas pessoas. Ele e H.P.B. estavam bastante amistosos com os membros da S.P.P., encontravam-se com eles socialmente e com toda cordialidade em numerosas ocasiões. Finalmente, Olcott concordou em ser examinado por uma comissão da S.P.P., F. W.X.H. Myers e o Sr. Herbert Stack. Havia muita curiosidade a respeito dos Mahatmas e dos muitos fenômenos que tinham sido realizados. Entretanto, diz-se que Olcott fez algumas afirmações que os seus interlocutores consideraram não-científicas. Como resultado disso, e depois de uma gafe cometida por Olcott, a S.P.P. decidiu mandar um investigador a Adyar. Meu querido Sinnett, É muito estranho que estivésseis disposto a enganar-vos tão decididamente. Eu vi na noite ada a pessoa que eu deveria encontrar e, tendo conseguido a explicação que queria, agora estou firme em questões nas quais estava não apenas em dúvida, mas também refutante em aceitar. E as palavras na primeira linha são tais, que tenho a obrigação de repeti-las para vós como uma advertência, e porque eu vos considero, afinal, como um dos meus melhores amigos pessoais. Estais iludindo e, falando comumente, estais engando a vós mesmo a respeito da carta que recebi ontem do Mahatma. A carta veio Dele, escrita ou não através de um chela; e conquanto possa vos parecer desconcertante, contraditória e "absurda", é a plena expressão dos seus sentimentos e ele mantém o que disse nela. Para mim é surpreendentemente extranho que aceiteis. Dele somente o que se amolda aos vossos prórpios sentimentos e rejeiteis tudo o que contraria as vossas idéias pessoais de adequação das coisas. Olcott comportou-se como um asno, totalmente desprovido de tato; ele o confessa e está pronto a reconhecê-lo e dizer mea culpa diante de todos os Teosofistas - e mais de um inglês estará disposto a fazê-lo. Eis porque talvez, com toda a sua falta de tato e seus frequentes caprichos que justamente chocam as vossas
suscetibilidades e as minhas também, só Deus sabe, indo, como ele faz, contra todo convencionalismo - ele é ainda tão querido pelos Mestres, que não se preocupam com as flores da civilização europeia. Se eu conhesse na noite ada o que aprendi agora, isto é, que imaginais, ou melhor coagir a vós mesmo imaginar que a Carta do Mahatma não é totalmente ortodoxa e foi escrita por um chela para me agradar, ou coisa semenlhante, eu não teria corrido até vós como a única tábua de salvação. As coisas estão se tornando escuras e nebulosas. Consegui na noite ada livrar a Sociedade de Pesquisas Psíquicas de seu pesadelo, Olcott; posso esforçar-me para livrar a Inglaterra de seu bichopapão - Teosofia. Se vós, o mais devotado, o melhor de todos os Teosófos, estais totalmente propenso a cair vítima de vossos próprios preconceitos e crer em novos deuses de vossa própria imaginação, destronando os antigos, então, apesar de tudo, a Teosofia chegou cedo demais a este pais. Que a vossa Loja de Londres da Soc. Teosófica prossiga, como o faz - eu não posso ajudá-la, e o que pretendo, eu vos contarei quando nos encontrarmos. Mas não terei nada a ver com a nova situação e me afastarei inteiramente dela, a menos que concordemos em não discordar mais. Vossa, H.P.B.
Carta Nº 134 Dehra Dun. Sexta-feira 4. Esta é uma carta de H.P.B., datada em Dehra Dun. Ela tinha deixado Simla e estava viajando pela parte norte da Índia. A carta inclue, ditada por M., uma carta em resposta a uma de Sinnett, que também tinha saído de Simla e ido para sua casa em Allahabad. Cheguei somente ontem, tarde da noite, de Saharanpur. A casa é muito boa, mas húmida, fria e árida. Recebi uma montanha de cartas e respondo primeiro a vossa. Por fim vi M. e lhe mostrei a vossa última carta, ou melhor, a de Benemadhab, na qual escrevestes uma pergunta. É essa que Morya responde. Escrevi esta sob seu ditado e agora copio. "Escrevi a Sinnett a minha opinião sobre os teósofos de Allahabad, (embora não através de mim?), Adityaram B. screveu uma carta tola a Damodar e Benemadhab escreve um pedido tolo
ao senhor Sinnett. Pelo fato de que K.H. tenha resolvido corresponder-se com dois homens que demonstraram ser da maior importância e utilidade para a Sociedade, todos eles, sábios ou néscios, inteligentes ou obtusos, possivelmente úteis ou por completo inúteis, fazem também os seus pedidos para manter correspondência conosco diretamente. Dizei-lhe (a vós) que isso deve terminar. Durante eras não temos mantido correspondência com ninguém, e nem temos a intenção de fazê-lo. Que fez Benemadhab ou qualquer outro dos muitos solicitantes para ter direito a esse pedido? Nada absolutamente. Eles ingressaram na Sociedade e permanecem tão aferrados como sempre às suas velhas crenças e superstições, não abandonam os seus preconceitos de casta ou um só de seus costumes, e em sua egoista exclusividade, esperam nos ver e conversar conosco e obter a nossa ajuda em tudo e em cada coisa. Agradar-me-ia que o senhor Sinnett diga o seguinte a todos que se dirijam a ele com pretensões semelhantes: "Os Irmãos" desejam que eu informe a cada um de vós, indianos, que, a menos que um homem esteja preparado para ser um teósofo em tudo, isto é, para proceder como D. Mavalan-kar, (abandonar por completo a sua casta, as suas velhas superstições e demonstrar ser um verdadeiro reformador, em especial, no caso do casamento de crianças), permanecerá simplesmente como um membro da Sociedade sem esperança alguma de ter relação conosco. A Sociedade, procedendo nisto completamente de acordo com as nossas determinações, não obriga ninguém a ser um teósofo da Segunda Seção. Isso é deixado, a cada um e a sua escolha. É inútil para um membro argumentar: "Sou alguém que leva uma vida pura, não tomo álcool e me abstenho de comer carne, e não mantenho vícios. Todas as minhas aspirações são para o bem, etc.", e ao mesmo tempo levante, devido aos seus atos e conduta, uma barreira intrasnponível, no caminho entre ele e nós. Que temos nós a ver, discípulos dos verdadeiros Arhats, do Budismo esotérico e de Sanggyas, com os Shastras (escrituras) e o Brahmanismo ortodoxo? Existem centenas de milhares de Fakires, Sannyasis e Saddhus que levam vidas das mais puras e entretanto, estando como estão na senda do erro, nunca tiveram jamais uma oportunidade de nos encontrar, de nos ver ou sequer saber de nossa existência. Os seus anteados expulsaram da Índia os seguidores da única e verdadeira filosofia existente sobre a terra, e agora não são estes que venham a eles, mas eles é que devem vir até nós se eles nos desejam. Quem entre eles está disposto a se tornar um Budista, um Nastika, como eles nos chamam? Ninguém. Aqueles que creram em nós e nos seguiram obtiveram a sua recompensa. Os senhores Sinnett e Hume são exceções. As suas crenças não são barreiras para nós, pois não têm nenhuma. Eles podem ter tido influências ao seu redor, más emanações magnéticas resultantes do beber, da sociedade mundana e associações físicas promíscuas (resultantes mesmo
por dar a mão a homens impuros); mas todos esses impedimentos são físicos e materiais, aos quais podemos nos opor com um pequeno esforço, e mesmo eliminá-los sem muito esforço para nós. Mas não é assim com o magnetismo e os resultados invisíveis produzidos por crenças errôneas e firmes. A fé em Deuses ou em Deus e outras superstições, atraem milhões de influências extranhas, entidades vivas e poderosos agentes ao redor das pessoas, e nós nos veríamos obrigados a exercer algo mais que o poder comum para afastá-los. Nós decidimos não fazê-lo. Não consideramos, nem necessário ou proveitoso, perder o nosso tempo travando uma guerra com Planetários atrazados que se deleitem em personificar deuses e, às vezes, personagens bem conhecidos que viveram sobre a Terra. Existem "DhyanChohans", e "Chohans das Trevas", não o que eles denominam de diabos, mas "Inteligências" imperfeitas que nunca nasceram nesta ou em qualquer outra Terra ou esfera, da mesma maneira que não o fizeram os "Dhyan-Chohans", as Inteligências Planetárias puras que presidem cada Manvantara, enquanto que os Chohans Tenebrosos presidem os Pralayas. Explicai isso ao senhor Sinnett (EU NÃO POSSO), digai-lhe que leia de novo o que disse a eles nas poucas coisas que expliquei ao senhor Hume, e que ele se lembre que, assim como tudo neste universo é um oposto (não posso traduzi-lo melhor), assim a luz dos Dhyan Chohans e sua inteligência pura é contrastada pelos "Ma-Mo Chohans" e sua destrutiva inteligência. Esses são os deuses que os Hindús e cristãos, ou Mahometanos e todos os demais que pertencem a religiões e ceitas fanáticas adoram; e enquanto a sua influência se fizer sentir sobre os seus devotos, não nos ocorreria associar-nos, nem opor-nos a eles, em seu trabalho, como não fazemos com os Barretes Vermelhos na terra, cujos resultados maléficos tratamos de minorar, embora não temos o direito de nos imiscuir em seu trabalho, enquanto eles não se interponham em nosso caminho. (Suponho que não compreendereis isso. Mas meditai bem sobre isso e o compreendereis. Aqui M. quer dizer que eles não têm o direito, nem o poder, de ir contra a ordem natural das coisas, ou contra aquele trabalho que está ordenado para cada classe de seres ou coisas existentes pela lei da natureza. Os Irmãos por exemplo, poderiam prolongar a vida, mas Eles não poderiam destruir a morte, nem mesmo para Eles próprios. Podem até certo grau minorar o mal e aliviar o sofrimento: mas não poderiam destruir o mal. Nem tampouco poderiam os Chohans impedir o trabalho dos Mamo Chohans, pois a LEI destes são as trevas, ignorância, destruição, etc., assim como a dos primeiros são Luz, conhecimento e criação. Os Dhyans Chohans respodem a Buddhi, a Sabedoria Divina e a Vida em bem-aventurado conhecimento, e os Ma-mos são a personificação na natureza de Shiva, Jehováh e outros monstros inventados, com a ignorância como apêndice).
A última frase de M. que traduzo, diz assim: "Dizei-lhe (a vós), pois, que, para o bem daqueles que desejam aprender e ter informações, eu estou disposto a responder as duas ou três consultas de Benemadhab sobre os Shastras, mas que não estabelecerei correspondência alguma com ele ou qualquer outro. Que faça as suas perguntas clara e distintamente ao senhor Sinnett (por vosso intermédio) e, então, eu responderei (por vosso intermédio). Envio-vos a carta de meu tio que acabo de receber. Diz-me que escreveu a mesma para vós (como mostra a minha tradução de sua carta em russo). Não sei se a recebestes ou não, mas vos envio esta. Se é idêntica à vossa, enviai-me de volta a minha. Suponho que agora está bastante comprovado que eu sou eu e não outra pessoa; que sendo meu tio agora adjunto (ou assistente) do Ministro do Interior, é um personagem que, ao com o seu nome completo, pode ser certamente confiável, a menos, na verdade, que C. e M. e o vosso amigo Primrose inventem uma nova versão e digam que nós forjamos os documentos. Mas meu tio me diz em sua carta oficial que o Príncepe Dondoukoff me enviará um documento oficial para provar a minha identidade, de maneira que esperamos. Não posso traduzir a sua outra carta privada, porque a sua fraseologia é bem pouco lisongeira ao senhor Primrose em particular, e aos Anglo-indianos em geral, que me insultam e vilipendiam. Pedirei ao Príncipe que escreva a Lord Ripon ou a Gladstone diretamente. Vossa no amor de Jesus, H.P. Blavatsky Por que diabo quer o "Chefe"0 que eu vá a Allahabad? Não posso estar gastando dinheiro em ir e voltar, pois teria que ir por Jeypur e Baroda, e ele o sabe. O que tudo isso significa é mais do que posso dizer. Ele me fez ir até Lahore e agora é até Allahabad!!
