Trabalho elaborado por: -Patrícia Lopes, Nº26, 12ºC4
Análise do assunto do poema 1ª Estrofe: O sujeito poético vagueia (“ tenho o costume de andar pelas estradas”) e absorve o que vê, olhando para um lado e para o outro,vendo bem tudo, sobretudo porque o seu olhar é nítido como um Girassol.”O sujeito poético observa tudo como uma criança que vê o mundo pela primeira vez (“Que tem uma criança se, ao nascer”) e aquilo que este observa não tinha sido por ele antes observado (“É aquilo que nunca antes eu tinha visto”).É que, o sujeito poético quer ser como uma criança, sabendo ter “o pasmo essencial/Que teria uma criança se, ao nascer,/Reparasse que nascera deveras”, por isso, sente-se renascer em cada momento”, “para a eterna novidade do mundo”.Ele quer ser sempre surpreendido pelo mundo como uma criança e viver uma experiência diferente todos os dias. 2ªEstrofe:Na 2ª Estrofe, o eu poético afirma crer no mundo como num malmequer porque o vê e anuncia em termos igualmente claros aquilo que constitui a base do seu pensar: “Pensar é não compreender.../O mundo não se fez para pensarmos nele/ (Pensar é estar doente dos olhos)/Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...”, ou seja, recusa o pensar porque, para ele, pensar é não compreender.Ele quer simplesmente olhar para o mundo e crer nele e estar de acordo com este.No fundo ele quer ser como uma criança que olha para as coisas e não sabe o que vê,nem pensa nelas.Ele busca a eterna novidade. 3ª Estrofe:O sujeito poético afirma que não tem filosofia, tem sentidos, porque ele não não pensa em nada, limita-se a observar e a gostar porque vê não porque sabe o que é, logo não tem lema de vida nem filosofia, mas só sentidos.Ele pretende apenas olhar o mundo, sentir-se em harmonia com ele utilizando os sentidos. Surge aqui um novo sentimento no eu poético, o sentimento de amor pela Natureza (note-se que natureza é escrito com letra maiúscula), pois até aqui ele demonstrava apenas a vontade de não pensar e o seu desejo em ser surpreendido todos os dias pelo mundo.O sujeito poético demonstra pela Natureza um amor espontâneo e sem calculismos (“Mas por que a amo, e amo-a por isso,/Porque quem ama nunca sabe o que ama/ Nem sabe porque ama, nem o que é amar”) 4ªEstrofe:Termina o poema naturalmente, como se de uma conclusão lógica se tratasse: “Amar é a eterna inocência,/E a única inocência é não pensar”. Resumindo... O eu poético quer ser surpreendido pelo mundo como uma criança e viver uma experiência diferente todos os dias.Faz uma conotação negativa ao pensar que considera como estar doente dos olhos.O mais importante é observar.Este, mostra também o seu amor pela natureza que não sabe o que ela é e ama-a simplesmente.
Tema do poema O tema do poema é a relação do sujeito poético com a natureza, a sua negação ao pensar e também a recusa ao pensamento abstrato.
Análise Morfossintática Este poema está escrito todo ele no presente (“O meu olhar é nítido...”) (“ Eu não tenho...”); A nível de pontuação, utiliza muitas vezes as reticências. Verbos predominantes:olhar (“O meu olhar”. “Olhando para a direita”, “Olhando para trás”) e amar (“a amo”, “e amo-a”)
Análise da estrutura externa do poema Poema constituído por quatro estrofes escritas em linguagem simples, não tendo um número de versos definido.A primeira estrofe tem 12 versos, a segunda 6 versos (sextilha), a terceira estrofe 5versos (quintilha) e a quarta estrofe 2 versos (dístico).Ambas as estrofes não têm esquema rimático (não têm rimas-verso branco); Divisão métrica: Não tem divisão métrica fixa. Este poema pode-se dividir em 3 partes: • • •
1ª parte:Corresponde à 1ra Estrofe- O eu poético quer ser surpreendido pelo mundo todos os dias como uma criança que vê o mundo pela primeira vez.Define o seu olhar (“O meu olhar é nítido como um Girassol”) 2ª parte:Segunda Estrofe.A sua visão de como se devia observar o mundo e de como ele mesmo faz. 3ª Parte:3ra e 4ta Estrofe.Fala do amor que sente pela Natureza, não porque sabe o que é, mas porque a ama.Amar é desconhecer o que é e a única forma de desconhecer é não pensar.
Recursos de Estilo Comparação: “ O meu olhar é nítido como um girassol”-O eu poético está a comparar-se a um elemento da natureza, que é simples e natural, como tal, também a maneira do sujeito poético observar as coisas é simples e sem mistérios, pois este também recusa os pensamentos (algo normalmente mais complexo) e move-se simplesmente pelos sentidos. “Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo.”-O eu poético mostra que crê só naquilo que vê assim como acredita num malmequer porque também o vê. Anáfora: “E de vez em quando (..)”/ “E o que vejo (...)”/ “E eu sei dar por isso muito bem...”
Paralelismo Anafórico: “ Porque o vejo.”/ “ Porque pensar (...)” Aliteração: “Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...”
Características de Fernando Pessoa no poema Vive de impressões, sobretudo visuais.Ver, exclusivamente ver.( “ Creio no mundo como num malmequer, / “Porque o vejo.Mas não penso nele”); Lírico, institivo, espontâneo, ingénuo, inculto (em relação à sabedoria escolar); Recusa a expressão em termos de sentimentos; Recusa a introspecção e a subjectividade, abre-se ao mundo exterior com ividade e alegria.É o poeta do real objectivo. Simplicidade da linguagem.Tom familiar. Liberdade estrófica e do verso, ausência de rima. Transformação do abstrato no concreto, frequentemente através da comparação (e da metáfora)
Apreciação Crítica Este poema mostra a simplicidade de Caeiro (que se pode observar através da estrutura externa do poema e da estrutura interna, a maneira como escreve) e o seu desejo de viver cada dia unicamente. Neste poema podemos observar que realmente Caeiro, tal como este pretendia, não pensa e apenas sente, o que se pode observar quando diz: “Se falo da Natureza não é porque saiba o que ela é,/ Mas porque a amo, e amo-a por isso,/ Porque quem ama não sabe o que ama/ Nem sabe por que ama, nem o que é amar...”