A Bíblia Sagrada Parte 1 – Esboço Panorâmico A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus onde contém a História da salvação. Ela mostra como Deus se revelou ao mundo por intermédio de Israel e do Senhor Jesus Cristo, em uma coleção de 66 livros, dividida em duas partes: Antigo e Novo testamento. O Antigo Testamento é uma coleção de 39 livros escritos num período de mil anos. Contam a história da criação e as alianças antigas de Deus com Noé, Abraão e sua descendência. Contam também a história do povo de Israel, de seus costumes e de suas tradições; anuncia a primeira vinda do Senhor Jesus, o Messias, e profetizam de Sua morte e ressurreição; do Seu regresso, da grande tribulação e do milênio. O Novo Testamento é uma coleção de 27 livros falando da história da igreja do Senhor Jesus Cristo. O ponto central de sua mensagem é a Nova Aliança de Deus com aqueles que aceitam Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. A bíblia foi escrita num período de quase dois mil anos e tem cerca de quarenta escritores. Aí está uma das provas de que ela é a Palavra de Deus, pois sendo escrita durante um período tão longo, por tantos homens santos e fiéis a Deus, em diferentes épocas, ainda assim conserva uma unidade de pensamento. Isso significa dizer que, ainda que os quarenta escritores não tenham se conhecido, as suas idéias se completam e se confirmam entre si. Nenhum deles escreveu algo que possa contradizer o escrito do outro (2 Timóteo 3.16). A bíblia é um livro que se caracteriza pela unidade e coerência. É a expressão da vontade de Deus. Ela é perfeita! Os seus escritores foram pessoas simples, puras e santas, cujo coração era segundo o coração de Deus. Estes homens surgiram do meio do povo de Israel, com exceção de Lucas, que era grego e se converteu ao Senhor Jesus. Deus os encheu do Seu Santo Espírito para escreverem exatamente aquilo que Ele queria. A bíblia foi escrita partindo de revelações diretas de Deus, mas seus escritores também utilizaram a literatura tida como popular. A literatura primitiva do povo louvava a Deus e relatava minuciosamente seus feitos e os do seu Senhor. Por isto permaneceu tanto tempo como tradição oral (que a de boca em boca). Esse material foi muito importante para a revelação divina, porque serviu de inspiração para o anúncio das verdades que o Senhor queria transmitir. Muitos salmos, provérbios, histórias e ditos populares que aparecem na bíblia já eram conhecidos antes dos livros serem escritos. Deus usou os escritores para registrar na Sua palavra este material, a fim de se revelar de forma simples e ível ao Seu povo.
Antigo Testamento Os primeiros livros a serem escritos foram os que são conhecidos como Pentateuco, ou “cinco livros”. Também chamados de “a Lei”. Estes livros foram escritos por Moisés, com exceção dos capítulos finais de Deuteronômio, que narram a morte de Moisés. Acredita-se que foram escritos por Josué. Em hebraico estes livros são chamados de ( הרותtorá), que significa instrução, régua, lei. Com o advento da monarquia, os literários se sentiram motivados a escrever registrando os feitos dos reis para dar unidade ao povo pelo estímulo de sua história. De acordo com historiadores, a coleção de livros que
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formaria o Antigo testamento começou a ser organizada com as características que tem hoje, a partir do reinado de Salomão. É importante saber que os escritores da bíblia e todos quantos estiveram envolvidos com sua história não tinham consciência de estarem produzindo o livro de Deus. A compilação que conhecemos hoje do antigo testamento, e que foi realizada por Esdras, chama-se cânon (Inspirados) e contêm os seguintes 39 livros: Segue a ordem: Livro (hebraico-transliteração) – Subdivisão Literária - Divisão Literária
Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juízes Rute 1 Samuel 2 Samuel 1 Reis 2 Reis 1 Crônicas 2 Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cânticos Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
( tysarb - Bereshit) ( twms - Shemot) ( arqyw - Vaicrá ) ( rbdmb - Bamidbar) ( Myrbd - Devarim) ( ewswhy - Yehoshua) ( Mytpws - Shoftim) ( twr - Rut) ( a lawms – Sh´muel Alef) ( b lawms – Sh´muel Beit) ( a Myklm – Melachim Alef) ( b Myklm – Melachim Beit) ( a Mymyh yrbd – Divrei ha´Yiamin Alef) ( b Mymyh yrbd – Divrei ha´Yiamin Beit) ( arze - Ezrah) ( hymhn - Nehemiah) ( rtoa - Ester) ( bwya - Iyob) ( Mylyht - Tehilim) ( ylsm - Mishlei) ( talhk - Cohelet) ( Myrysh rys – Shir HaSh´irim) ( whyesy - Yeshayahu) (whymry - Yermiyahu) ( hkya - Eichah) ( laqzhy - Yechesk’el) ( laynd - Daniel) ( eswh - Hoshea) ( lawy - Yoel) ( owme - Amós) ( hydbwe - Ovadiah ( hnwy - Yonah) ( hkym - Michah) ( Mwhn - Nahum) ( qwqbh - Havakuk) ( hynpu - Tzefanyah) ( yygh - Hagai) ( hyrkz - Zecharyah) ( ykalm - Malachi)
Pentateuco
Históricos
Poéticos
Profetas Maiores
Profetas Profetas Menores
Esta ordem é chamada de Massorética, pois os homens que a reuniram se chamavam Massoretas, eram estudiosos do texto sagrado. Existem muitos outros livros antigos relacionados com o texto sagrado, porém não foram incluídos no cânon por não serem reconhecidos como inspirados. São conhecidos como apócrifos (ocultos, falsos, sem autenticidade) os escritos produzidos no período interbíblico. São textos espúrios 2
relacionados ao Antigo ou Novo Testamento e também são chamados de pseudoepígrafos ou deuterocanônicos (pelo catolicismo). Em 1546 no Concílio de Trento, os Católicos inseriram alguns desses livros em seu cânon. São eles: Judite, Tobias, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico (não confundir com Eclesiastes), 1 e 2 Macabeus. Além destes, foram feitos acréscimos em Daniel e Salmos.
Novo Testamento Os 27 livros do Novo Testamento foram recolhidos pelos Bispos que eram discípulos por ordem direta Apostólica. Tertuliano e Athanásio, sob a supervisão de Eusébio de Cesaréia, reúnem os manuscritos apostólicos e fecham o cânon neotestamentário em 150 d.C.. Em 325 d.C. ocorre o concílio de Nicéia em que o cristianismo se torna religião oficial do Império Romano e são discutidos os credos apostólicos pelos 318 bispos presentes, resolvendo questões que dividiam a igreja. Os 27 livros do Novo Testamento são:
Mateus Marcos Lucas João Atos dos Apóstolos Romanos 1 Coríntios 2 Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1 Tessalonicenses 2 Tessalonicenses 1 Timóteo 2 Timóteo Tito Filemom Hebreus Tiago 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João Judas Apocalipse
Evangelhos
Histórico
Epistolas Paulinas Epístolas
Epístolas Universais
Profético
Só foram incluídos no cânon neotestamentário, as cartas que se enquadraram nos seguintes critérios: Apostolicidade (textos redigidos ou assinados pelos próprios Apóstolos); Catolicidade (cartas que circularam por todas as igrejas); Ortodoxia (Coerência com os ensinamentos dos primeiros séculos); Inspiração (o critério decisivo era a revelação do Espirito Santo quanto a mensagem escrita). Existem também textos apócrifos do período do novo testamento e são: Evangelho de Barnabé, Apocalipse de Paulo, Proto-evangelho de Tiago, Evangelho de Tomé, entre muitos outros.
