ORAÇÃO DE FECHAMENTO DE CORPO DE CANGACEIRO Justo juiz de Nazaré, filho da Virgem Maria, Que em Belém foste nascido entre as idolatrias Eu vos peço, Senhor, pelo vosso sexto dia E pelo amor de meu padrinho Ciço Que o meu corpo não seja preso, nem ferido, nem morto Nem nas mãos da justiça envolto Pax tecum. Pax tecum. Pax Tecum. Cristo assim disse aos seus discípulos Se os meus inimigos vierem para me prender Terão olhos, não verão Terão ouvidos, mas não ouvirão Terão bocas, não me falarão Com as armas de São Jorge serei armado Com a espada de Abraão serei coberto Com o leite da Virgem Maria serei borrifado Na arca de Noé serei arrecadado Com as chaves de São Pedro serei fechado Onde não me posam ver nem ferir, nem matar Nem sangue do meu corpo tirar Também vos peço, Senhor, Por aqueles três cálices bentos Por aqueles três padres revestidos Por aquelas três óstias consagradas Que consagrastes ao terceiro dia Desde as portas de Belém até Jerusalém E pelo meu Santo Juazeiro Que com prazer e alegria Eu seja também guardado de noite como de dia Assim como andou Jesus no ventre da Virgem Maria Deus adiante, paz na guia Deus me dê a companhia que sempre deu a Virgem Maria
Desde a casa santa de Belém até Jerusalém. Deus é meu pai, Deus é meu pai, Nossa Senhora das Dores minha mãe Com as armas de São Jorge serei armado Com a espada de São Tiago serei guardado para sempre Amém Esta é uma reza conhecida como "oração para fechamento de corpo", recitada em alguns centros umbandistas. Sua origem, no entanto, remonta aos tempos do cangaço, onde era comum a crença de que aquele que soubesse alguma oração de corpo-fechado e tomasse seus cuidados, estaria protegido contra a peste e as balas mortais dos inimigos. Lampião e seus cangaceiros recitavam esta oração diariamente. O líder do cangaço acreditava que a força da fé era suficiente para protegê-los dos perigos naturais do Sertão, assim como contra o aço, a lâmina afiada de facas, punhais e espadas, além das bruxarias e mordidas de animais peçonhentos. Reza a lenda que sua crença era tamanha que costumava afiançar a seus cangaceiros: "nenhum fio de cabelo cairá de minha cabeça, se esta não for a vontade de Deus".