Pedagogia Integrada - Unip - Unid I -apostila 6y1f5h

. o em: 14 fev. 2012. Entretanto, os conhecimentos retirados da experiência da criança ou do adulto devem ser considerados além da expressão individual, de um modo defensivo diante de uma sociedade hostil. A criatividade singular muitas vezes é a oportunidade de ampliação do conhecimento e apresentação de outro modo de conhecer as pessoas e os objetos. Traços marcantes de singularidade de um líder como Martin Luther King até hoje exigem reflexão, desde pessoas comuns a líderes políticos importantes. As palavras a seguir dessa grande figura são reverberações importantes do aprender a ser: Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos. (MARQUES, s.d.)

Seu pensamento simultaneamente integra o aprender a ser ao aprender a conviver, numa demonstração possível de integração de várias das dimensões humanas presentes em cada aluno, seja na escola ou nos demais ambientes frequentados. Ao falarmos do papel e das preocupações da educação, não podemos nos esquecer da escola, locus fundamental do processo sistemático e intencional de formação e construção de cidadãos. Ela é tão importante como agente social do processo formador de crianças, jovens e adultos, que sua constituição e manutenção requer uma parceria consciente e responsável desempenhada pelo Estado, pela família e pela sociedade. Representante da sociedade e muitas vezes com vínculos empregatícios com o Estado em consequência de concursos públicos e/ou contratação de trabalho, a gestão escolar merece extrema atenção. Hoje, a gestão escolar também pode ser desenvolvida em parceria com a comunidade. Se a escola é uma das instituições sociais que colocam em prática o ideário político de um governo, – suas orientações legais se originam na Constituição, são regulamentadas pelo CNE e pelo MEC e viabilizadas pela LDB e 12

Pedagogia Integrada decisões afins – o exercício de sua istração responde a esse mesmo ideário. Portanto, seu gestor divide com os sujeitos da própria escola e da comunidade a responsabilidade pelo seu funcionamento. A gestão, com olhar istrativo da escola, zela para que sua finalidade de educar atinja os objetivos de desenvolver e inserir crianças, jovens e adultos na sociedade local, situada no tempo e no espaço, sem perder de vista as relações com o mundo. Sobre isso, Libâneo (2004, p. 137) destaca: A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e pedagógica da escola é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos processos de pensar, na formação da cidadania e na formação ética.

O pensamento de Libâneo nos remete a situações e objetivos novos da educação que demandam substituir os estilos tradicionais de organização e istração de escola, por formas criativas de gestão, com organização dinâmica e estratégica para o desenvolvimento pedagógico das ações educativas com vistas aos objetivos políticos e sociais. O mesmo autor, às p. 141‑146, nos orienta quanto a alguns princípios da organização e gestão escolar participativa. Quadro 1 Princípios da gestão escolar participativa

Significados

1) Autonomia das escolas e da comunidade educativa

Autonomia entendida como o poder de decidir sobre o fazer escolar relativamente independente da legislação e sobre o uso dos recursos financeiros.

2) Relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar

Forma participativa de gestão istrativa e pedagógica do cotidiano da escola.

3) Envolvimento da comunidade no processo escolar

Uma parceria que trabalha junto, desde a elaboração, implantação e avaliação do projeto pedagógico.

4) Planejamento das tarefas

Planejar é igual a unificar as atividades escolares, convergindo para sua execução com interesse e esforço coletivo dos membros da escola.

5) Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar

A escola como espaço educativo visa à atualização e ao aperfeiçoamento constante como alimento da formação técnica dos envolvidos na comunidade escolar.

6) Utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações

Análise contínua de todos os aspectos istrativos e pedagógicos, com criação de canais de comunicação a todos, para a tomada justa e precisa de decisões.

7) Avaliação compartilhada

Todos da comunidade escolar devem estar envolvidos com a avaliação contínua da direção, dos professores e demais membros da equipe.

8) Relações humanas produtivas e criativas e assentadas na busca de objetivos comuns

A equipe escolar precisa investir sistematicamente na renovação do modelo de relações, substituindo as formas autoritárias pelo diálogo e o consenso.

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Unidade I Assinalamos que os gestores e seus auxiliares diretos, bem como professores que coletivamente implementam a istração e as atividades pedagógicas da educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental são formados atualmente pelo curso universitário de Pedagogia, com a preservação dos direitos adquiridos na forma da lei aos profissionais qualificados pelos cursos de formação do magistério de segundo grau (ensino médio). Ao curso de Pedagogia cabe, ainda, a responsabilidade pela gestão e a pesquisa. A disciplina de Pedagogia Integrada reúne em seu bojo três grandes frentes de trabalho: • a formação do professor de zero a dez anos de idade; • a gestão de escola e • a pesquisa educacional. O contexto para o desenvolvimento dessa disciplina implica o olhar interdisciplinar dirigido aos modelos de escola, sua finalidade e objetivos, a atuação dos professores, a gestão participativa e a pesquisa destinada a conhecer melhor a singularidade das escolas. As três grandes frentes de trabalho da Pedagogia Integrada: • formação do professor de 0 a 10 anos; • gestão de escola; • pesquisa educacional. A disciplina surge num contexto muito especial no curso de Pedagogia na UNIP. Todos os profissionais envolvidos com o curso sentem a necessidade de olhar para a carreira do pedagogo e enxergar suas diferentes facetas em um só quadro: ver quais são as atribuições desse profissional diante da complexidade da educação brasileira em ambientes escolares e não escolares e como, acima de tudo, sua função de formador de cidadãos é pertinente a toda sociedade. Conforme a Resolução CNE/ 1/2006, o curso de Pedagogia se organiza em três grandes eixos nesta instituição, na respectiva ordem de importância: a) docência: significa formação inicial para o exercício do magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade normal e em cursos de educação profissional, no setor de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Docência quer dizer ação educativa e pedagógica sistemática e intencional, construída de relações sociais que respeitam a diversidade étnica e cultural. O exercício da docência combina conhecimentos científicos e 14

Pedagogia Integrada culturais, valores étnicos e estéticos inerentes ao processo de aprendizagem e construção do conhecimento e de socialização, tudo isso permeado pelo diálogo constante entre as diferentes visões de mundo. Observação Já dizia Guimarães Rosa: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Esta é a visão que a Universidade Paulista busca desenvolver em seus alunos, hoje sentados nos bancos escolares, e amanhã organizando as carteiras para que outros sentem. Os dias atuais têm sido marcados por mudanças de desempenho com surgimento de atividades até então inexistentes. No caso da educação, o processo de transformação de pessoas antes às escolas, agora se estende ao território empresarial, às ONGs, hospitais, igrejas, eventos etc. Dessa forma, a pedagogia se transforma em instrumento poderoso contra a discriminação e desigualdade social. Além disso, rompendo com a tradição conteudista, adota a abordagem interdisciplinar como tratamento das informações e desenvolvimento de atividades educativas. Em resposta a tal panorama, o art. 4º da Resolução CNE/ 1/2006, em seu parágrafo único, descreve: As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares; III – produção e difusão do conhecimento científico‑tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares. (BRASIL, 2006, p. 2)

b) gestão: gestão educacional entendida numa perspectiva democrática que integre as diversas atuações e funções do trabalho pedagógico e dos processos educativos, especialmente no que se refere ao planejamento, à istração, à coordenação, ao acompanhamento, à supervisão, à inspeção, à orientação educacional e à avaliação em contextos escolares e não escolares e nos sistemas de ensino e ao estudo e participação na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas na área de educação. Embora na redação do artigo 4º da Resolução CNE/ 1/2006 a palavra participação não esclareça se o curso de Pedagogia fornecerá conhecimentos que possibilitem ao professor participar/acompanhar 15

Unidade I a gestão da escola, bem como se produzirá e difundirá conhecimentos ou se sua função suporá as duas tarefas, o curso da UNIP garante o contido no artigo 64 da LDB 9394/96. Esta vertente do currículo se justifica a partir do momento em que a istração pública adquiriu um formato gerencial, mais ágil e flexível, com o objetivo de imprimir eficiência ao desempenho do Estado, tornando‑o mais compatível com a atual fase do capitalismo global e competitivo. c) pesquisa e produção do conhecimento: a prática cotidiana da pesquisa é o elemento de significação maior para reconhecimento de nossa identidade, ou seja, a do pedagogo, superando, assim, os processos anacrônicos de conteudismos. Cabe ressaltar que a pesquisa tomada em suas múltiplas experiências metodológicas abrange diferentes correntes do pensamento e promove a participação ativa de docentes e discentes para a produção do conhecimento. No curso de Pedagogia da UNIP, conforme estabelecido em seu PPC (2011), a pesquisa e a produção do conhecimento estão presentes nos diferentes componentes curriculares e especialmente nos projetos de ação pedagógica e no trabalho de curso. Pesquisa é o ato pelo qual procuramos obter informações sobre alguma coisa. Com definição tão ampla, podemos dizer que estamos sempre pesquisando. Contudo, num sentido mais estrito, visando à criação de um corpo sistemático de conhecimentos sobre certo assunto, o ato de pesquisar deve apresentar certas características específicas. Assim, não buscamos qualquer conhecimento, mas um conhecimento que ultrae nosso entendimento imediato na explicação ou na compreensão da realidade que observamos. Neste caso, estamos fazendo pesquisa para construir o que entendemos por ciência, ou seja, tentando elaborar um conjunto estruturado de saberes que nos permita compreender em profundidade aquilo que, à primeira vista, o mundo das coisas e dos homens nos revela nebulosamente ou sob uma aparência caótica. Vamos, então, percorrendo aqueles caminhos que nos parecem, segundo critérios, mais seguros para construir uma compreensão aproximada dos homens, da natureza, das relações humanas etc. Docência, gestão, pesquisa e produção de conhecimento são eixos estruturantes e funcionam, por si, como norteadores do currículo do curso de Pedagogia. Vale ressaltar que eles funcionam como elemento de sustentação para o desenvolvimento de competências e habilidades nos educandos, conforme consta dos objetivos previstos pelo curso e em consonância com o perfil do egresso definido no PPC (PPC de Pedagogia da UNIP 2011). Observação PPC são as siglas utilizadas para Projeto Pedagógico do Curso. Na Universidade Paulista, o PPC é revisto anualmente. Os eixos estruturantes norteiam, ainda, o aprimoramento do pedagogo na perspectiva da formação do educando‑cidadão em todas as suas dimensões, perando os quatro pilares da educação expressos para a sociedade emergente do século XXI. 16

Pedagogia Integrada 1.1 A pedagogia na história da educação

A educação precisa ser encarada a partir de seu caráter histórico e social, visto que educar é formar pessoas, formar cidadãos, e os tempos, conforme vem mudando, alteram, sobremaneira, desde filosofias até metodologias de ensino que representam o momento histórico que se vive. Brandão (1995), entre os vários tipos de educação, cita dois: formal e informal. A educação formal é sistematizada e intencional, dá‑se nas instituições de ensino e a não formal é exatamente o seu contrário. Nosso objetivo neste livro é dialogar sobre a educação formal, aquela que ocorre intencionalmente e dialeticamente permeando a relação professor e aluno, pelas ações de quem sabe‑e‑faz, para quem não‑sabe‑e‑aprende. (IBIDEM, p.18) Daí a necessidade de construir a identidade do pedagogo, aquele sobre o qual tomamos a liberdade de chamar de especialista em educação, visto que é o profissional que estuda métodos e técnicas, filosofias e concepções de ensino e está encarregado de pensar a qualidade do ensino – a boa qualidade. É importante lembrar que não há um único modelo de educação, embora o objetivo de transformar pessoas esteja presente em todos, seja em sociedades de regimes políticos autoritários ou de regimes democráticos. Entretanto, podemos afirmar que seu desenvolvimento nas escolas gira em torno do conhecimento, dos valores, hábitos e costumes que circulam nas sociedades, e, de modo resumido, entendemos que seu objetivo é desenvolver os alunos e contribuir para sua inserção social. Dito de outro modo, o art. 205 da nossa Constituição trás o seguinte: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)

Essa educação considera o estudante como aquele que deverá ser preparado para o exercício da cidadania e do trabalho responsável como molas mestras para a estabilidade da sociedade e da nação (vale lembrar que a educação a que o artigo se refere se estende de zero a dezessete anos). Para que tudo isso aconteça, é necessária a presença do professor articulador e interventor no processo educativo que atue de modo firme, competente, decisivo e humano, sem perder de vista o desenvolvimento pleno dos discentes, desde a educação infantil até o ensino médio. É muito importante estudar melhor a qualificação desse profissional para o exercício do magistério na educação infantil, de zero a seis anos, — incluindo a creche e a pré‑escola — e nos anos iniciais do ensino fundamental, de seis a dez anos. Atualmente, sua formação para atuar nas respectivas faixas etárias está a cargo dos cursos 17

Unidade I universitários de Pedagogia, com raras exceções no território nacional, e nos cursos de formação para o magistério de nível médio. Porém, até pouco tempo atrás, estava devidamente habilitado a ser professor o portador de diploma de nível médio. A fim de melhor fundamentar nossa conversa sobre escola, educação, professor e aluno, ensino e aprendizagem, vamos conhecer a história dos cursos de Pedagogia, que além da formação do professor se preocupa com a gestão das escolas e a pesquisa educacional. Para tanto, trazemos ao diálogo a professora Rosa Mendonça de Brito, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas. De acordo com Brito (2003, p.1), “nas primeiras propostas para este curso, a ele se atribuiu o ‘estudo da forma de ensinar’”, onde deveriam ser formados os técnicos em educação, ou seja, aqueles profissionais que eram professores mais experientes: que realizavam estudos superiores em Pedagogia para, mediante concurso, assumirem funções de istração, planejamento de currículos, orientação a professores, inspeção de escolas, avaliação do desempenho dos alunos e dos docentes, de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da educação, no Ministério da Educação, nas secretarias de estado e dos municípios.