Carta Nº 135 Nesta pequena carta, H.P.B. procura esclareceer Sinnett a respeito da doutrina de cadeias e rondas. Não temos a carta de Sinnett, da qual esta é a resposta, mas afortunadamente uma outra carta de H.P.B., achada nas cartas dela para Sinnett, esclarece algo sobre a questão. Meu querido senhor Sinnett: Com receio de que atribuisses a mim uma nova deslealdade, permitai-me dizer-vos que eu nunca disse a Hubbe Schleiden e a
Frank Gabhard que a existência de nossos sete planetas objetivos era uma alegoria. O que disse foi que a objetividade e a realidade fenomenal da cadeia setenária nada tinha a ver com a compreensão correta das sete rondas. Que, aparte os iniciados, ninguém conhecia le mot final deste mistério. Que não poderíeis compreendê-lo completamente, nem explicá-lo, porque o Mahatma K.H. vos disse tantas vezes que não vos podia ser comunicada toda a doutrina; que sabieis que Hume lhe havia feito perguntas e mais perguntas até tornar grisalho o seu cabelo. Que havia centenas de contradições aparentes justamente porque não possuieis a chave do x777x, e que não vos podia ser dada. Em resumo, que a vós fora transmitida a verdade, mas decididamente não a verdade toda, especialmente sobre as rondas e anéis, o que foi, no máximo, alegórico. Vossa, H.P.B.
Carta Nº 136 Esta é uma carta de H.P.B. para Sinnett. Olcott e Bhavani Rao tinham acabado de deixar Allahabad, rumo a outras cidades em seu giro, e os Sinnetts tinham convidado H.P.B. para visitá-los. A carta parece basicamente relacionar-se com explicações de por que ela não podia, ou não se dispunha, a aceitar o convite. A carta faz referência a Deb cujo verdadeiro nome era Gwala K. Deb. O seu nome místico era, na verdade, Dharbagiri Nath. Há muito mistério conectado com o relacionamento entre este chela e um outro mais jovem, chamado Babaji, ou Bawaji. O nome verdadeiro de Babaji era S. Krisnamachári, mas ele adotou o nome Babaji quando se juntou à equipe da sede central da Sociedade Teosófica em Bombaim, entre 1880 e 1881. Nessa época ele abandonou o seu nome original. Em uma ocasião, o Mahatma K.H. desejava mandar dois chelas para Sinnett, que estava, então, em Simla. K.H. escolheu um de seus discípulos, Gwala K. Deb, que, (diz o autor de Damodar) era provavelmente tibetano, e R. Keshava Pillai, um inspetor de polícia em Nelore, que tinha se tornado num chela laico probacionário. Entretanto, como Deb estava no Tibet recebendo um determinado treinamento oculto e não podia ir em seu corpo físico, Babajee consentiu que Deb usasse o seu corpo para a ocasião. O nome místico de Deb era Dharbagiri Nath e parece que Babajee continuou a usar esse nome ocasionalmente, depois que a experiência mística tinha terminado.
Quando H.P.B. viajou para a Europa pela última vez, Babajee pediu para acompnahá-la e cuidar dela. Ela finalmente consentiu. Mais tarde, ele voltou-se contra ela e causou-lhe bastante aborrecimento. O Mahatma K.H. escreveu: "O homenzinho falhou". Assim, "pondo um ponto final na história de mais um discípulo dos Mestres", Babajee recebeu dinheiro para retornar à Índia, onde ele morreu na obscuridade depois de alguns anos. Quando H.P.B. estava na Europa, a Condessa Wachtmeister, que estava com ela quando estava escrevendo a "A Doutrina Secreta", escreveu uma "carta particular e confidencial" para Sinnett na qual ela dizia, "não se preocupe mais com os dois Dharbagiri Naths - há dois - mas há também um Mistério. Infortunadamente, minha lingua está impedida. Provavelmente, se tudo fosse conhecido, Babajee ficaria louco ou cometeria suicidio. Dharbagiri Nath é seu nome de mistério, como eu suponho que poderia ser também o nome de mais uns vinte...Babajee é um chela, embora não o chela superior que ele pretende ser". (Veja Cartas de H.P.B. para Sinnett nº.40). Mais surprendentemente, por essa ocasião, Sinnett recebeu uma carta assinada "Dharbagiri Nath" (Veja as cartas acima, nº.177) na qual o autor diz: "Não creio que haja alguém que traga o nome "Dharbagiri Nath" senão eu mesmo, porque é um nome puramente sânscrito, que eu não achei mencionado nos Purunas ou surgido em qualquer parte da Índia. O nome refere-se a uma colina secreta da qual nada se divulga - "o morador da colina da grama Darbha". Darbha é uma grama sagrada indiana usada diariamente por Brahmanes para cerimônias..." Seja esta carta proveniente de Gwala Deb ou de Babajee - ou de alguém mais provavelmente jamais saberemos. A situação é confusa, com toda probabilidade, pelo fato de que nada poderia ser dito a respeito. Meu querido senhor Sinnett, Seu convite foi lido com surpresa. Não foi "surpresa" que eu mesma fosse convidada, mas que tenhais me convidado outra vez como se já não tivésseis obtido bastante de mim! O que de bom posso eu fazer a qualquer um neste mundo, exceto fazer que alguns me olhem surpreendidos, outros se ponham a especular sobre a minha habilidade como impostora e a pequena minoria me olhe com olhares de assombro, geralmente reservados para os "monstros" exibidos nos museus ou aquários. Isto é um fato, e eu já tive bastante prova disso para não colocar outra vez o meu pescoço no laço, se puder evitá-lo. A minha ida, para alojar-me em vossa casa,
mesmo por alguns poucos dias, seria somente causa de desapontamento para vós e de tortura para mim. Mas não deveis tomar estas palavras en mauvaise part1. Sou simplesmente sincera convosco. Sois e tem sido sempre, em especial a senhora Sinnett, os meus melhores amigos aqui; mas é precisamente porque vos considero assim, que me sinto obrigada, em vez de vos dar um aborrecimento prolongado, a recusar o vosso bondoso convite. Além disso, como um meio para comunicações entre vós e K.H. sou agora profundamente inútil (pois suponho que não me convidais pour mes beaux yeus, apenas). Há um limite para a resignação, para o maior dos sacrifícios. Trabalhei para eles com fidelidade e desinteresse durante anos e o resultado foi que arruinei a minha saúde, desonrando meu nome ancestral, fui denegrida por cada verdureiro da rua Oxford e por cada vendedor de peixe do mercado de Hungerford que tenha se tornado um funcionário público que, afinal, não fez nenhum bem para eles, muito pouco para a Sociedade e nenhum ao pobre Olcott ou a mim mesma. Creia-me, somos melhores amigos à distância de várias centenas de milhas entre nós do que a uns poucos os. Ademais disso, o Chefe disse que está pendente sobre as nossas cabeças um novo desdobramento. Ele e K.H. juntaram as suas sábias cabeças e estão se preparando para trabalhar, segundo me dizem. Restam-nos poucos mêses antes de novembro, e se as coisas não se aclararem por completo até essa época e não se infundir um novo sangue à Fraternidade e ao Ocultismo, a melhor coisa a fazer é irmos dormir todos. Pessoalmente para mim, é um assunto de muito pouca importância, seja como for. Também o meu momento se aproxima com rapidez, quando há de soar a minha hora de triunfo. Então poderei provar aos que especulavam sobre mim, aos que acreditaram e aos que não acreditavam, que nenhum deles se aproximou da verdade a menos de cem milhas. Sofri o inferno na terra, mas antes de deixá-la prometo a mim mesma um triunfo tal, que fará que os Ripons e seus Católicos Romanos, e os Balys e o Bispo Sargeant com os seus asnos protestantes, relinchem tão forte quanto os seus pulmões permitam. E agora pensais, realmente que ME conheceis, meu querido senhor Sinnett? Credes que por haverdes sondado como pensais, a minha crosta física e o meu cérebro: que, por perspicaz analista que possais ser da natureza humana, será que penetrastes mesmo alguma vez, além da primeira cutícula do meu Verdadeiro Eu? Estaríeis enganado profundamente, se acreditásseis assim. Todos vós me têm como mentirosa porque até agora somente mostrei ao mundo apenas a verdadeira Madame Blavatsky exterior. É precisamente como se vos queixásseis da falsidade de uma rocha rústica e áspera, coberta de musgo, herva e barro que tivesse uma inscrição externa, dizendo: os vossos olhos se enganam porque não podeis ver de
baixo da crosta. Deveis compreender a alegoria. Não estou me gabando, porque não digo se dentro desta rocha pouco atrativa há uma residência palaciana ou uma humilde choça. O que digo é isto: não me conheceis, pois tudo que exista dentro dela não é o que pensam; portanto, julgar-me como sendo inverídica é o maior erro do mundo, além de ser uma flagrante injustiça. Eu, (o verdaeiro "EU" interno) encontro-me numa prisão e não posso mostra-me tal como sou, por mais desejosa que esteja para fazêlo. Por que, então, eu deveria, ao falar de mim mesma ter que prestar contas pela porta externa da prisão e a sua aparência, eu não a construí, nem a decorei? Mas tudo isso não deixará de ser para vós senão aborrecimento do espírito. Direis: "A pobre Velha Dama está de novo desequilibrada". E permita-me profetizar que chegará o dia em que acusareis K.H. também de ter-vos enganado, apenas por deixar de dizer-vos o que não tem o direito de dizer a niguém. Sim, podereis blasfemar mesmo contra ele, pois sempre esperais secretamente que ele possa fazer uma exceção a vosso favor. Por que esta tirada extravagante, aparentemente inútil, contida nesta carta? Porque a hora se aproxima; e uma vez que tenha provado o que eu tenho que provar, farei uma reverência a esta refinada Sociedade Ocidental, e não serei mais vista. Então podereis todos chamar em vão os Irmãos como um EVANGELHO. Naturalmente foi uma piada. Não; vós não me odiais; somente sentis um desprezo amistoso e indulgente, algo benevolente por H.P.B. Nisso tendes razão, na medida em que conheceis aquela que está prestes a se reduzir em pedaços. Talvez ainda podeis descobrir o vosso erro acerca da outra pessoa, bem escondida. Deb está agora comigo, "baixinho" como o chamais, que parece um garoto de 12 anos, apesar de ter 30 ou mais. Um pequeno rosto ideal, com traços finos e delicados, dentes de pérola, grande cabeleira, olhos rasgados como amêndoas e que tem sobre a sua cabeça um gorro chinês-tártaro de côr púrpura. Ele é o meu "herdeiro de Salvação" e tenho trabalho a fazer com ele. Não posso abandoná-lo e não tenho o direito de fazê-lo agora. Tenho que lhe ar o meu trabalho. É a minha mão direita (e a esquerda de K.H.) para os disfarces e falsas aparências. E agora que Deus vos abençoe. É melhor que não fiqueis aborrecido com coisa alguma que eu possa fazer ou dizer; apenas como uma amiga, uma verdadeira amiga, digo-vos que, enquanto não tiverdes mudado a vossa maneira de viver, não esperai nenhuma exceção.
Vossa sinceramente, H.P.B. Meu sincero carinho a senhora Sinnett e um beijo ao querido pequeno Dennie.
