UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL – UCS Curso de Arquitetura e Urbanismo Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo III
BRAMANTE -Renascimento-
Joleide dos Santos Juliano Camillo Thais Zarpelon
Berço da Arquitetura Renascentista O Renascimento iniciou-se na Itália, particularmente em Florença, e foi precedido por uma fase de transição, que, lá pelos fins do século XIII, ia substituindo a Arte Gótica. Foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itália, resultado de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII. Os principais traços do Renascimento foram a imitação das formas clássicas da Antigüidade grecoromana e a preocupação com a vida profana, o humanismo e o indivíduo.
Bramante - Renascimento -
Bramante (1444-1514) Arquiteto e pintor italiano, Donato D’Agnolo Di Pascuccio, seu verdadeiro nome, é a grande figura da arquitetura renascentista de seu tempo e exerce uma considerável influência sobre Michelangelo e Rafael. As suas primeiras obras refletem a influência de Alberti. Da sua primeira etapa há obras interessantes, como santa Maria das Graças e São Sátiro, em Milão. Em 1500 transfere-se para Roma, onde absorve os ensinamentos da Arquitetura Romana Antiga. As construções desta época caracterizam-se por uma maior sobriedade e uma aproximação às normas clássicas. Em 1503, e por encomenda do Papa Júlio II, constrói a muito notável Igreja de São Pietro, em Montorio. A obra que melhor reflete suas concepções estilísticas é o projeto da Basílica de São Pedro do Vaticano, que concebe com planta de cruz grega. O projeto original é posteriormente modificado por Michelangelo e Rafael. A sua obra pictórica é menor importância; não obstante, cabe citar os frescos que pinta em Bérgamo e Milão.
Basílica de São Pedro
Situada no Vaticano, sua construção foi iniciada por Bramante em 1506 e sucedida por vários arquitetos, como Rafael, Peruzzi e Sangallo, com plantas reformuladas no decurso das obras. O espírito da grandeza romana era reencontrado. A planta assemelha-se ao Panteon, com cúpula romana e frontispício grego, a famosa planta em cruz grega. Até a sua morte, em 1514, só havia conseguido edificar os quatro pilares centrais com seus relativos arcos de união. Atualmente, tem uma extensão de 186 metros, uma superfície de 15.160 m², e a altura de sua cúpula é de 119 metros.
Medalha do Caradosso, 1506
A autoria da planta pode, com certeza, ser atribuída a Bramante. A reprodução mais antiga dela está no reverso de uma medalha comemorativa de Júlio II, que mostrava, acima do Mons Vaticanus, a vista exterior de um edifício com uma cúpula cuja planta deve ser pensada com uma cruz grega. No térreo, absides projetam-se dos braços da cruz. Nos cantos da cruz há cúpulas menores, e torres se apresentam em ambos os lados da fachada. Se o notável destaque às horizontais e a sobriedade do ornamento são devidos ao medalhista ou a Bramante, é quase impossível determinar. Por outro lado, há todas as razões para crer que a representação da cúpula principal traduz as intenções de Bramante. Júlio II faleceu em 1513, no ano anterior a Bramante. Nessa época, após a demolição parcial da nave da antiga Basílica, os grandes arcos do cruzeiro e o braço da cruz que se ligava ao pilar oeste do novo edifício estavam já finalizado, mas as outras partes haviam sido apenas iniciadas.
As qualidades artísticas do projeto de Bramante eram tão irrefutáveis que nenhum dos seus sucessores na Basílica pôde desviar-se totalmente de sua influência. A cúpula atual, finalizada em 1590, assenta-se, apesar de todas as variações, nos pilares e arcos transversais do primeiro estágio da construção. Sua largura de aproximadamente 24,5 m e sua altura de 49 m determinam o seu diâmetro (por volta de 42 m). As dimensões de Bramante não foram estabelecidas sem razão: sua cúpula abarca a largura das naves laterais da antiga Basílica, seus arcos transversais e a sua nave. Portanto, as dimensões da Basílica de Constantino foram preservadas na São Pedro que conhecemos.
