A festa do Ipeté de Osun
Ipeté de Osun "Osun come cabra nas festas das Iabás e enxuga a boca no Ipeté ". Ipeté de Osun ou Peté de Osun é o nome da comida de Osun, e foi adotado o mesmo nome para a festa que se faz à Osun anualmente em muitas casas de candomblé, em todo Brasil. Ela marca o encerramento das festas do ano. Nesse dia não há sacrifício, que já foram feitos nas festas anteriores. Há muita comida, galinha, pernil de porco, além de outras iguarias, que são distribuídas a todos que comparecem. Além daquelas que são feitas para as obrigações dos Orisás e que serão também divididas entre os presentes, que são o adun (fubá de milho com azeite de dendê e açucar), o ekó (milho branco ralado e cozido, uma espécie de canjica, mais conhecido pelo nome de acaçá), o ixu (inhame), o aluá e o próprio peté. Todos trabalham com afinco, cada um com seu trabalho: quem é de cozinhar, cozinha; quem é de fazer bandeiras, faz bandeiras; quem é de fazer surpresas, faz surpresas. O Assobá, acompanhado dos Ogans da casa, organiza a arrumação do barracão, colocando bandeirinhas, Mariwôs, e folhas que servem de ornamentação, se enfeita o barracão sempre que há festa. Arruma mariôs também em todas as portas de todas as casas para livrar a todos de aproximação e irradiação de maléficos. Arruma também duas mesas, uma grande para a vasilha do peté e uma menor, para as surpresas. A festa começa às cinco horas da tarde, com a procissão do peté. Saem todas as filhas da casa de Oxun, cada uma com seu balainho, uns contendo o peté sobre a rodilha do abre caminho (ewé lorogún), com pratos e talheres, outros contendo ado e ekó. Outras ainda carregam cestas de flores ou bandejas com diversas surpresas. Cantam e dançam em Ijexá, enquanto os foguetes explodem: Ipeté Ogun uiá Ogun uiá deró Ipeté Ogun uiá Ogun uiá deró São as pessoas mais velhas que recolhem e distribuem o peté e as surpresas nos devidos lugares. Nesse momento a Osun da Iyalaxé senta-se no seu trono e as outras sentam-se em cadeiras comuns, metade de um lado e metade do outro, recebe a vasilha de ipeté no colo e começa a servir-lo folhas em forma de conchinhas conhecida por abébé de Oxun, ou Àbèbè kó (igi odán) folha em formato de coração dedicada a Oxun. Depois começa o xirê e no final da cerimônia de alimentar seus filhos Mãe Oxun vai dançar e aproveita para agradecer abraçando os convidados, filhos dando adobale, iká com todos cantando: Orin: “Lewá, Lewá, Lewá, Oxun a dé àwa omi s’orò
Lewá, Lewá, Lewá, Oxun a dé àwa omi s’oró” Tradução: “Linda, linda ,linda, Oxun entre nós vem das águas consagradas”. Yéyé Osun Yéyé òòò Ora yèyé ó fi dé rí omon. Só quando a Osun mais velha volta a sentar-se é que todas as outras começam a dançar. E assim a festa se prolonga até a meia-noite, quando é encerrada com a roda de praxe, saudando Orisalá, pedindo paz, saúde e tranquilidade de espírito a todos do Axé, adeptos e convidados para que no próximo ano estejam todos novamente reunidos para as homenagens aos Orisás.
AS COMIDAS OFERECIDAS Á OSUN; IPETE DE OSUN O principal elemento do ipeté é o inhame, uma planta muito resistente que já existe na África há cinco mil anos, sempre foi um tubérculo extremamente importante para diversos povos. A ele credita-se, por exemplo, a incrível fecundidade das mulheres iorubás: a Nigéria é o país com o maior número de nascimentos de gêmeos do mundo. Como não podia deixar de ser, é feito com inhame o ipeté de Osun, a deusa das águas doces, da gestação e da fertilidade. Feito com inhame descascado e cozido, camarão, cebola e dendê, o ipeté é uma comida que não deve ser vista, por isso aparece camuflada num cesto, entre flores, folhas e presentes. São as filhas de Osun que preparam o ipeté. Primeiro descascam o inhame e põe para cozinhar. Quando está bem mole, pegam um grande pilão e vão botando o inhame lá e todas elas vão socar um pouco, até se tornar uma pasta. Se tiver 10 ou 20 mulheres de Osun, todas elas vão socar um pouco. Depois que está uma massa uniforme, coloca-se numa grande a com temperos – cebola, camarão e dendê – e todas têm que mexer. INGREDIENTES Inhames; camarões secos; cebolas; Azeite de dendê. MODO DE PREPERAR: Descascar e cozinhar os inhames. Ralar as cebolas, socar os camarões secos. Depois de cozido, o inhame deve ser pilado e misturado aos temperos (cebola ralada, camarões secos socados, azeite de dendê), cozinhar mais um pouco até dar o ponto (semelhante ao da massa do acaçá, quando fica soltando da a). Forre uma alguidar com Polyscias scutellaria- Àbèbè kó (ipeté de Osun, falso abebê). Sirva cada pessoa em uma folha de ábébé kó, que ela guardará no peito até chegar em sua casa. http://gunfaremim.com