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O Senhor Jesus e os escritores do novo testamento citam, mais de 295 vezes, várias partes do antigo testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nenhuma vez sequer mencionam alguma declaração dos escritos apócrifos como referência ou qualquer outro livro como se tivesse Autoridade Divina. Da mesma forma ocorreu com os escritos do novo testamento.
Parte 2 – Como surgiu a Bíblia No ado não existia escrita como conhecemos hoje, por isto as tradições eram transmitidas de forma oral, ou seja, de boca em boca. Porém com o desenvolvimento da escrita num período próximo ao em que o povo de Israel migrou para o Egito, as tradições começaram a serem registradas em manuscritos, ou seja, escritos à mão. As primeiras formas de registro manuscrito eram feitas em tábuas de argila ou em couro animal. Os judeus escreviam seus rolos em peles de cabra muito finas, e polidas no lado em que se escrevia. Os egípcios escreviam em papiro, feito com a medula de uma planta aquática abundante nas margens do rio Nilo. Os gregos o chamavam de biblov (biblos), cujo plural é biblia (bíblia), de onde nos veio o nome das Escrituras, e significa literalmente “livros”. Da palavra grega papyros (papyros) surgiu a palavra “papel” em português, “paper” em inglês, “papier” em alemão. O termo “livro” veio do latim “líber” e significa “casca de árvore”. Quem utilizou pela primeira vez o termo “bíblia” para as Sagradas Escrituras foi João Crisóstomo (349 d.C.- 407 d.C), erudito orador cristão do quarto século que transliterou a palavra que ficou incorporada em todos os idiomas modernos. Os cristãos primitivos chamavam as Escrituras de grafh (graphê), quando se referiam ao Antigo ou Novo Testamentos chamavam de diayhkh (diatheke), que significa “pacto, aliança” que no latim tomou por uso o termo testamentum, daí Antigo e Novo Testamento. A palavra hebraica para testamento é tyrb (BeRIT). Como os primeiros escritos foram feitos por Moisés no monte Sinai, os primeiros registros bíblicos foram feitos nas tábuas de pedra calcária em que se continham as leis dadas por Deus ao povo de Israel. Como estas tábuas ficavam guardadas rigorosamente protegidas dentro da Arca da Aliança, que somente o sumo sacerdote tinha o, era necessário a reprodução das leis escritas para leitura e meditação do povo de Deus ( Dt 31.24; Js 1.8). A reprodução do Texto Sagrado exigia total fidelidade ao texto original, para que não ocorresse nenhum erro de grafia, pois se isto ocorresse seria considerado ofensa a Deus (Dt 4.2). As pessoas responsáveis por fazer estas cópias eram chamadas de escribas, e viviam o tempo todo se dedicando ao trabalho de escrita, leitura e meditação das Escrituras. Eles chegavam a contabilizar quantas vezes cada letra do alfabeto hebraico se repetia dentro de todo o texto, quantos versículos se iniciavam com cada letra e quantos se encerravam. Estas referências eram utilizadas pelos copistas para que não houvesse nenhuma falha na cópia. Se acontecesse um mínimo defeito na grafia, fosse uma letra ou qualquer outro defeito, todo o pergaminho era perdido e era necessário começar tudo novamente do início. Como neste tempo não havia separação de capítulos e versículos no texto, o trabalho era difícil, demorado e extremamente exaustivo e rigoroso. Os Judeus guardavam estes pergaminhos em locais seguros dentro das sinagogas, em arcas especialmente preparadas para este ofício. Os rolos de pergaminho eram separados em três grupos: Lei (hrwt “torá”), Profetas (Myabn “NeB-IM” – lê-se Neviim) e Históricos (mybtk “KeTuBIM” – “escritos” – lê-se quetuvim). Ao conjunto dos livros sagrados eles chamam knt (TaNaCh – lê-se Tanárr). As escrituras acompanharam a história do povo hebreu desde a Criação até a saída do Egito (de Gênesis à Êxodo), na conquista de Canaã e seu estabelecimento (Josué, Juízes e Rute), o surgimento do Reino de Israel e sua decadência (de 1 Samuel à 2 Crônicas), seu restabelecimento depois do exílio na Babilônia (Esdras, Neemias e Ester). Todos estes momentos são detalhadamente descritos pelos profetas (de Isaías à Malaquias) e as lições aprendidas com estas várias situações estão poeticamente distribuídas nos livros de sabedoria (de Jó à Cânticos de Salomão). Com o surgimento do império de Alexandre O grande, a cultura grega se expandiu ao ponto de surgir a necessidade de adequar as escrituras a este novo mundo para uma melhor compreensão do texto pelos milhares de judeus que estavam espalhados pelos povos conquistados. 4