Um traço característico de Bramante era a base em degraus da ordem coríntia com aproximadamente 3 m de altura, a qual foi encoberta posteriormente, quando o nível do piso foi elevado. Como no Tempietto e no Pátio do Belvedere, o espectador não deveria sentir-se posicionado no interior do edifício, mas olhando para ele. As ordens romanas, os arcos e a cúpula são primordialmente concebidos como um quadro tridimensional, ou como uma série de quadros tridimensionais. Seu efeito no apoio ou na função estrutural era secundário.
Os projetos para a nova Basílica de São Pedro, concebidos após a morte de Bramante, mostram que faltava clareza quanto a forma a ser adotada na finalização das partes já iniciadas. O interesse de Bramante concentra-se provavelmente na cúpula, que comandava as vistas interior e exterior. As instruções dadas a seus alunos e sucessores em desenhos e modelos, como conhecemos pelas ilustrações de Serlio, referiam-se apenas a essas vistas, ao o que o restante do edifício ficava, então, em segundo plano.
O projeto de Bramante utilizou um certo número de idéias mais antigas: combinou a forma hemisférica com pendentes de Brunelleschi com o tipo de cúpula cujo diâmetro excedia o da nave. A ordem monumental dos seus pilares no cruzeiro teve um precursor em S. Andréa, de Mântua. Podemos citar também traços albertinos, como a alta base, que força a visão em perspectiva. Além disso, a cúpula hemisférica de Bramante deveria ser construída sobre uma planta circular. Ele também seguiu as sugestões de Alberti no uso de caixotões para a decoração do interior da cúpula e dos arcos do cruzeiro.
“Ele iniciou a grandiosa igreja de São Pedro inteiramente a bela maneira dos antigos. Ele tinha o poder de fazê-lo porque era um artista, e porque foi capaz de ver e entender os belos edifícios da Antiguidade que ainda nos restam, embora estejam em ruínas.” Bem-venuto Ceilini
Basílica de São Pedro
Interior, com os pilares de Bramante, coro abobadado e Santuário do altar, o tambor da cúpula projetado por Michelangelo, 1570.
Cúpula e corte, 1506.
BASÍLICA DE SÃO PEDRO APÓS BRAMANTE
Em 1513, logo após sua elevação, Leão X convocou Giuliano de Sangallo, então com 70 anos, e Fra Giocondo, próximo dos 80, designando-os como colaboradores de Bramante na Fabbrica di S. Pietro. É pouco provável que o Papa estivesse pensando em afastar Bramante de seu cargo. Fra Giocondo foi possivelmente chamado como um perito em estática, uma vez que os pilares de Bramante haviam sido construídos em solo instável. A indicação de Sangallo deve ter ocorrido por uma razão similar. A obra havia progredido lentamente desde de 1511. Os recursos tinham sido escassos, e em alguns períodos foram inteiramente cancelados por conta das despesas das campanhas do Papa.
Em 1º de agosto de 1514, três meses após a morte de Bramante, Rafael tornou-se o arquiteto-chefe da Basílica de São Pedro. Fra Giocondo faleceu em 1514; no mesmo ano que Sangallo deixou Roma para projetar a fachada de S. Lorenzo, em Florença. O sobrinho de Giuliano, António de Sangallo, o Jovem, foi designado assistente de Rafael. Baldassare Peruzzi, de Siena, trabalhou na obra desde 1520.
Os sucessores de Bramante tinham diante de si uma tarefa difícil: o deslocamento do alicerces e as rachaduras nos pilares eram problemas bem conhecidos; e também o público, de forma geral, sentia que o projeto era ambicioso, ou mesmo impraticável. Não havendo um projeto definitivo para servir como guia no prosseguimento da obra, o novo Papa teve de considerar de que maneira um novo seria estabelecido. O primeiro trabalho oficial de Rafael foi fazer um modelo em madeira. Além deste, incontáveis projetos desse estágio posterior da construção sobreviveram, e sua autoria e data têm sido desde então um dos problemas mais fascinantes e difíceis da história da arte.
O que é comum a todos esses projetos são os pilares de Bramante para a cúpula, ora posicionados no centro de um edifício de planta central, ora no cruzeiro de uma basílica. O ponto em discussão era o tipo de edifício - em cruz grega ou latina – e a forma dos braços.
