Copyright da edição original em inglês: © 2020 Ryuho Okawa Título original Twiceborn – My Early Thoughts that Revealed My True Mission Tradução para o português © 2021 Happy Science
A Parte 1, “El Cantare na juventude”, foi originalmente publicada no Japão como Heibon kara no Shuppatsu © 1988 Ryuho Okawa.
A Parte 2, “A vitória da fé”, foi originalmente publicada no Japão como o Capítulo 1 de “Shinko no Shori”, em Risou Kokka Nippon no Joken, © 1994 Ryuho Okawa.
IRH Press do Brasil Editora Limitada Rua Domingos de Morais, 1154, 1o andar, sala 101 Vila Mariana, São Paulo – SP – Brasil, CEP 04010-100
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ISBN: 978-65-87485-33-1
Sumário
Prefácio à nova edição Prefácio à edição original
PARTE UM El Cantare na juventude
CAPÍTULO UM Partindo do comum
1. A consciência de ser comum 2. A os de tartaruga 3. Atitudes essenciais no dia a dia 4. Descobertas 5. Novos desenvolvimentos na vida 6. Coragem e autoconsciência
CAPÍTULO DOIS O espírito de independência
1. Uma mente independente 2. Clareza da própria responsabilidade 3. Lições para o autoaprimoramento 4. Consciência das finanças 5. Cumprir promessas 6. Ser independente e andar com as próprias pernas
CAPÍTULO TRÊS Valores diversos
1. Compreender as pessoas 2. Ter interesse 3. Descobrir aspectos maravilhosos 4. Pensar no bem e no mal 5. Considerações sobre a dicotomia 6. Pensamentos sobre o monismo 7. O esplendor da Verdade 8. O que há no coração da diversidade
CAPÍTULO QUATRO
Buda e Deus – O Desconhecido
1. Ansiar por Buda e Deus 2. Memórias de meu pai 3. O espírito de superar o “eu fraco” 4. Visões espirituais da vida 5. Comunicação com o mundo espiritual 6. O conflito entre a Verdade e os negócios
CAPÍTULO CINCO Existência e tempo
1. O que é a existência? 2. A origem da existência 3. O milagre do amor 4. Tempo: o movimento da existência 5. A essência do tempo 6. O tempo visto como vida
CAPÍTULO SEIS Rumo às extraordinárias elevações do amor
1. Um sentimento introspectivo 2. O aparecimento de Nichiren 3. Ame, nutra e perdoe os outros 4. Confronto com o demônio 5. A morte e, depois, a vida 6. Rumo às extraordinárias elevações do amor
Posfácio à edição original Posfácio à nova edição
PARTE DOIS A vitória da fé
1. A Declaração de El Cantare 2. O Buda Eterno 3. A maior felicidade: a liberdade da alma 4. Happy Science: A Luz para salvar a Terra 5. A promessa a Deus 6. O ideal de criar o Reino Búdico 7. A vitória da fé
Sobre o autor O que é El Cantare? O que é uma mensagem espiritual Sobre a Happy Science Contatos Happy Science University Outros livros de Ryuho Okawa
Prefácio à nova edição
A edição anterior deste livro foi publicada no meu 32o aniversário com o título Partindo do comum (“Heibon Kara no Shuppatsu”, na tradução literal). Fazia apenas dois anos que eu havia fundado a Happy Science. Escrevi este livro, uma espécie de autobiografia, enquanto lançava uma série de títulos com mensagens espirituais, como se fossem uma grande torrente de Luz. Apesar de trabalhar arduamente, os dias pareciam curtos demais; eu tinha um longo caminho a percorrer até alcançar minha meta. Três anos mais tarde, em 7 de março de 1991, a Happy Science foi oficialmente reconhecida como uma organização religiosa no Japão, e em julho do mesmo ano realizamos nossa primeira Festividade Natalícia, no Tokyo Dome. Foi nessa palestra que declarei ser El Cantare¹. Esse evento tornou o nome Ryuho Okawa e a existência da Happy Science amplamente conhecidos em todo o Japão. Para mim, aquilo era uma comprovação de sucesso, mas ao mesmo tempo marcou o início de uma batalha contra numerosas organizações dos meios de comunicação. Alguns críticos disseram que eu era apenas um oportunista que começara de um ponto comum e que aquele meu sucesso era inaceitável. Uma crítica sem fundamento, feita por pessoas que tinham uma compreensão superficial do meu livro Partindo do comum. Lembro de ter sido chamado muitas vezes de gênio, isso desde meus 2 anos de idade até os vinte e poucos. Conforme ia ficando mais velho, mais pessoas me descreviam desse jeito. Mas achei que, se eu ficasse facilmente satisfeito com os elogios que recebia dos outros pelos meus talentos, isso acabaria me corrompendo, então decidi adotar o princípio de sentir alegria com o simples fato de me esforçar ao máximo. Muitas escrituras budistas se referem a Sidarta Gautama em seus primeiros dias como um bodhisattva – alguém que se submete a uma disciplina espiritual para alcançar a iluminação. A certa altura, ele alcançou a Grande Iluminação e se tornou Buda, o Grande Mestre. Chamava a si mesmo de Buda, isto é, “O Iluminado”. Porém, não fazia isso por vaidade, mas por acreditar que era verdade. Foi assim que nasceu o Grande Tathagata.
No entanto, muitos discípulos das gerações seguintes dedicaram-se ao treinamento religioso, tornando-se monges e monjas por iração ao Gautama, o bodhisattva. Acredito que descrever minha vida antes de ter alcançado a Grande Iluminação também será um presente às futuras gerações. Dedico El Cantare na juventude a todos os bodhisattvas que estão por vir. Está tudo certo em ser comum; apenas continue sua disciplina espiritual.
Ryuho Okawa Mestre e CEO do Grupo Happy Science 7 de julho de 2002 (meu 46o aniversário) 1 A primeira palestra do mestre Okawa no Tokyo Dome está transcrita na Parte Dois deste livro. (N. do T.)
Prefácio à edição original ²
Até o momento, tenho evitado o quanto possível quaisquer referências à minha vida pessoal, e me concentrado em publicar as Leis ou a Verdade. A razão é que, como diz um antigo provérbio, “Aquele que tem de percorrer 100 quilômetros deve considerar que 99 são apenas metade do caminho”. Sempre disse a mim mesmo que nunca deveria ficar satisfeito com pequenos sucessos se desejasse percorrer mais de “mil quilômetros”. Uma biografia com certeza toca o coração de muitas pessoas, mas, se você fica inebriado com as próprias experiências, seu desenvolvimento filosófico começa a se estagnar. Embora este livro contenha algumas memórias semiautobiográficas, seu propósito é revelar as origens dos meus pensamentos e o processo por meio do qual minha filosofia da Verdade se formou. Minha esperança é que este livro sirva como uma chave para compreender o vasto sistema da Verdade ensinado na Happy Science. Também oro para que seja um guia de vida para os jovens que trilham o caminho rumo à iluminação e para aqueles que ainda estão por vir.
Ryuho Okawa Mestre e CEO do Grupo Happy Science 7 de julho de 1988 (meu 32o aniversário) 2 Esses dois prefácios referem-se à Parte Um, El Cantare na juventude.(N. do T.)
CAPÍTULO UM
Partindo do comum
1
A consciência de ser comum
Decidi publicar El Cantare na juventude – Partindo do comum. Vou falar primeiro das razões pelas quais resolvi escrever um livro com esse título. Na realidade, desde o início fui uma pessoa bastante comum. Porém, apesar de começar como um indivíduo mediano, acabei ensinando muita gente e escrevendo várias obras, e com isso iluminei as pessoas ao redor do mundo. Fazendo um retrospecto dos meus feitos ados, sinto que desenvolvi uma postura mental ou uma maneira de pensar que vale a pena ser compartilhada. Acredito que as próprias palavras da expressão “partindo do comum” são iluminadas. A maioria das pessoas parece ser levada pela preguiça do cotidiano sem refletir profundamente a respeito de si e, sem perceber, acaba perdendo a noção de quem é. Por outro lado, aqueles que estão cientes de sua condição mediana parecem ter uma consciência mais clara dos problemas iminentes. Essa percepção lhes permitirá reconhecer os limites de sua capacidade e de sua força, e os levará a se esforçar para superá-los de algum modo, com novas ideias e soluções criativas. Eu tinha uns 10 anos de idade quando me dei conta de que era um indivíduo mediano. Naquele tempo, sentia plenamente que eu era uma pessoa nada excepcional em termos de capacidade, força física e aparência. Porém, mesmo sendo comum em todos os aspectos, queria pelo menos continuar tendo grandes esperanças em relação ao futuro, por isso sempre mantive ideais elevados. E era um tremendo desafio imaginar de que modo poderia alcançar esses ideais e seguir em frente para chegar a um estado extraordinário, já que tinha a consciência de ser uma pessoa comum. Acredito que, quando a própria pessoa reconhece que é mediana, isso se torna um ponto de partida importante se ela está disposta a fazer uma longa jornada para alcançar níveis extraordinários. Na realidade, reconhecer a própria condição mediana é saber quais são todos os seus pontos fortes e fracos a partir de uma
observação atenta. Só depois de examinar minuciosamente todas as suas forças e fraquezas é possível compreender a dimensão do seu potencial. Por volta da época em que fiquei consciente da minha condição mediana, eu tinha dois sonhos. O primeiro era me tornar um acadêmico. Queria poder apresentar minhas ideias ao mundo e ensinar os outros. Meu segundo sonho era ser diplomata. Tinha o desejo de trabalhar no exterior, interagir com pessoas de diferentes países e ampliar minha capacidade como ser humano. Entre os 10 e os 12 anos de idade, esses dois ideais cresceram no meu coração. Muitos anos se aram desde então, e agora sou o CEO da Happy Science. Não me tornei um acadêmico, mas meu trabalho envolve escrever livros e ensinar pessoas, expondo minhas ideias em um púlpito. Nesse sentido, poderia dizer que meu primeiro sonho praticamente se concretizou. Além disso, antes de entrar no caminho da Verdade, ei seis anos em uma empresa comercial japonesa, trabalhando na linha de frente dos negócios internacionais. Ao estar envolvido em questões de economia internacional, precisava ficar atento aos desenvolvimentos do Japão e do exterior. Todos os dias aprendia algo a respeito das situações globais da atualidade e realizava várias tarefas nesse ambiente de trabalho. Embora não fosse exatamente um diplomata, pode-se dizer que atuei como uma espécie de diplomata do setor privado. Foi desse modo que, até certo ponto, alcancei meus dois sonhos, embora dentro de uma estrutura um pouco diferente da que eu esperava. Hoje, à medida que a Happy Science expande suas atividades do Japão para outros países, espero que esses meus dois sonhos se combinem para gerar frutos ainda maiores. Neste livro, quero compartilhar com você a essência daquilo que pensei e aprendi quando jovem. Isso revelará o que me levou a decidir criar uma organização que pudesse promover o estudo, a investigação e a difusão da Verdade, e por que continuo a levar adiante esse movimento até hoje com a mesma paixão. Consigo ver as luzes da Verdade resplandecendo nas minhas experiências pessoais, e acredito que servirão também como guia e inspiração para muitas pessoas.
2
A os de tartaruga
Ao relembrar meu ado, percebo claramente que estava avançando na vida a os de tartaruga. Nasci na área rural da ilha de Shikoku e fui criado como uma criança normal. Concluí o ensino fundamental e médio em escolas locais comuns, e aos poucos fui desenvolvendo a minha autoconsciência. Meus pais eram pessoas muito trabalhadoras e de coração puro. Nunca me forçaram a estudar. Porém, eu tinha uma vontade natural de estudar seriamente vários assuntos diferentes, um após o outro. Por volta dos 8 anos de idade, na segunda série, meu pai me levou a uma cidade vizinha para comprar uma grande escrivaninha para meus estudos. Fomos até uma loja cheia de móveis de madeira, e lá meu pai me comprou uma escrivaninha e disse: “Filho, essa será sua escrivaninha”. Ainda lembro da emoção que senti. Para um aluno do primário, a escrivaninha parecia imensa, com aqueles vívidos veios da madeira. Eu não via a hora de estudar naquela escrivaninha quando fosse um pouco maior. Quando tinha uns 10 anos de idade e ei para a quarta série, comecei a usar aquela escrivaninha para estudar. Nessa época, tínhamos uma segunda casa, a cerca de 200 metros da nossa, e era lá que eu ia estudar. Era uma sensação especial. Eu estava nos últimos anos do Ensino Fundamental I, e naquela outra casa eu sentia como se tivessem me dado um castelo, só para mim. Toda noite, após o jantar, pegava minha mochila e ia andando pela rua escura até nossa segunda casa. Então, caminhava até o andar de cima, acendia a lâmpada e entrava no meu quarto de estudos. Como ainda era muito novo na época, tinha bastante medo do escuro. Era muito assustador sair da casa dos meus pais e ir andando até lá. Não se tratava de nenhuma construção sólida de concreto ou de uma casa moderna de madeira; era
uma casa bem antiga, de madeira, que havia sido uma fábrica; era tão velha que o vento soprava pelas frestas, e o reboco havia se desprendido em algumas partes das paredes. Eu me trancava ali, acendia uma singela lâmpada de 60 watts e estudava. Aquilo era uma sensação incrível. Ficar ali naquela velha construção de madeira fazia me sentir como um daqueles heróis de histórias de aventuras que lia quando pequeno, como As Aventuras de Tom Sawyer³. Todos os dias eu ia para lá estudar e ficava refletindo sozinho sobre vários assuntos. Acredito que isso me serviu de base mais adiante na vida para ser capaz de pensar profundamente e meditar. Aos 10 anos de idade, já desenvolvia o hábito de pensar por mim mesmo. A construção era muito antiga, e no inverno o vento frio penetrava pelas frestas. Não havia aquecedor, então eu me enrolava num velho cobertor todo puído e calçava luvas para estudar. Era tão frio que precisava colocar também um casaco grosso, um gorro quente e uma máscara facial que cobria minha boca. No início, usava luvas grossas de couro, mas, como era difícil segurar o lápis para escrever, ei a usar luvas finas, de seda. Só que elas não aqueciam o suficiente para proteger minhas mãos do frio, e meus dedos ficavam sempre adormecidos e roxos. Bem, isso acabou se tornando um hábito. Ia me trancar naquela segunda casa quase todas as noites e ficava estudando ou refletindo sobre vários assuntos por minha conta, até perto da meia-noite. Naquela época, eu não seguia um método de estudo muito eficiente. Por exemplo, quando estudava geografia e história, copiava no caderno todo o conteúdo dos livros didáticos, em vez de ler apenas os pontos mais importantes. Em comparação com as técnicas de estudo que aprendi mais tarde, era uma maneira comum de estudar. Aos 10, 11 anos, ava noite após noite copiando os livros da escola e sentia como se estivesse copiando sutras ou algo sagrado. Hoje relembro com nostalgia essa minha maneira tão simples de estudar. Eu ainda não era capaz de saber que caminho iria seguir, mas realmente adorava a sensação de estar me esforçando para alcançar algo elevado, sublime. Mesmo hoje, ainda lembro nitidamente a sensação que tinha naquele tempo. Foi por volta dessa época que comecei a apreciar de fato o espírito de superar meu “eu
mais fraco”. Apesar de usar um método de estudo tão ineficiente, meu desempenho na escola ia aos poucos melhorando. Eu tinha um irmão quatro anos mais velho, muito desenvolvido. Já na pré-escola e no início do ensino fundamental, ele demonstrava um intelecto avançado, e meus pais alimentavam grandes expectativas em relação ao futuro dele. Ele sempre estudava as aulas com antecedência, enquanto eu me concentrava na revisão. Em comparação com meu irmão, sentia que eu era realmente mais lento para produzir resultados. Na época, ainda não sabia a importância de aprender as coisas a fundo, e só me preocupava com a velocidade com que meus estudos progrediam. Naqueles dias, eu tinha muitas vezes um pensamento que dizia: “Sou uma pessoa comum e não sou particularmente inteligente. Mas, apesar disso, se ar três ou quatro horas fazendo o que os outros fazem em apenas uma, poderei alcançá-los. Se persistir por quatro ou cinco anos fazendo o que os outros se cansam de fazer depois de um ano, com certeza serei capaz de dominar o assunto. Mesmo sendo alguém comum, se eu dedicar cinco, dez ou vinte anos de esforço contínuo, isso provavelmente produzirá uma mudança. Meu intelecto pode ser mediano, mas, se eu trabalhar para aumentar meu estoque de conhecimentos e perseverar, com certeza um dia darei um grande salto, como se ocorresse uma reação química”. Com essa expectativa em mente, eu segurava firme meu lápis e soprava minhas luvas brancas de seda para aquecer os dedos. Minha tia, que era romancista, comentava que eu era uma pessoa esforçada, e isso me encorajou muito naquela fase. 3 As Aventuras de Tom Sawyer é um clássico da literatura infantojuvenil, escrito por Mark Twain (1835-1910), considerado o pai da literatura americana moderna. (N. do E.)
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Atitudes essenciais no dia a dia
Na minha adolescência, uma ideia sempre ocupava minha mente: “Por mais que o lugar em que a pessoa mora seja uma comunidade remota ou pequena, quem começa a brilhar nessas circunstâncias nunca imagina quanta luz realmente possui”. Meu pai também me lembrava disso com frequência. Eu costumava ser o primeiro aluno da classe, e então ele dizia: “Não importa se a sua escola fica num lugar afastado ou se é muito pequena, o primeiro aluno da classe é sempre especial. Mesmo quando comparado com qualquer outro aluno do país inteiro, esse aluno pode estar em outro nível. Ao contrário do que ocorre com aqueles que ficam em segundo lugar ou mais abaixo, ninguém imagina o quanto o primeiro aluno é capaz de realizar; talvez se trate de um grande gênio. Não importa quão rural seja a área, quão pequena a escola ou quão limitada seja a comunidade, a pessoa no topo pode possuir um valor incomparável”. Meu pai sempre me incentivava assim. E, relembrando agora, sinto que essas palavras foram de grande apoio para mim. Vendo as coisas da posição em que me encontro hoje, não acredito que haja muita diferença entre a pessoa que está em primeiro lugar e a que está em segundo, mas aprendi naquela época esta lição importante: “Não importa o quanto um lugar seja pequeno, não importa a região a que pertence ou a posição em que está, alguém que emite uma luz extraordinária numa determinada situação pode descobrir que possui um valor surpreendentemente grande”. Ao crescer, aos poucos fui compreendendo o quanto essas palavras eram verdadeiras. Não importa o tipo de ambiente em que você vive; se você brilhar como um diamante em sua atual situação, em algum momento uma nova vida ou um novo caminho se abrirá para você. E pude constatar o quanto isso é verdadeiro.
Pelo fato de ter vivido essa experiência, quando bem mais tarde tive pessoas trabalhando sob meu comando fui capaz de adotar uma nova abordagem com elas. Eu pensava: “Estou nessa posição agora porque outras pessoas reconheceram meu potencial em algum momento. Portanto, também quero descobrir pessoas talentosas que mereçam uma assistência similar. Quero encontrar pessoas maravilhosas e elevá-las de sua mediocridade estagnada a alturas extraordinárias”. Aqueles que são conscientes da própria condição mediana precisam ter em mente três atitudes no seu dia a dia. A primeira é lembrar sempre de se empenhar. Se você tem consciência de que é mediano e quer crescer e ficar acima disso, precisa continuar se esforçando. É muito importante incentivar a si mesmo e viver com o espírito de superar seu “eu mais fraco”. Eu ainda preservo uma imagem do rio Yoshino, também conhecido como “Shikoku Saburo”, que corre pelos montes e planícies da ilha de Shikoku. Ele começa como um pequeno riacho nas montanhas, mas, conforme avança e se avoluma, vira um rio amplo e majestoso. Esse rio guarda muitas das minhas memórias de infância. Desde pequeno eu costumava brincar às suas margens. Ainda consigo ver os reflexos prateados sobre o rio. Assim como ocorre com a correnteza desse rio, tenho certeza de que nossa vida também acaba se ampliando, aprofundando-se e fluindo graciosamente à medida que continuamos nos esforçando. Isto é essencial para alcançar sucesso na vida. A segunda atitude importante é ter ideais. Um inseto, por menor que seja, não morrerá facilmente se tiver algo pelo qual viver. Procurará viver com muita persistência. Alguns insetos voam à procura de luz. Voam em sua busca incessante de uma luz eterna. Se até os insetos se esforçam para voar em busca de luz, o quão sem sentido seria para os humanos viver sem ideais? Já considerou isso alguma vez? Tenho visto muitas pessoas que, apesar de nutrirem ideais na juventude, acabam deixando seus sonhos definharem. São muitas aquelas que parecem perder seus ideais, sobretudo depois que entram na universidade. Também tenho visto pessoas perderem seus ideais e cedendo à realidade, depois de um ou dois anos que começaram a trabalhar. No entanto, você não deve deixar que seus ideais simplesmente sejam varridos. Se reconhece que é alguém mediano e que seu ponto de partida é o de uma
pessoa comum, precisa nutrir sempre altos ideais, mesmo que os outros riam de você ou o julguem incompetente. Eu compreendi que viver com ideais é a força motriz que acaba ajudando você a alcançar uma grande autorrealização. É comum que aqueles que nutrem ideais sejam vistos como indivíduos ingênuos. No entanto, os esforços que realmente contribuíram para o avanço da humanidade e mudaram o curso da história estavam apoiados, na verdade, em ações que os outros consideravam ingênuas. Nunca devemos perder essa ingenuidade. A terceira atitude importante é acumular resultados concretos todos os dias. Por favor, leve em conta que é impossível uma pessoa comum alcançar grandes alturas com um único salto. Claro, existem aqueles que da noite para o dia se tornam astros, grandes poetas ou escritores famosos, mas sabemos que seu sucesso em geral não dura muito. Tenho visto várias pessoas que parecem alcançar certa popularidade por um tempo ou em razão de algum evento fortuito, mas que em alguma hora caem no esquecimento. Sucessos como esses não podem ser verdadeiros. Portanto, lembre-se de acumular resultados positivos todos os dias. Acumule pequenas experiências de sucesso, aos poucos, dando um o por vez. Por menor que seja cada sucesso, ao acumular cinco ou dez deles você ganhará confiança e acabará vendo novas possibilidades se abrirem à sua frente. Não há nada mais importante para alguém que teve um início comum do que ver a vida e o sucesso como um acúmulo de resultados positivos. O acúmulo é essencial. Em vez de ter como meta conseguir um sucesso por meio de uma única grande tacada, procure acumular pequenos acertos. Acredito que essa atitude é o requisito mais importante para ser bem-sucedido.
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Descobertas
Partindo de um início comum, depois de um tempo a vida começa a fluir com intensidade. Nesse processo, é importante fazer descobertas de tempos em tempos. A vida é uma série de descobertas. Que tipo de descobertas existem? Eu diria que há dois tipos: as que podem ser feitas dentro de você mesmo e aquelas feitas fora de você. As descobertas interiores são extremamente significativas na adolescência. Todo mundo tem um período em que desenvolve o eu interior pela leitura de romances ou ao se entregar à poesia. Nessa fase, surpreendemo-nos ao descobrir muito elementos escondidos em nossa mente e perceber a vastidão do espaço interno que temos dentro de nós. Durante esse processo de explorar nosso espaço interior, também entramos em contato com outras pessoas. Compreendemos, então, que a autoimagem que tínhamos na nossa mente também pode ser encontrada fora de nós, no mundo exterior. Esta é uma verdadeira descoberta. Descobrimos que não somos os únicos que têm preocupações; há outras pessoas que vivem com preocupações similares. É quando nossa visão dos seres humanos se aprofunda. Na realidade, o tipo de pessoa que você é e o tipo de visão que possui da vida dependem de quantas descobertas você faz ao longo da vida. As pessoas não necessariamente tomam nota de cada uma de suas descobertas, portanto, o número delas permanece desconhecido, mas o acúmulo de descobertas diárias feitas por um indivíduo realmente se manifesta nas diferenças em seu caráter. É claro que as descobertas de cada um variam com as circunstâncias de sua vida. Aquele que nasce com corpo físico robusto e segue a carreira de atleta olímpico certamente fez descobertas relacionadas com velocidade, vigor físico ou
habilidades atléticas. Porém, a maioria das pessoas não é abençoada com um corpo de atleta bem-sucedido; assim, suas preocupações são as mesmas que normalmente todos nós temos. Isso, em certo sentido, é algo pelo qual deveríamos ser gratos. Por essa perspectiva, podemos dizer que nascer com capacidades físicas e intelectuais dentro da média significa que podemos viver a vida compartilhando muitos traços em comum com a maioria das pessoas. Na realidade, essa é a maneira para descobrir dentro de si a Verdade universal da humanidade. Estou convicto de que essa Verdade universal jaz adormecida na consciência que a pessoa tem de ser alguém comum. É importante saber que a qualidade de suas descobertas pode ser aprofundada em dois estágios. O primeiro é quando você descobre a real condição de sua existência – a natureza das outras pessoas e uma compreensão de si mesmo e do que está dentro de você. O segundo estágio é a descoberta de uma visão completamente nova. É ar a se conhecer, e a conhecer os outros e o mundo de um ponto de vista totalmente diferente. Essa descoberta é possível, e preciso dizer que existe esta possibilidade. Uma das maneiras de se entender melhor é captar dicas nas palavras das outras pessoas ou sob a forma de uma inspiração recebida dos céus quando você pratica a autorreflexão ou a meditação. Às vezes, você aprende um novo aspecto de si de modo totalmente inesperado. E pode da mesma forma aprender sem intenção algo novo a respeito de outras pessoas. Mesmo que no ado você tenha tido dificuldades para entender o sentido da existência ou da personalidade dos outros, à medida que acumula diversas experiências, seu âmbito de compreensão se expande e você a a ter mais facilidade para entender um maior número de pessoas e conhecer a natureza delas. Ganhar uma nova compreensão dos outros ou entender o que não entendia antes irá proporcionar-lhe o prazer da descoberta, e esse é um aspecto importante das descobertas. Quanto mais coisas você descobre, mais enriquecida fica a sua vida e, portanto, suas lições de vida serão enriquecidas também. É nessa hora que as descobertas de uma pessoa comum am a ter um efeito positivo com base no princípio da acumulação.
O que se ensina na escola como conhecimento ou informação é algo limitado, mas a aprendizagem baseada em “descobertas pessoais” não tem limites. Oferece infinitas possibilidades e contém potencial ilimitado. Esse é o seu estudo pessoal. Para a pessoa comum, esse tipo de estudo original e pessoal que lhe permite fazer descobertas é mais importante que qualquer outra coisa.
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Novos desenvolvimentos na vida
Até agora, falei a respeito de reconhecer a própria condição mediana, avançar a os de tartaruga, sobre quais são as atitudes diárias essenciais e a importância de acumular descobertas. Agora, eu gostaria de abordar o aspecto dos novos desenvolvimentos na vida. Se você quer alcançar um ideal em particular nesta vida, precisa juntar todas as suas forças e concentrá-las numa nova direção. Não há sucesso sem novos desenvolvimentos ou sem inovação. Pelo menos, isso é verdade para as pessoas comuns. Sem novos desenvolvimentos, não há como ter sucesso ou alcançar ideais. À medida que você acumula descobertas e lições de vida, desenvolve uma grandeza de caráter. E o que é possível conseguir ao desenvolver uma grandeza de caráter? De que maneira você poderá liberar sua energia como se fosse uma torrente? Esse é um desafio e tanto e um teste avançado na vida. Trata-se de como fazer bom uso das oportunidades. Mesmo que a pessoa queira desfrutar de uma vida tranquila, raramente ará a vida inteira sem nenhuma mudança; as pessoas normalmente enfrentam momentos decisivos. Em geral, há dois tipos de momentos decisivos ou pontos de inflexão: um deles pode ser uma mudança que ocorra dentro de sua mente. Você pode de repente perder o estímulo de fazer aquilo que vinha fazendo e descobrir um novo interesse. Essa mudança de foco abre uma dessas oportunidades. Outra mudança possível é quando você conhece alguém novo. Algumas pessoas am um ano inteiro sem conhecer ninguém, mas é algo bastante raro; a maioria conhece gente nova todos os anos, ao longo de sua vida normal, em sociedade. A grande maioria conhece todo ano pessoas novas. Pessoas que um ano atrás eram totalmente desconhecidas para você entram de repente em sua
vida, e formam-se novos relacionamentos. Esses momentos decisivos são extremamente importantes. Em última análise, esses dois tipos de mudanças – as de foco mental e as mudanças na vida, que ocorrem quando conhecemos uma nova pessoa – são oportunidades para que aquele indivíduo que teve um começo comum seja empurrado para o sucesso. Se você vai conseguir ou não tomar decisões corajosas quando essas novas situações surgirem é algo que dependerá em grande parte do estoque de conhecimentos e experiências que você tiver acumulado até aquele momento. Se o que você acumulou tiver de fato valor, você será capaz de aplicar uma grande energia. Mas, se esse seu estoque for pequeno, o mais provável é que você desperdice a oportunidade. É preciso ter muitos conhecimentos e experiências, assim como uma represa precisa de água em abundância no seu reservatório. Só assim ela pode gerar energia quando a água é liberada. A diferença nos seus níveis de água produz energia, e esta então move as turbinas e gera grande quantidade de eletricidade. Essa é uma questão crucial. Em outras palavras, à medida que você se esforça diariamente e procura melhorar, deve também tentar agarrar novas oportunidades e descobrir novos caminhos. É importante ser receptivo a novas sensações em sua mente e a encontros com novas pessoas. Em muitos casos, é nessas horas que seu espírito guardião lhe envia inspiração. Há momentos em que seu senso de valores muda radicalmente, seja de modo espontâneo na sua mente ou depois de conhecer uma nova pessoa. Então, quando estiver diante de um momento desses, por favor, saiba que está em um ponto decisivo em seu destino. Eu mesmo experimentei esses momentos várias vezes. É importante você procurar saber o que o destino está tentando lhe ensinar toda vez que isso acontecer. E é também uma oportunidade para encarar um novo desafio e avaliar quem você é de fato.
