TABUS E HÁBITOS ALIMENTARES INTRODUÇÃO Embora a educação nutricional seja vista como um esforço destinado a mudar "hábitos alimentares", padrões alimentares são determinados por fatores que incluem, além de educação orientada para uma nutrição adequada, fatores socioeconômicos, ecológicos, culturais e antropológicos. Alguns destes fatores induzem à geração e manutenção de "tabus alimentares" que impedem, principalmente nas camadas mais carentes da população, a escolha adequada de alimentos para uma dieta balanceada. A principal causa desta carência é a ingestão inadequada de alimentos fonte de vitamina A, que muitas vezes está mais relacionada às questões culturais e hábitos alimentares do que a fatores econômicos. Vários estudos mostram que, no Brasil, os alimentos fonte deste nutriente são alvo de crenças, proibições e tabus. Hábitos alimentares da sociedade são determinados pela interação de inúmeras variáveis: biológicas, demográficas e econômicas que sofrem transformações com o tempo e essas transformações promovem a formação de novos padrões. TABUS “Simboliza algo proibido e intocável.” Representam dogmas religiosos, ou seja, restrições vinculadas a fatores de ordem religiosa. Alguns dos mais conhecidos são: Melancia com vinho empedra no estômago; Misturar banana com goiaba dá constipação; Ovos com banana faz mal. PRECONCEITOS São aversões a certas características organolépticas de alimentos ou de preparações alimentícias, ou repugnância à ingestão de alimentos ou preparações desconhecidas ou rejeição ao consumo de alimentos por questão de etiqueta social, por exemplo: leite é alimento para criança; carne de frango é para doentes; fubá é alimento de pobre. CRENÇAS Supostas ações nocivas de alimentos, as quais são adas de geração a geração e tornam-se verdades aceitas. Os tabus e crenças alimentares só podem ser combatidos elevando o nível de conhecimentos de nutrição do nosso povo. Efetuando campanhas educativas para divulgação do valor dos alimentos. OS PRATOS TÍPICOS REGIONAIS As comidas regionais do Brasil são bastante ricas e variadas. Diferenças alimentares entre uma região e outra acontecem por fatores ambientais (clima, tipo de solo, disposição geográfica, fauna) e pelo tipo de colonização. REGIÃO SUL O Estado do Rio Grande do Sul, localizado no extremo Sul do país, quanto à culinária, os italianos e os alemães foram os que trouxeram maior contribuição. Os primeiros apresentando o galeto, a polenta e o
vinho e os últimos introduzindo o cultivo da batata e do centeio, as carnes defumadas, a lingüíça e laticínios, além do café colonial, contendo pães, tortas, bolos, biscoitos e doces. Outro prato típico gaúcho é o arroz de carreteiro, que é feito com charque, carne de origem bovina, salgada e seca. O chimarrão e o churrasco também são 2 coisas marcantes na tradição e culinária do povo gaúcho. REGIÃO NORDESTE Formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Alagoas - Sua culinária é baseada em peixes, camarões, frutos do mar, preparados à base de leite de côco. Bahia – A cozinha banhiana também tem pratos em sua mesa regados à base de leite de côco, azeite de dendê e a pimenta. Muitos apreciam os deliciosos pratos deste estado, entre eles podemos citar o bobó de camarão, moquecas, acarajé, vatapá, buchada de bode, sarapatel e mocotó. Ceará - A cozinha cearense é conhecida pelos frutos do mar, como o camarão, caranguejo e a lagosta, além de outras preparações regionais. Maranhão - Camarão, sururu, caranguejo, robalo, tainha, surubim e outros peixes de água salgada e doce você vai encontrar neste estado. Os pratos típicos são os seguintes: galinha ao molho pardo, carne de sol. Paraíba - Assim como nos demais estados dessa região, os pratos são feitos com frutos do mar, além de carne de sol, feita depois que descansa no leite, tornando a carne mais macia e saborosa. Outros alimentos muito consumidos neste local: queijo de coalho, feijão verde, macaxeira. Pernambuco - Melado com queijo coalho, rabada, sarapatel e galinha à gabidela, buchada de bode, carne de sol com purê de macaxeira são pratos típicos desta região. Piauí - Na culinária piauiense utiliza-se muito no preparo dos pratos: coentro, cebolinha e corante natural extraído do urucum, a farinha de mandioca também é muito consumida para complementação dos pratos. Rio Grande do Norte - Derivadas da atividade pecuária, podemos destacar as seguintes preparações típicas desta região: carne de sol, coalhada, manteiga de garrafa, etc. O leite de côco também é muito utilizado nas preparações. A paçoca, o bolo de rolo, pudim de macaxeira e o doce de caju em calda são alguns doces típicos. Sergipe - Os principais ingredientes da cozinha sergipana são os frutos do mar e o milho. Moquecas, caranguejadas, carne seca com jerimum, arroz de leite, sequilho de milho, canjica, pamonhas, cuscuz. REGIÃO CENTRO-OESTE A culinária do centro-oeste se caracteriza pela caça farta, rios repletos de peixes saborosos, pequi, banana-da-terra, guariroba - alimentos que fazem os pratos típicos da região. É dessa aliança que nasce o empadão goiano, o peixe na telha, a mojica de pintado, receitas de sabor peculiar, apegadas à tradição local. Os pratos mais típicos e apreciados de Goiás ainda são feitos à base de uma fruta - o pequi, e de um palmito - a guariroba. E em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul as grandes estrelas do cardápio regional são os peixes de rio e as bananas-da-terra.
CONCLUSÃO: feijão e arroz Com tantas peculiaridades, excentricidades e influências na culinária nacional, seria ainda possível identificar uma comida típica brasileira? O prato que mais caracteriza o nosso hábito alimentar diário é o feijão com arroz. O feijão chegou mesmo a ser elevado à categoria de prato de resistência pelos portugueses e índios, no seu dia-a-dia, pelos caminhos do ouro. Infelizmente, as condições econômicas que afetam camadas inteiras da população estão fazendo com que estes alimentos básicos venham sendo substituídos por outros mais baratos, porém menos nutritivos, tais como batata, macarrão e farinha de mandioca. Esse empobrecimento sistemático da dieta do povo afeta a saúde e põe em risco o desenvolvimento do país. O feijão com arroz garante, ao menos em parte, a melhoria das condições nutricionais. Pesquisas científicas já demonstraram que essa mistura satisfaz as necessidades básicas do organismo com relação às calorias e proteínas. O feijão com arroz precisa voltar à mesa do brasileiro de todas as camadas sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, A.M., PRADO, M.S., FREITAS, M.C.S., CRUZ, M.M. Deficiência de vitamina A e desnutriçãoenergético protéica em crianças da localidade do Semi-árido Baiano. Revista de Nutrição da PUCCAMP, Campinas, v.10, n.1, p.70-78, 1997 BATISTA-FILHO, M., CHAVES, N., VARELA, R.M., SOUZA MARTINS, M.H, SALZANO, A.C., BAZANTE, M.O., GOMES TEIXERA, S.M., LIMA, E.J.C., REIS, F.M., MARTINS, G.C., LINHARES, E.R. Inquérito nutricional em área urbana da Zona das Mata do Nordeste Brasileiro - Água Preta Pernambuco. O Hospital, v.79, n.5, p.139-155, 1971. CASTRO, J. Fisiologia dos tabus. 2.ed. Rio de Janeiro : Nestlé, 1941. 62p.