Pelo último destaque da autora, nota‑se a preocupação com um perfil mais técnico da formação do professor, portanto reducionista, se compararmos com a formação mais geral e humana pretendida hoje. Mas quem eram exatamente esses profissionais? Saber quem é o pedagogo é o ponto inicial desse nosso eio histórico. Temos, então, a seguinte questão: quem é o profissional de pedagogia? Qual sua história? Qual sua identidade? Para responder a esses questionamentos fundamentais a cada um que está lendo esse livro‑texto, cabe pensar sobre qual é exatamente o processo de constituição da profissão de professor. Ainda é necessário compreender como ocorreu a instalação da escola no Brasil, em especial, a escola pública, haja vista ela ter o dever de atender à população brasileira, pois esta depende dessa instituição para instruir‑se e galgar melhores possibilidades de trabalho e de vida. A profissão docente exerce‑se a partir da adesão coletiva (implícita ou explícita) a um conjunto de normas e de valores. No princípio do século XX, este “fundo comum” é alimentado pela crença generalizada nas potencialidades da escola e na sua expansão ao conjunto da sociedade. Os protagonistas deste desígnio são os professores, que vão ser investidos de um importante poder simbólico. A escola e a instrução encarnam o progresso:

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Pedagogia Integrada os professores são os seus agentes. A época de glória do modelo escolar também é o período de ouro da profissão docente. (NÓVOA, 1995, p. 19)

A formação do pedagogo vem acompanhada de várias batalhas. Há muita dificuldade desse profissional assumir a coordenação ou direção de algumas unidades escolares e, por vezes, encontramos profissionais de outras áreas pedagógicas atuando num espaço que deveria ser exclusivamente ocupado por pedagogos. A pedagogia não é uma profissão regulamentada, não possui código de ética e nem sindicato próprio. Sua identidade vem, assim, “emprestada” da docência. Sua formação, que o prepara para atuar em empresas, escolas, hospitais, brinquedotecas e sistemas escolares é minimizada somente para a docência. Não estamos desprezando a docência, e em hipótese alguma o faríamos, pois, além de pedagogos, somos docentes, e é a partir deste espaço que escrevemos esse material. Retomando a história, o que se percebe é que, a todo o momento, o curso de pedagogia vem sendo transformado — em sua grade curricular, em sua habilitação, em sua carga horária, em seu estágio — e o foco é sempre o mesmo, ou as políticas públicas (mudança de orientação partidária, por exemplo), ou as necessidades mercadológicas. Observação Para Brzezinski (1997), o curso de Pedagogia “navegava” em águas calmas no mínimo até 1945, quando começou a fase de redemocratização do país. Desde o século XIX, até meados dos anos trinta, a formação do professor acontecia na escola Normal. Na década de 1930, a figura Escola Normal vai sendo substituída pelos Institutos de Educação em que, segundo Tanuri (2000), a formação do professor primário se dava em dois anos, contendo tanto as disciplinas tradicionalmente conhecidas como Fundamentos quanto as Metodologias de Ensino. O Instituto de Educação oferecia também cursos de especialização, aperfeiçoamento, extensão e extraordinários. (FURLAN, 2002, p. 3863)

E é exatamente nesse momento, a partir dos institutos de educação, que surge o curso de Pedagogia. O primeiro curso superior de formação de professores é criado em 1935, quando a Escola de Professores (como era chamada), foi incorporada à Universidade do Distrito Federal. Esta recém‑criada Faculdade de Educação ou a conceder “licença magistral” para aqueles que obtivessem na universidade “licença cultural”. Com a extinção da UDF, em 1939, e a anexação de seus cursos à Universidade do Brasil, a Escola voltava a ser integrada ao Instituto de Educação. (IBIDEM, p. 3864) 19

Unidade I O objetivo era formar bacharéis e licenciados. Nos três anos iniciais, o estudante dedicava‑se às disciplinas de conteúdo — os fundamentos da educação e a didática, ministrada no quarto ano, era destinada a todos os cursos de licenciatura. O bacharel em pedagogia era preparado para ocupar cargos técnicos da educação; o licenciado, ir para sala de aula desempenhar a função docente. No início dos anos sessenta, mais especificamente em 1961, determinou‑se o currículo mínimo do curso de bacharelado em Pedagogia. Havia sete disciplinas indicadas pelo Conselho Federal de Educação (CFE) e duas disciplinas que ficavam a escolha de cada instituição que oferecesse o curso. Esse mecanismo centralizador da organização curricular pretendia definir a especificidade do bacharel em Pedagogia e visava manter uma unidade de conteúdo, aplicável como critério para transferências de alunos, em todo o território nacional. (BRITO, 2003, p. 2)

Em seguida veio o Parecer CFE nº. 292/1962, o qual regulamentava que, na licenciatura em Pedagogia, deveria haver três disciplinas — Psicologia da Educação, Elementos de istração Escolar, Didática e Prática de Ensino (a Didática o orientava e a Prática era o Estágio Supervisionado). Com a Lei nº. 5.540/1968, a Reforma Universitária, o curso de Pedagogia teve de oferecer as habilitações em Supervisão, Orientação, istração e Inspeção Educacional. No ano seguinte, a titulação recebida ou a ser de especialista mediante a complementação dos estudos. Vale à pena citar que o período de 1960‑1964 foi marcado pelo tecnicismo e a necessidade de se formar trabalhadores para o mercado capitalista, entre eles os profissionais da educação, atendendo ao apelo desenvolvimentista da época, visando dinamizar a economia do país, sendo essa etapa caracterizada como “a etapa do capitalismo brasileiro dedicada aos investimentos em educação alicerçados no ideário tecnicista” (BRZEZINSKI, 1996, p. 58). Então, a “ideologia tecnocrata” ou a orientar a política educacional, a educação ou a ser instrumento de aceleração do desenvolvimento econômico do país e também de progresso social. (FURLAN, 1996, p. 3866)

Nesse momento histórico, os anos sessenta, o mais valorizado ou a ser a técnica, e investiu‑se na formação de técnicos que trouxessem soluções para as questões educacionais. O mercado de trabalho necessitava de profissionais para “colocar a mão na massa” e a educação deveria formar esses indivíduos e engajá‑los no mercado. Antes de prosseguir a leitura do material, leia a tabela a seguir, que apresenta os períodos da Pedagogia e sua luta para reafirmar‑se: 20

Pedagogia Integrada Quadro 2 Denominação do Período

Período em anos

Características Concentra as etapas em que se processaram a organização e as reorganizações do curso em conformidade com a legislação então fixada — no qual teve sua identidade questionada.

Período das regulamentações

1939/1972

De fato, embora suas três regulamentações — o Decreto‑Lei nº 1.190/39, o Parecer CFE nº 251/62 e o Parecer CFE nº 252/69 [...] “representem um esforço no sentido de criar e tentar fortalecer a identidade do curso e, consequentemente, a do próprio pedagogo, na realidade elas se encontram carregadas de conteúdos que, contraditoriamente, provocam seu contínuo questionamento”. Representa o conjunto de encaminhamentos de autoria do então conselheiro Valnir Chagas ao denominado, na época, Conselho Federal de Educação, visando à reestruturação global dos cursos superiores de formação do magistério no Brasil, no qual teve sua identidade projetada.

Período das indicações

1973/1977

Algumas dessas Indicações chegaram a ser aprovadas pelo então Conselho Federal de Educação e homologadas pelo Ministro da Educação e Cultura, todavia, após a provocação de uma forte reação de alguns setores envolvidos com o assunto, foram sustadas e devolvidas ao Conselho. A partir da ideia de “formar o especialista no professor”, o que o conselheiro pretendia fazer era substituir o curso de pedagogia por vários novos cursos e habilitações, atestando, mais uma vez, a fragilidade desta área. Indica a documentação gerada no processo de revisão da formação do educador, o qual teve sua identidade em discussão. O movimento iniciado por professores e estudantes em reação à retomada pelo MEC das Indicações sustadas no período anterior vinha tendo como interlocutores não apenas a comunidade acadêmica, mas também as instituições universitárias e os organismos governamentais interessados no assunto.

Período das propostas

1978/1999

Da documentação decorrente desse período, Bissolli da Silva (1999) destacou as seguintes propostas como referência para análise da questão da identidade do curso de pedagogia: a de 1981, produzida pelo Comitê pró‑participação na reformulação dos cursos de pedagogia e licenciatura regional de São Paulo; a de 1983, produzida como Documento final do Seminário Nacional de Recursos Humanos para a Educação promovida pelo MEC em Belo Horizonte; a de 1998, de autoria da ANFOPE (Associação Nacional de Formação dos Profissionais da Educação); a de 1998, produzida pelo GT Pedagogia, do V CEPFE (Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores), promovido pela Unesp em Águas de São Pedro; e a de 1999, elaborada pela Comissão de Especialistas de Ensino de Pedagogia junto ao MEC. Segundo Bissolli da Silva (1999), o estudo dessas propostas evidenciam que, embora haja concordância com os princípios nucleares firmados já no início do movimento — a docência como base da formação profissional de todo educador, a qual deve supor uma base comum de estudos de forma a conduzir à compreensão da problemática educacional brasileira — são variadas as posições quanto à estruturação dos estudos pedagógicos a serem oferecidos à formação dos educadores. Fonte: adaptado de BISSOLLI DA SILVA (1999)

Outros períodos relevantes que trouxeram questões importantes a serem discutidas foram o do final dos anos setenta (1979) e o do final dos anos noventa (1998). 21

Unidade I Esta fase foi denominada por como período das propostas, no qual a identidade do pedagogo foi posta, mais uma vez, em discussão. Encontramos, nesse momento, alunos e professores levantando a bandeira da pedagogia: o regime militar era o vigente no início do período citado e, diante dessa realidade, docentes e discentes começavam um movimento para combater as reformas impostas. Lembrete A Ditadura Militar tem seu início em meados de 1964 e vai até 1985. Suas principais características foram: falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.

