Avaliação da Aprendizagem: um guia prático Learning Assessment: a practical guide DEPRESBITERIS, Lea; TAVARES, Marialva Rossi. Diversificar é preciso: instrumentos e técnicas de avaliação da aprendizagem. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009, 192 pág., ISBN: 9788573598520, R$ 42,00. Esse livro chegou na hora certa! Ocasião em que muitos estudos e pesquisas estão sendo desenvolvidos sobre as diferentes formas de avaliação, juntamente com as questões de equidade, igualdade social e a busca da boa qualidade na educação para todos. De modo geral, as avaliações sempre estão relacionadas à ideia de resultado, que afere ou interfere em alguma coisa, por exemplo, aquelas feitas pelos professores com o objetivo de aferirem a aprendizagem dos alunos e determinarem se eles podem avançar no sistema educacional. Em relação à equidade na educação, estabelecer metas é um o importante na tentativa de assegurar aos indivíduos a educação como um direito social, com o objetivo de combater as desigualdades sociais e proporcionar a inclusão de todos, lembrando que, acima de tudo, o direito à aprendizagem é garantido na Constituição. Na tentativa de corrigir os severos erros do ado, os sistemas de ensino aram a adotar o ability, termo inglês que pode ser interpretado por “prestação de contas”. As autoras apontam que muitos estudiosos consideram importante a sua aplicação, com a finalidade de eximir dúvidas sobre a visibilidade social implícita na avaliação, pois, numa democracia, as informações devem ser socializadas e não podem ficar centralizadas nas mãos de poucos, havendo assim, obrigação ética na prestação de contas. A avaliação pode ter diferentes funções, desde a formativa, com o intuito de promover a melhoria da aprendizagem, até as de classificação, hierarquização, discriminação e de competição. A decisão sobre qual função utilizar cabe ao profissional, de acordo com as suas finalidades, entretanto o livro em questão trata da avaliação da aprendizagem significativa na vida do aluno, ou seja, aquela que pretende que esse sujeito se torne agente transformador da sua prática social. Depresbiteris e Tavares lembram o perigo que a educação enfrenta quando as práticas dos professores caem na rotina e, em especial, nas avaliações, quando, no momento de aplicá‑las, são utilizados sempre
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os mesmos instrumentos. Dessa forma, torna‑se um grande desafio a mudança da mentalidade dos professores e dos alunos para uma visão mais abrangente e inovadora de avaliação. A cultura da prova (testing) gradativamente abre espaço para a cultura da avaliação (assessment), propondo uma discussão mais ampla a partir de suas finalidades. Além disso, atualmente, a avaliação deixa de ter foco exclusivo no desempenho dos alunos e começa a analisar outros aspectos mais amplos, como o currículo e as filosofias e políticas adotadas pelos sistemas de ensino. Dessa forma, a grande meta da avaliação está direcionada em reconhecer o que é importante saber e como utilizar essa informação em prol de uma aprendizagem significativa. Ao discutir as relações entre abordagens de aprendizado e instrumentos de avaliação, as autoras buscam o significado de aprender de acordo com o condutivismo e com o construtivismo. No primeiro caso, a motivação é vista como externa e há o apoio de premiação para reforçar e potencializar a aprendizagem. Já em relação ao segundo, leva‑se em consideração a mente do aprendiz, suas estruturas mentais e as crenças utilizadas para interpretar objetos e acontecimentos. As autoras propõem, então, ensinar conteúdos capazes de: atribuir significados para os alunos; diagnosticar os conhecimentos prévios trazidos por eles; procurar mobilizar profundos esforços nos alunos para o enriquecimento do aprendizado deles; enfatizar o papel da metacognição, que inclui a forma de planejamento dos estudos, com aplicação do que aprenderam e com a utilização das estratégias de estudo estimular a resolução de problemas; ter a impressão da dimensão da avaliação diagnóstica, formativa e mediadora; evitar pré‑julgamentos; levar em conta a multiplicidade de critérios de julgamento; incorporar, na avaliação, o processo de negociação; e diversificar instrumentos e questões de avaliação. Nesse sentido, a principal inovação de Depresbiteris e Tavares nessa obra são as preciosas dicas de procedimentos para educadores em diferentes formas de avaliar, com base na experiência docente, nos estudos e nas pesquisas. É um guia que pode orientar os profissionais nas seguintes tarefas: provas escritas, questões objetivas e dissertativas; provas operatórias; mapas conceituais; análise de casos; prática da observação; provas situacionais; metodologia de projetos; utilização do portfólio; dimensões da prova‑protocolo; roteiro de autoavaliação; redações; exposição oral; entrevistas; jogo de funções; e representação de uma situação real. Diante das contribuições e propostas levantadas nessa obra, vale acrescentar que a intencionalidade do professor no fazer pedagógico é determinante para influenciar positiva e significativamente nas melhores formas de avaliação e na definição da prática pedagógica que devemos adotar no século XXI, época em que as transformações propostas pela era da tecnologia da comunicação e da informação imperam.
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Trata‑se de uma obra atual, prática, contextualizada e enriquecida com as experiências das professoras Léa e Marialva. Sem mais palavras, reservo ao leitor o prazer da leitura do livro. Dados do autor Jurandir dos Santos Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas. Possui especialização em E‑Business pela Faculdade Senac de Ciência e Tecnologia, e mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. É gerente do Senac ‑ São Carlos, psicoterapeuta clínico e institucional, conselheiro da Fundação Educacional de São Carlos (Fesc) e membro da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).
Recebido: 21/12/09 Aprovado: 23/12/09
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