Resenha Crítica do Livro Modelo Fleuriet O livro Modelo Fleuriet “A dinâmica financeira das empresas brasileiras” dos autores Michel Fleuriet, Ricardo Kehdy, George Blancs, editora Campus, ano 2003. O autor Michel Fleuriet, especialista do CESA, apresenta seu modelo utilizado com grande sucesso por varias empresas brasileiras, como prova de sucesso, se torna referencia no mundo acadêmico. Neste Livro os autores pretendem auxiliar as empresas na gestão financeira usando metodologias aplicadas ao contexto gerencial brasileiro, onde os conceitos do modelo dinâmico de capital de giro é premissa fundamental na gestão das corporações. No inicio de seu desenvolvimento, eles explicam que existem três ciclos da empresa que são os ciclos econômico, operacional e financeiro; o que no primeiro capitulo “Os ciclos da empresa e a contabilidade” o autor demonstra a relação da contabilidade (caixa da empresa, balanços positivos ou negativos) com esses três ciclos, refletindo na própria corporação. O balanço patrimonial tem dois critérios: o vertical e horizontal. O primeiro distingue contas ativas das contas do ivo e o segundo agrupa as contas do ativo e ivo. O ativo se divide em ativo circulante e não circulante. O ativo circulante desdobra-se nos grupos do disponível e do realizável em curto prazo. Ativo não circulante são valores de conversão em longoprazo e os investimentos permanentes. O realizável em curto prazo são os valores de conversão a curto prazo ou no prazo do ciclo de produção da empresa. O ivo se divide em ivo circulante e não circulante. O ivo circulante são as contas representativas das obrigações da empresa para terceiros e o não circulante contas representativas das obrigações das empresas para acionistas. Ciclos econômico e financeiro correspondem ao ciclo físico de produção capital circulante liquido CCL =ativo circulante - ivo circulante. O ciclo econômico é caracterizado pelo prazo decorrido entre as entradas de matérias primas e as saídas de produtos acabados, enquanto o ciclo financeiro é dado pelo prazo decorrido entre as entradas e saídas de caixa. O capital de giro é um conceito econômico financeiro onde o saldo é ligado as operações da empresa de saldos de contas cíclicas. Ele depende da natureza e do nível de atividades dos negócios da empresa. As contas feitas do capital de giro demonstram lucros e perdas que entram na determinação do lucro operacional do exercício antes de ser deduzidas as despesas financeiras e depreciação. Capital de Giro-CDG CDG=ivo permanente – ativo permanente O capital de giro possui o mesmo valor que o capital circulante líquido, definido no sentido clássico como a diferença entre ativo e ivo circulantes. Oscálculos são feitos diferentes, mas seus resultados são idênticos. Ele diminui quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo permanente, ou seja, aumento do ativo permanente, quando os investimentos são feitos por auto financiamentos, ele também pode ser negativo (seria quando ativo permanente e maior do que o ivo permanente com fundos de curto prazo). Saldo de Tesouraria –T A diferença entre ativo e ivo erráticos é: T= ativo errático - ivo errático T= CDG – NCG
Se o capital de giro for insuficiente para financiar a necessidade da tesouraria ele será negativo cujo ivo errático será maior que o ativo errático, ou seja, a empresa financia parte da necessidade de capital de giro ou ativo permanece com fundos de curto prazo, aumentando seu risco de insolvência. Agora se o saldo for positivo na empresa ela disporá de fundo de curto prazo onde ela aumenta a margem de segurança financeira. Toda empresa precisa conferir seus balanços para enquadra-los em um dos quatro tipos a seguir: 1-Necessidade de capital de giro é maior do que o capital de giro e por isso o saldo é negativo. Onde: ∆CDG(fonte)- ∆NGG(+uso)= ∆ T(+ ou -) 2-Revela uma estrutura solida visto que dispõe de um saldo tesouraria positivo onde pode enfrentar os aumentos temporários do capital de giro. 3- Estrutura financeira típica da empresa que luta pelasobrevivência. 