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Coragem e autoconsciência
Mencionei a importância dos novos desenvolvimentos. Quando uma oportunidade se apresenta, é essencial ter coragem e autoconsciência. Ninguém alcança grandes coisas na vida sem coragem. Quando digo coragem, não me refiro a ser irresponsável ou imprudente; coragem aqui significa o fluxo de energia que uma pessoa comum dedica a uma oportunidade capaz de mudar sua vida. Na realidade, há muitas pessoas no mundo que têm a intenção de colocar você em melhor posição ou estão dispostas a guiá-lo para o sucesso quando a oportunidade surge. Seria maravilhoso se você pudesse satisfazer as expectativas delas. É nesse momento que a coragem se torna necessária. Você não precisa se preocupar com o quão intimidado e covarde você é por natureza. Precisa apenas liberar a energia que ficou guardada e avançar, assim como uma represa libera água para fazer girar suas turbinas. Nesses momentos, a autoconsciência é muito importante. Esteja sempre consciente do que está fazendo e evite ser complacente. Se você ficar absorvido demais em si mesmo, irá perder de vista aquilo que está tentando alcançar. Mesmo que já esteja atuando de maneira decidida e corajosa, procure ter consciência da sua situação; compreenda em que parte do cenário de sua vida você se encontra, se é no Primeiro Ato ou no Segundo Ato da sua história de vida ou se está a ponto de iniciar o Terceiro. Você não será bem-sucedido se não tiver essa consciência. Por favor, saiba que a coragem e a autoconsciência são gêmeas; ambas são indispensáveis para criar uma nova era e acrescentar uma nova página à sua história espiritual pessoal. Espero que você compreenda isso.
CAPÍTULO DOIS
O espírito de independência
1
Uma mente independente
O principal ponto que desejo compartilhar neste capítulo é o que penso a respeito da questão da independência. Depois que nascemos na Terra e amos a viver como humanos, é muito importante ter confiança no nosso caráter e assumir responsabilidade por ele. Isso nos levará a nutrir uma mente independente. Ter um forte espírito de independência é algo bom ou ruim? Talvez você não chegue necessariamente a uma única conclusão se tiver uma compreensão apenas superficial da palavra “independência”. As pessoas que partem do comum e aspiram alcançar grandes coisas neste planeta devem refletir sobre o que significa ter uma mente independente. Como a palavra sugere, independência significa depender apenas de si. Embora isso possa parecer simples, na realidade é bem difícil na prática. Há duas razões para essa dificuldade. Uma delas é que os humanos não sobrevivem sozinhos neste mundo. Não importa o quanto a pessoa seja independente, ela não consegue viver sem a ajuda e o apoio de outros indivíduos. Essa é uma realidade incontestável. Parece contraditório querer viver com uma mente independente diante dessa verdade inegável, de que nossa vida é sustentada pela cooperação e assistência de muitas outras pessoas. Outra questão complexa é alcançar uma independência individual e ao mesmo tempo manter relações de harmonia com os demais. Pessoas altamente independentes costumam ser evitadas ou malvistas pelos outros, porque a determinação de ser livres e independentes faz com que pareçam agressivas àqueles ao seu redor, que podem sentir sua presença como algo que perturba a harmonia do ambiente. A verdade, porém, é que as outras pessoas têm dificuldade para enxergar aquilo que você está determinado a fazer, aquilo que pretende alcançar no futuro ou
quais são seus ideais. Portanto, há duas opções: você pode se esforçar para conquistar a aprovação dos outros sendo uma “pessoa boa” ao longo de toda a vida ou pode viver sua vida ao máximo e ser fiel a si mesmo. Essa é uma decisão muito séria que você precisará tomar. Você terá de avaliar qual modo de vida será de fato benéfico para você e o fará se sentir totalmente satisfeito no final da vida. Então, a resposta ficará clara para você, de maneira natural. Levar o tipo de vida que você quer, que lhe permita se sustentar e alcançar o sucesso com as próprias mãos, obviamente lhe trará uma sensação mais intensa de felicidade. Na realidade, o que é importante para os humanos é o quanto foram capazes de pintar na tela chamada “vida”. O tamanho da tela de cada pessoa pode diferir, mas o que determina a vitória dela na vida é o quanto ela colocou de arte ou de beleza nela. Algumas pessoas se contentam em produzir obras de arte que não se distinguem em nada das demais para evitar o risco de receber críticas negativas na comparação com as outras. Mas será que podemos chamar isso de uma vida verdadeira? Em qualquer era, sempre existem pessoas que fazem comentários críticos. Há dois tipos de críticas: as que manifestam opiniões que tentam impedir você de fazer algo que o prejudique, ditas com boas intenções ou por bondade, e as críticas irresponsáveis, que censuram os outros simplesmente pelo prazer de criticar. Tenho a impressão de que muitos sucessos no mundo foram cortados pela raiz pelas palavras dessas pessoas irresponsáveis. Os humanos são muito frágeis, facilmente são afetados pelas palavras dos outros. Não têm força suficiente para ignorar os comentários negativos e seguir adiante na direção que desejam. É nisso que reside o problema. Mesmo assim, ouso dizer: apenas siga em frente. Procure depender de si mesmo e agarre o sucesso com as próprias mãos, porque esta é também a razão pela qual Deus, ou Buda, enviou os seres humanos à Terra.
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Clareza da própria responsabilidade
A chave para entender a independência está no conceito de responsabilidade. Pessoas que não são capazes de assumir responsabilidade pelo que pensam, dizem e por suas ações não podem ser vistas como dotadas de espírito de independência. O espírito de independência começa por assumir responsabilidade. Ser independente não significa procurar levar a vida mais confortável possível e escolher sempre o caminho mais fácil, esquivando-se de seus relacionamentos interpessoais. Adotar esse estilo de vida é fugir das responsabilidades. A verdadeira independência implica aceitar as responsabilidades, e não fugir delas; significa adotar de forma decidida uma posição responsável e manter-se firme até o fim. É nesse sentido que é fundamental a pessoa sempre ter clareza das próprias responsabilidades. Algumas vezes, o projeto no qual você está trabalhando com outras pessoas pode fracassar. Quando isso ocorre, questione se toda a culpa pelo fracasso deve ser atribuída aos outros. Até que ponto você compartilha essa culpa, ou até que ponto você acha que é responsável? É essencial analisar esses aspectos minuciosamente e de maneira pragmática. No mínimo, você não pode deixar de assumir alguma responsabilidade pelas coisas que acontecem ao seu redor ou que o envolvem. Um pré-requisito para ser independente é o quanto você se dispõe a desenvolver seu senso de responsabilidade. Na verdade, o calibre de uma pessoa é determinado pelo quanto que ela é capaz de aceitar responsabilidades. O presidente de uma empresa é considerado superior a um funcionário comum, não porque ganhe um salário mais alto ou tenha um cargo melhor, mas porque suas responsabilidades são maiores. Um funcionário comum deve assumir responsabilidades pelas ações diretamente ligadas à sua função, enquanto o presidente da empresa é responsável por todos os funcionários e por todas as ações tomadas em nome da empresa. O presidente
deve ser responsável até por trabalhos que ele ou ela não consiga supervisionar diretamente ou em que não consiga se envolver. Talvez esse exemplo seja muito simples, mas o mesmo vale para aquelas pessoas determinadas a alcançar sucesso porque provavelmente são as que almejam ser líderes. Seus objetivos e buscas podem ser diferentes; algumas aspiram iniciar um negócio, outras viver como artistas, ou dedicar-se a uma missão religiosa. Mas, seja qual for a direção tomada, quem não se dispõe a ter clareza sobre sua responsabilidade e nem determinação para viver de acordo com essa responsabilidade não será capaz de trabalhar com uma mente independente. Diante do fracasso, algumas pessoas vão logo colocando a responsabilidade nos que estão à sua volta, ou culpam aqueles que as aconselharam ou simplesmente culpam a falta de sorte, alegando que sua falha não poderia ter sido prevista. Alguém com esse caráter não está almejando de fato ser independente. O mais provável é que venha a ter uma experiência lamentável ao montar o próprio negócio e acabe provando ser mais apto para trabalhar como empregado. A questão é saber quanta responsabilidade você é capaz de assumir. Não basta dizer apenas da boca para fora. Quanta responsabilidade você realmente consegue assumir? É fácil dizer aos subordinados: “Continue fazendo o que achar melhor. Eu assumo a responsabilidade”, mas quantos superiores realmente assumem a culpa quando as coisas dão errado? Esta é a referência pela qual se mede o calibre de uma pessoa. O melhor é desenvolver um profundo senso de responsabilidade, se possível desde a infância. Mesmo crianças precisam estar cientes de suas responsabilidades. Algumas delas, quando perdem uma briga, tentam se justificar dizendo: “Ele era bem mais forte que eu” ou “Eles estavam em maior número” em vez de itir a própria fraqueza. Crianças com essas tendências acabarão fracassando mais tarde na vida. O essencial é ser fiel ao seu coração, e não tentar se iludir. Seja honesto consigo mesmo e aceite que um eventual fracasso é um fracasso e pronto. Se você reconhecer seu fracasso, será capaz de ar para a próxima etapa. Mas, se não fizer isso e ficar culpando as circunstâncias ou outras pessoas, nunca irá avançar. ita de forma honesta suas falhas, mesmo que isso possa ser desvantajoso, pois essa atitude o levará a desenvolver um espírito altamente independente. Se
quiser se tornar alguém com um caráter elevado e alcançar grande sucesso, você precisa esclarecer onde reside a responsabilidade; precisa ser claro sobre sua própria responsabilidade e a dos outros. No entanto, julgar as responsabilidades dos outros é uma questão distinta, que você deve considerar por um outro ponto de vista. Identificar a responsabilidade dos outros não deve levá-lo a criticar os outros de imediato ou culpá-los pelos seus erros; estas são questões diferentes. No entanto, um líder será considerado tolo se não souber fazer uma análise racional de onde se encontram as responsabilidades. Você só pode se tornar um líder se for capaz de analisar com rigor as razões de um fracasso, investigar suas causas e identificá-las. E a questão que vem em seguida é descobrir a melhor maneira de lidar com os outros, avaliando seus erros em relação às suas responsabilidades. O meu desejo é que aquele que almeja ser líder tenha a seguinte atitude: toda vez que outras pessoas forem culpadas por um erro cometido, questione se você não poderia ter ajudado de algum modo ou percebido o que estava acontecendo e oferecido orientação para seguirem uma direção melhor. Por menor que pudesse ter sido sua intervenção, se você avaliar que poderia ter feito algo ou alertado de antemão, não culpe os demais pelos erros que cometeram. Em vez disso, ita a sua falta de conscientização ou de visão. Considero esse tipo de atitude extremamente importante.
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Lições para o autoaprimoramento
Ressaltei a importância de ter uma mente independente e de ter clareza das próprias responsabilidades. Contudo, o essencial aqui é extrair lições de autoaprimoramento dos diferentes acontecimentos. Quer se trate de fracassos seus ou dos outros, os eventos à sua volta sempre trazem lições. É extremamente importante aprender o que for possível dessas experiências. Na realidade, aqueles que são capazes de tirar mais lições do livro chamado “vida” acabam se tornando indivíduos de grande caráter. Às vezes, as pessoas ouvem as mesmas palavras, mas podem entendê-las de maneira diferente dependendo de como as interpretam. Há uma expressão que diz: “Dar pérolas aos porcos”. Não gosto dela porque desmerece os porcos, mas cabe notar que os humanos costumam se encontrar em situações similares. Da perspectiva de Deus ou Buda, os humanos às vezes são ignorantes a ponto de não perceberem as “pérolas” que lhes são oferecidas. Aceitam apenas o que julgam ser benéfico a eles e negligenciam, desaprovam ou tentam esquecer aquilo que acreditam que não é. Outro ditado popular bem conhecido é: “Não chore sobre o leite derramado”. É um provérbio com um conselho correto, uma vez que se lamentar por algo que já aconteceu não irá consertar a situação. De qualquer modo, sempre é possível aprender uma lição. Em primeiro lugar, é importante questionar por que uma falha ou erro aconteceu. Faça uma análise minuciosa de todo o processo e esteja determinado a não cometer o mesmo erro. Não caia no mesmo padrão que o levou a errar. Em seguida, adote todas as medidas preventivas para evitar esse padrão. Essa é a maneira de extrair as lições de autoaprimoramento dos diversos acontecimentos. Portanto, ito que aprender lições de autoaprimoramento é na realidade muito complicado, pois não é fácil dar um o atrás e olhar para si mesmo de maneira objetiva. Você só conseguirá perceber que caiu no mesmo padrão de erro se observar de uma perspectiva diferente. Algumas pessoas falham sempre
que surge determinada situação porque acabaram criando um padrão definido de fracasso. Toda vez que ocorre algo parecido, elas seguem aquele mesmo padrão, ainda que a situação envolva pessoas diferentes, outro lugar e outro ambiente. Elas caem no padrão de fracasso que já experimentaram no ado e, então, ficam empacadas. Esse assunto me faz lembrar uma experiência da minha infância. Um dia eu brincava numa ribanceira perto de casa. Era fácil descer por ela, mas sair era complicado. Apesar de ter só dois metros de profundidade, a ribanceira me parecia muito profunda, pois na época eu só chegava à metade de sua altura. Desci com cautela e cheguei ao fundo, e então descobri que não conseguia mais subir para sair dela. Estava atordoado sem saber o que fazer, e o sol começou a se pôr. Gritei e chamei um ante e pedi que avisasse minha mãe. Ela veio logo depois, e ainda lembro que se inclinou na ribanceira, agarrou minha mão e me puxou para cima com muita facilidade. Senti muita pena de mim mesmo. Estava em má situação, sem poder fazer nada. Sentia-me sozinho por estar desamparado. Minha mãe, ao contrário, me pareceu enorme, forte e confiável. Lembro com nostalgia da sua mão. Seu corpo e alma são bem menores que eu agora, mas na época eu tive a sensação de que ela era muito poderosa. Cerca de um ano mais tarde, eu brincava com outras crianças num lugar totalmente diferente. Estávamos num morro, e de repente escorreguei, deslizei morro abaixo e caí numa vala de concreto muito íngreme que corria ao pé do morro. Fiquei tentando achar um jeito de sair daquela vala escura e inclinada, mas não conseguia. Pensei em chamar de novo minha mãe, mas eu estava longe demais de casa. As outras crianças continuavam brincando acima de mim, mas ninguém tentou me ajudar a sair. Imaginei minha mãe chegando e estendendo a mão, mas eu estava decidido a sair sozinho de alguma maneira daquela vala íngreme. Lembro que usei os cotovelos para ir subindo pouco a pouco. No escuro, sentia a textura do musgo e da umidade. Senti um grande alívio quando aos poucos pude colocar a cabeça para fora da vala; meus braços pareciam se mover por conta própria, como se fossem de outra pessoa. Foi uma grande alegria ser capaz de sair do túnel de cimento sem ajuda, apesar de no início duvidar se conseguiria. Bem, eu não precisava mais chamar minha mãe. Assim que consegui colocar a parte superior do meu corpo para fora, o resto saiu com facilidade. As outras crianças, que haviam ficado apenas observando, ao me
verem subir sozinho perceberam que não adiantava rir de mim e me provocar. Então, saí e continuei brincando, como se nada tivesse acontecido. Lembro daquele dia como se fosse ontem. Naquele momento, compreendi que não deveria esperar sempre a ajuda de outra pessoa, mesmo que já tivesse sido salvo antes, e que deveria sempre fazer o máximo possível dentro das minhas capacidades. Às vezes não sou capaz de resolver um problema sozinho e não tenho alternativa a não ser pedir ajuda a alguém, mas primeiro sempre me empenho ao máximo para fazer tudo o que estiver ao meu alcance. Aprendi o quanto é importante esse tipo de atitude. O evento que citei ocorreu quando eu tinha por volta de 8 anos de idade. Creio que também serviu como uma lição para o meu autoaprimoramento.
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Consciência das finanças
Ao tratar do tema da independência, não posso deixar de falar das finanças, já que a consciência financeira é um aspecto importante para os seres humanos. Há cerca de 2.600 anos, o Buda Shakyamuni percorreu a Índia ensinando a Verdade. Depois de deixar o palácio real em Kapilavastu, começou a viver como pedinte. A luxuosa vida anterior como príncipe não fazia mais sentido para ele; então, ou a viver da comida e dos donativos que lhe eram oferecidos. Reservava parte do dia para receber donativos e o resto vivia em meditação, ensinando a Verdade às pessoas ou contemplando maneiras de enriquecer a mente. Esse foi o ponto de partida do budismo. No entanto, já se aram cerca de 2.600 anos desde então. Que tipo de consciência das finanças precisamos ter hoje a fim de levar uma vida verdadeira na sociedade contemporânea? Estou convencido de que a independência financeira é essencial para os seres humanos. Muitas pessoas consideram o dinheiro como algo mau e impuro, e sentem até vergonha de pensar nisso, mas na minha opinião essa atitude é muito radical e de mente estreita. No ado, quando as moedas eram de ouro, o dinheiro tinha valor real por si só, porém hoje o dinheiro é impresso em papel e tem pouco valor intrínseco. Portanto, o significado do dinheiro se situa em outra esfera; o dinheiro é importante por ser uma maneira de medir valor. De que maneira é possível medir o valor neste mundo? A regra geral é recompensar de maneira adequada qualquer material ou serviço útil que seja fornecido. Quando fornecemos material ou serviços a uma pessoa, a um animal ou planta, recebemos uma recompensa equivalente. Portanto, o ponto essencial é que se tenha certo grau de confiança na própria situação financeira. Podemos nos sentir livres de apegos ao viver da caridade alheia, mas esse estilo de vida ignora os princípios econômicos necessários para se estabelecer na sociedade. Com isso, não me refiro a ganhar dinheiro fácil, mas
itir a importância de contribuir para a sociedade e fazer algum trabalho útil, recebendo o devido reconhecimento e construindo uma reputação por realizar um bom trabalho. Constatei muitas vezes o quanto a falta de dinheiro afeta e deteriora a mente das pessoas. Infelizmente, elas não podem gastar o dinheiro que não têm, mas quando dispõem dele, em muitos casos tendem a usá-lo para controlar os outros. Se você quer ter um espírito de independência e levar uma vida baseada nele, é importante também ser financeiramente independente. Ter independência financeira significa que, no mínimo, você não correrá o risco de ser forçado a mudar suas convicções por ter de se submeter ao poder do dinheiro; significa que suas crenças religiosas ou sua paixão pela Verdade não serão afetadas pelo dinheiro de outras pessoas. Com base nessa ideia, criei uma nova sanga (grupo de discípulos) de Buda, pois as pessoas que se dedicam à religião e vivem pela Verdade nunca conseguirão ser espiritualmente independentes de fato se estiverem escravizadas pela riqueza dos outros. Uma vez alguém declarou que não era correto ganhar a vida por meio de atividades religiosas. Embora essa afirmação seja em parte verdadeira, não há hoje no Japão um sistema que dê apoio financeiro às pessoas que se dedicam à busca da Verdade. Se houvesse um sistema assim, elas poderiam se valer dele para se sustentar, mas não existe; portanto, é fundamental proteger a nossa fortaleza da Verdade com as nossas próprias mãos. Por essa razão, dou grande valor a ter uma base econômica estável ao ensinar a Verdade nos tempos atuais. Também incentivo todo mundo nesse sentido. Você não deve ter sentimentos de culpa em relação ao dinheiro, nem deixar que sua mente oscile por causa disso. Para construir uma mente inabalável é preciso ter confiança. Em outras palavras, é importante ter uma confiança inabalável no fato de estar contribuindo para a sociedade por meio de seus pensamentos e de seu trabalho. Meu desejo é que as pessoas que vivem dedicadas à Verdade sejam economicamente independentes, tenham uma boa condição financeira e se tornem prósperas o suficiente para não se iludirem com o dinheiro. Também espero que obtenham maior reconhecimento público à medida que alcancem maior iluminação e prestem mais serviços a um número maior de pessoas. Desde tempos antigos, o dinheiro é visto como algo do mal, e mesmo hoje é associado ao risco de sofrer tentações. Mas é igualmente verdade que o dinheiro
pode motivar as pessoas a se aprimorarem. Começar do comum às vezes também significa iniciar a partir de uma condição de pobreza. É uma questão de como uma pessoa que começou sem dinheiro ou sem bens se torna alguém importante e a a ter uma influência positiva em um grande número de indivíduos no mundo. Espero que pessoas iluminadas ou que tenham estudado a Verdade alcancem maior poder financeiro e possam usálo para exercer uma influência positiva sobre os povos ao redor do globo. A meu ver, isso é uma coisa maravilhosa. Não é suficiente, porém, alcançar uma condição financeira que não fique nem no vermelho nem no azul. Você deve tentar alcançar maior poder financeiro e usar seus recursos e sua riqueza como ferramentas para conduzir os seres humanos na direção correta. Tal estilo de vida é possível. E eu quero promover essa maneira de pensar na sociedade moderna. O poder econômico pode ser usado como uma arma para se proteger e melhorar o mundo. A não ser que promova seu poder financeiro e o utilize nessa direção, seus sentimentos de culpa em relação ao dinheiro só aumentarão. É meu desejo sincero que você valorize esse tipo de consciência financeira e tenha essa compreensão de uma economia baseada na Verdade.
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Cumprir promessas
Acabei de tratar da questão da consciência financeira. A próxima atitude importante que eu gostaria de abordar é o cumprimento de promessas. Às vezes, uma série de fatores pode impedir você de agir de acordo com suas intenções iniciais, mas é essencial fazer o possível para honrar seus compromissos. Pode haver momentos em que você encontre dificuldades para manter alguma promessa feita verbalmente, mas o que importa é se você falou com honestidade no coração. Cumprir uma promessa às vezes significa respeitar a lei. Há cerca de 2.400 anos, antes de morrer envenenado tomando uma taça de cicuta, Sócrates⁴ comentou: “A lei é a lei, por mais indesejável que possa ser”. Sócrates acreditava que devia se submeter à lei de Atenas, já que era cidadão ateniense. Ainda que fosse uma lei ruim, considerava que tentar escapar dela seria desrespeitá-la e, portanto, ir contra sua obrigação como bom cidadão. Deixando de lado a discussão sobre o fato de Sócrates ter tido ou não a atitude mais adequada, a condição de existência das civilizações é que as pessoas, no mínimo, obedeçam certas regras. E já que se espera que as pessoas sigam regras, descumpri-las é, em princípio, incorreto. No entanto, há uma coisa que eu gostaria que você considerasse: “A promessa mais importante para os humanos é aquela feita a Deus”. As que são realizadas entre os humanos são superficiais e têm pouca importância. Já aquela estabelecida entre humanos e Deus é extremamente séria e tem profundo significado. O fato de termos sido abençoados com a vida na Terra significa que nós, humanos, temos responsabilidade perante Deus. O próprio fato de termos recebido a vida como uma graça divina vem acompanhado de responsabilidades.
Mas, qual é a responsabilidade que assumimos exatamente? Trata-se da nossa promessa de viver a vida como filhos de Deus, fazendo com que a Vontade de Deus seja a nossa vontade. Esse compromisso realmente foi estipulado. Não é possível alguém renascer na Terra sem ter feito esse pacto com Deus. Embora haja diferenças de grau, todos nós, antes de renascer na Terra, fizemos a promessa de estar a serviço de Deus e seguir Seus ensinamentos. É errado fazer o mal porque significa que a pessoa estará descumprindo o acordo feito com Deus. Os humanos são humanos por terem feito essa promessa. É por isso que as almas têm permissão de viver sob a forma humana. Se rompermos nossa promessa a Deus, nunca saberemos quando deixaremos de viver como humanos. Por favor, não esqueça que nascemos como humanos e estamos agora vivendo como humanos graças à promessa que fizemos a Deus. Espero que muitas pessoas aprendam essa verdade. Aqueles que perguntam por que é necessário praticar o amor, a misericórdia e a justiça da maneira que Deus ordena, digo que é porque foi feita uma promessa. Esse é o pré-requisito para permanecer como seres humanos. As almas humanas sofrerão ao quebrar essa promessa. Esse sofrimento é chamado de Inferno, e é onde muitas almas sofrem em agonia, pelo sentimento de remorso por terem quebrado os votos feitos, porque elas mesmas e sua consciência são incapazes de perdoar aquilo que pensaram e fizeram. É por isso que elas se esforçam ao máximo no Inferno para reparar seus erros ados. Repito: a maior promessa que os humanos fazem é aquela que foi acordada com Deus, e que a a valer a partir do momento em que nascemos na Terra. É a promessa que todos nós fizemos, de endossar as palavras de Deus e de viver de acordo com elas. Independência não significa independência de Deus, mas cumprir a promessa que você fez a Deus, por ser essa a sua responsabilidade. O verdadeiro sentido do espírito de independência é cumprir a promessa que você fez a Deus conduzindo sua vida tendo por base o seu caráter individual. Eis as perguntas que eu gostaria que cada pessoa fizesse ao seu coração: “Que tipo de juramento fiz a Deus? Como foi que fiz essa promessa?” Quando você refletir a respeito disso, por favor, considere também o que significa para você
mantê-la e cumpri-la. Então, irá perceber que significa usar seus pontos fortes para o máximo benefício das pessoas do mundo, ao mesmo tempo que impede que suas fraquezas afetem os outros negativamente ou atrapalhem o trabalho deles. O acordo que cada um fez com Deus difere para cada indivíduo, mas é extremamente importante lembrar sempre que você fez uma promessa a Deus. 4 Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) foi um filósofo grego que revolucionou o pensamento ocidental e é reconhecido como o “pai da filosofia”. (N. do E.)
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Ser independente e andar com as próprias pernas
Tratei do espírito de independência a partir de diversos ângulos. Por fim, gostaria de discutir a ideia de ser independente e de andar com as próprias pernas. Imagine qual deve ser o desejo que os pais têm em relação aos filhos. Muito provavelmente, eles rezam para que os filhos consigam ter uma vida independente e feliz. Os humanos estabeleceram com Deus o compromisso de viver sua vida na Terra, e Deus, em última instância, deseja que todos tenham uma vida radiante e vibrante em um mundo autossuficiente e que façam a Vontade de Deus corresponder à própria vontade. Este é o verdadeiro sentido de andar com as próprias pernas. Viva a própria vida e ao mesmo tempo valorize a promessa feita a Deus. No decorrer de sua vida peculiar, não descumpra a promessa feita a Deus e tenha clareza de sua responsabilidade. Se quebrá-la, reflita sobre o que fez de errado, aprenda novas lições a partir do seu erro e desenvolva uma força maior para seguir em frente. Esse é o modo de viver que se espera dos humanos. Quero que você valorize esse espírito de andar com suas próprias pernas, ou seja, de possuir uma grande coragem e seguir nutrindo o seu caráter. Ao fazer isso, lembre-se de que aos olhos de Deus você aparece como uma das partículas da Luz Divina de sete cores. Talvez se mostre também como um belo fogo de artifício em forma de flor, brotando no céu noturno de verão. Quando os fogos de artifício explodem, lindas pétalas de luz se espalham pelo céu à noite. Cada uma dessas pétalas representa você vivendo com espírito de independência. Embora cada pétala se espalhe de modo independente, as pétalas em seu conjunto criam um padrão mais harmonioso. Como os fogos de artifício em forma de flor não são compostos por uma única luz, mas por muitas luzes coloridas espalhadas pelo céu, eles parecem criar uma harmonia maior. Do mesmo modo, o fato de cada um de nós ter um caráter único e viver uma
vida autossuficiente não significa que cada pessoa percorra um caminho autocentrado. Vendo as coisas por um ponto de vista mais amplo e artístico, todos estamos contribuindo para criar uma harmonia maior no mundo. Nesse processo de trilhar o caminho que leva a criar uma harmonia maior, você vive de modo autossuficiente – sendo independente e andando com as próprias pernas –, mas ao mesmo tempo se esforça ao máximo como filho de Deus. Por favor, saiba desse fato. Minha expectativa é que você veja a si mesmo com uma visão renovada, pela perspectiva de Deus, e que viva a própria vida com coragem. Rezo para que um número cada vez maior de pessoas possa viver dessa maneira.