Saiba mais Para saber mais sobre o regime militar, leia a obra de Maria Ribeiro do Valle: 1968: o diálogo é a violência – movimento estudantil e Ditadura Militar no Brasil. Campinas: Unicamp, 1999. Esse movimento contra a ordem tem seu início em 1980 e até os dias atuais mantém‑se vivo, mesmo que às vezes nos pareça enfraquecido pela pouca participação e conhecimento dos estudantes, futuros pedagogos. A história do movimento relatada em muitos de seus Documentos indica que os primeiros grupos a se mobilizarem foram grupos independentes, em torno dos cursos de licenciatura, incluindo a Pedagogia. Em 1978, realizam o I Seminário de Educação Brasileira na Universidade de Campinas, que resultou na constatação da necessidade de debates em âmbito nacional, não apenas em grupos. Em 1980, é realizada a I Conferência Brasileira de Educação na PUC de São Paulo, e quando o MEC retoma as discussões acerca das indicações CFE 67/75 e 70/76, seus participantes se organizam para começar uma mobilização nacional, cujo resultado interferiu nos rumos que as discussões do MEC tomariam. Assim, a origem do movimento é marcada pela união de integrantes da conferência, oriundos de vários pontos do país que formaram o Comitê Nacional Pró‑Reformulação do Curso de Formação de Educadores a partir da articulação de comitês regionais. (FURLAN, 1996, p. 3868)

No início dos anos oitenta, grande parte das universidades ou a oferecer a formação para atuação na educação infantil. 22

Pedagogia Integrada O Curso de Pedagogia, desde então, vai amalgamando experiências de formação inicial e continuada de docentes para trabalhar tanto com crianças quanto jovens e adultos. Apresenta, hoje, notória diversificação curricular, com uma gama ampla de habilitações para além da docência no Magistério das Matérias Pedagógicas do então 2º Grau e para as funções designadas como especialistas. Por conseguinte, ampliam‑se disciplinas e atividades curriculares dirigidas à docência para crianças de 0 a 5 anos e de 6 a 10 e oferecem‑se diversas ênfases nos percursos de formação do pedagogo, para contemplar, entre muitos outros temas: educação de jovens e adultos; a educação infantil; a educação na cidade e no campo; atividades educativas em instituições não escolares, comunitárias e populares; a educação dos povos indígenas; a educação nos remanescentes de quilombos; a educação das relações étnico‑raciais; a inclusão escolar e social das pessoas com necessidades especiais, dos meninos e meninas de rua; a educação a distância e as novas tecnologias de informação e comunicação aplicadas à educação. (BRITO, 2003, p. 3)

O resultado dessa visão que se tinha do curso de Pedagogia originou, já àquela época, críticas severas que focavam na dúvida sobre a necessidade da existência do profissional dessa área. Afinal, para que ter pedagogos se a pedagogia não era um curso com currículo fechado e que sofria mudanças a todo o momento? Coma a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei no. 9394/96, o pedagogo tem uma vitória: para a docência nas séries iniciais do ensino fundamental e educação infantil, a a vigorar a necessidade da formação em Pedagogia, como podemos perceber no seguinte texto da lei: Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I – a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II – aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. Art. 62. A formação dos docentes para atuar na educação básica far‑se‑á em nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena em universidades e institutos superiores de educação, itida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatros séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 1996)

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Unidade I Há que se pensar: quem seriam os docentes graduados que atuariam na educação infantil e fundamental? Certamente, os pedagogos e pedagogas. Essa foi uma grande vitória, mas, em 2009 houve uma alteração no texto de lei. Após a mudança, a Lei nº 12.014, de 06 de agosto em 2009, traz o seguinte teor: Art. 61. Consideram‑se profissionais da educação escolar básica aqueles que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em istração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II – a associação entre teorias e práticas mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e em outras atividades. (BRASIL, 2009)

A Lei no. 12.014 alterou o art. 61 da Lei no. 9394/96 e relata que professores habilitados em nível médio ou superior para a docência poderão atuar na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio, assim como os trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em istração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; e os trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior, poderão trabalhar em área pedagógica ou afim. Ainda assim, acreditamos que devemos continuar comemorando, já que, embora o texto da lei cite a formação desses docentes em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e 24

Pedagogia Integrada nos ensinos fundamental e médio, entendemos que não acontecerá um retrocesso, ou seja, os alunos continuarão procurando a graduação em Pedagogia para formar‑se, pois este é um grande avanço na história do curso de Pedagogia no Brasil e dessa área como um todo. Voltamos à questão que nos propusemos a discutir neste capítulo: qual a identidade do pedagogo: quem ele é exatamente, e o que faz esse profissional? Nos anos 1990, foi se constituindo como o principal locus da formação docente dos educadores para atuar na Educação Básica: na Educação Infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. A formação dos profissionais da educação, no curso de Pedagogia, ou a constituir, reconhecidamente, um dos requisitos para o desenvolvimento da Educação Básica no país.

E, acreditamos, que deva ser esse o pensamento que permeie toda formação em Pedagogia. Todos os alunos devem orgulhar‑se de estar cursando uma graduação de tão relevante lugar na construção de um estado democrático e que respeita as diferenças. Exemplo de aplicação

Pense sobre tudo o que conversamos até aqui. Que pedagogo você quer ser? Leia o trecho a seguir e reflita sobre ele: é altíssima a contribuição do pedagogo na geração da grandeza de uma nação pelos efeitos que ela produz, e que é identificável pela atuação social de seu ex‑alunado emancipado, maduro e responsável. Por essa razão, é extremamente necessário que o aluno tenha uma educação atualizada, larga e profunda e, ainda, uma excelente experiência vivida em estágio, para que, no exercício definitivo de sua função, em qualquer nível em que ele ocorra, esteja sempre atuando no limiar da perfeição. 1.2 Educação tradicional

Observação No início dos tempos, não havia educação na forma de escolas. O objetivo da educação era ajustar a criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição das experiências. Os chefes de família eram os primeiros professores, depois foi a vez dos sacerdotes. Descrevemos agora, com apoio de Freire e sua obra Pedagogia do oprimido (1975), a educação tradicional: 25

Unidade I a) O educador é o que educa; os educandos, aqueles que são educados. As decisões sobre a educação devem ser sempre do educador, mas seria possível chamar de educador alguém que não considera os alunos como sujeitos? b) O professor é o que sabe; os estudantes, os que não sabem: o docente é o “dono do saber”, e que por ter tido a oportunidade de nascer antes ou de estudar determinados conteúdos antes de seu educando é quem detém o conhecimento, por isso será o “ador” deste, pois é ele quem sabe mais. c) O mestre é o que pensa; os alunos, os pensados. Estes últimos não têm condições de pensar, exceto se forem direcionados, e é essa a função de um educador: pensar o que deve ser pensado! d) O docente é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente: a posição privilegiada do educador é o que lhe dá a voz. É ele quem sabe o que deve ser dito, o que deve ser estudado e principalmente como isso acontecerá. Ao estudante, bastar ouvir e aprender, visto que o educador está falando/ensinando. É o processo do ditar/falar do mestre. e) O professor é o que disciplina; os educandos, os disciplinados: somente o educador tem a vez. É ele quem decide, descreve, organiza, escolhe, ensina e, para isso, se faz necessário um “bom” comportamento. Traduzimos: o aluno deve ouvir, copiar, ler, decorar para aprender. Somente conseguirá fazê‑lo caso se “comporte”, e quem dita as regras de conduta é sempre o docente. Comportamento aqui significa submissão, silêncio, obediência. f) O mestre é o que opta e prescreve sua opção; os estudantes os que a seguem: este não sabe, não tem condições de saber, decidir; aquele, faz por este. g) O docente é o que atua; os discentes, os que têm a ilusão de que atuam nessa ação do educador: o protagonista de todo processo educacional é o docente. O aluno é mero coadjuvante, ele aprenderá se o professor ensinar. Sua função, aprender, é quase irrelevante, já que o papel principal é do professor, que é ensinar sempre. h) O educador escolhe o conteúdo programático; os estudantes, jamais ouvidos nesta escolha, acomodam‑se a ele: quem melhor para escolher o que e como trabalhar? O professor. Ele é mais experiente, ele conhece, ele sabe, ele é o protagonista! i) O docente identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar‑se às determinações daquele: livre é quem sabe. O educando não sabe, ainda, se não for ensinado. O professor sabe, daí sua autoridade. Saber é ser superior. O educador sabe, logo... j) O mestre, finalmente, é o sujeito do processo; os discentes, meros objetos. Os alunos terão a chance de se tronar sujeitos, desde que saibam, desde que aprendam exatamente aquilo que o professor lhes ensinar e, do mesmo modo, reproduzindo o conhecimento de quem lhes ensina. Somente assim poderão vir a ser sujeitos, mas a responsabilidade sobre essa mudança de posição 26

Pedagogia Integrada será sempre do educador, já que é sua a responsabilidade de ensinar e de “transmitir”. O aluno não faz mais que sua obrigação de aprender! Após essa leitura, será que ainda queremos ser pedagogos? É para isso que estudamos, que vamos às salas de aula, espaços de gestão, espaços não escolares, lemos, fazemos trabalhos, seminários, pesquisas e provas? Na verdade, este tópico tem como finalidade mostrar o oposto do que pensamos na Universidade Paulista — modalidade presencial ou interativa —, ou seja, não queremos alunos máquinas, reprodutores do que dizemos nas aulas. Nosso desejo é de ter alunos críticos, pensantes, pesquisadores, sujeitos! A educação tradicional é oriunda de uma concepção de ensino, em que este é visto “como intelectualista e às vezes como enciclopédico, pois os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, o que vale é uma educação formalíssima e acrítica”. (BARROS JUNIOR, 2001, p. 21) Ainda, segundo Libâneo (2004), na pedagogia tradicional, A atividade de ensinar é centrada no professor que expõe e interpreta a matéria. O meio principal utilizado é a exposição oral. É importante que o aluno preste atenção, porque ouvindo facilita‑se o registro do que se transmite na memória. O aluno é, assim, um recebedor da matéria e sua tarefa é decorá‑la. A matéria de ensino é tratada isoladamente, desvinculada dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida. (p. 67)

É essa educação que queremos desenvolver? É dela que queremos ser os “sujeitos”? Exemplo de aplicação

Observe o seguinte esquema: Aplicação

Conhecimento

Educação

Compreensão

Análise

Síntese Avaliação Figura 1

Você pode imaginar como a educação tradicional percebe e trabalha com cada um dos itens indicados pelas setas? Faça uma reflexão e escreva sobre isso. 27

Unidade I 1.3 Educação crítica Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender‑e‑ensinar. Para saber, para fazer, para ver ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (BRANDÃO, 1995, p. 7)

Para pensar numa educação crítica, destacamos Paulo Freire, educador pernambucano que melhor nos faz pensar sobre a criticidade e a necessidade de assumir‑se sujeito de sua própria aprendizagem na construção do conhecimento. Da obra Pedagogia do oprimido (Freire, 1975) trazemos alguns pontos que devem ser considerados nessa discussão. Como fizemos no item anterior, tomamos a liberdade de alterá‑los e criar um tratado do educador crítico. Vejam os itens a seguir: a) O educador é quem educa e, ao mesmo tempo, é educado. Os educandos trazem uma bagagem de vida para a escola. É a partir dela que o mestre deve começar a desenvolver seu trabalho e, ainda, é com ela e seu dono que ele tem grandes possibilidades de aprender, de aperfeiçoar‑se, de avaliar‑se. b) O professor é o que sabe; os educandos, também sabem. E sabem muito. Eles são uma inesgotável fonte de aprendizado para seu professor. c) O docente é o que pensa; os estudantes, aqueles que o fazem pensar. É por nossos alunos que precisamos desenvolver uma postura reflexiva, um processo de ação‑reflexão‑ação, como preconizado por Nóvoa (1995). Toda ação docente deve ser planejada e avaliada visando o replanejamento e a melhoria da qualidade do ensino. d) O mestre é o que diz a palavra; os alunos, os que a escutam curiosamente e a utilizam para perguntar, questionar, contribuir com a fala do seu educador. É necessária uma troca entre os sujeitos citados. e) O professor é quem constrói regras e é preciso explicitá‑las. Estudantes e docentes devem contribuir nesse processo. f) O educador opta e prescreve sua opção juntamente com seus estudantes, já que isso vai interferir diretamente no plano de trabalho de ambos. g) O docente e o discente, como sujeitos, atuam e são os protagonistas da história que começam a construir juntos. Algumas vezes, o primeiro deverá se colocar como coadjuvante, mas o segundo será sempre o protagonista. E o papel do mestre será sempre de incentivador das descobertas e busca para solucionar as dúvidas dos alunos. Ele é o mais experiente, assim, precisa utilizar‑se de todas as possibilidades para provocar a curiosidade da classe. 28

Pedagogia Integrada h) O professor, antes de escolher o conteúdo programático, precisa saber quem são seus alunos, como pensam e o que fazem para, assim, poder fazer as melhores escolhas, inclusive de cunho metodológico para que possa desenvolver uma ação docente séria, consciente, que dê resultados, que seriam as aprendizagens significativas, as quais os alunos levam por toda vida. i) O mestre percebe sua autoridade funcional como em favor do estudante. Seu saber é o que será utilizado para proporcionar melhores momentos de aprendizagem e de construção de conhecimento. Um educador jamais enxergará a autoridade do saber que seus estudos lhe proporcionaram como uma autoridade funcional que oponha antagonicamente à liberdade dos educandos, fazendo que estes simplesmente adaptem‑se às suas determinações. Um educador sabe que, em termos de conteúdo escolar, tem maior conhecimento, mas sabe, também, que existem os conteúdos da vida, os conhecimentos prévios que são fundamentais para a construção do saber. Lembrete Autoritarismo X Autoridade O autoritarismo esconde‑se atrás da incompetência do professor; é a “doença da autoridade”, é, na verdade, um antivalor. Na postura autoritária, o educador pensa tudo saber, ou seja, não há nada mais a aprender; quer tudo falar e nada ouvir. A autoridade vem de outro tipo de relação: possui autoridade quem exerce função incentivadora e função orientadora. j) O educador percebe que seus alunos não são meros objetos, pelo contrário, eles são a razão de sua existência. Todo professor torna‑se professor para educar, não para exercer uma autoridade sobre alguém. Sua autoridade se apresenta nas ações pensadas, planejadas, colaborativas. Sua intenção é possibilitar situações de aprendizagem que façam seus alunos pensar, refletir sobre os conteúdos e como aplicá‑los na vida. Todo docente deve ver seus estudantes como parceiros iguais para que possa desenvolver uma educação crítica e que sejam críticos e reflitam sobre as “coisas do mundo” e atuem sobre este, para transformá‑lo no lugar em que gostariam de viver. Nem sempre as escolas possuem essa visão da transformação e isso precisa mudar. É necessário considerar a realidade dos educandos que nela chegam. Dessa realidade fazem parte as diferenças culturais, sociais e de aprendizagem. Alguns alunos têm mais condições de ler bons livros e revistas, de ar a internet (às vezes de suas próprias casas). Outros podem viajar e conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes. 29