4- Mantém constantes as demais varáveis que afetam a necessidade de capital de giro, ela dedica-se a distribuição de mercadorias que são vendidas a vista e adquiridas a prazo. O aumento das vendas aumenta o capital de giro e aumenta o valor absoluto Delta ∆CDG(+fonte )+ ∆NCG(+fonte)= ∆ T Então, se as vendas diminuem o capital diminui. ∆CDG(-fonte )+ ∆NCG(-fonte)= ∆ T O Autofinanciamento reduz bem e serviços, buscando um equilíbrio financeiro e busca resultados econômicos suficientes garantindo as adaptações e o crescimento necessário. Existem 4 categorias de Operações: Produção e venda, Operações de repartição, Operações de investimento desinvestimento e Operações financeiras. Nas operações de produção e venda, a empresa quando compra o produto transforma no que necessita e vende. Através das operações cíclicas pode ser colocada a formação do Lucro Bruto Operacional, ou seja, sua principal fonte é demonstração de lucros e perdas. 1- Produção: parte vendida e parte estocada. 2-Para produzir a empresa utiliza bens e serviços adquiridos de outras firmas. 3-Para produzir a empresa utiliza bens assalariados, e o montante de das despesas de pessoal. 4-Produzir e vender, a empresa paga impostos e taxas que estão ligados diretamente a sua atividade cíclica. Lucro Bruto Operacional é utilizado para comércio nas mesmas condições que paraindústria e ele é obtido a partir da produção onde subtrai os valores. Os valores são: consumo intermediário, mão de obra, impostos e taxas. As operações de Repartição são de vendas e produção. A empresa recebe certas rendas e incorre em certas despesas, que possuem um caráter de repartição, que no caso são (receitas financeiras, despesas financeiras, impostos de Renda, dividendos e bonificação em dinheiro). Operações de investimento e de desinvestimento ocorre quando a empresa quer exceder sua atividade, é preciso dispor de locais, equipamentos, móveis, entre outros. A empresa precisa de investir para crescer, ela pode investir nos clientes, fornecedores ou mesmo contratá-los, sendo chamado de investimento indireto. As empresas fazem operações financeiras onde o crescimento é necessário,
fazendo um investimento para que ela lucre no futuro. A empresa investe para depois obter um retorno, onde o autofinanciamento insuficiente para compensar o desequilíbrio causado pelo crescimento. É preciso que busque outros recursos sendo: de fundos próprios (para aumento de capital) ou de terceiros (obrigações, empréstimos bancários e outros, que são fluxos de fonte também). Então, o autofinanciamento interno ele ajuda a variar o Capital de giro. Para obter um equilíbrio financeiro a empresa precisa que o aumento capital giro compatível com a necessidade dopróprio para que o saldo financeiro não seja negativo. No capitulo 2, chamado “A Dinâmica Financeira das Empresas” o autor fala sobre a importância de uma estrutura financeira para o sucesso da empresa, como a Diretoria Financeira de suma relevância já que acompanha a evolução do Saldo de Tesouraria da empresa. A maioria das empresas tem uma estrutura inadequada o que gera um Saldo de Tesouraria crescentemente negativo, levando a necessidade de se fazer empréstimos em curto prazo, muitas vezes com créditos restringidos pelos bancos. O Saldo de Tesouraria é negativo quando tem uma diminuição das vendas provoca aumento da Necessidade de Capital de Giro, já que o autofinanciamento pode não ser suficiente obrigando as empresas a recorrer a fundos externos. Por outro lado, um crescimento rápido das vendas também torna o Saldo de Tesouraria negativo, já que a Necessidade de Capital de Giro aumenta proporcionalmente mais do que o Autofinanciamento, e a empresa não aumenta seu capital de giro por meio de fontes externas, isso é conhecido como “efeito tesoura”. O “efeito tesoura” ocorre quando as vendas da empresa crescem a taxa anual elevadas, ou durante o crescimento das vendas, quando a relação mantem mais elevada que ou se as fontes externas que aumentas o Capital de Giro, forem usadas somente para novos investimentos em bens ativo permanente, que diminuem oCapital de Giro. As fontes de fundos para aumento de capital no “efeito tesoura” podem ser o autofinanciamento, empréstimos a longo prazo e aumento de capital social, em contrapartida novos investimentos em bens do ativo diminui, a curto prazo, o Capital de Giro das empresas. Para evitar o “efeito tesoura” as empresas