Segundo o escritor Aresteas, a tradução foi feita por 72 sábios judeus (daí o nome septuaginta), na cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C. a pedido de Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Infelizmente, nesta tradução foram acrescentados os livros apócrifos, por imposição dos gregos, que queriam difundir sua crença pagã a todo mundo. Porém, esta engenhosa empreitada prepararia a chegada do nosso Senhor e tornaria conhecida a palavra de Deus. O Senhor Jesus se utilizou da bíblia hebraica, que não contém estes livros, porém a igreja primitiva, por ser de maioria grega, utilizava a tradução dos setenta. Os apóstolos se dirigiam as igrejas através de cartas, onde eles podiam transmitir as mensagens de fortalecimento, suas exortações e até correções para que a igreja fosse estabelecida mesmo em meio a grande perseguição que sofria por parte do império Romano e pelos judeus. Como a língua falada na Ásia menor, onde hoje se localiza a Turquia, era o grego popular, ou koiné, as cartas eram quase sempre redigidas neste idioma. Após a morte dos apóstolos, as igrejas mantinham estas cartas como guias para mantimento da fé apostólica. É certo que muitas delas se perderam na história, porém as de maior importância para a igreja foram preservadas com o fim de que seus ensinamentos fossem transmitidos aos novos convertidos, que não paravam de chegar por todo o império. Com a “conversão” do imperador Constantino, o cristianismo ou a ter uma posição mais confortável dentro do império. O Édito de Milão, redigido em março de 313 declara: “Nós, Constantino e Licínio, Imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim Deus que mora no céu sernos-á propício a nós e a todos nossos súditos. Decretamos, portanto, que não obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, aos que optem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-las sem estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... .” e em 325 foi estabelecida como religião oficial. Nesta mesma data as cartas apostólicas foram reunidas, e por consenso dos 318 bispos reunidos na cidade de Nicéia, foi assim fechado o cânon com os 27 livros que conhecemos como Novo Testamento. A língua dos romanos, o latim, substituiu o grego, e novamente surgiu a necessidade de uma tradução que atendesse a igreja imperial. Em 382 d.C. o Bispo Jerônimo traduziu para o latim os livros de Salmos e o novo testamento. Depois em Belém, Jerônimo terminou a tradução de toda a Escritura, o que levou 34 anos de empenho e trabalho duro. Esta tradução se tornou popular no império e foi chamada de Vulgata. Por ter sido traduzida da LXX (septuaginta), a Vulgata continha os livros apócrifos, porém distinguia entre os canônicos e os apócrifos separadamente. No concílio de Cartago em 397 estes livros foram autorizados para leitura, porém não foram reconhecidos como canônicos, somente em 1548, no concílio de Trento, numa tentativa de conter a reforma protestante, os católicos incorporaram os apócrifos no cânon, os protestantes rejeitaram completamente esta idéia por não haver concordância destes com o cânon. A principal regra para um escrito ser reconhecido como canônico é a concordância com o Pentateuco (Is 8.20; Mt 5.17),os livros apócrifos discordam várias vezes de Moisés e dos profetas. Na Alemanha, em meados do século 15, um ourives, chamado Johanes Gutemberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. O primeiro livro de grande porte produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Deste modo antes de 1500 a bíblia já teria sido impressa em seis línguas diferentes: Alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão, e em outras seis línguas até meados do século 16 – espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês. Porém estas traduções foram feitas do latim e não do original hebraico e grego. João Ferreira de Almeida converteu-se ainda jovem a fé evangélica e aos 17 anos já pregava o evangelho. Nesta época existiam 3 traduções da bíblia em português, porém não inteira, eram fragmentos separados, traduzidos da vulgata latina e não dos textos originais, e que eram constantemente atacados pela igreja romana, que permanecia utilizando a versão latina de Jerônimo. Porém em 1676 João Ferreira de Almeida já havia concluído a tradução do novo testamento e iniciava a do velho, que infelizmente não pode terminar devido ao seu falecimento em 6 de agosto de 1691 aos 63 anos de idade. Porém sua tradução, além do novo testamento completo, já havia traduzido até o livro de Ezequiel 41.21. Jacobus Op den Akker, da Batávia, reiniciou o trabalho de Almeida e em 1753 foi finalmente impressa a primeira Bíblia completa em português, em dois volumes. Pelo exaustivo trabalho, e pela dificuldade de se traduzir das línguas originais, principalmente o hebraico e o aramaico. A versão de Almeida continha vários
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erros, que ao longo dos anos tem sido depurada por eruditos evangélicos, por isso de termos a versão Corrigida (AC), Revista e Corrigida (ARC) e Revista e Atualizada (ARA) da Sociedade Bíblica do Brasil. Foi assim que a Bíblia chegou até nós.
Parte 3 – Regras de estudo da Biblia Muito embora a Bíblia seja um livro cheio de aventuras, poesias, provérbios e tudo o mais que o coração anseia, ainda assim, não devemos ter o hábito de lê-la como um livro comum. Muito mais do que isso, é extremamente importante que se medite em cada versículo, cada palavra, pois ela é a Palavra de Deus. Ler apressadamente é semelhante a engolir sem mastigar, sem sentir o sabor; é não desfrutar pelo maior tempo possível o sabor do alimento e ainda se arriscar a ter uma indigestão. Quem lê a Bíblia assim chega a conclusões precipitadas que poderão até prejudicar sua vida espiritual. A leitura bíblica deve ser pausada, cuidadosa e respeitosa. Para compreender bem a mensagem de cada agem é extremamente importante observar o seguinte: a) Uso dos verbos. Por exemplo: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10.10 Quais são os verbos deste versículo? Vir, Roubar, matar, destruir e ter. Quando a pessoa examina bem o sentido do verbo, a compreensão do texto lhe será muito mais fácil. Vamos procurar entender cada verbo do versículo citado. Vem – Verbo Vir. O texto não diz que ele veio ou virá, mas que vem, no presente. Significa que “sua ação está sendo realizada, é atual.” Roubar – Significa “se apossar do que não lhe pertence”. Pode ser a saúde, os filhos para o mundo, a estabilidade econômica, a paz do lar, o bom emprego, enfim, todos os componentes da vida de uma pessoa. Matar – Quer dizer “eliminar, levar ao fim”, através de desastre de automóvel, doença, acidente de trabalho, etc., podendo se referir ao amor, à vida. Destruir – Significa destruir a família, o corpo, a reputação, etc. Vim – Verbo vir novamente. Alguém também vem em oposição ao ladrão. Quem? O Senhor Jesus! E Ele vem fazer o que? Ele mesmo afirma: “...para que tenham vida”. Tenham – Verbo ter. Fala da importância da vinda de Jesus, em oposição ao ladrão, o diabo. Outra regra hermenêutica que pode ajudar é a das 5 perguntas básicas: Quem? Pra quem? Quando? Onde? Por quê? Aplicando ao mesmo versículo fica: Quem vem? O Ladrão/ O Senhor Jesus Pra quem? Contra nós/ Em nosso favor. Quando? Agora. Onde? Em nossas vidas, nossa família, nossa saúde, etc; Porque? Para roubar, matar e destruir/ Para nos dar vida, e vida com abundância. b) Pontuação É preciso examinar a pontuação, a pausa para separar os pensamentos e dar sentido ao texto. Se lermos uma frase sem pontuação, vamos encontrar uma situação de que não chegaremos a conclusão alguma, e estaremos impossibilitados de entender o texto. Por exemplo: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba”(Gálatas 6.7) Imagine se lermos esta frase se pontuação. Citando somente a primeira parte ficaria assim: 6