Unidade I Assim, os conhecimentos construídos são diferentes. Alguns discentes não saem de seus bairros ou de suas cidades. O conhecimento deles é rico, mas dentro de um único contexto. O vocabulário também é outro fator importante, e aqui acrescentamos as diferenças regionais de fala que se alteram geograficamente (o sotaque e as denominações dadas para determinados objetos, por exemplo, podem diferir muito de região para região). O professor precisa conhecer essa realidade e aproveitá‑la de modo positivo, auxiliando seus alunos na construção de conhecimento mais amplo, visando sua vida adulta e profissional. Há de se considerar, já que falamos sobre profissão, que infelizmente há muitos estudantes que trabalham mesmo na infância. Isso se torna uma dificuldade em certos momentos, já que essas crianças chegam cansadas e desmotivadas à escola. As aulas e os deveres de casa nem sempre são bem aproveitados por falta de tempo, de auxílio ou por haver cansaço excessivo. Tais situações podem levar o aluno a calar‑se, a “desaparecer” na aula. Ele está fisicamente sentado à carteira, mas seus pensamentos estão longe ou “dormindo”. O docente precisa, nesse momento, usar sua autoridade do saber, ou seja, deve munir‑se de mecanismos para trazer o estudante de volta à sala de aula, incentivando‑o a não desistir. É então que as metodologias adequadas surtirão efeito. É o momento de ensinar e tirar o melhor de cada aluno. O objetivo é fazê‑lo pensar sobre sua realidade e incentivá‑lo a buscar meios de alterá‑la. Exemplo de aplicação

Leia o trecho a seguir e produza um pequeno texto com suas impressões acerca dele: Todos os dias me vem a tentação de podá‑las um pouco para ajudar a crescer, mas permaneço na dúvida entre as duas concepções de mundo e da educação: se agir de acordo com Rousseau e deixar obrar a natureza, que nunca se equivoca e é fundamentalmente boa, ou ser voluntarista e forçar a natureza introduzindo na evolução a mão esperta do homem e o princípio da autoridade. Até agora a incerteza não acabou e em minha cabeça disputam as duas ideologias. (GRAMSCI, 1978, p. 39)

É uma educação crítica que pretendemos e defendemos. É assim que esperamos que os pedagogos trabalhem para formar os “aprendentes”. De acordo com essa visão, caberá ao professor conhecer os conteúdos, assim como seus significados nos mais diversos contextos, especialmente por estarmos falando da diversidade. O educador deve, 30

Pedagogia Integrada ainda, trabalhar de modo interdisciplinar refletindo sobre as metodologias a serem aplicadas em cada aula, de acordo com seus objetivos planejados e conteúdos a serem ensinados. O professor precisa estar comprometido com os valores da sociedade em questão, trabalhando com seu aluno a ética, estética, política e solidariedade.

Saiba mais Para saber mais sobre questões como fracasso escolar, conhecimentos prévios, protagonismo, entre outros, leia a obra: A vida na escola e a escola da vida, de CECCON, C.; OLIVEIRA, M. D.; OLIVEIRA, R. D., 2001. 1.4 Educação, sociedade da informação e a tecnologia

Pensar nos progressos da tecnologia significa rever em perspectiva a própria aventura do ser humano. (MONTEIRO, OLIVEIRA E BARBUTO, 2002, p. 10) Seria possível nos dias atuais imaginar um mundo sem tecnologia? Um mundo sem os recursos informáticos, sem o telefone celular para mandar torpedos e para despertar na hora de acordar? Um mundo sem e‑mails? Sem editor de textos? Um exemplo bem próximo é a produção deste livro‑texto, ou você imaginou que tudo foi produzido à mão? Na contemporaneidade, utilizamos os recursos tecnológicos para quase todas as coisas que fazemos e pensamos, especialmente aqueles oriundos da informática. Até namorar, que prescinde outro indivíduo, estamos fazendo via internet. Novos tempos. Novos tipos de encarar e se relacionar com o mundo. A seguir, uma pequena história: Um belo dia, Davis Byrne, o cérebro da extinta banda norte‑americana Talking Heads, resolveu fazer uma canção chamada Nothing but flowers – Nada além de flores – para tentar descrever as sensações que o homem experimentaria se, provado das maravilhas do mundo moderno, tivesse de retornar ao estilo de vida que a natureza lhe oferecia há 30 ou 40 mil anos. No início, Byrne se diverte com a delirante hipótese. Vê a si mesmo como um novo Adão, livre dos Jardins do Éden. E, evidentemente, fica feliz da vida por ter todo o tempo do mundo para não fazer nada ao lado da belíssima Eva.

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Unidade I De repente, começa a sentir saudade do micro‑ondas, dos shopping centers, dos letreiros luminosos de Nova Iorque e até da Pizza Hut e do 7‑Eleven – duas das mais tradicionais redes americanas de fast‑food. Da saudade à insatisfação é um pulo e, em um segundo, Byrne compreende ser impossível viver sem os referenciais que, mal ou bem, ajudaram a moldar sua identidade. Quando a canção Nothing but flowers começou a ser tocada, houve quem taxasse o trabalho de Byrne como “antiecológico”. Nada mais falso. Na verdade, o artista fez uma radiografia perfeita de como a tecnologia nos transformou, atendendo (ou criando) novas necessidades”. (MONTEIRO, OLIVEIRA E BARBUTO, 2002, p. 9)

No texto que acabamos de ler, percebemos muito claramente uma realidade da qual não podemos fugir: não conseguimos mais viver sem a tecnologia, seja no banco, no supermercado, em casa, no trabalho e principalmente na escola, pois, hoje em dia, mesmo que os alunos sejam oriundos de classes mais baixas, em grande parte do nosso país já se tem o à rede mundial de computadores. Assim, os nossos aprendizes obtêm informações numa velocidade muito superior a nós, seus professores. Nesse momento, mudamos de papel radicalmente: são eles que nos ensinam! Todo educador, já dizia Guimarães Rosa, não é aquele que só ensina, mas o que aprende com seus aprendentes. Ser educador é ensinar e aprender e, quando o tema é tecnologia, muitos deles alunos já aram muito a nossa frente. Costumamos dizer que “as mãos deles são como mouses” ou que “o mouse é a continuação de suas mãozinhas”. Aqui usamos o diminutivo para nos referenciar às crianças bem pequenas, que têm mais facilidade com as TICs — Tecnologias da Informação e Comunicação. Esse panorama serve para lembrá‑los que o mundo do século XXI é tecnológico e, portanto, a educação não escapa dessa realidade e nem deve, já que das TICs podemos tirar muito proveito em sala de aula, ampliando a gama de recursos pedagógicos que podemos lançar mão. A própria LDB menciona em seu texto a utilização desses recursos na modalidade a distância (EaD). O texto da lei preconiza: Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

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Pedagogia Integrada § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos aos cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996)

Se há tantas possibilidades na modalidade a distância, há que se considerar, também, suas potencialidade no modelo presencial. Lembrete Você, aluno da UNIP interativa, faz sua graduação com os mais modernos recursos tecnológicos. Aqui temos diversos estúdios em que os professores ministram suas aulas ao vivo ou as gravam. Elas são transmitidas em tempo real e ainda ficam armazenadas durante o semestre letivo para que você as assista quantas vezes desejar. Ainda, você pode interagir via chat, fórum e e‑mail com professores e tutores. Certamente você já ouviu a frase “inventaram o computador para resolver problemas que antes não existiam”. Se refletirmos sobre ela, seremos capazes de elencar uma série de “problemas” que surgiram por conta das tecnologias, mas, ao lado da coluna problemas, não há dúvidas que teremos a coluna facilidades, já que a informática veio facilitar as nossas vidas em muitas coisas, não é mesmo? Na sociedade em que vivemos, não é possível fechar os olhos às tecnologias e, com um planejamento sólido, os processos educativos poderão ser mais ricos com mais esse recurso. Vejam: não estamos dizendo que as TICs resolverão as questões da educação, muito pelo contrário. Se um docente inseri‑las em seu trabalho sem conhecimento, sem perceber suas reais possibilidades e, acima de tudo, sem enxergá‑las apenas como mais um recurso, o fracasso será iminente. 33

Unidade I A tecnologia não irá, por si só, trazer todas as soluções que buscamos para que a educação seja cada vez mais significativa. É importante pensar nos objetivos de ensino sempre antes de escolher este ou aquele instrumento facilitador da aprendizagem. A educação e, por consequência, a didática, vem buscando nas suas reflexões sistemáticas do processo ensino‑aprendizagem entender as novas formas de “fazer educação”. Diante disso, é imprescindível que educadores, desde o início da sua formação, discutam e reflitam a respeito das novas possibilidades e novos entremeios instalados nesse processo de ensino‑aprendizagem. Não somente novas tecnologias, como também novas formas de se enxergar/olhar seu uso na educação estão encontrando espaço nas formas, meios e recursos para se ensinar e para se aprender. Esta é a grande questão: ver as novas possibilidades e potencialidades das TICs, mudando hábitos, posturas e novos processos reflexivos que levem diariamente cada educador a repensar sua prática – com e sem tecnologia. O que é necessário considerar nessa discussão é a relação entre alunos, professores e escola em face da sociedade da informação, a qual podemos, inclusive, “promover” à sociedade da aprendizagem, ou seja, aquela em que é preciso que haja um novo perfil de docente e de discente e, consequentemente, de escola e de educação. O educador, nesse contexto, deve ter a percepção de seu papel de “protagonista” na sociedade da aprendizagem, no qual, para ele, é imprescindível perceber objetos, pessoas, acontecimentos e saber relacioná‑los e incentivar seus alunos a fazer o mesmo, construir conhecimentos desenvolvendo uma aprendizagem significativa.

Saiba mais Para saber mais sobre a sociedade da informação, leia: Livro verde da informação no Brasil, de TAKAHASHI, T., 2000. Perrenoud (1999, p. 8) acrescenta que as competências clínicas de um médico não vão muito além de uma memorização precisa e de uma lembrança oportuna de teorias pertinentes. Nos casos em que a situação saia da rotina, o médico é exigido a fazer relacionamentos, interpretações, interpolações, inferências, invenções, em suma, complexas operações mentais cuja orquestração só se pode construir ao vivo, em função tanto de seu saber e de sua perícia quanto da sua visão da situação.

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Pedagogia Integrada É fato que não podemos nos manter parados no tempo e no espaço. A cada dia o aluno tem diferentes dúvidas, curiosidades e modos de pensar sobre tudo.