CAPÍTULO TRÊS
Valores diversos
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Compreender as pessoas
Este capítulo aborda a questão da diversidade de valores, algo que se relaciona de perto com a minha maneira fundamental de pensar. Ser capaz ou incapaz de aceitar valores distintos está associado à filosofia da pessoa. Em geral, os filósofos tendem a formular apenas uma ideia, simples e poderosa, e negar as demais, mas minha atitude é um pouco diferente. Apesar de procurar aderir às minhas ideias, já que são minhas, se eu tiver algo a ganhar com outras ideias, me disponho a aprendê-las e assimilá-las. Afinal, essa atitude está ligada à maneira como encaramos as pessoas e o mundo. Em outras palavras, as pessoas que acreditam que as próprias ideias e maneiras de pensar são as únicas verdades e negam todo o resto, tendem a julgar os outros a partir do seguinte pensamento: “As pessoas que julgo benéficas a mim ou me agradam são boas, e todas as demais não prestam”. No entanto, se enxergam os demais dessa maneira, não poderão dizer que compreendem de fato os outros. Entender os outros significa que você olha para eles com um amor ilimitado, e isso significa que não consegue evitar ter interesse por eles. É assim que são as coisas. Você pode afirmar que compreende uma pessoa totalmente? Tenho certeza de que não pode. Compreender alguém é realmente difícil. Cada indivíduo possui qualidades que despertam interesses em outras pessoas pelo potencial ilimitado que está escondido no seu interior. A quantidade de informações e experiências armazenadas dentro de uma pessoa é igual ou superior ao volume que podemos encontrar em uma biblioteca. E assim como não somos capazes de ler todos os livros de uma biblioteca, é impossível conhecer todos os pensamentos e experiências de um indivíduo. Portanto, o mais importante ao olharmos para os outros é o quanto podemos nos interessar por eles e o quanto podemos aprender. Existe uma imensa diferença entre aqueles que observam os outros com o intuito
de aprender alguma coisa e os que simplesmente olham sem pensar muito a respeito. Existem pessoas que nem sequer tentam aprender alguma coisa dos outros, ou então se dispõem a aprender apenas o que imaginam que será benéfico para elas. Quanto ao resto, porém, nem prestam muita atenção. No final, elas irão perceber o quanto foi um desperdício e uma tolice não terem dado importância a algo tão valioso. As fontes de aprendizagem não se restringem aos livros escolares. Todas as coisas, inclusive as que você encontra ao seu redor e as pessoas que conhece ao longo da vida, podem ser grandes fontes de aprendizagem. O bom uso e aplicação que fizer disso à própria vida vão determinar se você será um sucesso ou um fracasso.
2
Ter interesse
Desde relativamente cedo, sempre me interessei muito pelas pessoas. Talvez porque fosse também bastante curioso a respeito de mim mesmo. Eu me interessava pelo meu eu interior. Conforme cresci, minha personalidade tornouse mais introvertida e comecei a pensar mais a respeito de tudo. Minha tendência a refletir sobre as minhas preocupações me levava de modo inevitável a observar as demais pessoas. “Qual a diferença entre meu caráter e o caráter dos outros? O que causou essas diferenças? Por que eu manifesto essas diferenças desse jeito e não de outro? Como foi que acabamos tendo maneiras de pensar diferentes?” ei a me ocupar de questões desse tipo. Quando era mais jovem, acreditava que meus pensamentos eram independentes e que resultavam dos meus próprios traços de caráter, mas acabei descobrindo que meu modo de pensar era muito influenciado por meus pais. Na adolescência, porém, não conseguia distinguir o quanto meus pais me influenciavam ou o quanto meus pontos de vista eram limitados e controlados pela maneira de pensar deles. Comecei a entender isso depois dos 20 anos. Quando ei a refletir sobre as coisas que eu dizia e pensava a partir do ponto de vista de um terceiro, percebi que muitas de minhas palavras e pensamentos eram similares aos do meu pai e da minha mãe, e fiquei atônito com isso. Quando interagia com as pessoas supondo que o senso de valores que eu tinha desde a infância era o normal, via que os outros reagiam de modo diferente. Ao observar a reação deles, notava que mesmo os pensamentos que eu considerava normais e certos não eram necessariamente verdadeiros para eles. Isso me levou a questionar as coisas, embora não pensasse necessariamente nos moldes de um René Descartes. Achava meus valores normais, mas as outras pessoas não viam
isso da mesma forma. Então, comecei a questionar se meus valores eram de fato normais ou se estavam equivocados. Conforme pensava mais profundamente nessas questões, fui compreendendo que havia uma grande diferença entre minhas ideias, crenças e maneiras de pensar e as das outras pessoas. Vou dar um exemplo. Desde pequeno fui criado num ambiente religioso. Meus pais acreditavam em Buda e em Deus, e eu achava normal acreditar na existência de espíritos. Estava na quinta série do ensino fundamental quando experimentei um choque de valores com outra pessoa em relação a esse assunto. A professora da sala de aula vizinha à minha poderia ser descrita como uma pessoa muito “talentosa”. Ao que parece, era muito ativa no Sindicato dos Professores do Japão. Um dia, ela me parou e me perguntou: “Você diz que acredita num mundo após a morte e na existência de espíritos, mas em que se baseia para afirmar essas coisas?”. Essa professora me questionou de acordo com o ponto de vista dela, isto é, de alguém que não acreditava em nada que não pudesse ser provado. Percebi que era de fato difícil provar o que eu dizia. Mas havia muita gente que havia visto espíritos ou experimentado alguns fenômenos espirituais, e eu conhecia um bom número de pessoas próximas que também haviam tido experiências espirituais reais, então tentei apoiar minha crença compartilhando esses exemplos com essa professora. Ela, no entanto, replicou que não podia acreditar em coisas que ela mesma não tivesse experimentado. Na época, senti de maneira muito intensa a dificuldade em provar assuntos espirituais ou em convencer os outros a respeito de sua existência. Meus colegas de classe, que ainda viviam na idade da inocência, ouviam-me falar das minhas crenças e não levantavam nenhuma objeção, quer acreditassem ou não no que eu dizia. Talvez porque numa cidadezinha como a nossa, rodeada de montanhas, na ilha de Shikoku, ainda houvesse diversas pessoas que simpatizavam com as crenças espirituais. Muitos de meus colegas de classe afirmavam ter visto fogos-fátuos ao voltarem da escola para casa, e outros diziam ter avistado fantasmas. Nessas circunstâncias e no ambiente rural, eu com minhas crenças não sobressaía muito dos demais. Mais tarde, porém, ao terminar o ensino médio e entrar na Universidade de Tóquio, percebi que as pessoas ao meu redor tinham valores bem diferentes. Eram poucas as que como eu acreditavam francamente no mundo dos espíritos. Muitas pareciam até achar que ter uma crença desse tipo era se rebelar contra a intelligentsia⁵, ou quase como uma traição à racionalidade.
Um de meus amigos mais próximos era cristão, católico, mas para minha surpresa não acreditava realmente em espíritos. Achei isso surpreendente e fiquei muito chocado. Apesar de afirmar que era católico devoto, ele tinha uma concepção bem distinta da minha sobre os espíritos. Observando o comportamento dele, senti que sua fé na religião era mais uma adesão a um código moral. Embora seguisse rigorosamente os preceitos e a disciplina da sua religião, a questão dos espíritos não lhe interessava. Além disso, parecia acreditar que Deus só podia ser sentido na época de Jesus, não mais no mundo presente. Tive uma sensação muito estranha quando soube disso. Surpreendeume ver que havia pessoas que tinham fé religiosa, mas não sabiam nada a respeito de espíritos ou não conseguiam perceber sua presença. Outro amigo afirmava que nunca poderia acreditar na existência de espíritos. Quando discutíamos o assunto, ele me perguntava: “Se existem espíritos, como eles são criados na hora em que os bebês nascem? Como é que um espírito pode se formar por meio do nascimento? Não há como explicar qual é sua fonte primária de existência”. Então, eu lhe dizia que os espíritos existem antes do nascimento, que reencarnam e renascem inúmeras vezes, mas ele não conseguia acreditar na minha explicação. E replicava: “Se você diz que os espíritos que vivem no outro mundo têm um intelecto avançado, então por que eles entram no corpo de um bebê e ficam ali só chorando? Isso é algo difícil de acreditar”. Ele achava que os humanos haviam evoluído dos macacos, que por sua vez tinham evoluído a partir de amebas. Infelizmente, essa parece ser a ideia dominante nos tempos atuais. Tudo isso foi um grande choque para mim. Desde a infância, aprendi sobre fé e religião como algo natural, por meio das crenças de meus pais, e percebi que havia uma lacuna imensa. Refletindo um pouco, concluí que talvez fosse inevitável que as pessoas tivessem essas noções, já que o sistema de ensino japonês não inclui nada a respeito de assuntos espirituais. Desde aquela época, continuei com os mesmos interesses. Descobri que minha maneira pessoal de pensar, minhas crenças e minha compreensão das coisas nem sempre poderiam ser compartilhadas por todos. Também aprendi que convencer os outros de certas verdades religiosas envolve um processo muito difícil. Na realidade, há uma grande diferença entre as pessoas que são capazes de acreditar instintivamente em questões espirituais e aquelas que não conseguem. De agora em diante, meu desafio é descobrir como provar as questões
espirituais. No mínimo, porém, posso dizer que nenhum desenvolvimento filosófico adicional será possível para aqueles que não forem capazes de observar com calma os sentimentos dos outros, ou compreender de que maneira os outros estão percebendo ou considerando suas maneiras de pensar. 5 Refere-se à vanguarda intelectual ou artística de um país. (N. do E.)
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Descobrir aspectos maravilhosos
Assim, aprendi que o pensamento dos outros pode ser muito diferente do meu. No entanto, mesmo que tivessem ideias distintas das minhas em relação a algum assunto ou crença, eu não os desconsiderava, nem achava que não teria nada a aprender com eles. Conheci alguns ateus, mas havia também coisas a aprender com eles. Aprendi várias coisas também com indivíduos materialistas. Como resultado dessas experiências, concluí que não devemos colocar rótulos nas pessoas. As pessoas tendem a colocar rótulos nos outros. Eu notava isso com frequência, mesmo depois que comecei a trabalhar. No meu primeiro ano numa empresa comercial, um funcionário me apresentou o local de trabalho. Quando descrevia os colegas, contava que tipo de pessoa cada um era com base nos rótulos que ele mesmo lhes dava. Mas, como eu tinha um interesse natural pelos outros, queria saber mais a respeito deles, sobretudo dos que eram evitados ou sofriam bullying, então ei a acompanhá-los na hora do almoço ou do café. O interessante é que com isso comecei a ser visto como amigo próximo ou membro do grupo daqueles com os quais os demais não simpatizavam e, portanto, como alguém diferente. Essa foi minha segunda surpresa. Descobri, então, outro pensamento comum das pessoas: “Quem for amigo das pessoas de quem não gostamos provavelmente não será nosso amigo, mas quem for amigo daqueles de quem gostamos será nosso amigo”. Por outro lado, eu sentia que gostar ou não de determinada pessoa era algo que cada um deveria decidir por si, e que a nossa noção de valores não precisa necessariamente ser compartilhada com os demais. Em ciência política, aprendi, por exemplo, que o jurista alemão Carl Schmitt tinha uma visão similar dos inimigos e defendia a ideia de que “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Esse pensamento dicotômico era observado com frequência na sociedade real. Isso me parecia estranho, mas entendi que era
assim, que às vezes as pessoas não julgavam ou avaliavam os outros com base no seu próprio senso de valores. Pessoalmente, posso gostar da pessoa A, mas não é por isso que vou esperar que a pessoa B também goste. Penso que vai caber à pessoa B gostar ou não da pessoa A. Igualmente, mesmo que eu não goste da pessoa A, não vou esperar que todos os demais a vejam do mesmo modo. A pessoa B pode gostar da pessoa A, enquanto a pessoa C pode não gostar dela. Escolhi esse tipo de situação como exemplo, mas vejo que esse modo de pensar é muito peculiar na sociedade japonesa, pois o povo japonês tende a adotar uma postura mental conformista e a colocar no ostracismo qualquer um que se mostre diferente. Aprendi várias lições com essas experiências, sobretudo com os comentários daqueles que não eram bem-vistos ou que eram desprezados pelos demais. Na realidade, há muitos aspectos de uma pessoa que não cabem naquilo que podemos depreender pelo simples fato de ela ser amiga ou inimiga de quem quer que seja, ou de fazer parte ou não do nosso grupo. Você não deve aceitar o rótulo que algumas pessoas colocaram nos outros como se fosse uma verdade definitiva. Como escrevi no Capítulo 2, eu me dedicava seriamente a conquistar o espírito de independência, então mantinha a atitude de aprender o que pudesse e de descartar o que era preciso, com base nas minhas crenças. As outras pessoas, no entanto, pareciam incapazes de compreender essa atitude. Afinal, a disposição de conhecer alguém ou alguma coisa leva você em última instância a se interessar por essa pessoa ou coisa, e esse interesse acaba levandoo a fazer descobertas maravilhosas. Você será capaz de ver o quanto determinada pessoa é na realidade incrível ou de descobrir algo que jamais teria imaginado; aumentará sua compreensão e ficará comovido por isso. Em suma, por que defender o mesmo conjunto de valores que os outros? Por que rotular alguém do jeito que os demais fazem? Por que não tentar remover esses rótulos? Às vezes, minhas ações e minha maneira de pensar me colocavam em uma clara posição de desvantagem e criavam mal-entendidos. E era inevitável que surgissem esses desentendimentos, porque algumas pessoas não compreendiam os valores distintos que eu possuía ao interagir com os demais. Mesmo assim,
continuo mantendo essa abordagem até hoje. Como CEO da Happy Science, vivo cercado de pessoas, e não há nenhuma de quem eu não goste. Vejo os pontos positivos que elas têm e sinto apreço por todas. Porém, algumas pessoas têm um senso de valores diferente. Quando faço um elogio, por exemplo, esse indivíduo pode pensar: “Sou o único que o Mestre considera especial. Tenho certeza de que o Mestre não gosta tanto dos outros quanto de mim” ou “Sou diferente dos outros. O Mestre gosta de mim, e isso deve querer dizer que não gosta dos demais. O Mestre só dispensa esse tratamento preferencial a mim”. Há pessoas que tendem a pensar assim. Quando descobri isso, logo após fundar a Happy Science, fiquei realmente chocado. Sou capaz de tratar bem todo mundo com base no que cada um é. Mas há pessoas que não são capazes de ver as coisas desse modo. Elas vão logo supondo que o fato de estarem sendo bem tratadas significa que são as únicas apreciadas, só elas, e mais ninguém. Acredito que esta seja uma maneira de pensar até bastante comum. Basicamente, tenho adotado a atitude de procurar descobrir os aspectos maravilhosos de cada um. Como resultado disso, quando estou ensinando a Verdade, tenho sido capaz de descobrir e de sentir os aspectos maravilhosos de cada Lei. Do mesmo modo que consigo identificar e aceitar as diferenças entre os ensinamentos, tenho descoberto as qualidades que brilham no interior de cada pessoa. Aprendi também que, mesmo que algumas ideias não se apliquem a mim pessoalmente, elas podem ser benéficas a outras pessoas. Isso me fez experimentar um bom desenvolvimento filosófico. Essa minha atitude de ter um interesse pessoal por todo mundo e de descobrir novos conjuntos de valores acabou contribuindo para desenvolver minha própria filosofia. No mínimo, essa atitude me proporcionou uma espécie de riqueza. Além disso, acredito que também enriqueceu minha maneira de pensar. 6 Carl Schmitt (1888-1985) foi um jurista, filósofo político e professor universitário alemão. Foi considerado um dos mais significativos e controversos especialistas em direito constitucional e internacional da Europa do século XX. (N. do E.)
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Pensar no bem e no mal
Falei a respeito de ter interesse em conhecer valores diferentes e descobrir aspectos maravilhosos, e isso nos leva agora a outro tópico: como pensar no bem e no mal? Essa é a questão mais importante que um líder religioso deve enfrentar. Como abordar as ideias de bem e de mal? Essas ideias são extremamente difíceis; e para líderes religiosos isso pode ser tão desafiador quanto ter de explicar o que é a iluminação. Toda a perspectiva filosófica de uma pessoa pode ser revelada quando ela responde à pergunta: “O que são o bem e o mal?”. Aprendi que o senso de valores de um indivíduo pode ser muito diferente até no mundo dos espíritos elevados. Mesmo os espíritos considerados bodhisattvas ou tathagatas podem ter maneiras de pensar distintas. Essa foi outra descoberta minha. Creio que esse tipo de descoberta não é tão encontrado nas religiões convencionais. Em geral, cada líder religioso vincula-se a um único deus, que pode ser o deus divino no qual ele acredita ou um espírito guia ou Buda, e a a encarar os ensinamentos particulares desse deus como a verdade absoluta. Com isso, considera como heresias todas as demais ideias que não estejam de acordo com esses ensinamentos. No entanto, tenho demonstrado, por meio dos livros publicados pela Happy Science, que os espíritos elevados às vezes têm opiniões divergentes. Isso significa que o bem e o mal não podem ser distinguidos apenas num plano bidimensional, como são frequentemente considerados; as ideias de bem e mal expandiram-se em um espaço tridimensional. Em outras palavras, está claro que no âmbito das ideias de bem e mal existe altura, largura e profundidade. A altura indica os níveis de bem e de mal, pois no mundo espiritual, também chamado de Mundo Real, temos um reino celestial e um reino infernal. É nisso que consiste a ideia tradicional de bem e mal. Mas aprendi ainda que o bem e o
mal também existem em um plano horizontal, e que até mesmo no mundo celestial podem existir valores diferentes. Por exemplo, muitos cristãos acreditam que sua religião é a única verdadeira e que Jesus Cristo é o único Filho de Deus ou enviado de Deus. Quando essas pessoas encontram budistas ou seguidores de outras religiões, às vezes abre-se espaço para que os devotos das duas religiões encarem o outro como personificação do mal. Isso ocorre porque eles não conseguem conhecer ou compreender o outro, e leva cada um a considerar o outro como expressão do mal. Assim, embora as ideias de bem e mal tenham basicamente o sentido de boas vibrações e de más vibrações, do mesmo modo que céu e inferno são separados pelas Leis de Buda, ou Leis do Universo, essas ideias podem também gerar vibrações conflitantes em razão da falta de compreensão. Eu fui aos poucos entendendo que o mal pode advir também da incapacidade das pessoas de se compreenderem ou se conciliarem. Podemos, portanto, concluir que o bem e o mal devem ser considerados num plano espacial. Na realidade, não podemos dizer se alguém é bom ou mau, ou se as palavras ou ações de alguém são boas ou ruins, a não ser que identifiquemos o nível de iluminação dessa pessoa. No caso de alguém que ainda precise despertar para a Verdade, é extremamente difícil julgar se a maneira de pensar da pessoa é boa ou má. É de fato bem difícil. Você não pode dizer que alguém é mau simplesmente porque não tem o seu nível de consciência. À medida que você eleva seu nível de consciência, torna-se capaz de enxergar mais aspectos das demais pessoas. E, quando percebe as partes boas e ruins dos outros, será que você consegue se colocar no lugar delas e ser solidário com suas ideias? Ou apenas julga que essas pessoas são más por não terem o mesmo nível de iluminação que você? Existem diferentes pontos de vista, como esse. Se você reparar no modo como mães e mulheres mais velhas conversam com as crianças, verá que há algo de peculiar na sua maneira de falar. Elas empregam uma linguagem completamente diferente daquela que usam para conversar com adultos. Empregam termos simples e adaptam sua fala ao nível das crianças. Sabem se ajustar às pessoas com as quais estão conversando. Na realidade, isso pode nos dar uma chave para transcender a questão do bem e do mal. A principal causa para o surgimento do bem e do mal é a incapacidade de você se ajustar aos
outros ou se solidarizar com eles. Portanto, é importante considerar de que maneira você pode se colocar no lugar das outras pessoas para tentar compreendê-las.
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Considerações sobre a dicotomia
Abordei o tema do bem e do mal, e agora precisamos refletir um pouco mais sobre a ideia de dicotomia. As pessoas gostam de enxergar as coisas em termos de branco ou preto. Também há quem veja as coisas em termos de uma tricotomia, isto é, em termos de branco, preto e cinza. Quanto a mim, não baseio meu pensamento nem na dicotomia nem na tricotomia. Talvez a razão de surgir a questão do bem e do mal seja porque as pessoas tendem a pensar nas coisas dentro de dicotomias, em termos de “sim ou não” ou de “esquerda ou direita”. No mundo do “sim ou não”, o bem e o mal certamente irão emergir. Mas, se sairmos do mundo do “sim ou não” e aceitarmos um mundo mais pluralista ou com diversidade de valores, vamos nos defrontar com a questão subsequente de como conciliar esses valores, e essa é a parte difícil. É fácil organizar nossos pensamentos com base numa dicotomia, mas conciliar maneiras diferentes de pensar é muito desafiador. Em vista disso, o pensamento dicotômico com certeza é bem simples em termos de eficácia. Mas creio que há um problema fundamental nesse tipo de raciocínio. Embora seja a maneira mais simples de julgar os outros, também omite muitos aspectos importantes. Por exemplo, se uma fruta tem alguma parte estragada, surge a questão: o que é melhor, remover a parte ruim e comer o resto ou jogar fora a fruta inteira? Se pensar em termos dicotômicos, você concluirá que a banana ou o caqui que tenha alguma parte machucada é uma fruta “podre” e vai jogá-la fora. Para resolver esse problema, costumo examinar as questões considerando o eixo do “tempo” das coordenadas. Mesmo que no presente momento algumas coisas sejam classificadas em termos de branco ou preto, ou de bem ou mal, elas podem mudar ao longo de determinado período de tempo. Eu deixo espaço para essa possibilidade. Não acredito que existam pessoas que sejam boas ao longo de toda a vida ou que
sejam más do nascimento até a morte. Afinal, faz parte da verdadeira natureza do homem agir bem algumas vezes e mal em outras, não é mesmo? Portanto, a chave para superar o pensamento dicotômico está no eixo do tempo, no fluir do tempo, e não em algum ponto fixo dele. É exatamente assim que Deus ou Buda vê os seres humanos e o mundo. Desde tempos antigos, as pessoas têm questionado por que existe o mal na Terra, por que existe o inferno no outro mundo e por que o diabo existe, se Deus existe como o único Ser perfeito, absoluto. Este tem sido um grande enigma, porém ninguém foi capaz de dar uma resposta clara. Para responder a questões como essa é preciso considerar a perspectiva do tempo. O que em determinada fatia do tempo se afigura como mal pode se tornar algo diferente ao longo de um período mais extenso. Vamos pegar como exemplo a Restauração Meiji, ocorrida no Japão há mais de um século. Naquela época, foram travadas batalhas por todo o país entre os leais ao imperador e os defensores do xogunato. Qual era, então, o fator determinante em termos de bem e mal? As lutas em favor do imperador seriam boas? E as outras, pró-xogunato, más? Vamos considerar esse caso. Se seguirmos o provérbio: “Os fortes estão certos”, as forças imperiais, que acabaram sendo vitoriosas, eram consideradas na época como estando do lado da justiça. Mas 50 ou até 100 anos antes dessa era, considerava-se que o certo era lutar em favor do xogunato, e o errado era rebelar-se ou conspirar contra ele. Apesar disso, na época da Restauração Meiji, a aliança entre os clãs Satsuma, Choshu, Tosa e Hizen, que lutavam contra o xogunato, acabou tendo uma avaliação positiva, e ou a ser vista como algo justo. Então, como encarar essa avaliação? Será que as pessoas que ficaram do lado do xogunato até o fim se consideravam más? Naquele tempo, a aliança da oposição defendia a virtude do imperador como uma bandeira de retidão, e usou isso como símbolo. E as pessoas nos tempos antigos se preocupavam em saber de que lado Deus ou Buda iria ficar. Em momentos decisivos da história como esses, é difícil avaliar de que lado está a justiça sem levar em conta que lado Deus ou Buda apoiaria. De qualquer modo, definir se a Restauração Meiji foi boa ou ruim acabou sendo algo estabelecido ao longo do tempo. Se o recém-formado governo Meiji tivesse se revelado uma istração terrível, as forças do xogunato teriam recuperado poder e o novo governo talvez fosse derrubado. Nesse caso, a luta das forças imperiais seria vista como uma rebelião traiçoeira. Podemos dizer, então, que o
fator decisivo para distinguir o bem do mal é a agem do tempo. E podemos também dizer que um conflito de valores que ocorra em determinado ponto do tempo é na realidade um movimento para criar uma nova era. Podemos comparar isso com as ondas que chegam à praia. Elas vêm do mar aberto para quebrar na costa, mas nem todas chegam diretamente. Conforme as primeiras ondas recuam, vão empurrando de volta as ondas seguintes, de modo que as ondas recém-formadas não conseguem alcançar a praia a não ser ando por cima das anteriores. Assim, as primeiras ondas fluem de volta de encontro às novas, e estas precisam superar as anteriores para atingir a sua meta de alcançar a costa. Ao longo da história, os choques de valores ou os conflitos entre diferentes filosofias e atividades durante a transição para uma nova era podem ser comparados às ondas da praia. Se as que recuam forem mais fortes, as novas ondas não conseguirão chegar à praia. É dessa maneira que vejo as coisas.
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Pensamentos sobre o monismo
Outra maneira interessante de pensar é o monismo, ou o monismo da Luz. Ele é considerado uma parte do pensamento filosófico do xintoísmo japonês. Masaharu Taniguchi⁷ também ensinou que tudo pode ser reduzido ao monismo da Luz. Sua ideia básica era: “Não existe conflito entre os valores dicotômicos de bem e mal; existe essencialmente apenas luz no mundo. As trevas não existem, pois desaparecem quando a luz é erguida”. Basicamente, essa ideia é a mesma da filosofia do Novo Pensamento surgida nos Estados Unidos. Crenças como as de iluminação e pensamento positivo seguem essa mesma linha. O famoso filósofo Ralph Waldo Emerson⁸ também adotou esse modo de pensar. Ele defendia a ideia de que: “Não existe quente ou frio; frio é apenas ausência de calor. Se algo é privado de calor, automaticamente se torna frio. Portanto, frio não é um valor absoluto”. Esse é o modo de pensar do monismo. No entanto, acho difícil entender essa maneira de pensar como uma teoria real e substancial, porque há um aspecto ilógico nessa filosofia. Embora seja verdade que as trevas desaparecem com a luz, será que podemos dizer de fato que a noite é a mera ausência do dia? Algumas pessoas podem acreditar que a noite é apenas a ausência do Sol e que, portanto, a noite essencialmente não existe. Porém, dia e noite existem há mil, dez mil, até mesmo 100 milhões de anos; então, será que podemos concluir que algo que existe ao longo da história não seja real? Vejo aqui uma distorção nessa filosofia, pois se trata de uma forma de pensar baseada apenas nas palavras. Acho mais racional aceitar o que de fato existe como real e considerar maneiras de interpretar isso. Não importa o quanto você insista que a noite não existe, seu argumento será fútil. Se você afirmar: “Não existe o frio. Ele é meramente a ausência de calor”, e fizer isso numa hora em que estiver nevando ou que a água lá fora congelar, as
pessoas acharão que você está apenas querendo se exibir, fazendo crer que resiste bem ao frio, movido por pura pretensão. E aqueles que vivem em regiões muito frias talvez até considerem sua afirmação ridícula. As pessoas têm dificuldade em ver as coisas por uma perspectiva que se afaste de seu ponto de vista atual. Mesmo que tenham conhecimento do Mundo Real ou Mundo Verdadeiro, acham difícil entender o que está sendo dito, pois não conhecem nada a esse respeito. Além disso, mesmo os reinos dos tathagatas e dos bodhisattvas no Mundo Real não são na realidade monistas. Apesar de serem os reinos da Luz, há o fato inegável de que a Luz não é monística; não existe apenas um tipo de Luz. A Luz na verdade se manifesta de diferentes maneiras. Se entendermos isso, entenderemos que o pensamento monista contém ideias muito difíceis de aceitar. No final das contas, o monismo significa em essência que existe uma única fonte de Luz. Mas, mesmo que exista apenas uma fonte de Luz, ela pode ser transmitida de vários modos. Quando há uma obstrução, uma sombra é projetada. Quando a luz é bloqueada por um anteparo, ela não pode ar a não ser que haja um orifício nele. Isto é, mesmo que exista apenas uma fonte de Luz, a forma pela qual a Luz se propaga ou se manifesta pode ser diferente. Nesse contexto, seria conveniente renomear o monismo da Luz como “monismo da fonte de Luz”. Assim fica expressa a ideia de que a fonte de Luz é monística, ou seja, que há apenas uma fonte de Luz e que tudo se origina dela. Desse modo, a precisão é maior. Porém, se for interpretado com o sentido de que não pode haver nada a não ser Luz por existir apenas uma fonte de Luz, isso se revela extremo demais. Mesmo assim, há algo em relação à ideia do monismo da Luz ou do monismo da bondade que não pode ser descartado totalmente, levando em conta sua efetividade. Outra ideia afirma que: “O mal, quando é reconhecido, pode ser amplificado, aumentado e manifestar-se na realidade, portanto é melhor não itir sua existência”. Seja como for, essa maneira de pensar contém um aspecto da Verdade. Em certos casos, o mal pode se espalhar ao ser reconhecido, como se jogássemos combustível em uma fogueira. Mas também há um problema com essa ideia: a questão da punição retaliatória, como está descrito no código penal. O código penal se baseia na ideia de que a
pessoa deve reparar os crimes que tiver cometido; portanto, como podemos entender essa ideia? Essa questão nos leva a considerar a ideia do legalismo (Estado de Direito), decorrente do processo de modernização. Se examinarmos as leis do direito social, é óbvio que elas não se baseiam no monismo da Luz ou no monismo da bondade. Está muito claro que as leis foram criadas a partir do ponto de vista do dualismo. Isso vale não apenas para as leis do código penal, mas também para as do código civil, do direito comercial e do direito trabalhista. Essas leis partem da suposição de que os conflitos irão sempre ocorrer, e descrevem os vários métodos para resolvê-los. Todas as leis são criadas partindo da premissa de que podem ocorrer conflitos e que o mal pode surgir. Então, de que maneira podemos entender essas leis? Para começar, se as Leis de Buda ou de Deus tivessem o único intuito de elogiar as pessoas ou de simplesmente dizer que todas elas são boas, não haveria necessidade de preceitos ou mandamentos. Não existiriam as promessas feitas entre os humanos e Buda ou Deus. Mas, pelo fato de haver uma promessa, o potencial ato de descumpri-la existe. Se não houvesse uma promessa desde o início, não haveria a possibilidade de quebrá-la. Essa é uma questão extremamente complexa. Embora exista essa ideia de que o mal pode ser amplificado ao ser reconhecido, também é possível que o mal aumente quando não é reconhecido como mal. Por exemplo, se atribuíssemos aos ladrões uma natureza essencialmente boa, e eles fossem tratados com bondade em razão disso, então continuariam a cometer uma maldade atrás da outra. Portanto, embora seja verdade que há apenas uma fonte de Luz ou de Lei, ela pode se manifestar de várias maneiras no seu percurso final. É por isso que precisamos convencer os outros de acordo com o nível de consciência de cada pessoa. Penso que o monismo da bondade ou o monismo da Luz é em grande parte verdadeiro para as pessoas que têm um nível de consciência bem alto. Para essas pessoas, ele deve parecer uma ideia convincente. Contudo, aqueles que ainda não alcançaram esse nível de consciência precisam receber ensinamentos a respeito do bem e do mal. É essencial ensinar-lhes o que não devem fazer. Esse é um dos propósitos da educação. Portanto, creio que a maneira mais racional de pensar é a seguinte: no primeiro estágio, quando a alma da pessoa ainda é muito jovem e seu nível de consciência
e de iluminação é baixo, é melhor que aprenda o que é o bem, o que é o mal, o que está de acordo com a Vontade de Deus ou Buda e o que não está. Depois que ela alcança total compreensão da dicotomia de bem e mal, pode avançar, adotar uma maneira de pensar monista e entender que aquilo que parece ser bem ou mal é visto pelos olhos de Deus ou Buda de maneiras diferentes. À medida que você a de uma visão dualista para uma visão monista, precisa levar em consideração “a agem do tempo”. Essa atitude é muito importante. Comece com a visão dualista e em seguida adote o conceito da “agem do tempo” para encarar as coisas do ponto de vista de um “dualismo relativo”. Em seguida, dê mais um o e acolha a visão monista. Esse processo é o verdadeiro caminho para compreender a Verdade e as noções de bem e mal. 7 Masaharu Taniguchi (1893-1985) foi o fundador da organização religiosa japonesa Seicho-no-Ie. (N. do T.) 8 Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta americano que desenvolveu a filosofia do “transcendentalismo”. (N. do E.)
