Os espíritos e o reiki Transcrição da palestra realizada nos dias 5 e 12 de julho de 2010, no GAIA Círculo de São Francisco, por Adilson Marques Eu preciso começar falando sobre como conheci o Reiki. Eu morava em São Paulo e trabalhava no SESC Interlagos. Lá, nós sempre recebíamos a programação de outras unidades. E, em 1996, aconteceu um evento no SESC Carmo sobre Reiki. Eu fui ver e não gostei. Achei uma coisa muito esotérica. Alguns anos depois, já morando em São Carlos, eu comecei a vivenciar uns fatos curiosos. Por exemplo, eu andava na rua e a luz do poste acendia ou apagava na hora que eu ava; eu ia sair do quarto e a porta abria sozinha. Uma vez eu fui ao banheiro e a luz acendeu sem que eu apertasse o interruptor. Isso foi em 1998 ou 1999, não lembro ao certo. Comentando o fato com um amigo budista, ele disse que o meu “ki” estava desregulado e eu deveria praticar Tai-Chi-Chuan. Foi o que fiz, mas não resolveu o problema. A companheira que eu tinha na época já tinha feito alguns cursos de Reiki e ela falou que talvez eu tivesse energia para doar. Foi aí que resolvi fazer o curso. Fiz os três módulos do Reiki tradicional e os dois do chamado Karuna-Reiki. A experiência foi muito boa. Tive visões muito interessantes e sentia toda a energia que era manipulada no trabalho. E, uma das coisas mais curiosas, era visualizar com freqüência a cruz de são Damião, que ornava a capela de Assis. Mas eu não conhecia aquela imagem, só fui saber o significado dela em 2002, através de um estudioso da Cabala. E, muito tempo depois, em uma reunião mediúnica, eu soube que já havia encarnado como monge franciscano. Porém, o mais importante foi ter intuído uma forma de trabalhar com energias, em grupo. No final da palestra faremos uma vivência. Inicialmente eu chamava essa técnica de Mandala-Reiki. Ela dura aproximadamente 20 minutos. Em 2005, eu ei a chamá-la de Terapia Vibracional Integrativa. Hoje ela é uma das técnicas do que chamo de Meditação Vibracional Integrativa. Eu usei essa técnica em vários trabalhos voluntários: primeiro com deficientes físicos, depois com aidéticos, com professores e, mais recentemente, com idosos. Quem participa gosta muito, já que a troca energética é muito intensa e a pessoa sente o resultado na hora, seja no
corpo físico ou mesmo para mudar o padrão de pensamento e de sentimento. Enfim, eu queria ensinar essa técnica para outras pessoas, para outros reikianos, e fui falar com a pessoa que me iniciou. Ele disse que eu não poderia ensinar por não ser mestre de Reiki. Somente os mestres poderiam criar e ensinar novas técnicas. Eu entendi o argumento dele e fui me informar quanto custava para fazer um curso para se tornar mestre de Reiki e ele disse que cobrava, na época, R$ 5.000,00. Acho que foi em 2001. Hoje é muito mais barato. Até por R$ 100,00 você vira mestre de Reiki. Eu sei que para mim era muito dinheiro. E depois de pensar se valeria à pena gastar tanto assim para ser mestre, acabei aceitando e combinei o dia em que faria o curso. Nessa época, eu já atuava no Centro de Estudos e Vivências Cooperativas e para a Paz, uma organização que atendia a população com várias técnicas, entre elas, o Reiki. O centro ficava na rua Marechal Deodoro, onde hoje funciona um sindicato dos professores da rede particular de ensino. É uma casa muito grande, com vários ambientes. Lá nós tínhamos uma sala para Tai-Chi-Chuan, Yoga e Meditação. Outra para Reiki, com duas macas. Mais uma sala para terapias florais e psicologia. No quintal, fazíamos danças circulares e jogos cooperativos, além de termos uma horta maravilhosa. Ali também tinha uma pequena área coberta onde uma voluntária dava aulas sobre culinária e, no fundo, na edícula, outra pessoa atendia com vários tipos de massagem. Eu acredito que foi a melhor experiência que São Carlos já teve de ofertar, gratuitamente, terapias alternativas para a população. Mas vamos falar o que aconteceu na véspera do curso para eu me tornar mestre de Reiki e ter “autorização” para ensinar aquela técnica que eu havia intuído. Eu estava no centro e apareceram dois rapazes, cada um com aproximadamente 23 anos de idade. Eles queriam conhecer o centro e as atividades. Depois de explicar o trabalho que ali era realizado, um deles falou que era médium kardecista e que foi lá porque um espírito queria falar comigo. O espírito é que teria dado o meu nome e o endereço para eles. Eu achei tudo muito estranho. Eu sempre acreditei na existência de seres incorpóreos, mas não sabia que eles participavam tão ativamente do nosso cotidiano. Enfim, nós fomos até a sala onde aplicávamos Reiki e um dos rapazes incorporou um ser que começou a falar em alemão comigo. Eu não entendia nada até que ele falou mais ou menos assim, em português: _ Você não se lembra mais da língua que você falava em sua vida ada? Aquilo me desconcertou. Mas eu ficava intrigado vendo o rapaz andando com os olhos fechados pela sala e sem bater em nada. Eu ficava só esperando a hora que ele bateria na maca, no armário etc. Mas ele andava