Carta Nº 137 Na verdade, H.P.B. datou esta carta como "Domingo, 8", mas sucede que o domingo veio a cair no dia 9 de novembro daquele ano. A carta foi escrita em Argel, quando H.P.B. estava de viagem, da Inglaterra para a Índia. Ela retornou via Egito. Foi no Cairo que H.P.B. soube dos fatos danosos a respeito dos Coulombs. Meu caro Sr. Sinnett, Vedes que cumpro a minha palavra. Na última noite, enquanto éramos inexoravelmente jogados e sacudidos nesta nossa banheira, Djual K. fez-se presente e me perguntou, em nome do seu Mestre, se eu poderia mandar-vos uma nota. Respondi-lhe que sim. Pediu-me, então, para providenciar algum papel - que eu não tinha. Disse-me, então, que qualquer um serviria. Puz-me a pedir a algum ageiro, pois a senhora Holloway não tinha nenhum para me dar. Na verdade, queria que esses ageiros que reclamam conosco todos os dias sobre a possibilidade de fenômenos, pudessem ver o que acontecia em minha cabine junto ao meu leito! Que vissem como a mão de K.H., tão real como viva, estava imprimindo a carta que lhe ditava o seu Mestre e que surgia entre a parede e as minhas pernas. Disse-me que eu lesse a carta mas não me cabia fazê-lo. Compreendo muito bem que tudo isso era uma provação, feita com a melhor intenção, mas é diabolicamente difícil para mim, compreender por que isso deveria ser feito sobre as minhas costas, tão sofredoras. Ela está em correspondência com Myers, os Gebhards e muitos outros. Vereis que salpicos irei receber como um efeito das causas produzidas por esse assunto de provação. Queria nunca ter conhecido essa mulher. Jamais teria imaginado uma deslealdade e decepção como essa. Eu também fui chela e culpada por mais de uma negligência, mas teria pensado melhor em ass um homem fisicamente do que ass moralmente aos meus amigos como ela o fez. Se o Mestre não tivesse proporcionado a explicação, eu teria me afastado, deixando uma linda recordação nos corações da senhora Sinnett e no vosso. Temos a bordo a senhora (do Prefeito) Burton de Simla. Saiu um dia antes de eu chegar e esteve sempre ansiosa por me conhecer. Deseja se juntar a nós e é uma encantadora mulhersinha. Temos vários anglo-indianos, todos de muito
amável disposição. O barco é uma banheira que dá tombos e o dispenseiro uma infâmia. Todos estamos ando fome e vivemos do nosso próprio chá e biscoitos. Rogo-vos, escrevei umas palavras a Porto Said, para posta restante. Provavelmente permaneceremos uma quinzena no Egito. Tudo depende das cartas de Olcott e das notícias de Adyar. Não posso escrever devido aos balanços do barco. Amor para todos. Vossa sempre sinceramente, H.P. Blavatsky
Carta Nº 138 Esta é uma carta longa, de H.P.B. para Sinnett, escrita pouco antes de ela deixar a Índia, por motivos de saúde, em 31 de março de 1885. O Sr. Hodgson, da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, havia completado a sua investigação. Meu querido senhor Sinnett: Sinto muito que o Mahatma tenha me escolhido para travar esta nova batalha. Mas obedeço, já que deve haver uma sabedoria oculta mesmo no fato de escolherem uma pessoa já meia morta, que acaba de se levantar depois de haver estado oito semanas enferma de cama e que mal pode coordenar as suas idéias dispersas para dizer aquilo que melhor seria que não se dissesse. Não podeis ter esquecido o que vos disse repetidamente em Simla e que o próprio Mestre K.H. vos escreveu, ou seja: que a S.T. é, acima de tudo, uma Fraternidade Universal e não uma Sociedade para a produção de fenômenos e ocultismo. Este último deve ser mantido em segredo, etc. Eu sei que, devido ao meu grande fervor pela causa e a vossa certeza de que a Sociedade jamais prosperará, a menos que se introduza nela o elemento oculto e que os Mestres se mostrassem, eu sou mais culpada do que ninguém por ter dado ouvido a isso. Entretanto, todos vós tendes agora de sofrer o Karma. Bem, agora acharam que todos os fenômenos são fraudes, segundo a evidência dos padres e de outros inimigos, (segundo o Sr. Hodgson), do fenômeno do "relicário" para baixo; e os Mestres são expostos diante do público e seus nomes profanados por todo patife na Europa. Os padres gastaram milhares para conseguir testemunhas falsas e outras, e a mim não se permitiu lançar mão da lei para que, ao menos, pudesse prestar o meu depoimento, e agora Hodgson,
que outro dia parecia muito amigável e que quase diariamente vinha nos ver, mudou radicalmente. Ele foi a Bombaim e viu Wimbridge e todos os meus inimigos. Ao voltar, assegurou a Hume (que está aqui e vem também todos os dias) que, na sua opinião, a evidência de nossos jovens no escritório e a de outras testemunhas é tão contraditória que, depois de Bombaim, chegou à conclusão de que todos os nossos fenômenos eram fraudes, Amém. E agora, de que adianta escrever para tirar do seu erro o senhor Arthur Gebhard? Tão logo o oráculo da S.I.P.2 me proclame como uma "fraude" total e todos vós como meus otários (tal como Hume o faz aqui, zombando com a maior indiferença), a vossa Loja de Londres da S.T. fracassará seguramente. Mesmo vós, o fiel e verdadeiro, poderieis resistir a essa tormenta? Feliz Damodar! Foi-se para o país da Bem-aventurança, o Tibet, e deve estar agora bem longe, nas regiões de nossos Mestres. Espero que agora ninguém o verá jamais. Bem, a isto nos conduziram os malditos fenômenos. Olcott regressará de Burma dentro de três dias e encontrará belas coisas. De início, Hume estava todo amistoso. Depois vieram as revelações. Hodgson havia seguido o rastro do "relicário"! Foi lhe dito que eu havia dado um broche ou relicário idêntico para ser consertado por Servai, antes de ir para Simla, e era aquele relicário. Não se recorda a senhora Sinnett que nessa época lhe falei que possuia um alfinete com pérolas muito parecido com ele que enviei aos filhos de minha irmã junto com outro que comprei em Simla? Mencionei mesmo essa semelhança ao senhor Hume. Eu pedi a este que enviasse o seu alfinente ao joalheiro (ninguém soube disso senão Servai, o sócio de Wimbridge, meu inimigo mortal), que o indentificará ou não. O mais provável é que sim, por que não o faria, por cem rúpias ou algo assim? O senhor Hume quer salvar a Sociedade e achou um meio. Ontem convocou o Conselho para uma reunião com a presença de Ragunath Row, Subba Row, Sreenavas Row, o ilustre Subramanya Lyer e Rama Lyer. Todos líderes dos hindús. Tendo, então escolhido Rag Row para presidir e estando a audiência composta dos Oakley, Hartmann e dois chelas, deu a ele um papel. Neste, Hume propunha, para salvar a Sociedade (pois imagina e insiste que ela está se desagradando depois das "revelações", embora nem um só membro renunciou), obrigar Olcott, seu Presidente vitalício, Madame Blavatsky, Damodar (ausente), Bowaji, Bhavani Row, Ananda, Rama Swami, etc., no total de 16 pessoas a que renunciem, pois todos eram farsantes cúmplices, pois que muitos deles asseguraram que conheciam os Mestres independente de mim e que os Mestres não existiam.
A Sede Central deve ser vendida e no seu lugar deve ser criada uma Sociedade Teosófica Científica-Filosófica-Humanitária. Eu não estava presente na reunião, pois me encontrava confinada em meu quarto. Mas os Conselheiros vieram me ver em grupo depois da reunião. Entretanto, em vez de aceitarem a proposta e proclamarem os fenômenos como fraudes, que, no entender de Hume, todos eles assim procederam, Ragunath Row rechaçou a proposta, jogando de lado o papel com desagrado. Todos eles acreditavam nos Mahatmas, disse, e foram testemunhas pessoais dos fenômenos mas não querem mais que seus nomes sejam desrespeitados. Os fenômenos devem ser proibidos daqui em diante, e se acontecerem independentemente, não devem ser comentados, sob pena de expulsão. Negaram-se a pedir aos Fundadores que renunciem pois não viram razão alguma para isso. O senhor Hume é um "Salvador" excêntrico! Portanto, fenômenos, não mais, ao menos aqui na Índia. Enquanto isso Maskelyne e Cook3 produzem os seus, muito melhor, e se fazem pagar por isso, somos relegados a um segundo plano e somos chutados por isso. O senhor Hume é mais liberal que os Padres. Estes chamam Olcott "um crédulo tolo, mas indubitavelmente um homem honesto"; e ele declara que, como Olcott jura ter visto os Mestres, deve ser um homem desonesto, e tendo comprado o seu alfinete de pérolas numa casa de penhores de Bombaim, deve ser (por dedução) também um ladrão, embora Hume o negue. Tal é, em resumo, a presente situação. Começou em Simla com o primeiro ato e agora vem o prólogo que logo terminará com a minha morte. Pois, apesar dos médicos, (que proclamaram os meus quatro dias de agonia e de impossibilidade de recuperação), melhorei rapidamente graças às mãos protetoras do Mestre; tenho duas enfermidades que são incuráveis e mortais, no coração e nos rins. O primeiro pode sofrer em qualquer momento uma rutura, e os últimos produzirão a minha morte em poucos dias. Não verei outro ano. Tudo isto se deve a cinco anos de constante angústia, preocupações e emoções reprimidas. A um Gladstone se pode chamar um "farsante" e ele ri, mas eu não posso, não importa o que disserdes, senhor Sinnett. E agora aos vossos assuntos. Antes de começar o trabalho para vós e para o senhor Hume, eu nunca havia transmitido nem recebido cartas dos Mestres, a não ser para mim mesma. Se tivésseis alguma idéia das dificuldades ou do modus operandi, não teríeis consentido estar no meu lugar. E entretanto, eu nunca recusei. Pensou-se no "santuário" para facilitar a transmissão, como agora poderão vir dezenas ou centenas a rogar que se lhes
permita pôr as suas cartas dentro dele. Como sabeis e está provado a todos, exceto ao senhor Hodgson, que encontra contradições, todos receberam respostas sem eu deixar o meu quarto e, muitas vezes em diversos idiomas. É isso o que, incapaz de entender, o senhor Hume chama um engano coletivo, pois, como pensa que os Mestres não existem, e que nunca escreveram uma só das cartas já recebidas, então a conclusão lógica é que todos da Sede Central: Damodar, Bwaji, Subba Row, todos, todos eles são os que me ajudaram a escrever as cartas e a á-las através da abertura. Até mesmo Hodgson julga a idéia ridícula. E agora, quanto ao "engano" praticado com o senhor Arthur Gebhard, do qual me inteirei pelo Mahatma e pela carta do mesmo A.G., que me foi enviada. Este "engano", junto com as revelações e insinuações sobre outros, insufladas pela maliciosa senhora Holloway, deve ter deixado na pobre e querida senhora Gebhard a imagem de uma H.P.B. de singular honorabilidade e honestidade. Bem, as pessoas que se encontram na véspera da morte geralmente não inventam ou dizem mentiras. Eu espero que me dareis crédito por dizer a verdade. A.G. não é o único que suspeita de mim e me acusa de fraude. Dizei pois, aos "amigos" que podem ter recebido cartas dos Mestres por meu intermédio, que eu nunca enganei, que nunca brinquei com eles. Inúmeras vezes facilitei os fenômenos de transmissão de cartas por meios mais fáceis, embora ainda ocultos. Mas, devido a que nenhum dos teósofos, exceto os ocultistas, nada conhece dos meios difíceis ou fáceis de transmissão oculta, nem estão familiarizados com as leis ocultas, tudo é suspeitoso para eles. Tomai por exemplo, este caso como um exemplo: transmissão por transferência mecânica do pensamento (diferente do consciente). A primeira se produz chamando primeiro à atenção de um chela ou do Mahatma. A carta deve ser aberta e cada linha dela a sobre a testa, retendo o alento, e não retirando nunca essa parte da carta da testa, até que a "campainha" dá a notícia de que a mensagem foi lida e anotada. A outra maneira consiste em impressionar cada frase da carta (conscientemente, sem dúvida) no cérebro, também mecanicamente, e então enviá-la, frase por frase, à outra pessoa no outro extremo da linha. Isto, naturalmente, se o rementente vos permite lê-la e crê na vossa honestidade de que a lestes mecanicamente, apenas reproduzindo a forma das palavras em linhas em vosso cérebro, mas não o significado. Mas, em ambos os casos, a carta deve ser aberta e então queimada com o que nós denominamos de fogo virgem (queimada, não com fósforos, enxofre, ou qualquer preparado, mas esfregando-a com uma pedrinha resinosa e transparente, uma bolinha que nenhuma mão descoberta deve