Saiba mais Para saber mais sobre Phillipe Perrenoud, recomendamos a leitura das seguintes obras: Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar, 1995. E Dez novas competências para ensinar, 2005. Os professores precisam, então, compreender como agir diante dessa nova realidade e encontrar mecanismos para fazê‑lo obtendo sucesso. Morin (2003) diz que a escola precisa formar alunos de uma forma diferente. É a metáfora da cabeça cheia X cabeça benfeita. Explicamos. De acordo com esse estudioso, filósofo da educação, o que a escola faz hoje é encher a cabeça do estudante com muitas informações que eles nem têm noção sobre o que se tratam e como as utilizarão no futuro. Essa crítica nos levaria a desenvolver uma ação docente visando à construção de uma cabeça benfeita, ou seja, aquela em que o discente é convidado construir e não a receber a transmissão dos conhecimentos de seu mestre. Na cabeça bem cheia, os saberes estão empilhados e o indivíduo ainda não desenvolveu a habilidade nem a competência de colocar e tratar problemas para, em seguida, ligar os saberes e lhes dar sentido. Na cabeça benfeita, o sujeito terá contato com diversas informações e conhecimentos, mas terá desenvolvido o que Morin (2003) chama de aptidão geral em lidar com a capacidade mais comum na infância e na adolescência, que é a curiosidade, encarando a organização dos conhecimentos num processo circular, que vai da separação (diferenciação, oposição, seleção, inclusão) à ligação (conjunção, inclusão, implicação) e vice‑versa, da análise à síntese. Uma cabeça bem feita significa que, em vez de acumular o saber, é mais importante dispor de uma aptidão geral para colocar e tratar os problemas e princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido. (MORIN, ibidem, p. 21)

Ainda, entende o conhecimento não só todo e nem só em partes, mas percebendo as relações de reciprocidade entre todo e partes, vivenciando um interessante processo de aprender, não das disciplinas para o conhecimento, mas da curiosidade pelo conhecimento para as diciplinas. 35

Unidade I Todas essas mudanças foram e continuarão sendo necessárias para continuarmos no mundo e para que possamos acompanhá‑lo. Assim, o aluno na sociedade da aprendizagem será um aprendiz do “viver aprendendo” ou que “aprenderá a aprender”. Acontecerá um afastamento de uma pedagogia da dependência para uma pedagogia da autonomia. Na sociedade da aprendizagem, o professor possui como desafio ajudar a desenvolver nos estudantes, futuros cidadãos, a capacidade de trabalho autônomo e colaborativo bem como o espírito crítico. E cabe à escola desenvolver‑se como comunidade autocrítica, aprendente e reflexiva, a qual: • se autogere; • tem seu projeto próprio; • tem objetivos e avalia‑se permanentemente; • se contextualiza na comunidade e interage com ela; • acredita nos seus professores; • envolve os seus alunos; • “aceita” a contribuição dos pais; • se considera em desenvolvimento e em aprendizagem. Então, nós educadores precisamos re(criar) nossos papéis, mediar construções de conhecimentos focadas mais nos processos do que nas suas finalizações, sendo levados a aprender a aprender a todo momento. Assim, na sociedade da aprendizagem, cabe aos professores repensar a forma e reformar o pensamento, como destacado no subtítulo do livro de Morin: A cabeça benfeita. Exemplo de aplicação

Vamos a um desafio? Você está à frente de uma escola. Como faria para desenvolver com seus professores as ideias propostas por Edgard Morin? Elabore um texto com o título “Tratado para uma cabeça benfeita”.

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Pedagogia Integrada 2 A Pedagogia hoje: objetivos, es legais e abrangência 2.1 Legislação relacionada à pedagogia

A pedagogia tem hoje duas grandes legislações que a acompanham. A primeira delas é, por ordem de promulgação, a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional, a LDB — lei nº 9.394/96 e, em seguida, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, DCNs — Resolução CNE/ nº 1, de 15 de maio de 2006. Na verdade, a LDB atual é a terceira dentro da história da nossa educação. A primeira é a lei nº 4.024/61, que foi substituída pela lei nº 5.692/71, a qual foi substituída pela atual, lei nº 9.394/96. Veja um quadro explicativo com as principais características de cada uma delas: Quadro 3 4.024/61

5.692/71

9.394/96

20/12/1961

11/08/1971

20/12/1996

Capítulo decisivo na história política da educação brasileira do século vinte;

Alterou a estrutura organizacional da educação nacional;

Foi debatida durante dez anos no Congresso Nacional;

Foi bastante clara quanto à determinação e ordenação dos períodos, séries, faixas ou etapas a serem vencidas pelos alunos para completar seus estudos, em todos os graus de ensino;

Flexibilizou a organização educacional no que diz respeito à possibilidade da não seriação, pois seu artigo 23 permite a organização escolar por grupos não seriados, ciclos, períodos de estudo na educação básica, entretanto, somente detalha e define regras para o modo de ensino seriado;

Foi resultado do debate entre o Anteprojeto da Comissão Mariani (1948) e o primeiro substitutivo do deputado Carlos Lacerda (1958); Discutiu as mudanças no jogo político que levaram a legislação citada a ar da completa paralisia institucional à situação de maior vivacidade; Não mudou tanto a escola curricularmente, sua grande vantagem foi o fato de não ter fixado um currículo rígido para todo o território nacional em cada nível e ramo do ensino; Essa abertura possibilitou aos Estados anexar disciplinas optativas ao currículo mínimo do Conselho Federal de Educação (CFE) de acordo com os recursos materiais e humanos de que dispunham. Com isso, agravou os regionalismos do país; Contribuiu para a estruturação da educação primária: até ela, a política educacional do país não havia considerado com clareza, ou seja, não havia traçado planos e diretrizes para este nível de ensino;

O currículo visava proporcionar ao aluno a formação necessária ao desenvolvimento de sua potencialidade como elemento de autorrealização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania; Introduziu na legislação escolar brasileira o trabalho científico de alguns autores: o Parecer 853/71 da referida Lei utiliza a teoria psicogenética de Jean Piaget para delimitar as ‘séries’ do ensino de 1o grau em séries inicial e final; Referendou seu respeito à formação do eu essencial em face dos processos circunstanciais.

Parece haver diminuído em parte a preocupação com a humanização em consequência da aquisição de ideais e valores de natureza filosófica pelos que se formam e educam; Buscou privilegiar o processo e visa à formação mais para a sociedade do que para própria vida; As três principais inovações em relação às legislações anteriores são as seguintes: igualdade de condições para o o e permanência na escola; gestão democrática do ensino público; certificado de validade do ensino regular para estudos e experiências obtidos pelo aluno fora da escola regular.

Valorizou os mais altos valores humanos que elevam o homem sobre tudo o mais, sejam objetos, sejam instituições. Fonte: adaptado de CORRÊA et al (1997)

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Unidade I Exemplo de aplicação

Após ler as informações do quadro, que tal refletir sobre as semelhanças e diferenças de cada uma das leis? Para isso, busque o texto completo de cada uma delas e dê seu parecer produzindo a “LDB dos meus sonhos”. 2.1.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – lei no. 9394/96 A atual LDB é a lei no. 9394/96. Ela foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, após tramitar por mais de treze anos no Congresso Nacional. Ficou conhecida como Lei Darcy Ribeiro, visto que o senador, falecido em fevereiro de 2007, foi um dos seus mais ferrenhos defensores. De lá para cá, muito sobre seus artigos se falou, ora em sinal de apoio, ora em desagravo. Há, por isso, diversas publicações sobre o tema. Vamos conhecer o contexto no qual ela foi criada, discutida e aprovada? Não é novidade que a educação, apesar de sua importância no crescimento e desenvolvimento de um país, sempre foi utilizada pelos “poderosos” como moeda de troca para conseguir novos mandatos nos governos, por exemplo. O objetivo primordial dos processos educativos deveria ser o de transformar a sociedade, promovendo mudanças para uma vida com mais qualidade para seus cidadãos. Daí a necessidade de uma legislação séria que pense a educação sob esse prisma e oferte excelência no ensino e na aprendizagem àqueles a quem a ela recorrem. Da educação e, consequentemente, da escola, não se pode tirar o olhar das questões sociais, políticas e econômicas, já que os alunos e suas famílias, professores e gestores sempre vivenciam todas elas. Nesse contexto surgem as leis, como a atual LDB, que traz noventa e dois artigos distribuídos em treze títulos. De acordo com Souza & Silva (1997), com essa lei “perdeu a filosofia e ganhou os sociologismos” (p. 7), quando apontam um enfraquecimento do tratamento às questões humanizadoras, mais presentes nas duas LDBs anteriores. Há ranços e avanços, como destacado no título do livro de Pedro Demo: A nova LDB, ranços e avanços – de 2007. Como avanços da LDB, pode‑se observar o princípio da avaliação como parte central da “organização da educação nacional” (Art. 8º), pois os educadores vivem de avaliar os alunos, mas detestam ser avaliados como se a “autoridade” para avaliar não tivesse como pressuposto lógico e histórico

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Pedagogia Integrada ser e estar sempre avaliado, ou seja, numa crítica mais ampliada o educador de hoje deve perceber que sua autoridade em avaliar não o isenta de também ser sujeito alvo num processo de avaliação, pois quem foge da avaliação perde a autoridade de avaliar. (MARTINS, 2010, p. 39)

O ato de avaliar algumas vezes é usado pelos docentes como uma “arma”. Mas essa visão é autoritária e negativa. O fato de também serem avaliados causou medo e revolta entre os professores. Não acontece o mesmo com os alunos? Esse foi um grande avanço. Para Demo (2007, p. 34), o conhecimento só se dá quando há questionamento e abertura para criticar e ser criticado, o que ocorre por meio da avaliação à qual reagem de forma ridícula, porque absolutamente contraditória com a própria conduta do avaliador, e sarcástica, porque redunda em reles auto‑defesa, e, com isso, em prepotência.

A partir dessa visão, ressaltamos o título “Da Educação Básica”, que, em seu art. 22 apresenta certa diferença à legislação anterior no que diz respeito à qualificação para o trabalho como componente marcante do ensino, denominado 1º. e 2º. Graus à ocasião. [...] nesta, tem‑se como compromisso da educação básica não a qualificação para o trabalho, mas o compromisso de fornecer ao educando “meios para progredir no trabalho e em seus estudos posteriores”. A alteração no objetivo é, pois, profunda e corrige o rumo do que se pretendeu impor com a Lei 5692/71: a profissionalização obrigatória no 2º. Grau, hoje, ensino médio, e que resultou em fracasso absoluto. Neste aspecto, a Lei 9393/96 encontra equilíbrio que tanto faltou à lei anterior (SOUZA & SILVA, 1997, pp. 41‑42).

O docente, para trabalhar com essa nova visão, precisa ser bem formado e bem preparado. A LDB também traz alterações em sua formação, por exemplo, no que diz respeito ao professor para trabalhar na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental, como já apresentado neste livro‑texto. Lembrete Lembre‑se que em 2009 houve a alteração (lei no. 12.014) relativa à formação do professor de educação infantil e ensino fundamental – séries iniciais, quando voltou a ser considerada a formação em nível médio, modalidade Normal, a qual, no texto original vinha como “itida como o mínimo”. 39

Unidade I Ainda no que diz respeito à formação docente, este precisa ser um professor capacitado e autônomo, capaz de formar sujeitos livres, participativos e verdadeiramente holísticos, visando a libertação deste caos social secular e a possibilidade de reintegrar o homem ao pleno exercício de sua cidadania. Nesse sentido, faz‑se necessário que o educador tenha prazer em aprender, para que o aluno tenha o mesmo processo de prazer que surgirá na medida em que houver um direcionamento do educador em separar o que é bom, o que é proveitoso, oportuno e indispensável. (MARTINS, 2010, p. 49)

Ainda sobre os professores, vale ressaltar que a LDB, como um texto mais flexível e mais adaptado às realidades do Brasil, e, segundo (Martins, ibidem, p. 50), também tem característica mais “descentralizadora por fortalecer a autoridade e autonomia dos sistemas e instituições”, sendo mais “criativa propondo diferentes caminhos e alternativas pedagógicas com o objetivo de melhorar a aprendizagem e o padrão de qualidade das escolas” e, ainda, “é incentivadora proporcionando novas perspectivas à realização e formação do educando ao rejeitar sua retenção e estimular seu avanço crescente de diversas formas”. O art. 13 acrescenta que cabe aos professores: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias letivos e horas‑aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. (BRASIL, 1996)

É fácil de perceber que uma formação sólida e de boa qualidade é fundamental para cumprir todos esses objetivos. Quem ganha com isso? Os alunos, os próprios professores e a sociedade. Esta lei certamente traz em seu bojo grandes avanços. Com relação aos currículos escolares, ela enfatiza dois conjuntos de conhecimentos, ou seja, uma base nacional comum juntamente com uma parte diversificada, a qual fica a cargo de cada sistema de ensino, de acordo com suas características e necessidades locais. 40

Pedagogia Integrada Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (Redação dada pela Lei nº 12.287, de 2010) § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) IV – amparado pelo Decreto‑Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. § 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

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Unidade I § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.769, de 2008) (BRASIL, 1996)

Também foram incluídos na lei o ensino de pelo menos uma língua estrangeira, obrigatoriamente, assim como a música e a arte. Acreditamos que educar a “alma”, tendo em vista o desenvolvimento da estética e da sensibilidade, é objetivo primordial em toda educação de boa qualidade. Segundo Demo (2007), há um ranço nessa legislação ao que se refere à problemática do trabalho e da educação. Segundo ele, encontramo‑nos na era do conhecimento. Nesse momento histórico, a educação vem ocupando uma posição de grande importância no mundo contemporâneo, o que, de certo modo, coloca escolas e educadores na posição de não poder apenas oferecer uma educação profissionalizante de acordo com as demandas do mercado do mundo capitalista. Pelo contrário, é preciso que os jovens e adultos sejam educados para o exercício pleno de sua cidadania e sejam capazes de se contrapor às políticas individualistas e escravizantes, na tentativa de humanizar a realidade em que vivemos, a nossa sociedade. A crítica de Demo (2007) baseia‑se no fato de que a atual LDB entra nessa discussão demonstrando o seu atraso na história de um país como o nosso. Devemos conhecer, pensar e discutir os artigos da lei com nossos pares, bem como levantar questionamentos para que, se não essa, mas a legislação que vier em seguida não apresente ranços e veja a educação e seus possíveis, e cada vez mais presentes, avanços. Exemplo de aplicação