com desenvoltura pelo ambiente, mesmo com os olhos fechados e aquilo me fazia pensar. O espírito falou outras coisas também, muitas delas eu só fui entender mais tarde, muito tempo depois. Por exemplo, ele disse que eu tinha vindo de Capela e eu não tinha a mínima idéia que Capela era aquela. Ele dizia ser mentor da Associação Médico espírita (AME) e que fazia parte da equipe de Bezerra de Menezes. E eu que nunca tinha me interessado por espiritismo, não tinha a mínima idéia de quem seria Bezerra de Menezes. Enfim, apesar de não saber do que ele estava falando, uma coisa me chamou a atenção, pois estava no meu nível de compreensão. Ele falou mais ou menos o seguinte: _ Se você quiser, não precisa fazer o curso para mestre de Reiki. Eu posso te ensinar de graça tudo o que você precisa para enviar energia para as pessoas. Eu adorei a idéia. Ser mestre de Reiki sem ter que pagar era o que eu mais queria. Ele pediu para eu combinar com o médium reuniões semanais onde iríamos estudar. E o mais interessante. Além do Reiki, estudaríamos massagem, Do-in e outras técnicas. O médium que o incorporava era totalmente inconsciente. Ou seja, não se lembrava de nada do que era falado ou acontecia nas reuniões. Ele também não tinha idéia do que era o Reiki. Esse médium, inclusive, em uma reunião, tocou violão sem saber, no seu estado de vigília, fazer três ou mais acordes. Até hoje, foi o médium mais incrível que conheci. Soube depois que já fomos irmãos em uma vida ada. Mas vamos falar do curso de Reiki com o espírito. Durante um ano e meio, aproximadamente, fizemos reuniões semanais onde eu fazia perguntas e ele respondia e me ensinava outras coisas, além das perguntas. Entre os anos de 2003 e 2004 eu lancei três livrinhos sobre esta experiência. Um falando sobre a minha experiência, ou seja, isso que estou falando hoje. Outro sobre os símbolos do Reiki e um terceiro com algumas das respostas que obtivemos com este espírito sobre sintonização, o papel do mestre e outros assuntos. Em 2005, reuni um pouco dos três e lancei um livro chamado o Reiki segundo o espiritismo. E só não morri, porque não estava na hora. Recebi criticas de todos os lados. Os reikianos diziam que o Reiki não tinha relação com nenhuma religião e os espíritas diziam que os espíritos sérios não perderiam tempo com um assunto estranho ao espiritismo. Ainda em 2005, fiz uma nova edição e mudei o nome para O Reiki, a TVI e outros tratamentos complementares. Nesse novo livro fiz uma introdução, destrinchando O Livro dos Espíritos e procurei demonstrar que o espiritismo era um método cientifico para se estudar todos os temas sociais e morais da humanidade, na concepção de Kardec, e não uma
religião. Mas eu sei que predomina no movimento espírita brasileiro a idéia de que os espíritos já ensinaram tudo que era necessário, e agora o trabalho consiste em socorrer os espíritos doentes. Ou seja, parece que nada do que aconteceu socialmente na segunda metade do século XX e agora no XXI pode ser perguntado para os espíritos. Deve ser por isso que os espíritos me procuraram para este trabalho. Aliás, se eu fosse espírita teria mandado o espírito ficar sentado, ao invés de ficar andando pela sala. Possivelmente, eles procuram aqueles que não têm pré-conceitos para poder ar novas informações ou esclarecer como funcionam algumas técnicas, como foi nesse caso. E quem tem a mente fechada ao novo, é preciso respeitar. É o livre arbitrio da pessoa. Não ainda perder tempo insistindo. Isso aconteceu também quando fomos estudar a Apometria com os espíritos. Eu li um texto de um espírita de Goiânia que dizia ser a Apometria algo que não dava para ser comprovado por experiências mediúnicas e que os “médiuns sérios” não foram