tocar). Isto se faz pelas cinzas, que se tornam imediatamente invisíveis enquanto o papel queima, o que não aconteceria se o papel fosse queimado de outra maneira, porque as cinzas permaneceriam na atmosfera circundante devido ao seu peso e a densidade, em vez de serem transportadas instantaneamente ao receptor. Este processo duplo se faz por segurança dupla, pois algumas palavras transmitidas de um cérebro a outro, ou ao akasa próximo do Mahatma ou do chela, poderiam ser omitidas, frases inteiras poderiam escapar-se, etc., ou as cinzas não serem transmitidas perfeitamente, e desta maneira, um procedimento corrige o outro. Eu não posso fazer isso e, portanto, falo dele somente para dar um exemplo de como o engano pode ser facilmente gerado. Imagine A. dando a B. uma carta para o Mahatma. B. vai ao quarto ao lado e abrindo a carta (de cujo conteúdo não recordará nem uma só palavra, se é um verdadeiro chela e um homem honesto) transmite-a ao seu cérebro por um dos dois métodos, enviando frase após frase pela corrente e então procede à queima da carta. Talvez tenha esquecido a "pedra virgem" em seu quarto. Deixando, inadvertidamente, a carta aberta sobre a mesa, ele se ausenta por uns poucos minutos; durante esse tempo, A. impaciente e provavelmente desconfiado, entra no quarto e vê a sua carta aberta sobre a mesa. Fará duas coisas: ou a pegará e fará um desmascaramento (!) ou a deixará e então perguntará a B., depois que este tenha queimado a carta, se já a enviou. Naturalmente B. responderá que sim. Virá então o desmascaramento com as consequências que podeis imaginar, ou A. não dirá nada e faz como muitos fazem: considera B. para sempre como um impostor. Este é um exemplo verdadeiro, entre muitos, de tantos exemplos, real que o Mestre me deu para me prevenir. Há na carta do senhor A.G. algo muito cómico e sugestivo. Voltando a recordar como ele me deu a carta e como seis horas depois eu lhe disse "já se foi", ele acrescenta: "quatro dias mais tarde, o Coronel escreveu a H.P.B. dizendo que o seu Mestre lhe apareceu e disse que K.H. havia dito: (veja o original que vos devolvi). Então o bom "Coronel deve também ser um impostor", um aliado meu, um cúmplice? Ou é meu Mestre que o engana, o senhor A.G. (Arthur Gebhard), ou o que? E logo outra vez..."H.P.B. é uma impostora, ainda que eu nunca lhe negarei suas excelentes qualidades". As "excelentes qualidades" de uma impostora são algo assombroso e original, de qualquer modo. Assim, por obséquio, dizei ao senhor Gebhard que nós somos dois "impostores", se for o caso; e também isto: o Mahatma K.H. recebeu, mas nunca leu a sua carta, pela simples razão de que não podia, devido à promessa que havia feito ao Chohan4 de não ler carta alguma de teósofo até voltar de sua missão na
China, onde então estava. Isto ele condescendeu agora em contar para ajudar a minha justificação, como ele diz. Ele havia proibido estritamente de que eu lhe enviasse mais outras cartas, até uma nova ordem. Dado que o Mestre, devido aos constantes rogos de Arthur G., assumiu pessoalmente o assunto, por razões que Ele melhor conhece, eu não tinha nada a dizer, senão obedecer. Peguei a carta e a puz numa caixa que estava cheia de papéis. Quando fui procurá-la, já tinha ido, pelo menos eu não a vi, e assim disse a ele. Mas antes de ir me deitar, ao retirar um envelope, eu achei a carta ali, embora, pela manhã realmente não estivesse lá. E se a minha recordação estiver certa, mostrei à Madame Gebhard a carta de Olcott, na qual ele fala do que lhe disse o Mestre. Eu não havia lido a carta de Gebhard e posso ter tomado as palavras como uma resposta a essa carta. De qualquer forma, agora não tenho a mínima recordação do conteúdo da mensagem. Uma coisa eu sei e Madame Gebhard a corroborará: ela me falou em Londres, antes de ir a Paris, e para Olcott, em repetidas ocasiões, das terríveis discussões entre Arthur G. e seu pai. Expressou a esperança de que o Mahatma interviesse em seu favor, e estas palavras pode ser que se refiram a isso e não à carta. Como posso relembrar? Olcott pode ter ouvido imperfeitamente, ou eu misturado as coisas. Centenas de combinações poderão ter acontecido. A única fraude é, então, eu ter lhe dito uma inverdade inconsciente sobre a remessa da carta, seis horas mais tarde, quando, na realidade, foi apanhada somente pela manhã. Disto eu me declaro "culpada". Mas, no caso do "alfinete de pérolas" de Hume, há algo mais envolvido do que uma mera fraude na produção de fenômenos. Se enganei nisto Madame G. e ele próprio, então me converto imediatamente em uma trapaceira, uma VIGARISTA. Recebi hospitalidade na casa deles durante mêses; cuidaram de mim durante toda a minha enfermidade e nem mesmo me deixaram pagar o médico, cobriram-me de ricos presentes, honrarias e afeto e eu pago tudo isso com um ENGANO. Oh, poderes do céu, da Verdade e da Justiça! Que o Karma do senhor Arthur Gebhard lhe seja leve. Eu o perdoo em consideração ao seu pai e a sua mãe, a quem amarei e respeitarei até a última hora. Rogo-vos que comuniqueis estas minhas palavras de despedida a Mad. Gebhard; não tenho nada mais a dizer. É inútil, senhor Sinnett. A Sociedade Teosófica viverá aqui na Índia para sempre; parece estar condenada na Europa porque eu estou condenada. Depende de vosso Budismo Esotérico e do Mundo Oculto. E se os Mahatmas são mitos e eu, (a autora de todas essas cartas), uma FARSANTE e algo pior, (segundo proclama a S.I.P.) como pode sobreviver a Loja de Londres? Já vos disse, pois o senti como sempre sinto que esta investigação
do senhor Hodgson será fatal. Ele é um jovem excelente, hábil e sincero. Mas, como pode discernir entre a verdade e a mentira quando há em torno dele uma espessa rede de conspirações? A princípio, quando visitou a Sede Central, e os padres não o haviam envolvido bem, ele parecia bem. Os seus relatos eram favoráveis. E então ele foi envolvido. Nós temos os nossos informantes, que seguiram cuidadosamente os os dos missionários. Vós, na Inglaterra podeis rir; nós não. Sabemos que não se pode rir desta conspiração. Os 30.000 padres na Índia estão todos aliados contra nós. É a última carta que eles jogam: ganham eles ou ganhamos nós. Em uma semana foram recolhidas 72.000 rúpias em Bombaim para "levar a cabo a investigação contra os denominados Fundadores da S.T.". Todos os Juízes do país (pensai em Sir C. Turner) estão contra nós. Para os cristão céticos e nominais, livres pensadores e funcionários civis presunçosos e snobs C.S., só o meu nome impesta os seus narizes. E agora despertam a antiga "bela adormecida" para entrar novamente na cena. Eu sou, antes de tudo, uma ESPIÃ RUSSA. Na última noite os Oakleys jantaram com Hume no Garstins e nos disseram muito seriamente que o Governo ia me vigiar outra vez; que possuiam informações (seriam dos Coulomb?) e que eu tinha de "ser vigiada". Foi em vão que Hume risse e que os Oakley protestassem. Isso era algo "muito sério" tendo em vista que os russos haviam cruzado Cabul, Afganistão ou algo parecido. Uma mulher velha e moribunda, confinada em seu quarto, proibida de subir alguns degraus para evitar que estoure o seu coração; que nunca lê os jornais por receio de encontrar neles o mais vil ataque pessoal; recebendo cartas da Rússia, mas dos seus parentes - uma espiã, um tipo muito perigoso! Oh, ingleses da Índia! Onde está a vossa coragem? Apesar de Hume, de seu amigo Hodgson e de toda evidência, os Oakley não me consideram uma farsante. Eles têm completa confiança nos Mestres; nada, dizem eles, os fará duvidar da sua existência, e aparte alguns pequenos aborrecimentos devido às "fofocas" sobre assuntos particulares, eles são teósofos firmes, como o dizem os meus melhores amigos. É bom que assim seja. Eu creio, Oh, Senhor, amparai em minha descrença! Como posso crer que alguém seja meu amigo nestas circunstâncias. É só aquele que sabe, como sabe que vive e respira, que nossos Mahatmas existem e os fenômenos são reais, que pode simpatizar comigo e me contemplar como uma mártir. Diariamente aparecem folhetos escritos por reverendos, livros e artigos, que me denunciam de corpo inteiro. "A Teosofia sem Véus", "Madame Blavatsky desmascarada", "A Fraude Teosófica diante do Mundo", "Cristo contra os Mahatmas", etc., etc., vós,
Sr. Sinnett, que conheceis bem a Índia, pensais que é difícil achar testemunhos falsos aqui? Eles têm todas as vantagens sobre nós. Eles (os inimigos) trabalham noite e dia, inundando o país com impressos contra nós, e nós ficamos sentados, imóveis, só disputanddo dentro da Sede Central. Olcott é considerado como sendo um tolo, detestado pelos hindús. E agora, com a chegada de Hume, chega também a minha parte. Embora os meus amigos, os Oakleys, me aconselham que renuncie, os indianos dizem que se retirarão caso eu o faça. Eu devo renunciar porque, sendo considerada uma "espiã russa", ponho em perigo a Sociedade. Essa é a minha vida durante minha convalescência, quando qualquer emoção, diz o médico, poderá me ser fatal. Se é assim, tanto melhor. Então renunciarei de fato. Mas eles esquecem, então, que sou o último elo entre os europeus e os Mahatmas. O que não importa aos indianos. Há dúzias deles que são chelas e centenas que os conhecem, mas que, como no caso de Subba Row, morrerão primeiro antes de falar de seus Mestres. Hume não pode obter nada de Subba Row, embora todos sabem o que ele é. Na outra noite ele recebeu uma longa carta de meu Mestre, na sala de reuniões, quando Hume votou pela minha renuncia. Tinham acabado de votar que não haveriam mais fenômenos e que não se falaria mais dos Mahatmas; a carta estava escrita em telugu, dizem eles. Embora eles me apoiem e me apoiarão até o final, acusam-me de haver profanado a Verdade e os Mestres, por ter sido eu a causa de que se escreveram as obras O Mundo Oculto e Budismo Esotérico. Não conteis com os indianos, vós da Loja de Londres. Estando eu morta, a Sociedade diga adeus aos Mestres. Dizei mesmo agora - todos, talvez com uma exceção - pois eu empenhei a minha palavra aos meus Irmãos Hindús, os ocultistas, de nunca mencionar, exceto entre nós, os Seus nomes, e isso cumprirei. Provavelmente esta será minha última carta para vós, querido Sr. Sinnett. Levou-me quase uma semana para escrevê-la, tão débil estou, e não creio, então, que terei outra oportunidade. Não posso dizer-vos por que; muito provavelmente não o sentireis. Não podereis permanecer fiel por muito tempo mais, vivendo como viveis no mundo. Myers e a S.I.P. rirão de vós até o desprezo. Hume, que vai a Londres em abril, colocará todos contra os Mestres e a mim. Necessita-se outra espécie de homens e mulheres do que a que tendes na Loja de Londres, à exceção da senhorita Arundale e dois ou três mais para resistir a uma tal perseguição e tormenta. E tudo isso porque profanamos a Verdade ao dá-la indiscriminadamente e esquecido o lema do verdadeiro ocultista: Saber, Ousar e MANTER-SE EM SILÊNCIO.