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O esplendor da Verdade
Discuti vários assuntos, e agora gostaria de falar sobre “o esplendor da Verdade”, que costumamos experimentar ao observar as pessoas ou estudar diferentes ensinamentos. Essas experiências nos trarão um prazer infinito. Descobri muitas verdades e conversei com numerosos espíritos elevados, e tive o imenso prazer de experimentar o esplendor de Verdades distintas em cada uma dessas ocasiões. Mesmo as ideias que não são de alto nível filosófico podem emitir a luz da Verdade. Quanto mais você se banha nesse esplendor da Verdade, mais elevada se torna a sua iluminação. Há na vida prazeres de vários tipos, mas penso que ser capaz de sentir o esplendor de múltiplas Verdades é uma forma de felicidade. As pessoas tendem a enxergar as coisas de maneira limitada. Suas visões se baseiam nas próprias ideias fixas, e elas acreditam que sua percepção é a única forma de ver as coisas. E se sentem mais seguras encarando as coisas dessa forma. Mas seria para elas uma grande descoberta e uma imensa surpresa constatar que existem outras maneiras de pensar, completamente diferentes, que também contêm a Verdade. Se não experimentarem essa surpresa, os portões da Verdade não se abrirão para elas. Aprender a Verdade é algo que chega como uma surpresa; sem experimentar essa surpresa, você não consegue conhecer a Verdade. Quando lhe forem dadas oportunidades de aprender coisas novas – novas maneiras de pensar, novos fenômenos ou novos estímulos – sua alma ficará muito impressionada, e a pele ou casca que a cobria começará a cair. Assim, primeiro você precisa navegar no vasto oceano da Verdade e perceber nele o esplendor da Verdade. Senti-lo na própria pele. Isso é muito importante. Uma pergunta: quando você é surpreendido por alguma coisa ou fica
impressionado em seus encontros com o desconhecido, de que maneira pode assimilar e incorporar esses novos valores? Esse é o grande desafio que você terá de encarar. Você precisa ir além de simplesmente reconhecer certas coisas como valores diferentes, terá de harmonizá-las de algum modo, integrá-las e elevá-las na forma de uma ideia sublime. Esses esforços são extremamente importantes. Mesmo que após esses esforços você volte ao seu ponto de partida, eles não terão sido inúteis, de forma alguma. Há uma tremenda diferença entre voltar de uma viagem da alma trazendo descobertas da Verdade, e voltar sem ter ganhado nenhuma experiência. Essa diferença é o valor da experiência. Portanto, eu gostaria que você adotasse as seguintes atitudes. Uma delas é desfrutar das Leis. Isto é, experimentar a satisfação de perceber o esplendor das várias Verdades. Espero que você experimente esse estado de “desfrutar das Leis” pelo menos uma vez. A outra atitude é subir os degraus das Leis. Não negligencie esse caminho que vem a seguir. Por favor, saiba que essa estrada acabará levando-o a Deus ou Buda.
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O que há no coração da diversidade
Para encerrar este capítulo, eu gostaria de falar sobre o que existe no âmago da diversidade. O que aparece como diversidade é o resultado das limitações da percepção humana. Um exemplo perfeito disso é a limitada visão do olho humano neste mundo tridimensional. O olho humano é incapaz de captar totalmente um objeto tridimensional do jeito que ele é. Já chegou a refletir sobre isso? O mundo percebido pelo olho humano é o mesmo que aparece em uma fotografia; é uma visão bidimensional, plana. Embora sejamos capazes de sentir a profundidade, o mundo que vemos é exatamente o mesmo que o mostrado em uma fotografia. Podemos vê-lo apenas em duas dimensões. Ao olhar um objeto, não somos capazes de ver todos os seus ângulos ao mesmo tempo. É assim que os humanos são. Quando olhamos um vaso de planta, por exemplo, não conseguimos ver todos os seus ângulos ao mesmo tempo. Só podemos enxergá-lo como uma série de tomadas de câmera feitas de diferentes ângulos, que combinadas permitem reconhecer uma imagem geral. Do mesmo modo, o fato de a diversidade existir no que se refere à Verdade não significa que a Verdade seja diversa. Assim como na analogia temos apenas um vaso de planta, a Verdade é uma só; o que difere são os ângulos a partir dos quais o vemos. Para usar outra analogia, existe apenas um monte Fuji. No entanto, muitos fotógrafos tiram fotos dele de diferentes posições, e não há duas fotos iguais. São todas distintas. Então, será que poderíamos simplesmente descartá-lo como sendo o mero resultado de diferentes pontos de vista? Ou chegaríamos à conclusão de que o monte Fuji é um só e que pode ser visto de uma variedade de maneiras? Seja como for, o monte Fuji é o monte Fuji; ele é único. Precisamos entender isso.
O que quero dizer é que a existência de diversos valores não significa que existem vários montes Fuji. Se esquecermos desse ponto cometeremos um grave erro. Há apenas um monte Fuji, mas podemos ter várias fotos diferentes do monte Fuji ao fotografá-lo. É apenas isso. Por conseguinte, o fato de a Verdade aparecer sob diversas formas significa que existem limitações na faculdade humana de reconhecer as coisas. Há apenas uma Verdade, do mesmo modo que existe apenas um Monte Fuji. Há apenas uma Realidade, apenas um Buda ou Deus, apenas um ensinamento de Buda ou Deus. Mas, como isso é multidimensional, os humanos têm dificuldades para chegar a uma compreensão total, pois sua faculdade de reconhecimento opera somente em duas dimensões. Por favor, lembre-se de que é um grande equívoco pensar: “É verdadeiro o ensinamento de confiar apenas na salvação divina e na salvação pela própria força. O budismo é verdadeiro, o cristianismo é verdadeiro e o xintoísmo japonês são todos verdadeiros. Existem muitas verdades em cada um deles”. Na realidade, existe essencialmente uma Verdade. Porém, em razão do limitado alcance da faculdade humana de reconhecimento, a Verdade única pode ser vista de diferentes formas, dependendo de “como a foto foi tirada” ou da posição ou do ângulo a partir do qual é vista. Da perspectiva daqueles que têm alto grau de consciência ou que são capazes de assimilar imediatamente o quadro inteiro do que é correto ou da Verdade, não há essencialmente algo como a diversidade. “Diversidade de reconhecimento” e “diversidade de existência” são duas coisas diferentes. Mesmo havendo diversidade de reconhecimento, só pode haver uma existência. Por favor, saiba disso. Valores distintos devem, em última instância, levá-lo a adotar esse sistema de valores único. Espero que não cometa um erro em relação a esse ponto.
CAPÍTULO QUATRO
Buda e Deus – O Desconhecido
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Ansiar por Buda e Deus
Neste capítulo, quero relatar como encontrei Buda e Deus, como ei a pensar no Divino e a alimentar minha crença em questões espirituais até chegar à fé. Antes de falar sobre o modo como percebi a presença de Buda e Deus, vou descrever meu ambiente familiar. O ambiente familiar que temos na infância é muito importante para desenvolvermos uma inclinação religiosa, porque as crianças crescem ouvindo o que os pais dizem, sem nutrir qualquer dúvida. Acredito também que a crença de meus pais em Buda e Deus foi um fator importante para me levar a ter fé religiosa e a achar natural acreditar em Buda e Deus. Acabei constatando a imensa diferença que havia entre o ambiente familiar da minha infância e o ambiente social que encontrei mais tarde na vida adulta, mas de qualquer modo sinto agora que tive muita sorte em conseguir aceitar a existência de Buda e Deus em uma idade relativamente precoce, sem questionar. Se alguém a vinte ou trinta anos imerso no materialismo, não é fácil que de uma hora para outra direcione os pensamentos para Buda e Deus. A pessoa precisa ar por alguma experiência impactante para que isso aconteça. Por esse ângulo, sem dúvida fui muito afortunado. O ambiente familiar pode dar margem a várias situações: uma boa condição financeira, um ambiente confortável em uma área urbana ou uma bela casa. Mas não importa qual seja o ambiente em que a pessoa cresça, o fator mais importante na infância é o tipo de influência que a pessoa recebe para moldar seu caráter e suas visões de vida. Assim, independentemente do tipo de ambiente familiar em que tivesse nascido e sido criado, desde que recebesse uma influência adequada para eu desenvolver minha espiritualidade, acredito que acabaria trilhando o caminho em que estou agora. Como Santo Agostinho escreve em Confissões, mesmo ele, uma grande alma,
sofreu imensamente com a batalha travada entre seu espírito e seu corpo, até descobrir o verdadeiro Deus. No meu caso, fui capaz de aceitar as ideias de “espírito”, “alma”, “Buda” e “Deus” desde tenra idade, sem me sentir desconfortável. Portanto, nesse sentido tive mesmo muita sorte. Isso demonstra o quanto é vital que a família plante na mente da criança as sementes das visões espirituais da vida e da fé em Buda ou Deus. Mesmo à medida que uma nova religião e seus ensinamentos se difundem ao redor do mundo, sinto, a partir da minha experiência, o quanto é importante receber educação espiritual em casa desde cedo. Vou contar em detalhes quando foi que senti o desejo de me aproximar de Buda e Deus durante minha infância. O que me levou a sentir a presença de Buda e Deus foi minha aspiração de melhorar. Desde muito jovem, lembro que tinha um forte senso de missão e sempre pensava que havia algo que eu precisava fazer. Naquela época, não tinha ideia do que seria esse “algo”, mas estava muito determinado a alcançar uma coisa que fosse significativa. Sentia que precisava cumprir algo, mesmo que exigisse me dedicar ou sacrificar tudo que me era precioso. Acho que fiquei décadas procurando o que poderia ser. Há um romance chamado Além do âmbito da vingança (“Beyond the Pale of Vengeance”), de Kan Kikuchi¹ . É a história de um monge que dedica a vida a cavar um túnel através de uma montanha. Eu também tinha esse desejo de cumprir uma tarefa difícil, que levaria décadas para ser concluída, e estava à procura de algo que pudesse dar vazão ao meu desejo obstinado. Eu queria ardentemente viver como o monge da história, que dedicara a vida a cavar o Aono-Domon (túnel escavado de Ao), por onde os aldeões poderiam viajar com maior segurança. Quando eu estava ainda nos primeiros anos do ensino fundamental, sentia forte atração pela ideia de dedicar todos os momentos livres a fazer algo que valesse a pena. Mesmo quando criança, às vezes olhava para um grande dicionário, por exemplo, e sentia um desejo intenso de criar algo igualmente grande no futuro. De todo modo, os vários pensamentos e sonhos que avam pela minha mente tinham sempre uma coisa em comum: meu desejo de devotar a vida inteira, não apenas um mês ou um semestre, mas um período de tempo de décadas, de trinta ou quarenta anos, trabalhando para alcançar algo de valor. Queria criar algo grande e, se possível, trabalhar em uma coisa que beneficiasse um número enorme de pessoas, estendendo-se pelo futuro. Esse sentimento – esse senso de
missão – brotava intensamente do fundo do meu coração. Vendo as coisas em retrospecto, sinto que esse senso de missão que me acompanhava desde a infância era, na realidade, meu intenso anseio por Buda e Deus. Esse forte senso de missão era como uma espécie de prova de que há anjos de luz nascendo na Terra. 9 Agostinho de Hipona (354-430) foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo. Escreveu o livro autobiográfico Confissões, no qual relata sua vida antes de se tornar cristão e se converter. (N. do E.) 10 Kan Kikuchi (1888-1948) foi um escritor, empresário, dramaturgo e político japonês. (N. do E.)
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Memórias de meu pai
Quando penso na importância do ambiente familiar para uma criança, lembrome de dois exemplos que me marcaram. Um é o de John Stuart Mill (18061873), um filósofo britânico que desenvolveu a teoria do utilitarismo. Era um economista liberal, discípulo de Jeremy Bentham. Mill descreveu o ambiente familiar de sua infância em A autobiografia de John Stuart Mill, um clássico da literatura autobiográfica, que talvez você já tenha lido. O pai de Mill era um acadêmico de renome, muito amigo de Bentham. Desde cedo, Mill recebeu uma educação especial de seu pai, e já no ensino fundamental dominava o grego e o latim, e lia muitos livros de alta complexidade. Esse homem de rara capacidade intelectual também recebeu muita influência de seu ambiente familiar. Infelizmente, porém, sua disposição intelectual e espiritual chegou a um limite e estagnou depois dos 20 anos, talvez por ter recebido cedo demais uma instrução tão avançada. O fato de receber uma educação avançada em idade precoce talvez tenha distorcido de algum modo sua vontade de superar seu “eu fraco” e bloqueado sua aspiração de se aprimorar. Mesmo assim, ao ler sua autobiografia quando eu ainda era jovem, senti muita inveja da educação excepcional que o pai lhe proporcionara. O outro exemplo é o de Hideki Yukawa (1907-1981), um físico teórico japonês. Ele também relembra como foi sua criação na autobiografia Tabibito (“O viajante”). Hideki Yukawa fazia parte da família Ogawa, de destacados acadêmicos. O pai, Takuji Ogawa, era professor de geologia na Universidade de Quioto, e os irmãos, Tamaki Ogawa e Shigeki Kaizuka, eram notáveis acadêmicos. Hideki Yukawa foi ganhador do Prêmio Nobel de Física. Por influência do pai e do avô, Hideki Yukawa também recebeu uma educação especial; desde cedo foi instruído a ler em voz alta os Quatro Livros e os Cinco
Clássicos do Confucionismo. É provável que esse tipo de aprendizado diligente e influência espiritual durante a infância tenha sido muito útil para que se revelasse mais tarde um gênio. Até certo ponto, eu também tive uma experiência semelhante, que agora relembro com muita satisfação. Meu pai era uma pessoa muito espiritualizada. Em seus últimos anos, além de publicar vários livros, trabalhou como conselheiro na Happy Science (sendo mais tarde Conselheiro Honorário) sob o pseudônimo de Saburo Yoshikawa. O nome Saburo Yoshikawa foi criado combinando caracteres chineses extraídos de seus nomes em vidas adas e de seu nome terreno: dois caracteres extraídos de Zenmui-Sanzo (Subhakarasimha), um de Nichiro, que era um dos seis principais discípulos de Nichiren, e um caractere de seu nome nesta vida. Ele trabalhava sob esse nome religioso. A influência que recebi de meu pai na juventude foi imensa; eu não teria sido capaz de encontrar Buda e Deus tão cedo se não fosse por ele. Meu pai não tinha um grande acervo de livros, mas desde meus dias no ensino fundamental eu notava que ele refletia profundamente sobre várias questões e que lia atentamente. Foi talvez essa imagem do meu pai que me levou a desenvolver a aspiração de me aperfeiçoar e a vontade de superar meu “eu fraco”. Meu pai não possuía muitos livros em sua estante, mas todos estavam bem gastos. Lembro particularmente da sua Bíblia. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento tinham sido tão manuseados que quase perderam o formato. Continham inúmeras anotações, e muitas das agens estavam sublinhadas em vermelho. Com certeza haviam sido lidas muitas vezes ao longo de décadas. Mesmo quando era criança, pude concluir que ele havia estudado a Bíblia a fundo. Uma das coisas que mais me impressionavam em meu pai era sua excelente memória. Ele não só lia a Bíblia, mas conseguia recitar de cor as agens mais importantes, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Citava a toda hora versículos da Bíblia, e também conhecia muito bem o zen-budismo. Muitos dos ensinamentos mais importantes do zen constam da coletânea O portal sem porta¹¹, e eu ouvia meu pai dar uma aula a respeito disso quando tinha apenas 10 anos de idade. Ou seja, por volta dos meus 9 ou 10 anos de idade, tive contato em casa com as histórias da Bíblia e da coletânea O portal sem porta. Antes de completar 20 anos, meu pai participou do Movimento Sem Igreja, de
Tadao Yanaihara. Mais tarde, porém, concluiu que os ensinamentos cristãos eram insatisfatórios e aderiu a outro grupo religioso, a Seicho-no-Ie, no qual estudou a filosofia do monismo de Deus. Eu soube que logo após a Segunda Guerra Mundial ele estudou sob orientação direta do fundador dessa organização, Masaharu Taniguchi. Um fato interessante é que, enquanto estudava os ensinamentos da Seicho-no-Ie, por volta de seus vinte e poucos anos, ele também se envolveu em atividades políticas e apoiou ideias comunistas. Eu ainda acho isso estranho, mas ao que parece meu pai, em sua juventude, encontrou uma maneira muito pessoal de integrar as ideias da reforma política materialista e do monismo de Deus, cuja filosofia ensina que “essencialmente não existem objetos materiais, nem quaisquer corpos físicos”. Quando penso por que razão ele teria se sentido atraído por essas duas crenças mutuamente excludentes, entendo que a ideia de criar uma utopia, presente nos ensinamentos de Karl Marx, e a ideia da Seicho-no-Ie de que “essencialmente existem apenas espíritos; apenas Deus existe” estavam de algum modo conectadas na mente dele, embora não de maneira totalmente organizada. Como resultado da influência de meu pai, tive uma compreensão do materialismo desde o tempo do ensino fundamental. Também conhecia o conteúdo do Manifesto Comunista¹², pelos comentários de meu pai. Além desses livros, meu pai possuía também obras sobre a história da filosofia ocidental. Não eram muitas, mas haviam sido lidas muitas vezes por ele. E também costumava conversar comigo sobre a filosofia ocidental. Foi com uns 10 ou 11 anos que ouvi falar pela primeira vez de Immanuel Kant¹³. Meu pai me pôs em contato com a filosofia do idealismo de Kant quando eu estava no final do ensino fundamental. Não era uma leitura muito adequada, claro, mas todos os dias após nosso jantar ele falava com meu irmão e comigo sobre esse assunto durante cerca de uma hora. Minha mãe, que não era muito de ler, às vezes parecia não entender muito bem o que meu pai dizia. Mas, sabendo que essas conversas eram um de seus maiores prazeres, logo se enfiava na cozinha após o jantar e ouvia nosso pai falando pela porta. Tenho muitas outras recordações de meu pai. Lembro que nos fins de semana ele ficava escrevendo romances no seu caderno. Nossa casa não era muito grande, então, toda vez que queria escrever, ele se instalava numa mesa pequena, baixa, num canto da casa, e trabalhava no seu romance. Também lembro que compunha
poemas haikus¹⁴ na sala, quando nós, crianças, íamos para a cama. Parece que tinha muito talento para escrever haikus. Apresentou seus trabalhos em concursos patrocinados por jornais nacionais, como o Asahi Shimbun, e conquistou o primeiro prêmio várias vezes. Eu soube que alguns de seus trabalhos também foram incluídos no “Saijiki”, um livro especial sobre haikus. Por influência de meu pai também desenvolvi, sem perceber, uma inclinação para a literatura, e então ei a compor poemas. Embora não contasse com um mestre para me orientar diretamente na Verdade, acredito que observar meu pai ao longo da infância e adolescência foi o maior aprendizado que recebi nesse sentido. 11 O portal sem porta é um livro famoso do escritor chinês Wumen Huikai (1183-1260) que reúne 48 koans (uma pergunta, um diálogo, uma história ou frase usada na prática zen para contemplar algum aspecto e aprofundar a iluminação da pessoa). (N. do E.) 12 O Manifesto Comunista é um tratado político escrito por Karl Marx e Friedrich Engels – teóricos fundadores do socialismo científico – e publicado pela primeira vez em 1848. (N. do E.) 13 Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo prussiano, considerado o principal filósofo da era moderna; ficou famoso pela elaboração do chamado “idealismo transcendental”. (N. do E.) 14 O haiku é uma forma curta de poesia japonesa; os haikus são tradicionalmente impressos numa linha vertical única. (N. do E.)
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O espírito de superar o “eu fraco”
Fui criado nesse ambiente familiar e, portanto, aos poucos desenvolvi naturalmente um espírito de superar o “eu fraco”. Você já pode imaginar o que as crianças na terceira, quarta e quinta séries aprendem; não são matérias particularmente difíceis. Mas naqueles anos eu já conhecia um pouco a filosofia de Kant, as ideologias de Marx e Engels, O portal sem porta, de Wumen Huikai, e as palavras de Jesus e dos profetas do Antigo Testamento. Essas lições estavam num nível totalmente diferente; mas mesmo com a minha pouca idade já era capaz de perceber a distância que existia entre o que eu aprendia na escola e o que era a Verdade de fato. Naquele tempo, eu costumava pensar: “Esse tipo de material é avançado demais para uma criança do ensino fundamental, e esses estudos não são adequados para a minha idade. Mas tudo que posso fazer agora é estudar esses materiais da melhor maneira possível, conforme me forem apresentados, e manter a aspiração de aprender esses assuntos com maior profundidade quando crescer. Com isso vou poder me esforçar e melhorar”. De alguma maneira, conseguia prever o tipo de pessoa que seria dali a dez anos. Na década seguinte, estudei muito, do meu jeito, para poder entrar na universidade. Durante todo esse período, dizia a mim mesmo que precisava me empenhar nos estudos e construir uma boa base, para ser merecedor de aprender as filosofias, ideologias e religiões que meu pai havia me ensinado na infância. Então, a partir dos 20 anos, finalmente ei a fazer parte do mundo para o qual havia me preparado – o mundo da verdadeira aprendizagem. Quando entrei na universidade, dediquei-me muito à leitura de diferentes tipos de livros. Naturalmente, a maioria deles era sobre ideologias e filosofias. Ao rememorar meus anos de juventude, vejo o quanto o espírito de superar o “eu fraco” é importante para os humanos. As pessoas costumam ser arrastadas para o caminho mais fácil, e acabam ficando à deriva, ocupadas com os assuntos
mundanos do cotidiano. O que pode nos impedir de cair nisso é a vontade de superar nossas fraquezas. É muito importante ter um desejo contínuo de melhorar a si mesmo, ainda que seja só um pouco de cada vez. Também é importante estar sempre disposto a estudar alguma coisa de valor e transmitir isso aos outros. Considero que manter essa disposição e entusiasmo de aprender é um grande dom. Algumas pessoas têm aspirações intelectuais superficiais, satisfazem-se com o pouco que aprendem, mas há outras que não se contentam com pouco conhecimento e querem sempre estudar mais coisas. Acredito que esse tipo de inclinação ou impulso é em si um talento. Vejo muita gente se queixar dizendo: “Embora eu me esforce ao máximo dentro da minha capacidade, não consigo alcançar bons resultados; minhas notas não melhoram e não vou bem nas provas” ou “Por mais que me esforce no trabalho, não sinto que seja recompensado”. No entanto, o forte desejo de aprender alguma coisa já é em si um talento. Se você possui esse desejo, se tem muita vontade de melhorar, isso servirá como força motriz para você deixar para trás o nível comum e seguir em direção ao extraordinário. O que importa é o nível em que você se sente satisfeito. Quanto menos satisfeito estiver ou quanto mais se sentir distante da satisfação, mais forte será seu desejo de superar o “eu fraco” e mais elevados serão os “picos de montanha” que irá escalar. Eu mantive essa crença a vida inteira, e como meu limiar para ficar satisfeito sempre foi muito alto, nunca encarei de modo complacente a minha capacidade intelectual. Sempre estabeleci metas mais altas para mim; não importava quais fossem meus esforços, pois sempre me sentia longe de alcançálas. Encarar a vida como um caminho infindável de autoaprimoramento talvez seja visto como perigoso segundo a perspectiva da filosofia de Lao-tzu e Chuang-tzu. Mas nós, humanos, temos o desejo inato de viver a vida ao máximo e fazer o melhor trabalho possível para o maior número de pessoas, pois só nascemos neste mundo uma vez a cada centenas ou milhares de anos. Visto desse modo, é simplesmente natural que almejemos aprimoramentos infinitos. O espírito de superar o “eu fraco” é indispensável para uma pessoa que parte do comum e busca alcançar uma altura extraordinária. Sem isso, é impossível conseguir a verdadeira autorrealização. Nutrir o espírito de superar o “eu fraco”
significa que você não subestima nem superestima sua capacidade, simplesmente mantém a atitude de olhar um o à frente e se esforçar para alcançar uma meta um pouco mais elevada. A maioria das pessoas não se dispõe a pensar no futuro porque já se contenta com sua condição atual. Contudo, se elas ficassem na ponta dos pés e olhassem um pouco mais adiante, seriam capazes de ver o que as espera e perceber o que precisam fazer. Portanto, a força motriz para alimentar o espírito de superar o “eu fraco” é a atitude de olhar sempre um o adiante. As pessoas tendem a ficar satisfeitas ao se concentrar apenas na sua situação atual, mas se mantiverem a atitude de olhar um o à frente, mesmo que para isso precisem se esforçar mais um pouco, terão uma ideia mais clara da direção que devem seguir e das áreas em que devem colocar mais empenho.