procurados pelos espíritos. Conversando com um Preto-velho que se identificava como pai Jeremias e que era o coordenador do estudo que fizemos sobre esta técnica, entre os anos de 2005 e 2006, ele disse que os espíritos procuravam aqueles que tinham o coração e mente abertos para o trabalho, que já estavam em condições de trabalhar amorosamente no socorro dos necessitados, através da Apometria. Ou seja, os que estavam com pedras na mão para agredir, criticar, zombar eles deixavam de lado. Enfim, é a diferença entre a fé racional e a Fé. Os espíritos não perdem tempo com quem racionaliza a fé. Não há mais tempo a perder. É hora só de trabalhar, pois há muito trabalho para ser feito com a Apometria e por isso eles são pragmáticos. Em outras palavras, seria algo como aquela frase bíblica: “muitos são os chamados, mas pouco os escolhidos”. Ou seja, eles semearam e onde a semente germinou, eles colhem os frutos (trabalhadores) e seguem em frente. Mas sobre a Apometria a gente fala em outro momento. Vamos voltar ao Reiki. Depois que começamos o curso, aconteceu outro fato curioso. Eu liguei para um senhor que era o responsável por fornecer os diplomas de um sistema de Reiki no Brasil e contei toda a história para ele. Eu queria saber se haveria algum problema no que estava acontecendo, ou seja, eu queria saber se poderia aprender Reiki com um espírito. Ele, gentilmente, falou assim: _ Não há problema algum em aprender Reiki com um espírito. Você só precisa saber qual é a linhagem dele. Você precisa saber com quem ele estudou o Reiki antes de desencarnar e me ar a linhagem e nós te providenciamos um diploma sem problema.
Como eu era muito ingênuo (na verdade ainda sou, mas na época era muito mais), na reunião seguinte cheguei para o espírito e perguntei sobre a linhagem dele. E a resposta dele foi engraçada. Ele disse: _ Espírito não tem linhagem. Quem tem linhagem é cavalo. Esqueça tudo que você aprendeu e vamos começar do zero... Depois que ele falou isso aconteceu uma coisa muito interessante. Ele me pediu as apostilas que recebi nos cursos de Reiki e as segurou entre as mãos. Depois de uns 10 segundos, ele me pediu para abrir uma delas em uma determinada página e para arrancá-la. Em seguida, falou para guardála, pois ali tinha ensinamentos preciosos e o resto poderia ser jogado fora, para reciclagem, pois era tudo “mistificação”. A página que ele pediu para guardar falava sobre os chakras. Eu não tive coragem de jogar as apostilas fora. Até hoje elas estão guardadas, apesar de nunca mais tê-las abertas. E o que foi que este espírito me ensinou de tão diferente? Em primeiro lugar, que não havia sintonizações e nem símbolos sagrados para se enviar energia. Ele disse que os símbolos eram importantes por causa dos ensinamentos morais que eles traziam. Isso era o fundamental e não a história de ser necessários símbolos para o envio de energia. Segundo ele, e hoje eu acredito nisso por causa da prática, três coisas são necessárias para se enviar energia: pensamento elevado, vontade de ajudar o próximo e muito amor. Outra coisa interessante foi quando ele disse que não existe “energia inteligente”. Quem pode ser inteligente é o espírito. Este, quando é, de fato, inteligente, sabe manipular a energia. Por isso, segundo ele, nos atendimentos de Reiki, há vários espíritos trabalhando junto com o doador de energia. Os encarnados e os desencarnados formam uma equipe: uns doam a energia necessária e outros vão manipulá-la de acordo com o merecimento e a necessidade do paciente, realizando as curas ou tratamentos que precisam. Quando ele me ensinou sobre essa parceria, ele me explicou o trabalho que o médium fazia com moradores de rua. Semanalmente, o médium com outras pessoas iam atrás de moradores de rua e davam um copo de café com leite e um pão com manteiga. Eu achava aquilo tão bobo, incapaz de transformar a realidade das pessoas, e, por isso, nunca fiz questão de participar. Porém, o espírito me falou o seguinte: _ Enquanto o médium está conversando com o morador de rua e lhe dando um pão para comer, estamos juntos realizando tratamentos e até cirurgias espirituais naquela pessoa que dificilmente seria atendida pelos médicos da Terra e também recolhendo os espíritos que desencarnaram e não perceberam, e que ainda acham que são moradores de rua e ficam lá, bebendo e dormindo ao lado dos amigos encarnados.