Despeço-me, pois queridos senhor e senhora Sinnett. É indiferente que eu morra em alguns mêses ou permaneça dois ou três anos em solidão, estou já um tanto morta. Esqueçam de mim e tratem de merecer a comunicação pessoal com o Mestre. Então podereis predicar a Sua existência e caso tenhais o êxito que eu tive, sereis insultado aos gritos como eu fui, e vereis se podeis resistir a isso. Os Oakley me incitam a escrever à minha tia e à minha irmã, pedindo-lhes que enviem o desenho do broche de pérolas que lhes enviei em 1880. Eu recuso. Por que haveria de fazê-lo? Caso seja provado o fenômeno do broche, aparecerão outros que, com a ajuda de falsos testemunhos, serão mostrados como falsos e eu estou cansada, cansada, tão cansada e tão desgostosa, que a própria morte, com suas primeiras horas de horror, é preferível a tudo isso. Que todo mundo creia que sou uma farsante, com exceção de uns poucos amigos e dos meus ocultistas indianos. Eu não negarei isso, mesmo em frente deles. Dizei isso ao senhor Myers e aos outros. Adeus, outra vez. Que a vossa vida seja feliz e próspera e que a velhice da senhora Sinnett seja mais saudável do que a sua juventude. Perdoai-me os aborrecimentos que eu possa ter vos causado... e esquecei. Vossa até o fim, H.P. Blavatsky
Carta Nº 139 Sinnett respondeu à carta anterior (140) e esta de nº.141 é uma resposta àquela sua carta. Meu querido senhor Sinnett: Eu vos pedi (eu mesma) em minha carta: "Por obséquio, esforçai e tende intuição". Tivestes êxito, mas apenas parcialmente. Sentistes que uma página ou tanto tinha sido ditada para mim e, que não havia sido feita por um falso K.H. Mas falhastes, de novo em sentir com que puro espírito de bondade, simpatia e apreciação por vós Ele ditou aquelas poucas frases. Interpretastes equivocamente como crítica. Agora escutai-me. Com exceção de uma vaga recordação de que estivera escrevendo sob Seu ditado, eu não poderia, naturalmente, recordar uma só linha corretamente, mesmo tendo-a lido com cuidado antes de fechar a carta. Mas o que eu posso assegurar é que não existiu nem uma sombra de crítica intencional contra vós pessoalmente, no pensamento do Mahatma, ao comunicála para mim. Eu estava escrevendo minha carta para vós e já havia escrito três ou quatro páginas, quando entrou a condessa
e leu para mim, da vossa carta, aquelas frases desalentadoras na qual dizeis que vos inclinais a suspeitar que os "Poderes Superiores" não desejam que a Sociedade continue a existir, e que era inútil que fizesseis algo nesse sentido. Nem tive tempo para abrir a boca e protestar quando vi a Sua imagem sobre a escrivaninha e ouvi as palavras: "Escreva, agora, por favor". Eu não prestei atenção às palavras ditadas, exceto numa maneira mecânica, mas eu sei com que atencão e intenso interesse eu observava as "luzes de pensamento e sentimento" e a aura, se é que compreendes o que digo. Suponho que o Mahatma desejava que eu pudesse observá-las; do contrário, seus pensamentos e íntimas reflexões teriam permanecido impenetráveis. E eu digo que nunca, desde que o conheceis, NUNCA houve tanta bondade e genuino sentimento para convosco, assim como uma absoluta ausência de "crítica" ou reprovação dirigida a vós como nesta ocasião. Não sejais ingrato; não interpreteis mal. Abri inteiramente o vosso coração e sentimentos íntimos e não julgueis através da vossa visão do mundo e da fria razão. Perguntai à Condessa, a quem a carta foi lida e a quem eu disse o que agora vos digo, e ouvireis que ela estava muito contente convosco, pois simpatiza convosco e com a vossa atitude, e aprecia, como eu, tudo o que fizestes. tudo o que dizeis é perfeitamente certo e exatamente o que pensei, percebi na aura do Mahatma. As fulgurações amareloacinzentados eram todas dirigidas para Olcott, (período de Londres, não agora), Mohini, Finch (mais avermelhadas) e a outros que não citarei. A vossa imagem evocada completa, o scin-lecca, recebia toda uma torrente de luz azul clara prateada (o episódio de Kingsford no salão do Príncepe, e mesmo Holloway, tudo isso estava muito, muito longe de vós numa névoa), o que é prova inegável de que estivestes implicado nisso, porém, não por sua culpa pessoal, mas atraído irresistivelmente a isso pelo Karma geral. Onde está, pois, a "crítica" ou a reprovação? Nenhum homem vivo pode fazer neste mundo mais do que as suas próprias possibilidades. Não podieis evitar a reunião no Salão do Príncipe, porque a Sociedade havia escolhido um caminho no qual o episódio haveria de acontecer. Mas se todos vós, vós em especial, houvessem vos preparado para isso, como deveriam tê-lo feito muito antes, teriam salvado a situação pronunciando uma palestra (mesmo lida teria sido melhor), que teria podido chegar à compreensão do público, em vez do que se fez. O vosso discurso foi o único contra o qual não se pode argumentar nada, mas devido a vossa má vontade, pois fostes arrastado à reunião, foi tão frio, com tanta falta de entusiasmo ou mesmo sincero interesse, que foi como a nota chave para os outros. O de Olcott foi uma peroração ianque, vazia e comum, um dos piores. O do "angélico Mohini", foi algo notavelmente tolo, com floretos retóricos ao estilo Babu, etc. Mas essas são coisas do ado. Naturalmente, foi um fracasso,
mas poderia ter sido um sucesso apesar de tudo em contrário, se houvesse sido preparado com antecedência. A recepção que fez o público foi a que correspondia ao caminho escolhido e tinha de ocorrer, pois teria sido ainda pior se nada tivesse sido feito. Holloway foi enviada e formava parte do programa de provas e destruição. Ela vos fez dez vezes mais dano do que para a Sociedade, mas isso é inteiramente vossa culpa, e agora está executando a dança guerreira em volta de Olcott, que está em tão estreita relação com ela, mais do que estáveis. Mantém uma correspondência semanal incessante e afetuosa, encantadora de se observar; ela é sua "querida agente em Brooklyn para as coisas ocultas", etc. Mas deixemos disso. Quanto a "chelas", o assunto é mais sério. Nenhum dos dois é tolo. Eles sentem se é que já não o sabem, que o abismo entre eles e os Mestres está se tornando maior diariamente. Sentem que se encontram no lado falso esquerdo, e sentindo-se assim, se voltarão para onde se voltam todos os "fracassados". Se os Mestres lhes ordenarem para voltar para Índia, não creio que o façam, agora que estão sob a influência de Bowajee. Mohini está arruinado por ele, não há dúvida sobre isso. E a senhorita...está se perdendo em companhia deles. Tendes que agir independentemente deles, não romper visivelmente, mas fazer o vosso próprio trabalho como se eles não existissem: Anote, desejo que escreveis uma carta séria a Arthur Gebhard, e contai-lhe tudo que sabeis de Bowajee. Ele está em plena correspondência com os americanos e envolvendo-os, como fez com os Gebhards. Eu lhe escrevi e também a Condessa. Mas ele não nos dará crédito, a menos que confirmeis. Seguramente já lhe foi dito que a Condessa está completamente sob os meus poderes psicológicos. Franz tem a certeza disso, pobre homem. A menos que o advirtas, ambos os "chelas", ou um deles, irá seguramente para a América. Se pudesseis conseguir que Leonard reclamasse a sua carta para Índia, como um arranjo, então ele não teria motivo para permanecer. Mas, como fazê-lo? Se eu pudesse ao menos ver a pessoa velhaca ou aproximar-se dela, estaria disposta a me sacrificar, fazer qualquer coisa com a finalidade de limpar a Sociedade dessa herva venenosa. Mas podeis trabalhar independentemente de todos eles; isso é seguro. Antes do dia 15 de abril estaremos próximos de vós, através do Canal. A Condessa virá comigo e se arrisca até meados de maio. Eu tenho que estar próximo de vós no caso que aconteça algo, pois além dela, não creio ter um amigo, um amigo verdadeiro neste amplo mundo, além de vós e da senhora Sinnett. O "duplo" teosófico do senhor Hyde (o doutor Jekyll) fez o melhor das suas. Eu poderia detê-lo em uma hora se pudesse cair sobre eles inesperadamente. Isto eu juro. Mas como fazê-lo? Se tão apenas eu pudesse chegar em Londres sem avisar, e lá ficar dois dias,
eu o faria. Iria até eles às 8 horas da manhã. Mas antes devo vos ver e pensar bem em tudo. Se tivesse pelo menos a saúde que me falta. Os "dois anos de vida, e não mais" que me disse o doutor londrino trazido pelo senhor Gebhard e também o meu médico em Adyar, se aproximam do seu fim. A menos que o Mestre, uma vez mais, interfira, será o adeus. Nada dissestes dos pequenos estratagemas de Gladstone. Não crêdes neles? Curioso! Segundo me dizem, recebestes uma carta sobre esta assunto, já na época em que ocorreram os distúrbios pela Lei Ilbert. Bem, posso vos dizer belas coisas sobre os jesuitas e suas façanhas. Mas, naturalmente, de nada serviria. E entretanto, é coisa séria. Bem, adeus, escrevei-me. Vossa sempre fielmente. Meu carinho para a Sra. Sinnett. H.P.B.
Carta Nº 140 H.P.B. foi "influenciada" a dar a Sinnett uma informação. Ela estava em Würzburg, Alemanha, onde estava trabalhando na "A Doutrina Secreta". Em dezembro ou a fazer-lhe companhia a Condessa Constance Wachtmeister, natural da Suécia e que era membro da Sociedade Teosófica, clarividente natural e amiga leal de H.P.B. Pouco depois da morte de H.P.B. ela escreveu um pequeno livro intitulado "Reminiscências de H.P. Blavatsky e a Doutrina Secreta". É um relato fascinante e pode ser recomendado para quem esteja interessado nesta fase da vida de H.P.B. O relatório da Sociedade de Pesquisas Psíquicas sobre investigações de Richard Hodgson tinha sido publicado em dezembro de 1885. Ele arrasava H.P.B., que sabia no íntimo de seu ser, quão falso ele era. Então a Condessa recebeu uma carta do Dr. Hubbe Schleiden, presidente da Sociedade Teosófica Alemã. Ele acabara de ler o relatório e escrevera para dizer que, a menos que H.P.B. pudesse explicar como poderia ser achada e provada uma semelhança entre o inglês de H.P.B. e do Mahatma K.H., ela ficaria acusada para sempre de engano e fraude. H.P.B. descreve o que a Condessa fez a respeito da situação e o que aconteceu para ela própria, depois que leu o Relatório.
