Escola Reflexiva 4g5935

A escola reflexiva em Isabel Alarcão A mudança de que a escola necessita é uma mudança paradigmática. Para mudá-la é preciso mudar o pensamento sobre ela. É preciso refletir sobre a vida que lá se vive, utilizando o diálogo sobre os problemas e frustrações, os sucessos e os fracassos, mas também, manter esse diálogo com o pensamento, próprio e dos outros. A escola reflexiva é aquela que se pensa e que se avalia em seu projeto educativo, é uma organização aprendente que qualifica não apenas os que nela estudam, mas os que nela ensinam.

A Escola de Hoje Para muitos alunos a escola é vista como não estimulante. E após vários anos frequentando a mesma, muitos alunos não revelam as competências cognitivas, atitudinais, relacionais e comunicativas que se espera que possuam e das quais necessitam. Os professores sentem-se cansados, desanimados, solitários e desapoiados pelos dirigentes, comunidades e governos. É unânime o fato de a educação ser fonte de desenvolvimento humano, cultural, social e econômico. Para que esse desenvolvimento ocorra o papel do professor é fundamental. A escola não se trata apenas de um edifício, só um espaço físico. É também um contexto e deve ser, em primeiro lugar, um contexto de trabalho. Para o aluno é aprendizagem em suas mais variadas dimensões. Para o professor, é educação na multiplicidade de suas funções. Não se aprende sem esforço, e as crianças e jovens precisam aprender a se esforçar, a trabalhar, a investir no estudo, na aprendizagem e na compreensão.

Para um bom contexto de trabalho é necessário um ambiente de tranquilidade e de conscientização do lugar que cada um ocupa. É um tempo que não pode ser desperdiçado. Tempo de curiosidade a ser desenvolvida, de convivência saudável e cooperação em local de vivência e cidadania. A escola não tem conseguido acompanhar as mudanças ocorridas na sociedade. Dificilmente ela prepara para viver a complexidade que caracteriza o mundo de hoje, pois é marcada pela interdisciplinaridade. É influenciada pela tradição ocidental, que privilegia o pensamento lógico-matemático e a racionalidade, não potencializa o desenvolvimento global do ser pessoa, ou discrimina e perde os que não se adaptam a esse paradigma. Para mudar a escola é preciso mudar a sua organização e o modo como ela é pensada e gerida. Não apenas os currículos que são ministrados, mas a organização disciplinar e pedagógica. Nos valores e nas relações humanas que nela vivem.

Para mudar é preciso envolver as decisões políticoistrativo-pedagógicas, os alunos e professores, auxiliares e funcionários, pais e a comunidade. As relações das pessoas entre si e de si próprias com o seu trabalho e com sua escola são fundamentais para a vivência de um clima de escola em busca de uma educação melhor a cada dia. A escola e o seu projeto próprio Cada escola necessita desenvolver o seu próprio projeto educacional, devido a especificidade de cada escola. Um projeto institucional específico implica em margens de liberdade concedida a cada escola sem se perder a dimensão educativa mais abrangente, definida para a sua área geográfica, país e mundo.

A educação para o exercício da cidadania

Na sociedade atual é evidente a competitividade, o individualismo, a falta da solidariedade e a alienação em um mundo globalizado. Talvez, por esses fatores explica-se a valorização que vem sendo aplicada à educação para a cidadania. Nela se tem de viver a compreensão da realidade, no exercício da liberdade e da responsabilidade, na atenção e no interesse pelo outro, no respeito às diferenças, no comprometimento com as condições de desenvolvimento humano, social e ambiental.

O protagonismo do professor e o desenvolvimento da profissionalidade docente No ado, o professor era mal compreendido, mas atualmente ocorre uma mudança nesse modo de pensar. A sociedade se esforça para que sejam desenvolvidas condições necessárias ao exercício da docência. E os professores tomam consciência da sua profissionalidade e responsabilidade nos âmbitos individual e coletivo. Como ator social o professor tem um papel a desempenhar na política educativa. N escola, sua atividade ocorre no entrelaçamento das interações

Político-istrativo-curricular-pedagógicas. O desenvolvimento profissional na ação reflexiva, exige do professor a consciência de que sua formação nunca está terminada e do governo, o princípio da formação continuada.

A ESCOLA REFLEXIVA Segundo Alarcão, trata-se de uma organização que continuamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua organização se confronta com o desenrolar da sua atividade em um processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo. Somente a escola que se interroga sobre si própria se transformará em uma instituição autônoma e responsável. É uma escola que se assume como instituição educativa, sabe o que quer e para onde vai. Observa a realidade social, descobrindo os melhores caminhos para desempenhar o papel que lhe cabe na sociedade. É aberta à toda as comunidades: interior e exterior, envolvendo e dialogando com ambas.

Uma escola reflexiva, em desenvolvimento e aprendizado ao longo de sua história, é criada pelo pensamento e pela prática reflexivas que acompanham o desejo de compreensão a razão de ser sua existência, as características de sua identidade própria, os constrangimentos que a afetam e as potencialidade que detém. Se quisermos mudar a escola, devemos assumí-la como organismo vivo, dinâmico, capaz de atuar em situação de interagir e desenvolver-se, de aprender a construir conhecimento sobre si própria, repensando-se estratégica e eticamente.

ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto alegre: Artmed, 2001.

Acadêmica: Juliane Ilha Marafiga