Depois desse esclarecimento, ei a ver o trabalho com outros olhos e compreendi a articulação entre os dois planos. Sem a energia do encarnado que é derivada, obviamente, da energia cósmica, mas que é uma energia que apenas o encarnado possui, não é possível aos desencarnados atuarem na Terra, seja para o Bem, seja para o mal. Enfim, sem a nossa participação e colaboração, eles não podem ser os instrumentos para tratar quem necessita ou provocar fenômenos como as portas que se abrem sozinhas etc. Essa história da cooperação entre os planos mudou minha forma de encarar o Reiki. Deixei de acreditar naquela história que tinham me ensinado. Ou seja, que era preciso ser sintonizado e, em seguida, desenhar um símbolo gráfico no ar para captar uma energia especial que somente os reikianos poderiam ar e, esta energia, por ser inteligente, faria a cura que a pessoa necessitava. Quando aprendi isso no curso de Reiki, eu ficava me questionando. Mas eu havia presenciado muitas curas, e por isso achava que era isso mesmo. Devia ser uma energia especial que agia durante a sessão, pois antes mesmo de ter a oportunidade de conversar com este espírito, eu já tinha visto pessoas serem curadas de vários problemas físicos com a imposição das mãos, com o Reiki, conforme eu tinha aprendido. Mas o ensinamento trazido pelo espírito me pareceu muito mais coerente e racional, apesar da maioria das pessoas pensar o contrário. E muita coisa ficou esclarecida quando ele disse que eu era “médium de cura” e que o meu trabalho nesta encarnação era doando energia. Por isso, não importava a técnica que eu usasse (e, reiki, johrey, cura prânica etc.), pois a essência é sempre a mesma: o médium de cura doa a energia necessária e uma equipe espiritual realiza os tratamentos, mas não de forma indiscriminada. O tratamento segue a chamada lei do Carma e do Merecimento. Muitos panfletos de Reiki dizem que a técnica cura todos os problemas físicos, mentais, emocionais e espirituais. Mas isso não é verdade. Depende muito mais da pessoa que vai ser atendida. Se ela tiver merecimento para ter uma enfermidade curada ou amenizada, ela terá. Caso contrário, continuará enferma. Por isso, ele ensinou: _ Faça a doação de energia de forma amorosa, mas não prometa a cura para ninguém. Se ela vier, foi devido a Fé do paciente e pela permissão de Deus. Depois disso, fiz várias experiências com médiuns videntes e todos sempre viam a equipe médica e outros espíritos durante as sessões. Enfim, eu me convenci que, mesmo não sendo um trabalho espírita, o Reiki é um trabalho espiritual e, portanto, é necessário um cuidado especial para saber com qual grupo de espíritos você vai trabalhar. É aí que entra a questão da sintonia, das afinidades espirituais. Não basta ser sintonizado e decorar os
símbolos, o importante é a transformação moral que eu chamo de animagogia. Quanto mais espiritualizada for a pessoa, mas ela se encontra sintonizada com os espíritos ditos superiores, esclarecidos, ascensionados etc. E, dessa forma, mais energia amorosa ela pode disponibilizar na sessão para que uma cura possa acontecer, ou um obsessor ser retirado para ser esclarecido etc. Por outro lado, um reikiano cuja mente for egoísta não está em condições de “canalizar” energia amorosa e, portanto, dificilmente terá o apoio de uma equipe espiritual iluminada. Como eu disse, este espírito dizia ser mentor da Associação Médico Espírita e trabalhador da equipe de Bezerra de Menezes. Pode ser verdade ou não, mas o importante é que as informações por ele transmitidas são racionais. Além disso, ao invés de perder tempo ensinando a decorar um desenho que ninguém pode ver, pois é “sagrado”, ele enfatizava como proceder antes, durante e depois de cada sessão. E o que era importante fazer antes de cada sessão? Em primeiro lugar, fazer uma alimentação leve, nunca ir com o estômago pesado ou sem comer nada, ando fome. Tomar água sempre e procurar chegar um pouco antes do horário marcado para ir se sintonizando com a energia do trabalho que será realizado, se desligando dos problemas cotidianos. E, durante as sessões, procurar manter o pensamento elevado, evitando conversar sobre coisas banais. O foco da energia é onde está a sua mente. Se ela está longe, pensando na “morte da bezerra”, é para lá que você está canalizando a energia e não para o enfermo. Por isso, manter o pensamento elevado e centrado no que está fazendo é importante. Mas isso é feito não de forma tensa, mas relaxada. Após o encerramento, nunca se esquecer de agradecer a Deus a oportunidade de servir e tomar água, fazer um lanchinho e, ao chegar em casa, tomar banho. Se tiver um local onde possa pisar descalço, em um gramado, por exemplo, isso ajuda muito na limpeza final. Sobre isso eu tenho uma história engraçada. Certa vez eu conheci um espírita e ele me falou que saia do centro muito mal. Todos saiam bem, mas ele ficava péssimo depois do trabalho. Eu perguntei o que ele fazia para se limpar e ele disse que não fazia nada. Eu ei essas dicas e ele falou que em frente ao centro tinha uma praça. Aí eu falei para ele ir até lá e abraçar uma árvore, pedindo numa oração para descarregar toda carga tóxica e para a natureza transmutar aquela energia. Ele começou a fazer isso e ou a se sentir melhor. Depois de um tempo, toda a equipe mediúnica que trabalhava com ele, ou a fazer o mesmo. Acabava a reunião e eles iam descarregar as energias negativas acumuladas durante o atendimento naquela árvore. Depois de meses fazendo isso, não é que a árvore secou!
A gente ri, mas a coisa é séria. Nos atendimentos aparecem pessoas com a energia muito baixa ou muito negativa. É por isso que é preciso tomar cuidado com o local onde o Reiki será aplicado. Os mestres ensinam que não há problema aplicar em qualquer lugar, o importante é desenhar corretamente o símbolo. Isso é uma grande ingenuidade. Um lugar adequado para o trabalho é preparado pela espiritualidade socorrista. Lá eles montam uma estrutura para o atendimento. Muitos médiuns videntes enxergam que o local é como um centro cirúrgico. Há remédios, diferentes materiais e até mesmo enfermarias para tratar desencarnados que acompanham os encarnados que vão atrás de ajuda. É um trabalho muito complexo que é feito durante a sessão, por isso todo cuidado e respeito é pouco. Mexer com energia não é brincadeira. Por isso, ao contrário do que muitos cursos de Reiki ensinam, deve se evitar sua aplicação em casa. Em um caso de emergência, tudo bem, mas não dá para transformar isso em regra. Por exemplo, muitas vezes faço aplicação em escolas e em outros lugares. Porém, procuro antes ir para a minha sala e lá abro o trabalho, já solicitando para os meus amparadores que preparem o local onde será a vivência ou curso, quando este não é um local que já possui toda uma preparação espiritual. Depois do trabalho, volto até minha sala para fechar e dar o trabalho por encerrado. Isso não é mistificação ou ritual, é uma metodologia para que todo o processo possa acontecer sem contraindicações. Um grupo que resolve aplicar Reiki em hospitais deveria seguir um procedimento similar e só enviar energia em quem aceitar e nunca de forma indiscriminada. Outra coisa é mandar a distância, do local onde o grupo atende e se reúne. Esse ainda é o método mais seguro que conheço. Além disso, ninguém precisa ficar sabendo que o grupo está vibrando por um local específico ou para pessoas que vivenciam um determinado problema. Para enviar a distância para uma pessoa é importante que ela saiba que vai receber e em qual horário. Assim, ela pode também se preparar. Por exemplo, vamos dizer que você combina de mandar energia para uma pessoa às 18 horas. Ela pode, quinze minutos antes, ir para a cama com um bom livro e começar a ler. Não importa a religião, pode ser parábolas budistas, mensagens do Emmanuel psicografadas pelo Chico Xavier, o sermão da montanha... O importante é que a leitura e a mudança no padrão dos pensamentos ajudem a criar uma ambiência psíquica e espiritual mais elevada. Assim, às 18 horas, quando o grupo começar o envio da energia, melhor será a sintonia e a intervenção da equipe espiritual escalada para fazer o socorro àquela pessoa. Não importa se a pessoa que recebe é católica, evangélica, umbandista ou siga qualquer outra religião. Ela pode ser até atéia, desde que esteja receptiva à energia. Se ela se abre para receber, vai receber. Caso