Meu querido senhor Sinnett: Recebo a instrução de vos comunicar o seguinte: primeiro deixai-me dizer-vos que a Condessa foi para Munich, em disparada, para tratar de salvar Hubbe de sua debilidade, e a Sociedade de se desmoronar. Esteve toda a tarde em transe, saindo e entrando em seu corpo. Viu o Mestre e o sentiu toda a noite: ela é uma grnde clarividente. Bem, depois de ler algumas páginas do Report4, senti-me tão desgostosa com as mentiras gratuitas de Hume e com as deduções absurdas de Hodgson, que, no meu desespero quase deixei tudo. O que poderia eu fazer ou dizer contra um indício no mundo naturalmente mundano! Tudo era contra mim e só me restava morrer. Meti-me na cama e tive a visão mais extraordinária. Havia chamado em vão os Mestres, que não me acudiram durante o meu estado de vigília, mas agora, no meu sonho, vi os dois. Encontrei-me de novo na casa do Mahatma K.H. (revivendo uma cena de anos atrás). Eu estava sentada num canto, sobre uma esteira, e ele estava caminhando pela casa, no seu traje de montaria, e o Mestre falava com alguém detrás da porta. E ao responder-lhe a uma pergunta Sua sobre uma tia morta, disse: "Eu recordar não posso". Ele sorriu dizendo: "Curioso o inglês que falais". Então me senti envergonhada, ferida na minha vaidade, e comecei a pensar (notai bem, em meu sonho ou visão, que era a reprodução exata do que ocorrera, palavra por palavra, há 16 anos): "agora estou aqui falando senão inglês em linguagem fonética verbal: talvez possa aprender melhor com ELE". (Para esclarecer, com o Mestre eu também usava o inglês, fosse bom ou mau, pois tanto fazia para Ele, já que não o fala, mas compreende cada palavra que digo, tomando-a na minha cabeça; sou levada a compreendê-lo, como, jamais poderia dizer ou explicar, ainda que me matassem, mas o compreendo. Com D.K.6 também conversava em inglês, já que ele o fala melhor que o Mahatma K.H.). Então, ainda em meu sonho, três mêses depois (e esse transcurso de tempo senti no sonho) encontrava-me de pé ante o Mahatma K.H., perto do velho edifício cuja demolição ele obsevava, e como o Mestre não estava em casa, levei-lhe algumas frases em Senzar, que eu estava estudando no quarto de sua irmã, e pedi-lhe que me dissesse se as havia traduzido corretamente, dando-lhe um pedaço de papel com essas frases em inglês. Ele o pegou e as leu, corrigiu a interpretação, leu-as de novo e disse: "Agora o teu inglês está melhorando: procura captar de minha cabeça mesmo o pouco que conheço dele". E pondo a sua mão na minha testa, na região da memória, fez ali uma pressão com os seus dedos (e até senti também a mesma dorzinha ali, e o calafrio que já havia experimentado) e desde esse dia, Ele manipulou diariamente com a minha cabeça, durante dois mêses. De novo muda a cena e me afasto com o meu Mestre, que estava me
mandando de regresso à Europa. Vejo-me depedindo da irmã do Mestre K.H. e do filhinho dela, assim como de todos os Chelas. Escuto de novo o que dizem os Mestres. E então vêm as palavras de despedida do Mahatma M.H. rindo-se de mim, como sempre o fez, e dizendo: "Bem, se não aprendestes muito das Ciências Sagradas e do Ocultismo prático (e quem poderia esperar que uma MULHER o fizesse?) ao menos aprendestes um pouco de inglês. Falais agora somente um pouco pior do que eu!", e riu. De novo muda a cena; encontro-me na rua 47, em Nova Iorque, escrevendo Isis e a sua voz ditando para mim. Neste sonho ou visão retrospectiva, escrevi outra vez toda Isis e poderia agora indicar todas as páginas e frases que o Mestre K.H. ditou (assim como as que o meu Mestre ditou), escrevendo-as no meu mau inglês, enquanto Olcott arrancava punhados de cabelos, desesperado de não poder compreender jamais o seu significado. Vi-me de novo, noite após noite, deitada, escrevendo Isis em meus sonhos, em Nova Iorque, positivamente escrevendo em meu sonho, e senti as frases que o Mestre K.H. impressionava em minha memória. E então, ao despertar dessa visão (agora em Wurzburg) ouvi a voz do Mahatma K.H.: "e agora soma dois e dois, pobre mulher cega: O mau inglês e a construção das frases, conheceis, sem dúvida, embora isso aprendestes de mim...afastai para longe o menosprezo que vos arrojou esse homem mau aconsehado e vaidoso(Hodgson): explicai a verdade aos poucos amigos que acreditarão em vós, pois o público nunca o fará até o dia em que apareça a Doutrina Secreta". Despertei e foi como um relâmpago de luz, mas ainda não compreendia a que se referia. Mas, uma hora depois, chega a carta de Hubbe Schleiden para a Condessa, na qual ele diz que, a menos que eu explique porque Hodgson encontra e prova essa semelhança entre o meu defeituoso inglês e certas expressões do Mahatma K.H., a construção de frases e galicismos peculiares, continuo sendo acusada para sempre, de engano e falsificação e quem sabe do que mais!! Naturalmente, eu aprendi o meu inglês com Ele! Mesmo Olcott deve compreender isto. Sabeis, e eu o disse a muitos amigos e inimigos que me foi ensinado o terrível inglês de Yorkshire pela minha ama, que era chamada de "Governante". Desde a época em que meu pai me levou a Inglaterra, na idade de quatorze anos, achando que eu falasse um belo inglês e as pessoas perguntavam se eu tinha sido educada em Yorkshire ou na Irlanda, rindo-se de minha pronuncia e da minha maneira de falar, abandonei completamente o inglês, evitando falá-lo tanto quanto podia. Dos quatorze até ados os quarenta anos, nunca o falei nem o escrevi, tendo o esquecido por completo. Podia ler (o que fiz muito pouco), mas não podia falar. Recordo como me foi difícil
entender um livro bem escrito em inglês, lá pelo longínquo ano de 1867, em Veneza. Tudo o que sabia quando cheguei à América em 1873, era falar um pouco, e isso pode ser testemunhado por Olcott e Judge, assim como por todos que então me conheceram. Gostaria que as pessoas vissem um artigo que, certa vez, tentei escrever para o Estandarte da Luz, no qual, em vez de temperamento sanguíneo, puz sanguinário, etc. Aprendi a escrevê-lo por meio de Isis, isso é certo, e o professor A. Wilder, que vinha semanalmente ajudar Olcott na disposição dos capítulos e a escrever os índices, pode atestá-lo. Quando concluí o livro (e o atual Isis é apenas a terça parte do que escrevi e destruí), podia escrever como o faço agora, nem melhor, nem pior. A minha memória e minhas faculdades parecem terem desaparecido desde então. Que tem de estranho então, que meu inglês e o do Mahatma mostrem semelhanças? Também ocorre o mesmo com o de Olcott e o meu em nossos americanismos, que eu peguei dele nestes dez anos. Eu, traduzindo mentalmente tudo do francês, não teria escrito cético com K, embora o Mahatma K.H. o fizesse, e quando o escrevi com c, Olcott, Wildere o revisor das provas, o corrigiram. O Mahatma K.H. conservou esse hábito, mas eu não, desde que fui a Índia. Eu não teria posto carbólico em vez de "carbônico" e fui a primeira em assinalar o equívoco quando Hume me mostrou a carta do Mahatma, em Simla, onde ocorreu. É sem sentido e tolice por parte dele, publicá-lo, pois, se ele diz isso, referindo-se à uma frase encontrada em alguma revista, então a palavra escrita corretamente estava ali, diante dos meus olhos, ou dos de qualquer chela que precipitou a carta, e portanto, é evidente um lapsus calami se houvesse algum calami na precipitação. "Diferença na escrita" oh, que extraordinário! Foi o Mestre K.H. que escreveu todas as suas cartas? Só o céu sabe quantos chelas as precipitaram e as escreveram. Pois bem, se existem diferenças tão marcadas entre as cartas escritas mecanicamente pela mesma pessoa (como é, por exemplo, o meu caso, que nunca tive uma caligrafia firme) quanto mais será na precipitação, que é a reprodução fotográfica proveniente do cérebro de alguém, e eu aposto qualquer coisa que nenhum chela é capaz de precipitar sua própria escrita duas vezes exatamente da mesma maneira (os Mestres podem); sempre haverá uma diferença e bem marcada, assim como nenhum pintor poderia pintar duas vezes a mesma semelhança (veja-se Schmiechen com os os seus retratos do Mestre). Tudo isso será facilmente compreendido pelos teósofos (nem por todos) e por aqueles que meditaram profundamente e que conhecem algo da filosofia. Quem pode crer em tudo que digo nesta carta, a exceção de alguns poucos? Ninguém. E, no entanto, exigem-me uma explicação, e quando ela é dada (caso transcreveis de fatos que eu posso vos proporcionar) ninguém
irá crer. Entretanto, tereis que demonstrar, pelo menos, uma coisa: que as comunicações ocultas, cartas escritas, etc., não podem ser julgadas pelas normas comuns, nem por peritos. Não existem três soluções, mas duas. Ou eu inventei os Mestres, sua filosofia, escrevi as suas cartas, etc. ou não o fiz. Se eu os inventei e os Mestres não existem, então os seus escritos não poderiam igualmente ter existido: eu os teria inventado também; nesse caso, como posso ser chamada de "falsificadora"? São os meus escritos então e eu tenho o direito de usá-los se sou tão hábil. Quanto a inventar a filosofia e a doutrina, a "Doutrina Secreta" o demonstrará. Agora me encontro aqui só, com a Condessa como testemunha. Não possuo livros, nem alguém que me ajude. E eu vos digo que a "Doutrina Secreta" será vinte vezes mais erudita, filosófica e superior à Isis, que ficará obscurecida. Há agora centenas de coisas que tenho a permissão de dizer e explicar. Mostrará o que pode fazer uma espiã russa, uma falsificadora e plagiária, etc., declarada. A "Doutrina", como um todo é mostrada como sendo a pedra fundamental de todas as religiões, incluindo o Cristianismo, apoiada na solidez dos livros exotéricos hindús publicados, com os seus símbolos explicados esotericamente. Também se mostrará a extrema lucidez do "Budismo Esotérico" e a correção de suas doutrinas demonstrada de modo matemático, geométrico, lógico e científico. Hodgson é muito hábil, mas não obastante diante da verdade e ela triunfará, após o que, posso morrer com tranquilidade. E Babula também escrevendo as minhas cartas dos Mestres! Hume descobre, cinco anos mais tarde, que o envelope da Municipalidade que Babula me trouxe, havia sido "violado"! Que boa memória deve ter esse seu portador mahometano, para recordar-se que era precisamente esse envelope! E a carta para Garstin, que Mohini levou-lhe, duas horas e meia depois que a carta havia sido colocada no "santuário" e havia desaparecido do mesmo. Sua carta fechada com cola com toda precaução, não apresentando marcas como as que são agora descritas; e transcorridos, agora dois anos, depois de ter ado por 1000 mãos, manuseada por Garstin, e pelos próprios peritos, tratando de averiguar como poderia ter sido aberta! Agora todos se voltam contra mim! E as mentiras de Hume. E esse papel tibetano ou nepalês que ele soube que poderia ser encontrado próximo a Darjeeling. Devéras. Eu anexo uma tira desse papel para vosso exame e com a vossa boa memória, certamente o reconhecereis. É o pedaço original no qual as primeiras lições do Mestre foram dadas a vós e a Hume, em seu Museu em Simla. Já o vistes muitas vezes. Por obséquio, quando o reconhecerdes, devolvei-o. Isto é pessoal e confidencial e rogovos por vossa honra, que não o deixeis escapar de vossas mãos, nem o deis a pessoa alguma. Nenhum perito ou orientalista
encontraria ou compreenderia algo no papel senão letras que têm um significado para mim, e para ninguém mais. Mas o que quero que vejais e recordeis é que fui a Darjeeling um ano depois que Hume discordou de K.H. e eu consegui esse papel em Simla quando começaram as primeiras lições. E ao longo de todo o esse relatório se multiplicam as mesmas mentiras, falsos testemunhos, etc. Vossa. Já não mais aflita. H.P. Blavatsky
Carta Nº 141 Madame Coulomb espalhou a história de que, além de ser uma espiã russa, H.P.B. era bígama; de que ela se casara com um homem chamado Agardi Metrovitch, um revolucionário húngaro ou russo a quem ela salvou da morte na Turquia e que ajudou mais tarde no Egito. A história era totalmente falsa, naturalmente, mas causou muito aborrecimento para H.P.B. Sinnett estava nessa época escrevendo ou se propondo a escrever, o seu livro, "Episódios na Vida de Madame Blavatsky". Ele desejava incluir a verdade a respeito da personagem Metrovitch, que Madame Coulomb torcera e distorcera o suficiente para tornar H.P.B. uma criminosa. Ele achava que poderia neutralizar os efeitos das mentiras de Coulomb e o relatório da S.S.P. Ela prometeu ajudá-lo e procurar lembrar o que pudesse do ado. Meu querido Sinnett: Fazei o que quiserdes. Estou em vossas mãos. Apenas não posso ver que mal poderia haver se fosse dito aos advogados que é uma mentira que eu seja Madame Metrovich, ou qualquer outra Madame, senão eu mesma. Isso os satisfaria e faria com que eles parassem de me enviar cartas com esse nome, pois seguramente não são tão tolos a ponto de não saber que essa acusação ostensiva é contra a lei. É porque a Bibiche confundeos com a crença de que eu era na verdade uma bígama e eles me tornaram uma trigama. Bem, muito em breve posso receber alguma carta, a mim dirigida, com o nome de senhora Leadbeater ou senhora Damodar, ou talvez ser acusada de ter um filho com Mohini ou com Bowajee. Quem pode dizer, a menos que algo SEJA refutado? Mas tudo isso são pequenas coisas sem importância. Há algo que me produz indizível desgosto e me põe enferma, é a idéia do ocultamento de nomes. Odeio o incógnito e a troca de