Quatro soluções foram propostas para esses últimos: Absides simples entre as cúpulas secundárias, porém mantendo o coro oeste iniciado por Rosseilino e completado por Bramante; Deambulatórios a serem construídos em volta das absides dos transeptos, porém mantendo o coro de Rosseilino em sua forma original, sem um deambulatório; O coro de Rosseilino, assim como os transeptos, deveriam receber um deambulatório, mas o último não deveria ser aberto para o interior por meio de um arranjo de colunas e pilares; Todos os braços da cruz com deambulatórios idênticos, os quais demandariam a demolição e a reconstrução do coro oeste.
Com exceção do formato dos braços da cruz, os projetos centralizados distinguem-se principalmente pelos seus exteriores. As quatro variantes ocorrem nos seguintes casos: Planta quadrada com torres levemente destacadas nos cantos; As torres e as absides, providas de deambulatórios, amplamente projetadas para fora; As absides dos braços da cruz, e não as torres, projetando-se do quadrado do andar térreo.
O número maior de variações é encontrado nos projetos para a nave: A nave central e as naves laterais internas da antiga Basílica permanecem como a nave principal do novo edifício; Uma nova nave central com naves laterais duplas e sete vãos e abóbada de berço com pilares quadrados e lisos; Uma nave central, laterais duplas e sete vãos, e apoios com nichos no modelo dos pilares da cúpula; Uma nave central, laterais duplas e cinco vãos;
Naves laterais triplas e cinco vãos com uma forma simplificada de pilar; Naves laterais unitárias, cinco vãos e capelas em vez de naves externas; Naves laterais unitárias, cinco vãos, com abóbada de aresta na nave central à maneira da Basílica de Maxêncio; Naves laterais unitárias, três vãos, uma cúpula sobre o vão do centro da nave e abóbadas de berço com penetrações no primeiro e no terceiro vão, isto é, uma nave no princípio do arco triunfal.
As fachadas dos projetos da Basílica têm um pórtico na largura da nave incluindo todas as naves laterais, com ou sem torres nos cantos; alguns dos projetos prevêem um vestíbulo fundo. Somente a vista exterior da parte central do projeto lembra a da medalha da fundação.
A série de projetos, que poderia ser acrescida de diversas variações, certamente não é um entretenimento muito agradável. Ela reflete não somente o desnorteamento dos sucessores de Bramante, mas também o estado de espírito mais te´rico que prático dos arquitetos em atividade. Peruzzi e Giuliano de Sangallo fizeram intermináveis combinações novas de todas as variantes mencionadas. Além disso, Peruzzi explorou, em estudos teóricos, idéias arquitetônicas desenvolvidas para a Basílica de São Pedro, sem nenhuma intenção de realizá-las. Essa é a expressão de uma inconfundível atitude maneirista; uma solução final e conclusiva é evitada e não procurada, e a complexidade parece mais atraente do que a simplicidade. Em comparação, o esforço de Bramante para alcançar a simplicidade, para criar uma compreensão imediata nas formas e clareza nas relações. Sobressai como uma característica do estilo clássico.
Perspectiva aérea. Peruzzi, 1520
Rafael
Antônio de Sangallo
Planta. Peruzzi
Antônio de Sangallo
TEMPIETTO DE S. PIETRO IN MONTORIO
No ciclo inicial da carreira de Bramante como arquiteto verificam-se algumas reminiscências de Bruneleschi e de Michelozzo. No entanto, interessa referir deste arquiteto a aplicação de proporções algo diferentes. No caso do Tempietto, ressai a imponência do edifício que contrasta com o tamanho geral do edifício. Em termos geométricos, trabalhar as proporções exige um certo trabalho mental, principalmente a nível de arquitetura. Além disso, em várias das suas obras encontramos motivos geométricos que se subordinam à organização intelectual do espaço.
O Tempietto é o primeiro edifício da Renascença no qual a cela é circundada por uma colunata sustentando uma arquitrave. Como nos modelos clássicos, os intercolunios são iguais em todo o círculo, portando o arranjo das colunas não dá indicação de onde fica o altar dentro da cela. O diâmetro interior da cela é, aproximadamente, de apenas 4,5 m. Quase metade do pavimento térreo é ocupada pelo altar e pelos degraus do altar.