contrário, a energia será encaminhada para quem a merecer. Pensem o seguinte: cada um só recebe o que necessita e merece a cada segundo da sua existência. Não há injustiça no Universo e cada um só colhe o que planta. Quem planta amor, recebe amor; quem planta egoísmo, recebe egoísmo. Muitos dizem que só dão amor e não recebem. É preciso ver a quanto tempo ele está dando amor. Por exemplo, se ele ou trinta anos só irradiando egoísmo e há dois anos irradia amor, ele precisa aceitar que tem muito mais egoísmo para receber do que amor. O egoísmo que ele recebe hoje é a colheita do que plantou no ado. Mas se for perseverante, um dia começará a colher o amor que hoje planta. Tudo tem seu tempo para acontecer. Vamos falar um pouco dos símbolos senão o tempo acaba. Como salientei, este espírito nos disse que os símbolos eram importantes em função dos ensinamentos que traziam e não por este pretenso potencial de canalização de energia. Ou seja, não há um símbolo para enviar energia para a pessoa presente e outro para envio de energia a distância. O importante sempre é o pensamento elevado, a vontade de ajudar o próximo e o amor irradiado na sessão. E por que os símbolos transmitem ensinamentos? Em primeiro lugar, porque no ado, quando eles foram criados, não existia papel. Não existia um parque gráfico como hoje e muito menos a internet. Por isso, os mestres criavam símbolos que sintetizam um determinado ensinamento. Compare os símbolos do Reiki com as faixas do judô, por exemplo. Conforme o praticante vai aprendendo, ele muda de faixa. O processo aqui é similar. Então, vamos dizer que uma pessoa nasce e, desde criança, pelo menos a partir dos sete anos de idade, vai se acostumando com o mundo material e o toma como sendo o mundo real. Este mundo é vivenciado através dos cinco sentidos. Nós não percebemos que ele é apenas a ponta de um iceberg. Porém, com o ar do tempo, a gente percebe algumas sincronicidades e começa a desconfiar que exista uma força maior gerenciando tudo o que acontece. Alguns, inclusive, enxergam ou ouvem os espíritos. Tanto os “angelicais” como os “demônios”, percebendo a diferença de energia que existe entre eles, e assim por diante. E tem também os que enxergam os elementais. Tem uma jovem universitária aqui de São Carlos que possui uma história muito legal. Ela não se lembra disso, mas a sua mãe, que é minha aluna na escola onde leciono, conta que a filha, quando tinha entre 3 ou 4 anos de idade, via pequenas borboletas que ficavam voando em volta dela. Ela se irritava e ficava abanando a mão pedindo para elas irem embora. Possivelmente eram os elementais do ar, as fadas como alguns dizem, que ela via.
Enfim, quando a pessoa descobre que existe o mundo espiritual e que é de lá que viemos. Ou seja, que somos espíritos eternos vivenciando, momentaneamente, uma experiência humanizada, ela recebe o primeiro símbolo: o Cho-ku-rei. Ele é o símbolo do despertar. Ele representa que a pessoa despertou para a verdadeira realidade. Ela agora tem certeza que é um espírito eterno. E quem tem essa consciência vive muito mais feliz. Quantas coisas que antes a incomodavam am a não fazer diferença. Quanto sofrimento deixa de existir quando tomamos consciência que esta vida não é a mais importante e que o mundo espiritual antecede e sobrevive a esse. Enfim, até o ato de perdoar fica mais fácil quando se tem essa compreensão. Vamos dizer que este símbolo representa a faixa branca do judô. Ao ter essa consciência ganhou o seu primeiro símbolo, como se fosse também um certificado ou um diploma no nosso sistema escolar. E o segundo símbolo? O chamado sei-he-ki representa a descoberta da função da encarnação. Ou seja, a pessoa tomou consciência que é um espírito e que está momentaneamente aqui. Aí ela a a se questionar: por que eu encarnei? Por que não vivo eternamente do outro lado? Essas indagações a levam a seguinte compreensão: eu encarno para evoluir enquanto espírito ou, na visão budista, para se libertar do ego, a consciência provisória que assumimos ao encarnar para que a nossa essência, o nosso espírito, possa expressar plenamente todo o amor e felicidade que há dentro dele. Quando a pessoa toma essa consciência, ela muda o foco da sua vida. Não é mais o ego que ela deseja alimentar, mas o espírito. Ela vai buscar focar sua espiritualidade em todo momento de sua existência e não