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Visões espirituais da vida
Ao crescer num ambiente familiar como esse, aos poucos fui aprofundando minhas visões espirituais da vida. Mesmo assim, não pude deixar de ficar intrigado com as questões terrenas. Particularmente na adolescência, comecei a irar o sexo oposto. Imaginava vários ideais e ficava absorto em diversos pensamentos e contemplações. Para experimentar um despertar religioso, é absolutamente necessário que a pessoa tenha uma qualidade inata, sobretudo entre os 17 e os 23 anos: trata-se do quanto ela é capaz de olhar o mundo como um lugar ideal. Esse é o pré-requisito para despertar para a Verdade religiosa. Creio que o sentimento da pessoa pelo sexo oposto é uma maneira simples de testar essa capacidade. O quanto for capaz de irar alguém do sexo oposto na adolescência servirá como uma fonte de grande felicidade para a sua alma. Acho lamentável que os jovens de hoje tenham menor iração pelo sexo oposto e com frequência pareçam encarar ou lidar com ele apenas para satisfazer a própria curiosidade. Mas até que ponto você é capaz de irar o sexo oposto com um coração puro durante a adolescência será uma influência poderosa mais tarde na vida. A sua inclinação ou a tendência de sua mente a irar o sexo oposto acabará ajudando você a imaginar o caráter ideal, o seu e o dos outros. Os anos da adolescência são um período de sonhos e ideais em abundância, mas ironicamente são também um tempo para a pessoa experimentar contratempos. Eu também sofri alguns fracassos nessa fase. Nesses momentos, quanto mais idealista você for ou quanto mais elevados forem seus ideais, maior o choque que irá sofrer; a sensação é como se você despencasse do alto de um penhasco. Nessa hora, as pessoas experimentam uma tristeza profunda, pois têm uma alma pura e seu coração é mais inocente. Acredito que todo mundo precise experimentar essa tristeza pelo menos uma vez
para adquirir uma visão espiritual da vida. Não estou necessariamente sugerindo que você procure de propósito experiências dolorosas, mas aqueles que nunca derramaram lágrimas de sofrimento ao enfrentar fracassos ou aflições não serão capazes de conhecer Buda ou Deus no sentido mais verdadeiro. É muito difícil que pessoas que nunca tenham pensado profundamente a respeito de si mesmas nessas condições conheçam espíritos, Buda ou Deus. Na maioria das vezes, a causa ou fonte de sofrimento reside na distância entre os próprios ideais e a realidade. Quanto maior esse intervalo, mais profunda a aflição, a dor e a tristeza que o jovem irá sentir. Ainda assim, acredito que a tristeza age como se fosse uma lixa ou uma pedra de amolar, de alguma maneira polindo a alma da pessoa. Alguns líderes religiosos ousam ensinar que não existe tristeza ou sofrimento no Céu, mas, para mim, eles veem apenas metade da verdade da vida. Quando pensamos na razão de existir tanto sofrimento e tristeza na vida, podemos ver que esses sentimentos servem como uma espécie de lixa para fazer as cores de nossa alma brilharem ainda mais. Numa vida comum, sem eventos excepcionais, você tem menos oportunidades de refletir em profundidade sobre si mesmo. E não será capaz de conhecer Buda ou Deus no verdadeiro sentido. Entre os cristãos, há muitas pessoas que sofreram algum tipo de doença grave. Claro, não recomendo que ninguém fique doente, mas a verdade é que muitos só sentem Buda ou Deus por perto pela primeira vez depois de arem um tempo entre a vida e a morte. Essas experiências são na realidade meticulosamente calculadas; são as recompensas preparadas por Buda ou Deus. Buda ou Deus quer que os humanos aprendam o maior número possível de lições e que possam extrair o maior alimento possível para a própria alma a partir dessa sua experiência única de vida de várias décadas. Essa é a verdade; portanto, em vez de desejar que nossa vida não tenha nenhum evento fora do previsto, devemos nos sentir muito gratos por sermos capazes de viver atravessando numerosas dificuldades nas diferentes circunstâncias em que a vida nos coloca. As visões espirituais da vida da pessoa brilharão com maior beleza à medida que ela for experimentando tristezas e sofrimentos. Da mesma forma que se fabrica
uma forte espada golpeando ferro incandescente com um martelo e mergulhando-a em seguida na água, as pessoas são também temperadas pelo sofrimento e pela tristeza. Mesmo entre as que vivem alegremente, há um ar e uma aparência indescritíveis de grandeza naquelas que experimentaram o sofrimento e a tristeza na vida e conseguiram superá-los. Não são apenas pessoas animadas; elas desenvolveram uma alma forte depois de provar a fundo os lados negativos da vida, e apesar disso conseguiram voltar ao mundo mais brilhantes. É assim que vejo essas pessoas.
5
Comunicação com o mundo espiritual
Depois de atravessar os anos sensíveis da adolescência, a partir dos 24 anos comecei a me comunicar com o mundo espiritual. Como descrevi em As Leis do Sol¹⁵, essa experiência constituiu um momento decisivo, que de fato mudou minha vida. Poucos anos antes de começar a me comunicar com o mundo espiritual, eu havia tido uma grande batalha dentro da minha alma e experimentado um conflito espiritual. Fiz uma reflexão profunda a respeito de mim mesmo e chorei amargamente ao ver como havia vivido até então. Eu chorava e pensava: “Por que estou vivendo baseado em um ‘falso eu’, movido pela vaidade? Eu, que costumava ter ideais puros, veja só como me tornei pretensioso. Coloquei uma máscara de bravura e deixei o orgulho me controlar sem sequer me dar conta disso. Fico o tempo todo buscando a aprovação dos outros, mas como é possível que tenha abrigado tantos pensamentos equivocados, a ponto de me ver agora sentindo essa sensação de fracasso?”. Refletia profundamente sobre a minha vida e sentia muito remorso. Eu havia iniciado minha vida tendo consciência de ser alguém comum. Mas, em vez de avançar com constância e de maneira objetiva rumo ao aprimoramento, eu sofria com a lacuna que havia entre meus ideais e a realidade. Mergulhava de novo na vida mundana, e isso simplesmente me fazia ver o quanto eu era comum. Tudo isso foi um imenso choque para mim. Creio que naquela época estava sendo testado, para ver se conseguiria me erguer de novo com um espírito inabalável. Com vinte e poucos anos, vivi o dilema de querer mudar os aspectos negativos do meu caráter, mas ao mesmo tempo me sentia incapaz de fazer isso por completo. Ficava aborrecido com a distância entre a imagem ideal que havia construído de mim e a minha real condição. Com base no espírito de superar o “eu fraco” que cultivara desde a infância, pensava que aqueles que trabalham
duro são sempre devidamente recompensados e alcançam resultados à altura de seus esforços. No entanto, após viver várias situações em algumas áreas da minha vida, concluí que nem sempre os esforços de uma pessoa são recompensados. Uma dessas áreas era a dos relacionamentos interpessoais. Na escola, por exemplo, se você estuda bastante, seus esforços são recompensados, mas em relacionamentos interpessoais, os esforços nem sempre produzem bons resultados. Experimentei isso de maneira muito intensa. Eu, um jovem ingênuo criado no interior, senti atração por uma garota da cidade. E quando descobri que meu empenho para conseguir a atenção dela não produzia o resultado desejado, fiquei desesperado. Mais tarde compreendi que nos relacionamentos pessoais há muitas situações em que você não consegue obter os resultados desejados por meio apenas de dedicação. Acabei descobrindo que é de fato impossível ter algum controle sobre a mente das outras pessoas. Uma das coisas dolorosas da experiência humana, ou do sofrimento na vida, se origina em nosso desejo de controlar o coração dos outros para que façam o que desejamos. Queremos que os outros nos vejam e nos tratem da maneira que gostaríamos de ser vistos e tratados. Queremos naturalmente que as coisas sejam desse jeito, mas somos incapazes de consegui-lo. Tenho a impressão de que nessas horas as próprias pessoas criam seus sofrimentos. Já vi muitos exemplos disso e eu mesmo tive esse tipo de experiência. Também tive contato com o sofrimento de diversas pessoas no meu trabalho atual de difusão da Verdade. Nesse processo, percebi com muita clareza que esse problema deve ser examinado por uma perspectiva diferente, mais profunda. A realidade é que é difícil mudar os sentimentos dos outros. A todos nós foi concedido o livre-arbítrio; as pessoas são livres para abrigar qualquer pensamento e agir com base nele. Este é um direito individual sobre o qual cada pessoa tem plena autoridade. Podemos exercer influência sobre os outros e oferecer-lhes materiais e oportunidades para estimulá-los a mudar, mas, no final das contas, fica a cargo de cada um mudar ou não a própria mente. Depois que comecei a me comunicar com o mundo espiritual, essa verdade tornou-se ainda mais clara para mim, à medida que tinha experiências com o outro mundo e conversava com vários espíritos.
Eu costumava refletir sobre uma questão simples: por que o inferno deveria existir e por que havia seres como os maus espíritos e os demônios? Vivia ponderando: “Se Deus é Luz e é um Ser onisciente e onipotente, e se os anjos de luz são tão poderosos, por que não podem salvar os maus espíritos? Por que não podem ajudar todos os demônios a sair do inferno?”. No entanto, quando examinava em profundidade tanto a “mente” dos outros quanto a minha, ficava claro por que as coisas eram assim. De fato, mesmo que os anjos de luz sejam capazes de repreender os espíritos no inferno e os espíritos malignos, ou de lhes fornecer material para que despertem para a Verdade, não conseguem obrigá-los a mudar sua mente. Só eles mesmos podem mudar a própria mente. Entendi isso claramente. Por mais útil que seja o material oferecido a uma pessoa, apenas ela, como protagonista de sua história de vida, poderá mudar sua mente. A única coisa que podemos mudar é a própria mente. Convenci-me de que esta é uma lei absoluta que vigora no universo inteiro. Algumas pessoas talvez encarem isso como desistência ou resignação, mas vejo nisso um lado muito mais positivo. A questão é se você para ou não depois de descobrir que não pode controlar a mente de outras pessoas. E vemos que é impossível mudar a mente de outra pessoa pela simples razão de que cada um quer tomar as próprias decisões. Como esta é uma verdade inegável, o próximo o é você descobrir que consegue mudar a própria mente que sofre por não ser capaz de mudar a mente dos outros. Aprofundei meus pensamentos sobre esse assunto da seguinte maneira: “Antes de me preocupar com a minha incapacidade de mudar a mente dos outros, que tal eu me ocupar da minha mente? Será que sou capaz de mudar minha mente, de mandar nela, de controlá-la? A primeira coisa que preciso fazer é me esforçar para assumir o controle de mim mesmo e ser capaz de governar a própria mente. Se minha mente continuar incontrolável como um rio na enchente, rompendo barragens e causando danos aos campos ao redor, como vou poder dizer aos outros que precisam controlar a própria mente para que o rio siga seu curso natural? Será que sou de fato capaz de aquietar o rio da minha mente?”. Assim, compreendi o quanto somos tolos, nós, humanos, quando nos sentimos frustrados por não conseguir mudar a mente dos outros, sendo que nem sequer controlamos a nossa. E vi, então, como é importante ter 100% de controle da própria mente, governá-la totalmente. E decidi colocar todos os meus esforços
de modo consciente, intencional e voluntário em controlar minha mente e me construir dessa maneira. Por favor, lembre-se de que o primeiro o é ter essa vontade de controlar a própria mente. Mesmo que o coração de alguém não se incline para o seu lado ou que os outros não digam as coisas que você desejaria, antes de se lamentar por isso, pergunte se você é capaz de controlar a própria mente. Se não é capaz de fazer isso, como pode esperar mudar ou controlar a mente dos outros? Inúmeras pessoas no mundo desejam ser amadas pelos outros ou por alguém em particular. Muitas delas também criam sofrimento quando não conseguem receber o amor que desejam. Mas, e quanto ao seu coração? Ao olhar para o interior do seu coração, quanto amor você tem pelos outros? Talvez você goste de um grupo particular de pessoas, mas provavelmente há muitas outras que você não aprecia. Essas podem estar tentando conquistar seu amor, mas como a direção na qual você expressa seu amor não muda, talvez isso se torne uma fonte do sofrimento para elas. Nesse caso, a primeira coisa que você precisa fazer é começar a mudar seu eu interior. Essa ideia foi o meu ponto de partida. Os ensinamentos do Buda Shakyamuni também começaram com essa ideia. Os primeiros pontos de partida do budismo giravam em torno de encontrar paz mental, controlar a mente e transcender as emoções de alegria, raiva, tristeza e prazer para alcançar o estado de libertação. O Buda Shakyamuni sempre refletia: “Nós, humanos, vivemos sendo arrastados à mercê de nossas emoções. Nossa mente oscila com sentimentos de alegria, raiva, tristeza e prazer, e é constantemente sacudida para cima e para baixo e de um lado para outro. Com tantas oscilações, será possível desse modo encontrar o eu permanente, o eu imutável, o eu inabalável? Como poderemos entrar assim no Caminho do Meio e alcançar uma mente estável?”. Ele então chegou à seguinte conclusão: “O prazer buscado em fontes externas é vazio. O esforço de procurar a causa da iluminação ou as sementes da felicidade fora de nós é vão. Portanto, procure dentro de si. Plante sementes no campo da sua mente. Cultive o campo da própria mente”. Esse foi o ponto de partida da iluminação do Buda Shakyamuni. Em seguida, ele foi ensinar o modo de controlar a própria mente a partir de vários ângulos. Os Oito Corretos Caminhos são um desses ensinamentos, assim como as Seis Paramitas. Foi assim que tive consciência de que minha própria experiência me fizera voltar ao ponto de partida do budismo.
15 As Leis do Sol (São Paulo: IRH Press do Brasil, 2015).
6
O conflito entre a Verdade e os negócios
Mais ou menos na mesma época em que ei a me comunicar com o mundo espiritual, comecei também a trabalhar numa empresa comercial japonesa. Experimentei ao mesmo tempo esses dois mundos tão peculiares, o dos negócios e o espiritual. Aos fins de semana, ou à noite nos dias úteis, abria a janela do coração e entrava em contato com uma variedade de espíritos. Às vezes, conversava até com maus espíritos. E, de dia, trabalhava como homem de negócios no ramo de importação e exportação. Era uma sensação realmente estranha, e minha alma foi muito bem treinada durante esses anos todos. O mundo do comércio exterior é o que se costuma chamar de “briga de cachorro grande”, embora talvez não com a mesma fúria das corretoras de valores. Minhas atividades diárias eram extremamente complicadas; para encarar o ritmo de trabalho eu precisava mudar o foco a cada momento, tomar decisões e agir sem um minuto de hesitação. O escritório todo se comunicava em inglês, nas chamadas telefônicas e na documentação; eu não podia vacilar um instante. Ao trabalhar nesse ambiente de escritório, ei por um conflito interior recorrente entre um lado meu contemplativo, que desejava entrar em meditação profunda e explorar o mundo da mente, e o lado que queria expressar meu potencial e ter sucesso no mundo dos negócios. Demorei três a quatro anos até finalmente alcançar um ponto em que conseguia de certo modo conciliar o “eu” do mundo dos negócios com o “eu” da busca da Verdade. Durante aqueles anos, a imagem ideal que possuía de mim não coincidia com a realidade e não estava assentada com firmeza. Havia uma distância muito grande entre o “eu” que estava sendo treinado para conviver no mundo social e o “eu” que buscava a Verdade, e eu não conseguia encurtar essa distância. Mesmo assim, por meio de experiências difíceis e com conflitos em vários relacionamentos, comecei a ver e compreender muitas coisas, à minha própria maneira. Meu olho interior, o olho da minha mente, começou a se abrir, e ao
mesmo tempo minha visão do mundo exterior ficou mais clara. Depois de trabalhar numa empresa comercial fui capaz de explorar a fundo as causas do sofrimento das pessoas que atuam nessa área, a origem das distorções na sociedade humana, a razão pela qual as emoções dão origem aos conflitos, e por que as pessoas buscam promoções, status social e dinheiro. Quando me mandaram para o escritório no exterior, aprendi também a maneira de pensar das pessoas de outros países. Outra experiência que tive ao trabalhar em uma empresa comercial foi a de adquirir diferentes pontos de vista. Os funcionários de uma empresa comercial veem as coisas por uma perspectiva internacional, e isso às vezes exige que você abandone um pouco o enfoque da própria nacionalidade e examine as coisas do ponto de vista de um cliente estrangeiro. Por exemplo, as firmas de exportação no Japão têm uma firma correspondente nos Estados Unidos. A situação como um todo, porém, é encarada a partir de extremos opostos; assim, embora um método possa ser o melhor para a exportação, ele pode ter o efeito oposto no lado da importação. Tive muitas vivências desse tipo. Acredito que essas experiências de examinar as coisas por pontos de vista diferentes, ou mesmo opostos, e de observar o Japão e os japoneses pela visão de um estrangeiro, ou pelo olhar de pessoas que foram criadas em ambientes diferentes, exerceram uma grande influência em mim nos anos seguintes. Permitiram-me descobrir outras maneiras de enxergar as coisas. Ao praticar a autorreflexão, a pessoa precisa olhar para si mesma com os olhos de uma terceira pessoa, mas muita gente parece ter dificuldade para entender o que significa assumir um olhar imparcial. Minhas experiências de observar, dentro de um contexto global, os estilos de vida e de trabalho dos japoneses por uma perspectiva de fora me forneceu novas ideias para contemplação. ei a observar o povo japonês e seu estilo de trabalho segundo o olhar e o ponto de vista dos estrangeiros. Isso mais tarde me levou a compreender melhor como deveria realizar a autorreflexão e como se deve olhar para si mesmo de maneira objetiva. Foram experiências verdadeiramente profundas.
CAPÍTULO CINCO
Existência e tempo
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O que é a existência?
Este capítulo apresenta meu pensamento a respeito da “existência”. Ele constitui um dos pilares da minha filosofia, pois todas as descobertas filosóficas e achados da Verdade neste mundo terreno tridimensional têm origem na maneira pela qual a pessoa compreende, observa e interpreta a “existência”. Quando você abre os olhos e observa o mundo ao seu redor, vê que existem muitas coisas. Você vai olhar essas coisas ao acaso e aceitá-las sem uma investigação mais profunda? Ou tentará captar o que há no coração dessas existências? Nisso há um indicador que revela como é a essência da sua vida. Há uma significativa diferença entre aqueles que veem todas as existências como meras “existências”, que têm aparência externa e que existem fora de si mesmos, e aqueles que tentam captar o significado de todas as coisas e descobrir o que permite que elas existam. Aqueles que investigaram a “existência” e foram bemsucedidos em esclarecer seu sentido são chamados de “despertos”. Na sociedade atual, a religião, a filosofia e a ideologia são encaradas separadamente e tidas como temas de estudo distintos, mas na verdade todas elas derivam de um único ato. Tudo começou com o ato de investigar de que modo é possível olhar o mundo, de que modo ver o “eu” que existe no mundo e como dar sentido e interpretar o mundo e a si próprio. Isso é verdade também no budismo. O budismo dá grande importância à Lei de Causa e Efeito. Para que algo exista, deve haver uma causa. Por existir uma causa, há um efeito. Para que alguma coisa se manifeste, são necessárias algumas espécies diferentes de causas. Como resultado dessas causas, alguns fenômenos se manifestam. Portanto, se o fenômeno com o qual você depara é ruim, a primeira coisa que deve fazer é corrigir a causa. Quanto às causas do ado, pratique a autorreflexão para remover as más sementes. Em relação ao futuro, evite plantar sementes que possam produzir fenômenos ruins. Essa é a ideia central da Lei de Causa e Efeito.
Agora, acalme sua mente e reflita sobre si mesmo. Que tipo de existência você é? Há muitas pessoas que levam uma vida diária atarefada, e talvez você também viva desse jeito. Tenho certeza de que já deve ter refletido sobre sua existência, pelo menos algumas vezes. Mas você pode ter esquecido a pergunta ou o problema, sem chegar a uma resposta. Talvez esteja muito preocupado em tentar encontrar uma explicação para os fenômenos atuais ou os eventos que ocorrem ao seu redor. Se você, por exemplo, está empregado numa empresa, pode achar perfeitamente natural trabalhar ali e simplesmente se concentrar em como realizar suas tarefas, conseguir a aprovação dos outros, ou como irá gastar o salário. Talvez já se sinta satisfeito apenas em experimentar essas várias coisas à medida que surgem. No entanto, deve compreender que fazer perguntas fundamentais como “O que estou fazendo? Qual é o propósito da minha vida? De onde venho e para onde estou indo?” não é de forma alguma um direito especial garantido apenas aos jovens. Mesmo que na época do ensino médio ou da faculdade você tenha se perguntado em algum momento de onde veio, para onde está indo, ou quem é você de fato, provavelmente já esqueceu isso há muito tempo e hoje essas questões se encontram perdidas na correria do trabalho do dia a dia. Mas já pensou como seria um desperdício você viver a vida sem saber quem realmente é, de onde vem e para onde vai, ou sem conhecer a verdadeira natureza do mundo? Observe todas as criaturas e coisas que existem neste mundo e pense no sentido da sua existência. Comece fazendo a si mesmo esta pergunta: por que tais coisas existem? Por que as pessoas existem? Por que as plantas e flores existem? Por que os animais existem? Por que os humanos precisam se alimentar? Para que os humanos nascem? Por que as pessoas adoecem? Por que envelhecemos? Por que todos nós morremos? E o que acontece conosco após a morte? E quanto ao mundo? Por que a Terra dá um giro completo a cada 24 horas? Por que a Terra orbita ao redor do Sol, assim como este gira em seu próprio eixo? Por que o Sol continua irradiando calor e luz? Os espíritos realmente existem? E qual a consequência de existirem espíritos? E se Deus de fato existe, de que modo está me vendo agora?
Essas são as questões sobre as quais desejo que você reflita. Acredito que questionar esses assuntos é o ponto de partida e uma necessidade do ser humano. Deus deu aos humanos o poder de pensar, a capacidade de pensar. Se não usarmos esse poder para pensar profundamente sobre a importância e o sentido da existência, acho que não há sentido em ter nascido. Talvez você conceba em sua mente que os espíritos existem e que Deus existe, mas pode ser que tenha medo de explorar isso mais a fundo. Agora, pense em você supondo que Deus exista. Como será que você apareceria aos olhos de Deus? Como Deus iria vê-lo? Como você acha que Deus veria a Terra? Como acha que Deus vê esse mundo? E por que Deus criou o homem e a mulher? Se você aceitar que existem espíritos, que eles são a essência dos humanos e se alojam em corpos físicos para que possam ter uma vida terrena, então com certeza sua visão da vida irá mudar. Nesse momento, você irá perceber que andou perdendo de vista seu verdadeiro eu. Por favor, considere bem esses pontos.
2
A origem da existência
Coloquei várias questões a respeito da “existência”. Mas vamos pensar agora no que está por trás da origem das pessoas, dos objetos materiais, do ar, do sol, da água e das demais coisas que existem neste mundo. As pessoas dão diferentes respostas para a razão da existência; algumas afirmam que o mundo é formado por quatro elementos fundamentais – terra, água, fogo e ar –, e outras consideram que tudo é feito de éter. No entanto, como resultado da minha incessante pesquisa, descobri que há uma lei inegável: “Os pensamentos assumem forma concreta e se manifestam externamente”. Mesmo na Terra, é possível criar algo se você deseja criá-lo e trabalhar duro nisso. Do mesmo modo que você é capaz de criar figuras de argila, se decidir fundar uma companhia, iniciar um negócio, construir um avião ou um navio ou produzir um computador, esses pensamentos irão se manifestar por meio do seu esforço. Tudo o que surge desse modo é meramente um fenômeno terreno. Mas, antes de mais nada, como foi que os humanos que têm tais pensamentos aram a existir? Como foi que apareceram todos os materiais necessários para criar coisas? Como esta nossa vasta paisagem surgiu? Como os humanos emergiram? Será que de fato evoluímos a partir de amebas? Há infindáveis questões sobre as quais refletir. Eu também meditei sobre muitas coisas em minha investigação acerca da origem da existência. Pensei no assunto intensamente, e depois de várias experiências cheguei a uma única conclusão: “A origem de toda existência é uma Vontade. Havia uma Vontade que permitiu que tudo existisse. O mundo tridimensional em que vivemos é a personificação dessa Vontade”. A razão da existência deste mundo tridimensional é um poder inquestionável, que permite que esse mundo exista. Os humanos existem e estão vivos porque existe uma Vontade que ordena: “Humanos, sejam!”. Isso significa que há uma Vontade que deseja criar seres
humanos. Sem essa Vontade, os humanos jamais teriam existido. Em termos concretos, os pais dão origem a bebês, cujos corpos se desenvolvem a partir da ingestão de alimento terreno. Porém, antes que isso possa ocorrer, há as funções corporais necessárias para criar crianças. O que ordena essas funções é o funcionamento da mente, e a Vontade de Deus é o que cria essa função mental. Deus, uma existência no mais profundo do outro mundo dimensional, criou o reino multidimensional que se estende da quarta dimensão até dimensões ainda mais elevadas. Essa mesma Vontade criou este mundo tridimensional único, materializado, e ele contém a Vontade que permite que os humanos existam. Se a natureza dessa Vontade mudasse, não seria nada impossível que os humanos gerassem animais e os animais gerassem seres humanos. Mas a razão pela qual as sementes de uma flor como a margarida brotam como flores de margarida é que existe uma Vontade, e ela se compraz em que tais flores brotem, e porque existe uma grande energia de vida que sustenta essa Vontade. Isso tudo está de acordo com a Vontade de Deus. Para aqueles que têm experimentado mundos além deste mundo terreno, na quarta dimensão e além dela, esse é um fato incontestável. Além disso, a lei que declara que: “Os pensamentos de uma pessoa instantaneamente se transformam em ações, e as ações dessa pessoa imediatamente se manifestam como resultados” é um conhecimento comum para aqueles que aram a habitar o outro mundo como espíritos. Esses espíritos sabem que, mesmo que não sejam Deus, podem criar o mundo por meio de sua vontade; podem mudar a própria imagem e criar vários objetos usando sua vontade. Eles realmente têm tido essa experiência. Como evidência das experiências dos espíritos, publiquei vários livros de mensagens espirituais e de entrevistas que tive com eles. Diversos espíritos enviaram-me mensagens espirituais, que depois foram transcritas e viraram livros. Esses livros são a materialização de suas ideias na forma tridimensional, mas essas ideias foram originalmente encontradas na quarta dimensão e acima dela. As filosofias que resplandecem nos mundos além da quarta dimensão foram traduzidas em termos tridimensionais para poderem ser publicadas como livros. Quando amos a conhecer esta verdade, não podemos mais ignorar a solene lei que diz: “Os pensamentos assumem forma e se manifestam”. Em outros
termos, a origem da existência é uma vontade, e a origem dessa vontade é a Vontade de Deus. É a Vontade de Deus que criou as formas de vida individuais, e essas formas de vida criaram outras coisas, seguindo a Vontade de Deus. Esse é o segredo da história da criação da Terra e do universo. Eu finalmente descobri essa verdade investigando e explorando de várias maneiras o mundo dos espíritos. Esse mundo é, de fato, o mundo dos pensamentos. Na Bíblia, lemos a frase: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. “Verbo”, aqui, pode ser substituído por “Vontade”, e a frase pode ser lida assim: “No princípio era a Vontade, e a Vontade estava com Deus, e a Vontade era Deus”. Em outras palavras, Deus é Vontade e a Vontade de Deus criou tudo. Como resultado dessa Vontade, Deus pronunciou as Palavras. Esta é a Verdade.
3
O milagre do amor
Ao investigar o sentido e a origem da existência, não posso deixar de sentir que há um grande milagre envolvido nisso. Só posso crer que se trata de um milagre – algo que está além da percepção terrena. As pessoas deste mundo estão agora ficando mais céticas, mas o mundo espiritual existe e não há como negar. Posso garantir isso. Mesmo assim, as pessoas têm muito medo de serem enganadas. Na realidade, mesmo aqueles que estudam a religião não se dispõem a acreditar nas palavras dos outros. Isso ocorre porque eles tentam interpretar o mundo nos termos do próprio ego ou do falso eu. No entanto, essa resistência significa que eles acreditam que são capazes de compreender tudo, ainda que com percepção tão limitada. Só posso dizer que se esquecem de que o mundo espiritual e o mundo tridimensional, que é um reflexo do mundo espiritual, só existem como resultado do milagre do amor de Deus. Deus é amor. Deus criou todas as coisas com seu imenso amor. A força motriz que leva Deus a expressar Sua Vontade é o amor. O amor é o desejo de Deus de que todos os seres sejam bons, prosperem e que sejam felizes. Essa Vontade tem se realizado e se materializou de diferentes maneiras na realidade. Ao pensar a respeito deste mundo, você precisa estar ciente de que o amor está em suas profundezas, e que o amor é o poder que faz os milagres acontecerem. É o amor que dá origem a um poder grande assim. Qualquer um pode confirmar esse poder milagroso do amor; ele é evidente na maneira como as pessoas conseguem superar qualquer dificuldade com amor, mesmo na Terra. Percebo minha existência de maneira mais clara quando sinto a presença do amor. Quando sinto amor em mim e ao meu redor, compreendo imediatamente a razão pela qual existo, pela qual o mundo existe e as outras pessoas, as plantas e os animais existem. Compreendo essas coisas quase instantaneamente. A chave
secreta para compreender o sentido da existência e o sentido da existência do mundo é conhecer o amor. Se você olhar para a existência a partir da perspectiva do amor, encontrará ali um segredo. Pense nos seres humanos pela perspectiva do amor. Pense em si mesmo de acordo com a perspectiva do amor. Sua existência se originou do amor de seus pais, que foram também criados por Deus. Você existe hoje por causa do amor de Deus. E, além disso, como prova de que Deus o ama, você tem recebido tudo o que precisa. Que bênção é ter outras pessoas à sua volta. Contudo, quantas pessoas no mundo se sentem gratas pela existência dos outros? Você precisa entender que a própria existência de outras pessoas é uma expressão do amor por você. O fato de existirem outras pessoas e elas se reunirem para criar sociedades permite que você seja capaz de trabalhar, de encontrar uma razão para viver e que possa se expressar. Você não teria como se expressar se estivesse sozinho neste mundo. Só é capaz disso porque há muitas outras existências, como as das outras pessoas, do mundo e do ambiente, que permitem que essas pessoas existam. Imagine que tipo de trabalho haveria se você existisse absolutamente sozinho num lugar distante no grande universo, flutuando no vácuo. Que tipo de autorrealização conseguiria ter nessa condição? Que tipo de esforços seria capaz de fazer? Que tipo de consciência de si poderia ter? Se pensar nessas coisas, compreenderá que a existência de outras pessoas é o próprio amor. Eis a visão de mundo que você precisa ter agora: você mesmo é uma existência de amor, e aqueles ao seu redor também. No mundo do amor, você existe como expressão do amor. O amor atrai amor, e só assim poderemos criar visões futuras de um novo mundo. Neste momento, você está vivendo nesse tipo de espaço milagroso. Na realidade, o amor é a razão de toda existência. Por que existe essa mesa? Com certeza, ela é também uma expressão de amor. É a manifestação do desejo que alguém teve de beneficiar os outros. Por que existe um ovo? Por que existe pão para comer? Por que existe o ar? Por que existe a água? Por que existem coisas para beber? Por que existe uma cama para dormir? Todas essas coisas são manifestações de amor. Devemos saber que estamos envolvidos nas suaves plumas do amor. O milagre do amor – essa é a fonte de toda existência. Você precisa recomeçar tendo essa visão de mundo em mente.