adun (fubá de milho com azeite de dendê e açucar), ALUÁ O aluá é uma bebida refrigerante de origem indígena, feita com a fermentação de grãos de milho moídos. No Acre e no resto da Amazônia é comum se usar o milho triturado ou a farinha de milho. Em outras regiões, como por exemplo em Belém, se usam cascas de frutas como o abacaxi, raiz de gengibre (também conhecido regionalmente por Mangarataia) (esmagada ou ralada), açúcar ou caldo de cana e sumo de limão. Também chamada de aruá. Em Manaus e arredores, utilizam-se as cascas de abacaxi (postas de molho na água, por três dias, juntas às raizes de mangarataia (gengibre) e milho). Depois, adiciona-se Açúcar, cravinho e erva-doce. Ferve-se e depois deixa-se esfriar e depois gelar. Pronto, está feito o tradicional aluá indígena. No estado do Ceará existe uma versão da bebida feita de pão branco seco, cravo da índia, gengibre, erva doce e adoçado com rapadura preta. Adicionar os ingredientes num pote de barro com água, pisar o cravo da índia, pisar o gengibre, e pisar o erva doce. Tempo de maturação da bebida 3 dias. Em Minas Gerais, no sertão dos gerais, também se consumia o aluá. Outro nome usado em Minas Gerais é Gasosa, geralmente feita de cascas de abacaxi. RECEITA DE ALUÁ DE MILHO: 1 kg de milho; 1 quartilhão médio; 200 g de gengibre; açúcar mascavo. PREPARO: Torre a metade do milho, não deixando estourar, apenas queimar. As duas metades devem ser colocadas dentro do quartilhão com água e um pouco de açúcar. Deixe fermentando, com o pote tampado, por mais ou menos dez dias. Ninguém pode mexer. No final do processo, e tudo num coador. Adicione açúcar a gosto e gengibre amassado. O aluá é uma bebida gostosa e refrescante.
EKÓ / ACAÇÁ O EKÓ (milho branco ralado e cozido, uma espécie de canjica, mais conhecido pelo nome de acaçá), ACAÇÁ – é uma comida ritual do candomblé e da culinária baiana . Feito com milho branco ou milho vermelho, que após ficar de molho em água de um dia para o outro, deve ser moído num moinho formando uma massa que deverá ser cozida numa a com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. O ponto de cozedura pode ser visto quando a massa não dissolve se pingada num copo com água. Ainda quente essa massa deve ser embrulhada em pequenas porções, em folha de bananeira previamente limpa, ada no fogo e cortada em tamanho igual para que todos fiquem do mesmo tamanho. Coloca-se a folha na palma da mão esquerda e coloca-se a massa, com o dedo polegar dobra-se a primeira ponta da folha sobre a massa, dobra-se a outra ponta cruzando por
cima e virando para baixo, faz o mesmo do outro lado. O formato que vai ficar é de uma pirâmide rectangular.
OMOLOCUM – comida ritual da Orisá Osun , é feito com feijão-frade cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce. Enfeitado com camarões inteiros e ovos cozidos inteiros sem casca, normalmente são colocados 5 ovos ou 8 ovos, mas essa quantidade pode mudar de acordo com a obrigação do candomblé. Material Necessário: Feijão Fradinho, Cebola, Camarão Seco Socado, Azeite-de-Dendê, 08 Ovos Cozidos Maneira de Fazer: Cozinha-se o feijão fradinho só em água. Em seguida, tempera-se num refogado de cebola ralada com camarão seco socado de dendê. Coloca-se em uma tigela e enfeita-se por cima com 8 ovos, descascados
Ado – é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente ao Orisá Osun.
QUINDIM Ingredientes 14 colheres (sopa) de açúcar 100g de coco ralado 1 colher (sopa) de manteiga 10 gemas adas na peneira 2 ovos inteiros Manteiga para untar as forminhas Modo de preparo Em um recipiente misture o açúcar e o coco ralado. Junte a manteiga, as gemas e os ovos. Mexa para se agregarem todos os ingredientes. Coloque porções da massa em mini-fôrmas (próprias para quindim), untadas com manteiga e polvilhadas com açúcar. Acomode-as em uma assadeira e leve ao forno preaquecido (180ºC) em banho-maria por 30 minutos.
Retire das forminhas e decore a gosto. Dica: utilize um pincel para untar as forminhas. Se desejar, faça o quindão colocando a mistura em uma fôrma grande de buraco no centro. Rendimento: 20 porções.