mais algumas horas no domingo, por exemplo. Quando essa tomada de consciência acontece, é o momento de ganhar o segundo símbolo. Já o terceiro símbolo, chamado hon-cha-ze-sho-nem, representa a descoberta da Bem e do mal e a necessidade de ir além dessa dicotomia. Eu lembro sempre de Nietzsche, aquele filósofo alemão excomungado por muitos escritores espíritas, que dizia mais ou menos assim: aquele que vive em amor está acima do Bem e do mal. Vamos retomar a seqüência. A pessoa descobriu que é um espírito e que está aqui para evoluir. Agora ela descobre que há dois caminhos, como se fossem as duas faces de uma moeda. Ambos são necessários atualmente na Terra. Nos chamados mundos de provas e expiações como ainda é o nosso planeta, não temos como viver sem o mal. Ele é necessário porque ele ainda está dentro de nós. Em suma, o Bem e o mal não estão no mundo, mas dentro de cada um. Obviamente que, estando em nós, holonomicamente, estará no mundo. Mas, para que o mundo se transforme, se regenere, o caminho é a mudança interior. É preciso, conscientemente, se afastar do caminho do mal (o egoísmo) para começar a trilhar o caminho
do Bem (o amor), se a pessoa quer evoluir. Não há outra alternativa. Vejam que não falo em atos. Eu não falei quais são os atos que estão do lado do mal e quais estão do lado do Bem. Eu falei em sentimentos. Todo egoísmo e não importa como ele se manifesta é mau. Por exemplo, procurem notar e vocês verão que até um prato de comida pode ser dado com egoísmo e não com amor. O chamado amor incondicional de mãe é muito mais uma forma de egoísmo, de apropriação da cria, do que realmente amor. O amor liberta. O amor não gera ciúme. Ninguém mata por amor. Mas por egoísmo sim. Jesus expulsou os que vendiam bugigangas no templo com amor e cuspiu na cara de um cego com amor. Ou seja, muitos atos que para nós parecem estranhos ou violentos podem ser vivenciados com amor. Por isso, não importa o que você faz, faça sempre com amor. Enquanto não temos essa compreensão vamos acreditar, por exemplo, que ser médico é muito mais importante do que ser lixeiro. A gente não houve sempre alguém dizendo que o médico é um espírito missionário? Essa afirmação é muito comum no meio espírita. Porém, muitos médicos evoluem menos que um lixeiro. A evolução depende da quantidade de amor colocada no ato. Não estou julgando, apenas constatando. Muitos, mas muitos médicos são extremamente egoístas. Só pensam em ganhar dinheiro e se consideram deuses. Estão iludidos de tal forma pelo ego que não enxergam nada além do nariz. Por outro lado, aquele que amorosamente recolhe o lixo nas ruas pode ganhar muito mais “talentos” e sua economia espiritual (psiconomia) estará muito melhor que a do médico quando voltarem para o plano espiritual. Tem um amigo meu que é vidente e que fala o seguinte. Muitos exus foram médicos na Terra. Ele fala isso não por causa dessa ou daquela doutrina, mas porque ele vê estes espíritos. Eles não possuem uma forma monstruosa, mas possuem aparência de médicos. Enfim, eles estão servindo do outro lado para compensar a falta de amor na Terra. E o quarto símbolo? É o daí-ko-mio. Apesar do nome, não é um gato chamado Daiko e que mia. Ele é o símbolo daquele que, a partir do roteiro até aqui seguido, a somente a amar. É o símbolo de quem ama universalmente, a vítima e o algoz. É o símbolo de quem deixou de julgar e criticar e a apenas a amar todos os seres. Não é à toa que é o símbolo associado ao chakra cardíaco. Nas representações religiosas, as pessoas que possuem este chakra expandido possuem corações enormes que saem do corpo. É o caso de Maria e de Jesus. O Chico Xavier tem uma frase sobre o bom samaritano que sintetiza o ensinamento deste símbolo. Ele diz que o bom samaritano é o que ajuda o que necessita, não critica o que não ajuda e ainda estende a mão para o agressor. É isso que devemos fazer para ganhar o quarto símbolo e não pagar uma determinada quantia em dinheiro. Para merecermos este símbolo devemos suar muito. É muito mais fácil agir e reagir com egoísmo do que