4
Tempo: o movimento da existência
Tenho dito que tudo o que existe neste mundo é uma expressão e uma manifestação do amor. Também descrevi o amor como a razão da existência – o poder que permite que tudo exista. Agora, gostaria de tocar no assunto do tempo, porque o conceito de tempo também é uma chave para desvendar o segredo da vida e o sentido da existência humana. Neste nosso mundo tridimensional, precisamos compreender o mundo do ponto de vista tanto da existência quanto do tempo. Se o tempo não existisse, toda a atividade tridimensional iria parar, tudo ficaria como uma tela congelada. Mas qual seria o sentido disso? Seria as pessoas ficarem como os manequins que vemos nas vitrines das lojas. Você consideraria este mundo como sendo o verdadeiro? Qual seria o cenário se todos os movimentos cessassem de repente, se a Terra parasse de girar, as pessoas parassem de se mover, o ar parasse de circular, a água não fluísse mais e o Sol não irradiasse mais calor e energia? Não haveria mais existência, e teríamos apenas imagens sobre uma tela – meras sombras da realidade. Não haveria nada além de imagens ou cenas do ado exibidas como num filme. Imagine a Terra ou o universo inteiro ficando imóveis. Suponha que, neste exato momento em que você lê este livro, o tempo parasse. Que aparência você e o mundo teriam? Nem facas nem balas seriam necessárias para tirar sua vida. Se o tempo parasse, sua vida desapareceria, porque não haveria sentido para a sua existência. Se o tempo ou a era atual fossem congelados instantaneamente, a existência perderia todo sentido. Na realidade, existem eras diferentes, e as pessoas conseguem viver e desempenhar várias atividades em cada uma dessas eras porque o tempo a.
Deus é um grande inventor, e de todas as Suas invenções o tempo talvez seja a mais preciosa. Se Deus não tivesse inventado o tempo, o que aconteceria com o mundo criado por Ele? Seria um mundo totalmente imóvel, em completo silêncio, sem nenhum movimento. Num mundo assim, algumas coisas surgiriam de repente e outras desapareceriam abruptamente; seria um lugar sem nada além de uma repetição dessas aparições e desaparições. Portanto, a invenção do tempo foi de fato uma grande invenção de Deus na criação do mundo. Inventar a agem do tempo foi a maior revelação de Deus. Antes dessa, houve, é claro, a revelação ou invenção do poder de criar ou manifestar coisas por meio da vontade. O fato é que “criar coisas pelo poder da vontade” e “moldar o mundo por meio do tempo” são as duas maiores invenções de Deus. Ele projetou várias coisas, mas nada é mais importante que essas duas invenções: a lei da manifestação material e a lei do tempo. Em outras palavras, o tempo nos foi concedido para que pudéssemos existir e nos mover, e quando a existência teve permissão de se mover, a história da humanidade e a história do universo tiveram início. Além disso, garantir tempo e, portanto, movimento à existência tornou possível o crescimento e o desenvolvimento. Se o tempo não existisse, o mundo seria estacionário; não haveria desenvolvimento nem mudança. Vendo as coisas por esse ponto de vista, espero que você entenda o quanto o fluir do tempo é um elemento precioso na criação do universo, e o quanto essa invenção é importante.
5
A essência do tempo
Vamos considerar de maneira mais profunda a essência do tempo. Para os humanos, o tempo é medido pelos ponteiros do relógio, cujo movimento acompanha a velocidade da rotação da Terra sobre seu eixo e a revolução da Terra em torno do Sol. Disso, pode-se depreender que o tempo tem um caráter particular; aqui na Terra, o que temos é o “tempo da Terra”. Se em algum outro planeta há seres pensantes similares aos humanos, estou certo de que o tempo deles é diferente do nosso aqui na Terra, pois o tempo varia em função da velocidade de rotação do planeta sobre seu eixo e da velocidade com que faz sua revolução em torno de uma estrela fixa. Se no planeta deles um dia for igual a um mês na Terra, os habitantes provavelmente se moverão bem devagar. Ao contrário, se o mês deles for equivalente a um dia da Terra, seus habitantes darão a impressão de levar uma vida muito agitada, como num filme em velocidade acelerada. Ao considerar o tempo, deve-se também ressaltar que ele tem características únicas. Você pode imaginar o tempo como se fosse invariável, mas a verdade é que existem diversas formas de tempo neste grande universo; o tempo pode ter naturezas diferentes e características próprias. Isso vale não só para o nosso mundo terreno, mas também para o celestial; no Céu, o tempo representa a velocidade da evolução espiritual de cada um. Quando falamos de velocidade ou dizemos que alguma coisa é “rápida” ou “lenta”, geralmente tentamos expressar isso por meio de uma avaliação em termos relativos. Dependendo do que usamos como termo de comparação, achamos que algo é rápido ou lento; portanto, é impossível determinar em termos absolutos essa qualidade das coisas. Por exemplo, o movimento e o crescimento das plantas parece muito lento ao olhar humano; na realidade, a impressão é de que as plantas nem sequer se
mexem. No entanto, com uma máquina fotográfica e uma exposição longa, podemos ver que as plantas também se movem, como os animais. A questão é que o movimento das plantas é extremamente lento em comparação com a velocidade com a qual os humanos se movem, por isso elas parecem imóveis. Assim, é importante levar em conta que o tempo tem características diversas e distintas. Por outro lado, se as plantas parecem imóveis pela perspectiva dos humanos, como será que elas nos veem? Do ponto de vista das plantas, os humanos talvez fossem vistos como se movendo a uma velocidade altíssima. Para elas, os humanos pareceriam um trem-bala ou uma aeronave supersônica a toda a velocidade. Disso podemos deduzir que o tempo, em essência, não é nem invariável nem absoluto. O tempo existe simplesmente para permitir que a existência se mova, e dependendo do movimento de cada ser, temos tempos diversos, com características distintas. Afinal, o tempo é um fator essencial na materialização da vontade de alguém; ele representa a duração da vontade de alguém ao assumir uma forma tangível. A velocidade do tempo depende, portanto, da vontade. Esta é uma interpretação bastante filosófica do tempo, e muitas pessoas podem achar difícil compreendê-la. Mas sem uma compreensão clara do conceito de tempo não é possível ter um verdadeiro entendimento do mundo. Precisamos nos convencer de que é importante encarar o mundo do ponto de vista do tempo e considerar a invenção do tempo como a grande revelação de Deus. Do mesmo modo que os humanos parecem ser diversos e únicos do ponto de vista das pessoas, o tempo, que flui por todo o universo, também parece diverso e único aos olhos dos espíritos elevados e de Deus. Além disso, mesmo na Terra, o tempo possui diferentes naturezas e características, e é, portanto, diverso. O tempo difere para as plantas e para os animais, e também para os humanos. Temos tipos de tempo diferentes. Esses diferentes tipos de tempo se manifestam por meio do movimento de cada ser, e o movimento de cada ser é na realidade a manifestação do amor. Em última instância, o que constitui o tempo é o desenvolvimento do amor, isto é, aquilo que chamamos de “tempo” é a duração do amor ao sofrer mudanças. Isso pode ser resumido dessa maneira.
6
O tempo visto como vida
Para encerrar este capítulo, eu gostaria de falar sobre “vida e tempo”. Afinal, as pessoas que nunca olharam para a própria vida pela perspectiva do tempo estão perdendo muito com isso. O tempo na Terra é uniforme quando medido no relógio, mas o que ocorre se você olha sua vida considerando que cada um vive em seu próprio tempo? Você chegará a uma conclusão chocante e a uma verdade surpreendente. Sempre me pergunto por que isso não é ensinado nas escolas. Muitas pessoas acreditam que o tempo é algo concedido de maneira igual para todos. Sem dúvida, todos temos à nossa disposição as 24 horas do dia. Mas o significado do tempo é completamente diferente para cada pessoa, dependendo do seu ritmo de vida. Se, ao nascer, as pessoas soubessem a extensão exata de tempo que teriam à sua disposição na Terra, provavelmente levariam uma vida muito diferente. O ritmo de alguém que soubesse dispor de 80 anos de vida com certeza não seria igual ao de uma pessoa que tivesse apenas 30 anos para viver, ou 15. Se você entender isso, certamente seu modo de vida irá mudar. Havia um homem que comparava a vida a moedas de ouro e dizia: “Cada um recebe certo número de moedas de ouro; uns têm oitenta moedas, outros cinquenta e outros trinta. A missão de cada um é pensar em como gastar essas moedas”. Essa interpretação da vida toca num ponto importante. Ao refletirmos sobre a maneira como viveremos esse nosso tempo único que nos foi dado e que chamamos de “vida”, não há como não pensar em nosso próprio tempo singular. Cada um de nós vive um tempo próprio; as pessoas vivem não apenas o tempo medido pelo relógio, mas também o que é dado especificamente a cada uma delas. Este último sentido do tempo pode ser encarado de dois pontos de vista. O tempo que cada pessoa vive é, na realidade, composto por dois aspectos: um é o “tempo relativo”, que pode ser medido em relação ao tempo de outras pessoas. Por exemplo, o tempo que você gasta assistindo a uma aula junto com os outros ou dormindo oito horas é considerado “tempo relativo”.
Por outro lado, temos também o outro aspecto, chamado “tempo absoluto”. Há uma disparidade quase infinita durante a vida da pessoa entre a efetividade do tempo que é usado para algo significativo ou para algo insignificante. O “tempo absoluto” se baseia nessa perspectiva. Se considerarmos nosso tempo como moedas de ouro, é natural que haja uma diferença, que depende daquilo em que o dinheiro é usado. Se uma pessoa usa suas moedas de ouro como capital para produzir uma grande obra, terá resultados positivos e será recompensada de acordo. Mas, se alguém usa as moedas com propósitos fúteis e desperdiça o dinheiro, enfrentará consequências negativas. Assim, o “tempo absoluto” é medido pela quantidade de tempo usada para causas que estejam de acordo com a Vontade de Deus. A vida de cada pessoa seria muito diferente se fosse medida pela perspectiva do “tempo absoluto”. Suponha que duas pessoas tenham a mesma extensão de vida aqui na Terra: 70 anos. Se uma delas se esforça para levar a maior parte de sua vida em “tempo absoluto” enquanto a outra a os dias em “tempo relativo”, as duas viverão em sistemas de tempo totalmente opostos e suas realizações gerais na vida serão muito diferentes. Espero que você use essas duas maneiras de encarar o tempo para pensar a respeito da sua vida. Todos nós vivemos tanto no “tempo relativo” quanto no “tempo absoluto”. O “tempo relativo” é compartilhado com os outros; é o tempo que você, assim como as demais pessoas, gasta fazendo várias tarefas, e o tempo necessário para você ganhar a vida. Por outro lado, o “tempo absoluto” é o que você gasta em conexão com a Verdade, e este tempo pode ser expandido de maneira ilimitada. Por exemplo, o sermão de uma hora que o Buda Shakyamuni fez é um tempo que se expande por 2 mil ou 3 mil anos. A hora que foi gasta ouvindo esse sermão provavelmente foi equivalente a vários milhares de anos de estudo para as almas das pessoas que estavam ali. Desse modo, o grande segredo para triunfar na vida é aumentar a quantidade de “tempo absoluto”. Este é, em última instância, o caminho para ser vitorioso na vida.
CAPÍTULO SEIS
Rumo às extraordinárias elevações do amor
1
Um sentimento introspectivo
Este livro descreve principalmente as lutas internas e a postura mental que devemos ter para sair do comum e alcançar o extraordinário. Também descrevi em várias agens a origem de meus pensamentos e como eles se formaram. Por meio de esforços incansáveis, como de uma tartaruga, uma pessoa comum acaba alcançando as elevações da iluminação. Ao longo deste livro, tentei mostrar a iluminação e indicar o caminho que leva à sua entrada a partir de diversos ângulos. Embora esta seja apenas uma exposição rudimentar da iluminação e um mero convite a dar os primeiros os, tento mostrar de que maneira alguém com um início comum tem possibilidades ilimitadas de atingir a iluminação. Ao nascer neste mundo como humano, é difícil viver exatamente a vida que você quer. No entanto, não importa quais sejam suas capacidades, as circunstâncias em que você nasceu ou o ambiente onde foi criado, sempre haverá um despertar espiritual que se ajuste à sua trajetória de vida, com os estágios de desenvolvimento da iluminação mais adequados à sua condição. Não importa o caminho que você tome, esses estágios acabarão levando-o até Deus. Esse é um fato inegável. Portanto, o fator mais crucial é a sua atitude mental de buscar a iluminação. A iluminação é algo muito profundo; envolve um sentimento místico e intenso, e carrega algo que não pode ser totalmente compreendido pela percepção humana. Tenho publicado muitos livros sobre a Verdade, a fim de esclarecer o que é a iluminação. E como primeiro o em direção à iluminação, eu desejo que você valorize o sentimento de introspecção. Introspecção significa reflexão sobre o eu interior. Aqueles que nunca refletiram sobre seu eu interior não conseguirão dar um salto espiritual. Todas as filosofias, escolas de pensamento, religiões e mesmo ciências no sentido mais verdadeiro
da palavra nasceram a partir do pensamento introspectivo. Na realidade, o que já foi alcançado ou existe no Mundo Real será concedido para as pessoas na Terra. Por isso, o mais importante é refletir sobre o próprio eu interior. Era primavera quando comecei a me comunicar com o mundo espiritual, aos 24 anos de idade. Nos seis meses que antecederam e me levaram até aquele ponto, tive sentimentos muito intensos de introspecção. Experimentava um sentimento muito profundo de remorso pelo meu ado e, ao mesmo tempo, sentia compaixão por todos os seres vivos. Por exemplo, uma vez fiquei profundamente comovido pela morte de um peixe do rio, que me despertou uma emoção muito intensa. Eu estava no quarto ano da faculdade, e era o outono anterior à minha graduação. Desde criança eu adorava pescar, então decidi pescar num rio da minha cidade natal, uma vez que voltei para lá depois de longa ausência. A vida de um peixe de rio é muito frágil; eu ia pondo os peixes que pescava na minha cesta de pescaria, mas na hora em que me preparava para voltar para casa, notei que a maioria dos peixes já se encontravam mortos com aquelas suas barrigas prateadas voltadas para cima. Antes de ir embora, despejei os peixes mortos de volta no rio, pois já estavam impróprios para consumo. Naquele dia, ao ver o ventre branco de um deles flutuando corrente abaixo, senti o impacto da transitoriedade da vida. E, por alguma razão, desde então nunca mais pesquei. Talvez porque a tristeza intrínseca da morte daqueles peixes tenha sido um golpe muito forte para o meu coração. Embora essa experiência não fosse a causa direta, por volta dessa época eu vivia em profunda meditação sobre a minha vida. Sentia um remorso muito grande pela maneira como havia magoado várias pessoas com minhas palavras, e relembrava muitas coisas ao refletir sobre a minha vida desde o nascimento. Perguntei a mim mesmo por que havia dito aquelas coisas para magoar os outros, por que havia ignorado os sentimentos alheios e suas ações bondosas, e como ei a adotar emoções egoístas.De início, fui tomado por sentimentos de ódio por mim mesmo, mas fui levado às dimensões mais profundas da autorreflexão. Lembro que, enquanto examinava profundamente meu eu interior, minha visão do mundo foi aos poucos mudando pela primeira vez. A partir dessa época, tornei-me capaz de olhar para o mundo à minha volta por uma perspectiva totalmente diferente. Até então, sentia como se estivesse olhando o mundo de dentro de um aquário, mas de repente fui capaz de ver tudo
com uma nova sensação. Lembro como foi experimentar essa mudança. Ainda havia muitas questões não resolvidas em mim, mas acho que foi o primeiro o na verdadeira batalha que travei comigo. Depois daqueles sentimentos todos de desgosto e de ódio em relação ao que havia me tornado, a partir do momento em que desejei renascer e começar uma vida nova, minha introspecção se aprofundou. Penso que foi um trampolim para me tornar, logo depois, alguém mais sintonizado com o mundo espiritual. Foi nessa época que encontrei e descobri o conhecimento da Verdade, entre a hora em que comecei a ficar introspectivo e o momento em que me sintonizei com o mundo espiritual. Acredito que a força interior da autorreflexão e a força exterior do conhecimento da Verdade atuaram juntas para romper a casca que até então cobria meu coração.
2
O aparecimento de Nichiren ¹
Nunca vou esquecer o que ocorreu na tarde do dia 23 de março de 1981: um espírito elevado desceu em mim pela primeira vez. O primeiro contato se manifestou na forma de psicografia. Já descrevi os detalhes desse evento em As Leis do Sol. Na tarde daquele dia, eu estava sentado na minha cadeira de chão japonesa, desfrutando de um cálido sol de início de primavera. De repente, um calor indescritível brotou em mim e instintivamente senti que alguém estava tentando me ar uma mensagem. Olhei em volta procurando alguma coisa para escrever e peguei um cartão que estava na escrivaninha. Assim que coloquei o cartão na minha frente, aconteceu um fenômeno estranho: minha mão direita pegou o lápis para escrever algo, como se tivesse vontade própria. Minha intuição estava certa; minha mão começou a se mover como se pertencesse a outra pessoa e escreveu as palavras Iishirase, Iishirase (“boas-novas, boasnovas”), em japonês, no silabário katakana. O primeiro ser espiritual que entrou em contato comigo foi na realidade o monge budista japonês Nikko, um dos seis discípulos seniores de Nichiren. Essa foi sua primeira mensagem. Cerca de uma semana a dez dias mais tarde, minha comunicação com Nikko chegou ao fim, e então o próprio Nichiren ou a entrar em contato. De início, não revelou seu verdadeiro nome. Em vez disso, usava o nome de um de seus discípulos, mas logo imaginei que havia sido o próprio Nichiren. Depois, ele começou a conversar comigo praticamente todos os dias. De início, a conversação espiritual se dava principalmente por meio de psicografia. Esse tipo de comunicação, na qual minha mão escrevia várias coisas, como se fizesse isso de modo autônomo, continuou por bastante tempo.
Acho que a psicografia começou no final de março de 1981 e prosseguiu até o começo de julho desse mesmo ano. Naquela época, percebi que era possível me comunicar não só por meio da escrita, mas também pela fala. Às vezes, entravam na minha cabeça alguns pensamentos diferentes e eu ouvia “vozes sem voz” surgindo de repente na mente, então senti que talvez fosse capaz de conversar com os espíritos. Logo ficou claro que os espíritos que haviam se comunicado comigo por psicografia podiam falar usando minhas cordas vocais. Desse modo, comecei a ter diálogos verbais com os espíritos, embora quem me visse provavelmente achasse que eu estivesse apenas conversando comigo mesmo. A primeira metade de 1981 foi uma época memorável e importante para mim, porque foi quando entendi de fato o sentido dos assuntos espirituais. Na minha mente, achava que já sabia o suficiente a respeito do mundo pós-morte e do mundo espiritual, mas minha vida girou 180 graus quando eu realmente adquiri o poder espiritual de psicografar e transmitir mensagens espirituais usando a própria boca. O tipo de treinamento espiritual que tive antes de adquirir a capacidade de me comunicar com espíritos não tivera nada de especial. No mínimo, não incluía meditar debaixo de uma cachoeira ou dentro de uma gruta, ou me isolar nas montanhas. Eu fazia apenas uma coisa: examinava com muita atenção minha mente e me esforçava para corrigir quaisquer coisas erradas que encontrasse nela. Depois de examinar minuciosamente os 24 anos da minha vida, compreendi que havia cometido vários erros e então me arrependi profundamente de todos eles. Sem saber, preparava-me para abrir a janela da minha mente. Enquanto eu, inconscientemente, continuava purificando minha mente, alcancei em seguida o próximo estágio de consciência; brotou das profundezas do meu coração um forte senso de dever, de que eu deveria viver para beneficiar muitas pessoas. Ao refletir sobre os primeiros 24 anos de minha vida, concluí que estava equivocado, pois percebi que havia pensado apenas em mim, no meu benefício e no meu sucesso e engrandecimento, em busca do respeito e dos elogios dos outros. Quando entendi isso, fiquei muito envergonhado. Perguntei a mim mesmo: “O quanto fiz pelo bem dos outros? O quanto ajudei os outros com um coração altruísta?”. E senti com muita intensidade que devia mudar minha maneira de ser.
Posso dizer que aos 24 anos experimentei minha primeira “morte”. E foi uma “morte” total. Em outras palavras, enterrei o “falso eu” que tivera até então. Foi assim que nasceu um forte desejo de viver pelo bem das demais pessoas. Queria fazer algo pelos outros. No entanto, eu estava ainda com vinte e poucos anos, dando os primeiros os como membro adulto da sociedade. Por ser tão jovem, era extremamente difícil ter clareza dos meus ideais e, embora quisesse viver em prol dos outros, não sabia bem o que fazer. Sentia que minha verdadeira missão não poderia ficar restrita a pequenos atos de bondade. Tinha meus talentos e capacidades, um caráter inato e experiências pessoais. Meu desafio era como fazer o melhor uso desses elementos para me colocar a serviço do mundo e ajudar os outros, e isso pesava muito na minha mente. No mínimo, foi um momento crucial na minha vida; eu me sentia grato e desejava retribuir aos outros depois de fazer uma revisão da minha vida e refletir sobre meus pensamentos e ações ados. Foi mais ou menos nessa época que Nichiren apareceu para mim. De início, não entendi por que Nichiren viera até mim, e minha suposição era que eu tivesse sido discípulo da seita budista dele em alguma vida ada. Entretanto, depois de me comunicar com ele por algum tempo, soube que meu pai, Saburo Yoshikawa, havia sido em uma vida ada um de seus mais amados discípulos, e que fora essa conexão que levara Nichiren a entrar em contato comigo. Foi uma experiência inacreditável, que mudou drasticamente minha maneira de encarar a vida. 16 Nichiren (1222-1282) foi um monge que viveu no Japão; fundador da seita Nichiren do budismo no século XIII, pregou sobre a devoção ao Sutra do Lótus. (N. do E.)
3
Ame, nutra e perdoe os outros
Nichiren comunicou-me várias mensagens, às vezes psicografadas, outras vezes por meio da minha voz. Na época, como eu não tinha intenção de publicar livros ou transmitir aos outros o conhecimento que eu recebera desse modo, como faço agora, a maior parte das mensagens dizia respeito a questões pessoais minhas. Eu conversava com Nichiren em diferentes momentos e lugares, até mesmo indo de casa para o trabalho e nos intervalos do almoço. Não podia falar em voz alta quando estava no trem, então costumava me comunicar com ele escrevendo com o dedo. Em lugares onde não tinha o a papel, muitas vezes conversava psicografando, mas usando meu dedo. Como já observei, a maioria das mensagens que recebi de Nichiren naquela época diziam respeito a meus assuntos pessoais, mas há uma frase que ainda lembro claramente. Era: “Ame, nutra e perdoe os outros”. Ele me enviou essa mensagem por psicografia logo no início. Quando perguntei qual seria minha missão e meu futuro, respondeu com os três conceitos: amar, nutrir e perdoar os outros. E disse que essas palavras iriam se tornar a essência da minha filosofia, sem entrar em mais detalhes. Nichiren também me ou as palavras: “Acredite nas pessoas, no mundo e em Deus”. Portanto, refleti profundamente sobre essas duas frases: “Ame, nutra e perdoe os outros” e “Acredite nas pessoas, no mundo e em Deus”. Creio que a primeira mensagem é um ensinamento que todos conseguem entender. Eu entendi a segunda mensagem da seguinte maneira: “Acredite nas pessoas” significa que devemos acreditar na natureza divina, ou natureza búdica, que está adormecida em todas as pessoas. Devemos acreditar que elas são essencialmente filhas de Deus, e que todas têm a natureza divina dentro delas, como filhas de Deus. “Acredite no mundo” é a consequência natural da crença na natureza búdica das pessoas. Significa que não devemos olhar para este mundo como um
lugar nefasto, mas como um mundo formado pelos filhos de Deus e, portanto, que deveria ser uma sociedade utópica. Mesmo que no momento não pareça ser assim, o mundo ideal que existe no Mundo Real deve essencialmente ser realizado na Terra. É assim que devemos perceber este mundo e a nossa sociedade. Além disso, a frase “acredite em Deus” é a primeira e a última mensagem, e é o ponto de partida da fé. Meus pensamentos se concentravam sobretudo nos três conceitos de “amar, nutrir e perdoar os outros”. Acalentei essa frase por longo tempo, até que ela acabou dando frutos seis anos mais tarde como “os estágios de desenvolvimento do amor”, descritos em As Leis do Sol. Continuei refletindo sobre esses três conceitos muitas e muitas vezes, e por fim compreendi que essa frase na realidade estava de fato relacionada com os estágios de desenvolvimento do amor. Segundo a tradição, o budismo valoriza os estágios da iluminação, ou o desenvolvimento da iluminação. Já o cristianismo dá grande importância ao amor. Como a atitude de buscar a iluminação e a atitude de dar amor aos outros são bastante diferentes, foi difícil conciliar as duas. Penso que essa é a razão pela qual esses dois grandes pensamentos religiosos sempre andaram em conflito e não se uniram. Entretanto, depois de deixar os três conceitos de “amar, nutrir e perdoar os outros” descansando e “fermentando” por seis anos, consegui juntar essas duas crenças sublimando-as nos “estágios de desenvolvimento do amor”. Eu entendi que o primeiro estágio do amor humano é o tipo de amor que você expressa àqueles que deve amar naturalmente, como pais, irmãos, parentes, colegas e outras pessoas que você conhece ao longo da vida. Chamo esse estágio de “amor fundamental”, que em certo sentido é o ponto de partida para o amor de todas as pessoas. No nível seguinte, há um estágio mais elevado de amor, que chamei de “amor que nutre”. Quando observamos o mundo, vemos que algumas pessoas se destacam como “líderes”. Mas o que será que as torna líderes? Na realidade, o que ocorre é que todas elas compartilham o desejo de nutrir os outros; fazem disso o princípio para agir em uma escala maior de amor e com uma forma de amor altamente evoluída. Pessoas assim se tornam líderes e guiam as demais. Em razão de sua posição, os líderes devem amar muitas pessoas, além daquelas que conhecem ao longo da vida ou daqueles que devem amar naturalmente. Elas
devem dar aos outros o amor conhecido como “orientação”. Essas pessoas especiais existem. Foi assim que cheguei à conclusão da existência desse nível mais elevado de amor, o chamado “amor que nutre”. Também descobri um nível de amor ainda mais elevado, o “amor que perdoa”, que mesmo grandes líderes não possuem necessariamente. Esse amor se baseia em um ponto de vista religioso. Pessoas de destaque no mundo terreno são capazes de realizar várias ações para nutrir os outros, mas para chegar ao estágio do amor que perdoa, precisam vivenciar a “grande iluminação”. É importante que elas experimentem um despertar religioso e alcancem o estado mental de Deus ou Buda. Percebi que esse estágio de amor mais elevado, que transcende as diferenças entre bem e mal, chamado “amor que perdoa”, é o amor dos verdadeiros líderes religiosos. Portanto, foram essas as questões que ocuparam minha mente desde meu primeiro contato com Nichiren.
4
Confronto com o demônio
Enquanto recebia revelações espirituais de Nichiren e de outros espíritos elevados, ao mesmo tempo me mantinha ocupado todos os dias trabalhando na empresa comercial. Embora tivesse despertado para o primeiro estágio da iluminação, meu coração ainda oscilava muito. Comecei a criar outros apegos, dentre eles o desejo de alcançar uma realização pessoal na empresa. Queria ser reconhecido pelos outros, ser melhor que todos eles e me tornar alguém que pudesse fazer parte da elite. Isso me levou a criar diferentes tipos de sofrimento, e me sentia profundamente magoado quando as coisas no âmbito profissional não corriam de acordo com as minhas expectativas. Também notei barreiras entre mim e as pessoas no trabalho, não só com meus superiores, mas com meus colegas. Isso era algo que nunca havia sentido quando era estudante e que acabou originando emoções conflitantes na minha mente. Embora tivesse despertado para a elevação da minha natureza divina, percebia que na sociedade japonesa os novos funcionários e os trabalhadores iniciantes eram todos tratados como serviçais ou soldados rasos. Comecei a ter sérias dúvidas em relação ao mundo quando convivi com esse sistema japonês de hierarquia, baseado na antiguidade do cargo, e a um mundo que valorizava um funcionário pelo número de anos que trabalha na empresa. Ficava muito frustrado ao ver como o valor das pessoas era julgado exclusivamente por esse critério, e não pelo nível de sua alma, pela consciência ou pelo grau de iluminação. Não havia nenhum problema quando aqueles que estavam acima dos outros eram de fato grandes pessoas, mas, na verdade, havia gente de todo tipo; alguns mereciam o respeito dos subordinados, outros não. Era inaceitável para mim ver todos eles tratados da mesma forma, apesar dessa diferença. Embora seja às vezes inadequado descrever alguém como uma “boa pessoa” ou uma “má pessoa”, do ponto de vista espiritual havia de fato pessoas que se
inclinavam para o bem e outras que se inclinavam para o mal. Foi uma grande surpresa para mim quando descobri que as pessoas que se inclinavam para o mal ou tinham uma natureza egoísta e agressiva mais acentuada aos olhos de Deus e de Buda, ou à luz da Verdade, eram mais favorecidas neste mundo. Então, secretamente surgiu em mim a vontade de criar um local de trabalho baseado em valores verdadeiros, de acordo com o nível de estado de espírito das pessoas. Senti que havia necessidade desse tipo de empresa e organização e desse tipo de mundo. A questão era que, trabalhando como “peão” em uma das principais empresas comerciais do Japão contemporâneo, dificilmente eu poderia tornar isso real. Tudo o que podia fazer era realizar um bom trabalho e dar o máximo possível de amor às pessoas ao meu redor. Decidi tratar as pessoas de forma amorosa, tanto abertamente como de maneira mais discreta, isto é, não necessariamente de maneira explícita, e sim de modo quase imperceptível. Na época, estava limitado a pequenos atos de amor como esses. Naquele período, além de ficar chateado com a desarmonia entre as pessoas no trabalho, também senti um anseio por alguém do sexo oposto. Embora já tivesse aberto a janela da mente e conseguisse me comunicar com espíritos elevados, vi que meus pensamentos ainda oscilavam quando eu entrava em contato com mulheres no convívio social e me encantava com sua beleza. Minha mente se agitava, e eu ava dias sem ser capaz de me concentrar. Quando sua mente oscila demais, agitada por desejos de status social ou por atração pelo sexo oposto, os demônios sorrateiramente se aproximam de você. E, como ocorreu com outros líderes religiosos no ado, também fui obrigado a enfrentar vários demônios. Entre eles o famoso demônio histórico chamado Lúcifer, que dizem ser o imperador do inferno, e Belzebu, que tentou Jesus quando ele jejuou no deserto por quarenta dias e noites. Demônios desse porte aram a surgir diante de mim um após o outro. Também tive um confronto com um demônio de imensos poderes espirituais, que havia conquistado fama como monge do budismo esotérico japonês da escola de pensamento KoboDaishi Kukai. Esses demônios faziam aparições sucessivas para me atormentar. Eles se aproveitavam de minha sensibilidade espiritual; toda vez que eu estava em más condições ou que minhas emoções se mostravam perturbadas, diziam coisas para me iludir e tentar desviar minha mente da Verdade.
