Professor: Michel Marques de Faria
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Com o advento da internet e dos recursos tecnológicos de uma maneira geral, a
forma de comunicação entre as pessoas mudou consideravelmente. Antigamente, era muito usual utilizar-se de cartas, telegramas, cartões postais para se comunicar com pessoas que ora encontravam-se distantes.
Para entendermos sobre a sua parte estrutural, é importante lembrarmos que,
como o próprio diz, nos lembra a questão de exposição de ideias, ou seja, o emissor deve persuadir o interlocutor através do seu ponto de vista sobre determinado assunto.
E logo, a linguagem deverá ser clara, coesa e objetiva.
A única diferença é que na carta há uma interlocução explícita, ou seja, ela é destinada a um ou mais destinatários de forma específica. O grau de formalidade dependerá do nível de intimidade estabelecido entre os interlocutores.
Cabeçalho: na margem do parágrafo, colocam-se a cidade e a data;
Vocativo: também na margem do parágrafo, define-se o grau de formalidade entre
locutor e interlocutor do texto. Há a saudação e o tratamento dispensados ao interlocutor (Prezado Senhor…, Caro Presidente…, Ilmo. Senhor… etc.). Usa-se a vírgula, normalmente.
Corpo do Texto: inicia-se na margem de
parágrafo. Diferentemente do modo a que o aluno está acostumado, no corpo da carta dissertativa há o espaço da argumentação: não basta a estrutura, é preciso defender a tese, atender à proposta, selecionando os argumentos, sem esquecer que há uma situação de interlocução (nesse caso, há a necessidade do uso da 3ª pessoa sempre, seja no modo verbal – “imagine”, “veja”, “repare” – seja na invocação, com os pronomes de tratamento – mantendo o respeito a quem se dirige). É preciso também que seja usada a 1ª pessoa. Lembre-se de que o número de linhas exigido pela banca deve ser respeitado no Corpo e não na estrutura toda.
Despedida: na margem de parágrafo, na linha abaixo da que termina o corpo da
carta. Mantém-se o padrão de linguagem definido. O mais comum é usar a expressão “atenciosamente”, mas é possível escrever uma despedida criativa.
: usa-se a margem de parágrafo, abaixo da despedida. O candidato não
pode o nome na redação do vestibular, mas há sempre uma indicação da banca sobre como fechar a carta. Há as opções de usar somente as iniciais do nome do aluno (M.N., por exemplo) ou usar a expressão “Um estudante”, “Uma estudante”. É importante prestar atenção ao que a proposta vai solicitar a você.
Rio de Janeiro, 29 de Outubro de 2016
PREZADOS SENHORES, Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma
máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.
Antes de qualquer coisa, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que
tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores.
Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas
razões: em primeiro lugar, sou um grande irador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros.
Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem
bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a iração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço.
Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha
vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa.
Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade –
é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante.
Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé
grande. Dá à pessoa certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida.
Atenciosamente, Carlos Romário.
Estrutura dissertativa: costuma-se enquadrar a carta na tipologia dissertativa, uma
vez que, como a dissertação tradicional, apresenta a tríade introdução / desenvolvimento / conclusão.
Logo, no primeiro parágrafo, você apresentará ao leitor o ponto de vista a ser
defendido; nos dois ou três subseqeentes (considerando-se uma carta de 20 a 30 linhas), encadear-se-ão os argumentos que o sustentarão; e, no último, reforçar-seá a tese (ponto de vista) e/ou apresentar-se-á uma ou mais propostas. Os modelos de introdução, desenvolvimento e conclusão são similares aos que você já aprendeu (e você continua tendo a liberdade de inovar e cultivar o seu próprio estilo!);
Argumentação: como a carta não deixa de ser uma espécie de dissertação
argumentativa, você deverá selecionar com bastante cuidado e capricho os argumentos que sustentarão a sua tese. É importante convencer o leitor de algo.
Em importante periódico da imprensa brasileira, a jornalista Mônica Bérgamo produziu a
seguinte chamada para uma reportagem:
“1000 LUGARES PARA CONHECER ANTES DE MORRER”, best-seller mundial da americana Patrícia Schulz, lançado no Brasil pela Sextante, traz cerca de 20 paradas obrigatórias no país. (Folha de São Paulo, 23 de abril de 2006) Entre essas 20 “paradas obrigatórias” brasileiras, duas estão localizadas no estado do Pará: o Ver-
o-Peso e o Marajó. Mas certamente você, habitante de outras regiões do Brasil, conhece vários lugares, também merecedores, na sua opinião, de serem conhecidos por pessoas de qualquer lugar do mundo. Propõe-se, então, que você escolha um desses lugares e escreva uma carta argumentativa a um estrangeiro, real ou fictício, para convencê-lo a vir conhecer o lugar que você eleger. Em sua argumentação, ressalte as características físicas e/ou humanas que fazem dele um lugar muito especial. Não se esqueça de obedecer às seguintes recomendações: 1. DESTINATÁRIO: estrangeiro, residente em outro país. 2. TRATAMENTO: tu, você, senhor ou senhora. 3. REMETENTE: um (a) morador (a) local.
DUARTE, Vânia Maria Do Nascimento. "Carta Argumentativa "; Brasil Escola.
Disponível em
. o em 29 de outubro de 2016.
http://aprovadonovestibular.com/carta-argumentativa.html