Desenvolvido pela Escola Politécnica da USP, o asfalto poroso pode ser a melhor alternativa para frear as catástrofes ocorridas devido aos acidentes naturais. Sãos dois tipos: um feito com placas de concreto e outro com asfalto comum misturado a aditivos. Nos dois tipos acontece uma maior retenção da água, fazendo com que ela retorne para o solo e não cause enchentes. Os experimentos aconteceram num estacionamento da própria USP e o resultado apontou para uma absorção de 100% da água da chuva. “A impermeabilidade do asfalto comum é uma das grandes vilãs do meio ambiente urbano, pois não permite que a água seja absorvida pela terra e ajuda a causar as enchentes. Os pavimentos que desenvolvemos são diferentes, pois são capazes de devolver parte da permeabilidade ao solo e consegue absorver a água com muita rapidez”, explica o o professor e coordenador da pesquisa José Rodolfo Scarati Martins. Testes ainda deverão ser feitos para avaliar o tempo de desgaste do asfalto e a qualidade da água retida. A Prefeitura de São Paulo também apoia o projeto. Lembrando que estas ações são apenas paliativas e emergenciais no controle das causas naturais. O que precisa ser feito é a conscientização ambiental. Pavimentos porosos desenvolvidos pela Escola Politécnica (Poli) da USP são capazes de absorver com facilidade e rapidez a água da chuva e podem ajudar a reduzir os impactos das enchentes. Segundo o professor e coordenador da pesquisa José Rodolfo Scarati Martins, “os pavimentos funcionam como se fossem areia da praia e permitem que as águas cheguem aos rios e córregos com a metade da velocidade”.
Asfalto poroso permite que a água chegue aos rios com metade da velocidade
Um experimento da pesquisa contendo os dois tipos de pavimento – um feito com placas de concreto e outro com asfalto comum misturado a aditivos – foi desenvolvido em um dos estacionamentos da Poli e conseguiu reter praticamente 100% das águas das chuvas dos meses de janeiro e fevereiro deste ano. O diferencial dos pavimentos porosos desenvolvidos pela Poli em relação aos já existentes deve-se ao fato de possuir uma base de pedras de 35 centímetros, a qual é responsável por reter a água por algumas horas e diminuir a probabilidade de enchentes no local.
“A impermeabilidade do asfalto comum é uma das grandes vilãs do meio ambiente urbano, pois não permite que a água seja absorvida pela terra e ajuda a causar as enchentes. Os pavimentos que desenvolvemos são diferentes, pois são capazes de devolver parte da permeabilidade ao solo e consegue absorver a água com muita rapidez”, explica Martins. A diferença entre os dois tipos de pavimentos está na superfície – um é feito com concreto e outro com asfalto comum. “Mesmo com pequenas diferenças entre eles, ambos retém porcentagem grande de água se comparados ao asfalto convencional e funcionam de maneira muito eficaz”, salienta o pesquisador.
O asfalto poroso (esquerda) e o concreto poroso (direita) conseguem reter quase 100% das águas
Um dos pavimentos poroso desenvolvido na Poli é uma mistura entre o concreto asfáltico comum e vários aditivos que permitem que sejam mantidos espaços, como poros, na superfície. Dessa maneira, a água proveniente das chuvas é absorvida por esses poros e acabam sendo retidas, por algumas horas, entre as pedras que constituem a base. Como parte do experimento, há ao lado do estacionamento feito com o asfalto poroso um espaço, como se fosse uma caixa d’água, que recebe toda a água retida na base de pedras. “Toda a água absorvida pelo asfalto tem como destino esse local. Com isso, podemos monitorar desde a quantidade de chuva até a capacidade de retenção do pavimento”, explica. Segundo Martins, o pavimento poroso custa 20% a mais do que o asfalto convencional, mas com sua implantação em larga escala esse preço diminuiria. “O valor que temos relaciona-se ao experimento. Quando pensamos no uso do asfalto poroso em cidades grandes como São Paulo o custo cai muito, pois seria produzido em quantidade muito maior e, consequentemente, baratearia a produção e a manutenção”, diz. Projetos futuros Desenvolvida com o apoio da USP e da Prefeitura Municipal de São Paulo, a pesquisa teve início em 2006 e pretende ampliar o experimento para fora do campus. “Hoje sabemos que o pavimento funciona muito bem em estacionamentos e já poderia ser implantado em shoppings e locais semelhantes. Futuramente, pretendemos fazer o mesmo tipo de experimento em ruas de tráfego leve em áreas residenciais para observarmos se o asfalto poroso funcionará da mesma forma”, diz o pesquisador. Além disso, o grupo de pesquisa coordenado pelo professor pretende avaliar o tempo de desgaste do asfalto e a qualidade da água retida na base de pedras do pavimento. “É importante sabermos como é essa água, se ela contém algum contaminante e se pode ser infiltrada no terreno. Caso não haja nenhum aspecto negativo em relação aos contaminantes, é possível que, além de ajudar a cidade a combater as enchentes, possamos reutilizar a água da chuva para limpeza de vias públicas, por exemplo”, enfatiza Martins.
São Paulo - Um grupo de pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo está desenvolvendo pavimentos impermeáveis capazes de reter água da chuva. A expectativa é de que, no futuro, o produto ajude a reduzir os riscos de enchentes como as que mudaram a rotina da região metropolitana do Rio de Janeiro na semana ada. De acordo com José Rodolfo Scarati Martins, coordenador da equipe, o novo pavimento é capaz de reter a água da chuva por um período cinco vezes maior que o produto convencional. "A urbanização não deixa a água penetrar no solo. Por isso, quando chove, a água escoa pela pavimentação e segue para o ponto mais baixo das cidades. Com o excesso em um espaço pequeno, surgem as enchentes", afirma. Os pavimentos porosos, ao contrário, estão sendo desenvolvidos exatamente para mimetizar o cenário de absorção da água em condições naturais. Para isso, o grupo desenvolveu dois tipos de cobertura - um produzido com placas de concreto e outro à base de asfalto comum. Nos dois casos o produto é composto por três camadas. Em um deles, a primeira é formada por uma mistura de asfalto e outros aditivos, que permite a agem da chuva para as camadas inferiores. A água fica retida, então, no segundo estrato do pavimento, formado por 35 centímetros de pedra. Cerca de 40% do volume desta base é composta por espaços para armazenagem da água, que, depois, escoa lentamente por dutos de drenagem ligados ao sistema urbano de galerias pluviais. Para separar o pavimento do solo, a equipe criou uma manta plástica de meio milímetro de espessura. Por enquanto, estes pavimentos foram projetados apenas para vias de tráfego leve localizadas em vilas residenciais ou estacionamentos. A proposta é adaptar o projeto para ruas onde o tráfego é mais intenso. "O que define a capacidade do pavimento é a base. É provável que, para isso, seja necessário utilizar pedras com diâmetro maior na segunda camada", afirma o professor. O custo da cobertura porosa, contudo, ainda é 20% maior que a daquela utilizada nas cidades brasileiras. Mas este valor pode ser reduzido com a produção em larga escala. "Vale lembrar também da economia com os danos das inundações que este produto pode trazer", diz. A primeira fase do projeto termina no fim de 2010. Mas, de acordo com o pesquisador, a Prefeitura do Município de São Paulo, parceira da pesquisa, pretende implementar o pavimento poroso em projetos-piloto antes deste prazo. Além de avaliar as condições de desenvolvimento da cobertura, o projeto também deve estabelecer um regulamento para utilização do novo produto.