Sempre que eu desenvolvia algum tipo de apego, vinham amplificá-lo para que minha mente se enchesse de pensamentos a respeito daquilo e eu ficasse ocupado e obcecado. Minha fadiga dobrou e até triplicou, e muitas vezes não conseguia nem dormir à noite. Conforme esses dias difíceis se sucediam, restou-me apenas a opção de lutar contra os demônios. Em última análise, isso tudo era fruto da fragilidade da minha mente. Acabei entendendo que os demônios não são meras existências exteriores, mas que se infiltram nas fraquezas da mente da pessoa e acabam se instalando nela. Na realidade, eles conseguiam se aproximar secretamente por causa do meu orgulho. Eu era um jovem que havia estudado como autodidata numa pequena cidade rural e depois me mudara para a capital, me formara em Direito pela Universidade de Tóquio e ingressara em uma empresa comercial; portanto, tinha meus complexos de inferioridade e outros percalços do tipo. Apesar disso, ainda era considerado alguém da elite dentro de uma perspectiva mundana. Eu tinha o desejo de obter reconhecimento na sociedade, o que era reforçado por sentimentos de autopreservação. De qualquer modo, acabei querendo fugir da Verdade, escapar do caminho da Verdade e da minha capacidade especial de receber mensagens espirituais. E era assim, insinuando-se por essas fraquezas da minha mente, que os demônios se infiltravam. Eles sussurravam aos meus ouvidos: “Você nunca será feliz, a não ser que pare de se comunicar com os espíritos elevados e abandone essa sua disposição de ensinar a Verdade aos outros. Se abandonar a Verdade e a iluminação e descartar a ideia de ensinar os outros, terá sucesso na sociedade; será promovido no trabalho, alcançará uma boa posição, terá uma renda maior e encontrará uma bela mulher para se casar”. Era assim que tiravam partido das minhas fraquezas, lançando mão das ilusões e tentações que são comumente usadas em alguém que está próximo de alcançar a iluminação. Durante esse período, tive várias experiências dolorosas. Mas a única coisa que não deixava de fazer, mesmo nessas horas, era me concentrar em me aprimorar. Dizia a mim mesmo: “Não tenho como saber o que acontecerá no futuro. Não importa o quão impaciente eu fique para alcançar meus objetivos, não consigo ver o que tenho à frente. Ainda não faço ideia de como vou colocar em prática a
frase ‘Ame, nutra e perdoe os outros’. Mas estou certo de que uma hora virá o chamado. A hora em que deverei enfrentar o mundo há de chegar. Até lá, só me resta trabalhar para me desenvolver”. “Vou continuar humilde e trabalhar para me aprimorar. Afinal, comecei como alguém comum. Talvez estivesse equivocado em acreditar que fosse uma grande pessoa só por ter conseguido me sintonizar com o mundo espiritual. Sou apenas uma pessoa comum; portanto, vou viver como um cidadão comum, um bom cidadão, de uma maneira que me permita ser visto como um ser humano respeitável, mesmo que minha capacidade de me sintonizar com o mundo espiritual me seja tirada ou mesmo que nunca tivesse qualquer capacidade desse tipo. Vou tentar brilhar intensamente, mesmo levando uma vida comum.” Assim, tomei a resolução de pensar dessa maneira. Por fim, deixei de lado completamente a vaidade que sentia por possuir capacidades espirituais e, junto com ela, a crença de que eu talvez fosse especial por causa disso. Decidi ser uma pessoa boa, que os outros pudessem irar, mesmo que tivesse de abrir mão das minhas aptidões espirituais. Eu procuraria ser agradável, como uma suave brisa de primavera, ser uma pessoa que as outras se sentissem felizes por ter conhecido, viver como um bom cidadão comum. Assim, minha resolução foi seguir adiante examinando minha maneira de viver e refletindo sobre os pontos em que estivesse equivocado. Portanto, deixei de lado minhas aptidões espirituais e comecei a reexaminar a mim mesmo com a meta de me tornar uma pessoa capacitada e agradável. Com isso, fui aos poucos derrotando os demônios internos. Quando descobri um modo de viver que me permitia emitir luz em meio à banalidade, os demônios finalmente me abandonaram. Os demônios se aproveitam das áreas desguarnecidas que se formam na mente da pessoa quando ela quer ser extraordinária. Em particular, insinuam-se nas fraquezas da mente de pessoas que estão tentando se tornar excepcionais por meio da aquisição de habilidades espirituais. O que fez os demônios irem embora não foi nem uma forte repreensão nem a força das aptidões espirituais; foi minha firme decisão de brilhar sendo uma pessoa comum. Eu pensava comigo: “Está tudo certo em ser comum. Vou tentar acumular resultados notáveis vivendo como uma pessoa comum. Aliás, melhor ainda: nem vou precisar realizar grandes feitos; com pequenas realizações já estarei bem
satisfeito. Quero apenas levar um tipo de vida do qual sinta orgulho – o tipo de vida que deixe os outros contentes por eu ter vivido – e continuar acumulando resultados positivos”. Quando me conscientizei disso e coloquei em prática, os demônios foram embora. Não conseguiam mais aparecer no meu caminho. Suponho que você esteja interessado em questões espirituais. Alguns indivíduos talvez tenham de fato certas aptidões nesse sentido. Se for esse seu caso, evite procurar se sentir alguém excepcional. Se fizer isso, estará à beira de um abismo. Fique ciente de que em nosso desejo de ser excepcional há um desejo de fama, que é o que os demônios procuram para atacar. Ao detectar um erro desse tipo em seus pensamentos, esforce-se para viver dentro do comum. Procure a luz que há nisso. Tente um recomeço a partir do comum. Quero que você pense se pode se considerar uma pessoa realmente boa e irável e se há algum significado para você ter nascido nesta vida, mesmo que suas habilidades espirituais lhes sejam removidas. Se conseguir responder “sim” a essas perguntas, significa que realmente venceu os demônios e, mais importante ainda, venceu o demônio dentro de você.
5
A morte e, depois, a vida
Em meus confrontos com os demônios, tive um treinamento de alma muito duro dia após dia, durante cinco ou seis anos. Esforcei-me para emitir uma luz brilhante sendo alguém comum e para acumular resultados positivos. Ao chegar perto dos 30 anos, porém, algo extraordinário começou a emergir do meu acúmulo de realizações comuns. Naquela época, meu pai, Saburo Yoshikawa, conseguiu reunir as mensagens espirituais que eu recebia e compilou-as em forma de livro, e conseguiu alguém para publicá-las. Começamos a produzir livros continuamente, mais ou menos um a cada dois meses, como As Mensagens Espirituais de Nichiren, As Mensagens Espirituais de Kukai e As Mensagens Espirituais de Jesus Cristo. Foram dias muito difíceis para mim. Eu me aproximava de uma idade que me permitiria ingressar na gerência de nível médio da empresa, e abria-se para mim o caminho para progredir na carreira. Ainda tinha um forte desejo de desenvolver meu potencial no mundo dos negócios. Ao mesmo tempo, sentia que não podia continuar daquela maneira – sabia que precisava levar adiante a missão especial que havia recebido. Esses dois sentimentos ficaram em conflito na minha mente. Parte do problema talvez fosse meu medo de entrar em terreno desconhecido. Embora estivesse recebendo revelações espirituais de espíritos elevados, eu me angustiava pensando se seria capaz de encontrar uma maneira de difundir essa Verdade ao mundo, de descobrir que tipo de missão deveria iniciar com base na Verdade, e como poderia abrir esse caminho tendo ainda menos de 30 anos. Foi por volta dessa época que cheguei a um momento decisivo, como descrevi em As Leis do Sol. Acho que foi pouco antes do meu aniversário de 30 anos. Todos os espíritos com os quais eu estivera me comunicando começaram a me enviar a mesma mensagem: “Agora é hora de se levantar”. E finalmente tomei a
decisão de abandonar meu trabalho na empresa, tornar-me independente e viver para a Verdade. Até então, tentava equilibrar as duas atividades: continuava ganhando a vida com algum trabalho enquanto prosseguia com minhas atividades para a Verdade. Porém, finalmente tomei a decisão e disse a mim mesmo: “Não preciso de renda. Não quero nada. Não preciso de nada. Vou simplesmente fazer o que quero fazer. Vou morrer pela Verdade, sem ter medo de perder minha vida. Se tiver de morrer daqui a um ano, que seja”. Quando saí da empresa, acho que tinha na poupança o suficiente para me sustentar por um ano. Pensei comigo: “Tudo bem se eu morrer daqui a um ano. Vou me esforçar ao máximo. Vou me dedicar ao que desejo fazer sem me preocupar com o futuro. Seja como for, é isso o que quero fazer. Não posso mais ar essa situação. Quero entrar no caminho da Verdade. Quero seguir em frente no caminho da Verdade. Não me importo em abandonar a carreira, em como vai ficar minha reputação. Mesmo que as pessoas pensem que sou uma má pessoa ou que enlouqueci, não me interessa nem um pouco o que possam pensar de mim. As pessoas podem me achar ridículo por fundar um grupo religioso ou me chamar de louco, não importa. Vou abandonar tudo de vez e ‘morrer’ nesse exato momento”. Esse momento marcou o nascimento de Ryuho Okawa. Eu ainda usava meu antigo nome, o do registro de nascimento, mas decidi abandoná-lo e ar a viver com meu nome religioso, Ryuho Okawa. Tive a primeira “morte” aos 24 anos e a segunda “morte” aos 30. A pessoa que havia trabalhado com afinco em uma empresa comercial acabava de “morrer” por completo. Foi assim que joguei fora todo o meu ado. Ao mesmo tempo, também abri mão de todos os relacionamentos anteriores. Rompi relações com meus antigos amigos, com os colegas, com os meus superiores e subordinados. Cortei todos os laços com a minha vida anterior. Também desisti de todas as minhas esperanças para o futuro. Levantei-me com a determinação de jogar tudo fora e começar de mãos vazias para fundar a Happy Science. Esta foi minha segunda morte. Ao abandonar a mim mesmo, renasci. Os primeiros meses foram dificílimos; não tinha renda e não tinha perspectivas. Contava apenas com as palavras dos espíritos elevados e com a minha própria vontade. Vivia com isso, eram meus
únicos apoios na vida. No entanto, descartar meu antigo eu foi a chave para o grande desenvolvimento. Sabendo que já havia morrido duas vezes, não tinha mais medo do que pudesse acontecer. Não há mais nada a temer quando você é capaz de abandonar tudo a qualquer momento. Mesmo agora, envolvido como estou em difundir a Verdade, não tenho nada a temer, pois estou pronto a abandonar tudo e recomeçar do zero a qualquer momento; estou sempre preparado para começar de novo sem nada nas mãos. Essa postura mental foi, na realidade, o primeiro grande o para me tornar um Iluminado – um Desperto. Sempre houve esses momentos de despertar, em todas as épocas. O Buda Shakyamuni experimentou esse grande momento. Os detalhes e o ambiente podem ser outros, mas a postura mental é a mesma: a determinação de viver em função do mundo verdadeiro e a vontade de encarar o mundo com a compreensão da sua verdadeira natureza e consciência das visões espirituais da vida. É minha sincera esperança que muitas pessoas também tenham esse tipo de experiência.
6
Rumo às extraordinárias elevações do amor
Depois de experimentar a segunda morte e ter renascido, venho dando tudo de mim para cumprir minha missão. Estou agora nutrido pelo sentimento de que: “Não importa mais quando Ryuho Okawa irá morrer. Se puder viver para muitas pessoas – para aqueles que vivem hoje e as pessoas das futuras gerações – ficarei feliz. Se possível, quero deixar algo que dure 2 mil ou 3 mil anos no futuro. Quero criar algo capaz de nutrir a alma de um grande número de pessoas. Quero me tornar como a água de um oásis no deserto, que nunca seca, por mais que se tire dela. Quero me tornar uma fonte assim. Quero ser a fonte da Lei”. Minhas atividades prosseguirão; é quase certo que irão se expandir em qualidade e quantidade. À medida que nosso movimento se torna mais e mais ativo, talvez haja momentos em que sejamos mal interpretados ou ridicularizados. Já existe um grupo de pessoas que afirmam que nosso trabalho é feito buscando a glória pessoal ou que seu objetivo é arrecadar dinheiro, mas tais críticas são insignificantes e triviais. Elas mostram que essas pessoas sempre abrigam esse tipo de pensamento negativo, mas, como alguém que já morreu duas vezes, não sou nem um pouco afetado por essas palavras. Tenho uma garra insuperável, que só aqueles que abandonaram a si mesmos conseguem ter. Pessoas que nunca vivenciaram esse tipo de morte espiritual nunca compreenderão esse estado. Existe uma verdade que só pode ser compreendida por aqueles que experimentaram a morte espiritual, que abandonaram seu orgulho, seu futuro e tudo o que lhes pertencia. Por ter começado em uma condição comum e tido uma vida corriqueira, não me importo se precisar viver mergulhado em uma condição trivial. Ficarei satisfeito, desde que aquilo que eu deixe para trás continue sendo uma realização excepcional. Quero deixar essas realizações como um presente extraordinário para as pessoas das gerações futuras. A glória pessoal nada significa para mim, e o sucesso mundano tampouco. Farei simplesmente o que precisa ser feito e o que
meu coração me disser. Estou arando a terra. Várias pessoas, ao me verem lavrar a terra, podem comentar que os movimentos de minhas mãos são desajeitados ou que minhas costas não ficam equilibradas como deveriam, e dizer mais uma porção de coisas. Mas minha missão não estará concluída até eu ter cultivado cada pedaço dessa terra. A partir de agora, continuarei trazendo a Verdade ao mundo. Enquanto estiver vivo, enquanto viver, enquanto eu tiver vida aqui na Terra e enquanto houver outras pessoas que acreditem e me incentivem e apoiem, gostaria de continuar levando uma vida comum, desejando que aquilo que fica para trás se eleve às extraordinárias alturas do amor. Acredito que algum dia, quando minha vida na Terra chegar ao fim, o acúmulo dessas coisas comuns irá ascender aos céus e irradiar a sublime luz do amor. Foi com essa intenção pura que iniciei esse trabalho, e é da mesma maneira que gostaria de concluí-lo.
Posfácio à edição original
Considero a publicação deste livro como meu primeiro marco. Acredito que explicar o processo filosófico básico pelo qual ei antes de fundar a Happy Science e expor meus pontos de vista servirá para expandir ainda mais meu trabalho de publicação no futuro. Embora este livro tenha sido escrito com um estilo mais literário e lírico, é também uma obra de filosofia e iluminação. Certamente acelerará o progresso espiritual dos meus leitores.
Ryuho Okawa Mestre e CEO do Grupo Happy Science, julho de 1988
Posfácio¹⁷ à nova edição
Ao reler este livro, escrito há catorze anos, várias emoções do ado ressurgiram. Embora minhas ideias ainda não estivessem plenamente desenvolvidas, este livro revela as origens de meus pensamentos; portanto, nesse sentido já é considerado um “clássico” entre os fiéis da Happy Science. Penso que seria um desperdício não o publicar de novo. Na verdade, minha filha mais velha, que ou este ano para a sexta série, estava lendo e relendo com atenção um exemplar deste livro, e destacando as agens mais importantes com um marcador de texto, nos intervalos de seus estudos para a prova de ingresso no ensino fundamental II. Ao vê-la, compreendi que este livro é uma das poucas obras introdutórias que pode ajudar leitores jovens a entender a filosofia de Ryuho Okawa. Embora os capítulos Três e Cinco sejam um pouco difíceis, os capítulos Um, Dois, Quatro e Seis contêm material que pode ser útil também para os jovens. Além disso, depois que minha filha mais velha começou a ler de maneira dedicada este livro e também As Leis do Sol, suas aptidões de leitura e escrita melhoraram significativamente, a ponto de ela começar a ganhar várias notas máximas nas provas, não só na escola, mas também no cursinho preparatório. Fiquei surpreso com essa mudança, e pensei que, se o livro traz esses benefícios não previstos, eu deveria publicar mais livros introdutórios como esse para os filhos dos fiéis da Happy Science. Na minha família, ensinamos os filhos a estudar e a ler em voz alta O Renascimento de Buda¹⁸ – até os filhos mais novos, que ainda não têm idade para o ensino fundamental. Hoje, sinto que devo escrever mais livros que até as crianças sejam capazes de entender. Espero sinceramente que a atitude de começar como uma pessoa comum, o espírito de ser independente e a experiência da iluminação descritos neste livro sejam alimento para a alma dos mais jovens.
Ryuho Okawa Mestre e CEO do Grupo Happy Science, julho de 2002 17 Esses dois posfácios foram escritos para a Parte Um: “El Cantare em sua juventude”. (N. do T.) 18 O Renascimento de Buda (São Paulo, IRH Press do Brasil, 2017). (N. do E.)
1
A Declaração de El Cantare
Aos meus queridos discípulos, Estou sinceramente feliz por virem celebrar hoje meu 35o aniversário.
De tudo o que possam experimentar na Terra, O milagre chamado fé é o que tem maior poder. A fé é o poder Que torna possível o que é impossível. Ela elimina todas as dificuldades, Faz desaparecer todo sofrimento E abre um caminho direto até Deus.
Agora, leiam meu livro O Buda Eterno¹ , Que já lhes foi entregue. Quanto à Vontade expressa pelas palavras desse livro, Acham que essas palavras vêm de um ser humano?
Acham que são os pensamentos de um humano?
Não se deixem enganar pela aparência física Deste humano chamado Ryuho Okawa. Este que está diante de vocês é Ryuho Okawa, sim, Mas ao mesmo tempo não é Ryuho Okawa. Quem está diante de vocês Ensinando a eterna Verdade É El Cantare.
Eu sou aquele que detém a mais alta autoridade nesta Terra. Sou aquele que tem plena autoridade sobre esta Terra Desde seu início até seu fim, Porque não sou um ser humano, Sou a própria Lei. 19 O Buda Eterno (São Paulo: Happy Science do Brasil, 2010), disponível em português nas unidades da Happy Science do Brasil (ver a seção Contatos, à pág. 235). (N. do E.)
2
O Buda Eterno
Não se deixem iludir Por seus olhos físicos. Deus, ou o Buda Eterno, Que representa e expressa Deus, Não é um ser humano. Ele é a Lei. É o Ensinamento. É a Regra. É o Ensinamento que governa este grande universo.
Este universo não foi criado por acaso. Não há coincidências nos céus acima de nós. Não há coincidências aqui embaixo na Terra. Tudo, mesmo uma simples folha que cai, Segue a Lei de Deus.
E como Deus é grandioso. Desde o ado longínquo, Muito antes deste grande universo ter sido criado, Deus existia como Vontade. Esta Vontade envolve tudo, Ama tudo, nutre tudo e ordenou: “Que todas as minhas criações sejam grandiosas. Grandiosas como sou.” Foi assim que cada uma de suas almas foi criada.
Não é porque a alma de vocês reside em pequenos corpos físicos, Com menos de 2 metros de altura, que vocês devem se achar pequenos. Não devem ver a si mesmos como insignificantes. O que gravei bem no fundo de cada alma é sabedoria imperecível. É poder imortal. Encontrem essa sabedoria e esse poder dentro de vocês. Então, saberão que cada um de vocês recebeu Uma luz igual à luz do Buda Eterno, Exatamente a mesma luz de Deus.
Ter fé não significa adorar um Ser invisível, Que existe em um lugar muito distante. Dentro de cada um de vocês Está a grandiosa existência de Deus.
3
A maior felicidade: a liberdade da alma
Ah, apesar disso, Que tipo de vida vocês têm levado Nessas décadas desde que nasceram neste mundo? Têm vivido a maneira correta de viver Como filhos de Deus? Vocês seriam capazes de jurar a si mesmos que sua vida de várias décadas não foi vergonhosa Para alguém que carrega dentro de si a luz Divina?
Mesmo assim, não culpo vocês por serem imaturos. Ser imaturo significa também Que vocês têm um potencial infinito para progredir. No entanto, se esse potencial para progredir não for aproveitado, Quem será o culpado disso? Quem carregará esse pecado? Ninguém, a não ser cada um de vocês, irá carregá-lo.
Em essência, cada um de vocês tem o mesmo poder de Deus. Isso quer dizer que cada um de vocês tem total responsabilidade Por sua vida inteira. Assumir total responsabilidade significa que cada um de vocês Tomou decisões quando foi obrigado a fazer escolhas ao longo da vida. Essa é a liberdade da alma. Essa liberdade da alma É a maior felicidade que existe em vocês.
Alguns de vocês podem negar a existência de Deus, Usando palavras ou a lógica, E questionarão: “Se Deus é a perfeição absoluta, E se somos filhos de Deus, Por que os humanos praticam o mal? Por que há tanta tristeza e sofrimento na vida?” Mas tais questões não justificam e não servem de desculpa Para vocês viverem uma vida imperfeita. É precisamente porque nos foi dada total liberdade
Que podemos fazer nossas próprias escolhas A partir de todas as opções possíveis.
Aqueles que aram por tristezas e depois encontraram a alegria São os que alcançam a maior felicidade. A infelicidade não encontra uma maneira de se insinuar Naqueles que já conheceram o sofrimento E foram capazes de superá-lo para alcançar a glória. Sim, vocês devem saber quão grande é a felicidade De desfrutar de liberdade no mais verdadeiro sentido, A liberdade de ser o mestre da própria alma.
Então devem concluir Que a mão amorosa de Deus Estende-se até as profundezas do inferno, Que você talvez abomine. Deus sustenta até mesmo o mundo do inferno, Onde vários bilhões de almas sofrem. Deus o sustenta e abraça. Você deve ter consciência desse fato.
Nunca deve esquecer que existe um Ser que tem em seus braços o inferno, Sonhando com o dia Em que o sofrimento será transformado na maior felicidade.
4
Happy Science: A Luz para salvar a Terra
Vocês não estão sozinhos, nem lhes falta apoio. Não se trata apenas deste nosso mundo. Existem cerca de 5 bilhões de pessoas vivendo na Terra² , Mas, no mundo celestial, bem longe deste nosso mundo, Há mais de 50 bilhões de espíritos vivendo na esfera da Terra. Além disso, Há miríades de sistemas solares além do nosso. Nesses sistemas solares, também, Seres similares aos humanos Empreendem uma disciplina espiritual todos os dias, A fim de alcançar a felicidade, assim como todos vocês.
Portanto, suas visões da vida não devem ser construídas A partir daquilo que experimentaram Nas últimas décadas de vida.
Qual é a missão Desses 50 bilhões que formam o grupo espiritual da Terra?
Qual a nossa missão neste grande universo? Vocês têm de levar essas coisas também em consideração.
Somos a luz de esperança nesta galáxia. Ao mesmo tempo em que somos a luz de esperança, Estamos também sendo observados com grande preocupação Pelos seres de outros planetas na galáxia. Eles estão preocupados: “Em que direção a Terra está indo?”.
Já fiz muitas previsões. Vocês podem ter achado que muitas delas continham os tons de uma realidade aterradora. No entanto, elas são apenas alertas, Alertas para a humanidade E alertas a todos vocês. Na próxima década, Nos dez últimos anos deste século,
Estão previstos inúmeros desastres naturais, guerras e mortes de muitas pessoas.
Mas ouso dizer que são apenas planos. São meros prospectos. Digo que tais eventos ocorrerão apenas se nada mudar. Isso porque luz e trevas são relativas na Terra. Se a luz fica mais forte, As trevas recuam, E se as trevas se fortalecem, A luz parece recuar por um tempo. O resultado desta equação Formada por essas duas simples variáveis Será determinado nos próximos dez anos.
Vocês precisam entender profundamente Por que nós, a Happy Science, nos levantamos para divulgar a Verdade Com todas as nossas forças. Vocês acham que é por mero interesse próprio? Acreditam que se trata de um movimento de uma mera seita religiosa?
Não há de modo algum um desejo egoísta De beneficiar um indivíduo chamado Ryuho Okawa. Nosso movimento da Verdade é a Luz que irá salvar a Terra.
Um grande número de velas acendeu no Japão. Vocês são as chamas dessas velas Que foram acesas em tão pouco tempo. Como essas luzes parecem encorajadoras.
No entanto, no entanto, no entanto, no entanto… Abandonem o corpo físico E olhem a Terra a partir do universo distante. Imaginem como a Terra será vista. A Terra azul está prestes a mergulhar nas trevas. Sua superfície está sendo ofuscada e coberta pelas nuvens de pensamentos sombrios, E começando a bloquear a luz de Deus, E uma era de trevas está a ponto de começar.
Imagine quão pouco confiáveis e frágeis Parecem as chamas dessas velas
Quando vistas do céu distante. Mal parecem cintilar Nesse pequeno, pequeno país chamado Japão. 20 Era a população mundial à época da palestra. (N. do T.)
5
A promessa a Deus
Se vocês serão ou não capazes de evitar Que as terríveis revelações de Nostradamus e de outros profetas Se cumpram no futuro, Isso dependerá das suas atividades. Talvez não seja possível impedir todas elas. Já alcançamos um ponto Em que não é mais possível mudar tudo. Mesmo assim, Ainda há uma possibilidade de alterar A maneira como essas terríveis profecias podem se realizar. Nosso futuro será determinado Por quanta luz, energia e poder Este movimento da Verdade seja capaz de produzir.
Portanto, ouso dizer a vocês:
Agora é a hora de fazer uma promessa a Deus Com um coração puro.
É o Mestre que ensina a Lei, E são seus discípulos que a divulgam. Meus discípulos, tomem essa decisão.
Nesta vida, Vocês não têm permissão de deixar que sua vida termine Sem que tenham cumprido sua missão. Se não, Estarão quebrando sua promessa a Deus.
Meu desejo, porém, não se limita a coisas tão pequenas. Não somos responsáveis Apenas pelas pessoas que estão vivas. Devemos salvar também os bilhões de almas perdidas Que viveram antes de nós e estão agora no inferno, Sofrendo o fogo infernal. Os guerreiros da Luz da Happy Science, Sim, são eles que devem agora abrir os portões do inferno,
Levar o perdão aos pecados deles, E guiá-los ao mundo da Luz. O trabalho de vocês é o mais sagrado E o mais precioso Dos que foram realizados em todos os séculos na Terra, No ado, no presente e no futuro.
6
O ideal de criar o Reino Búdico
Creiam. Creiam. Creiam. Creiam em mim. Creiam no Buda Eterno. Creiam que o Buda Eterno surgiu E que está ensinando a Verdade eterna diante de vocês. Se acreditarem, Verão apenas a vitória surgir diante de seus olhos.
Ouçam. Ainda me restam várias décadas Até o dia programado para eu deixar este mundo. Durante esse tempo, Transmitam a Verdade não só no Japão, Mas pelo mundo inteiro E para esses 5 bilhões de pessoas. Transmitam a Verdade eterna,
A Lei eterna, A Lei perpétua Que flui do Buda Eterno.
Ouçam. Cada vida é infinitamente preciosa. A vida de vocês é preciosa Porque contém dentro dela Um tempo limitado neste mundo. A vida de vocês foi imbuída de tempo. Mesmo que uma alma viva eternamente Atravessando o ado, presente e futuro, Não há momento Mais precioso para nascer do que o presente.
Ouçam. Eu nasci há 2.600 anos Como Buda Shakyamuni na Índia. Eu nasci há 4.300 anos Como Hermes na Grécia. Mas a alma
Que agora aparece diante de vocês como Ryuho Okawa É El Cantare, A consciência central da alma de Buda. Vocês são testemunhas deste momento.