“Não vos enganeis de Deus”. Esse simples exemplo pode mostrar o quanto é importante considerar com cuidado a pontuação dos textos. c) O Sujeito É importante prestar atenção à pessoa que fala e a quem ela se dirige. Observe se quem está falando é o Senhor, o escritor do livro, ou se alguém está sendo citado. Procure perceber a quem se dirige a mensagem: se à Israel, à Igreja, à alguém em particular, ou à todas as pessoas. d) O contexto. É importantíssimo compreender o contexto, ou seja, em que situação se encontra o escritor quando recomenda alguma coisa na Palavra de Deus. A lei, por exemplo, foi dada quando o povo de Israel estava no deserto. Muitas recomendações relativas à comida, vestimentas e higiene, por exemplo, têm a ver com a vida naquele lugar e nem sempre servem para nós hoje. Isto se aplica também a alguns conceitos éticos, políticos e sociais. Existem ainda outras regras que podem nos auxiliar no entendimento das escrituras: I.
A regra do Autor. A primeira regra para seu êxito no estudo da Bíblia é conhecer o seu Autor. Você o conhece? Conhecer no sentido mais estreito da palavra, é ter intimidade, afinidade e convivência. Sem conhecer o Autor da Bíblia tudo fica mais difícil! (Mc 4.33; Lc 24.45; Jo 8.43,47)
II.
Leitura Sistemática. Esta é a leitura total da Bíblia. Não se trata de leitura devocional, em que se lê um trecho isolado por vez, porém uma leitura seguida, do começo ao fim. Muitos cristãos sinceros não conseguem compreender certos aspectos da Escritura simplesmente pelo fato de não ter uma visão panorâmica do texto. Em se tratando desta regra, existem dois métodos de estudo: o sintético e o analítico. O sintético considera cada livro, ou a Bíblia inteira como um todo, uma coisa só. O analítico é o inverso do anterior. Neste método dividimos o todo em partes para um estudo mais aprofundado, que pode ser de temas variados, inclusive doutrinas, personagens, tipos, etc.
III.
Regra da fé A Bíblia é primeiro compreendida pela fé, depois pela razão. Sem uma crença de que ela é infalível e perfeita, o cristão jamais terá uma compreensão da imensidão que existe na mensagem sagrada das Escrituras. Deus declara um fato, e você cuide em crer nisto, porque Ele não se inclinará para satisfazer uma mera curiosidade; ou por outra, para nos revelar coisas que não podemos ar, ou para as quais não estamos preparados. (Dt 29.29; Lc 24.25; 1 Tm 3.16)
Parte 4 – Particularidades da Bíblia A Bíblia revela a vontade de Deus para o homem desde sua criação até a eternidade. Deus revela nas Escrituras Seu caráter, Seu Amor, e Seus atributos mais íntimos. Cada Livro da Bíblia revela uma particularidade do Senhor Jesus, pois Ele é a Palavra, o logov (logos), o verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). 7
Em Gênesis Ele é a Semente da mulher. Em Êxodo Ele é o Libertador. Em Levítico Ele é o que nos Convoca. Em Números Ele é a Rocha. Em Deuteronômio Ele é a Perfeição. Em Josué Ele é o Conquistador. Em Juízes Ele é o Legislador. Em Rute Ele é o Remidor. Em Samuel Ele é o Profeta. Em Reis e Crônicas Ele é nosso Rei. Em Esdras Ele é o Reconstrutor. Em Neemias Ele é o Restaurador. Em Ester Ele é o Bondoso. Em Jó Ele é o Redentor. Em Salmos Ele é O Pastor. Em Provérbios Ele é a Sabedoria. Em Eclesiastes Ele é o Pregador. Em Cânticos Ele é o Noivo. Em Isaías ele é Príncipe da Paz. Em Jeremias Ele é o Renovo. Em Lamentações Ele é o Intercessor. Em Ezequiel Ele é o Anjo do Senhor. Em Daniel Ele é o Ajudador. Em Oséias Ele é o Fiel. Em Joel Ele é o Batizador. Em Amós Ele é o Expiador. Em Obadias Ele é o Servo. Em Jonas Ele é o Missionário.