nomes. Por que eu vos daria mais problemas além dos que já tem comigo? Por que deverieis perder tempo e dinheiro para vir me ver? Não façai isso. Enviarei a minha bagagem adiantadamente e chegarei com Luisa, tranquilamente, e em segunda classe, ando a noite em Bonn ou em Achen (Aix la Chapelle), ou em algum lugar na estrada. Os alojamentos serão caros em Ostende durante junho, mas não antes. Além disso, posso ir a algum lugar próximo. Eu não sei quando vou sair daqui. Pode ser que seja no dia 1º. ou 15. Já paguei até essa data. Por que a senhora Sinnett não viria com Dennie? Onde está o mal e por que não deverá ficar comigo se encontro um bom alojamento? Não me sentiria feliz se ela não estivesse comigo, assim por que alojar-se em outra parte? Somente seria um incômodo para ela e um aborrecimento de espírito para mim. Escrevi à minha tia e irmã dando-lhes o endereço de Redway. Todas as cartas vos serão dirigidas, aos cuidados dele, dizendo debaixo de vosso nome: somente para Madame B. Entretanto, pouco me importa receber cartas ou não. Nos jornais russos apareceu um artigo longo, em meu louvor e glorificação, no qual sou chamada de "a mártir da Inglaterra". É reconfortante e me faz sentir como se realmente fosse uma grande espiã russa! Escutai, se souberdes, mas, nesse caso, jamais acreditareis. Bem, podeis não crer, mas, algum dia, sereis obrigado a crer. Gladstone é um católico romano, secretamente convertido. Isto é certo. Entendei como quiserdes, mas não podeis alterar os FATOS. Ah, pobre Inglaterra; e loucos e cegos são aqueles que procuram destruir a Sociedade Teosófica! Bem, devo dizer algumas palavras a respeito. Dizeis, "nós estamos quase sem esperanças... paralizados desamparados. As seções sa e alemã encontram-se praticamente mortas. O movimento em Londres só poderá ser revivificado nalgum futuro longíquo, etc." E vos é perguntado: como é isto? Vós não estais morto. A Condessa vive. Ao vosso redor há dois ou três companheiros que ainda respiram. A Sociedade na Índia progride e NUNCA pode morrer. Na América está se tornando um grande movimento. O doutor Buck, o Professor Goues, Arthur Gebhard, com alguns mais, são auxiliados porque eles se movimentam e demonstram o seu maior desprezo por tudo o que se diz, se imprime ou se fala nas ruas. Oh, esforçai e sede intuitivo!; por uma questão de piedade, não fechei os olhos e porque não podeis ver objetivamente, não paralizeis a ajuda subjetiva que aí está viva, respirando, evidente. Acaso tudo o que se encontra ao vosso redor não mostra a indestrutibilidade da Sociedade se virmos como as furiosas ondas levantadas pelo mundo dos Dugpas tem, nos últimos dois anos, se avolumado,
espalhando-se e batendo furiosamente em torno da Sociedade para quebrar o que? apenas a estrutura carcomida da "Arca do Dilúvio". Acaso elas levaram de roldão alguém realmente digno do movimento? Nenhum. Suspeitais que os "Mestres" querem terminar com o movimento? Eles vêem que não compreendeis o que eles estão fazendo, e o lamentam. Eles é que devem ser culpados pelo que aconteceu ou nós mesmos? Se o Fundador da Sociedade e os Fundadores ou os Presidentes das Lojas tivessem sempre tido em conta o fato de que não é tanto a quantidade que necessitamos, mas a qualidade, para o êxito da Sociedade, a metade dos desastres teriam sido evitados. Dois caminhos se apresentavam para a Loja de Londres como se apresentam diante de qualquer outra Loja, quando recolhestes os seus fragmentos dispersos e reconstruistes com eles o corpo próspero que foi: aquele que conduzia à formação de uma Sociedade secreta e arcana, de ocultistas práticos estudantes; o outro que levava a um grupo social e aberto. Sempre preferistes esta última. A todos vos foi dada a oportunidade para a formação de um grupo interno: não quisestes utilizar a vossa autoridade e a delegou ao Presidente nominal, que oscilava cada vez que soprava uma brisa suave, tanto interna como externa, arruinando e abandonando a Loja. Cada vez que se fez uma tentativa dessa natureza, era, ou repelida ou, se realizada, continha em si um elemento tão forte de impostura, que resultava em um fracasso. Constatou-se que era impossível auxiliá-la e foi deixada à sua sorte. Existe um provérbio asiático: "Podeis cortar a serpente da sabedoria em centenas de pedaços; enquanto o seu coração, que está na sua cabeça, permanecer intocado, a serpente unirá os seus pedaços e viverá de novo". Mas quando o coração e a cabeça parecem estar em todas as partes e não estão em nenhuma, o que se pode fazer? Pelo fato da Loja de Londres ter tomado o seu posto e lugar entre as instituições públicas teria que ser julgada por suas aparências. Não é bastante elogiar o Corpo e as suas Lojas escolas de moralidade, sabedoria e benevolência, pois o mundo externo sempre as julgará pelo que fazem. A Loja esteve sempre necessitada de trabalhadores eficientes, e como em qualquer outra organização, o trabalho recaiu sobre muito poucos. E desses poucos, só um tinha um objetivo definido em vista, buscando-o firme e determinadamente: VÓS. Entretanto, a vossa cautela natural e o vigoroso elemento de sociedade mundana dentro do Corpo Oculto, o sentido de individualidade e correção inglesas em cada membro, impediu-vos por um lado, de fazer valer os vossos direitos como devieis ter feito, e levou os outros a se separarem de vós completamente, cada um determinado a agir como ele ou ela achasse melhor, para assegurar a sua própria salvação e satisfazer as suas aspirações para "esgotando Karma num plano mais elevado", na frase tola que agora circula entre eles. Tendes razão ao dizer
que "os golpes que foram assestados contra o movimento" surgiram todos das consequências das delegações da Índia"; estais errado ao pensar que: (1) essas consequências não teriam sido tão desastrosas, se o elemento hindú não se tivesse ajudado e empurrado fortemente para o dano; e (2) que "os poderes superiores desejam deter o crescimento da Sociedade". Mohini foi enviado e, a princípio, ganhou todos os corações e verteu uma nova vida na L.L. Ele se perdeu pela adulação masculina e feminina, a incessante lisonja e sua própria debilidade; a vossa reserva e orgulho deixaram-vos ivo quando deverieis ter intervido. O primeiro projétil do mundo Dugpa veio da América; vós o acolhestes e destes o calor do vosso coração; levastes a que escreve, mais de uma vez, quase ao desespero; os vossos cuidadosos os, e o vosso sincero esforço, vossa devoção à verdade e aos "Mestres" foram ineficazes nesses momentos para discernir a verdade real, para receber o que se deixou de dizer no lugar do que não podia ser dito, deixando assim a mais ampla margem para a suspeita. A última não era sem fundamento. O elemento Dugpa triunfou amplamente em um dado momento. Por que? Porque acreditastes numa pessoa que foi enviada pelas forças oponentes para a destruição da Sociedade, e permitiu que atuasse como se ela e os outros representassem os "poderes superiores", como os chamais, cujo dever não era de intervir na grande probação, salvo no último momento. Até hoje, sois incapaz de dizer o que foi verdadeiro e o que foi falso, porque não existe um lugar aparte, separado da Sociedade e consagrado ao elemento único puro nela, amor e devoção à verdade, seja ela abstrata ou concentrada nos "Mestres" - um lugar no qual nenhum elemento de individualidade ou egoismo penetrasse - um verdadeiro grupo interno, é o que quero dizer. O Grupo Oriental demonstrou ser uma farsa. A senhorita...tem mais interesse nos chelas (?) do que nos Mestres; está cega ante o fato de que aqueles que eram (e ainda pensa que são) mais devotados à Causa, aos Mestres e à Teosofia, chamai-o por qualquer nome, são os mais provados; que ela está sendo provada agora, que é sua última prova e parece que ela não surge da prova como conquistadora. Dizeis: "Na ausência de quaisquer meios de comunicação direta com eles, somente posso julgar pelos indícios," dizeis. Os indícios são evidentes. É a grande prova suprema para todos. Aquele que permaneça ivo não perderá nada, mas não ganhará nada quando tudo estiver concluido. Ele pode mesmo fazer com que o seu Karma o atrase com suavidade na senda por onde já ascendia. O que vos falta lastimosamente é a abençoada auto-confiança de Olcott, e perdão, a sua audácia, vulgar, mas a mais potente. Não necessitamos abandonar o tato nem a cultura para possui-la. É um Proteu de muitas faces que pode voltar qualquer uma delas para o inimigo e obrigá-lo a se resguardar. Se a L.L. está
composta apenas de seis membros (sendo o Presidente o sétimo) e essa "vielle garde" enfrenta serenamente o inimigo, não o permitindo saber quantos sois e impressionando-o com a aparência externa de uma multidão mediante a utilização de folhetos, convocatórias e outras provas materiais claras de que a Sociedade não foi abalada, que não sentiu os golpes, que se mostra totalmente indiferente ao inimigo, logo ganhareis a batalha, tereis esgotado o inimigo antes que ele consiga cansar até o último membro da Sociedade. Tudo isso pode ser alcançado com facilidade e nenhum "desastre demolidor" afetará realmente a Sociedade, se os seus membros têm bastante intuição para ver o que "os poderes superiores" querem realmente, e o que podem ou não impedir. O que mais se necessita é o discernimento espiritual. "Não é tanto a questão de salvar o que resta da Sociedade, quanto recomeçar o movimento em outro momento futuro". Esta é uma política fatal. Segui-a e tereis rompido, por essa época (futura), cada fio invisível, mas poderosamente vital, que liga a L.L. com os ashrams, além das grandes montanhas. NADA PODE MATAR A L.L., exceto uma só coisa; a ividade. Sabei isto, vós que reconheceis, "não se sentir agora com ânimo para dar conferências e discursos. "TRABALHAI OCULTAMENTE", é o melhor que podeis fazer, mas não em silêncio, se não quereis destruir a Sociedade e as vossas aspirações pessoais com a vossa própria mão. Nem todos são oradores da L.L., e felizmente, porque seria uma torre de Babel. Nem todos são sábios, mas os que o são deveriam compartilhar com os demais. Arranjai para tornar as coisas completas. Façai com que as vossas atividades estejam em proporção com as vossas oportunidades e não desviei o vosso rosto destas últimas, mesmo das que são criadas por vós mesmo. "Arremessai os ardentes tições separados e logo se apagarão; juntai-os e se inflamarão numa chama que subirá até o firmamento com um fulgor avermelhado". Assim, a Loja de Londres reluzirá se a perturbação for mantida à distância, se não se deixa suas chamas queimarem e se esgotarem como pontos de luz, isolados e intermediários, mas são reunidas e focalizadas em um amplo resplendor pela mão do seu Presidente, e se essa mão não deixa cair a bandeira que lhe foi confiada. O barro humano nunca se adere, nem mancha a chama contra a qual se arremessa. Só adere com firmeza no mármore, ao coração frio que perdeu a última chispa da Chama Divina. Na verdade, os "Mestres" e os "Poderes que sejam", chamariam e guiariam muitos daqueles tristes, solitários e fatigados nesta bela terra da Teosofia oculta e psíquica para se reunirem com eles ao redor de seus altares. Dois, em corpo físico, triunfaram e encontraram os declarados "Invisíveis", cada um por sua própria senda. Porque os ensinamentos da "Ordem" são como pedras preciosas: para qualquer lado que sejam giradas, a luz, a
verdade e a beleza lançam os seus raios e guiarão o fatigado caminhante que as busca, desde que ele não se detenha em seu caminho para seguir os fogos-fátuos do mundo ilusório e permaneça surdo ao rumor público. Agora, por piedade, tratai de despertar de uma vez as vossas intuições, se puderdes. Sofro mesmo por vós e faria qualquer coisa para ajudar-vos. Mas vós me impedis. Perdoai esta carta e tratai de reconhecer o que há por trás das minhas palavras. H.P.B.