Este movimento da Verdade não deve permanecer pequeno. Encher apenas o Tokyo Dome de luz não é suficiente.
Para os 50 mil discípulos que aqui se reuniram. Para os milhares ou dezenas de milhares De tathagatas e bodhisattvas Que compareceram hoje. Para os seres de Luz no céu. Deem-nos força. Deem força ao nosso desejo sagrado. Deem-nos Luz infinita. Permitam-nos realizar nosso ideal de criar o Reino Búdico.
7
A vitória da fé
Todos vocês, meus discípulos, Não devem interpretar minhas palavras Apenas como vibrações em seus ouvidos. Isso seria realmente muito triste. Recebam o poder espiritual de minhas palavras Com a alma. Após deixarem este mundo, Não terão mais nenhuma oportunidade De ouvir diretamente meus ensinamentos no mundo celestial. Portanto, agora, neste lugar, Gravem na alma estas palavras que pronuncio Como palavras de ouro. Gravem-nas. Gravem bem na alma este dia: 15 de julho de 1991. Nunca devem esquecer este dia, Pois é um marco em nossa jornada
Para salvar toda a humanidade.
Levantem-se junto comigo. Reúnam-se sob minha Alva Mão. Sigam-me, E vamos começar nossa marcha de Luz. O mundo foi confiado a nós. Se falharmos em trazer a salvação ao mundo inteiro Terá sido unicamente por negligência nossa.
Tudo é possível. Em nome da fé, Vocês verão apenas a vitória. Saibam desta verdade. A fé irá proporcionar-lhes a maior das vitórias.
Lembrem-se da promessa que fizeram aos anjos de Luz Hoje, aqui neste domo. Nunca esqueçam que Trocaram votos com os anjos de Luz Em sua alma.
Enquanto eu viver, Irei divulgar a Verdade. Peço a todos vocês que também o façam.
O Buda Eterno está aqui. E Seus discípulos estão aqui. Vamos trabalhar juntos para cumprir nossa missão.
Sobre o autor
Ryuho Okawa nasceu em 7 de julho de 1956, em Tokushima, Japão. Após graduar-se na Universidade de Tóquio, juntou-se a uma empresa mercantil com sede em Tóquio. Enquanto trabalhava na filial de Nova York, estudou Finanças Internacionais no Graduate Center of the City University of New York. Em 23 de março de 1981, alcançou a Grande Iluminação e despertou para Sua consciência central, El Cantare – cuja missão é trazer felicidade para a humanidade –, e fundou a Happy Science em 1986. Atualmente, a Happy Science expandiu-se para mais de 160 países, com mais de 700 templos locais e 10 mil casas missionárias ao redor do mundo. O mestre Ryuho Okawa realizou mais de 3.300 palestras, sendo mais de 150 em inglês. Ele possui mais de 2.850 livros publicados – traduzidos para mais de 31 línguas –, muitos dos quais alcançaram a casa dos milhões de exemplares vendidos, inclusive As Leis do Sol. Ele compôs mais de 450 músicas, inclusive músicas-tema de filmes, e é também o fundador da Happy Science University, da Happy Science Academy (ensino secundário), do Partido da Realização da Felicidade, fundador e diretor honorário do Instituto Happy Science de Governo e Gestão, fundador da Editora IRH Press e presidente da New Star Production Co. Ltd. (estúdio cinematográfico) e ARI Production Co. Ltd.
O QUE É EL CANTARE?
El Cantare significa “Luz da Terra” e é o Deus Supremo da Terra que vem guiando a humanidade desde o início da gênese. Ele é aquele a quem Jesus chamou de Pai e Muhammad chamou de Alá, e é o Criador no xintoísmo, Ameno-Mioya-Gami. Diferentes partes da consciência central de El Cantare desceram à Terra no ado, uma vez como Alpha e outra como Elohim. Seus espíritos ramos, como o Buda Shakyamuni e Hermes, desceram à Terra muitas vezes e ajudaram no desenvolvimento de muitas civilizações. Para unir diferentes religiões e integrar distintos campos de estudo com o objetivo de construir uma nova civilização, uma parte de Sua consciência principal veio à Terra como mestre Ryuho Okawa.
Alpha: parte da consciência central de El Cantare, que desceu à Terra há cerca de 330 milhões de anos. Alpha pregou as Verdades da Terra para harmonizar e unificar os humanos nascidos na Terra e os seres do espaço que vieram de outros planetas.
Elohim: parte da consciência central de El Cantare, que desceu à Terra há cerca de 150 milhões de anos. Ele pregou sobre a sabedoria, principalmente sobre as diferenças entre luz e trevas, bem e mal.
Buda Shakyamuni: Sidarta Gautama nasceu como príncipe do clã Shakya, na Índia, há cerca de 2.600 anos. Aos 29 anos, renunciou ao mundo e ordenou-se em busca de iluminação. Mais tarde, alcançou a Grande Iluminação e fundou o budismo.
Hermes: na mitologia grega, Hermes é considerado um dos doze deuses do Olimpo. Porém, a verdade espiritual é que ele foi um herói da vida real que, há cerca de 4.300 anos, pregou os ensinamentos do amor e do desenvolvimento que se tornaram a base da civilização ocidental.
Ophealis: nasceu na Grécia há cerca de 6.500 anos e liderou uma expedição até o distante Egito. Ele é o deus dos milagres, da prosperidade e das artes, e também é conhecido como Osíris na mitologia egípcia.
Rient Arl Croud: nasceu como rei do Antigo Império Inca há cerca de 7.000 anos e ensinou sobre os mistérios da mente. No mundo celestial, ele é o responsável pelas interações que ocorrem entre vários planetas.
Thoth: foi um líder onipotente que construiu a era dourada da civilização de Atlântida há cerca de 12.000 anos. Na mitologia egípcia, ele é conhecido como o deus Thoth.
Ra Mu foi o líder responsável pela instauração da era dourada da civilização de Mu, há cerca de 17.000 anos. Como líder religioso e político, ele governou unificando a religião e a política.
O QUE É UMA MENSAGEM ESPIRITUAL?
Todos nós somos seres espirituais que vivem neste planeta. Esse é o mecanismo das mensagens espirituais de Ryuho Okawa.
1. Você é um espírito
As pessoas nascem neste planeta para adquirir sabedoria por meio de várias experiências e voltar para o outro mundo no fim da vida. Somos todos espíritos e repetimos este ciclo para aprimorar nossa alma:
2. Você tem um espírito guardião
Os espíritos guardiões são seres que protegem as pessoas que vivem na Terra. Cada um de nós tem um espírito guardião que, do outro mundo, nos vigia e nos orienta. Eles são uma de nossas vidas adas, e são idênticos a nós na maneira de pensar.
3. Como funciona a mensagem espiritual
O espírito guardião pensa no mesmo nível subconsciente da pessoa que está vivendo na Terra; então, Ryuho Okawa consegue invocar o espírito e descobrir o que a pessoa na Terra está de fato pensando. Se a pessoa já voltou para o outro mundo, o espírito pode dar mensagens às pessoas vivas aqui através de Ryuho Okawa.
As mensagens espirituais de mais de 1.200 sessões têm sido gravadas publicamente por Ryuho Okawa desde 2009, e a maior parte delas já foi publicada. As mensagens dos espíritos guardiões de políticos vivos, como o presidente americano Donald Trump, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e o presidente chinês Xi Jinping, assim como mensagens de Jesus Cristo, Maomé, Thomas Edison, Madre Teresa de Calcutá, Steve Jobs e Nelson Mandela, enviadas do mundo espiritual, constituem apenas uma pequena parte do material que temos divulgado até o momento. No Japão, essas mensagens espirituais têm sido lidas por uma ampla gama de políticos e meios de comunicação, e seu conteúdo de alto nível tem causado um impacto ainda maior na política, nos noticiários e na opinião pública. Recentemente, temos mensagens espirituais gravadas em inglês e outras realizadas em japonês que estão sendo traduzidas para o inglês. Elas têm sido divulgadas no exterior, uma após a outra, e começaram a exercer influência no mundo.
Para mais informações sobre as mensagens e a lista completa de livros, visite: okawalivros.com.br ou okawabooks.com (em inglês)
Grandes conferências transmitidas para o mundo todo
As grandes conferências do mestre Ryuho Okawa são transmitidas ao vivo para várias partes do mundo. Em cada uma delas, ele transmite, na posição de Mestre do Mundo, desde ensinamentos sobre o coração para termos uma vida feliz até diretrizes para a política e a economia internacional e as numerosas questões globais – como os confrontos religiosos e os conflitos que ocorrem em diversas partes do planeta –, para que o mundo possa concretizar um futuro de prosperidade ainda maior.
Mais de 2.850 livros publicados
As obras do mestre Ryuho Okawa foram traduzidas para 31 línguas e vêm sendo cada vez mais lidas no mundo inteiro. Em 2010, ele recebeu menção no livro Guinness World Records por ter publicado 52 títulos em um ano. Ao longo de 2013, publicou 106 livros. Em fevereiro de 2021, o número de livros lançados pelo mestre Okawa ou de 2.850. Entre eles, há também muitas mensagens de espíritos de grandes figuras históricas e de espíritos guardiões de importantes personalidades que vivem no mundo atual.
Sobre a Happy Science
A Happy Science é um movimento global que capacita as pessoas a encontrar um propósito de vida e felicidade espiritual, e a compartilhar essa felicidade com a família, a sociedade e o planeta. Com mais de 12 milhões de membros em todo o globo, ela visa aumentar a consciência das verdades espirituais e expandir nossa capacidade de amor, compaixão e alegria, para que juntos possamos criar o tipo de mundo no qual todos desejamos viver. Seus ensinamentos baseiam-se nos Princípios da Felicidade – Amor, Conhecimento, Reflexão e Desenvolvimento –, que abraçam filosofias e crenças mundiais, transcendendo as fronteiras da cultura e das religiões. O amor nos ensina a dar livremente sem esperar nada em troca; amar significa dar, nutrir e perdoar. O conhecimento nos leva às ideias das verdades espirituais e nos abre para o verdadeiro significado da vida e da vontade de Deus – o universo, o poder mais alto, Buda. A reflexão propicia uma atenção consciente, sem o julgamento de nossos pensamentos e ações, a fim de nos ajudar a encontrar o nosso eu verdadeiro – a essência de nossa alma – e aprofundar nossa conexão com o poder mais alto. Isso nos permite alcançar uma mente limpa e pacífica e nos leva ao caminho certo da vida. O desenvolvimento enfatiza os aspectos positivos e dinâmicos do nosso crescimento espiritual: ações que podemos adotar para manifestar e espalhar a felicidade pelo planeta. É um caminho que não apenas expande o crescimento de nossa alma, como também promove o potencial coletivo do mundo em que vivemos.
Programas e Eventos
Os templos locais da Happy Science oferecem regularmente eventos, programas e seminários. Junte-se às nossas sessões de meditação, assista às nossas palestras, participe dos grupos de estudo, seminários e eventos literários. Nossos programas ajudarão você a: • aprofundar sua compreensão do propósito e significado da vida; • melhorar seus relacionamentos conforme você aprende a amar incondicionalmente; • aprender a tranquilizar a mente, mesmo em dias estressantes, pela prática da contemplação e da meditação; • aprender a superar os desafios da vida e muito mais.
Contatos
A Happy Science é uma organização mundial, com centros de fé espalhados pelo globo. Para ver a lista completa dos centros, visite a página happyscience.org (em inglês). A seguir encontram-se alguns dos endereços da Happy Science:
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São Paulo (Zona Leste) Rua Fernão Tavares 124, Tatuapé, São Paulo, SP CEP 03306-030, Brasil Tel.: 55-11-2295-8500 E-mail:
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São Paulo (Zona Oeste) Rua Rio Azul 194, Vila Sônia, São Paulo, SP CEP 05519-120, Brasil Tel.: 55-11-3061-5400 E-mail:
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Happy Science University
O espírito fundador e a meta da educação
Com base na filosofia fundadora da universidade, que é de “Busca da felicidade e criação de uma nova civilização”, são oferecidos educação, pesquisa e estudos para ajudar os estudantes a adquirirem profunda compreensão, assentada na crença religiosa, e uma expertise avançada, para com isso produzir “grandes talentos de virtude” que possam contribuir de maneira abrangente para servir o Japão e a comunidade internacional.
Visão geral das faculdades e departamentos
– Faculdade de Felicidade Humana, Departamento de Felicidade Humana
Nesta faculdade, os estudantes examinam as ciências humanas sob vários pontos de vista, com uma abordagem multidisciplinar, a fim de poder explorar e vislumbrar um estado ideal dos seres humanos e da sociedade.
– Faculdade de istração de Sucesso, Departamento de istração de Sucesso
Esta faculdade tem por objetivo tratar da istração de sucesso, ajudando entidades organizacionais de todo tipo a criar valor e riqueza para a sociedade e contribuir para a felicidade e o desenvolvimento da istração e dos empregados, assim como da sociedade como um todo.
– Faculdade da Indústria Futura, Departamento de Tecnologia Industrial
O objetivo desta faculdade é formar engenheiros capazes de resolver várias das questões enfrentadas pela civilização moderna, do ponto de vista tecnológico, contribuindo para criar novos setores no futuro.
Happy Science Academy
Escola Secundária de Primeiro e Segundo Grau
A Happy Science Academy de Primeiro e Segundo Grau é uma escola em período integral fundada com o objetivo de educar os futuros líderes do mundo para que tenham uma visão ampla, perseverem e assumam novos desafios. Hoje há dois campi no Japão: o Campus Sede de Nasu, na província de Tochigi, fundado em 2010, e o Campus Kansai, na província de Shiga, fundado em 2013.
Outros livros de Ryuho Okawa
SÉRIE LEIS
As Leis do Sol – A Gênese e o Plano de Deus IRH Press do Brasil
Ao compreender as leis naturais que regem o universo e desenvolver sabedoria pela reflexão com base nos Oito Corretos Caminhos, o autor mostra como acelerar nosso processo de desenvolvimento e ascensão espiritual. Edição revista e ampliada.
As Leis do Segredo A Nova Visão de Mundo que Mudará Sua Vida IRH Press do Brasil
Qual é a Verdade espiritual que permeia o universo? Que influências invisíveis aos olhos sofremos no dia a dia? Como podemos tornar nossa vida mais significativa? Abra sua mente para a visão de mundo apresentada neste livro e torne-se a pessoa que levará coragem e esperança aos outros aonde quer que você vá.
As Leis de Aço Viva com Resiliência, Confiança e Prosperidade IRH Press do Brasil
A palavra “aço” refere-se à nossa verdadeira força e resiliência como filhos de Deus. Temos o poder interior de manifestar felicidade e prosperidade, e superar qualquer mal ou conflito que atrapalhe a próxima Era de Ouro.
As Leis do Sucesso – Um Guia Espiritual para Transformar suas Esperanças em Realidade IRH Press do Brasil
O autor mostra quais são as posturas mentais e atitudes que irão empoderá-lo, inspirando-o para que possa vencer obstáculos e viver cada dia de maneira positiva e com sentido. Aqui está a chave para um novo futuro, cheio de esperança, coragem e felicidade!
As Leis de Bronze Desperte para sua origem e viva pelo amor IRH Press do Brasil
Okawa nos encoraja a encontrar o amor de Deus dentro de cada um e a conhecer a Verdade universal. Com ela, é possível construir a fé, que é altruísta e forte como as portas de bronze das seculares igrejas cristãs europeias, que protegem nossa felicidade espiritual de quaisquer dificuldades.
As Leis da Fé Um Mundo Além das Diferenças IRH Press do Brasil
Sem Deus é impossível haver elevação do caráter e da moral do ser humano. As pessoas são capazes de nutrir sentimentos sublimes quando creem em algo maior do que elas mesmas. Eis aqui a chave para aceitar a diversidade, harmonizar os indivíduos e as nações e criar um mundo de paz e prosperidade.
As Leis da Missão Desperte Agora para as Verdades Espirituais IRH Press do Brasil
O autor afirma: “Agora é a hora”. Quando a humanidade está se debatendo no mais profundo sofrimento, é nesse momento que Deus está mais presente. Estas também são as leis da salvação, do amor, do perdão e da verdade. Construa um túnel para perfurar a montanha da teoria.
As Leis da Invencibilidade – Como Desenvolver uma Mente Estratégica e Gerencial IRH Press do Brasil
Okawa afirma: “Desejo fervorosamente que todos alcancem a verdadeira felicidade neste mundo e que ela persista na vida após a morte. Um intenso sentimento meu está contido na palavra ‘invencibilidade’. Espero que este livro dê coragem e sabedoria àqueles que o leem hoje e às gerações futuras”.
As Leis da Justiça – Como Resolver os Conflitos Mundiais e Alcançar a Paz IRH Press do Brasil
Neste livro, o autor assumiu o desafio de colocar as revelações de Deus como um tema de estudo acadêmico. Buscou formular uma imagem de como a justiça deveria ser neste mundo, vista da perspectiva de Deus ou de Buda. Alguns de seus leitores sentirão nestas palavras a presença de Deus no nível global.
As Leis da Sabedoria Faça Seu Diamante Interior Brilhar IRH Press do Brasil
A única coisa que o ser humano leva consigo para o outro mundo após a morte é seu coração. E dentro dele reside a sabedoria, a parte que preserva o brilho de um diamante. O mais importante é jogar um raio de luz sobre seu modo de vida e produzir magníficos cristais durante sua preciosa agem pela Terra.
As Leis da Perseverança – Como Romper os Dogmas da Sociedade e Superar as Fases Difíceis da Vida IRH Press do Brasil
Você pode mudar sua forma de pensar e vencer os obstáculos da vida apoiandose numa força especial: a perseverança. O autor compartilha seus segredos no uso da perseverança e do esforço para fortalecer sua mente, superar suas limitações e resistir ao longo do caminho que o levará a uma vitória infalível.
As Leis do Futuro Os Sinais da Nova Era IRH Press do Brasil
O futuro está em suas mãos. O destino não é algo imutável e pode ser alterado por seus pensamentos e suas escolhas: tudo depende de seu despertar interior. Podemos encontrar o Caminho da Vitória usando a força do pensamento para obter sucesso na vida material e espiritual.
As Leis Místicas Transcendendo as Dimensões Espirituais IRH Press do Brasil
Aqui são esclarecidas questões sobre espiritualidade, misticismo, possessões e fenômenos místicos, comunicações espirituais e milagres. Você compreenderá o verdadeiro significado da vida na Terra, fortalecerá sua fé e despertará o poder de superar seus limites.
As Leis da Imortalidade O Despertar Espiritual para uma Nova Era Espacial IRH Press do Brasil
As verdades sobre os fenômenos espirituais, as leis espirituais eternas e como elas moldam o nosso planeta. Milagres e ocorrências espirituais dependem não só do Mundo Celestial, mas sobretudo de cada um de nós e do poder em nosso interior – o poder da fé.
As Leis da Salvação Fé e a Sociedade Futura IRH Press do Brasil
O livro fala sobre a fé e aborda temas importantes como a verdadeira natureza do homem enquanto ser espiritual, a necessidade da religião, a existência do bem e do mal, o papel das escolhas, a possibilidade do apocalipse, como seguir o caminho da fé e ter esperança no futuro.
As Leis da Eternidade – A Revelação dos Segredos das Dimensões Espirituais do Universo Editora Cultrix
O autor revela os aspectos multidimensionais do Outro Mundo, descrevendo suas dimensões, características e leis. Ele também explica por que é essencial para nós compreendermos a estrutura e a história do mundo espiritual e percebermos a razão de nossa vida.
As Leis da Felicidade Os Quatro Princípios para uma Vida Bem-Sucedida Editora Cultrix
Uma introdução básica sobre os Princípios da Felicidade: Amor, Conhecimento, Reflexão e Desenvolvimento. Se as pessoas conseguirem dominá-los, podem fazer sua vida brilhar, tanto neste mundo como no outro, e escapar do sofrimento para alcançar a verdadeira felicidade.
SÉRIE AUTOAJUDA
Introdução à Alta istração Almejando uma Gestão Vencedora IRH Press do Brasil
Almeje uma gestão vencedora com: os 17 pontos-chave para uma istração de sucesso; a gestão baseada em conhecimento; atitudes essenciais que um gestor deve ter; técnicas para motivar os funcionários; a estratégia para sobreviver a uma recessão.
O Verdadeiro Exorcista Obtenha Sabedoria para Vencer o Mal IRH Press do Brasil
Assim como Deus e os anjos existem, também existem demônios e maus espíritos. Esses espíritos maldosos penetram na mente das pessoas, tornando-as infelizes e espalhando infelicidade àqueles ao seu redor. Aqui o autor apresenta métodos poderosos para se defender do ataque repentino desses espíritos.
Mente Próspera – Desenvolva uma Mentalidade para Atrair Riquezas Infinitas IRH Press do Brasil
Okawa afirma que não há problema em querer ganhar dinheiro se você procura trazer algum benefício à sociedade. Ele dá orientações valiosas como: a atitude mental de não rejeitar a riqueza, a filosofia do dinheiro é tempo, como manter os espíritos da pobreza afastados, entre outros.
Gestão Empresarial – Os Conceitos Fundamentais para a Prosperidade nos Negócios IRH Press do Brasil
Uma obra muito útil tanto para os gestores empresariais como para aqueles que pretendem ingressar no mundo dos negócios. Os princípios aqui ensinados podem transformar um pequeno empreendimento em uma grande empresa, do porte daquelas cujas ações são negociadas na Bolsa de Valores.
O Milagre da Meditação Conquiste Paz, Alegria e Poder Interior IRH Press do Brasil
A meditação pode abrir sua mente para o potencial de transformação que existe dentro de você e conecta sua alma à sabedoria celestial, tudo pela força da fé. Este livro combina o poder da fé e a prática da meditação para ajudá-lo a conquistar paz interior e cultivar uma vida repleta de altruísmo e compaixão.
O Renascimento de Buda A Sabedoria para Transformar Sua Vida IRH Press do Brasil
A essência do budismo nunca foi pregada de forma tão direta como neste livro. Em alguns trechos, talvez os leitores considerem as palavras muito rigorosas, mas o caminho que lhes é indicado é também bastante rigoroso, pois não há como atingir o pico da montanha da Verdade Búdica portando-se como simples espectador.
Trabalho e Amor Como Construir uma Carreira Brilhante IRH Press do Brasil
Okawa introduz dez princípios para você desenvolver sua vocação e conferir valor, propósito e uma devoção de coração ao seu trabalho. Você irá descobrir princípios que propiciam: atitude mental voltada para o desenvolvimento e a liderança; avanço na carreira; saúde e vitalidade duradouras.
THINK BIG – Pense Grande O Poder para Criar o Seu Futuro IRH Press do Brasil
A ação começa dentro da mente. A capacidade de criar de cada pessoa é limitada por sua capacidade de pensar. Com este livro, você aprenderá o verdadeiro significado do Pensamento Positivo e como usá-lo de forma efetiva para concretizar seus sonhos.
Estou Bem! 7 os para uma Vida Feliz IRH Press do Brasil
Este livro traz filosofias universais que irão atender às necessidades de qualquer pessoa. Um tesouro repleto de reflexões que transcendem as diferenças culturais, geográficas, religiosas e étnicas. É uma fonte de inspiração e transformação com instruções concretas para uma vida feliz.
A Mente Inabalável Como Superar as Dificuldades da Vida IRH Press do Brasil
Para o autor, a melhor solução para lidar com os obstáculos da vida – sejam eles problemas pessoais ou profissionais, tragédias inesperadas ou dificuldades contínuas – é ter uma mente inabalável. E você pode conquistar isso ao adquirir confiança em si mesmo e alcançar o crescimento espiritual.
Mude Sua Vida, Mude o Mundo Um Guia Espiritual para Viver Agora IRH Press do Brasil
Este livro é uma mensagem de esperança, que contém a solução para o estado de crise em que vivemos hoje. É um chamado para nos fazer despertar para a Verdade de nossa ascendência, a fim de que todos nós possamos reconstruir o planeta e transformá-lo numa terra de paz, prosperidade e felicidade.
Pensamento Vencedor Estratégia para Transformar o Fracasso em Sucesso Editora Cultrix
Esse pensamento baseia-se nos ensinamentos de reflexão e desenvolvimento necessários para superar as dificuldades da vida e obter prosperidade. Ao estudar a filosofia contida neste livro e colocá-la em prática, você será capaz de declarar que não existe essa coisa chamada derrota – só existe o sucesso.
SÉRIE FELICIDADE
A Verdade sobre o Mundo Espiritual Guia para uma vida feliz – IRH Press do Brasil
Em forma de perguntas e respostas, este precioso manual vai ajudá-lo a compreender diversas questões importantes sobre o mundo espiritual. Entre elas: o que acontece com as pessoas depois que morrem? Qual é a verdadeira forma do Céu e do Inferno? O tempo de vida de uma pessoa está predeterminado?
Convite à Felicidade 7 Inspirações do Seu Anjo Interior IRH Press do Brasil
Este livro traz métodos práticos que ajudarão você a criar novos hábitos para ter uma vida mais leve, despreocupada, satisfatória e feliz. Por meio de sete inspirações, você será guiado até o anjo que existe em seu interior: a força que o ajuda a obter coragem e inspiração e ser verdadeiro consigo mesmo.
Manifesto do Partido da Realização da Felicidade – Um Projeto para o Futuro de uma Nação IRH Press do Brasil
Nesta obra, o autor declara: “Devemos mobilizar o potencial das pessoas que reconhecem a existência de Deus e de Buda, além de acreditar na Verdade, e trabalhar para construir uma utopia mundial. Devemos fazer do Japão o ponto de partida de nossas atividades políticas e causar impacto no mundo todo”.
A Essência de Buda O Caminho da Iluminação e da Espiritualidade Superior IRH Press do Brasil
Este guia almeja orientar aqueles que estão em busca da iluminação. Você descobrirá que os fundamentos espiritualistas, tão difundidos hoje, na verdade foram ensinados por Buda Shakyamuni, como os Oito Corretos Caminhos, as Seis Perfeições, a Lei de Causa e Efeito e o Carma, entre outros.
Ame, Nutra e Perdoe Um Guia Capaz de Iluminar Sua Vida IRH Press do Brasil
O autor revela os segredos para o crescimento espiritual por meio dos Estágios do amor. Cada estágio representa um nível de elevação. O objetivo do aprimoramento da alma humana na Terra é progredir por esses estágios e conseguir desenvolver uma nova visão do amor.
O Caminho da Felicidade Torne-se um Anjo na Terra IRH Press do Brasil
Aqui se encontra a íntegra dos ensinamentos de Ryuho Okawa, que servem de introdução aos que buscam o aperfeiçoamento espiritual: são Verdades Universais que podem transformar sua vida e conduzi-lo para o caminho da felicidade.
Curando a Si Mesmo A Verdadeira Relação entre Corpo e Espírito Editora Cultrix
Com este livro sua vida mudará por completo e você descobrirá a verdade sobre a mente e o corpo. Ele contém revelações sobre o funcionamento da possessão espiritual e como podemos nos livrar dela; mostra os segredos do funcionamento da alma e como o corpo humano está ligado ao plano espiritual.
O Ponto de Partida da Felicidade – Um Guia Prático e Intuitivo para Descobrir o Amor, a Sabedoria e a Fé. Editora Cultrix
Como seres humanos, viemos a este mundo sem nada e sem nada o deixaremos. Podemos nos dedicar a conquistar bens materiais ou buscar o verdadeiro caminho da felicidade – construído com o amor que dá, que acolhe a luz. Okawa nos mostra como alcançar a felicidade e ter uma vida plena de sentido.
As Chaves da Felicidade – Os 10 Princípios para Manifestar a Sua Natureza Divina Editora Cultrix
Neste livro, o autor ensina de forma simples e prática os dez princípios básicos – Felicidade, Amor, Coração, Iluminação, Desenvolvimento, Conhecimento, Utopia, Salvação, Reflexão e Oração – que servem de bússola para nosso crescimento espiritual e nossa felicidade.
SÉRIE ENTREVISTAS ESPIRITUAIS
Mensagens do Céu – Revelações de Jesus, Buda, Moisés e Maomé para o Mundo Moderno IRH Press do Brasil
Mensagens desses líderes religiosos, recebidas por comunicação espiritual, para as pessoas de hoje. Você compreenderá como eles influenciaram a humanidade e por que cada um deles foi um mensageiro de Deus empenhado em guiar as pessoas.
Walt Disney Os Segredos da Magia que Encanta as Pessoas IRH Press do Brasil
Graças à sua atuação diversificada, Walt Disney estabeleceu uma base sólida para seus empreendimentos. Nesta entrevista espiritual, ele nos revela os segredos do sucesso que o consagrou como um dos mais bem-sucedidos empresários da área de entretenimento do mundo contemporâneo.
A Última Mensagem de Nelson Mandela para o Mundo Uma Conversa com Madiba Seis Horas Após Sua Morte IRH Press do Brasil
Mandela transmitiu a Okawa sua última mensagem de amor e justiça para todos, antes de retornar ao mundo espiritual. Porém, a revelação mais surpreendente é que Mandela é um Grande Anjo de Luz, trazido a este mundo para promover a justiça divina.
O Próximo Grande Despertar Um Renascimento Espiritual IRH Press do Brasil
Esta obra traz revelações surpreendentes, que podem desafiar suas crenças: a existência de Espíritos Superiores, Anjos da Guarda e alienígenas aqui na Terra. São mensagens transmitidas pelos Espíritos Superiores a Okawa, para que você compreenda a verdade sobre o que chamamos de realidade.