Em Miquéias Ele é o Mensageiro. Em Naum Ele é o Vingador. Em Habacuque Ele é o Evangelista. Em Sofonias Ele é o Salvador. Em Ageu Ele é o Exortador. Em Zacarias Ele é a Fonte de Águas Vivas. Em Malaquias Ele é o Sol da justiça. Em Mateus Ele é o Ungido. Em Marcos Ele é o Homem Perfeito. Em Lucas Ele é o Médico dos médicos. Em João Ele é o Filho de Deus. Em Atos Ele é o Senhor. Em Romanos Ele é o Justificador. Em Coríntios Ele é o Santificador. Em Gálatas Ele é o Libertador. Em Efésios Ele é o Protetor. Em Filipenses Ele é o Provedor. Em Colossenses Ele é a Plenitude. Em Tessalonicenses Ele é o Líder. Em Timóteo Ele é o Mediador. Em Tito Ele é O Bispo de nossas almas. Em Filemom Ele é o Amigo. Em Hebreus Ele é o Propiciador. Em Tiago Ele é o que Purifica. Em Pedro Ele é o Sumo Sacerdote. Em João Ele é o Amor. Em Judas Ele é Deus. Em Apocalipse Ele é a Revelação.
O Hebraico No alfabeto hebraico existem 22 letras, sendo que cada uma delas além de ter seu próprio significado, possui um valor simbólico e um valor numérico, sendo que no hebraico não existem números, não existem vogais (a – e – i – o – u ), e ainda existem letras iguais que tem fonética diferente, sendo diferenciadas na escrita apenas por alguns sinais que foram criados no intuito de se fazer mais compreensível o idioma dos hebreus, assim como a diferença do “c” em ciência e faca, ou o “r” de forte e Israel. Este idioma é lido da direita para a esquerda, ao contrário do nosso que se lê da esquerda para a direita, e as regras lingüísticas são muito semelhantes ao inglês, sendo que não são as palavras que dão sentido a frase, porém a frase se subentende pelos verbos e não pela frase literal. Ex. Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR Deuteronomio 6.4
Em hebraico se Lê.
dxa hwhy wn:yhla hwhy larvy ems (Ehad Adonai Elohenu Adonai Israel Literal =“um Senhor Deus nosso Senhor Israel
Shemá) Ouvi”
(Esq. Para Dir.)
Deus se revelou no Antigo Testamento com o nome formado desta forma hwhy (YHWH). Porém não se sabe até hoje a pronúncia correta de Seu nome, que foi perdida por os judeus não falarem de jeito nenhum. Por isto eles se referem constantemente a Deus, onde está escrito Seu nome, de Senhor. Algumas pessoas tentaram transliterá-lo como Jeová, porém no idioma hebraico esta fonética jamais existiu. O mais próximo que se conseguiu chegar foi Javé, porém é certo de que não seja esta a pronúncia certa para o tetragâmato, ou “quatro letras”, o nome de Deus. No Novo Testamento finalmente Deus se revelou com um nome popular, porém com um teor espiritual muito forte: Jesus Cristo. 8