Os edifícios circulares do período anterior eram concebidos principalmente para a celebração de rituais da igreja. O Tempietto foi construído em memória de São Pedro, o Apóstolo; e é um monumento no sentido tradicional e não uma igreja.
O Tempietto segue modelos clássicos em sua abóbada; a cúpula é hemisférica (executada em alvenaria com argamassa). Bramante inseriu um nível intermediário em forma de tambor (cuja altura é aproximadamente o raio de hemisfério) entre a ordem principal do edifício e a cúpula. Portanto,como no Panteon, uma relação lógica e viva é estabelecida entre o círculo da planta térrea, a altura do tambor ando a cúpula e o hemisfério da própria cúpula. A perfeição matemática da planta circular refletia a perfeição divina.
Ao mesmo tempo, o entablamento da colunata não impede a visão exterior da cúpula. O projeto de Bramante não foi executado por completo. O Tempietto não deveria se encontrar, como está hoje, num pátio quadrado. Ele deveria ser circundado por um claustro circular de dezesseis colunas. O diâmetro das colunas nesse claustro equivaleria a uma vez e meia o diâmetro das colunas ao redor do Tempietto, e a altura deveria ter a mesma proporção. Portanto, para o espectador de pé nesse claustro, a vista do tempietto seria enquadrada por essas colunas e pelo entablamento, e ele quase que certamente tomaria as colunas do Tempietto como sendo iguais, em altura, àquelas do claustro. Nesse sentido, o Tempietto teria ganhado em monumentalidade; ele pareceria maior e mais amplo.
Quando a porta está aberta, o espectador posicionado na frente do edifício vê o altar, com a crucificação de São Pedro na predella, enquadrado pela entrada da cela. Este edifício, cupulado e cercado de colunas, sem ornamentos, senão os da mesma estrutura, diretamente inspirada no clássico antigo, é a definição do novo estilo para o século que se abria. Em Roma, como em Milão, ao espectador é designado um lugar definido, que é o único a fornecer o ponto focal correto. Agora, a estética se impõe através da mesma estrutura de sustentação (as colunas), e dos sustentados (arquitrave e a cobertura) no caso a cúpula.
O CLAUSTRO DE S. MARIA DELLA PACE
O complexo monumental de Santa Maria Della Pace compreende um claustro, um convento e uma igreja. Em 1500, logo após sua chegada em Roma, Bramante projetou o claustro, que é um ponto de transição na obra de Bramante, pois representa uma inovação de grande importância. Pela primeira vez as técnicas estruturais e as formas da Antiguidade estavam sendo empregadas em um projeto moderno.
AS LOGGE
Um item no programa de Júlio II para o Vaticano era a fachada de quatro andares iniciada por Bramante, que foi disposta em frente do antigo palácio papal a leste, ou seja, para a cidade. Pela primeira vez no Renascimento a fachada do palácio para a cidade é tratada como um sistema de apoio em balanço e loggia, e não como um muro. Aqui, novamente, Bramante mostra, mais que seus antecessores, consistência e discernimento no uso do sistema romano de sustentação e ordens.
O PÁTIO DO BELVEDERE DO VATICANO (CORTILE DEL BELVEDER) - 1505 -
O primeiro dos grandes projetos de Júlio II foi o Pátio do Belvedere do Vaticano, tendo, no início, Bramante como arquiteto-chefe. Em uma das medalhas comemorativas do papa podemos perceber que ele mesmo sabia da monumentalidade do projeto; o reverso mostra uma vista do novo pátio, cujas dimensões são descritas como 300 m de comprimento de 24 m de altura.
A finalidade do novo edifício também era atípica. A coleção papal de esculturas da Antiguidade, a qual o grupo Laocoonte havia sido recentemente acrescido, foi colocada em um pátio quadrado entre a antiga villa (a atual Belvedere) e o lado norte do novo cortile. Os dois terraços superiores deste último deveriam servir como jardim; o pátio inferior, ocupando aproximadamente metade da área, seria usado para torneios e cortejos.