Não sendo no Ipeté, quando houver sacrifício animal acrescenta-se ao banquete: XINXIM DE GALINHA. Ingredientes 1 galinha em pedaços 3 ramos de coentro 3 ramos de alfavaca de cobra. 2 cebolas raladas Sal a gosto 1/2 xícara (chá) de azeite de dendê ½ xícara de azeite de oliva 250grs de camarão seco 1/2 xícara (chá) de castanha de caju moída 1/2 xícara (chá) de castanha de caju inteiras 2 colher (sopa) de gengibre ralado 4 colheres (sopa) de suco de limão 1 colher de atare moída. 1 colher de pimenta da Jamaica. Modo de preparo Tempere o frango com limão, pimenta atare, pimenta da jamaica e sal. Em uma a grande, aqueça o azeite de oliva e refogue os pedaços de frango, mexendo de vez em quando até ficar dourado. Moa o camarão, rale as cebolas, rale o gengibre, moa a pimenta atare, moa a pimenta da Jamaica, pique a metade da castanha e coloque para fritar com o frango já dourado.. Quando todo o tempero estiver frito acrescente 1 copo de água, mecha, quando secar acrescente outro copo de água, mecha, tampe a a e repita por mais 2 vezes ou até o frango estar bem macio. Finalize deixando 1 copo de água para fazer o caldo, acrescente ½ xícara de castanha inteira, o dendê, um pouco de camarão seco inteiro e a alfavaca de cobra e o coentro levemente picados . Mecha, deixe abrir fervura e apague o fogo. Deixe descansar por 15 minutos antes de servir. Sirva com furá de inhame ou furá de arroz. OBS: Para servir ás Osuns mais jovens acrescente assafrão amarelo e para as Osuns mais velhas acrecente pó de urucum. A magia esta feita. Ora yéyé ò! Rendimento:12 porções
BALAIO DE FRUTAS: Pêssego amarelo, Maçã verde, Melão amarelo, Damasco, Nêspera, Ponkan,
Maracujá doce Mamão, Pêra, Uva, Morango, Banana da terra, Banana ouro, Laranja bahia, Goiaba branca Bergamota, Mamão. Banana ouro, Melancia Caja manga Abricó Jatobá FOLHAS E ERVAS SAGRADAS DE OSUN:
Ewé Òsun – Ervas da Ancestral Oxum P O S TAD O E M 1 0 D E J U L H O D E 2 0 1 2 P O R A BO R È - N L A O B A A L Á À I Y É
“Ewé Osùn elédè”- Erva urucuzeiro – Também chamada de Urucum, Urucu, Açafroa, Açafroeira da terra – Planta da família das Bixaceae – Nome científico: Bixa orellana L – Origem: América do Sul. Nota: Outrora em face do alto custo financeiro do pó vermelho extraído da planta Pterocarpus Osùn Craib, Leguminosae Papilionoideae foi substituído em solo brasileiro pelo pó do urucuzeiro.
“Ewé Awùrépépé” – Erva agrião do Pará – Também chamada de Agrião do brasil, Jambu, Jambuaçú, pimenta-d’água e pingo de ouro. – Planta da família dasCompostas – Nome científico: Acmella oleracea– Origem: América do Sul, é comum também em todo o sudoeste asiático e em particular nas ilhas Mascarenhas e Madagáscar. Nota: “Awo” (Segredo) – Em face da flor do “agrião do Pará” pertencer ao Orixá Exu, as filhas da ancestral Òsun não devem realizar rituais (òfò) com a mesma, tampouco, fazerem “banho lustral”.
“Erva macassá” – Também chamada de catinga de mulata e de taia– Planta da família das Lamiaceae – Nome científico: Aeollanthus suaveolens Mart. – Origem: Segundo informes orais, a erva macassá é de origem africana, sendo introduzida na cultura brasileira durante o processo de colonização.
“Ewé rinrin” – Erva jabuti menbeca – Também chamada de oriri de oxum e de coração miúdo – Planta da família das Piperaceae – Nome científico:Peperomia pellucida (L.) Kunth. – Origem: Nativa – Brasil.
Erva-de-Santa Luzia – Ojuoró
Nenúfar – Ewe Oxibatá
Papo de Peru – Ewe Jokejé, Jokonijé
Mal me quer – Ewe banjoko
Jambu – Ewe eurepepe
Manjericão – Ewe efinrin
Cantiga da Folha Ewe Oxibatá:
Tawa ni ole xeke in awo, Tawa ni ole xeke in a, Oxibata un le omi, Ojuoro ojuoro ke odo, Oxibata la n oro lewa, Le lu ale nu kre lewa, Abebê verdadeiro
Por isso cantamos para essa folha, que dá poder para quem canta: Ábèbè ni gbo wa
Ábèbè ni n’bó Ewe ábèbè Ábèbè ni gbo wa Ábèbè ni n’bó Ewe ábèbè
Tradução livre
É a folha de Abebê que iremos ouvir Folha que cultuamos sobre a ení Folha do Abebe