Carta Nº 142a A Carta 14A está escrita por Damodar Mavalankar, que era uma figura importante nos primeiros dias da S.T. Ele era um chela do Mahatma K.H. e finalmente juntou-se ao Mestre permanentemente. Sinnett, que estava sinceramente interessado no bem-estar da S.T., havia pedido algumas sugestões. A Carta 14A contém as sugestões de Damodar. A SOCIEDADE TEOSÓFICA Com referência às Regras e Organização da Sociedade permito-me fazer as seguintes sugestões. Os pontos que eu enfatizo, parecem-me muito necessários, pois eu tenho conversado com muitos hindús e julgo conhecer melhor o caráter hindú do que qualquer estrangeiro. Uma impressão geral que parece prevalecer é a da Sociedade ser uma seita religiosa. Essa impressão tem a sua origem, penso, em uma crença comum de que a Sociedade é totalmente devotada ao Ocultismo. Até onde posso julgar, esse não é o caso. Se assim for, o melhor curso a se adotar seria tornar a Sociedade secreta, e fechar as suas portas para todos, exceto àqueles muito poucos, que possam ter mostrado uma determinação para devotar todas as suas vidas ao estudo do Ocultismo. Caso não seja assim, e estiver sobre o princípio amplo e Humanitário da Fraternidade Universal, que o Ocultismo, uma das suas várias ramificações, seja inteiramente um estudo secreto. Desde tempos imperiais esse conhecimento sagrado tem sido guardado do vulgo com grande cuidado, e porque uns poucos de nós tiveram a grande ventura de entrar em contato com algunss dos guardiães desse tesouro inapreciável, é correto de nossa parte tirar vantagem da bondade deles e vulgarizar os segredos que eles consideram mais sagrados, mais do que as suas vidas? O mundo ainda não está preparado para ouvir a verdade acerca desse assunto.
Colocando os fatos diante do público em geral, não preparado, somente ridicularizamos aqueles que foram tão bondosos conosco e que nos aceitaram como seus colaboradores para fazer o bem à humanidade. Ao tocarmos demais sobre este assunto, tornamo-nos, em certa medida, odiosos aos olhos do público. Avançamos tanto que, inconscientemente para nós mesmos, levamos o público a acreditar que a nossa Sociedade está sob a direção única dos Adeptos, quando que toda a direção está nas mãos dos Fundadores, e os nossos Instrutores nos dão conselhos, somente em raros casos excepcionais, da maior urgência. O público viu que os Fundadores - devem ter compreendido mal os fatos, dado que erros na istração da Sociedade - muitos dos quais poderiam bem ter sido evitados pelo exercício de um bom senso normal - se tornaram, às vezes, conhecidos. Portanto, o público ou chegou à conclusão que (1) Ou os Adeptos não existem de modo algum; ou (2) Se existem, eles não têm conexão alguma com a nossa Sociedade, e portanto, nós somos impostores desonestos; ou (3) Se eles têm qualquer conexão com a Sociedade, deve ser apenas com os de um grau muito inferior, pois, sob a sua orientação, tais erros ocorreram. Com as poucas e nobres exceções daqueles que têm inteira confiança em nós, nossos Membros hindús chegaram a uma dessas três conclusões. É, portanto, necessário na minha opinião, que prontas medidas devam ser adotadas para remover essas suspeitas. Para isso, eu vejo somente uma alternativa: (1) ou a Sociedade toda deveria ser devotada ao ocultismo, e nesse caso, seria completamente secreta, como uma Loja Maçonica ou Rosacruciana ou, (2) Ninguém poderia conhecer nada acerca do ocultismo, exceto aqueles muito poucos que, pela sua conduta mostraram a sua determinação de se devotar a esse estudo. Como a primeira alternativa foi considerada não recomendável pelos nossos "Irmãos" e positivamente proibida, resta a segunda. Uma outra questão importante é da issão de Membros. Até agora, qualquer um que expressasse um desejo de se filiar e pudesse conseguir dois patrocinadores, podia filiar-se à Sociedade, sem que pesquisássemos mais profundamente sobre os seus motivos. Isto levou a dois resultados maléficos. As pessoas pensaram ou pretenderam pensar que nós queremos Membross simplesmente para recebermos as suas Taxas de Iniciações, das quais vivemos; e muitos se filiaram por simples curiosidade, pois eles pensaram que, pagando uma Taxa de Iniciação de Dez Rúpias, eles poderiam ver fenômenos.
E quando eles ficaram desapontados nisso, eles se voltaram contra nós, e começaram a insultar a nossa CAUSA para a qual nós temos trabalhado e compromissado as nossas vidas. A melhor maneira para remediar este mal seria excluir essa classe de pessoas. Surje, naturalmente, a questão de como isso pode ser feito, desde que as nossas Regras são tão liberais a ponto de se itir qualquer um? Mas, ao mesmo tempo, nossas Regras prescrevem uma Taza de Iniciação de Dez Rúpias. Isso é muito pouco para impedir os buscadores curiosos, que, pela chance de serem satisfeitos, sentem que podem muito bem despender essa modesta soma. A taxa poderia, portanto, ser muito aumentada a fim de que somente se filiassem os que sejam realmente sinceros. Necessitamos homens de princípio e de finalidade séria. Um desses homens pode fazer mais para nós do que centenas de caçadores de fenômenos. A taxa deveria, no meu julgamento, ser aumentada para 200 ou 300 rúpias. Poderia ser argumentado que assim podemos excluir na verdade, pessoas muito boas, que sejam sinceras e ardorosas, mas impossibilitadas de pagar essa taxa. Mas penso que é preferível arriscar a possível perda de uma boa pessoa do que ter uma multidão de inativos, sendo que um desses pode arruinar o trabalho de todas as pessoas sinceras. E, no entanto, mesmo esta situação pode ser evitada. Pois, como agora itimos alguém como membro, que parece merecê-lo especialmente, sem ter que pagar os seus próprios emolumentos, assim a mesma coisa poderá ser feita na mudança proposta. DAMODAR K. MAVALANKAR, M.S.T. Respeitosamente submetida à consideração do Sr. Sinnett.
Carta Nº 142b Respeitosamente submetida à consideração do Sr. Sinnett, sob as ordens diretas do Irmão Koot Hoomi. DAMODAR K. MAVALANKAR Com a exceção da taxa - muito exagerada - os seus pontos de vista são completamente corretos. Essa foi a impressão causada na mente dos hindús. Eu espero, meu caro amigo, que incluais um parágrafo mostrando a Sociedade no seu verdadeiro aspecto. Escutai a vossa voz interna, e obrigado uma vez mais. Vosso muito fielmente, K.H.
Carta Nº 143 Esta é uma carta muito curta e uma das poucas da coleção onde ambos os lados do papel foram usados. O Cel. Olcott e H.P.B. deixaram Simla em 21 de outubro, indo para Amritsar e para um giro no noroeste da Índia. Os Sinnetts retornaram a Allahabad, a sua residência permanente, em 24 de outubro. O fenômeno probatório do episódio do travesseiro parecia tão perfeito ao Sr. Sinnett que, antes que deixasse Simla, ele escreveu uma nota pequena perguntando ao Mahatma se ele desejava que a história fosse descrita no "Pioneer". A resposta chegou depois que os Sinnetts atingiram Allahabad. O Mahatma aprovou a publicação da história "em consideração a nossa amiga muito maltratada" (H.P.B.) que ficara sujeita à uma crítica contrária muito grande depois da publicação da história do broche nº.1. E também como resultado de um outro episódio envolvendo um zêlo excessivo por parte do Cel. Olcott, que será examinado mais adiante. Sinnett diz no "O Mundo Oculto" que as pessoas que inundaram a imprensa com os seus comentários (ele os chama "simples comentários"), querendo, obviamente, dizer "comentários estúpidos" porque alguns deles eram ridiculamente forçados; ele menciona alguns deles) nada tinham a dizer a respeito do "episódio do Travesseiro". Gostarieis que o fenômeno do travesseiro fosse descrito no jornal? Com toda a satisfação eu seguirei a vossa sugestão. Sempre vosso, A.P. Sinnett Certamente seria a melhor coisa a fazer, e eu pessoalmente me sentiria sinceramente agradecido a vós em consideração ao nosso amigo muito iludido. Tendes toda a liberdade para mencionar meu primeiro nome se isso vos ajudar nalguma coisa. Koot Hoomi Lal Sing
Carta Nº 144
Veja Notas à Carta nº.50 Impossível: sem poder. Escreverei através de Bombaim. K.H.
Carta Nº 145 Esta é a última carta a ser recebida diretamente do Mahatma. Coragem, paciência, e esperança, meu irmão. K.H.