O lado mais estreito desse pátio inferior compõe a fachada norte do velho palácio – onde estão os aposentos privativos do papa, o Appartamento Borgia de Alexandre VI e, sobre estes, as salas de Rafael (através delas tinha-se uma visão geral de toda a área), pintadas no período de Júlio II. As salas ficam exatamente no mesmo nível do terraço superior do pátio, ambos separados por 300 m de distância. Esse terraço termina em uma fachada de um pavimento, de frente para a antiga villa com uma reentrância semicircular no meio.
Perspectiva das salas de Rafael, face norte. 1560
O projeto tinha um ponto em comum com o Tempietto: era situado fora do pátio, de forma que a vista era enquadrada por uma janela. No Tempietto, entretanto, os olhos se detêm num edifício sólido, enquanto no Belvedere eles se dirigem ao espaço aberto ao pátio. Há provas irrefutáveis nas fontes de que a concepção original do Pátio do Belvedere é de Bramante. Nessa construção, ele aplicou o princípio de composição em perspectiva em uma obra que compreendia paisagem e arquitetura, colina e vale, jardim e fonte, e fundiu tudo isso em um quadro.
O pátio propriamente dito nunca recebeu a forma que Bramante tinha em mente. Durante cinqüenta anos a construção prosseguiu, em sua essência, segundo o projeto original. Nenhum edifício romano teve tão grande influência na arquitetura secular quanto o Pátio do Belvedere: ele determinou fundamentalmente a idéia de relação entre arquitetura e paisagem que se desenvolveu no século XVI. O prosseguimento e a alteração da obra forçaram todos os grandes arquitetos de Roma, de Rafael a Domenico Fontana, a adequar-se às idéias e à linguagem formal de Bramante.
Entrada do pátio inferior
Entrada do pátio superior
1505
1505
Vista aérea face norte, 1505
O CORO DE S. MARIA DEL POPOLO
Além do Tempietto, o único edifício sagrado de Bramante que se conservou inalterado foi o coro de S. Maria Del Popolo. Ele adicionou um vão oblongo e uma abside à tribuna quadrada do coro, cujas paredes abrigavam monumentos. As formas arquitetônicas não poderiam ser mais simples. O espectador olha para a abside através do triplo recuo dos umbrais, e esse “quadro” é, por sua vez, emoldurado pelas pilastras unidas e pelo arco da tribuna do coro. Os caixotões da abóbada são alongados e também guiam o olhar para a abside. A iluminação se dá através de aberturas na parede e no caixotão inferior da abóbada. Assim como na Basílica de São Pedro, a abside tem a forma de concha, as janelas não têm ornamentos acima da cornija principal. Assim como os caixotões na abóbada.
PALAZZO CAPRINI - Casa de Rafael (1501-1510)
O Palácio construído por Bramante para a família Caprini, adquirido por Rafael em 1517, foi derrubado, assim como outros projetos do arquiteto. Sua fachada teve enorme influência no desenvolvimento dos palácios. Pela primeira vez, a antiga ordem romana aparecia como uma meia coluna na parede,a qual torna-se, por sua vez, o fundo de um relevo. A distinção entre a articulação estrutural e o plano de vedação tornou-se ainda mais óbvia pela duplicação das meias colunas, pela projeção da arquitrave e pela saliência forçada das sacadas sob as janelas.
A mesma distinção clara aparece no andar inferior, na rusticação dos blocos dispostos em uma parede lisa, que preenche os espaços. A entrada principal era um retângulo alto, as aberturas mais baixas sobre as portas das lojas a sua esquerda e a direita eram retângulos horizontais. A ordem dórica, que em geral era restrita ao térreo, mostra que ele era visto apenas como uma base. Dessa forma, o arranjo de lojas e oficinas no andar térreo das residências urbanas ganhou um significado no padrão arquitetônico como um todo.
Até mesmo o material utilizado parece ser significativo nesse contexto: não se trata de cantaria esculpida, mas um tipo de revestimento em estuque sobre os tijolos que foi, segundo Vasari, uma invenção de Bramante.
SANTA CASA DE LORETO -1509-
Como no caso do Pátio do Belvedere, a articulação é um arco triunfal. As meias colunas em dupla, com suas bases e entablamento, posicionam-se como estruturas destacadas em frente das camadas recuadas da parede com seus relevos e portais. Portanto, da mesma forma que na casa de Rafael, uma distinção é feita entre elementos de apoio e vedação.
Palácio da Chancelaria