O que você pensa sobre a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional, lei no. 9394/96? Converse com professores dos diferentes níveis de ensino e descubra se eles a conhecem. Verifique também o que eles pensam acerca dela. Elabore um texto com suas conclusões. 2.1.2 Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia – DCNs foram instituídas em 15 de maio de 2006 e publicadas no Diário Oficial da União em 16 de maio do mesmo ano. As DCNs são normas obrigatórias para a Educação Básica. Seu objetivo é orientar o planejamento curricular das escolas e sistemas de ensino fixados pelo Conselho Nacional de Educação — CNE. 42

Pedagogia Integrada As DCNs surgem a partir da LDB no. 9394/96, que assinala ser incumbência da União estabelecer, em colaboração com os Estados, Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum. (MENEZES & SANTOS, 2002)

Por meio desse importante documento é apresentado o curso de pedagogia e seu embasamento legal, assim como o perfil do pedagogo e os fundamentos do curso. As DCNs são compostas por quinze artigos de lei, todos referentes ao papel do pedagogo, do curso de Pedagogia, da atuação de pedagogos e de sua formação necessária. Observação As DCNs se diferem dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Enquanto as DCNs são leis, dando as metas e objetivos a serem buscados em cada curso, os PCNs são apenas referências curriculares, não leis. O art. 1º fala sobre princípios, condições de ensino e de aprendizagem e procedimentos a serem observados em seu planejamento e avaliação. O art. 2º refere‑se à formação inicial do profissional para docência na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, no Ensino Médio (modalidade Normal) e na Educação Profissional. § 1º Compreende‑se a docência como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico‑raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia, desenvolvendo‑se na articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo. § 2º O curso de Pedagogia, por meio de estudos teórico‑práticos, investigação e reflexão crítica, propiciará: I – o planejamento, execução e avaliação de atividades educativas; II – a aplicação ao campo da educação, de contribuições, entre outras, de conhecimentos como o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental‑ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural. (BRASIL, 1997)

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Unidade I Nos artigos seguintes, a lei apresenta as possibilidades de trabalho do profissional, assim como acrescenta que, para a formação do pedagogo, são fundamentais: I – o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II – a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III – a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (BRASIL, 1997)

A partir do estudo sobre as DCNs de Pedagogia, percebemos a importância do pedagogo ser reconhecido como um profissional da educação, como um educador formado em educação que pode atuar em diversos contextos, escolares e não escolares. Há, ainda, a consideração de que o pedagogo deve estar apto a desenvolver sua ação docente, de gestão ou de pesquisa com ética e também comprometido, conforme o art. 5º, “com vistas à construção de uma sociedade justa, equânime, igualitária” para que crianças, jovens e adolescentes sejam cuidados e que, os educados, “nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social”, fortaleçam seus conhecimentos e aprendizagens dos diversos conteúdos de “Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes, Educação Física de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do desenvolvimento humano”. Cabe ressaltar que o pedagogo deve promover meios para que família, escola e comunidade estejam juntas no desenvolvimento do educando, contribuindo “para a superação de exclusões sociais, étnico‑raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras”. Tal profissional também deve se atentar ao respeito à diversidade, “respeitando as diferenças de natureza ambiental‑ecológica, étnico‑racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras”. Ao pedagogo, conforme as DCNs, no mesmo art. 5º, cabe XIV – realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros: sobre alunos e alunas e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem suas experiências não escolares; sobre processos de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental‑ecológicos; sobre propostas curriculares; e sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas; XV – utilizar, com propriedade, instrumentos próprios para construção de conhecimentos pedagógicos e científicos. (BRASIL, 1997)

Mais adiante estudaremos neste livro‑texto a pesquisa e a importância que esta tem para o desenvolvimento de uma sociedade. 44

Pedagogia Integrada No texto das DCNs, podemos perceber essa visão e sua relevância na formação do pedagogo, do educador. É necessário olhar para a sala de aula como um espaço de pesquisa, observando aqueles que lá estão como sujeitos e, somente nesse caso, objetos de pesquisa. Não estamos dizendo que a sala de aula será um laboratório e que todas as nossas ações devam ser pensadas com vistas a pesquisas, mas é algo perto disso. A diferença é que a sala de aula deve, naturalmente, ser um espaço de pesquisa, de encontro, no qual nós, pedagogos, exercitamos um olhar muito especial que somente nós desenvolvemos, capaz de perceber as nuances de um espaço educacional. A sala de aula como espaço de pesquisa é importante para que, diante de nossas observações e de nossas reflexões sobre como atuamos e os resultados obtidos, possamos entender melhor o desenvolvimento de nossos alunos, seus modos de aprender e não aprender e atuemos diante disso. De acordo com as DCNs, em seu art. 6º, a estrutura do curso de Pedagogia, respeitadas a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das instituições, estará assim constituída: I – um núcleo de estudos básicos que, sem perder de vista a diversidade e a multiculturalidade da sociedade brasileira, por meio do estudo acurado da literatura pertinente e de realidades educacionais, assim como por meio de reflexão e ações críticas, articulará: a) aplicação de princípios, concepções e critérios oriundos de diferentes áreas do conhecimento, com pertinência ao campo da Pedagogia, que contribuam para o desenvolvimento das pessoas, das organizações e da sociedade; b) aplicação de princípios da gestão democrática em espaços escolares e não‑escolares; c) observação, análise, planejamento, implementação e avaliação de processos educativos e de experiências educacionais, em ambientes escolares e não‑escolares; d) utilização de conhecimento multidimensional sobre o ser humano em situações de aprendizagem; e) aplicação, em práticas educativas, de conhecimentos de processos de desenvolvimento de crianças, adolescentes, jovens e adultos, nas dimensões física, cognitiva, afetiva, estética, cultural, lúdica, artística, ética e biossocial; f) realização de diagnóstico sobre necessidades e aspirações dos diferentes segmentos da sociedade, relativamente à educação,

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Unidade I sendo capaz de identificar diferentes forças e interesses, de captar contradições e de considerá‑lo nos planos pedagógico e de ensino e aprendizagem, no planejamento e na realização de atividades educativas; g) planejamento, execução e avaliação de experiências que considerem o contexto histórico e sociocultural do sistema educacional brasileiro, particularmente no que diz respeito à Educação Infantil, aos anos iniciais do Ensino Fundamental e à formação de professores e de profissionais na área de serviço e apoio escolar; h) estudo da Didática, de teorias e metodologias pedagógicas, de processos de organização do trabalho docente; i) decodificação e utilização de códigos de diferentes linguagens utilizadas por crianças, além do trabalho didático com conteúdos, pertinentes aos primeiros anos de escolarização relativos à Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, Artes, Educação Física; j) estudo das relações entre educação e trabalho, diversidade cultural, cidadania, sustentabilidade, entre outras problemáticas centrais da sociedade contemporânea; k) atenção às questões atinentes à ética, à estética e à ludicidade, no contexto do exercício profissional, em âmbitos escolares e não‑escolares, articulando o saber acadêmico, a pesquisa, a extensão e a prática educativa; l) estudo, aplicação e avaliação dos textos legais relativos à organização da educação nacional; II – um núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos voltados às áreas de atuação profissional priorizadas pelo projeto pedagógico das instituições e que, atendendo a diferentes demandas sociais, oportunizará, entre outras possibilidades: a) investigações sobre processos educativos e gestoriais, em diferentes situações institucionais: escolares, comunitárias, assistenciais, empresariais e outras; b) avaliação, criação e uso de textos, materiais didáticos, procedimentos e processos de aprendizagem que contemplem a diversidade social e cultural da sociedade brasileira;

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Pedagogia Integrada c) estudo, análise e avaliação de teorias da educação, a fim de elaborar propostas educacionais consistentes e inovadoras; III – um núcleo de estudos integradores que proporcionará enriquecimento curricular e compreende participação em: a) seminários e estudos curriculares, em projetos de iniciação científica, monitoria e extensão, diretamente orientados pelo corpo docente da instituição de educação superior; b) atividades práticas, de modo a propiciar vivências, nas mais diferentes áreas do campo educacional, assegurando aprofundamentos e diversificação de estudos, experiências e utilização de recursos pedagógicos; c) atividades de comunicação e expressão cultural. (BRASIL, 1997)

Ao mesmo tempo em que o futuro pedagogo estuda um conteúdo básico, a este se agrega um grupo de disciplinas com intuito de aprofundamento sobre as áreas em que ele atuará após se formar, assim como um núcleo de estudos integradores. O objetivo é a formação global dos pedagogos para que, além dos conhecimentos diretamente relacionados à profissão, possam trazer o que é esperado deste profissional para sua prática, ou seja, relacionar a vida na escola com a vida fora dela. As DCNs apresentam no seu art. 7º a carga horária para o curso de Pedagogia que deverá ser de, no mínimo, 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico, e está composta da seguinte forma: I – 2.800 horas dedicadas às atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários, participação na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza, participação em grupos cooperativos de estudos; II – 300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição; III – 100 horas de atividades teórico‑práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos, por meio da iniciação científica, da extensão e da monitoria. (IDEM)

Vamos explicar melhor: as 2.800 horas iniciais devem ser compostas de aulas, visitas, palestras, seminários, apresentação de trabalhos em companhia de professor orientador, ou seja, um docente responsável. 47

Unidade I O estágio deverá ocorrer prioritariamente na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, ou seja, há, nessas DCNs, muito valor para a docência, mesmo que a formação do professor que atue nos segmentos mencionados ainda possa ocorrer como ensino médio, na modalidade Normal. Percebe‑se aqui uma valorização à atuação em sala de aula do pedagogo professor. Há ainda 100 horas que devem ser desenvolvidas em atividades teórico‑práticas, por exemplo, o que na UNIP Interativa consideramos como atividades complementares, que são aquelas que fazem a ligação entre o mundo da cultura e da escola.

Saiba mais Para saber mais sobre as Diretrizes Curriculares que regem o curso que você escolheu para se graduar, e o portal do MEC no site: . o em: 14 fev. 2012. 3 Gestão na escola e fora dela 3.1 istração, gestão, gestão escolar

O termo gestão escolar substitui o que se costumava chamar de istração escolar. A istração em geral é a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados. [...] é uma atividade específica do ser humano, pois somente o homem é capaz de estabelecer objetivos livremente e utilizar‑se dos recursos de modo racional. [...] É um processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais visando à realização de objetivos. (MARTINS, 1999, p. 22)

Observação istração escolar já foi uma das habilitações possíveis ao licenciado em Pedagogia. O locus do trabalho deste pedagogo seria a escola, na qual ele exerceria a função de diretor. Além disso, suas habilitações eram: orientação escolar, supervisão, e Magistério das matérias pedagógicas do 2º Grau. Vamos encontrar diversas obras de autores renomados que inicialmente chamavam de istração escolar os processos que descreveremos e que, pós‑promulgação da LDB atual, transformou‑se em gestão escolar. 48

Pedagogia Integrada Em nosso cotidiano, costumamos ouvir o termo gestão às vezes sozinho e outras acompanhado de “de pessoas”, “de carreira”, “empresarial”, “hospitalar”, “de negócios”, “escolar”. Vamos refletir sobre este último. Para iniciar a conversa, vamos debater sobre alguns temas: • o que é gestão? • o gestor não é gerente ou o de uma empresa? • o que é gestão na escola? • quem é o gestor escolar? • quais suas funções? • e o diretor da escola, o coordenador, o orientador, são gestores? • qual a importância de um gestor para a escola? • seria o professor um gestor de sua sala de aula e das aprendizagens dos alunos? São muitos os questionamentos e todos oportunos. Vamos, primeiramente, pensar sobre o conceito da palavra “gestão”. A gestão certamente vem da istração, e esta, da empresa. E entre escola e empresa, de certo modo há alguma semelhança, embora haja muitas diferenças. A empresa se preocupa em gerar lucros, oferecer serviços, produzir mercadorias e colocá‑las no mercado. A escola coloca profissionais no mercado, pessoas que estudaram sob suas paredes e preparam‑se para a vida ao sair de lá, ou seja, formam‑se na carreira escolhida necessariamente dentro da escola – aqui acrescentamos as faculdades, universidades e institutos de educação superior. Há, assim, alguma semelhança, mas é relevante refletir que os “produtos” que saem da escola são pessoas, indivíduos que têm sentimentos, dúvidas, necessidades, famílias, histórias. Isso é bem diferente dos outros produtos, aqueles que as empresas fabricam ou comercializam: eles foram feitos para serem expostos e adquiridos por aqueles outros “produtos”, os que frequentam as escolas. Daí a necessidade de analisar a gestão, em especial a gestão escolar, já que esta tem que dar conta de todos os recursos – humanos, financeiros e materiais – para que seus alunos obtenham sucesso quando de lá saírem. 49

Unidade I Lück (2000, p. 11) define a gestão escolar como uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino orientadas para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná‑los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento.