devem planejar a evolução do Saldo de Tesouraria, que depende de variáveis que afetam o Autofinanciamento, a Necessidade de Capital de Giro e de decisões estratégicas, que modifica o Capital de Giro. O Autofinanciamento e a NCG são determinadas pelo nível de atividades da empresa, e as decisões estratégicas envolvem novos investimentos em bens do ativo permanente, empréstimos em longo prazo, etc, que devem ser tomadas levando em conta a necessidade de uma relação adequada entre o crescimento de Capital de Giro e a evolução da NCG. Para determinar se a empresa corre o risco de entrar no “efeito tesoura” deve-se conhecer seu ciclo financeiro e sua taxa de autofinanciamento corrente em porcentagem do faturamento. A taxa de autofinanciamento é consequência dos lucros operacionais após impostos, caso não haja prejuízos ou lucros excepcionais, se forem somadas as depreciações chegaremos ao autofinanciamento corrente, que dividido pelo faturamento após impostos representa a taxa de autofinanciamento corrente. As despesas financeiras não devemultraar um nível que comprometa a taxa de autofinanciamento, levando a relação a/(b-a), (onde a é a taxa de
autofinanciamento, b o ciclo financeiro) a ficar inferior a taxa de crescimento c. A partir dessa condição podemos calcular o valor mínimo da taxa de autofinanciamento corrente, a = b X c/(1+c). As despesas financeiras reduzindo a taxa de autofinanciamento não devem fazer abaixo da relação b X c/(1+c). Uma redução substancial das vendas em períodos de recessão econômica aumenta o prazo do ciclo financeiro (a menos que a empresa adapte rapidamente o ritmo de produção ao nível de venda). As empresas tentam atrair novos clientes dilatando o prazo de créditos concedidos, aumento o prazo médio de recebimento de suas contas a receber. Por outro lado, os fornecedores tentarão diminuir os prazos de créditos concedidos a empresa, diminuindo o prazo médio de pagamento de suas contas a pagar. Isso aumenta o prazo do ciclo financeiro da empresa e diminui o autofinanciamento da empresa. NCG = ativo cíclico (estoques e contas a receber) – ivo cíclico (contas a pagar) Onde: representa o prazo médio de pagamento das contas a pagar é o prazo médio de rotação de estoques da empresa o prazo médio de recebimento das vendas e permitem exprimir o valor dos estoques e contas a pagar em dias de vendas, na pratica representam-se relativamente estáveis aolongo do tempo. Conclui-se que a Necessidade de Capital de Giro depende do ciclo financeiro e do nível de atividade (vendas) da empresa. O ciclo financeiro e as vendas determinam os prazos de rotação e valores das contas do ativo e ivo cíclico da empresa. O fluxo de caixa operacional de uma empresa é igual ao Lucro Bruto Operacional menos a variação anual da Necessidade de Capital de Giro, que pode ser demostrado utilizando balanços patrimoniais e a demonstração de lucros e perdas da empresa, como o autor demostra, Fluxo de caixa Operacional = Lucro Bruto Operacional - NCG. No capitulo três os autores classifica o planejamento em curto prazo em três estágios: 1. O estagio operacional engloba a elaboração dos orçamentos do Lucro Bruto Operacional e variações da Necessidade de Capital de Giro. O departamento financeiro não possui poder de decisão sobre os dados que compõe esses orçamentos. Pelo fato de o departamento financeiro não decidir sobre os níveis de estoques e vendas, métodos de produção poderão, tendo em vista as suas implicações financeiras, influenciar as decisões operacionais relativas a esses aspectos. 2. O estagio estratégico deve ser incorporado ao planejamento em curto prazo. O planejamento estratégico é o processo de decidir sobre os objetivos da empresa e suas consequentes modificações, sobre os recursos a serem utilizados paraque esses objetivos sejam atingidos e sobre as políticas adotadas na aquisição, utilização e distribuição desses recursos. Esse estágio envolve as decisões que afetam que afetam o Capital de Giro das empresas (investimentos em bens do ativo permanente, dividendos, resgate de empréstimos). O objetivo desse estágio é manter um montante adequado do Saldo de Tesouraria como margem de segurança para fazer face aos riscos econômicos e de erro da empresa.