com amor. Por exemplo, quando vemos alguma noticia traumática na TV nossa tendência é sentir pena da vitima e ódio do algoz. Se fôssemos merecedores deste símbolo, nós irradiaríamos amor para ambos. A pena e o ódio são energias perniciosas. Devemos amar universalmente. É claro que aquele que comete um crime vai ter que ar pelo julgamento da Terra, mas ele pode ser encaminhado para este julgamento de forma amorosa quando compreendemos que ele ainda é um espírito em evolução e, mais do que um castigo, ele necessita de ajuda para superar aquele estágio. Enfim, mesmo que sejamos enérgicos com ele, pois muitas vezes só assim ele aprende, a atitude sentimental pode ser amorosa. Como foi a ação de Jesus quando expulsou os vendedores. Ele foi enérgico, mas, sentimentalmente amoroso. Vamos falar do quinto símbolo para encerrarmos. Nos cursos de Reiki ele é ensinado como sendo o símbolo do mestre. Ele se chama raku. E é isso mesmo, é o símbolo daquele que venceu o mundo e por isso mesmo se tornou um mestre. Na filosofia budista nós temos a figura do bodhisattva. Há várias representações deles, e muitos budistas consideram Jesus como um bodhisattva. Enfim, este termo seria similar ao de avatar, hoje mais conhecido por causa de jogos de videogame e por causa do filme. O avatar seria como um mestre que poderia estar habitando a Terra Pura, o reino de Deus ou o Nirvana, mas preferiu voltar aqui para ensinar o caminho para os demais. Nesse sentido, o verdadeiro mestre de Reiki deveria praticar o amor universal. Se ele não pratica, não a de um falso-profeta. Eu optei em ensinar e praticar gratuitamente, mas não condeno e nem julgo quem cobra. Até porque nem todos que aplicam de graça o fazem com amor. Eu conheço muitos istas, por exemplo, que só vão ao centro por obrigação. Eles dizem que não gostam do que fazem, mas se não forem dar e, sentem dor de cabeça etc. Ou seja, eles só vão porque disseram que ele se sentiria bem, mas não fazem com amor. Pode ser que, com o tempo, em a amar e aí sim estarão cumprindo bem o trabalho. Mas, no momento, vão por obrigação ou por motivos egoístas. Por isso eu sempre diferencio o dar de graça e o fazer com Graça. Muito e é feito de graça, mas sem Graça nenhuma. E, o contrário também é verdadeiro, tem gente que cobra, mas faz com amor. Durante a sessão ela se entrega de corpo e alma no que está fazendo. No meu espaço tem uma caixinha para doação. Com o dinheiro eu pago as despesas da sala, edito livros que acabam sendo doados. Mas a pessoa que não tem condições de pagar nunca poderá dizer que não foi atendida por ser pobre. Ela pode não ir porque acredita que o Reiki é coisa do “demônio” ou porque ela se considera espírita e no centro disseram que o Reiki é coisa de “médium fascinado”, e assim por diante, mas nunca por não ter dinheiro.
Durante algum tempo eu recebi criticas de alguns reikianos que diziam que a forma como eu trabalhava não era mais Reiki. Era absurdo não cobrar, não fazer ritual para sintonizar as pessoas e outras coisas. Aí eu pensei no seguinte. Como há uma infinidade de sistemas de Reiki, vou criar mais um, assim ninguém me enche o saco. E ei a chamar essa forma de Dharma-Reiki. A expressão dharma costuma ser traduzida como doutrina. Mas ela é muito mais profunda. Ela representa o caminho para a iluminação e para a libertação do sansara, a roda das encarnações. Mais do que uma doutrina, ela é uma experiência vivida. Ninguém se liberta por acreditar em uma doutrina, mas por vivenciar sua emergência espiritual. E cada um encontra o seu caminho, não existindo o certo e o errado, mas aquele mais adequado para cada um. E foi por isso que usei a expressão dharma, para enfatizar a mudança consciencial e de atitudes. Não basta a pessoa ir semanalmente receber Reiki se ela não se preocupa com sua transformação, com sua animagogia. O Reiki só tem sentido quando ajuda a pessoa a descobrir que ela tem um trabalho espiritual para realizar e ela começa a se libertar da energia antiga e estagnada para renascer, recriando uma nova forma de encarar a vida, se libertando dos condicionamentos culturais, de raça, de classe social, de gênero e outros para se ver como um ser universal, criado para amar e ser feliz. E quando você vê uma pessoa nesse trabalho de libertação, você sente uma felicidade tão grande que não dá para contabilizar. É algo que não tem preço. Por isso eu não consigo cobrar, não sei quantificar quanto vale um trabalho como este.