A escola precisa de um gestor com olhos no futuro e que promova um trabalho participativo, descentralizado, contando, para isso, com o coletivo da escola. Sua “arma” será o projeto político pedagógico — PPP, que deverá ser pensado para a escola, pela escola e com a escola. Não é uma tarefa fácil, mas é extremamente necessária. O resultado será enriquecedor para todos os atores que dela fizerem parte.

Saiba mais Para saber mais sobre a história da istração educacional no nosso país, recomendamos a leitura do artigo A evolução do conhecimento em istração da educação no Brasil: suas raízes e processos de constituição teórica. Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/26/.../grazielazambaoabdianmaia.rtf>. o em: 14 fev. 2012. São denominados gestores os diretores e coordenadores das escolas, visto que estes exercem [...] funções típicas dos profissionais que respondem por uma área ou setor da escola tanto no âmbito istrativo quanto no âmbito pedagógico. Dirigir e coordenar são tarefas que canalizam o esforço coletivo das pessoas para os objetivos e metas estabelecidos. (LIBÂNEO, 2004, p. 39)

Assim, cabe a esses profissionais pedagogos gerir as instituições escolares e provê‑las de meios para que promovam o aprendizado dos estudantes com mais eficiência e eficácia, com mais qualidade. Contudo, ressaltamos que os gestores não são apenas os diretores e os coordenadores. O professor também o é, em outra instância. Este é o gestor das aprendizagens de seus alunos, de sua sala de aula, de sua docência. 50

Pedagogia Integrada Como acrescenta Libâneo (2004, p. 42), Tanto os pedagogos especialistas quanto os professores precisam estar aptos para dirigir e coordenar em alguma instância de seu exercício profissional. A direção é pôr em ação de forma integrada e articulada todos os elementos do processo organizacional (planejamento, organização, avaliação), envolvendo atividades de liderança, motivação, comunicação, coordenação. A coordenação é um aspecto da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando atingir os objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas.

De acordo com Libâneo (idem), todos os pedagogos precisam estar preparados para a gestão, que é um processo que ocorre em todos os espaços educacionais, escolares e não escolares. De acordo com o PPC 2011 para o curso de Pedagogia da Universidade Paulista, ocupar um lugar na empresa também é uma das facetas do pedagogo gestor. Como já citado, a gestão educacional na UNIP, na modalidade presencial ou na EaD, conforme consta no referido PPC, é vista a partir de uma perspectiva democrática, a qual deve integrar as diversas atuações e funções do trabalho pedagógico e dos processos educativos, especialmente no que se refere ao planejamento, à istração, à coordenação, ao acompanhamento, à supervisão, à inspeção, à orientação educacional e à avaliação em contextos escolares e não escolares e nos sistemas de ensino, ao estudo e participação na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas na área de educação. Acrescentamos que o curso de Pedagogia da UNIP garante o contido no artigo 64 da LDB 9394/96, ou seja, A formação de profissionais de educação para istração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós‑graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional (BRASIL, 1996)

Esta vertente do currículo se justifica a partir do momento em que a istração pública adquiriu um formato gerencial, mais ágil e flexível, com o objetivo de imprimir eficiência ao desempenho do Estado, tornando‑o mais compatível com a atual fase do capitalismo global e competitivo. Para finalizar esse tópico, acrescentamos um trecho de Anísio Teixeira (1961), um dos pioneiros da Escola Nova, quando se referiu à necessidade de qualidade na gestão – à ocasião denominada istração – da educação. Segundo ele, haveria razões que fariam que a istração não fosse necessária: “professores perfeitos e escolas pequenas..., ou conjunto de leis tão eficientes que a cada um só seja necessário cumprir o que está escrito” (ibidem, p. 45). 51

Unidade I Você concorda que nenhuma das possibilidades existe, sendo, portanto, fundamental para atingir os objetivos e finalidade da educação uma gestão bem planejada, democrática, participativa, compartilhada. Exemplo de aplicação

Pense sobre a importância da escola e de uma boa gestão para que o aluno tenha as melhores condições para aprender. Escreva no papel as suas ideias, refletindo sobre o que você, como pedagogo, poderá fazer para contribuir com esta escola. 3.2 Gestão em espaços não escolares e o pedagogo nesse contexto

Agora que estudamos a gestão nos espaços escolares, vamos pensar um pouco sobre como é a atuação do pedagogo gestor em espaços que não sejam de educação formal. Para começar, você saberia que espaços são esses? Onde o pedagogo pode trabalhar além das escolas? Pensemos na atuação profissional do pedagogo em empresas, hospitais, brinquedotecas, dentre outros. Esse profissional atua na instituição escolar, mas também pode trabalhar numa empresa, por exemplo. E o que você poderia fazer lá? Muitas coisas interessantes, desenvolver atividades variadas, como projetos e avaliações, mas sempre formando pessoas. Explicamos melhor: seu trabalho seria de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Mais que istrar e gerir organizações, você ficaria responsável por auxiliar no desenvolvimento dos talentos, das potencialidades dos indivíduos. Por que um pedagogo? Pelo fato de T&D nas organizações ser um processo de educação, que é o que melhor sabemos promover, certo? Observação T&D significa Treinamento e Desenvolvimento; vem da gestão empresarial e emprestamos à educação por representar o treinamento — que é uma capacitação dos indivíduos para que sejam profissionais melhores, e o desenvolvimento — aqui pensado com aprimoramento, aprendizagem. E ambos são vistos como um único processo. 52

Pedagogia Integrada Veja o esquema que segue, de autoria de Ana Cristina Limongi‑França, no qual ela associa o processo de treinamento como um facilitador para a melhoria de vida e bem‑estar: O que é treinamento? Potencial

Criatividade

Capacitação do conjunto das forças humanas voltadas para as atividades produtivas, gerenciais e estratégicas dentro de um ambiente organizacional.

Interação

Compromisso

Força de trabalho

Inovação Figura 2

Saiba mais Para saber mais, leia o artigo da autora na íntegra ando o site: . o em: 14 fev. 2012. Assim visto, o treinamento serve para preparar melhor as pessoas, fazendo que elas desenvolvam com maior qualidade suas funções profissionais e, no caso do pedagogo, que ele ensine a essas pessoas como fazê‑lo. Os substantivos que circundam a definição de treinamento – compromisso, interação, potencial, criatividade e inovação – são qualidades a serem desenvolvidas para que a força de trabalho seja aprimorada e que o trabalhador não somente gere lucro, mas se sinta satisfeito desempenhando o trabalho para o qual foi contratado e, assim, viva melhor. Libâneo (2002, p. 22) define a educação como: Um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais, intelectuais, estéticas – tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação com o meio social e num determinado contexto de relações sociais.

Desse modo, é o pedagogo quem tem a capacitação para realizar momentos em que sejam desenvolvidas as capacidades, habilidades e competências do indivíduo. 53

Unidade I É a gestão acontecendo em espaço não escolar. É o que nos trazem Canabrava e Vieira (2006, p. 21) quando dizem que A educação subsidia ao homem ajudando‑o no desenvolvimento de suas competências e no assumir dos seus compromissos. Qualifica‑o para o desempenho de uma profissão, atualiza‑o frente à rapidez na evolução científica e tecnológica. Por meio da educação se dá a construção de conhecimentos necessários à vida integral do Ser, contemplando os processos que formam as várias dimensões do viver em comunidade, proporcionando ibilidade aos instrumentos para que o Ser, educado continuamente, tenha condições de viver a sua vida em plenitude, tanto no campo pessoal quanto na sociedade e no mundo do trabalho.

Assim é a posição do pedagogo, alguém que conhece a natureza humana, compreende e sabe aplicar técnicas para enxergar quem pode fazer o que e como pode fazê‑lo melhor nas empresas. Há alguns princípios, ainda com baseando em Canabrava e Vieira (2006), que trazemos para seu conhecimento visando que a organização perceba a importância do desenvolvimento das pessoas e, consequentemente, do papel do pedagogo para realizá‑los. Veja quais são: Reconhecer que o potencial humano é o ativo mais importante para a organização; Investir mais no desenvolvimento de pessoas para se obter melhores resultados; Considerar que um profissional capacitado tem mais chance de ser eficaz e produzir melhores resultados; Adotar a postura de que T&D é uma necessidade permanente, contínua e corporativa. (CANABRAVA e VIEIRA, 2006, p. 43)

Quem melhor que um pedagogo para provocar essa mudança? Pense sobre isso.

Saiba mais Para entender melhor o processo de T&D, recomendamos a leitura de Treinamento e desenvolvimento para empresas que aprendem. Brasília: Editora Senac, 2006. o em: 14 fev. 2012. 54

Pedagogia Integrada Terminamos esse item com uma frase do mestre Paulo Freire (1975), que está diretamente relacionada à ação pedagógica, seja ela no espaço que for – escolar ou não escolar. “A educação é um ato de amor e, portanto, um ato de coragem. Não pode temer o debate, a análise da realidade; não pode fugir da discussão criadora, sob pena de se tornar uma farsa.” Exemplo de aplicação

Onde você gostaria de atuar? Na escola, na empresa? Que pedagogo você gostaria de ser? Após ler o tema que aqui se encerra, reflita e elabore um breve texto com suas impressões sobre o que ora lhe questionamos. 4 Formação de professores: da Educação Infantil ao primeiro ciclo do Ensino Fundamental

Agora é o momento de falarmos do professor. O perfil reflexivo parece o que mais combina com o modelo participativo de gestão e mais se encaixa na atual necessidade da pesquisa educacional para conhecer melhor a realidade e os alunos. Se quisermos considerar sua formação, podemos afirmar que ela se confunde com a história da educação. É no emaranhado das políticas públicas, com os ideais de homem exigidos pela sociedade em cada momento histórico que se forja o perfil da professora e do professor, no nosso caso, de zero a dez anos. Tomando por base a LDB atual, Iria Brzezinski (2010, p.164) assim se expressa: [...] no meu entendimento, o quadro delineado pela LDB/96 não é alentador para a formação dos profissionais da educação e para os atuais Centros de Referência de Formação nas universidades e se torna importante lançar luzes à ressignificação dos cursos de licenciatura e do papel das Faculdades de Educação e dos Institutos de “Conteúdos Específicos”.

Com esse discurso, a autora se refere à falta de definição legal sobre a formação do profissional da educação. A nova LDB/96 não soube reconhecer o mundo construído na luta dos professores, desde a década de 1980, para modificar o autoritarismo presente na formação dos docentes e na definição governamental da carreira do magistério. Essa década foi histórica, foi o início do longo processo de redemocratização do país após quase duas décadas de ditadura militar. Foram anos difíceis para os educadores formadores de pessoas críticas, pois o que imperava era o modelo tecnicista de educação. Em publicação intitulada LDB, dez anos depois: reinterpretação sob diversos olhares (2010, p. 192), a autora Iria Brzezinski volta a afirmar: Volto a constatar que ainda há uma grande distância entre os valores proclamados para a formação de profissionais da educação e os valores

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Unidade I reais da educação brasileira. O campo de disputa ainda está muito acirrado entre o projeto de sociedade, de educação e de formação de professores do mundo do sistema e o projeto construído pelo mundo real. Ambos subsistem na educação brasileira. A disputa é fortalecida pela luta dos educadores que defendem a escola pública de qualidade para todos os brasileiros.

Ou seja, decorridos mais de quinze anos desde a LDB/96, ainda não houve consenso entre o mundo vivido pelos professores e o mundo oficial, legal, no que diz respeito ao valor real da educação em nosso país e à formação dos profissionais nela envolvidos. Lembrete A formação do professor tem uma história, portanto, tem ado, vive o presente e busca levantar algumas perspectivas para o futuro. Nesse direcionamento, vamos encontrar nos modelos pedagógicos registrados na história, cada qual exigindo um perfil diferente de professor, vários estilos de formação condizente com cada época, entendo‑o ora como o centro, ora como articulador do processo de ensino e aprendizagem. O mesmo acontece em relação ao aluno, ora entendido como ser receptivo, ora como centro do mesmo processo. Exemplo de aplicação

Que tal pensar sobre a escola hoje? Veja as legislações mencionadas nesta unidade e reflita sobre que mudanças você acredita que ainda são necessárias. Elabore um texto, imagine que você faz parte da comissão responsável por criar isso. Quem sabe isso não poderá acontecer de verdade um dia? Quais são as suas pretensões políticas?