Para algumas determinadas empresas o planejamento estratégico apresenta-se tão bem definido e delimitado que a responsabilidade do departamento financeiro se resume em determinar e procurar os fundos necessários á sua implantação. 3. No estágio do orçamento de caixa (estagio tático), a variação do Saldo de Tesouraria (estimado ao final dos estágios operacional e estratégico) apresenta-se como um dado e a única restrição é que o saldo de caixa se mantenha positivo. Em vista disso, o departamento financeiro determina a tática de empréstimos e de aplicações a curto prazo, de modo a manter um montante de caixa mínimo necessário para manter as operações da empresa. A necessidade de caixa das empresas resulta na falta de sincronização existente entre os fluxos de entrada e saída de caixa e da dificuldade de se prever tais fluxos com exatidão. Devido a essas razões, as empresas procuram manter um montante adequadode caixa para suas transações regulares e, como precaução, para fazer face as necessidades imprevistas. O instrumento básico para a execução do planejamento e controle financeiro a curto prazo é o orçamento de caixa. Tal instrumento indica não somente o total dos financiamentos necessários à manutenção das operações da empresa como também a época em que devem ser obtidos. Além disso, o orçamento serve como um ponto de referencia em relação aos quais resultados reais podem ser comparados. Grandes desvios podem indicar que os programas da empresa não estão sendo efetivos, mostrando que devem tomadas medidas corretivas. Esses desvios podem indicar que os programas da empresa se tornaram impossíveis em vista da ocorrência de acontecimentos imprevistos e/ou improváveis. Na elaboração do orçamento de caixa, a primeira etapa consiste em dividir o horizonte de planejamento em determinado numero de períodos de tempo. No geral, o horizonte de planejamento de caixa é determinado por dois fatores: 1. Objetivo específico do orçamento de caixa 2. Natureza dos negócios da empresa. Assim, se o objetivo for investir no caixa, uma previsão de três meses dividida em períodos de uma semana vai ajudar o financeiro a planejar os prazos dos investimentos a curto prazo. Para uma empresa sujeita a oscilações expressivas e irregulares das vendas, o horizonte deplanejamento de vendas e o horizonte de planejamento de caixa são necessariamente bastante curtos, tendo em vista que para horizontes de planejamento mais longos, as previsões estariam sujeitas a alto grau de incerteza, apresentando, portanto, pouca utilidade pratica. As empresas mais organizadas utilizam com frequência três tipos de previsões de caixa: 1. Previsão de longo prazo (aproximadamente um ano) (Permite analisar os fluxos de caixa e estabelecer a estratégia financeira a ser adotada no exercício). 2. Previsão de curto prazo (dois a seis meses) (determinar os créditos com prazo inferior a seis meses a serem obtidos pela empresa). 3. Previsão de curtíssimo prazo (uma a seis semanas) (acompanhar e controlar os recebimentos e pagamentos efetuados diariamente pela empresa). Existem dois métodos de elaboração do orçamento de caixa:
O primeiro, denominado “método direto” consiste numa previsão de entradas e saídas de caixa, representadas por contas ligadas ou não a atividade operacional da empresa durante o período de tempo coberto pelo orçamento. Nesse caso, o numero de itens a ser incluído no orçamento depende da importância relativa de cada item e do nível de detalhamento desejado pela direção da empresa. O segundo, denominado “método indireto” se baseia no lucro liquido do período ajustado para itens que não representam entradas ou saídas de caixae nas modificações previstas nas contas do balanço patrimonial. A principal vantagem do método direto e fornecer uma visão bastante completa das transações previstas de caixa, constituindo excelente instrumento de controle de caixa a curto prazo. Tal método produz ótimos resultados quando aplicado a horizontes de planejamento ate 90 dias. Já no método indireto, sua principal vantagem é a de produzir estimativas mais preciosas para horizontes de planejamento de 3 a 12 meses, pelo fato de considerar as variações previstas nas contas do balanço patrimonial. O livro é bem esclarecedor, com vários conceitos contábeis necessários para o entendimento do modelo fleuriet. Nota-se no texto que a analise do capital de giro nas empresas é essencial para verificar se uma empresa esta ou não em equilíbrio financeiro. O modelo consegue ter uma visão previa da situação financeira, com a classificação dos balanços patrimoniais feitos através dos índices econômico-financeiro. Uma causa de risco para a empresa (endividamento) é o chamado efeito tesoura que pode ser evitado, não utilizando os recursos financeiros de curto prazo no financiamento de alguma aplicação. Então, para se adquirir um lucro, pode-se optar por várias alternativas, mas deve estabelecer todas as metas e prazos em um plano financeiro. Tanto a curto e a longo prazo o planejamento é fundamental.