Resumo Nesta unidade, você estudou sobre como surgiu a Pedagogia Integrada, título do presente livro‑texto. Esta disciplina surgiu na instituição para atender à demanda social de novos desempenhos para o curso de Pedagogia na própria escola e nas empresas em geral. Por isso, e a fim de atender aos dispositivos legais que estabelecem a competência do referido curso, delineamos os eixos estruturantes firmados na formação de professores que trabalham com crianças de zero a 10 anos, na gestão escolar, na pesquisa e na produção do conhecimento. 56

Pedagogia Integrada Você conheceu documentos importantes para a educação brasileira, como a LDB no. 9394/96 e as Diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia. Conheceu também, como pano de fundo, os quatro pilares da educação como meta a ser atingida pelo curso de Pedagogia, que tem como uma de suas muitas disciplinas a Pedagogia Integrada. Ainda, nesta unidade, foi possível conhecer a gestão dentro e fora da escola. Pudemos perceber que o pedagogo pode atuar em muitos locais e que ele não é apenas o professor de sala de aula. Ele pode ser gestor de escola, coordenador pedagógico, orientador educacional e trabalhar como supervisor de ensino. Exercícios Questão 1. A respeito do que aprendemos sobre a história da pedagogia e a construção da Pedagogia Integrada, assinale F (falso) ou V (verdadeiro) para as seguintes afirmativas: ( ) Na licenciatura de Pedagogia, espera‑se que professores e alunos estejam voltados à pesquisa, à gestão escolar e à docência de zero a 10 anos. ( ) A formação do pedagogo não está voltada para a atuação em curso normal de ensino médio ou para atividades de planejamento e avaliação. ( ) A prática de ensino objetivada pelo curso de Pedagogia é desempenhada na escola ou em instituições não escolares ou não formais, buscando oportunizar uma aprendizagem qualitativa. ( ) O exercício da docência inclui a compreensão dos fundamentos sociais e culturais, condizentes com a prática profissional e com a relação entre professor e aluno. A sequência correta de respostas está na alternativa: A) VVFF. B) VFVV. C) FVFV. D) VVFV. E) VVVF. 57

Unidade I Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) VVFF. Justificativa: a afirmação “A formação do pedagogo não está voltada para a atuação em curso normal de ensino médio ou para atividades de planejamento e avaliação” está incorreta, e a afirmação “A prática de ensino objetivada pelo curso de Pedagogia é desempenhada na escola ou em instituições não escolares ou não formais, buscando oportunizar uma aprendizagem qualitativa” está correta e a alternativa a cita como errada. B) VFVV. Alternativa correta. Justificativa: é correto afirmar que “Na licenciatura em Pedagogia, espera‑se que professores e alunos estejam voltados à pesquisa, à gestão escolar e à docência de zero a 10 anos” assim como “A prática de ensino objetivada pelo curso de Pedagogia é desempenhada na escola ou em instituições não escolares ou não formais, buscando oportunizar uma aprendizagem qualitativa” e “O exercício da docência inclui a compreensão dos fundamentos sociais e culturais condizentes com a prática profissional e com a relação entre professor e aluno”. A única afirmativa incorreta é “A formação do pedagogo não está voltada para a atuação em curso normal de ensino médio ou para atividades de planejamento e avaliação”. Ela poderia ser acertada com a exclusão da palavra “não”, ou a troca da mesma por “também”. C) FVFV. Justificativa: está incorreta, pois indica como falso que “Na licenciatura em Pedagogia, espera‑se que professores e alunos estejam voltados à pesquisa, à gestão escolar e à docência de zero a 10 anos” e que “A prática de ensino objetivada pelo curso de Pedagogia é desempenhada na escola ou em instituições não escolares ou não formais, buscando oportunizar uma aprendizagem qualitativa”. Ambas estão corretas e são afirmações verdadeiras. D) VVFV. Justificativa: a alternativa indica o contrário, ou seja, de que “A formação do pedagogo não está voltada para a atuação em curso normal de ensino médio ou para atividades de planejamento e avaliação” é verdadeira. Na explicação do item B, podemos perceber que há uma necessária troca de palavras para que a alternativa seja considerada correta: o “não” pelo “também”. Algo semelhante ocorre com a assertiva “A prática de ensino objetivada pelo curso de Pedagogia é desempenhada na escola ou em instituições não escolares ou não formais, buscando oportunizar uma aprendizagem qualitativa”, que é indicada como falsa, mas está correta. 58

Pedagogia Integrada E) VVVF. Justificativa: nessa alternativa, ocorre o mesmo que nas anteriores, ou seja, precisamos perceber o que é dito como verdadeiro e como falso, pois a segunda assertiva tem a questão da palavra “não” a ser trocada por “também, e a última assertiva está correta, sendo, assim, verdadeira. Questão 2. O pano de fundo – contexto – da Pedagogia Integrada inclui um olhar interdisciplinar voltado ao acolhimento da diversidade. Isto significa: A) Realizar a matrícula de todos os alunos que aparecerem na escola. B) Fornecer material pedagógico indistintamente a todos os alunos. C) Acolher o aluno em todas as suas características. D) Dispensar a avaliação dos alunos de fraco desempenho. E) Acolher sem reservas os alunos a fim de evitar contágios. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Realizar a matrícula de todos os alunos que aparecerem na escola. Justificativa: todos os alunos devem estar na escola, mas não é somente matriculando‑os que estaremos dando‑lhes oportunidade de seguir adiante e obter sucesso na escola. B) Fornecer material pedagógico indistintamente a todos os alunos. Justificativa: cada material, assim como cada metodologia, dever ter como foco o planejamento. Todo material pedagógico desenvolvido tem um fim e para isso que ele foi pensado, não para ser uma alegoria. C) Acolher o aluno em todas as suas características. Alternativa correta. Justificativa: o pedagogo deve enxergar seus educandos como eles realmente são, em todas as suas facetas. O indivíduo é um ser único, complexo, e é papel do educador respeitar cada uma de suas características. D) Dispensar a avaliação dos alunos de fraco desempenho. Justificativa: a escola precisa trabalhar com os alunos sempre com foco no sucesso escolar deles e não no fracasso, dispensando os que não obtiverem desempenho esperado. Sua ação deve atuar 59

Unidade I na contramão disso, ou seja, buscar entender as razões do fraco desempenho e procurar resolvê‑las propiciando aprendizagens significativas. E) Acolher sem reservas os alunos a fim de evitar contágios. Justificativa: a escola precisa acolher seus alunos visando moldá‑los como espera que eles sejam. Acolhê‑los com reservas é, neste sentido, atuar de modo que não seja possível que os alunos sejam diferentes de como a escola planejou seus destinos. Questão 3. Agora que estudamos um pouco sobre as legislações relacionadas à educação e à Pedagogia, vamos pensar sobre o profissional pedagogo professor. É necessária e muito importante uma formação que prepare o futuro professor para lidar com as diferenças e as mudanças que ocorrem no mundo. Assim, A) O futuro professor precisa conhecer as novas tecnologias da comunicação e da informação, pois os alunos possivelmente as conhecem e vão querer manter contato com ele fora da sala de aula via e‑mail, por exemplo. B) É preciso levar para a sala de aula as nuances do mundo em que se vive, o que exige uma formação‑ação de boa qualidade, com fundamentação teórica sólida, pertinente e real que permita interpretar e analisar a realidade de sua prática. C) É fundamental que o futuro professor assine uma boa revista educacional e, pelo menos, um jornal diário. D) O futuro professor não pode deixar de propor a elaboração de um jornal semanal logo no primeiro dia de aula. E) A construção e alimentação de um blog precisa fazer parte da vida do normalista. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) O futuro professor precisa conhecer as novas tecnologias da comunicação e da informação, pois os alunos possivelmente as conhecem e vão querer manter contato com ele fora da sala de aula via e‑mail, por exemplo. Justificativa: o futuro professor precisa conhecer as tecnologias e suas possibilidades para aproveitá‑las na sala de aula na medida do possível.

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Pedagogia Integrada B) É preciso levar para a sala de aula as nuances do mundo em que se vive, o que exige uma formação‑ação de boa qualidade, com fundamentação teórica sólida, pertinente e real, que permita interpretar e analisar a realidade de sua prática. Alternativa correta. Justificativa: as opções apresentadas mostram parcialmente possibilidades, mas a indicada retrata, sem especificar uma determinada atividade, qual a visão que o futuro educador deve desenvolver para manter‑se atualizado em relação às nuances do mundo em que vive, o que exige uma formação‑ação de boa qualidade, com fundamentação teórica sólida, pertinente e real, que permita interpretar e analisar a realidade de sua prática. C) É fundamental que o futuro professor assine uma boa revista educacional e, pelo menos, um jornal diário. Justificativa: é interessante ter o às últimas reportagens sobre experiências educacionais, congressos, metodologias desenvolvidas etc, assim como ler um jornal diariamente enriquece o vocabulário, o conhecimento de mundo e enciclopédico, mas, infelizmente, essa não é a realidade da grande maioria dos professores, por questões diversas, como tempo e recursos financeiros. Ainda assim, somente a leitura não garantiria sucesso na ação docente, é necessário ter um professor bem formado, bem informado e que procure desenvolver seu trabalho sempre com um olhar de pesquisador. D) O futuro professor não pode deixar de propor a elaboração de um jornal semanal logo no primeiro dia de aula. Justificativa: talvez seja impossível fazer o que é indicado na alternativa, visto que a elaboração de um material tão rico, como um jornal, precisa de planejamento, colaboração e discussão, e esses são os que prescindem de tempo até que possam ser efetivamente construídos. E) A construção e alimentação de um blog precisa fazer parte da vida do normalista. Justificativa: esta é uma possibilidade, mas não uma obrigatoriedade da vida do futuro professor. O mais importante é ter criatividade e disponibilidade a aprender e a desenvolver novas experiências com seus alunos. Questão 4. Leia as alternativas abaixo e assinale aquela que não é um critério para definir qualidade em uma proposta pedagógica para a educação infantil. A) Pensar uma proposta pedagógica para creches e pré‑escolas envolve essencialmente situações variadas de interação das crianças com adultos e outras crianças. B) Uma proposta pedagógica deve considerar a importância de aspectos sócio‑emocionais na aprendizagem. 61

Unidade I C) O mais importante na proposta pedagógica para a educação infantil é garantir a diversidade e a igualdade de oportunidades. Várias formas de trabalho e não um único modelo de desempenho. D) A organização curricular deve garantir um ambiente de silêncio e obediência para que a criança aprenda a respeitar ritmos e características do pensamento adulto. E) Valorizar nas crianças a construção de identidade pessoal e de sociabilidade, o que envolve um aprendizado de direitos e deveres. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Pensar uma proposta pedagógica para creches e pré‑escolas envolve essencialmente situações variadas de interação das crianças com adultos e outras crianças. Alternativa correta. Justificativa: está correto, visto que toda proposta pedagógica na educação infantil precisa pensar na interação entre as crianças e seus pares e com os adultos, como professores, funcionários da escola etc. B) Uma proposta pedagógica deve considerar a importância de aspectos sócio‑emocionais na aprendizagem. Justificativa: em qualquer nível escolar é necessário pensar nos aspectos sócio‑emocionais visando um ensino que respeite cada etapa do desenvolvimento do indivíduo. C) O mais importante na proposta pedagógica para a educação infantil é garantir a diversidade e a igualdade de oportunidades. Deve haver várias formas de trabalho, e não um único modelo de desempenho. Justificativa: seguir um único modelo transformará a criança em um indivíduo robotizado, que sempre fica esperando receber a instrução. Desde cedo, precisamos formar indivíduos independentes, criativos, questionadores e, para tanto, a diversidade deve ser planejada, assim como a igualdade de oportunidades é essencial para democratizar as possibilidades. D) A organização curricular deve garantir um ambiente de silêncio e obediência para que assim a criança aprenda a respeitar ritmos e características do pensamento adulto. Justificativa: na educação da criança pequena, o ambiente deve ser planejado para ela, sendo que o barulho e a descontração são características dessa faixa etária. 62

Pedagogia Integrada E) Valorizar, nas crianças, a construção de identidade pessoal e de sociabilidade, o que envolve um aprendizado de direitos e deveres. Justificativa: pensemos aqui nos combinados feitos entre alunos e professores. Estes são excelentes exemplos de como direitos e deveres são apresentados com vistas à sua aprendizagem. As crianças precisam saber – e compreender – o que se espera delas, e, para isso, o incentivo ao conhecimento e desenvolvimento de regras é importante. As crianças vivem em grupos e assim viverão quando crescerem. É papel da escola, portanto, promover momentos de socialização juntamente com a família.

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